A experiência do usuário no tablet educacional
Paulo Henrique Bezerra Matias1, Francisco Kelsen de Oliveira2
1
Bolsista PIBIC Jr.- IF Sertão, estudante do curso médio integrado de informática –
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF
SERTÃO) – Campus Salgueiro
2
Doutorando em Ciências da Computação, Orientador PIBIC, Docente do Curso
Subsequente de Informática – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do
Sertão Pernambucano (IF SERTÃO) – Campus Salgueiro
{[email protected], [email protected]}
Abstract. This research has conducted an analysis of the users' experience in
educational tablets distributed to teachers and students of public education
institutions. Such research contemplated students of the Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE).
The data obtained were analyzed in order to identify the difficulties of users,
in order to propose improvements to the problems detected or even simplify
the use of such devices.
Resumo. Esta investigação realizou a análise da experiência dos usuários nos
tablets educacionais distribuídos aos professores e alunos de instituições de
ensino públicas. Tal pesquisa contemplou alunos do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE). Os
dados obtidos foram analisados com o intuito de identificar as dificuldades
dos usuários, tendo em vista propor melhorias aos problemas detectados ou
mesmo tornar mais simples o uso de tais dispositivos.
1. Introdução
O poder computacional dos dispositivos móveis tem aumentado bastante nos
últimos anos, sendo comparado ao processamento existentes antigamente apenas em
computadores pessoais (PC), enquanto o tamanho de tais componentes tem reduzido,
tornando-se cada vez mais acessíveis e presentes em nosso cotidiano, principalmente,
por causa da possibilidade de incluir funções de software por meio das instalações de
aplicativos e da facilidade de transportá-los.
O Ministério da Educação (MEC) em parceria com governos estaduais e
municipais investiu na compra e na distribuição de tablets para professores e alunos de
das redes públicas de ensino. O objetivo é fornecer instrumentos e formação a
professores e gestores de escolas públicas, a fim de intensificar o uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs) no processo de ensino aprendizagem.
Os dispositivos distribuídos pelo Fundo Nacional de desenvolvimento da
Educação (FNDE) e MEC tem versões de tela multitoque de 7 ou 10 polegadas, câmera
e microfone, saída de vídeo, conteúdos pré-instalados e o Sistema Operacional (SO)
Android OS (BRASIL, 20.
O SO, portanto, torna-se necessário em tais equipamentos, pois é o responsável
por gerenciar os recursos do dispositivo e realizar a comunicação com hardware,
oferecendo ao usuário uma interface simples para o rápido acesso aos serviços que tal
máquina possui (TANENBAUM, WOODHULL, 2000).
Contudo, não basta apenas desenvolver o SO e os aplicativos para instalá-los no
hardware. É importante que tais aplicações possuam uma boa usabilidade, ou seja, a
facilidade com que as pessoas usam um objeto para realização de uma tarefa específica
(CYBIS, BETIOL, FAUST, 2007). Dessa forma, é possível analisar as várias formas de
entradas de dados, por diferentes maneiras e por usuários diversos com o intuito de se
chegar a um determinado objetivo, sendo fonte de estudo para os pesquisadores da área
de usabilidade.
Conforme a norma NBR 9241 (2002), a usabilidade é a medida na qual um
produto pode ser usado por usuários para alcançar objetivos específicos com eficácia,
eficiência e satisfação em um contexto de uso.
Dessa forma, esta pesquisa analisou a experiência dos usuários com o Android
OS utilizado nos tablets educacionais baseado nos critérios de Alves e Oliveira (2013),
que apresentam um estudo com critérios para análise de usabilidade das interfaces de
S.O nos smartphones. Então, identificou-se as principais tarefas possíveis de serem
realizadas pelos usuários em tablets com o objetivo de analisá-las à luz dos critérios
mencionados.
As seções seguintes apresentarão os referenciais teóricos, os materiais e métodos
envolvidos na pesquisa, as atividades realizadas no período, os resultados e discussões
gerados, as conclusões e as referências bibliográficas utilizadas.
