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Eficácia da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) em
pacientes com fibromialgia
Daniele Vieira de Sousa1
Email: [email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em traumato-ortopedia com ênfase em Terapia Manual – Faculdade Ávila
Resumo
A fibromialgia é uma síndrome dolorosa de etiopatogenia desconhecida que acomete
preferencialmente mulheres, caracterizada por dores musculares difusas crônicas, associados
freqüentemente a distúrbios do sono, fadiga, cefaléia crônica, distúrbios psíquicos e intestinais.
Este estudo tem como objetivo mostrar como a estimulação elétrica nervosa transcutânea
(TENS) pode promover analgesia para os casos de dor associados à fibromialgia. Foram
realizados levantamentos bibliográficos através das bases de dados SCIELO, MEDLINE e
LILACS onde nos artigos selecionados encontraram-se subsídios que tentam explicar a
utilização da TENS como recurso fisioterapêutico adjuvante, no alívio da dor de pacientes
fibromiálgicos. Apesar de alguns estudos demonstrarem a eficácia da TENS como recurso,
muito ainda tem de ser pesquisado, pois a própria literatura é escassa a cerca desse assunto, e
muitos autores propõe a associação de várias modalidades dentro da fisioterapia, visto que
pacientes com fibromialgia apresentam, devido às constantes dores, diminuição da qualidade de
vida por causa das limitações funcionais impostas pela doença, gerando um ciclo vicioso.
Portanto, novas pesquisas precisam ser realizadas para se determinar com maior veemência a
efetividade da TENS.
Palavras-chave: Fibromialgia; TENS; Dor
1. Introdução
A Organização Mundial de Saúde tem mostrado preocupação com a definição de saúde.
Atualmente saúde é considerada o bem-estar físico, mental e social. A partir desta definição os
profissionais, passaram a se preocupar com as repercussões das doenças nas diversas dimensões
da vida dos indivíduos (PEREA, 2003).
_______________________
1
Pós- Graduanda em Ortopedia com Ênfase em Terapias Manuais
2
A fibromialgia é uma síndrome dolorosa de etiopatogenia desconhecida, sendo caracterizada por
dores musculoesqueléticas difusas, locais dolorosos específicos à palpação, tender points (TPS),
associados frequentemente a distúrbios psíquicos e intestinais funcionais (ASSUMPCÃO et al,
2007, p.2).
A síndrome da fibromialgia é considerada uma patologia crônica de difícil tratamento, que afeta,
principalmente, mulheres entre 40 e 60 anos, uma faixa etária de atividade profissional produtiva
(BASTOS et al, 2003).
Segundo Ferreira (apud SILVA et al, 1997), os sintomas consistem em dor generalizada pelo
corpo durante pelo menos três meses, insônia, fadiga, falta de vitalidade, diminuição da
resistência a exercícios físicos, e conseqüentemente da capacidade cardiorrespiratória, síndrome
do cólon irritável, parestesias, sobretudo em mãos e pés, depressão, cefaléia, sensação de inchaço
nas articulações e rigidez.
Essa dor tem sido descrita como persistente, difusa, profunda, contínua, latejante, às vezes em
pontadas, associada à disestesias nas extremidades distais (RUSSEL, 2008).
A etiologia da fibromialgia ainda é desconhecida. Sabe-se que vários fatores contribuem para a
sua ocorrência, mas não há um agente que possa ser responsabilizado como causador.
A população em geral sofre com dores crônicas disseminadas, mas nem sempre as dores que se
manifestam no corpo são definidas como síndrome da fibromialgia. Para diagnosticar a doença é
necessário um extremo cuidado, pois ela é de difícil diagnóstico (ANDRÉO, 2005).
A fibromialgia consiste em uma doença que determina limites funcionais aos pacientes, cujo
quadro álgico crônico interfere na sua qualidade de vida, Ferreira (apud SALVADOR et al,
2005).
A qualidade de vida dos pacientes com fibromialgia também tem sido comparada com a de
pacientes com outras condições crônicas (CHIARELLO et al, 2005).
Pelo caráter crônico e de múltiplos sintomas da SFM, o tratamento recomendado aos portadores
dessa patologia é baseado na abordagem interdisciplinar, com intervenções no âmbito físico,
farmacológico, cognitivo-comportamental e educacional (GURA, 2006).
