Cunha, V. (1999). A educação na República Checa. Millenium, 16
A EDUCAÇÃO NA REPÚBLICA CHECA *
* Texto organizado por Vasco Oliveira e Cunha.
1. RESPONSABILIDADES E ADMINISTRAÇÃO
A República Checa, estabelecida em 1993 na sequência da divisão da antiga República Federal da
Checoslováquia em dois estados (o outro é a Eslováquia), encontra-se num processo de transformação
de uma sociedade socialista centralizada e planificada em estado orientado por princípios de uma
economia de mercado, um processo iniciado antes da divisão, mais concretamente a partir de
Novembro de 1989. Ao longo deste relato esta data surgirá com frequência.
República de democracia parlamentar, o seu presidente é eleito por um parlamento com duas câmaras Assembleia de Deputados e Senado, eleitas, por sua vez, de acordo com o sistema proporcional, no caso
da Assembleia, e por maioria, o Senado. O poder executivo compete ao governo nacional.
1.1. Princípios Fundamentais
Na Constituição da República Checa, adoptada em 1992, encontram-se definidos os direitos básicos no
campo da educação: livre educação em todos os níveis de ensino; apoio financeiro do estado;
desenvolvimento de escolas privadas e confessionais; direito dos pais quanto às decisões sobre a
educação dos filhos.
Emendas sucessivas à Lei de Educação de 1984 introduziram alterações consideráveis no sistema de
ensino, nomeadamente: a redução da frequência da escola obrigatória para nove anos; a permissão de
criação de escolas privadas e confessionais; o alargamento dos ginásios para oito anos curriculares
(emenda de 1990); o estabelecimento de conselhos escolares; o aparecimento de escolas profissionais
superiores; a introdução da obrigatoriedade de apresentação pelas escolas de relatórios públicos anuais
(emenda de 1995); a afirmação da autonomia e da liberdade académica das universidades e dos
mecanismos democráticos internos de participação dos estudantes de ensino superior em todos os
processos; a criação da Inspecção da Escola Checa. Alterações que, em termos amplos, se traduzem na
afirmação de princípios de despolitização da educação e da formação; de reconhecimento do direito à
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escolha das vias de ensino para os filhos; de diversificação, quebrando o monopólio do estado; de
descentralização da gestão; de introdução de mecanismos diferentes de financiamento.
Os quadros, apresentados no fim, 1 (Sistema Educativo da República Checa), em vigor desde o ano
lectivo de 1996/97, e 2 (Sistema Educativo da República Socialista da Checoslováquia), existente até
1989/90, permitem uma leitura rápida das alterações introduzidas e constituem um suporte para o
texto das secções 2, 3, 4, 5 e 6.
1.2. Distribuição de Responsabilidades
O sistema centralizado de administração pública, que se traduzia pela administração governamental
directa de funções e de actividades, deu lugar, depois de 1989, a uma administração municipal, com a
consequente abolição dos anteriores órgãos regionais eleitos, passando a ser actores principais os
directores das instituições, os municípios, as autoridades educativas, a inspecção e o Ministério da
Educação, Juventude e Desportos.
No que se refere às universidades, a autonomia, a todos os níveis de gestão, tornou-se uma
competência dos senados e conselhos académicos nas escolas e nas faculdades individualizadas, e do
conselho das instituições de ensino superior no que diz respeito ao sistema universitário em geral.
1.3. Administração Central
O Ministério da Educação, Juventude e Desportos é responsável pela definição da política de educação e
das estratégias globais para o país; pela distribuição dos recursos financeiros provenientes do
orçamento do estado; pelo estabelecimento de escolas secundárias e de escolas especiais; pela
nomeação dos seus directores.
No que se refere ao ensino superior, porém, o papel do Ministério está limitado ao seu financiamento.
1.4. Administração Local
As 86 entidades educativas, órgãos administrativos distritais, foram criadas em 1990. Directamente
responsáveis perante o Ministério da Educação, têm a seu cargo tarefas predominantemente
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económicas, financeiras e administrativas, com uma ramificação às questões pedagógicas ao nível da
escolaridade obrigatória.
A nível regional, os conselhos escolares são constituídos por um terço de representantes da
comunidade, um terço de representantes dos professores, sendo o terço restante constituído pelos
representantes dos alunos. Sem competências de decisão, eles são responsáveis pela defesa dos
interesses da comunidade, dos professores e dos alunos, tendo o direito de discutir certas matérias com
as autoridades educativas e expressar as suas opiniões.
Aos municípios cabem responsabilidades de criação de condições para a frequência da escola
obrigatória e, no plano económico, de administração das instituições pré-escolares, primárias e escolas
secundárias inferiores. Nas comunidades mais populosas são os municípios que asseguram a
alimentação e que se responsabilizam pelo bem estar das crianças fora das horas escolares tendo para
estas funções um apoio considerável das finanças públicas.
Nas comunidades com mais de cindo escolas é obrigatória a criação de uma comissão de educação.
Nela, o pessoal educativo tem uma representação de dois quintos dos seus membros.
1.5. Autonomia Escolar
A autonomia das escolas traduz-se numa considerável liberdade em questões económicas, nas que se
referem ao pessoal e à administração e, em certa medida, às questões pedagógicas.