2. Referenciais Teóricos
Um computador com software pode armazenar, processar, recuperar
informações, bem como realizar as mais diversas funções. O software pode ser dividido
em dois tipos: aplicativos, (executa uma função específica ao usuário) e programas de
sistemas ou básicos (gerencia toda a atividade do computador). O SO é o principal
exemplo de software básico, tendo as funções de gerenciar os recursos da máquina e de
fornecer uma camada de abstração do hardware para que os aplicativos possam ser
instalados (TANENBAUM, WOODHULL, 2000).
Mais de 90% das Unidades de Processamento Central (CPU) não estão em
computadores Desktops e Notebooks, mas em sistemas embarcados como telefones
celulares, PDAs, câmeras digitais, roteadores sem fio, tablets e muitos outros produtos,
que utilizam chips de 32 e 64 bits e executam um SO (TANENBAUM, 2009).
Pode se entender que os SO’s realizam basicamente duas funções: fornecer aos
programadores e usuários uma camada de abstração entre as aplicações e o hardware. E
gerenciar tais recursos de forma eficiente (TANENBAUM, 2009). Acessar as tarefas do
hardware de uma máquina pode ser uma tarefa complexa. Por isso, tais máquinas
possuem um dispositivo de software denominado SO. Este que fornece aos programas
de usuários uma interface para que o dispositivo possa ser utilizado.
Os tablets educacionais dispõem do Android OS e diversos aplicativos préinstalados, como: navegador web, e-mail, mapas, controle de voz, conteúdos dos portais
do Professor, Domínio Público, Khan Academy, Banco Internacional de Objetos
Educacionais e Coleção Educadores.
Comprado pela Google em 2005, Android é SO desenvolvido pela Android Inc
para plataformas móveis e tem código aberto baseado em Linux. Além disso, possui um
repositório de aplicativos com grande diversidade de aplicativos e dispõe de
conectividades sem fio, Wi-Fi e bluetooth. O SO oferece ainda suporte a câmera e pode
ser instalado em diferentes máquinas dos mais diversos fabricantes.
Há ainda suporte de várias Integrated Development Environment (IDE) de
desenvolvimento de aplicações para o Android OS, porém, é necessário o download do
Android Software Development Kit (SDK) conforme o SO da máquina destinada para
desenvolvimento.
Contudo, não basta apenas ter o hardware e o software instalado, pois Nielsen
(1993) ressalta a importância da usabilidade, sendo considerada um dos aspectos
influentes na aceitação de um produto e se aplica a todos os aspectos do sistema com os
quais a pessoa pode interagir, incluindo os procedimentos de instalação e manutenção e
deve ser sempre medida relativamente a determinados usuários executando
determinadas tarefas. O autor afirma ainda que a usabilidade está relacionada ao
aprendizado, eficiência, na realização da tarefa de memorização, minimização de erros e
satisfação subjetiva do usuário.
A usabilidade é parte da Interação Humano-Computador (IHC) que, por sua vez,
é uma das áreas da Engenharia de Software, por isso Benyon (2011) menciona que a
usabilidade é considerada como a principal busca da IHC.
De acordo com Cybis, Betiol e Faust (2007), o escopo da usabilidade ocorre a
partir dos seguintes aspectos, conforme a Figura 1: utilidade, usabilidade, design de
interação e experiência do usuário.
Figura 1: Escopo de usabilidade baseado em Cybis, Betiol e Faust (2007).
A utilidade se refere à funcionalidade do aplicativo, software ou sistema
propriamente dito, ou seja, o sistema é útil e atende às necessidades do usuário (CYBIS,
BETIOL, FAUST, 2007). Conforme a NBR 9241 (2002), a usabilidade é quando o
software é usado para medidas específicas por usuários para alcançar um objetivo com
eficácia.
Já Cybis, Betiol e Faust (2007) afirmam que o design de interação está
relacionado com as estratégias desenvolvidas na interação o usuário diante de uma tela
desconhecida e os modelos de uso com outras telas de um mesmo software. Os autores
ainda relatam que o critério de experiência do usuário se aplica quando a variabilidade
do público alvo, se refere especificamente aos diferentes níveis de experiência do
usuário.
3. Materiais e Métodos
De acordo com a International Data Corporation Worldwide (IDC, 2013), o
Android OS possui uma participação no mercado de tablets correspondente a 60,8% até
dezembro de 2013 (Tabela 1).