1.1 Diagnóstico
Segundo Martinez (2001), em 1990, o Colégio Americano de Reumatologia, tentando uma
uniformização, publicou trabalho de seu Comitê Multicêntrico para classificação da fibromialgia,
estabelecendo critérios para classificação e que são os seguintes:
1) História de dor difusa
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2) Dor em 11 de 18 pontos dolorosos a serem pesquisados:
 Occipitais
 Coluna cervical
 Trapézios
 Supra-espinhosos
 2a espaços intercostais
 Epicôndilos laterais
 Glúteos
 Grande trocânteres
 Interlinha medial do joelho
Fonte: Mais Saúde, 2007
Figura 1- Localização dos Tender points
Este diagnóstico é feito através da palpação digital com uma força aproximada de 4kg de
pressão. Deve ser realizada uma palpação bilateral com pressão dos polegares, devendo produzir
dor nos tender points. Estes devem estar presentes pelo menos 3 meses (BASTOS et al, 2003).
1.2 Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS)
O termo TENS provém das iniciais do termo Transcutaneous Eletrical nerve stimulation, que
significa estimulação elétrica nervosa transcutânea. Consiste na aplicação de eletrodos sobre a
pele intacta, com o objetivo de estimular as fibras nervosas A-alfa mielinizadas de condução
rápida. Esta ativação desencadeia em nível central, os sistemas analgésicos descendentes de
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caráter inibitório sobre a transmissão nociceptiva conduzida pelas fibras não-mielinizadas de
pequeno calibre, gerando dessa forma a redução da dor (AGNE, 2004).
A TENS tem sido cada vez mais utilizada devido a sua fácil aplicação e por propiciar menor
necessidade de administração de fármacos, promovendo assim o bem estar do paciente e redução
de custos com o tratamento. A TENS é um recurso terapêutico amplamente utilizado pelos
fisioterapeutas para o tratamento de diversas doenças que produzem dor ( Rakel B, Cooper N,
Adams HJ, et al, 2011).
Trata-se de uma corrente de baixa freqüência, pulsada, que apresenta uma forma de onda
bifásica, simétrica ou assimétrica balanceada com uma semionda quadrada positiva e um pico
negativo. Essa característica propicia a estimulação de receptores nervosos e apresenta um
componente de corrente direta igual à zero, ou seja, as áreas sob as ondas positivas e negativas
são iguais, não produzindo efeitos polares (AGNE, 2009).
Uma vez que a fibromialgia caracteriza-se por dores musculoesqueléticas difusas, o uso do
TENS torna-se limitado, porém a aplicação em pontos específicos, os tender points, pode
provocar o aumento do limiar de dor e promover analgesia.
Apesar de não estar completamente elucidado seu mecanismo fisiológico de ação, é postulado
que o estimulo elétrico através da pele inibiria as transmissões dos impulsos dolorosos através da
medula espinhal, bem como a liberação de opiaceos endógenos, como endorfinas, pelo cérebro
ou medula espinhal (FERREIRA, CHJ, 2004).
Estudos laboratoriais tem demonstrado que a TENS diminui a atividade nociceptiva evocada nas
células do corno dorsal da medula, quando aplicada em áreas de receptores somáticos, ativando
fibras nervosas mielinizadas aferentes de grosso calibre. As pequenas fibras C, não mielinizadas
e de condução mais lenta, que por sua vez conduzem os estímulos dolorosos, tornam-se
incapazes de transmitir sua mensagem (FERREIRA, CHJ, 2004).
O desconhecimento da etiopatogenia e do tratamento apropriado da fibromialgia limita as
abordagens em indivíduos com essa condição. Esse assunto é, dessa maneira, tema de diversas
publicações na tentativa de melhor esclarecer e tratar essa síndrome (MARTINEZ, 2002). O
objetivo desse trabalho é realizar uma revisão na literatura atual sobre a utilização da TENS
como forma de tratamento fisioterapêutico da fibromialgia.
2. Materiais e Métodos
Com a finalidade de verificar as publicações sobre aplicação do TENS em pacientes com
fibromialgia, foram efetuadas buscas nas bases de dados eletrônicos: MEDLINE, LILACS,
SCIELO, além de pesquisas em monografias, livros e artigos. Devido à grande utilização do
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tema TENS como recurso para alívio da dor, optou-se pela realização de uma revisão não
sistemática, cujo principal foco é o emprego do TENS na fibromialgia.
Foram utilizadas como palavras de busca na base de dados as palavras chaves: “transcutaneous
electrical estimulation”, “TENS”, “electroterapy” em combinação com fibromialgya.
Devido ao número reduzido de ensaios relacionados aos assuntos e a grande variabilidade de
intervenções propostas, foi efetuado análise crítica dos conteúdos pesquisados, com
impossibilidade de análise estatística, sendo selecionados aqueles que possuíam o maior número
de citações, maior relevância no conteúdo e o julgamento dos autores.
