Boletim Academia Paulista de Psicologia
ISSN: 1415-711X
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Academia Paulista de Psicologia
Brasil
Boa-Viagem A. Costa, Hebe C.
Resgatando a memória dos Pioneiros: Vida e Obra de Milton Camargo da Silva Rodrigues - (Patrono
da Cad.06)
Boletim Academia Paulista de Psicologia, vol. 80, núm. 1, enero-junio, 2011, pp. 8-11
Academia Paulista de Psicologia
São Paulo, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=94622747002
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Bol. Acad. Paulista de Psicologia, São Paulo, Brasil - V. 80, no 01/11, p. 8-11
I. HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
• Resgatando a memória dos Pioneiros: Vida e Obra de Milton
Camargo da Silva Rodrigues – (Patrono da Cad.06)
Rescuing the memory of the Pioneers: Life and Work of Milton Camargo da
Silva Rodrigues (Chair #6 Patron)
Hebe C. Boa-Viagem A. Costa1
Universidade de São Paulo
Faculdade de Direito de Guarulhos
Resumo: Escrever biografias não é uma tarefa fácil. Às vezes nos deparamos com muitas
informações que nos obrigam a fazer uma seleção cuidadosa mormente quando se trata
de uma pequena biografia. Há também aquela que temos poucos dados referentes ao
biografado por mais que pesquisemos. Sabemos, entretanto, que foi um personagem
importante, que tivemos oportunidade de conhecê-lo e que guardamos boas lembranças
dessa convivência. Mesmo pequena, vale escrevê-la. É o caso do Prof. Milton C. da Silva
Rodrigues.
Palavras-chave: Milton Camargo da Silva Rodrigues, Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras USP, Ciências e Letras da USP, biografias.
Abstract: Writing biographies is not an easy task. Sometimes there is so much information
at hand that obliges us to perform a thorough selection, especially when just a small
biography is required. There are others which there is a shortage of data in spite of our
dedication on researching. However, we know the importance of our Patron, whom we had
the opportunity of meeting and whom we keep gratifying remembrances of that period.
Although limited, it is worthwhile to note. This is the case of Prof. Milton C. da Silva
Rodrigues.
Keywords: Milton Camargo da Silva Rodrigues, School of Philosophy, biographies.
1. Introdução
A década de Trinta caracterizou-se por grande efervescência em diversos
setores no Brasil. Aconteceu a Revolução de 1932 em São Paulo; a elaboração
da Constituição de 1934; a mulher adquirindo o direito de votar, embora com
sérias restrições: a eleição da primeira deputada federal, Carlota Pereira Queiroz.
Infelizmente o Estado Novo, com a Constituição de 1937, retirou todos esses
ganhos pela chamada ditadura que durou até 1945.
No campo educacional nesses anos, em São Paulo, sob a orientação de
Fernando de Azevedo (Patrono da Cad. 3) foram feitas pesquisas com o fito de
diagnosticar a situação do ensino então vigente O resultado foi desanimador.
Urgia que se fizesse alguma coisa. Assim nasceu o célebre “Manifesto dirigido
ao povo e ao governo” intitulado “A reestruturação Educacional no Brasil”
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Educadora, Socióloga, advogada, com especialização em História da Educação. Contato:
Rua Augusto Tortorelo Araujo, nº207, apto 42, 02040-010, Jd. São Paulo, São Paulo, SP., Brasil.
E-mail: [email protected]
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elaborado por Fernando de Azevedo e assinado por 26 personalidades. Apesar
da situação do Brasil não ser favorável, publicou-se o Código da Educação.
É neste cenário que Miltom C. da Silva Rodrigues iniciou sua carreira na
Escola Normal Caetano de Campos. Esta, em 1931, passou a denominar-se
Instituto Pedagógico, tendo como objetivo o aperfeiçoamento dos professores,
e possibilitar-lhes uma preparação específica aos inspetores, delegados e
diretores de ensino como também, a divulgação da cultura geral. Para tanto, o
corpo docente da antiga escola compôs o do Instituto Pedagógico. Em 1933,
mais uma mudança e ele é transformado em Instituto de Educação.
