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MEMÓRIA DA ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
— Saga de uma Instituição Educacional —
A Escola Politécnica de Pernambuco, fundada a 6 de Janeiro de 1912 e inaugurada a 1 de Janeiro
de 1913, caminha para o século XXI com uma rica historia de idealismo, dedicação e competência
no evolver tecnológico de Pernambuco e do Nordeste do Brasil.
Naquela época de sua fundação, a necessidade premente de maior número de técnicos brasileiros
em engenharia, para um Pais que importava quase toda a tecnologia e produtos industrializados a
custa de produtos extrativos minerais e agrícolas, e, ainda na iminência de uma guerra mundial,
levou o Governo da Republica a leis que facilitassem as iniciativas para a criação de Instituições
dedicadas as ciências aplicadas.
Colhendo oportunidades favoráveis, o apoio de homens de visão, empresários, políticos,
autoridades, souberam os seus Professores, Diretorias sucessivas, estudantes e funcionários,
estruturar um progresso, que mantém bem alto a tradição e o nome da Escola Politécnica de
Pernambuco, hoje participante da Universidade do Estado de Pernambuco.
Ao aproximar-se os seus 80 anos de existência, a sua insigne Congregação e Diretoria, convidou ao
Matemático e Químico Manoel Heleno Rodrigues dos Santos, autor de "Princípios e Filósofos da
Matemática", "Aspectos Históricos do Ensino Superior de Pernambuco", Membro Fundador da
"Sociedade Brasileira de História Ciência" e Ex-Presidente do "Grupo Pernambucano de Historia e
Filosofia da Química", para escrever a Memória da Instituição.
O Historiador Manoel Heleno, com o seu estilo preciso e eloqüente, leva o leitor a participar da
Saga da Escola Politécnica de Pernambuco, cujo testemunho maior e o elevado nível de seus
Professores e a competência dos engenheiros nela formados e a dedicação de seus alunos.
Paulo Jose Duarte
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MEMÓRIA DA
ESCOLA POLITÉCNICA
DE PERNAMBUCO
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MANOEL HELENO RODRIGUES DOS SANTOS
MEMORIA DA
ESCOLA POLITECNICA
DE PERNAMBUCO
SAGA DE UMA INSTTTUIÇÃO EDUCACIONAL
RECIFE — 1991
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UMA OBRA FEITA DE HISTORIA
A Escola Politécnica de Pernambuco e, reconhecidamente, um orgulho da nossa
comunidade universitária.
Contribuindo para a formação de profissionais especializados, a POLI — como
carinhosamente a chamamos — representa, desde a sua fundação, um celeiro de técnicos
competentes, que a cada ano chegam ao mercado para construir o desenvolvimento da região e
do pais.
Condensar anos de história em um volume como este e, acima de tudo, reconhecer o
esforço dos que fizeram a POLI alcançar seu objetivo maior: trabalhar sempre pela qualificação de
nossa Engenharia.
Ao assumir o patrocínio cultural deste livro, a CASABLANCA ENGENHARIA E
INCORPORAÇÃO sente-se como quem entrega uma grande obra. Desta vez, uma obra de papel e
muita historia, mas tao s61ida como a mais forte das edificações.
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Minhas filhas
LIVIA MARIA
MARIA TERESA
MARIA REGINA
Amor, muito amor
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O Universo! Quem o fez?
Um Engenheiro ?
Manoel Heleno
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Louvável característica dos diretores da
Politécnica: concluir obras do seu antecessor;
esboçar novos projetos e, se possível, iniciálos; depois, para seguir o exemplo, colaborar
com o sucessor.
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PROLOGO E BIBLIOGRAFIA
Muito nos honrou o convite do Prof. Breno Rodrigues de Sousa para escrevermos a
Memória da Escola Politécnica de Pernambuco.
Ate então, nosso conhecimento a respeito dessa Casa era quase nenhum. Necessitávamos
obter suas informações históricas e, para isto, visitamo-la. Acolheram-nos Breno e Gustavo Gomes
de Matos, respectivamente, diretor e assessor da diretoria. Das mãos deles, recebemos um
cartapácio composto de valiosas notas históricas, que narravam os principais episódios ocorridos
entre 1912 e 1987. Escreveram-nas Stênio Lobo Torreão e Fernando Antonio da Rocha Bezerra. O
primeiro secretário da Casa e homem que se distinguiu por comprovada competência e amor a
Politênica; o segundo, habilidoso pesquisador que colaborou como contratado.
Baseando-nos nessas notas, elaboramos a estrutura deste livro. Ainda, no afã de melhorar
a ilustração das nossas narrativas, visitamos o professor Dácio de Lira Rabelo, respeitável decano
do magistério de Pernambuco, que, apesar de nonagenário, nos deu informações lúcidas e
particularmente uteis, as quais valorizaram grande parte do nosso trabalho.
Para dissertarmos sobre as leis normativas aplicadas ao nosso ensino, consultamos:
"Noções de Historia da Educação", de Teobaldo Miranda Santos; "Formação da Comunidade
Cientifica no Brasil", de Simon Schwartzmann e principalmente, "Historia da Ciência", de Fernando
Azevedo, a qual e, na realidade, uma bem estruturada antologia que versa sobre o
desenvolvimento educacional das ciências.
Na parte relativa as correntes filosóficas, bem como no conteúdo matemático, seguimos,
de forma lacônica, as linhas tragadas por Bertrand Russell no Tratado "Recent Work on the
Principles of Mathematics".
Este livro valorizou-se com a inestimável colaboração da Dra. Edla Magalhães Lyra, que lhe
enriqueceu a parte redacional, dando estética a linguagem e leveza a leitura.
Para Edla, meu carinhoso agradecimento.
MANOEL HELENO.
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ESCLARECIMENTOS
Dois mil e duzentos alunos, cento e oitenta professores e oitenta e nove funcionários
elegeram o Prof. ARMANDO CARNEIRO PEREIRA DO REGO FILHO, em 10 de maio de 1990, Diretor
da ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO. Primeira eleição, por sufrágio universal, que envolveu
todos os colaboradores da Casa e de forma democrática que também obedeceu ao regulamento
da Fundação Universidade do Estado de PE. O jovem engenheiro tomou posse, no elevado cargo,
em meado de 1990. Era mais um politécnico chamado a dirigir os destinos da Escola dos
engenheiros da rua Benedito Monteiro.
Especializado em Desenho Técnico, Armando vem revelando-se um timoneiro hábil. Hábil e
dedicado, hábil e corajoso, hábil e crente no porvir da Escola. Suas metas são abrangentes,
modernas e entre elas a historia dos politécnicos.
Memória da Escola Politécnica de PE, livro que foi concluído e entregue em outubro de
1989, ainda na gestão de Breno Rodrigues de Sousa, mereceu de Armando decisão de publicá-lo.
Dificuldades várias foram ultrapassadas, inclusive de pecúnia. Esta diretoria venceu todas. Investir
no maior patrimônio da casa — sua memória — e prioridade. Assim este livro atende e enriquece
a cultura da engenharia nordestina contando a História dos Politécnicos que e obstinada, heróica,
decidida, épica e gloriosa.