3. Resultados
Inúmeros tratamentos têm sido propostos visando a remissão do quadro clínico da fibromialgia.
O objetivo desses tratamentos é a eliminação dos “tender points”, restauração da amplitude de
movimento e força muscular normal e sem dor. Além disso, é necessário uma educação para o
paciente prevenir e lidar com as recorrências e também bloquear os fatores precipitantes. Mas
ainda há muitas divergências nos resultados de diferentes estudos, sugerindo melhor análise
crítica dos mesmos.
O uso da modalidade TENS pode ser um recurso a ser utilizado, como forma de tratamento para
pacientes com fibromialgia. Estudos demonstram que a TENS pode ser adotada para o
tratamento de qualquer sintomatologia dolorosa, desde que o terapeuta conheça o mecanismo de
ação neurofisiológica e domine o conhecimento técnico e metodológico do aparelho
(DAMIANE, 1998).
Sua ação ocorre por meio de corrente elétrica de baixo limiar que inibe a transmissão de
estímulos dolorosos na medula espinhal, e liberam opiáceos endógenos, como as endorfinas. A
Associação Americana de Dor considera a TENS como uma medida terapêutica de alta evidência
científica (PANAEL, 2004).
Os parâmetros elétricos da TENS, especialmente a amplitude e a frequência de estimulação, são
estudados até hoje na busca da melhor combinação entre eles para aliviar dores crônicas e
agudas. É sugerido que a estimulação em alta frequência e baixa amplitude (convencional) seja
indicada para o alívio das dores agudas, enquanto a estimulação em baixa frequência e alta
intensidade (burst, tens-acupuntura) seja empregada para o alívio das dores crônicas, a forma
mais apropriada de ser utilizada nos indivíduos com fibromialgia (CASTRO, 2001).
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Tipo de TENS
TENS convencional
(Teoria das
Comportas)
Tempo de
Efeito
Indicação
aplicação
20 a 60 minutos, Estimulação seletiva de Dor aguda
com intervalos de fibras (A, beta), gerando (superficial) e crônica
30 minutos
confortável
parestesia
(efeito curto) ou pontadas,
sem dor ou contração
muscular
TENS Acupuntura
(Teoria Farmacológica)
20 a 30 minutos Estimulação das fibras Dor crônica
preconizada 1 vez nociceptivas ( A delta e C)
ao dia
e pequenas fibras motoras,
gerando
parestesia
e
contração visível (efeito
longo), levando também a
liberação de opiáceos
endógeno
TENS breve Intenso
(Teoria
Farmacológica)
± 15 minutos
Ativação de fibra (A delta
e C), levando a diminuição
dos espasmos contraturas
(efeito temporário)
Junta efeitos da TENS
convencional
e
acupuntura, levando
ao efeito analgésico
longo (beta endorfina
+
inibição
présináptica)
TENS Burst
(Teoria Farmacológica
e das Comportas)
Mínimo de 30
minutos
Junta efeitos do TENS
convencional
e
acupuntura, levando ao
efeito analgésico longo
(beta endorfinas + inibição
pré-sináptica)
Mobilização articular,
estiramento mantido
ou massagem
transversa (condições
dolorosas locais)
Tabela 1 – Tipos de TENS
MARQUES et al (apud Bassan et al, 1995), relatou um caso de fibromialgia juvenil, com forte
queixa de dor em coluna lombar. Os autores utilizaram a estimulação nervosa elétrica
transcutânea (TENS), no local da dor mais intensa, associada com injeção de anestésico,
relatando diminuição da dor e melhora da função.
GASHU et al (1997) utilizaram o TENS como um recurso para melhorar a sensibilidade
dolorosa dos tender points, associado a um programa de exercícios de alongamento muscular em
pacientes com fibromialgia. As autoras verificaram melhora progressiva da sensibilidade
dolorosa ao longo do tratamento, e ao final houve diminuição significativa da dor difusa
mensurada pela escala analógica visual.
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SILVA et al 2008, realizaram ensaio clínico aleatório com o objetivo de avaliar o nível de dor
de pacientes fibromiálgicos. Foram formados dois grupos: o grupo controle e o grupo
experimental. O grupo controle foi submetido à hidroterapia composta por aquecimento de 5
minutos, alongamentos de 20 minutos e exercícios aeróbicos de 15 minutos, já no grupo
experimental foi aplicado a TENS com a utilização de eletrodos de superfície e gel condutor
posicionados nos tender points dos músculos do trapézio, supraespinhoso, glúteo e interlinha
medial do joelho bilateralmente, utilizando uma freqüência de pulso de 15 Hz, tempo de pulso de
150µs e intensidade pela sensação de formigamento, durante 40 minutos e três vezes por semana.