Tabela 1: Participação de mercado de SO para tablets de 2012 a 2017.
Tablet OS
Android
IOS
Windows
Other
Total
2012 Market Share
52,0%
45,6%
0,9%
1,4%
100%
2013 Market Share*
60,8%
35,0%
3,4%
0,8%
100%
2014 Market Share*
58,8%
30,6%
10,2%
0,4%
100%
Fonte: (IDC, 2013)
A pesquisa teve como base a análise da experiência do usuário na utilização do
Android OS nos tablets educacionais, por isso foram relacionadas e analisadas as
principais tarefas (Tabela 2), a fim de explicitar a experiência do usuário com o uso do
SO e buscar apresentar soluções de melhorias aos problemas identificados.
Nº
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
Tabela 2: Tarefas executadas no experimento.
Descrição
Disponibiliza a visualização de arquivos de formatos de
imagens, e se este, disponibiliza um aplicativo vindo com o
SO, que realiza tal tarefa.
Utilizar player de áudio
Suporta à execução de arquivos de áudio através de aplicativos
padronizados já instalados juntamente com o SO.
Utilizar player de vídeo
Suporta à execução de arquivos de vídeo através de aplicativos
padronizados já instalados juntamente com o SO.
Visualizar documentos de texto, Dispõe de um aplicativo pré-instalado para exibição de
planilhas eletrônicas, slides e e- arquivos de textos, planilhas eletrônicas, slides, pdf e epub
books
(formatos de livros digitais ou e-books).
Conectar-se
com
outros Capacidade de se conectar a outras máquinas (PC, roteadores
dispositivos por Wi-Fi
Wi-Fi) através de conexões Wi-Fi.
Buscar aplicativos ou arquivos
Capacidade do SO de buscar dados presentes no aparelho por
meio de palavras-chave digitadas.
Utilizar Calendário/Agenda
Possibilidade de adicionar eventos no calendário por data.
Alterar brilho da tela
Permite a alteração do brilho da tela.
Configurar som e volume
Permite a alteração a alteração do som ou volume do
dispositivo.
Conectar-se
com
outros Capacidade de se conectar a outras máquinas através de
dispositivos por bluetooth
conexões bluetooth.
Configurar data e hora
Possibilidade de alterar data e hora no dispositivo.
Buscar aplicativos ou arquivos por Proporciona uma filtragem de dados através do comando de
comando de voz
voz.
Compartilhar conexão Wi-fi
Permite o compartilhamento da conexão de Internet.
Desinstalar aplicativo
Possui um software para desinstalar aplicativos de acordo com
o usuário.
Alterar idioma
Alterar o idioma de exibição do dispositivo.
Editar arquivos multimídia
Há aplicativos que permitem alterações arquivos de mídia.
Alterar contas de usuários
Suporte a alternância de contas conectadas em um mesmo
dispositivo.
Tarefas
Visualizar imagens
18
19
20
Editar planilhas eletrônicas, slides
ou documentos de texto
Possibilita a edição de arquivos de textos, planilhas
eletrônicas, slides, pdf e epub (formatos de livros digitais ou ebooks).
Desbloquear
tela
com Dispõe da função de desbloqueio do aparelho por
reconhecimento facial
reconhecimento facial.
Alterar serviços de localização Oferece a escolha ao usuário de permiti que seja identificado
geográfica
seu local em sites e aplicativos.
Fonte: Adaptado de Alves e Oliveira (2013).
Foram elencadas algumas tarefas relacionadas à configuração, instalação e
utilização do dispositivo a fim de que os usuários a partir da realizassem mediante a
gravação do vídeo das ações executadas, de tal modo a resguardar as identidades dos
participantes, pois foram captadas imagens das telas dos dispositivos testados.
As tarefas realizadas pelos participantes tiveram seus vídeos analisados e
descritos para identificar as dificuldades e as facilidades existentes na realização de cada
tarefa, a fim de realizar as interpretações à luz dos conceitos de Nielsen (1993), de
Cybis, Betiol e Fauts (2007), de NBR 9241 (2002) e de Alves e Oliveira (2013). Após a
coleta dos dados, esses foram tabulados para facilitar a interpretação que foi realizada
mediante os vídeos, questionários e observações feitas pelos pesquisadores durante a
aplicação do experimento.
