Pensamento Latino-Americano e Políticas de C,T&I
Aula 11: A economia neoschumpeteriana ou
evolucionista- visão geral
Professor Adalberto Azevedo
São Bernardo do Campo, 28/07/2014
Evolucionismo econômico
O que é um
modelo?
Evolucionismo econômico
Economia evolucionária neo-schumpeteriana: elementos para
uma integração micro-macrodinâmica
Modelo de explicação de padrões de comportamento “micro”,
fonte de informação para políticas “macro”
Teorias biológicas: explicam os sistemas naturais através de
mecanismos de evolução, seleção e mutação
Alfred Marshall (1842-1924): papel das
empresas, ciclo de vida (mecanicista)
Pressupostos:
economia
neoclássica
Thorstein Veblen (1857-1929): "Why is economics not an
evolutionary science (1898)?
Frederich August von Hayek (1899-1992): evolução institucional
Evolucionismo econômico
Nelson e Winter (1982): An evolutionary theory of economic
change
Análise da dinâmica de mudança econômica: combinação de
elementos analíticos da biologia e não-ortodoxos
Racionalidade limitada, sistemas naturalmente desequilibrados
(Schumpeter- destruição criativa)
Autores neoclássicos: tomam “emprestadas”
biológicas mas os pressupostos não mudam
categorias
Equilíbrio “ecológico”? “Mãe natureza” ou natureza madastra?
Evolucionismo econômico: Nelson e Winter
Nelson e Winter (1982): incerteza, racionalidade limitada e
desequilíbrio, geração endógena de variações
Utilização de métodos de simulação em uma dada “população” ,
definindo tipologias taxonômicas (“indústrias”, “economias”)
As populações têm indivíduos que variam, que podem ser
difundidas em níveis mais agregados (de diversos atores- desde
uma inovação numa empresa até uma política industrial)
Tendência à adoção
dasprocessos
características
As variações são generalizada
motivadas por
de busca e seleção de
queos
dão
maiorerentabilidade?
inovações em todos
níveis
tipos de instituições
Organismos individuais (fenótipos): firmas;
Populações:
mercados (indústrias); Genes (genótipos): rotinas (regras de
decisão, formas organizacionais); Mutações: inovações
(schumpeterianas); aptidão (fitness): lucratividade
Evolucionismo econômico: Nelson e Winter
Problema: como caracterizar as populações (dados): é comum
que as “fotografias” dessas populações dependam dos dados
disponíveis (risco de viés)
Evolucionismo econômico: Nelson e Winter
Andersen, Esben Sloth, Evolutionary Economics: Post-Schumpeterian Contributions, Pinter
Publishers, London, 1996, 8, 238 p. http://www.business.aau.dk/~esa/evolution/projects/eebook/ (p.
102-137
Estratégia de modelagem (probabilística, informatizada):
1. Definir as características ambientais mínimas (entradas e
saídas, condições de competição/cooperação (convivência)
2. Definir o estado da indústria no tempo (t) como o agregado das
empresas individuais (informações físicas, tácitas (informação,
valor
de
ativos
“reais”
e
“virtuais”,
regras
e
cultura/comportamento) 3. A partir de 1 e 2 calcular as
atividades na indústria em um período, as variações nas
variáveis de estado (incluindo as regras), caracterizando o
sistema nesse período (t ≠ t+1)
4. Fazer cálculos similares para outros períodos e estudar
relações entre mudanças no ambiente (regras, preços, etc.):
destaque para similaridades/diferenças no processo de
evolução (trajetórias similares em regimes/paradigmas
tecnológicos similares, mais comuns que a inovação radical)
Evolucionismo econômico: Nelson e Winter
Evolucionismo econômico: discussão
Melhorias nos modelos setoriais, possibilidade de simular efeitos
de variações tecnológicas/de mercado
Hodgson(2002): variação, hereditariedade/replicação e seleção.
Conceitos
centrais
para
explicar
sistemas
sociais,
complementados por conceitos específicos das ciências sociais
(sociologia, política, economia)
Princípios gerais e analogias (estas opcionais). Objeções ao
evolucionismo:
1. Sistemas evolutivos ou auto-organizativos?
2. Caráter “artificial” (não natural) da seleção em sistemas
sociais (e o que seria “natural”??)