Os directores são responsáveis pela eficiência e a qualidade do processo educativo e, também,
gradualmente, pela gestão financeira das instituições. São ainda das suas competências as relações com
a comunidade e a nomeação e demissão de professores.
Todas as escolas secundárias superiores adquiriram já o estatuto legal de entidades independentes, uma
situação gradualmente estendida às instituições de escolaridade obrigatória e a outros
estabelecimentos de educação.
De acordo com a lei, as escolas secundárias superiores são supervisionadas pelo Ministério da
Educação.
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1.6. Financiamento
A educação foi financiada pelo orçamento de estado até 1989 através do Ministério do Interior e de
comités regionais e nacionais.
Actualmente, as verbas do orçamento de estado são distribuídas pelo Ministério da Educação,
Juventude e Desporto às instituições sob a sua tutela através das autoridades educativas.
O ensino superior é financiado directamente pelo estado.
As despesas com a educação são públicas, compreendendo os fundos do orçamento do estado e os que
provêm dos orçamentos municipais. As autoridades locais cobrem aproximadamente 75% das despesas
das instituições pré-escolares e das escolas básicas.
Relativamente ao financiamento da formação vocacional, ele era tradicionalmente feito a partir de duas
fontes: o estado suportava a educação geral e a componente teórica da formação, cabendo aos
potenciais empregadores, isto é, à indústria e à agricultura, as despesas com a formação prática.
A evolução do estatuto e da situação económica das empresas levou, contudo, a que a maioria dos
patrocinadores tenha perdido o interesse pelo financiamento dos alunos, cabendo agora ao estado
todos os custos da formação académica e prática.
Os manuais e os materiais de ensino nas escolas básicas são fornecidos gratuitamente aos alunos a
título de empréstimo, o mesmo sucedendo nas escolas secundárias relativamente a alunos portadores
de deficiências. As instituições, porém, têm a liberdade de procurar outras fontes de financiamento para
a aquisição dos manuais e dos outros materiais de ensino, nomeadamente patrocinadores.
O financiamento do sector privado foi generoso nos últimos anos mas a partir de 1995/96 os subsídios
foram reduzidos. A obtenção de certos critérios definidos pelo estado por parte das instituições pode,
porém, favorecer o seu aumento.
1.7. Inspecção
Directamente supervisionada pelo Ministério da Educação, Juventude e Desportos, a Inspecção Escolar
Checa é uma instituição chave. Operando a nível distrital, as suas actividades estão concentradas nas
instituições pré-escolares, nas escolas básicas, secundárias e superiores não universitárias.
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Dessas actividades salientam-se: a monitorização dos resultados, a qualidade da gestão profissional e
pedagógica, materiais de ensino e equipamento, a eficiência na aplicação dos fundos. Entre outras.
Dirigida por um inspector escolar chefe, nomeado pelo ministro, a inspecção tem aproximadamente 400
membros que cobrem cerca de 15.000 escolas.
1.8. Consultoria e Orientação
Até 1989, centros regionais e distritais desenvolvidos desde os finais da década de 60 e inícios de 70
foram responsáveis pelo sistema de orientação educacional e psicológica. Suplementados por
conselheiros, operavam no âmbito das escolas secundárias superiores.
Actualmente, 99 centros distritais de orientação dependentes administrativamente das autoridades de
educação substituem o sistema anterior e são financiados em função da frequência das escolas nas
respectivas áreas.
Em 1994 foi criado o Instituto de Orientação Educacional e Psicológica. Dependendo directamente do
Ministério da Educação, este instituto pretende preencher uma lacuna grave nos planos teorético e
metodológico da orientação.
Muitos psicólogos da orientação praticam hoje abordagens clínicas no trabalho com crianças individuais
e com grupos procurando o equilíbrio entre o trabalho de diagnóstico e o de terapia e de reeducação.
O serviço de orientação profissional é da responsabilidade dos gabinetes de emprego através de
agências de serviços de informação e de orientação estabelecidas nos distritos.
Fiscalizadoras na orientação da passagem da escolaridade obrigatória para a secundária, e também na
de pessoas desempregadas, estas actividades vêm sendo geridas e financiadas pelo Ministério do
Emprego e Assuntos Sociais.
A nível nacional, e sob a responsabilidade directa do Ministério da Educação, existem as seguintes
instituições de consultoria e de apoio: Instituto de Investigação Educacional, (serviços no âmbito da
educação geral e especial, incluindo a educação pré-escolar); Instituto de Investigação para Educação
Técnica e Vocacional; Centro para o Estudo do Ensino Superior (estudos analíticos e comparativos sobre
legislação, financiamento, desenvolvimento estrutural e avaliação do ensino superior na República
Checa e no estrangeiro); Instituto de Orientação Educacional e Psicológica (a que se fez já referência
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acima); Instituto para a Informação Educacional (estatística, análise, documentação, orientando
também a principal biblioteca de educação do país - a Biblioteca Comenius); Instituto da Criança e da
Juventude (informação e consultoria sobre actividades de lazer; apoio a crianças super dotadas e a
crianças com dificuldades de aprendizagem).
1.9. Escolas Privadas
As escolas privadas e confessionais, embora com uma longa tradição que vem do período anterior à 2ª
Guerra Mundial, são um dado novo na educação checa.