Encontrar e providenciar os meios, foi uma tarefa superada pelos atuais dirigentes, que
buscam, aqui, ali e alhures, ate encontrar Paulo Roberto Coutinho Cordeiro, politécnico, professor
de Física da Escola e um dos proprietários da importante Construtora Casablanca. Sensibilizado
aquele engenheiro que acredita no passado da Escola da Praça Euclides da Cunha comprometeuse e financiou esta edição. Vitoria. Vitoria de Armando, Vitoria de Casablanca Engenharia e
Incorporações Ltda., Vitoria dos politécnicos e, principalmente, da cultura pernambucana.
Nos que elaboramos este livro, no correr de 1989, fizemo-lo com aplicação, seriedade e
amor. Trabalhamos muito, muitíssimo. Com esta obra esperamos preencher uma lacuna do ensino
superior de Pernambuco e satisfazer aos pesquisadores especializados, com o resgate desta
memória. Ela conta os fatos e as personalidades que edificaram esta Casa de Ensino — A Escola
Politécnica de Pernambuco, hoje, líder na formação da engenharia nordestina do Brasil.
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PREFACIO
Manoel Heleno, conhecido e reconhecido professor de matemática e, também, Químico
Industrial, aposentou-se; não quis o ócio, o seu negocio tornou-se a pesquisa histórica. Tem
predileção pela memória das instituições educacionais, mas vem trabalhando, ainda, e com
minudencia, na área esportiva.
Dele, teremos, em breve, a historia do futebol recifense da qual, leitores vários, inclusive
eu, dos seus artigos jornalísticos, já participaram, gostosamente, desde os pormenores divertidos
ate os mais dificultosos.
Procura uma historia global, micro e macro. Agora o documento, colhido, as vezes,
penosamente, e a sua base. De fato, sem a segurança das fontes, a historia seria uma composição
ideológica, pois, se não e presumível a neutralidade do autor, deve-se dar ao leitor opções, com o
exame do material de apoio. Também não se prende a determinismos, nem tem o culto do
suntuoso. Procura inteirar-se da ambiência, caracterizando-a com os aponta-mentos de fatos
laterais e reforça a linha principal da pesquisa com apreciações complementares. E bom que, em
Pernambuco, surjam esses temperamentos, na pesquisa histórica, pois, e inegável, nesse aspecto,
a precedência de Gilberto Freyre, ainda nos anos 30. A escola francesa dos "Annales", só divergiu,
mais nitidamente, para essa corrente, nos últimos escritos de Fernand Braudel. Já a escola de
Cambridge, de historia total, e recente. Isso, porem, e assunto para especialista. Aqui, e ousadia
intelectual, para registrar o aplauso ao autor do ensaio.
Ao tomar a peito escrever a Memória da Escola Politécnica, Manoel Heleno se identificou,
logo, com o subtítulo, uma saga, escolha feliz, pois tinha precedentes na oralidade, para suspeitar
de uma narrativa rica de incidentes. Algumas vezes, desloca-se o vocábulo de sua raiz lingüística
germânica, para o latim, e, aí, saga e bruxa, uma vez que o leitor chega a acreditar em feitiçarias,
quando constata sérios problemas, em tempos que a Escola parecia andar muito bem.
Ai, a gente descobre a firmeza executiva de Ricardo Costa Pinto; o idealismo culto de Leal
de Barros; o prestigio confirmado de João Alberto — seu filho —, um dos condutores da Revolução
de 1930; a meticulosidade e a resistência moral de Jose Jaime de Oliveira e de Luiz Paulo de
Freitas; a capacidade gerencial de Jose Pires; sem nada diminuir da contribuição dos outros
diretores, que mantiveram um ânimo de continuidade, incomum, entre sucessores, como acentua
o texto. O Dr. Jose Pires foi meu professor no ginasial. Reencontrei-o, muitos anos depois, na Pro Reitoria da Universidade Federal Rural de Pernambuco, exercendo, eu, função similar, na
Universidade Federal de Pernambuco e, com ele, prossegui entendimentos, já como Reitor.
Manifestou, sempre, nos tratos, a índole de bom condutor de convênios e de procedimentos
participes, entre instituições. No livro de Manoel Heleno, porem, ressalta a capacidade gerencial,
identificadora de fontes orçamentárias e seletivamente aplicadora. Alem disso, convincente, para
atrair doações, raras, entre nos. O industrial Jose Ermírio de Morais, cuja liderança empresarial e
justamente proclamada, aceitou os argumentos do prof. Jose Pires; mas, talvez, e como Senador
por Pernambuco, tenha sido tocado pela lábia construtiva desse diretor em apuros. O fato e que
transferiu-lhe uma soma, que assegurou a implantação dos novos rumos da Politécnica. Hoje, com
a supremacia da Administração, na hierarquia das profissões, a vocação do Prof. Pires estaria
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realizada. Começam, aqui, outras lembranças. Também, foram meus professores, Costa Pinto e
Jose dos Anjos — fundadores da Politécnica —, no antigo curso complementar do Ginásio
Pernambucano. Na vivencia de uma mesma época, encontrei o motivo do chamamento de Manoel
Heleno, para a redação desta nota. Fomos contemporâneos na reforma educacional Francisco
Campos; envolvidos na mesma atmosfera de bons estudos, do gosto pela cultura geral, do
encontro de estudiosos com formações diversas e, ate, da sadia rivalidade de Colégios diferentes.
Ele foi do Pré - Engenharia do "Osvaldo Cruz" e eu do Pré - Jurídico do "Pernambucano". Dentro
em pouco, isso faz meio século, meu caro Manoel Heleno!
Para encerrar esse lado emotivo, encontro, na lista de alunos do primeiro curso
preparatório para a Escola Politécnica, alem dos meus, também, ex-professores Dácio e Silvio
Rabelo, um tio materno e meu padrinho, Pedro Alexandrino Maia, que foi, durante todo um longo
exercício profissional. Procurador Jurídico da Fiscalização do Porto e advogado militante. A
recordação das aspirações e descaminhos da vida, traz seus encantos... e a historia da Politécnica
é rica desses componentes.
Os fundadores queriam-na, e os pósteros asseguraram, uma Escola de Engenharia, talvez
marcada pela praticidade, na tradição aplicativa da ciência positivista, tão prestigiosa em certo
período brasileiro. Alem disso, e de suspeitar-se, movidos por uma certa fama de teorisante da sua
congênere e antecessora, a, então, Escola Livre de Engenharia de Pernambuco. Entretanto, foramlhe impostos roteiros hesitantes.
Os fundadores não eram Engenheiros e os seus primeiros laboratórios foram de Historia
Natural e Geologia, depois de Física e Química; a trilha levaria a uma notável antecipação, um
Instituto de Ciências, inclusos, muitos anos apos, nas Faculdades de Filosofia, Ciência e Letras.
Todos que os instituíram eram educadores e, assim, se declararam; por conseguinte,
homens interessados na boa preparação dos seus sucessores. Depois, com o contrato de professores de Topografia e Desenho, e com o curso de Engenheiros Geógrafos, parecia marcada para
ser a símile brasileira da "Ecole des Points et Chaussee", uma das formações da engenharia
francesa.