Antes da realização do experimento propriamente dito, os participantes foram
orientados sobre a experiência, as etapas da coleta, assinaram o termo de aceitação de
participação na pesquisa e responderam ao questionário semiestruturado 1 de sondagem,
que versava sobre os conhecimentos prévios e experiências de cada usuário acerca do
uso de tecnologia, natureza dos dispositivos eletrônicos, tempo de uso, funções
utilizadas e finalidades de uso.
Segundo Marconi e Lakatos (2003), os questionários para coleta de dados foram
utilizados porque possuem diversas vantagens como: economia de tempo, abrangência
de grande número de pessoas de forma simultânea, abrangência de área geográfica mais
ampla, obtenção de resposta mais precisas, maior liberdade nas respostas, maior
segurança, menor risco de distorção, mais tempo para responder as questões, maior
uniformidade na avaliação e obtenção de respostas que materialmente seriam
inacessíveis.
Antes da realização da experiência do usuário com o dispositivo, os participantes
recebiam um roteiro das tarefas a serem realizadas. Para isso, o laboratório de
Informática do IF Sertão-PE com cadeira, mesa, condicionador de ar e luz adequada foi
reservado para proporcionar um ambiente propício ao experimento e conforto dos
participantes, sendo um participante por vez e o tablet utilizado tinha software para
captura das telas com as ações realizadas durante o experimento.
Logo após a realização da experiência, cada participante respondeu ao
questionário semiestruturado 2 que solicitava o seu ponto de vista acerca da dificuldade
e facilidade para realização das tarefas solicitadas, bem como a apresentação de
sugestões de melhorias, sendo sugerida a apresentação de justificativas para as respostas
apresentadas. Além disso, foi solicitada a aplicação de notas referentes aos níveis de
dificuldade para realizar cada atividade.
O grupo amostral da pesquisa foi definido a partir da escolha aleatória dos
alunos dos cursos superiores de Tecnologia em Alimentos e Licenciatura em Física,
além dos alunos dos cursos de Ensino Médio Integrado (EMI) de Agropecuária,
Edificações e Informática do campus Salgueiro do IF Sertão-PE, de tal forma a garantir
5% de participantes de cada um dos cursos mencionados.
Já a pesquisa utilizou o modelo de tablet educacional com versão Android OS
4.0, tela sensível ao toque de 9,7 polegadas, com conexões Wi-fi, bluetooth, mini-USB e
mini-HDMI. Esse modelo contempla 25% dos hardwares disponibilizados aos docentes
e discentes das instituições públicas, pois apenas 2 fabricantes venceram a licitação e
cada um forneceu dois modelos. Todos os modelos apresentavam Android OS em sua
versão 4.0, cujo foco da pesquisa se concentra na análise das tarefas com o referido SO.
Quanto a natureza das variáveis, pode se afirmar que é do tipo qualitativo, pois
avaliou as experiências dos usuários no Android OS no tablet educacional, buscando-se
a eficácia na realização das tarefas. Quanto ao objetivo da pesquisa, teve características
exploratórias, pois buscou-se conhecer a experiência do usuário na realização das tarefas
no Android OS. Além disso, é considerada descritiva, pois detalhou os procedimentos
dos usuários para realização das tarefas.
Quanto ao procedimento foi feita uma pesquisa bibliográfica que deu
embasamento ao referencial teórico, sendo utilizados materiais já disponibilizados em
livros e repositórios de textos acadêmicos científicos.
A partir dos dados tabulados, foi realizado uma análise da utilização das
funcionalidades disponíveis no SO pelos usuários, tomando como base a pesquisa
realizada por Alves e Oliveira (2013).
4. Resultados e discussões
De acordo com a análise dos questionários aplicados para identificação do perfil
do usuário, os alunos dos cursos de Informática, Tecnologia em Alimentos, Edificações
e Agropecuária dispõem e utilizam diariamente pelo menos um dispositivo móvel.