Contribuindo para a eliminação das discrepâncias entre a procura e a oferta de vagas, o apoio do estado
fez com que tivessem um rápido incremento.
Os subsídios estatais destinam-se ao pagamento de salários e de despesas correntes tendo por base o
número de alunos, tal como acontece com as escolas públicas.
As despesas de investimento são cobertas pelas propinas e por receitas privadas.
O ensino privado desenvolveu-se predominantemente no sector das escolas secundárias superiores
(26% das instituições e 14% dos alunos em 1996/97). Por sectores, e no que se refere às escolas
técnicas, o sector privado dirige 31% das instituições, correspondentes a 20% dos alunos. Os números
para as escolas vocacionais são 14% e 20%, respectivamente.
Os valores têm também significado nos ginásios (22% e 12%), mas são menos expressivos no âmbito dos
jardins de infância e das escolas especiais.
As preferências das instituições confessionais centram-se nos ginásios e nas escolas técnicas. Não
existindo separação da Igreja e do Estado, as escolas confessionais têm o apoio público não cobrando,
portanto, propinas.
2. A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR
Incluída no sistema de educação em 1948, e paga pelo estado, a educação pré-escolar teve um
desenvolvimento quantitativo considerável no período que se seguiu à 2ª Guerra Mundial. Assente
numa filosofia de educação colectiva, o seu crescimento possibilitou, simultaneamente, o aumento do
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número de mulheres na força de trabalho do país e o enfraquecimento da influência da família na
educação infantil.
Com a revolução política operada a partir de Novembro de 1989 o conceito de educação colectiva cedeu
o lugar a um modelo de educação pré-escolar personalista com ênfase nos direitos individuais.
Administrados pelos municípios, os jardins de infância são também por eles financiados, exceptuando as
despesas com vencimentos e com equipamento de ensino. Cerca de setenta destas instituições estão
ligadas a escolas básicas, embora esta relação seja meramente financeira.
As estatísticas para o ano lectivo de 1995/96 apresentam os seguintes dados: 6.480 instituições,
frequentadas por 333.400 crianças e ensinadas por 28.080 educadores, com uma ratio alunos/educador
de 11.9:1, e com uma média de 23 crianças por turma.
Diferentemente do modelo anterior, em que as classes se formavam com base na idade das crianças, os
actuais jardins de infância integram numa mesma classe crianças de grupos etários diferentes, do
mesmo modo que integram crianças portadoras de deficiências numa percentagem mais elevada do que
as observadas nos outros níveis de educação.
Dirigidas fundamentalmente a crianças com idades compreendidas entre os 3-6 anos, estas instituições,
em casos excepcionais, podem receber crianças mais novas. Por exemplo, quando manifestamente a
família não tem outra alternativa.
De acordo com uma regulamentação de 1993, os jardins de infância podem cobrar às famílias um
contributo financeiro até 30% dos custos reais da educação. Contudo, muitas autoridades não estão a
pôr estas disposições em prática.
Abertos durante 10-11 horas por dia, e utilizados de acordo com as necessidades das famílias, os jardins
de infância são ainda em número insuficiente, sobretudo nas grandes cidades.
2.1. Os Curricula
Como objectivos prioritários, os jardins de infância definem o desenvolvimento da personalidade das
crianças, o alargamento das suas capacidades e do seu conhecimento, a familiarização com o mundo
circundante, o desenvolvimento da higiene, de hábitos sociais e das capacidades de comunicação, tendo
sempre como referência os indivíduos.
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Componentes mais significativas dos programas são os jogos espontâneos e as actividades físicas, os
passeios ao exterior, a aprendizagem de línguas estrangeiras, a terapia da fala, a natação, sem nunca
perder de vista a educação literária, artística e moral, todas as actividades colocando a ênfase nas
emoções.
2.2. Os Educadores
Os educadores dos jardins de infância obtêm a sua qualificação profissional com a frequência de um
curso de quatro anos numa Escola Pedagógica Secundária. Uma outra via de formação é a frequência de
um curso de bacharelato de três anos numa faculdade de educação.
A carga horária de trabalho dos educadores nos jardins de infância é de 30 horas por semana.
3. A ESCOLA BÁSICA
Desde a década de 50, a Escola Básica integra a educação primária e a educação secundária inferior que,
em conjunto, constituem a escolaridade obrigatória de nove anos (dos 6 aos 15 anos de idade)
desenvolvida em regime de coeducação.
A partir de 1990, as escolas básicas foram confiadas aos municípios, muitas delas adquirindo o estatuto
de entidades autónomas, outras sendo administradas por autoridades educativas locais.
No primeiro dos níveis da educação obrigatória (do 1º ao 5º ano) o ensino é regido por um só professor;
no segundo (do 6º ao 9º ano), por docentes especializados em duas áreas ou, excepcionalmente, em
uma só.
A escolaridade obrigatória encontra-se igualmente organizada para as minorias linguísticas dispersas
pelo país, havendo, nomeadamente, uma escola de língua eslovaca e vinte e oito de língua polaca.
Para alunos com capacidades intelectuais muito elevadas a Lei de Educação de 1990 criou liceus
(gymnásia) com curricula para mais de quatro anos, com o objectivo de oferecer um ensino mais
exigente mesmo antes de estar concluída a escolaridade obrigatória. Concretamente, criaram-se liceus
com oito anos curriculares, frequentados após a conclusão do quinto ano de escola básica, e com seis
anos, após a conclusão do sétimo ano desta escola.