No Governo Jose Bezerra, anota Manoel Heleno, para evitar o desacordo com a Escola de
Engenharia, existente desde 1895, houve uma tentativa de transformá-la numa Escola de
Arquitetura; poderia ter maior extensão, uma espécie de Conservatório Superior de Artes e
Ofícios, também de linhagem francesa — "Arts et Metiers". Veio como uma imposição; falhou.
Por outro lado, a Escola de Engenharia era, fundamentalmente, uma escola de métodos
quantitativos, adaptáveis a evolução da técnica. Dai a justa fama que alcançou, nacionalmente,
pelo seu núcleo docente de Matemática e Física. A Engenharia Civil aparecia mais como uma
conseqüência de uma boa formação teórica, que sensibilizada por preocupações mais praticas e
imediatas.
Entretanto, as composições são difíceis na prática histórica e, geralmente, os exaltados
perturbam-nas.
Afinal, tudo deu brilhantemente certo. O Nordeste veio a precisar, e muito, de duas escolas
de Engenharia. Multiplicaram-se as especializações exigidas pelo desenvolvimento econômico, e
foram atendidas com a mobilização de ilustres profissionais, onde foi possível atraí-los. Anote-se
que, durante muitos anos, afora a Bahia, foram, as duas, exclusivas na região.
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A Escola Politécnica é, hoje, uma forte instituição educacional. Já conta com docentes
notáveis, ex-discentes, e tem um alunado dinâmico, nos vários cursos de Engenharia, e nos de
extensão, apropriadamente implantados.
Parece-me que foi adequada a adesão a FESP (Fundação de Ensino Superior de
Pernambuco) — futura Universidade Estadual —, alem de outros motivos, pela adoção de modelo
próximo ao da Faculdade de Ciências Medicas. Professores da "Medicina" foram chamados, e
houve aproveitamento pleno dos livres docentes. A direção da Politécnica, em certa época, e com
adaptações convenientes e respeitante aos seus ilustres sustentadores, adotou caminho
assemelhado e com acerto. Entre os convocados, meu irmão Telmo e um deles, e com muita
honra para ele, o que bem me afeta, recebeu o titulo de "Professor Emérito", das mãos do ilustre
professor e administrador criativo, Breno Rodrigues de Souza, atual diretor.
Manoel Heleno só merece louvores pelo seu trabalho de reconstituição, tanto mais quando
fontes substanciais se perderam com as "enchentes" do Recife. A prova esta nas reflexões
apressadas e já alongadas, que me despertaram e em outras, que estimularão outros, com mais
engenho e arte.
Recife, 16 de outubro de 1989
Paulo Frederico do Rego Maciel
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IDEIA
Capitulo 1
Em meados de 1911, encontram-se na diretoria do GYMNASIO PERNAMBUCANO, alguns
professores. Sentado em um marquesão de jacarandá estilo Berenguer, Ricardo Jose da Costa
Pinto limpa os óculos e exclama:
— Um absurdo esta lei decretada pelo Gen. Hermes, criando a reforma do ensino superior,
hoje conhecida por Lei Rivadavia Correia!
João Feliciano da Mota, Diretor da Casa, olha o colega e pergunta:
— Mas qual a essência, quais os benefícios e defeitos desta reforma, Ricardo?
Joaquim Leal de Barros, ainda em pé, atalha o dialogo e esclarece de forma enfática:
Não sabes? ora, ora... é uma imitação do liberalismo americano, que não se vai adaptar aos nossos
costumes, tanto por falta de recursos, como por falta de educação do nosso povo, principalmente
daqui do Nordeste.
Indagou ainda Mota:
— Por que "principalmente daqui do Nordeste"?
— Meu querido João, o nosso Pernambuco foi africanizado, como quase todo o norte do
Brasil e isso implica em inferioridade cultural e técnica, confirmou Leal.
— Mas vocês ainda não responderam minha pergunta, insiste Mota.
Então Costa Pinto, virando-se para Leal de Barros, exclama:
— Deixa, Joaquim, eu explico tudo. Olha, por força desta lei, a Rivadavia, qualquer escola,
mesmo modesta, pode transformar-se em uma Casa de ensino superior. Por exemplo, o Colégio
Ayres Gama poderá manter um curso de Medicina, de Direito ou de Engenharia. Imagine o risco
que se corre! Bem... a essência seria a dinamização do ensino superior, coisa que a America do
Norte se adapta razoavelmente. Mas, aqui no Brasil, sou da mesma opinião, já expressa pelo Leal.
Ha ainda um detalhe a ser considerado: os sessenta mil reis por diploma.
Faria Neves, que tudo ouvia, fez uma conclusão maliciosa:
— Quer dizer que, mesmo sem comprovação de conhecimentos ou de freqüência, um
aluno, apenas pagando aquela importância, poderá obter o diploma?
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E isso aí, disse Leal de Barros de dedo em riste e arrematou: — Um absurdo, um absurdo!
— Naquele momento, a parcimônia de Costa Pinto manera o animo da palestra, com uma
idéia nascida ali mesmo.
— Olhem, todo fato importante acarreta conseqüências tanto negativas como positivas.
Que tal aproveitarmos convenientemente a lei Rivadavia?
— Mas, aproveitar, como? falou Jose Faria Neves.
— Nos, que somos educadores por vocação, poderemos criar uma Escola Superior, Leal de
Barros argumentava.
— Muito bem, muito bem! atalhou Costa Pinto. Que tal uma de Medicina ou mesmo de
Engenharia?
— O diretor toma a palavra e, com a calma que Deus lhe deu, recomenda:
— Cuidem rápido porque toca já, já o sino para o início das aulas e vocês não vão poder
fundar, aqui no Ginásio, uma Universidade. Pelo andar da carruagem, já estou vendo médicos e
engenheiros diplomados depois desta conversa lírica!
João, você brinca muito. Gosta de chistes, de facécias... mas, estou falando serio e vejo que
Leal e Faria também estão. Não é verdade? e, ainda em pé, arremata:
— Se estou! Não tenha dúvidas. A idéia esta de pé e nada de Medicina, Engenharia sim. Sei
que já existe uma aqui, da qual sou admirador. Mas o Recife e uma cidade grande, com mais de
150.000 habitantes. Comporta outra. Olhem, já ouvi até dizer que em breve teremos bonde
elétrico. E ainda mais: o mundo esta perturbado; há prenúncio de uma guerra, um conflito de
grandes proporções. Ainda ontem li um jornal alemão, "Deutschland Allgemein" onde só se fala
em guerra. Não é verdade, Pedro Celso? diga.
— Bem, bem... eu também li este jornal, mas e sempre assim. Estas notícias estão em
quase todos os jornais do mundo. Guerra e miséria, roubo, escândalo e violência por toda parte.
Nisto toca o sino de bronze, colocado na portaria. Era o reinício das aulas. Costa Pinto
pigarreia, ajeita o pincenez e, em tom judicioso, fala:
— Sábado, depois de amanha, a tarde, venho ao Ginásio e gostaria que todos os
interessados estivessem aqui para então levarmos adiante nossa idéia. Teremos muito tempo para
pensar no assunto.
Leal de Barros, quando retorna ao lar, encontra João de Sá Leitão e Bianor de Oliveira na
praça Maciel Pinheiro. Então pergunta ao primeiro:
— Que pensa você da Lei Rivadavia?