Os participantes da turma de Licenciatura em Física, nunca utilizaram algum dos
dispositivos, isso pode ocasionar em uma maior dificuldade para acesso a materiais e
informações, sendo um dos aspectos evidenciados na pesquisa ou terem dificuldades em
realizar tarefas básicas para um usuário com prática frequente, já que os demais utilizam
tais dispositivos, principalmente, com Android OS há dois anos em média ou mesmo
tiveram algum contato antes da realização do experimento.
Notou-se ainda que participantes da pesquisa e alunos de cursos de Informática
desconhecem termos técnicos ou classificações dos dispositivos móveis, embora sejam
modelos que possuam ou tenham informado interesse em comprar pelo modelo e
fabricante durante a realização da sondagem. Além disso, percebeu-se uma divergência
entre os participantes sobre os conceitos de dispositivos móveis, pois no primeiro
questionário, pergunta-se se já utilizou algum dispositivo móvel, enquanto alguns
responderam negativamente, porém afirmam utilizar um dispositivo para realização de
atividades pessoais em seu “celular com Android”.
De acordo com os dados fornecidos pelos participantes, 55% utilizam o
dispositivo para educação, 80% para entretenimento, 45% para gerenciamento de tarefas
cotidianas, e 20% para atividade pessoal. De forma geral, 60% relatou que não houve
dificuldade para utilizar os dispositivos que já tiveram contato.
Através do questionário semiestruturado 1, foi notado que as tarefas que os
usuários mais utilizam são visualizar imagens, utilizar player de áudio, utilizar player de
vídeo, visualizar documentos de textos, planilhas eletrônicas, slides e e-books.
Nas tarefas Visualizar Imagens, Utilizar Player de áudio e Utilizar player de
vídeo viu-se que os usuários em sua maioria tiveram pouca ou nenhuma dificuldade.
Infere-se então que o motivo são ícones de mídia evidentes e já conhecidos pelos
usuários, considerando que em média 80% realizou tais tarefas, e 80% dos alunos
utilizam os dispositivos para a finalidade de entretenimento. Possivelmente essas tarefas
são executadas frequentemente pelos usuários seja em tablets ou smartphones,
conforme a tabela 3.
Nº
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Tabela 2: Resultados do questionário semiestruturado 2.
Sem
Pouca
Muita
dificuldade dificuldade
dificuldade
Visualizar imagens
80%
15%
5%
Utilizar player de áudio
50%
40%
0%
Utilizar player de vídeo
50%
30%
0%
Visualizar documentos de texto,
40%
45%
5%
planilhas eletrônicas, slides e e-books
Conectar-se com outros dispositivos
75%
15%
5%
por Wi-Fi
Buscar aplicativos ou arquivos
30%
15%
15%
Utilizar Calendário/Agenda
75%
20%
5%
Alterar brilho da tela
65%
15%
20%
Configurar som e volume
50%
20%
15%
Conectar-se com outros dispositivos
40%
30%
10%
por bluetooth
Configurar data e hora
65%
25%
0%
Buscar aplicativos ou arquivos por
40%
35%
5%
comando de voz
Compartilhar conexão Wi-fi
5%
5%
0%
Desinstalar aplicativo
35%
35%
0%
Alterar idioma
60%
30%
0%
Editar arquivos multimídia
25%
30%
5%
Alterar contas de usuários
25%
20%
5%
Editar planilhas eletrônicas, slides ou
20%
10%
10%
documentos de texto
Desbloquear
tela
com
5%
0%
5%
reconhecimento facial
Alterar serviços de localização
30%
15%
15%
geográfica
Tarefas
Não conseguiu
realizar
0%
10%
20%
10%
5%
40%
0%
0%
15%
20%
10%
20%
90%
30%
10%
40%
50%
60%
90%
40%
Fonte: Pesquisa direta.
Na tarefa Visualizar documentos de texto, planilhas eletrônicas, slides e e-books,
viu-se que, em sua maioria, fora realizada pelos alunos, enquanto 50% tiveram alguma
dificuldade e 10% não realizaram. Infere-se, então, que os alunos podem não ter
utilizado com frequência os dispositivos para realizar tal tarefa, porém, utilizem para
entretenimento, o que pode facilitar na realização da tarefa.