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3.1. O Curriculum
Como características principais da mudança curricular a partir de 1989, devem referir-se: a
diversificação da educação; a substituição dos programas e dos textos utilizados no âmbito dos Estudos
Sociais e da História; o desaparecimento do Russo como cadeira obrigatória; a introdução de novas
metodologias no estudo de línguas estrangeiras (Inglês, Alemão, Francês e Russo) a partir do 4º ano; a
introdução de um programa provisório para Educação Cívica, História, Língua Checa, Geografia e
Literatura.
Os novos curricula entraram em vigor em 1 de Setembro de 1991, reflectindo o primeiro nível um
esforço de desenvolvimento de uma educação mais próxima do conhecimento das crianças e da sua
experiência da vida. No segundo nível, optou-se pela atribuição de um número total de aulas a um
grupo de disciplinas (Geografia, História, Ciências Naturais, Música e Arte, Física, Química), deixando a
liberdade de decisão às escolas quanto à sua distribuição. Do mesmo modo, as escolas poderão decidir
qual o tempo semanal extra que deverá ser atribuído ao ensino da Língua Checa, da Matemática e das
Línguas Estrangeiras.
Importante elemento do curriculum é, ainda, a inclusão de disciplinas optativas no 7º ano de
escolaridade. Nos 8º e 9º anos essas disciplinas são de frequência obrigatória. Incluindo uma Língua
Estrangeira, Cumputação, Educação Técnica, Desenho Técnico, Introdução à Economia, Economia e
Contabilidade, Serviços Administrativos e seminários de Ciências Sociais e de Ciências da Natureza,
podem as disciplinas de opção alargar-se a outras áreas por iniciativa dos directores das instituições,
tendo sempre em atenção a capacidade das instalações e do pessoal, bem como o interesse dos alunos.
Logo a partir do primeiro ano de escolaridade, o curriculum pode integrar disciplinas de frequência livre:
Canto, Terapia Individual da Fala, Instrumentos Musicais, Educação Literária e Dramática, Primeiros
Socorros, Fotografia, Educação Religiosa, entra outras.
3.2. Os Manuais
A produção de manuais é feita por entidades independentes, mantendo o Ministério da Educação,
contudo, o controle sobre os conteúdos e os métodos através da avaliação da sua qualidade. Quando
aprovados, os manuais são adquiridos pelas instituições, mas com fundos governamentais. Está ainda
presente, porém, uma prática de reedição ou de revisão de manuais antigos.
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3.3. A Avaliação
A avaliação é contínua e na base de trabalho escrito e oral, bem como de trabalho de casa, os alunos
recebendo relatórios no final de cada semestre lectivo. A partir de 1990, a utilização da avaliação oral
tornou-se frequente em muitas escolas.
Através de reuniões regulares com os pais, as instituições dão informações sobre o progresso de cada
aluno.
No final do ano lectivo não existem exames, transitando, ou não, os alunos na base dos resultados
obtidos durante o ano lectivo.
3.4. A Estatística
A escolaridade obrigatória registou em 1995/96 uma frequência que ultrapassou um milhão de alunos,
522.800 dos quais no primeiro nível, e 481.700, no segundo, num total de 4.212 instituições. O número
de docentes foi de 25.900 (primeiro nível) e de 37.100 (segundo nível).
Ratio alunos/professor - 15.9:1; Ratio alunos/turma: 22.
4. EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA SUPERIOR
Com dois grandes objectivos gerais - a preparação dos alunos para o emprego e para actividades no
âmbito da economia, administração, cultura, etc. (função terminal) ou para preparar os alunos para a
continuação dos seus estudos a nível superior (função de transferência) -, a educação secundária
superior constitui um sistema multi-estrutural mas coordenado internamente.
Quatro tipos de escola secundária integram este sistema:
Geral (Ginásio)
Técnica
Vocacional
Técnica/Vocacional Integrada.
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A educação nestas escolas é organizada quer para alunos a tempo inteiro quer para pessoas
empregadas.
A candidatura à frequência das escolas secundárias apresenta dois requisitos: a conclusão da
escolaridade obrigatória e a realização de um exame de admissão, que varia conforme o tipo de escola,
mas que normalmente inclui provas de Língua Checa, de Matemática, de uma Língua Estrangeira, por
vezes, e de testes psicológicos.
O sistema prevê mudanças de curso e transferência de um tipo de escola para outro.
4.1. Ginásios
A autonomia adquirida pelo Ginásio, ou Escola Secundária Geral, tem-lhe permitido uma variabilidade
considerável de construção curricular, inclusivamente a criação de um perfil individual, específico, que,
naturalmente, tem de estar adaptado às necessidades regionais e aos interesses dos alunos.
Para além dos cursos gerais, os ginásios oferecem estudos de Línguas/Humanidades e de
Matemática/Ciências, sendo de quatro anos a formação.
Para além destes estudos, e como referimos já em 3.1., há a possibilidade de seguir nos ginásios uma
formação de seis ou de oito anos com curricula que integram estudos de Latim e que podem ser parcial
ou totalmente regidos numa língua estrangeira, retomando-se, deste modo, uma tradição educativa
com origem no período anterior à 2ª Guerra Mundial. Para alunos especialmente dotados na área da
Educação Física e dos Desportos há igualmente cursos específicos.