— Ora... não meditei ainda com profundidade sobre o assunto. O Otávio de Freitas me
disse que esta e uma das experiências mais avançadas do liberalismo republicano. Poderá trazer
benefícios ao ensino brasileiro, mas inevitavelmente trará danos. É uma questão de saber
aproveitar adequadamente. Ele, o Otávio, quer fundar uma Escola de Medicina. Considera ideal o
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momento presente. Entretanto, falta-lhe apoio da classe médica. Citou como exemplos Raul
Azedo e Luiz Loureiro, médicos formados em Salvador, os quais são contra a criação de qualquer
Escola de Medicina. E que temem a concorrência dos novos médicos aqui formados.
— Bem, bem... disse Leal. Desejo fundar uma Escola Politécnica, aqui no Recife e já conto
com o entusiasmo do Costa Pinto e do Faria Neves.
Bianor, que ouvia, toma a palavra e exclama:
— Ótima idéia! Mas veja aqui uma coisa: já não temos uma Escola de Engenharia, fundada
pelo Barbosa Lima em 1895? para que duas? Ainda mais, entre os nomes que você citou, Leal, não
há engenheiros. Como então formar um corpo docente? onde funcionar esta Escola?
— Ora,... meu amigo Bianor, esclareceu Leal, não há engenheiros exatamente porque são
poucos os profissionais desta área. Havendo duas Escolas, aumentara o número deles. Em Paris e
nos grandes centros não ha somente uma Escola do mesmo ramo. Veja, isto e o certo: devemos
criar a Politécnica. Estou entusiasmado e... observem, não sou engenheiro, se bem que ame a
Matemática. Desculpe-me o amigo Sá Leitão se entro na sua área.
Bianor, interrompendo-o, acrescenta:
— Bem, Leal, sei quanto você é culto. Chego a citá-lo como universalista devido aos seus
conhecimentos sobre Matemática, Mecânica e Astronomia, apesar de o nobre amigo ser bacharel
em Direito. Ainda outro dia, em palestra com Pedro Celso Uchoa Cavalcanti, falamos sobre seu
interesse pelas línguas mortas e o Pedro disse-me que seu progresso no grego e no latim e grande.
Só não sei onde você vai buscar tempo para tantos estudos. E agora, vejam só, o erudito amigo
esta entusiasmado com o novo empreendimento: criar uma Escola Politécnica. Acrescentou: seu
entusiasmo me contamina. Vou também trabalhar pela concretização deste ideal.
Costa Pinto, por outro lado, não parou. Era mais de realizar que de falar. Naquela quintafeira em que se plantou a semente da Politécnica, a tarde, ainda na sala da diretoria do Ginásio,
encontra-se com Justus Fuchs, professor alemão que ensinava Música e Desenho. Ao sair do
gabinete, o germânico diz:
— Vou agora ao Colégio Alemão, na Ponte d'Uchoa, dar aula. Alias, as coisas não andam
bem por lá. Ha poucos alunos e o Paul Wolf, diretor e proprietário daquela Escola, parece que
anda meio doido. Não lhe da muita atenção. Digo mais: não vejo a hora de aquela Escola fechar.
Quando Fuchs vai saindo, Costa Pinto chama-o:
— Venha cá. Quero lhe falar um assunto muito serio...
Com os dois já em pé, Costa Pinto faz a seguinte pergunta a queima-roupa:
— Haverá em Ponte d'Uchoa um lugar onde possa funcionar uma Politécnica?
Fuchs, sem entender bem a pergunta, diz:
— "Na ja", e, logo em seguida: — Não entendi bem sua pergunta. Inteirado do assunto,
responde um tanto espantado: —Só conversando com o Wolf.
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— Então, homem, vá e fale com o seu patrício, sugeriu Costa Pinto.
— Acho melhor você ir comigo e, então, visitá-lo-emos juntos.
— Ótimo! exclamou Costa Pinto.
Os dois caminharam a pé ate o Liceu de Artes e Ofícios, na Praça da Republica, onde
tomaram uma maxambomba, que os conduziu ao destino.
Paul Wolf estava na portaria da Escola e, ao ver o patrício, exclamou:
— "Kommen Sie herein", e, quase ao mesmo tempo, traduziu: — Podem entrar, podem
entrar... me dão prazer...
Ao tomar conhecimento da proposta, o germânico, muito hospitaleiro, mas expressando-se
com alguma dificuldade, colocou todas as dependências da casa a disposição dos fundadores da
Politécnica.
Houve, então, a primeira reunião programada com vistas a concretização da idéia de
fundação da Escola Politécnica de Pernambuco. Realizou-se na sala dos professores do Ginásio
Pernambucano, em um domingo de agosto de 1911. Estiveram presentes, entre outros: Costa
Pinto, Leal de Barros, Antonio Tavares Honorato, João de Sá Leitão, Odilon Tucuman, Jonas
Taurino, Ezequiel Franco e Jose Rodrigues dos Anjos. Nota de destaque: Joaquim Cavalcanti Leal
de Barros tocou seu estimadíssimo violino.
Ricardo Jose da Costa Pinto fez um resumo dos fatos, pondo todos a par dos
acontecimentos e deu ênfase a sua visita a Estrada de Ponte d'Uchoa, 49. Disse que o Wolf o
recebera muito bem, mas que não inspirava grande confiança. Entretanto, concordava em aceitar
a boa vontade do alemão. As instalações eram razoáveis, o lugar, apesar da distancia do centro,
satisfazia. Havia transporte fácil, pela ferro-carril. O Wolf cederia algumas carteiras e armários.
Dever-se-ia levar a pretensão as autoridades. Leal conhecia bem o Gen. Dantas Barreto, homem
sensível a tudo que se relacionasse com cultura e apaixonado por Napoleão. Vivia lendo todas as
biografias do corso. Se dissessem que o Imperador francês acataria a iniciativa, ele, o general,
concordaria. Consciente disto, Leal de Barros nao se conteve e disse:
— E isso mesmo. A Politécnica já esta fundada. Vou brindar a todos, inclusive a mim
mesmo, executando, ao violino, o "Martírio de São Sebastião de Debussy".
— Muito bem!, aplaudiram os presentes.
Depois do número artístico, que não foi longo, o próprio Leal de Barros fez praticamente
uma conferência a respeito do ensino superior brasileiro. Na palestra, o insigne mestre falou sobre
a vinda de D. João VI; destacou a abertura dos portos, a liberdade das publicações e a instrução.
Neste ultimo tópico pôs em relevo a criação das faculdades de Medicina e, também, da Real
Academia Militar. Informou que esta Academia deu origem a Politécnica do Rio e que a
proclamação da Republica descentralizou o poder, razão pela qual houve uma explosão no ensino
superior brasileiro. Terminou considerando necessária a reforma Rivadavia Cunha Correia.
O mestre foi aplaudido, Odilon Tucuman gabou os conhecimentos de Leal, um homem
interessante, muito interessante mesmo, uma das maiores culturas do Estado. Era bacharel em
Direito, mas estudava todos os conhecimentos. A literatura clássica era um dos seus melhores
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divertimentos; conhecia a Eneida no original. A musica clássica por ele executada era uma das suas
paixões. Um homem notável! um homem notável!