Com a promulgação de decreto assinado pelo Interventor Federal em São
Paulo, Armando de Salles Oliveira, no dia 25 de janeiro de 1934 foi criada a
Universidade de São Paulo que agregava vários institutos, cursos oficiais e
estaduais que já existiam e tendo a Faculdade de Filosofia como espinha dorsal
do projeto. O Instituto de Educação, mais tarde, também foi incluído nesse rol
passando a responsabilizar- se pela formação didática dos alunos das diversas
seções da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP.Da mesma maneira
que no Distrito Federal, a Escola Normal da Capital de São Paulo, denominada
Instituto de Educação “Caetano de Campos”, passa a ministrar em sua Escola
de Professores: “cursos de formação de professores do ensino primário, cursos
de formação pedagógica para professores do ensino secundário, bem como
cursos de especialização para diretores e inspetores”. O Instituto de Educação
de São Paulo foi incorporado, em 1934, ã Universidade de São Paulo, passando
a ... Ora, “a concepção dominante no meio universitário era a de valorização da
pesquisa, da produção do saber, ficando em segundo plano, como atividade
menos nobre, a formação de professores.” Isto deu origem a uma incompreensível
polêmica, apesar da Universidade estar recebendo notáveis educadores:
Fernando de Azevedo (Patrono da Cad. 03), Noemy da Silveira Rudolfer, Roldão
Lopes de Barros (Patrono da Cad. 25), José Querino Ribeiro, Milton C. da Silva
Rodrigues (Patrono da Cad. 06), o nosso biografado.
2. Biografia
Paulistano, nasceu aos 20 de novembro de 1904. Engenheiro Civil,
diplomado pela Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro, também
estudou no exterior: “Inferência Estatística” e “Análise de variância” no
departamento de Estatística Matemática” da Universidade Columbia, Nova York,
1944;”Teoria das Amostras”e “Teoria e pratica de Amostras”, como bolsista, nos
cursos de estatística superior da United States Departament of Agriculture
Graduate School, Washington, D.C., 1945.
Foi Professor Catedrático de Estatística na Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da USP e, além da responsabilidade da docência e pesquisa próprios
do seu cargo, chefiava o Departamento de Estatística da Faculdade. Colaborava
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com outras Cadeiras, tais como Sociologia, Psicologia, Antropologia, Economia,
entre outras, com seus trabalhos de pesquisas. Participou, com certa freqüência,
de Bancas Examinadoras e, entre elas, a que julgou a tese de João Cruz Costa
(Patrono da Cad. 20) ao disputar a Cátedra de Filosofia. Foi o orador da Sessão
Solene realizada pela Congregação da Faculdade em memória do saudoso
professor Roldão Lopes de Barros (Patrono da Cad. 25), seu velho amigo, em
setembro de 1951.
Em 1934 publicou “Elementos de Estatística” e no prefácio apresentou as
razões que o levaram a editá-lo. A obra foi escrita tendo em vista uma situação
especial e momentânea; (...) em 1934 bem poucos eram, em nosso país, aqueles
que se interessavam pela Estatística, como poucos, por outro lado, eram os
que estivessem em condições de abordar o seu estudo no nível em que o
colocam alguns excelentes tratados em língua estrangeira. Longe como está,
nossa cultura, de qualquer padronização, tendo em mira interessar o maior
número em tão útil assunto, fomos levados a adotar um método que estivesse
ao alcance de todos. O objetivo dele foi plenamente alcançado. O livro despertou
muito interesse pelo assunto não só no Brasil como também na América Latina
e Portugal. A partir de então, outras obras de Estatística foram surgindo, fundouse o Instituto Nacional de Estatística (do qual foi membro honorário) e constituíramse muitas entidades destinadas à pesquisa cientifica (por exemplo: Laboratórios
do Instituto de Educação da USP).