A autonomia já referida deste tipo de escola secundária permite-lhe mesmo, pelo menos no plano
teórico, a atribuição de orientações técnicas.
Os alunos que obtêm nos ginásios uma "educação secundária completa", que termina com um exame
(Maturita), têm sido cerca de 24.000 nos anos mais recentes, a maioria (cerca de 64%) prosseguindo
estudos na universidade ou em outras instituições post-secundárias, um valor muito acima dos 32% das
escolas secundárias técnicas e ainda mais distante dos 4-5% que concluem cursos de Maturita nas
escolas secundárias vocacionais.
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A frequência global dos ginásios era de 131.600 alunos em 1995/96, nas 361 instituições existentes. O
número de docentes era de 10.900, incluindo já os directores dos estabelecimentos, sendo a ratio
alunos-professor de 12.1:1 e de 28.3 no que se refere à relação alunos-turma.
A partir de 1990 operou-se uma alteração significativa no âmbito curricular definindo-se objectivos que
passaram a enfatizar perspectivas humanísticas e de socialização na educação secundária geral, a
revalorização intelectual e a consciência estética e ética dos alunos e a preparação cívica e democrática.
O curriculum foi dividido em três ramos (Humanidades, Ciências Naturais, Formação Geral); definiramse números mínimos de aulas para todas as disciplinas de educação geral; reduziram-se horas em
Matemática e Ciências Naturais reforçando-se a componente opcional.
Por outro lado, assistiu-se a uma libertação da distorção ideológica em disciplinas como a História, a
Geografia, a Literatura e a Filosofia, adaptando-se os seus conteúdos ao conhecimento científico
objectivo; adoptaram-se duas línguas estrangeiras, seleccionadas pelos alunos de um leque a que se fez
já referência em 3.2..
O exame final (Maturita) consiste em provas escritas e orais em duas disciplinas obrigatórias (Língua
Checa e Língua Estrangeira) e em duas disciplinas de opção.
4.2. Escolas Técnicas
As escolas secundárias deste tipo foram fundadas em território checo no século XIX, tal como na Áustria
e na Hungria.
Concebidas como instituições de educação terminal, de preparação para a vida activa, o ensino visava
fundamentalmente o desenvolvimento de capacidades para a aplicação do conhecimento técnico a
situações práticas. Ofereciam, assim, uma especialização estreita em cada uma das ramificações criadas
- escolas secundárias industriais, agrícolas, de serviços de saúde, pedagógicas. Entre outras.
As escolas técnicas ofereceram entre 1990 e 1995, para além dos tradicionais cursos de quatro anos,
cursos de cinco anos de duração em academias comerciais e outras instituições.
Para além destes, e igualmente a partir de 1990, especialmente nas escolas comerciais e de economia
doméstica, foram também introduzidos cursos de curta duração (2-3 anos) destinados a preparar alunos
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para o exercício de actividades administrativas e organizativas simples. Estes últimos cursos não
conferem o direito de prosseguir estudos a nível superior.
Em 1995, uma emenda à Lei de Educação fixou a duração máxima dos estudos nas escolas técnicas em
quatro anos, sendo, portanto, abolidos os cursos de cinco anos.
No âmbito das escolas técnicas, especialmente em instituições privadas, foram recentemente criados
cursos de 1-3 anos destinados a preparar os alunos saídos dos ginásios para o mercado de trabalho, bem
como para servirem de requalificação para uma formação mais especializada ou de actualização de
qualificações de alunos saídos das escolas técnicas habilitados com os cursos de quatro anos.
Em algumas delas, e numa base experimental, foram abertos cursos de formação post-secundária com a
duração de três anos. Em 1995 foram reconhecidos como parte integrante do sistema educativo,
constituindo estes cursos uma via de formação superior não universitária. (Ver Quadro 1 e secção 6.2).
Combinando formação técnica e económica, os exemplos mais significativos estão presentes nas
academias comerciais, nas escolas de agricultura, de economia doméstica e de artes.
Outras escolas técnicas evoluíram para uma formação situada entre a que é fornecida pelos ginásios e a
obtida nas escolas padrão. Conhecidas por "Liceu Técnico" e por "Liceu Económico", a sua frequência é
ainda reduzida.
A frequência das escolas técnicas apresenta actualmente a seguinte tendência: diminuição nos cursos
de Minas, Metalurgia, Saúde e Agricultura; aumento muito significativo de inscrições em cursos de
Comércio, Economia, Serviços e Administração.
Os números de 1995/96: alunos (incluindo os das escolas integradas) - 20.200; instituições - 832
(excluindo as escolas integradas); ratio alunos-professor - 9.3:1; ratio alunos-turma - 22.6.
4.3. Escolas Vocacionais
Historicamente associadas com uma grande variedade de formas de aprendizagem exclusivamente
prática, poucas vezes acompanhada de uma educação geral, as escolas vocacionais foram
posteriormente substituídas por escolas de aprendizagem, embora com um estatuto inferior ao dos
ginásios e das escolas técnicas. Só depois do termo da 2ª Guerra Mundial as escolas deste tipo foram
colocadas ao mesmo nível das restantes escolas secundárias.