Marcou-se a próxima reunião com vistas a visita as autoridades e conseqüente instalação
do Educandário.
A ideia vingou.
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INSTALAÇÃO
Capitulo 2
O jornal recifense "Pernambuco" anunciou, em 29 de dezembro de 1912, que a "Escola
Polytechnica de Pernambuco" seria inaugurada a primeiro de Janeiro de 1913, as 13 horas, no
prédio do Colégio Alemão, situado a Estrada de Ponte d'Uchoa, 49.
O mencionado periódico dizia-se autorizado a convidar autoridades civis e militares a
prestigiarem o evento, que se verificaria as 14 horas e teria como anfitrião Herr Wolf, diretor do
Colégio. A inauguração foi solene. Contou com a presença da sociedade recifense, sendo presidida
pelo tenente J. Leal Ferreira, representante do Inspetor da Região Militar. O ponto alto da
cerimônia foi o discurso proferido pelo orador oficial, Joaquim Leal de Barros, que historiou o
ensino superior no Brasil. Ainda, por parte do corpo discente, falou o vestibulando Oswaldo Lins e
Mello, que enalteceu a coragem dos fundadores.
Esta foi, a bem dizer, uma segunda inauguração da Politécnica, uma vez que a nova Escola
já se houvera instalado, desde o dia 06 de março de 1912, na vigência da Lei Rivadavia. Esta
disposição normativa, com 144 artigos e inúmeros parágrafos, tomou o numero 8.659 e foi
publicada pelo Diário Oficial em 05 de abril de 1911, no governo do Gen. Hermes da Fonseca.
Então, a festa de primeiro de Janeiro de 1913 referendou, apenas, o nascimento da
segunda Escola de Engenharia de Pernambuco. As duas, a Escola Livre de Engenharia de
Pernambuco e a Politécnica, foram por muito tempo, as únicas Casas a ensinar engenharia, no
Nordeste brasileiro.
Foram fundadores da Politécnica os professores a seguir relacionados pela ordem
alfabética:
1º - Antonio Tavares Honorato,
2º - Bianor de Medeiros,
3º - Eugênio Meira de Vasconcelos,
4º - Joaquim Cavalcanti Leal de Barros,
5º - Jose Paulo Barbosa Lima,
6º - João de Sá Leitão,
7º - Miguel Augusto de Oliveira,
8º - Jose Faria Neves Sobrinho,
9º - Odilon Tucuman,
10º - Ricardo José da Costa Pinto e
11º - Rodolfo de Amorim Garcia.
Todos os fundadores compareceram ao ato inaugural e muitos acompanhados de seus
familiares, dando assim um toque de austeridade a neo-entidade. E, provavelmente, em função
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desta rigidez, desta severidade, transmitida de geração a geração, que, ainda hoje em plena
década de 90, a Politécnica continua crescendo e prestando magníficos serviços a sociedade
brasileira, muito particularmente, a pernambucana.
A meticulosidade do Prof. Costa Pinto sempre esteve presente nos passos de sua
proveitosa vida. Fez questão de dar foro legal a todos os documentos que identificassem aquela
Escola. Assim, a Politécnica foi registrada no primeiro Cartório de Registro e Títulos de
Documentos Particulares do Recife, como uma sociedade civil, com personalidade jurídica, sob o
numero 53, em oito de Janeiro de 1913, no livro numero 1.
No correr do ano de 1912, antes da inauguração solene, os onze fundadores decidiram
formar uma diretoria "ad-hoc" feita sem registro de ata, por aclamação, que ficou assim
constituída: Diretor — Costa Pinto; Vice-Diretor — Leal de Barros; Tesoureiro — Tavares
Honorato; Secretários: Rodolfo Garcia e Epitácio Monteiro. Este ultimo se incorporou e foi
também considerado fundador, ascendendo a doze o numero total.
12º - Rodolfo Garcia e Epitácio Monteiro -Fundador
Professores admitidos posteriormente, junto a Diretoria, passaram a integrar a
Congregação.
Após as formalidades festivas do dia primeiro, houve, praticamente, uma reunião da
recém-criada Congregação na qual foi referendada, a diretoria já existente. Como providencias
inadiáveis cuidaram da elaboração do regulamento Interno, já anteriormente esboçado. Todo o
grupo de fundadores colaborou com idéias e sugestões, para elaboração do Regimento ou
Estatuto da Casa, o qual obedecia a Lei Rivadavia, de 5 de abril de 1911, e determinava, também a
criação de dois cursos: Engenharia de Geógrafos e Engenharia Civil com currículos de três e cinco
anos respectivamente. O Estatuto foi impresso e logo aprovado a primeiro de marco de 1913.
A capa da Carta da Politécnica, era uma criativa alegoria concebida pelo professor Odilon
Tucuman: um brasão constituído de um livro contornado por dois louros, representando a cultura,
e ainda um tinteiro com duas penas de pato. Complementava-a, ao lado direito, um globo
terrestre, realçando a estética do quadro.
Ainda naquela primeira reunião foram traçados planos no sentido de dotar a Escola de
laboratórios, ampliar o corpo docente e adquirir material escolar. Então, fez-se necessário visitar o
governador. Decidiu-se, outrossim, solicitar subsídios ao Gen. Emídio Dantas Barreto, primeiro
magistrado do Estado.
Varias foram as tentativas neste sentido, e, como resultado, o Estado alocou recursos a fim
de que a firma pernambucana Boeckmann Cia, representante de Oskar Schneider de Leipzig, da
Alemanha, entregasse a Politécnica dois laboratórios, um de Física e outro de Química. Esta
aparelhagem chegou rapidamente e com ela vieram também, de Portugal, apetrechos que
permitiram instalar um gabinete de Historia Natural e Geologia. Este departamento ficou ligado
diretamente aos professores Faria Neves e Costa Pinto.
A vida da Politécnica parecia calma, entretanto surgiu logo em Janeiro, o primeiro ataque
contra a nova Casa de ensino. Foram farpas arremessadas pelo jornalista Aníbal Lima, através do
Jornal do Recife. Agressões, insultos e ofensas a neo-instituição principiavam apenas e se
prolongaram até bem dizer 1960. Nasceu, assim, a Politécnica sob o signo de Job, personagem
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bíblico, quanto a tenacidade, e forte como o nordestino, segundo narrações de Euclides da Cunha,
em "Os Sertões'.
A primeira grande vicissitude ocorreu ainda em 1913. O alemão Paul Wolf, senhorio da
Politécnica, passava por grave crise financeira, que se agravava dia a dia. Em conseqüência, Herr
Wolf embarcou para Salvador abruptamente, deixando sem rumo o Colégio de sua propriedade, e
também a nossa Escola. A inopinada atitude do germânico criou um problema de difícil solução.