A Academia Paulista de Psicologia escolheu Milton C. da Silva Rodrigues
como Patrono da Cadeira n. 6 em virtude do seu constante interesse pela
Psicologia. Sua tese de concurso à Cátedra, “Da Propriedade e Alcance do
Método Estatístico em Educação, especialmente em Psicologia”, defendida em
1935, é uma prova de que a homenagem foi justa e merecida. Além do mais,
seus ensinamentos foram muito uteis nas pesquisas realizadas por seus alunos,
muitos deles membros desse sodalício, como Arrigo Leonardo Angelini
(presidente atual , Cad. 4), Matilde Neder (Cad. 14), Odette Lourenção Van Kolck
(cad. 16), Aidyl M. de Queiroz Pérez-Ramos (cad. 30), Ivone Espindola (Cad.
25), entre outros. Sua tese de Doutorado intitulou-se “Estatística aplicada à
Psicologia”. Em 1953 foi apresentada a criação do curso de Psicologia à então
Congregação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e constituiuse uma comissão, presidida pelo Prof. Milton para a criação do citado curso.
3. Homenagens e sociedades a que pertenceu
• Cavaleiro da Legião de Honra (França);
• Oficial da Ordem Nacional das Palmas (França);
• Medalhas MMDC e da Constituição;
• Medalha de ex-combatente de 1932;
• Medalha da Imperatriz Leopoldina;
• Professor Emérito da USP;
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Sócio honorário do Instituto Nacional de Estatística;
Sócio honorário do Ateneu de Estatística Matemática, de Rosário – Argentina;
Membro do Instituto Inter Americano de Estatística;
Sócio da Sociedade Brasileira de Estatistica, do Institute of Mathematical
Statistics, da American Statistical Association e da American Mathematical
Society.
4. Algumas de suas obras
• (1934) Elementos de Estatística Geral – São Paulo, Editora Nacional.
• (1935) Da Propriedade e Alcance do Método Estatístico em Educação,
especialmente em Psicologia;
• (1942) Iniciação a Estatística Econômica - São Paulo, Editora Nacional;
• (1942) Distribuições de Idades na Escola Secundária, Revista Brasileira de
Estatística, N.11;
• (1942) Índice de Permanência Media de Alunos no Sistema Escolar, Revista
Brasileira de Estatística, N.11;
• (1943) Sistema de Atributos, Revista Brasileira de Estatística, N.13;
• (1944) Vocabulário Brasileiro de Estatística - Revista Bras. Estatística, N.18;
• (1945) On Extension of the Concept of Moment with Applications... Annals of
Mathematical Statistics, vol. XVI, N. 1;
• (1970) Dicionário Brasileiro de Estatística. (Com vocabulário, Inglês e
portugues). Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Estatística.
5. Conclusão
Fiz o curso de Pedagogia na USP e tive o privilégio de ter sido aluna do
Prof. Milton. Graças aos seus ensinamentos e ao seu livro, “Elementos de
Estatística Geral”, como Professora de Educação da Rede Estadual de Ensino
pude orientar meus alunos na interpretação dos gráficos nos textos de Psicologia;
representar graficamente o aproveitamento deles e assim analisar também a
minha atuação; elaborar os Planos Anuais da Escola analisando a composição
do alunado (idade, condição social, repetência etc...).
Referências
• Rodrigues, M. C. Da Silva. Arquivo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas. (Informações recebidas em fev. 1999)
• Rodrigues, M. C. Da Silva (1940) Elementos de Estatísica Geral. São Paulo.
Editora Nacional
• Arquivo da Escola Estadual, Prof. Milton da Silva Rodrigues. Site: http://
www.escolamilton.xpg.com.br/quem;
• Dias, J.A.(2002) Educadores brasileiros do século XX- Plano Editora vol. 1,
in Garcia, W. (org) Brasília.
Recebido em: 07/01/2011 / Aceito em: 14/03/2011.
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