Ambiente e alterações climáticas
Adaptação baseada nos Ecossistemas (AbE)
Uma nova abordagem para antecipar soluções naturais conducentes a uma
adaptação às mudanças climáticas nos diferentes setores
Antecedentes conceptuais
As comunidades globais dependem de ecossistemas intactos e
dos serviços que estes fornecem, tais como fertilidade do solo,
água limpa e alimentos. Isto aplica-se sobretudo às populações
pobres nos países em desenvolvimento, cujos meios de subsistência estão intimamente ligados com os recursos naturais. A
mudança climática é uma das maiores causas das alterações e
danos ocorridos nos serviços dos ecossistemas, o que significa
que seu impacto irá muito provavelmente aumentar no futuro
(Avaliação Ecossistêmica do Milênio 2005). Ao mesmo tempo,
os ecossistemas funcionais ajudam as pessoas e o mundo natural
a se adaptarem aos efeitos das mudanças climáticas.
“Adaptação baseada nos Ecossistemas é o uso da biodiversidade e dos serviços
ambientais como parte de uma estratégia de adaptação completa para
ajudar pessoas a se adaptarem aos efeitos adversos das mudanças climáticas.”
CBD 2009
A adaptação baseada nos ecossistemas recorre intencionalmente
a ‘infraestruturas verdes’ e a serviços dos ecossistemas para aumentar a resiliência das sociedades humanas’ contra as alterações
climáticas. Por isso, a Adaptação baseada nos Ecossistemas é
uma abordagem antropocêntrica que diz respeito à forma como
os ecossistemas poderão ajudar as populações a se adaptarem à
variabilidade do clima atual e às futuras mudanças climáticas.
O objetivo é reduzir constantemente a vulnerabilidade das
comunidades em relação aos efeitos adversos das mudanças
climáticas. A Adaptação baseada nos Ecossistemas compreende
medidas para conservar, restaurar ou gerir de forma sustentável
os ecossistemas e os recursos naturais e complementa ou mesmo
substitui outras medidas de adaptação, tais como medidas
de infraestrutura física ou ‘cinzenta’. Além disso, as soluções
naturais baseadas nos ecossistemas tendem a gerar co-benefícios
valoráveis, tais como o seqüestro de carbono, a conservação da
biodiversidade ou a produção de alimentos, sendo muitas vezes
mais eficientes em termos de custos. Por exemplo, descobriu-se no Vietnã que a plantação e a manutenção de florestas de
manguezais podem agir como quebra-mares e proteger a zona
costeira com custos muito mais baixos (custo 1,1 milhões de
US$ por cada 12.000 ha) do que a reparação mecânica da erosão
de diques induzida por ondas (custo anual: 7,3 milhões de US$)
(A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade 2009).
Uma nova abordagem prometedora - ou trocar o
velho por novo?
Ao contrário dos recursos naturais comuns e das abordagens de
gestão da biodiversidade, a Adaptação baseada nos Ecossistemas procura avaliar e selecionar medidas no contexto de uma
estratégia de adaptação global. Ela (a) elabora estudos sobre os
impactos das mudanças climáticas ou análises climáticas integradas que recorrem a cenários e modelos climáticos, b) analisa
as relações causa-efeito e as pressões geradas pelas mudanças
climáticas, c) considera custos e eficácia das diferentes medidas
de adaptação, e d) monitoriza seus impactos de adaptação. Por
isso, enquanto os projetos clássicos de desenvolvimento e de
conservação da natureza podem também conduzir à geração de
co-benefícios ecológicos e socioeconômicos positivos visando a
adaptação, a Adaptação baseada nos Ecossistemas centra-se nas
necessidades e benefícios de adaptação logo desde o início. Porém é importante referir que um número substancial de projetos
de Adaptação baseada nos Ecossistemas foram iniciados como
projetos tradicionais de conservação da natureza ou de gestão
dos recursos naturais e só passado algum tempo registaram os
benefícios das medidas de adaptação.
Da teoria à prática
A abordagem da Adaptação baseada nos Ecossistemas é nova –
também para a GIZ. São inúmeras as experiências adquiridas
com medidas potenciais de Adaptação baseada nos Ecossistemas,
mas na maioria dos casos essas medidas não foram consideradas
no contexto de um processo de planejamento à adaptação.
Entre as experiências com a implementação de medidas potenciais de Adaptação baseada nos Ecossistemas contam-se, entre
outras, as medidas visando a melhoria da gestão, conservação ou
restauração
das florestas, zonas húmidas e solos orgânicos, que desempenham uma função regulatória dentro do ciclo hidrológico,
no contexto da escassez da água, devido à diminuição da
precipitação e períodos de secas prolongadas;
„„ das pastagens, florestas e prados que protegem as comunidades
contra o aumento da erosão do solo, de enxurradas de lamas
e do deslizamento de terras devido a uma maior incidência de
fortes precipitações;
„„
dos recifes de corais e manguezais importantes para a proteção
costeira no contexto do aumento de tempestades e enchentes;
„„ a vegetação, nos locais onde esta protege, durante os períodos
de seca cada vez mais freqüentes e intensos, contra as consequências de uma maior desertificação, tal como a poluição por
partículas finas;
„„ de paisagens ribeirinhas, zonas húmidas ou planícies aluviais
em zonas propensas a enchentes e bacias hidrográficas, como
resposta ao aumento de chuvas torrenciais, sua freqüência ou
volume.