A Politécnica já funcionava, há mais de um ano, com o curso de admissão, que logo apos
sua instalação, em 6 de marco de 1912, ainda na fase de implantação, fora aberto por proposta de
Antonio Honorato a fim de preparar candidatos ao vestibular. Aos exames afluíram muitos jovens,
que se tornaram assim, os primeiros alunos: Augusto Mendes de Holanda Filho, Paulino da Silva
Marques, João Alberto Lins de Barros, Sylvio e Dácio Rabelo, Jose Elias de Souza Maura, Elzir Feijó
Sampaio, Manoel Araújo Beltrão, Oscar Ramos de Albuquerque, Carlos da Rocha Carvalho,
Antonio Jorge de Oliveira Vasconcelos, Albérico Ferreira Lopes, Oscar e Raul Vital Guimarães, Justo
Galvão Ribeiro, Pedro Alexandrino Maia, Ismar Pinto, Just Armand de Assumpção Castelo Branco,
Eloy Fonte Teixeira, Joaquim Maria Moreira Cardoso, Sizenando Gonçalves Silveira e outros.
A aceitação da recém-criada Escola decorreu da confiança que seu magnífico corpo
docente inspirou. O Colégio Alemão chegou a ficar absorvido pela nova instituição.
O desaparecimento de Paul Wolf fez com que a Politécnica tivesse que se alojar em outro
local. Criou-se, assim, um grave problema, que Leal de Barros enfrentou e resolveu. Mas, antes da
transferência do prédio, cumpre ressaltar alguns costumes que se haviam apoderado dos que
faziam aquela instituição. A área do Colégio Alemão era razoável: tinha de frente uns duzentos
metros e o mesmo na parte de trás, em terreno de forma triangular, afunilando no sentido cidade
- subúrbio. Ao fundo, passava o Capibaribe, artéria fluvial não poluída, que dava ótimos peixes. A
pescaria e os banhos tornaram-se quase um habito para alguns alunos. O sitio era todo arborizado
com mangueiras, cajueiros, caramboleiras e coqueiros. As serviçais moravam no prédio: dona
Nenem, cozinheira e Nini, arrumadeira. A vinda da Escola, fez com que elas não pudessem dar
conta de todos os serviços. Então a Politécnica empregou mais Ze-Gaiolão e Matuto, que
cuidavam da limpeza do quintal, levavam recados, faziam compras, etc. Enfim, a serventia estava
ajustada.
Havia também, na Escola, um cão pertencente a Herr Wolf. Era um possante animal que
atendia pelo nome de "Rein", que, em alemão, significa pureza, e era a alegria de muitos que
freqüentavam a incipiente Escola de Ponte d'Uchoa.
Após a partida do alemão, Rein entristeceu, adoeceu e morreu, antes que o Colégio
fechasse as portas. Mas o mesmo não aconteceu com a Politécnica, que ficou consternada, mas
sobreviveu.
Quando a diretoria da Escola tomou conhecimento da fuga de Wolf, muitos dos lentes
abateram-se com um crudelíssimo desânimo. O diretor Ricardo Jose da Costa Pinto ficou acamado.
Sua dor poderia ser classificada de lancinante. Escreveu então uma carta aos seus pares
renunciando ao cargo de dirigente máximo. O problema, que já era grande, tornou-se pungente.
Leal de Barros assumiu, por força do Regimento, a direção da Escola e convocou uma
reunião no Ginásio Pernambucano, contando com a presença do diretor da Casa, Pedro Celso
Uchoa Cavalcanti. As margens do Capibaribe, no prédio do Ginásio, Leal de Barros, Tavares
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Honorato, Faria Neves, Odilon Tucuman, Eugênio Meira Vasconcelos e Pedro Celso resolveram ir
ao governador, com uma proposta salvadora. Foram recebidos e a solicitação atendida. Então, a
Politécnica foi salva. A partir de meados de 1913, as aulas teóricas da Escola seriam ministradas no
Ginásio e as praticas, a rua do Hospício, 61, junto ao Quartel General, em prédio cedido pelo
Governo do Estado, para o qual se mudaria a Escola provisoriamente.
Merece destaque a renuncia do ilustre médico Ricardo Jose da Costa Pinto, ao cargo de
diretor, na hora crucial. Todo homem tem momentos de valentia, de grande inteligência e de
argúcia, mas não e imune as depressões. O insigne Costa Pinto foi compreendido por seus pares,
que rejeitaram seu pedido, transformando-o em licença de seis meses. Visitaram-no, confortaramno e lhe restituíram a força, que havia sofrido um hiato. Costa Pinto se reincorporou ao grupo e
continuou a lutar, pela vida da nova instituição.
Ainda na infância a Politécnica recebera dois golpes: primeiro, os insultos feitos pelo
Jornalista Anníbal Lima, assessorado por alguns engenheiros da Escola Livre de Engenharia de
Pernambuco, e que tiveram repercussão na sociedade. Lamentavelmente, não cessaram estes
ataques. Muito ao contrário, reproduziram-se, cada vez mais fortes, mais ferozes. Todavia, a
pujança da Politécnica se consolidava: mais potente a farpa, mais potente ainda a cidadela da
nova Escola.
O segundo golpe, que foi bem rude, deu, entretanto, ao pessoal da Politécnica uma noção
maior de independência. A Escola dispunha, agora, de uma parte de suas instalações somente
para si. A diretoria, que se instalou inicialmente no Ginásio, dois meses depois, transferiu-se para a
Rua do Hospício. Havia necessidade de maior autonomia e para isto pensava-se na aquisição de
um novo prédio, onde toda instituição se localizasse.
Os heróis fundadores lutaram por este ambicioso desiderato e foram laureados mais cedo
do que imaginaram: a Escola sediou-se a Rua Gervásio Pires, esquina com Intendência, hoje
Manoel Borba.
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CRESCIMENTO
Capitulo 3
A vida da Politécnica, até a década de sessenta, foi marcada por insultos e afrontas ao seu
progresso e, principalmente, a sua existência. Houve, entretanto, uma forca hercúlea, mitológica,
que sempre a fez crescer ate chegar ao apogeu. A Politécnica autogerou-se.
Os onze professores, no longínquo 1911, lá no Colégio Alemão, jamais poderiam supor que
a semente, por eles plantada, fosse dar frutos tão saborosos e perfumados quanto aqueles que a
posteridade sazonou. Os funda-dores, alunos e funcionários foram sempre abnegados e, portanto,
dispostos aos sacrifícios, desde que a Escola progredisse, ou, pelo menos, se mantivesse. Parece
ate que os ataques insólitos a Casa e sua pobreza uniram aquela gente, na execução de uma
epopéia. A Escola evidenciava que, na adversidade, o amor e mais forte. O tempo que determinou
a sucessão de valores também foi favorável a Politécnica, pois ex-alunos incorporados aos seus
quadros demonstravam tenacidade tão forte quanta a dos antecessores.
Borrascas, baldões e tufões arremessados contra a cidadela da Politécnica não intimidaram
os que a faziam. Muito ao contrario, robusteceram seus espíritos. A luta dos politécnicos foi épica
e os transformou em guerreiros românticos, todavia, valentes. Final-mente eles deram a Casa a
tônica de magnífica.
A trajetória da Escola, nos quatro primeiros anos, foi similar a de um rancho de ciganos,
sem pouso certo. Primeiramente em Ponte d'Uchoa, depois no Ginásio Pernambucano — em
ambos, como agregada. Em 1914, com o advento do bonde elétrico, a Politécnica alugou a
Avenida Manoel Borba, esquina com Gervásio Pires, um chalé estilo francês onde se instalou. Esta
conquista veio antes do esperado. Se bem que a casa não fosse ampla e apresentasse ma
conservação, era entretanto, acolhedora e sossegada. A Escola, enfim, deixava de ser um apêndice
e ali, podia-se respirar livremente. A nova sede, entretanto, gerou um problema: mobiliá-la. Então
os doze heróis buscaram doações e, a estas, juntaram o pouco que já havia. Formaram, assim, o
recheio que, apesar de todo esforço, era mínimo. Pela primeira vez, a Escola estava em sua
própria casa.