Todavia na tarefa Editar planilhas eletrônicas, slides ou documentos de texto os
participantes, em sua maioria, não conseguiram realizar, devido não saberem da
existência dessa função, embora os mesmos tenham conseguido realizar a tarefa
Visualizar documentos de texto, planilhas eletrônicas, slides e e-books. Isso se deve ao
fato de alguns dispositivos não disponibilizarem tais aplicativos pré-instalados para
executarem arquivos em tais formatos e os usuários não buscarem aplicativos com tais
funções para smartphones, devido aos tamanhos pequenos das telas ou mesmo por
apenas consumirem conteúdos em tablets e não escreverem devido a inexistência de
teclado físico.
Para a tarefa Conectar-se com outros dispositivos por WiFi, nota-se grande
percentual de realização, nos quais diversos estabelecimentos comerciais, residências e
locais públicos dispõem de redes sem fios acessíveis aos usuários apenas com inclusão
da senha e escolha da rede, cuja configuração ocorre de forma rápida devido às
experiências anteriores. Além disso, deve-se considerar a mesma posição da função
Wifi no padrão do Android OS em tablets e smartphones.
Ao buscar aplicativos ou arquivos e buscar aplicativos ou arquivos por
comando de voz, alguns participantes confundiram com a pesquisa do Google. Isso se dá
ao fato da questão não estar clara suficiente e ter causado uma interpretação errada ou
mesmo ao costume de alguns usuário de buscar qualquer informação no site de busca
citado. Já na tarefa Utilizar calendário/agenda, os participantes encontraram o
calendário devido ao ícone intuitivo e semelhante ao existente em smartphones, embora
não tenham nem tentando utilizar a função da agenda.
Nas tarefas Alterar brilho de tela, Configurar som e volume, Configurar data e
hora, Desinstalar aplicativos e Alterar idioma os participantes, em sua maioria,
conseguiram realizar com facilidade, que pode se justificar pelo fato de haver uma
semelhança com a função no smartphone e do ícone encontrar-se no menu de
configuração com ícone evidente, pois os usuários já utilizaram a função WiFi, o que
facilitou para posteriormente realizar tais tarefas. Ainda na configuração de som de
volume, os botões físicos existentes no hardware para facilitar a execução de tal tarefa,
pois os usuários usavam diretamente os botões ao invés da função disponível no menu
de configurações.
A tarefa Conectar-se com outros dispositivos por bluetooth, fora realizada pela
maioria dos usuários, entretanto, viu-se que alguns já usaram a função de forma
esporádica, e que não lembravam como realizar novamente, o que resultou no método
tentativa e erro. Já na tarefa Compartilhar conexão Wi-fi, os muitos usuários não
realizaram, enquanto alguns se mostraram surpresos em saber da possibilidade. Além
disso, alguns participantes confundiram tal tarefa com a outra de conectar-se ao WiFi.
Viu-se que nas tarefas Editar arquivos multimídia, Alterar contas de usuários,
Alterar serviços de localização geográfica e Desbloquear tela com reconhecimento
facial os participantes tiveram muita dificuldade devido não utilizarem o dispositivo
com frequência para tal aplicação, e ainda podem ter utilizado tais funções de forma
esporádica e não lembrarem mais como realizar novamente. Alguns deles também
desconheciam a possibilidade de realizar essas tarefas no tablet. Entretanto alguns
participantes utilizaram a função desbloqueio de tela com reconhecimento fácil, embora
fosse considerada menos utilizada, pode-se inferir que a semelhança com a função
existente no smartphone e a disposição da função no mesmo menu já utilizado para
outras funções tenha favorecido a sua realização.
Notou-se ainda que ao ser entregue os tablets aos alunos, 50% deles, tiveram
dificuldades para desbloquearem o dispositivo e procurarem os ícones diretamente na
tela inicial, sem a utilização do menu, pois esses não conseguiam localizar o ícone.
