Fisiologia do mergulho e
fisiopatologia das
doenças
otorrinolaringológicas
relacionadas
Introdução
• Quando seres humanos descem às profundezas do mar,
a pressão em torno deles aumenta tremendamente.
Para impedir que os pulmões colapsem, o ar tem que
ser fornecido a uma pressão muito alta para mantê-los
inflados.
• Isto expõe o sangue nos pulmões também a uma
condição chamada de hiperbarismo.
Introdução
• Relação entre a pressão e a profundidade no mar:
– Uma coluna de água de 10 metros exerce em seu fundo a
pressão de 1 atmosfera.
– Portanto, um mergulhador a 10 metros da superfície do mar está
exposto a 2 atmosferas de pressão.
• Efeito da profundidade do mar sobre o volume dos
gases – Lei de Boyle:
– De forma prática, um litro de ar, a 10 metros abaixo da
superfície do mar, onde a pressão é de 2 atmosferas, é
comprimido para meio litro. Em 8 atmosferas, o volume seria de
1/8 de litro.
– Isto é extremamente importante no mergulho, visto que
pressões elevadas podem colapsar as câmaras de ar do corpo
do mergulhador
Toxicidade de alguns gases
em altas pressões
• Narcose por nitrogênio:
– Tem características semelhantes à intoxicação alcoólica e,
por esta razão, foi chamada “êxtase das profundidades”.
• Envenenamento agudo por oxigênio:
– Em altas pressões o oxigênio poderá causar convulsões
seguidas por coma. Outras alterações são náuseas,
abalos musculares, tonteira, distúrbios da visão,
irritabilidade e desorientação.
• Toxicidade pelo gás carbônico:
– Ocorre apenas com o uso de alguns tipos de aparelhos
em que o gás carbônico pode acumular-se no espaço
morto deste equipamento e ser respirado novamente pelo
mergulhador. Pode-se desenvolver acidose respiratória
grave, e graus variados de letargia, narcose e mesmo
anestesia.
Barotrauma
Definição:
• Barotrauma é o traumatismo causado pela pressão; é a
lesão que sobrevêm da incapacidade do mergulhador de
equilibrar as pressões entre um espaço aéreo e a
pressão do meio ambiente.
• Um aspecto importante é que os barotraumas só
ocorrem por compressão ou expansão de espaços com
gás, pois líquidos não são compressíveis.
Tipos de barotraumas
DIRETOS
INDIRETOS
BAROTRAUMAS
BIOQUÍMICOS
barotrauma de ouvido médio
narcose pelo nitrogênio
barotrauma de ouvido externo
intoxicação pelo oxigênio
barotrauma dos seios da face
intoxicação pelo gás carbônico
barotrauma dos pulmões
intoxicação por outros gases
barotrauma total
apagamento
barotrauma facial ou de máscara
BIOFÍSICOS
barotrauma de roupa
doença descompressiva
barotrauma dental
EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR
Barotrauma de ouvido médio
Definição:
• Condição de desconforto auditivo causada pela
diferença das pressões internas e externas do tímpano,
que geralmente são equalizadas pela tuba auditiva.
Sintomas:
• Os sintomas agudos mais comuns são otalgia,
hipoacusia, zumbido e vertigem, além de plenitude
auditiva. Podem ser uni ou bilaterais, não
necessariamente tendo a mesma intensidade nos casos
de barotrauma bilateral.
Barotrauma de ouvido médio
• Otoscopia: hiperemia, abaulamento, ruptura da
membrana timpânica e hemorragia.
• A tuba auditiva é uma ligação entre o ouvido médio, a
retrofaringe e a orofaringe. Durante o mergulho, o
praticante deve sempre utilizar técnicas de equalização
entre as pressões, gradativamente à medida que
aumenta a profundidade (a Manobra de Valsalva é a
mais difundida).
• A técnica de equalização das pressões pode/deve ser
desenvolvida pelo mergulhador, buscando um
aperfeiçoamento da acomodação da tuba auditiva no
decorrer de tal prática.