Ao final da pesquisa os pacientes do grupo experimental apresentaram melhora no nível de dor,
dos sintomas depressivos, inclusive da qualidade de vida, parâmetros que foram avaliados
respectivamente pela EAV (escala analógica visual), Inventário de Beck e SF-36. Já os pacientes
do grupo controle também apresentaram melhora da qualidade de vida, porém a redução do nível
de dor foi melhor no grupo experimental.
Em outro estudo CARBONARIO 2006, avaliou a eficácia de um programa fisioterapêutico
composto de orientação educacional, terapia com TENS, exercícios aeróbicos e alongamento
muscular, a fim de verificar sobre a sintomatologia e a qualidade de vida de pacientes com
fibromialgia. As pacientes foram distribuídas em dois grupos chamados G1 e G2. Ambos os
grupos receberam uma sessão educativa e 16 sessões de tratamento com exercícios de
alongamento e condicionamento físico. Além disso, G2 recebeu a aplicação de TENS em quatro
tender points (trapézio e supraespinhoso). Na avaliação final os dois grupos apresentaram
melhora na flexibilidade, e diminuição do limiar de dor, sendo que no G2 a redução da dor nos
tender points foi mais significativa.
De uma forma geral, a TENS não tem poder curativo, entretanto existem evidências de que a
corrente elétrica aplicada externamente possa afetar a reparação tecidual, o que pode estar
associado ao alívio da dor (ALON, Nelson; K.W, Currier, 2003).
4. Discussão
FERREIRA, 2006 diz que a fibromialgia é uma síndrome reumatológica de origem
desconhecida, cujo quadro se caracteriza por dor musculoesquelética crônica e difusa pelo corpo,
com sensibilidade em, no mínimo 11 dos 18 tender points, perante uma pressão de
aproximadamente 4 kg, segundo o Colégio Americano de Reumatologia (ACR).
A fibromialgia pode ser considerada como uma condição psicossomática, onde a alteração em
crenças associadas com estresse, distúrbio do sono e outros eventos modulam a dor em termos de
sistema nervoso central e medula espinhal (MARQUES et al, 2002).
ALARCON, 1994 relata em seus estudos a classificação para a síndrome, sendo esta considerada
primária quando os pacientes não apresentam distúrbios reumatológicos concomitantes,
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secundária quando os apresentam, e reativa quando está relacionada a um episódio precipitante
(infecção, cirurgia e trauma).
Fibromialgia primária
Fibromialgia secundária
Corresponde a achados característicos de
Fibromialgia sem um causa subjacente
reconhecível
Achados característicos secundários a uma causa
conhecida ou a uma doença subjacente e que
apresenta melhora dos sintomas fibromiálgicos com
o tratamento específico da condição de base.
Fibromialgia regional ou localizada
Dor miofascial localizada associada com a presença
de trigger points, geralmente secundárias a distensão
muscular (ocupacional repetitiva), bastante similar
as síndromes miofasciais específicas regionais ou
locais.
Fibromialgia do idoso
Similar a fibromialgia primária. Atenção especial
para o diagnóstico diferencial com polimialgia
reumática, doenças neurológicas degenerativas,
osteoporose, síndromes para-neoplasicas etc.
Fibromialgia infanto-juvenil
Similar às formas primárias, ocorrendo em crianças
e adolescentes.
Fonte: Adaptado de PACHECO (2007)
Tabela 2 – Classificação da fibromialgia
O modelo fisiopatológico que melhor descreve a fibromialgia parte da observação de que o
aparecimento dos sintomas dolorosos ocorre de forma espontânea, simétrica e em um sentido
craniocaudal, contrariando uma hipótese de lesões periféricas e sugerindo uma origem nervosa
central para a síndrome (Roberto, 2002).
A fisioterapia como método de tratamento não deve ser somente um meio de alívio da dor, mas
também de restauração da função e de estilos de vida funcionais, promovendo o bem-estar e a
qualidade de vida dos indivíduos com fibromialgia. É importante que o indivíduo seja um
elemento ativo em seu tratamento e que metas mútuas sejam estabelecidas entre o paciente e o
fisioterapeuta logo no início do tratamento (CHAITOW, 2002).
Sugere-se que o uso da eletroestimulação pode distorcer o funcionamento do sistema nervoso,
ao interferir em alguns de seus inputs ou informações, pois a estimulação das fibras aferentes alfa
e beta de rápida condução podem inibir a entrada do estímulo doloroso conduzido pelas fibras C,
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não mielinizadas e condução mais lenta, antes que o estímulo doloroso transite até a medula
espinhal (SILVA et al, 2008).