Precisamente este tipo de medidas podem ser classificadas
de medidas de Adaptação baseada nos Ecossistemas ou não,
dependendo do contexto específico em que se inserem: durante a
concepção do projeto. A teoria da mudança deverá definir como
elas contribuem para incrementar a resiliência das populações
vulneráveis contra os impactos das mudanças climáticas.
„„
Muitas das ferramentas e abordagens existentes no domínio da
adaptação às mudanças climáticas e da gestão da biodiversidade
são relevantes para a Adaptação baseada nos Ecossistemas, p.ex.
as avaliações da vulnerabilidade de sociedades e ecossistemas no
respeitante às mudanças climáticas, planejamento da adaptação e
monitorização, resistência às alterações climáticas, mapeamento
e avaliação dos serviços ecossistêmicos, ordenamento do espaço e
conservação/restauração dos ecossistemas..
Perspectivas futuras
Na GIZ, está se verificando um aumento de projetos, componentes e atividades-piloto no âmbito da Adaptação baseada
nos Ecossistemas. A sede da GIZ criou um grupo de trabalho
que integra especialistas de diferentes departamentos setoriais
encarregados de compilar experiências e ferramentas relevantes
e de prestar assessoramento sobre a forma como a abordagem de
Adaptação baseada nos Ecossistemas pode ser implementada no
âmbito da Cooperação Internacional Alemã. Os serviços que estão
sendo desenvolvidos e que podem ser fornecidos a pedido incluem:
As medidas de Adaptação baseada nos Ecossistemas podem ser
tomadas em diferentes áreas/setores vulneráveis, p.ex. gestão da
água, proteção costeira, segurança alimentar, redução do risco de
catástrofes naturais, redução de cheias fluviais ou deslizamento
„„ A provisão de material informativo e treino.
de terras, setor da saúde, entre outros. Um exemplo concreto
„„ Assessoramento em métodos/ferramentas num contexto de
de uma medida de Adaptação baseada nos Ecossistemas é o
Adaptação baseada nos Ecossistemas.
projeto de proteção costeira através do reflorestamento e gestão
„„ Desenho e implementação de medidas-piloto.
sustentável de manguezais na província de Soc Trang no Vietnã.
„„ Visitas de intercâmbio e visitas guiadas de estudo para aprender a
Os impactos das alterações climáticas no Vietnã incluem a
partir de exemplos de boas práticas e de experiências europeias.
ocorrência de alterações nos níveis de precipitação e nos padrões
„„ Apresentação das experiências da GIZ em fóruns internacionais.
de escoamento, de alterações nos regimes de temperatura, bem
como aumento da intensidade e freqüência dos ciclones tropicais.
Quadro analítico para medidas de Adaptação baseada nos Ecossistemas
Agrava ainda as pressões atuais sobre a biodiversidade, tais como
a conversão de terras através do desmatamento das florestas para
a produção de camarão, a poluição do solo e da água causada
Medidas de Adaptação
baseada nos Ecossistemas
pela aqüicultura e a dilapidação dos recursos florestais
Emissões de gases
pelas comunidades locais. As medidas de Adaptação
(restauração, conservação, uso
com efeito de estufa
sustentável dos ecossistemas)
baseada nos Ecossistemas incluem a conservação (zonas
Determinante
de proteção onde é proibida a exploração e o cultivo
Resposta
de camarão, co-gestão dos planos de gestão dos manguezais) e a restauração dos ecossistemas (reabilitação e
Mudanças climáticas
atuais e futuras
reflorestamento das florestas de manguezais degradadas),
Pressão
bem como a gestão sustentável (planejamento e gestão
Vulnerabilidade
integrada das zonas costeiras, regulamentação pesqueira e
do sistema
promoção de oportunidades de rendas alternativas para as
Determinantes
socioeconômico
da perda de
comunidades locais).
biodiversidade
Estado do
ecossistema
Impressão
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Impacto
(vulnerabilidade,
resiliência)
Publicada por:
Deutsche Gesellschaft für
Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH
os s
viç ico
ser istêm
s
s
eco
Autores:
Julia Olivier
Kirsten Probst
Isabel Renner
Klemens Riha
Agosto de 2012
Estado
Caminho analítico, cadeia de
efeitos no quadro dos sistemas
Tomada de decisão
Influência das medidas de AbE
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Adaptação baseada nos Ecossistemas (AbE)