IMUNOLOGIA
ERITROCITÁRIA
HISTÓRICO
Século XVI
Transferência de sangue de um indivíduo
a outro sempre foi um desafio para o
homem.
1492
1o relato de transfusão Papa Inocêncio VIII,
recebeu sangue de 3 jovens doadores.
A tentativa heróica teve como conseqüência
a morte dos 3 doadores por anemia e do
pontífice por reação transfusional.
1667
O médico de Luis XIV, Jean-Baptiste Dennis
realizou as primeiras transfusões de animal –homem,
porém, como se poderia esperar, sem sucesso.
1818
James Blundel, um médico inglês, realizou com
sucesso a primeira transfusão homem-homem
1900
Era cientifica da transfusão
descoberta do Sistema ABO por
Karl Landsteiner
1911
Postulado de Ottemberg:
“A transfusão só é possível quando o soro do
receptor não aglutina as hemácias do doador”.
1945
Emprego e análise dos testes de aglutinação direta,
através do emprego da albumina bovina e a
antiglobulina humana
1946
Surge também a utilização das enzimas proteolíticas
e de outros reagentes como a Solução de LISS e o
Polibreno
1974
Polietilenoglicol
Nos últimos anos, os avanços na bioquímica e na
genética molecular contribuíram para o descobrimento
de diversos Sistemas de Grupos Sangüíneos
A análise das freqüências antigênicas nos permite
observar características relacionadas a determinadas
raças.
Os grupos sangüíneos se aplicam a estudos genéticos e
antropológicos.
Função dos grupos sangüíneos
Receptores de vírus, bactérias e parasitas
Participação no fenômeno de adesão de
moléculas
Ação enzimática
Função protéica estrutural.
A imunematologia eritrocitária é aplicada em varias áreas da medicina
HEMATOLOGIA / HEMOTERAPIA
Vários testes são realizados na rotina laboratorial dos doadores de sangue, na
seleção pré-transfusional e nos estudos de pacientes hematológicos:
•Classificação Sanguínea ABO / Rh
•Fenotipagem eritrocitária
•Pesquisa de auto-anticorpos - Coombs direto
•Pesquisa de anticorpos irregulares - Coombs Indireto
•Provas de compatibilidade sanguínea
OBSTETRÍCIA / NEONATOLOGIA
Aplicamos diversos testes
imunematológicos no acompanhamento
de gestantes e no recém-nato visando a
prevenção e o diagnostico precoce da
Doença hemolítica peri-natal.
• Classificação sanguínea ABO / Rh
• Fenotipagem eritrocitária
• Pesquisa de anticorpos irregulares no
soro materno que atravessam a barreira
placentária - Coombs Indireto
• Pesquisa de anticorpos maternos que
sensibilizam as hemácias do recém-nato
pois cruzam a barreira placentária Coombs Direto
MEDICINA LEGAL
O estudo dos grupos sangüíneo também tem sua aplicação, através da
utilização das técnicas moleculares, nos estudos de paternidade e no
reconhecimento de cadáveres.
IMUNOLOGIA ERITROCITÁRIA
A Imunematologia eritrocitária é uma ciência que
estuda os Grupos Sangüíneos através da análise dos
diversos ANTÍGENOS ERITROCITÁRIOS E DE
SEUS ANTICORPOS séricos correspondentes.
As reações antígeno-anticorpo são reveladas através
do fenômeno da AGLUTINAÇÃO que é a mais
importante ferramenta de trabalho dos
imunematologistas.
DEFINIÇÃO DOS GRUPOS SANGÜÍNEOS
Antígenos Alotípicos da membrana eritrocitária
São considerados antígenos pois são substâncias capazes de
deflagrar a resposta imune induzindo a formação de anticorpos
e possuem a capacidade de se combinarem a ele.
Os antígenos são produtos genéticos:
fabricados diretamente pelo material genético
ou indiretamente através de enzimas que agem em
um substrato e o transformam em um determinado
antígeno.
Antígenos protéicos
são produto primário do gene.
Assim temos:
Sistema Rh
Sistema MNS
Quando o antígeno é um Açúcar,
ele é o produto secundário do
gene.
O Produto primário são as
Glicosiltransferases
Sistemas ABO
GENETICAMENTE INDEPENDENTES
Dominante ou recessivo
Ex: genes H e h
Co-dominante
Ex: genes A e B
MONOMORFISMO
Produção de apenas 1 antígeno - Sistema H.
DIFORMISMO
Produção de apenas 2 antígenos
Exemplo: Antígenos - Yta e Ytb
POLIMORFISMO
Produção de vários antígenos,
Exemplo: Sistemas Rh e Kell.
HOMOZIGOSE ou HETEROZIGOSE.
Alguns genes apresentam efeito de dose.
Ex.: Sistema MNS
Antígenos M e N
EFEITO DE POSIÇÃO.
Neste caso um gene situado na posição trans em relação
a um outro, tem sua ação modificada.
Ex.: Sistema Rh
Gene C trans com D
Reconhecimento de um Antígeno
Ocorre pela interação química, não covalente, entre
segmentos da molécula do antígeno, chamado de
determinante ou sítio antigênico ou epitopo, com
regiões especializadas de moléculas de glicoproteínas.
Ex.: N-acetilgalactosamina (Antígeno A)
O determinante é o responsável pela especificidade de
um determinado antígeno.
Os Antígenos eritrocitários bioquimicamente
podem ser:
GLICOPROTEÍNAS - Exemplo: Sistemas M.
GLICOLIPÍDEOS - Exemplo: Sistema ABO, Hh.
LIPOPROTEÍNAS - Exemplo: Sistema Rh.
Características dos Antígenos
PARCIAL
Ex.: Antígenos D parciais do Sistema Rh
COMPOSTO
Ex.: Ag Leb
CRIPTOANTÍGENOS
Ex.: Ag T e Tn
Hétero-antígenos
Pertencentes a espécies diferentes.
Ex.: Antígenos presentes em animais
Alo-antígenos
Diferem os indivíduos de uma mesma espécie.
Ex.: Ag A, B, O.
Auto-antígenos
São antígenos do próprio indivíduo, alvos de autoanticorpos.
Ex.: Ag I, e antígenos do Sistema Rh.
Antígenos na membrana eritrocitária
O número de sítios antigênicos na membrana eritrocitária
é variável e pode influenciar a reação antígeno-anticorpo.
Observamos que:
• hemácias Al = 1.000.000 sítios do Ag A1
• hemácias Rh + = 10.000-30.000 sítios do Ag D
• hemácias Fy a+ = de 15.000 sítios do Ag Fya
• hemácias K + = 2000-5000 sítios do Ag K
Membrana Eritrocitária
PROTEÍNAS DA MEMBRANA ERITROCITÁRIA