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Actualmente elas oferecem qualificações vocacionais, completando-se a formação com um exame final
que não possibilita aos que o realizam a entrada no ensino superior. Podem, contudo, estas instituições
formar alunos em disciplinas de educação geral relacionadas com ocupações manuais exigentes e com
actividades técnicas de engenharia. Nestes casos, a formação conclui-se com um exame (Maturita),
dando acesso ao ensino superior. As escolas vocacionais tornaram-se parte integrante do ensino
secundário superior sendo o seu funcionamento muito semelhante ao das escolas técnicas.
Relativamente aos seus cursos, existem neles muitas ramificações para uma formação mais
especializada, e, em função das exigências da vida real, o número total de cursos tem vindo a aumentar.
Em termos de organização, e de um modo geral, as escolas vocacionais oferecem tanto uma formação
teórica como prática havendo, contudo, algumas instituições onde só é desenvolvida a instrução teórica,
e, inversamente, outras em que ela é fundamentalmente prática, e que estão localizadas dentro das
próprias empresas.
A participação empresarial na formação vocacional tem vindo a aumentar, sobretudo a nível escolar,
cooperando as instituições com os gabinetes de trabalho, as empresas locais, os sindicatos, as
associações e a Câmara de Comércio.
Em termos de financiamento, a formação vocacional é, contudo, pouco apoiada pelas empresas,
estando a aumentar o número de alunos cuja formação é quase inteiramente paga pelo Estado - 93%
em 1995/96.
O número de alunos inscritos em 1995 nas 533 escolas (excluindo as integradas) era de 234.400
(incluindo os das escolas integradas), e o de docentes, de 10.000 (excluindo as escolas integradas). O
trabalho prático de formação era ainda orientado por 14.980 formadores. A ratio alunos-professor
cifrava-se em 7.4:1 e o número de alunos por turma rondava os 21.
4.4. Escolas Vocacionais/Técnicas Integradas
Com a capacidade de formar alunos, quer nos cursos oferecidos pelas escolas técnicas, quer pelas
vocacionais, as escolas integradas constituem uma inovação institucional muito recente.
Esta capacidade abre o leque de escolhas educativas, permitindo aos alunos uma mudança fácil de
curso, possibilitando que as escolhas de formação se possam fazer enquanto a escolaridade avança.
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Outras vantagens ainda são as de utilização dos espaços livres das escolas vocacionais para os cursos
secundários técnicos e o uso rentabilizado de equipamento, baixando os custos de formação, uma vez
que os dois tipos de escola podem ser geridos por uma só entidade.
O número de escolas integradas era de 201 em 1 de Setembro de 1996. No ano lectivo anterior os
alunos a tempo inteiro atingiram os 106.530 e os estudantes trabalhadores 11.397.
4.5. Centros de Formação Vocacional
Constituindo também uma inovação educacional, e estabelecidos com base tanto nas escolas técnicas
como nas vocacionais, estes centros oferecem cursos de requalificação para trabalho em empresas e
para o público em geral.
Os nove centros existentes em 1995/96, bem equipados, ofereciam uma preparação para a entrada no
ensino secundário superior, constituindo um sistema de educação recorrente para pessoas empregadas.
Em oposição ao sistema existente até Novembro de 1989, em que o curriculum das escolas técnicas e
vocacionais era uniforme, definido centralmente e obrigatório, a formação nas escolas técnicas e nas
vocacionais passou a estar dividida. Para além desta característica, desenvolve-se actualmente uma
cooperação estreita com os parceiros sociais, especialmente com o tecido empresarial, com algumas
competências a serem mesmo transferidas para este, nomeadamente a capacidade de emissão de
certificados de aprendizagem.
Importante será também salientar a possibilidade que é oferecida aos alunos de se inscreverem em
disciplinas optativas que ofereçam uma orientação profissional que seja de seu interesse pessoal, indo
também ao encontro das necessidades da região.
A qualificação designada por Maturita adquirida nas escolas técnicas e nas escolas vocacionais é
considerada equivalente à obtida nos ginásios, habilitando os seus detentores à prossecução de estudos
no ensino superior. Como consequência, o número de estudantes que se candidatam às instituições de
ensino superior em cursos técnicos, agrícolas, económicos ou artísticos é maioritariamente proveniente
destas escolas.
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5. OS PROFESSORES
5.1. A Formação
A formação de professores faz-se nas universidades e é sempre suplementada pela experiência prática
nas escolas.
A apresentação e a defesa de uma dissertação confere o diploma, mas a certificação e o título
académico dependem da aprovação num exame de estado.
Os professores da escola básica e da escola secundária obtêm as suas qualificações em cursos de
mestrado.
Os docentes do primeiro nível da Escola Básica obtêm-nas em cursos de quatro anos, normalmente em
faculdades de educação, em curricula que privilegiam as disciplinas humanísticas, a Língua Checa, a
Matemática, a Pedagogia e a Psicologia, podendo, para além destas, especializar-se em Música, Artes,
Educação Física e numa Língua Estrangeira.
Os docentes do segundo nível da Escola Básica e os da educação geral da Escola Secundária Superior
obtêm as suas qualificações em cursos de mestrado de 4-5 anos, usualmente combinando duas áreas
científicas.
Estes cursos estão abertos em 21 Faculdades de Educação, Filosofia, Ciências Naturais,
Matemática/Física, Educação Física e Desporto.