Barotrauma de ouvido médio
• Tal fato leva a explicação de mergulhadores iniciantes
estarem mais propensos a tal tipo de lesão quando
comparados a veteranos, como mostra o breve
resumo dos resultados de um estudo realizado no RS:
Um grupo de 15 mergulhadores iniciantes (primeiro mergulho) e
12 experientes (mínimo de 1 ano de prática regular da atividade)
foram avaliados à otoscopia antes e após a prática da atividade.
Ambos os grupos tiveram as mesmas condições de mergulho
(disponibilidade de oxigênio, profundidade, assintomáticos e com
ausência de patologias pregressas obstrutivas ou alérgicas que
pudesse alterar a função da tuba auditiva). A seguir, segue o
resultado da otoscopia dos dois grupos, classificados segundo a
classificação de Edmonds:
Grau de alteração na otoscopia no grupo de mergulhadores
iniciantes após o mergulho:
Grau de alteração na otoscopia no grupo de mergulhadores
experientes após mergulho:
Classificação de Edmonds:
• Grau 0: Sintomas sem sinais
• Grau I: abaulamento da membrana timpânica (MT)
• Grau II: abaulamento com pontos hemorrágicos na MT
• Grau III: hemorragia difusa na MT
• Grau IV: hemotímpano
• Grau V: perfuração da MT.
Barotrauma do ouvido externo
• Menos comum que o barotrauma do ouvido médio,
ocorre quando se forma uma câmara fechada no ouvido
externo (do pavilhão auricular até a membrana
timpânica).
• Geralmente está relacionada com o uso de tampões de
orelha, rolha de cerúmen, ou gorros de neoprene muito
justos.
• Nesse caso a membrana timpânica abaula-se para fora,
surgindo edemas e lesões hemorrágicas no conduto
auditivo.
• Esse acidente tanto pode ocorrer na descida do
mergulhador quanto na subida.
Barotrauma dos seios da face
 Descrição/ causa:
 • Causado quando a pressão do ambiente e a pressão
no interior dos seios paranasais estão em desequilíbrio.
 • Como os seios faciais comunicam-se com a faringe por
estreitas passagens (óstios), a obstrução de um desses
canais membranosos por um processo inflamatório
qualquer ou má formação anatômica, impede o
equilíbrio das pressões, criando uma região de baixa
pressão no interior das cavidades ocas, produzindo uma
sucção nas mucosas que as revestem. A repetição
deste acidente pode resultar em sinusite crônica.
Barotrauma dos seios da face
 É importante lembrar dos seios etmoidial e esfenoidal,
pois estes podem causar cefaléias vagas, pouco
relacionadas pelo mergulhador.
 Sinais/sintomas:
 • Dor forte nos seios da face, sangramento pelo nariz,
sensação de peso na região do seio paranasal e
impossibilidade de continuar a descida.
 Prevenção:
 • Não mergulhar resfriado ou com sinusite (tratar antes).
Interromper o mergulho caso algum sinal ou sintoma se
manifeste.
Barotrauma timpânico na fase
descompressiva
• No retorno à superfície ocorre a diminuição da pressão
externa sobre a membrana timpânica, desencadeando
um aumento do volume do ar no interior do ouvido
médio → Fase da descompressão.
• Imediatamente após o mergulho, observa-se um
abaulamento da membrana timpânica, porém, sem
causar otalgia.
Barotrauma timpânico na fase
descompressiva
• Em condições normais, o excesso de ar é
posteriormente eliminado através da tuba auditiva ou
absorvido pelo organismo → Compensação passiva
através da tuba auditiva.
• Na presença de sinusopatias ou resfriados, os
mecanismos de compensação estão prejudicados →
Prediposição ao trauma timpânico.
Referências
• http://www.bombeiros.com.br/br/esportes/medicina_mer
gulho.php
• www.scafo.com.br
• www.brasilmergulhos.com/port/artigos
• www.rborl.org.br
• Barotrauma de ouvido médio: estudo analítico – Autores:
Rosilene Pantaleão Gessinger / Arnaldo Línden.
• http://www.centromedicohiperbarico.com.br/index.php?id
=1218667262
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Fisiologia e doenças relacionadas ao mergulho