Proteínas Estruturais - Sistema Rh e Kell

Proteínas Receptoras - Sistema Duffy

Proteínas de Transporte – Sistema Kidd

Enzimas Membranares – Sistema Kell

Proteínas Controladoras do Complemento – Sistema
Chido e Rodger
ANTÍGENOS GRUPOS SANGUÍNEOS ( CARREADOR )
MICROORGANISMOS
P (oligossacarídio)
E . coli, Parvovirus B19
Leb (oligossacarídio)
Helicobacter pylori
H, A (oligossacarídio)
Candida albicans
M, N (GPA) e Gerbich (GPC)
Plasmodium falciparum
Dra (DAF - CD55)
E . coli
Cromer (DAF - CD55)
Echovirus
Indian (CD44)
Poliovirus
AnWj (CD44)
Haemophilus influenzae
Duffy (receptor da M.E.)
P. vivax, P. knowlesi
ANTICORPOS ANTI-ERITROCITÁRIOS
Na imunematologia a principal resposta imunológica é a
humoral, através da ativação dos linfócitos B.
IgM
IgG
IMUNOGLOBULINA G (IgG)
A IgG é o único anticorpo humano que atravessa
a barreira placentária. Essa propriedade está
relacionada com a composição química dos
fragmentos Fc.
Atuam melhor a 37oC
IMUNOGLOBULINA M (IgM)
As IgM encontram-se principalmente sob a forma de
PENTÂMEROS, apresentando 10 sítios de ligação
com o antígeno e são chamados anticorpos
aglutinantes.
Atuam melhor em baixas temperaturas.
ANTICORPOS NATURAIS
Não identificamos um estímulo antigênico especifico.
Na sua grande maioria são IgM , mas também observamos IgG.
NATURAIS REGULARES
São aqueles que sempre estão presentes se o antígeno correspondente estiver
ausente
Ex: anti-A, anti-B , anti-P PI Pk (anti-Tja)
NATURAIS IRREGULARES
São aqueles que não estão necessariamente presentes se o antígeno
correspondente estiver ausente
Ex: anti-Le a , anti-Le b , anti-Pl , anti-M
ANTICORPOS IMUNES
São decorrentes de estímulo antigênico especifico, ou seja: a TRANSFUSÃO
OU GRAVIDEZ.
Via de regra são IgG. Na fase muito inicial da sensibilização podemos observar
uma IgM, que logo desaparece, dando lugar a IgG que permanecerá detectável
ou em memória imunológica.
Observamos também que determinados sistemas são mais imunogênicos que
outros: Sistemas RH > KELL > KIDD > DUFFY > MNS.
A resposta imune também se relaciona à a predisposição genética. Indivíduos
HLA Al B8 DR3 são bons produtores de anticorpos.
E observado uma maior incidência em mulheres.
Doenças malignas relacionadas ao S. Linfóide e a cirrose hepática predispõem
à formação de anticorpos.
SISTEMA COMPLEMENTO
O Sistema Complemento, é um sistema complexo constituído por muitas
proteínas com atividade enzimática que complementam o efeito dos anticorpos.
Efeitos Biológicos:
Imunoaderência, lise da célula alvo e facilitação da fagocitose do antígeno.
A presença de duas moléculas de IgG ou uma de lgM ligadas às hemácias
(complexo Ag - Ac) são capazes de ativar a cascata do complemento.
A aderência de fragmentos C3b pode levar à facilitação da fagocitose
(opsoninização) levando a:
HEMÓLISE EXTRA-VASCULAR
Quadros de mal aproveitamento transfusional.
A inserção dos componentes finais (C5 - C9) na membrana
eritrocitária leva a formação de orifícios funcionais HEMÓLISE INTRA-VASCULAR.
Exemplo clássico:
Anticorpos do Sistemas ABO, dai a extrema importância
transfusional deste Sistema
ATIVAÇÃO DA CASCATA DO SISTEMA DE COMPLEMENTO
REAÇÃO ANTÍGENO ANTICORPO
Antígeno
ESPECIFICIDADE REVERSIBILIDADE
Ag-Ac  Ag + Ac
A reação antígeno-anticorpo é uma reação de equilíbrio
submetida à Lei Geral de Ação das Massas.
Os anticorpos relacionados aos grupos sangüíneos e seus
antígenos estão unidos num equilíbrio dinâmico .
(Ag- Ac)
=
K’ = K
(Ag- Ac)
K’’
K’ = constante de associação Ag Ac.
K’’= constante de dissociação Ag Ac.
K = constante de equilíbrio do sistema