O pensamento actual na República Checa sobre a formação de professores para a Escola Básica
(segundo nível) aponta para estudos de mestrado de quatro anos, enquanto que para os professores da
Escola Secundária Superior a tendência é no sentido de se fazer a formação em faculdades diversificadas
e não só nas de educação.
Relativamente aos docentes das Escolas Secundárias Técnicas e das Escolas Secundárias Vocacionais, a
preparação é feita em estudos de mestrado em instituições superiores especializadas (Universidades
Técnicas, Colégios de Agricultura, Faculdades de Medicina, Teologia e Belas Artes.
É ainda possível a obtenção de qualificações para a docência através de um curso universitário em
Pedagogia, normalmente com a duração de dois anos.
Cunha, V. (1999). A educação na República Checa. Millenium, 16
Recentemente, com a eliminação da Língua Russa como disciplina obrigatória, e no sentido de preparar
professores em número elevado para o ensino de outras línguas estrangeiras, algumas faculdades
abriram cursos muito específicos, usualmente com a duração de três anos e com a atribuição do grau de
bacharel.
5.2. A Formação em Serviço
Está actualmente em preparação pelo Ministério da Educação um sistema de formação em serviço para
substituir o que foi abolido em 1991. Até hoje esta formação não foi obrigatória.
Estão a ser criados centros regionais de educação para formação de professores e serviços de
informação e de bibliotecas. As autoridades educativas estão também a criar centros distritais de
educação para fazerem a formação em serviço de docentes da educação pré-escolar e da escola básica.
Nesta âmbito é também visível o interesse das universidades, instituições científicas, sociedades
profissionais e organizações e fundações privadas.
Para os directores e vice-directores de cerca de 75% das escolas básicas e de 855 das escolas
secundárias destituídos em 1989, bem como para administradores das escolas e inspectores, algumas
universidades e organizações não estaduais oferecem agora estudos de gestão e de administração.
Existem ainda vários outros tipos de formação de professores: estágios de adaptação para professores
que iniciam a actividade, cursos de actualização para os que regressam ao sector depois de uma
ausência longa, formação para actualização de qualificações.
5.3. O Horário de Trabalho
O horário de trabalho dos profissionais de educação é igual ao de todos os trabalhadores da República
Checa - 42,5 horas. A formação deste tempo semanal de trabalho é feita através de horas lectivas de 45
minutos e de tempo para a preparação de aulas, avaliação, orientação dos alunos, supervisão,
informação às famílias, presenças em reuniões, cabendo ao director da instituição a distribuição das
tarefas.
A carga lectiva (que até ao final do ano lectivo de 1996/98 era de 23 horas/semanais para os docentes
do primeiro nível da Escola Básica, de 22, para os do segundo nível e de 21 para os da Escola Secundária
Cunha, V. (1999). A educação na República Checa. Millenium, 16
Superior) é, porém, reduzida em função de algumas actividades requeridas para a administração e para
a tutoria (1 - 2 - horas / semana) e para orientação educacional (1 - 3 - horas).
A redução da carga lectiva para os directores das escolas varia entre 2 e 36 horas, em função do tipo, do
nível e da dimensão da escola. Para o ensino superior as cargas lectivas para as diferentes categorias de
professores não se encontram definidas.
6. O ENSINO SUPERIOR
6.1. O Sector Universitário
A alteração do sistema centralizado de ensino superior foi introduzida com a aprovação da Lei do Ensino
Superior de 1990. Nela estão consignados os princípios da autonomia das instituições e da gestão
académica, bem como os instrumentos básicos do controlo da qualidade, através de um sistema de
acreditação de novas instituições, da introdução de cursos de doutoramento, da avaliação dos
professores associados, da nomeação de docentes, da diversificação do ensino com a introdução de
cursos de bacharelato de três e quatro anos, da representação universitária no Conselho das Instituições
de Ensino Superior.
Com a criação de cinco novas universidades em 1991, a partir de faculdades já existentes a nível
regional, o número de universidades passou a ser de 23, a que devem juntar-se três academias militares
e uma academia de polícia. O número de faculdades cresceu para 110 mas responde apenas a 50% de
uma procura sempre crescente de formação superior.
O sistema existente assenta em faculdades dotadas de autonomia e de estruturas de decisão-senados,
conselhos científicos, etc.
São as faculdades que decidem quanto ao número de alunos que aceitam; que estabelecem os
processos de admissão; que decidem sobre a realização, ou não, de exames de entrada, e determinam
as formas, os métodos e as matérias dos exames escritos e/ou orais, podendo os estudantes candidatarse a diversas instituições.
O ensino superior é gratuito, havendo hoje, no entanto, algum debate aceso sobre a introdução de
propinas.
Cunha, V. (1999). A educação na República Checa. Millenium, 16
O ano académico inicia-se em 1 de Setembro e termina em 30 de Junho e está dividido em dois
semestres - o de inverno e o de verão, realizando-se os exames nas cinco semanas imediatas ao termo
de cada um deles.
Os planos de estudo duram em regra cinco anos e concluem-se com exames e a defesa de uma
dissertação. Os cursos de Medicina, de Medicina Veterinária e de Arquitectura realizam-se em seis anos.