Na sala da frente instalou-se a diretoria guarnecida, apenas, com uma mesinha, algumas
cadeiras, um relógio carrilhão, duas estantes espaçosas e alguns mapas pregados as paredes. O
incansável Leal de Barros organizou a primeira biblioteca, composta de uma centena de livros
didáticos, os quais eram guardados nas estantes. Os outros aposentos foram adaptados para
laboratórios e salas de aula. O fundo do quintal também foi aproveitado. Nele se armou uma
oficina com fole e bigorna, que fabricava utensílios de ferro gusa. Apesar da pobreza semifranciscana, a Escola parecia fe-liz.
Este acontecimento auspicioso abriu novos horizontes, fez brotar pianos e com eles a
ampliação do corpo docente. A Politécnica, então, contratou os mestres especializados: Jose
Moraes Vieira da Cunha, para lecionar Mineralogia e Jose Antonio Benning para ensinar Desenho e
fazer práticas de Topografia. Ambos eram engenheiros. Assim, o número de mestres aumentou,
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como também aumentou o plano ambicioso de afirmação da Escola. Este desejo foi mais ou
menos concretizado, em fins de 1914, com a diplomação de dois engenheiros, pela lei Rivadavia:
Antonio Tavares Honorato e Epitácio Monteiro Pessoa. Houve sessão solene na entrega dos
títulos. Foi esta a primeira colação de grau que a Escola realizou. Ambos os diplomados foram
aproveitados pela Politécnica: Honorato na administração e Epitácio Monteiro Pessoa para
lecionar Física e Química. Foi, também, contratado o engenheiro Pedro Ferreira Bertholo para
ensinar Astronomia e Geodésica.
A Casa principiava a se impor, quer pelo seu corpo docente que, em 1915, atingia o
número de vinte, quer pelo discente que ultrapassava o de trinta. No ano seguinte, mais três
engenheiros colaram grau: Albérico Pereira Lopes Reis, Alberto Rodrigues de Oliveira e Olinto
Jacome. Mas, no fim desse ano, 1915, o presidente da República, Venceslau Brás, decreta a lei
Carlos Maximiliano em substituição a Rivadavia. Houve, praticamente, uma reforma com os
seguintes pontos capitais: inspeção federal nas Escolas Superiores e suspensão da venda, por
sessenta mil reis, dos títulos de bacharel, engenheiro e médico. Ficaram famosos os "doutores de
sessenta", que adquiriram seus diplomas sem nenhum preparo ou freqüência, pagando apenas
aquela importância. Houve desmoralização em decorrência daquela prática. Quando alguém
queria aviltar um portador de diploma superior dizia: ele e um doutor de sessenta. O mestre
Agamenon usou muito esta expressão.
A lei do presidente Venceslau Brás moralizou o ensino. Ocorreu, então um fato digno de
registro: poucas Escolas Superiores, em 1916, diplomaram alunos. A Politécnica adaptou-se a nova
lei e, também, seguiu o exemplo da Politécnica do Rio de Janeiro, quando esta abandonou o
Positivismo, uma filosofia didática, criada pelo francês Augusto Comte, cuja finalidade era cultivar
apenas as ciências com aplicações a vista. E evidente que isto criava fronteira aos conhecimentos.
Ainda mais, Comte recomendava que as hipóteses levantadas fossem lógicas, indicação
desprovida de senso estético, confinadora, e quase inadmissível a um gênio. Erro grave de Comte.
Entretanto, sua filosofia dominou o Brasil por quase meio século. Vários pensadores procuraram
combatê-la, entre eles Henri Poincarre, na Franca, Sylvio Romero e Tobias Barreto, no Brasil, aqui
no Recife. Estes chegaram até a formar a Escola do Recife, que tinha por finalidade opor-se ao
Positivismo. Entretanto, nenhuma argumentação, até então abalara, o alicerce daquela filosofia. A
Politécnica do Rio, na segunda metade do século passado, estava empolgada com aquele assunto,
e seus mestres, tendo a frente, Otto de Alencar, o maior talento logístico e matemático brasileiro,
deram o golpe fatal no Positivismo. Este cearense sentira as fronteiras que aquela filosofia
impunha e, mais, as incongruências. Estas ele demonstrou e, foi mais alem, provando que, com a
luz do Positivismo, era impossível a idéia de concepções abstratas, como as geometrias não
euclidianas e, conseqüentemente, a lei einsteiniana da relatividade.
Diante desta realidade, a Politécnica relegou o Positivismo e voltou aos métodos
cartesianos, com tônicas ecléticas.
Em 1917 a Escola diplomou mais quatro engenheiros: Benedicto da Costa Monteiro,
Fernando Cesar de Andrade, Jose Ferreira Lopes Reis e João Alberto Lins de Barros. Este, filho de
Leal de Barros, foi um dos mais famosos pernambucanos. Depois de ter seu titulo de engenheiro
reconhecido pelo Ministério de Viação e Obras Publicas, entrou no Exercito, como oficial, fez parte
da Coluna Prestes, um feito épico notável na nossa Hist6ria, e percorreu 25.000 Km a pé. Ainda
mais, foi um dos fundadores da Aliança Liberal, Interventor Federal em São Paulo, Ministro de
Estado e Embaixador, e se tornou praticamente, a eminência parda do Catete.
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No período getuliano, criou-se o Ministério de Educação, tendo como primeiro titular
Francisco de Campos. Este, preocupado com a instrução superior, providenciou uma verba anual
para ser repartida entre as Escolas e Faculdades brasileiras. A Politécnica, por influencia de João
Alberto, foi uma das primeiras a receber aqueles subsídios, que davam soluções a vários
problemas.
Se, por um lado, a Escola ganhou melhor condição econômica, por outro, os ataques e as
censuras continuavam, liderados principalmente pela Escola de Engenharia. Como exemplo,
vejamos o que se passou em 1940, quando o Diário Oficial da União publicou a relação das
dotações programadas para o exercício de 1941. Na distribuição dos subsídios, entre outras
entidades, figuravam a Politécnica com Cr$ 30.000,00 (trinta mil cruzeiros) e a Escola de
Engenharia com Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros).
Então, um grupo de engenheiros, formados pela Escola da rua do Hospício, passou um
telegrama ao presidente Vargas solicitando fosse o subsidio destinado a Politécnica revertido a
Escola de Engenharia. A mensagem visava atingir duas metas: penalizar a Politécnica e auxiliar a
Escola de Engenharia. Foi assinada por sessenta engenheiros, entre eles: Gercino Malagueta de
Pontes, Secretario de Viação e Obras Públicas do Estado; Manuel Antonio de Morais Rego,
presidente do Clube de Engenharia; Jose Candido Moraes, presidente do Sindicato dos
Construtores e etc. Estes justificavam o pleito, mediante vários considerandos, tais como: a
Politécnica não possuía o reconhecimento permanente do Conselho Nacional de Educação; não
tinha instalações recomendáveis; seu corpo docente era incapaz e o discente, irregular; faltava-lhe
probidade administrativa, etc. Dias depois, um dos signatários fez comentários sobre aquele
pleito, os quais chegaram aos ouvidos da diretoria da Politécnica.