FIXAÇÃO DE ANTICORPOS NAS HEMÁCIAS
Os anticorpos reagem com seus antígenos específicos, a
ferramenta laboratorial é a análise da aglutinação.
REAÇÃO DE HEMAGLUTINAÇÃO
A aglutinação é a formação de agregados suficientemente
grandes que possibilitem a sua visualização.
HEMÁCIAS NÃO
AGLUTINADAS
AGLUTINAÇÃO
As IgM possuem 10 sítios de
ligação com o antígeno e são
denominadas
ANTICORPOS
AGLUTINANTES.
As IgG são monômeros e
possuem apenas 2 sítios de
ligação com o antígeno e são
denominadas
ANTICORPOS
SENSIBILIZANTES
POTENCIAL ZETA
É a diferença de potencial eletrostático entre a superfície das
células e a periferia da nuvem iônica.
(ZONA DE DESLIZAMENTO)
As hemácias são partículas eletro-negativas devido aos
grupos carboxílicos das sialoglicoproteínas da membrana
eritrocitária.
Essa eletronegatividade cria uma forte repulsão entre elas em
meio salino.
Os eletrólitos contidos no meio, envolvem cada
hemácia como uma nuvem de íons positivos que
se torna menos densa, à medida que se distancia
do glóbulo.
A força de repulsão entre as hemácias depende do
Potencial Zeta.
Carga elétricas negativas
das hemácias
Constante dielétrica
do meio
Força iônica do meio
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COOH-
COOHCOOH-
COOHCOOHCOOH-
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Reação
Ag-Ac
COOH_
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COOH+
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COOH+
+ +
+ _ +
+
+ +
COOH_ +
++ +
ImunoBase- DiaMed AG
POTENCIALIZADORES
Substâncias que auxiliam o fenômeno da aglutinação
Os anticorpos não aglutinantes fixam-se sobre as membranas das
hemácias sem aglutiná-las.
Podemos visualizar a aglutinação de hemácias sensibilizadas por
IgG aplicando artifícios técnicos que interferem no Potencial Zeta
diminuindo-o a um ponto critico e levando a AGLUTINAÇÃO.
É o que denominamos produção artificial da aglutinação.
TRATAMENTO DAS HEMÁCIAS POR ENZIMAS
Pickles - 1946
As enzimas proteolíticas retiram polipeptídios contendo ácido
siálico das glicoproteínas membranares das hemácias.
Isto determina a diminuição da carga elétrica das hemácias
diminuindo sua repulsão.
Também aumentam a afinidade do anticorpo pelo antígeno pois
expõem melhor estes antígenos
Ex. PAPAÍNA, FICINA, BROMELINA
ADIÇÃO DE SUBSTÂNCIAS MACROMOLECULARES
Determina a neutralização de parte das cargas elétricas
negativas das hemácias pois se polarizam em seu campo
elétrico.
Aumento da constante dielétrica do meio e assim temos
diminuição do Potencial Zeta por substâncias
hidrossolúveis como: ALBUMINA e FICOL.
POLÍMEROS SOLÚVEIS EM ÁGUA
São substancias que rechaçam moléculas de água
facilitando a fixação de anticorpos auxiliando portanto a 1a
fase da reação antígeno-anticorpo: POLIETILENOGLICOL
ADIÇÃO DA ANTIGLOBULINA HUMANA (AGH)
A AGH é um hétero-anticorpo que reconhece proteínas humanas.
Este é um artifício imunológico para se visualizar o fenômeno da
hemaglutinação
A fração Fab da AGH se liga na fração Fc das imunoglobulinas e
também ao complemento.
Os pontos de ligação levam a neutralização das cargas elétricas e
assim temos diminuição do Potencial Zeta
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COOH+ +
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COOH+ +
+
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COOH+ +
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+ +
ImunoBase- DiaMed AG
COOH-
( x 103 )
Fonte: P. Rouger e C. Salmon; La pratique de l´agglutination des Érythrocytes et du Test de Coombs
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Apresentação do PowerPoint