Títulos concedidos: bacharel, mestre ou engenheiro, e doutor, no caso específico dos graduados nas
faculdades de Medicina e de Medicina Veterinária.
A obtenção do grau de engenheiro ou de mestre possibilita o acesso a estudos de doutoramento com a
duração de três anos, e que envolvem a realização de trabalho científico independente. Actualmente, os
cursos de doutoramento, que em 1994 cobriam um total de 409 áreas, são frequentados por 6.800
candidatos, 2.700 deles em regime de tempo inteiro.
De acordo com uma emenda de 1993 à Lei de Ensino Superior, os contratos com todos os docentes (à
excepção dos professores a tempo inteiro) são feitos por períodos de tempo que oscilam entre os dois e
os cinco anos, e após concurso. Os professores catedráticos não atingem os 9%, sendo
aproximadamente 25% o pessoal académico com a categoria de professor-associado.
A estrutura modular e os sistemas de crédito variam com as instituições. Os cursos obrigatórios
representam aproximadamente 25 horas de aulas semanais.
O número de alunos admitidos no sector universitário aumentou 46% desde 1989, no que se refere a
estudantes a tempo inteiro. Em contrapartida, o número de estudantes trabalhadores decresceu 10%.
Para além da formação superior inicial, as universidade oferecem também a possibilidade de frequência
de cursos de requalificação e de formação contínua.
A estrutura da população estudantil flutua agora em relação ao mercado de trabalho e a outros
factores, havendo um interesse crescente pelas Humanidades e Ciências Sociais, e, em especial, por
Direito, Economia, Filosofia, Teologia, Ciências Naturais. A declinar está a procura de cursos de
Medicina, Agricultura e dos sectores técnicos.
Em termos de alimentação e de alojamento, estes serviços são fornecidos pelas instituições, pagando os
estudantes 23% dos custos de alojamento e 40% dos de alimentação.
Cunha, V. (1999). A educação na República Checa. Millenium, 16
A ratio professor-alunos é em média de 1:10,6, estando actualmente a aumentar ligeiramente.
Tratando-se de estudos orientados por professores associados e professores catedráticos, essa relação é
de 1:18/19.
A inexistência de uma legislação de isenções fiscais é a principal causa de ausência de patrocinadores
para as universidades sendo o orçamento das instituições dependente dos dinheiros públicos.
A acreditação e a avaliação dos estudos superiores é feita por uma comissão de acreditação que integra
professores e cientistas destacados do país. A partir de 1992, a comissão tem procedido à avaliação
comparativa das faculdades.
6.2. O sector Não-Universitário
As Escolas Profissionais Superiores foram introduzidas na República Checa no ano lectivo de 1992/93 em
quinze escolas secundárias técnicas seleccionadas.
Em 1995/96, o total inicial de 1.035 alunos já tinha subido para 6.228 e o número de escolas para 49. Em
1 de Setembro de 1996 havia 167 escolas profissionais superiores, ultrapassando o número de
candidatos 150% das vagas oferecidas.
O êxito deste ensino superior não-universitário deve-se a um conjunto de factores, de entre os quais se
destacam o tempo mais curto de formação (3/4 anos), o facto de a construção curricular integrar uma
qualificação prática necessária para o mercado de trabalho médio e, em muitos casos, superior, em
sectores que exigem trabalho profissional independente.
Componente substancial dos cursos oferecidos, a preparação prática, que pode durar um ano, e que
integra um projecto conjunto da escola e de uma empresa.
Por outro lado, os contactos que as escolas mantêm com as suas regiões e com o tecido empresarial são
outras razões do êxito.
A acrescentar a todos estes factores, o facto de o estatuto das escolas profissionais superiores ter sido
reforçado com uma emenda de Junho de 1995 à Lei de Educação, que estabelece este sector de
formação como um sistema de grande importância estratégica para o país.
Cunha, V. (1999). A educação na República Checa. Millenium, 16
FONTE:Supplement to the Study on the Structures of the Education and Initial Training Systems in the
European Union.
The situation in Bulgaria, The Czech Republic, Hungary, Poland, Romania and Slovakia. Eurydice - The
Information Network on Education in Europe, pp. 29 - 53. November 1997.
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SISTEMA EDUCATIVO DA REPÚBLICA CHECA
(a partir de 1996 / 1997)
Cunha, V. (1999). A educação na República Checa. Millenium, 16
Quadro nº 1
1. As Escolas Básicas retornaram a divisão original em dois ciclos: de cinco anos, o primeiro; de
quatro, o segundo.
2. Ginásios com anos de estudo diversificados, compreendendo uma educação geral secundária
inferior e superior.
Cunha, V. (1999). A educação na República Checa. Millenium, 16
3. As Escolas Profissionais Superiores transformaram o seu estatuto experimental tornando-se
parte integrante do sistema de educação post secundário
SISTEMA EDUCATIVO DA REPÚBLICA SOCIALISTA DA CHECOSLOVÁQUIA (Até1989/1990)
Quadro nº 2
Cunha, V. (1999). A educação na República Checa. Millenium, 16
4. Escolas Básicas (dois ciclos de 4 anos)
5. Escolaridade Obrigatória (10 anos, incluindo 2 nas escolas secundárias superiores)
6. Ginásio - educação secundária superior de 4 anos
7. Universidade - educação superior em universidades tradicionais
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