O questionário semiestruturado 2 solicitava aos participantes que atribuíssem
notas de 0 a 10 para representar o nível de dificuldade que tiveram nas realizações das
determinadas tarefas, sendo 0 nenhuma dificuldade e 10 não conseguiu realizar ou de
extrema dificuldade. Assim, percebeu-se que participantes atribuíam nota mínima para
tarefas não executadas ou realizadas de modo equivocado.
Os participantes já experientes no uso Android OS em smartphone tiveram
maior facilidade na maioria das tarefas, pois seguiram o mesmo padrão para realizar as
tarefas nos tablets, porém relataram que as execuções de algumas tarefas no dispositivo
utilizado no experimento estavam em locais ou com ícones diferentes dos equipamentos
de experiências anteriores ou mesmo não existiam tais funções, pois os equipamentos
traziam configurações semelhantes aos dispositivos de um mesmo fabricante ou sem
grandes alterações no Android OS considerado puro, enquanto vários usuários relatavam
que a facilidade estaria em simplesmente apresentar todas as funções logo em ícones da
tela inicial.
Os participantes experientes no uso dos smartphones tiveram maiores facilidades
na execução da maioria das tarefas solicitadas, porém, percebeu-se também que tarefas
de configurações não tiveram as mesmas facilidades se comparadas com aquelas apenas
para abertura de um arquivo de mídia, texto ou planilha eletrônica.
Segundo 85% dos participantes que realizaram os testes, a maior dificuldade
para realizar as tarefas foi encontrar os seus respectivos ícones, ou seja, as imagens
correspondentes a determinadas funções não traziam um significado direto ao que se
pretendia realizar, inclusive alguns afirmaram que as alterações das imagens dos ícones
provocaram tais dificuldades em encontrar tais funções.
5. Conclusão
Conclui-se que as tarefas de configurações são poucas vezes realizadas pelos
usuários que não buscam conhecer os dispositivos e restringem-se em simplesmente
utilizarem as principais funções, ou seja, consumir o serviço ou produto sem demandar
tempo para desbravar novas funcionalidades ou recursos do dispositivo.
Os participantes apresentaram sugestões de melhorias na realização das
atividades, como: ícones mais descritivos, para fácil identificação das tarefas; melhorias
na organização das funções no menu principal do dispositivo do respectivo SO, sendo
perceptível a analogia direta feita com os principais SO para desktops que trabalham de
modo análogo, pois afirmavam que usuários iniciantes irão utilizar e teriam maior
facilidade; melhorar a identificação das funções de tal modo a apresentar o caminho até
a referida função; linguagem mais simples, para usuários que não entendem bem termos
técnicos ou totalmente traduzidos para o idioma escolhido pelo usuário; melhorar a
visibilidade dos ícones; ícones específicos para as principais funções; agregação dos
menus mais simples e intuitiva.
De acordo com os dados analisados, pretende-se oferecer melhorias para que
seja implementada uma versão do SO para os tablets educacionais a fim de facilitar o
uso para alunos e professores, conforme os aspectos identificados na pesquisa. Almejase ainda que tais dados possam servir de base para o desenvolvimento de aplicações
móveis educativas, com o objetivo de tornar as interfaces das softwares mais intuitivas.
Devido os tablets educacionais que foram utilizados para o testes utilizarem
Android OS, há a possibilidade de se utilizar os resultados obtidos para que se tenham
melhorias nas próximas versões do Android OS e até mesmo em outros SOs, a partir das
necessidades identificadas na pesquisa.
6. Referências
ALVES, W. S.; OLIVEIRA, F. K. Análise da usabilidade de sistemas operacionais para
dispositivos móveis usando Android e Windows Phone. In: VIII Congresso Norte e
Nordeste de Pesquisa e Inovação (VIII CONNEPI), VIII, 2013, Salvador. Anais do VIII
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Disponível
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http://ocs.connepi.ifba.edu.br/files/conferences/1/schedConfs/1/papers/2317/submission
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9241: requisitos
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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de
metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
NIELSEN, J. Usability Engineering. New Jersey: Academic Press, 1993.
TANENBAUM, Andrew S. Sistemas Operacionais Modernos. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2009.
TANENBAUM, Andrew S.; WOODHULL, Albert S. Sistemas Operacionais: Projeto
e Implementação. Porto Alegre: Bookman, 2000.
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