RICE et al (2010) afirmaram que a eletroestimulação pode reduzir dores musculoesqueléticas
localizadas nos indivíduos com fibromialgia. Diversos trabalhos similares documentam a
eficácia da utilização da TENS no alívio da dor.
Wolf e colaboradores utilizaram a Escala analógica visual da dor e o Questionário Mcgill da dor
para avaliar as respostas de 114 pacientes com dor crônica tratados com a TENS. Os resultados
mostraram que para a maior parte das patologias abordadas, mais da metade dos pacientes referiu
mais de 60% do alívio de dor (LOW, J., 1999).
MARTINS e colaboradores realizaram estudos com a TENS no tratamento da dor miofascial de
pacientes portadores de disfunção temporomandibular (DTM), e concluiram que a TENS é eficaz
no controle desse tipo de dor.
No estudo de CARBONARIO (2006) os dados mostraram que houve melhora da flexibilidade,
da dor e alguns aspectos da qualidade de vida dos dois grupos tratados. No entanto, a terapia com
exercícios e associação de TENS não apresentou diferença estatisticamente significante
comparada ao grupo de pacientes tratados sem associação desta.
SILVA et al (2008) demonstraram que no grupo tratado com TENS houve uma tendência à
melhora da flexibilidade, embora dentro das estatísticas não se mostra significante, que pode ter
ocorrido devido à redução da sintomatologia dolorosa, que é o principal fator limitante da
amplitude de movimento.
GASHU e MARQUES (1997) através do uso da estimulação nervosa transcutânea, obtiveram
resultados positivos para reduzir a dor, quando posicionados os eletrodos nos tender points de
pacientes com fibromialgia, associados a exercícios de alongamento, sendo relatado pelas
mesmas a melhora significativa de grande parte das dores sentidas antes do tratamento.
Deve-se levar em conta a complexidade das manifestações clínicas da fibromialgia, que
consistem em insônia crônica, depressão, ansiedade, tontura, rigidez matutina prolongada,
cansaço que se assemelha à fadiga física, síndrome do intestino irritável, porém o sintoma mais
evidente da síndrome da fibromialgia é a dor (RUSSEL, 2008).
Logo, assim que há uma diminuição do nível de dor, ocorre simultaneamente melhora de
sintomas psicológicos, o que pode ser propiciado através do uso da TENS. SILVA et al (2008),
constataram melhora do quadro depressivo, que foi observado através do Inventário de Beck,
onde após o tratamento o grupo que fez o uso de TENS, não apresentava mais valores que
correspondiam a sintomas de depressão.
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5. Conclusão
A fibromialgia é uma doença reumática que atinge diretamente a qualidade de vida do indivíduo,
tratando-se de um aspecto fundamental e que deve ser levado em consideração em todos os seus
âmbitos, principalmente quando relacionado a pacientes fibromiálgicos, pois a dor é o sintoma
primordial. Logo, é imprescindível a busca de recursos na fisioterapia que amenizem os sintomas
que afetam o paciente.
A TENS pode ser usada como recurso com o objetivo de proporcionar analgesia, no entanto seu
efeito não é a longo prazo. É importante a observação de todas as manifestações clínicas e
comportamentais do paciente, a fim de organizar os parâmetros a serem utilizados na terapêutica.
O estabelecimento do modo empregado deve ter estreita relação ao processo fisiopatológico, por
isso o conhecimento da patologia é de extrema importância, principalmente ao se tratar da
fibromialgia, uma doença que proporciona diversos sintomas no indivíduo acometido.
Existem controvérsias nas poucas pesquisas já realizadas a cerca do assunto, pois grande parte
dos estudos utilizam outros recursos fisioterapêuticos associados com a eletroanalgesia,
necessitando de novas pesquisas, pois os portadores da síndrome de fibromialgia necessitam
obter vários benefícios no controle da sintomatologia, logo o tratamento consequentemente será
mais eficaz e vantajoso para cada sujeito.
Sendo assim, levando em consideração os estudos analisados, a TENS pode ser empregada como
recurso a fim de amenizar o sintoma de dor em pacientes com fibromialgia, por se tratar da
principal forma de tratamento a ser utilizada, devido a sua eficiência e resultado imediato como
analgesia, relaxamento muscular, e tal fato deve aprofundar a busca de novas pesquisas sobre o
assunto, para que se possa oferecer a terapêutica de forma adequada e eficiente.
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