3. Reproduções de “espécies” sociais: altamente imperfeitas, em
comparação à replicação genética;
4. Seleção age sobre indivíduos, e não gerações (curto prazo):
Lamarck X Darwin;
5. “Linhagens” podem se combinar/convergir (e não se separar)
Evolucionismo econômico: discussão
Evolucionismo econômico: discussão
Problema fundamental: qual é o gene econômico, que determina
a seleção, que vai provocar impactos no processos de variação?
Rotinas,
instituições,
culturas,
formas
organizacionais,
tecnologias, lucro? Genes que mudam rapidamente…
Intencionalidade
da
ação
humana
nos
ambientes
socioeconômicos: cognição, desejos, criatividade, aprendizagem,
deliberação: não fazem sentido nos ambientes “naturais”
“ [...] aspectos centrais da intencionalidade – cognitivos, de imaginação e deliberação
antes mencionados –, capazes de gerar mudanças de rumo nas trajetórias evolutivas
que não decorrem, direta ou indiretamente, de processos adaptativos com base em
unidades de replicação e seleção preexistentes.”
Ação SOBRE o ambiente sócio-econômico (ações estratégicas e
assimetrias de poder cumulativas- caráter histórico)
USAR ANALOGIAS, NÃO UM “DARWINISMO UNIVERSAL”
Evolucionismo econômico: discussão
Processos de busca substituem o presuposto racionalmaximizador; processos de seleção o “equilíbrio de mercado´descrição dinâmica, evolutiva (“trajetórias”)
Rotinas: certa persistência no tempo, modificadas pelas buscas
das empresas
Mecanismo de seleção: competitividade? (ampla mas mais
concreta do que o lucro)
Seleção depende de: características setoriais, fatores
tecnológicos/de custos, organizacionais, gerenciais e contratuais
Buscas: podem gerar inovações e aprendizado/capacitação (por
exemplo, um projeto que não deu certo). Inclui atividades
informais de adaptação das organizações (inovações
“incrementais)
Evolucionismo econômico: discussão
Seleção: depende da capacidade de inovação e aprendizado
adaptativo das empresas, ou seja, além do ambiente, dos
recursos internos (estratégia inovativa/competitiva)
Technology push X demand pull
Ambiente + recursos internos = trajetória tecnológica
Aprendizado: não incluído no modelo de N&W
Modelos de Silverberg (1988) e Possas et al (2001): novos
elementos, especialmente a relação entre produtividade e
aprendizado cumulativo
Evolucionismo econômico: discussão
Analogias biológicas nas análises econômicas: dificuldade para
definir uma teoria macro
Demanda efetiva: influência da decisão unilateral do gasto em
mercadorias (lado da demanda) sobre a capacidade de poupar e
investir (lado da oferta) (Keynes e Kalecky)
Economia monetária: instabilidade intrínseca das decisões de
investimento- liquidez ou investimentos de longo prazo
Ciclos econômicos independentes de características endógenas
como mudanças estruturais/inovações tecnológicas
1) incorporar no nível micro fatores de mudança inovativa como
resultado de estratégias e decisões das empresas; 2) incluir
estratégias de preços, concorrência, investimentos; 3) introduzir
as incertezas da economia monetária (p. ex. taxa de juros)
Evolucionismo econômico: discussão
Modelos multissetoriais de simulação
(I) replicar movimentos de flutuações cíclicas (investimento,
consumo, exportações, gasto público);
(II) incluir o progresso técnico na tendência de crescimento em
longo prazo;
(III) incluir o padrão de formação das expectativas sobre as
flutuações cíclicas;
(IV) efeitos da concentração/poder de mercado (mark up de
preços sobre custos, ou margens de lucro);
(V) efeitos da concentração da renda na economia
Schumpeter: Ciclos econômicos
Inovação: produto ou processos novo, redução de custos,
aumento do valor do produto ou serviço, abertura de novos
mercados, novas formas de organização
Gera lucros extraordinários para o inovador,
sinal para um “enxame” de imitadores
Exemplo: telefones celulares
Margens de lucro diminuem gradualmente:
Muitos imitadores deixam o mercado, que
começa a se saturar, até que uma recessão
se estabeleça
1983: Motorola DynaTAC
8000x- media 30 cm,
pesava 1kg... e custava 8
mil dólares!!!
Recessão: concentração de mercados, “seleção natural” dos
mais aptos- por isso, a teoria econômica de Schumpeter deu
origem à abordagem “evolucionista”
Nova onda de mudança técnica e inovações sociais e
organizacionais pode turbinar uma nova fase de crescimento
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Evolucionismo econômico: Nelson e Winter