Diante da ameaça, Jose Jayme, então diretor, mobilizou as forças da Escola, expôs o
problema, fez ver que o corte da dotação seria fatal a Politécnica e pediu sugestões. O consenso,
então, sugeriu a intercessão de João Alberto.
Pouco depois, sessenta intelectuais pernambucanos passaram um telegrama ao "anjo da
guarda" da Politécnica, João Alberto, que foi assinado por: Jose Jayme, Luiz Paulo de Freitas, Jose
Torres Pires, Paulo Jose Duarte, Wilhelm Kohler, Paulo Osório, Adauto Teixeira, Clovis Castro,
Porto Limeira, João Capistrano de Pontes, Olinto Jacome, Paulo Parísio, Joaquim Farias. Renato
Faria, Andrade Bezerra, Arnóbio Tenório, Octavio de Freitas, Freitas Lins, Salvador Nigro, Apolônio
Sales e etc. No texto, os signatários historiaram os fatos e pediram providencias. A resposta, que
demorou um pouco, foi porem, alvissareira. Por via telegráfica, João Alberto informou que o
presidente Vargas havia majorado a dotação, destinada a Politécnica de Cr$ 30.000,00 (trinta mil
cruzeiros) para Cr$ 70.000,00 (setenta mil cruzeiros). Houve portanto, a vitória da causa justa.
A Politécnica vivera seus primeiros vinte e cinco anos em dificuldades. A falta de uma sede
adequada e a escassez de recursos representavam grandes apuros. As dotações federais
amenizaram, em parte, a situação financeira. Entretanto, este alívio, que foi importante, parecia
destacar ainda mais a premência do outro — a necessidade de sede espaçosa. A busca de uma
casa compatível passou a ser então uma constante na mente dos politécnicos. Quando aquele
ideal dava a impressão de distante, paradoxalmente foi alcançado. Um dia de outubro de 1937,
Jose Jayme conversava com Murilo Marroquim e Francisco Bandeira de Mello e então Marroquim,
referindo-se a Fausto Pinheiro, disse que ele desejava alugar sua ex-residência, situada a Praça
Euclides da Cunha. Jose Jayme, que a conhecia muito bem, ficou entusiasmado e sentenciou:
"Uma sede magnífica para nossa Escola".
31
O horizonte havia clareado. Uma comissão de politécnicos entrou em contato com o
proprietário e visitou a casa do Benfica. Com aspecto excelente e área de cinco mil metros
quadrados, o imóvel fascinou a todos. O aluguel era caro, mas os argumentos de que a Escola
ampliaria suas rendas e o governo teria que auxiliá-la, foram convincentes. Em outubro a
Politécnica realizou sua última mudança. O casarão de construção solida, com dois pavimentos,
todo em alvenaria, acabamento de primeira, com a frontaria azulejada em róseo, as laterais
guarnecidas por alpendres e portas pesadas, dava aparência de uma mansão faustosa. No interior,
na parte térrea, o piso todo em mosaico inglês; as portas divisórias dos quartos ostentavam
bandeiras; os aposentos amplos e bem ventilados e os lustres de cristal da Bohemia impunham
admiração. Na parte superior, o piso todo de madeira de lei e travejado, o teto feito em cedro, —
enfim, uma construção de bom gosto.
Em 1937, a Escola instalara-se com dignidade, mas urgia nova etapa: comprar o imóvel Essa
meta tornou-se uma obsessão. Mobilizaram-se, então, diretoria, congregação e autoridades do
Estado a fim de realizar a compra. Tarefa difícil, mas exeqüível. Os primeiros contatos com o Sr.
Fausto Pinheiro foram feitos. Ele mostrou-se inclinado a venda e pediu, aquela época, Cr$
100.000,00 (cem mil cruzeiros), cifra alta, mas não desanimadora. Os interessados buscaram as
autoridades, as casas bancarias e, seis meses depois, tornaram ao proprietário, a fim de efetuar o
pagamento. Qual não foi a decepção, quando o Sr. Fausto renegou a promessa. O malogro não fez
com que Jose Jayme e seu grupo desanimassem mesmo com a nova proposta do proprietário: Cr$
280.000,00 (duzentos e oitenta mil cruzeiros).
O tempo passava e os politécnicos mais se aferravam a idéia da aquisição, que já contava
com incentivadores, entre os quais dois tiveram papel de destaque: Agamenon Magalhães e
Arsênio da Silva Tavares. O médico Arsênio, homem de larga experiência, deu um conselho
decisivo: "Vão a Casa Bancaria Magalhães Franco e tomem um empréstimo. Com ele paguem ao
Fausto um sinal e também requeiram ao Conselho da Caixa Econômica Federal o numerário
suficiente para realizar o pagamento. Agamenon será o fiador de tudo".
O empréstimo da Caixa saiu rápido importando em CR$ 350.000,00 (trezentos e cinqüenta
mil cruzeiros), pagável em quinze anos. Os juros eram de 8% ao ano, obedecendo a tabela "Price"
e com amortização mensal. Como garantia a Politécnica ofereceu o imóvel, com o terreno anexo,
(também adquirido ao Sr. Fausto Pinheiro), laboratórios, móveis e utensílios de sua propriedade. A
avaliação da hipoteca subiu a casa de CR$ 1.003.000,00 (hum milhão e três mil cruzeiros). Pagou
ao proprietário a importância CR$ 310.000,00 (trezentos e dez mil cruzeiros), a vista.
Assim, no dia 20 de setembro de 1944, no segundo Tabelionato do Dr. Jose Campelo,
situado a rua Siqueira Campos, foi lavrada a escritura de compra e venda do prédio a rua Benfica,
numero 455, na Madalena, bairro dos Afogados. Outorgantes: Fausto de Moraes Pinheiro e sua
esposa, Maria Paula de Moraes Pinheiro; e outorgada: a Escola Politécnica de Pernambuco,
representada pelo seu diretor, o engenheiro Jose Jayme de Oliveira Silva.
A Politécnica realizou seu crescimento para desenvolver o ensino superior de Pernambuco,
colaborar na economia e engrandecer a nossa cultura.
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MATURIDADE
Capitulo 4
Em abril de 1937, a congregação da Politécnica elegeu o professor Jose Jayme de Oliveira
da Silva seu décimo oitavo diretor, cuja gestão se estendeu ate 1950 por força de sucessivas
reconduções. Este operoso dirigente, engenheiro arquiteto diplomado pela Escola Politécnica de
Pernambuco, iniciou sua profissão no Rio de Janeiro e teve passagem rápida por Belo Horizonte.
Dois anos depois, tornou a seus pagos e foi colaborar no corpo docente da Escola, lecionando a
disciplina Desenho Elementar de Composição na Arquitetura. Criativo por excelência, Jose Jayme,
associado a Bibiano Silva e Heitor da Silva Maia Filho, fundou a Escola de Belas Artes. No exercício
da sua profissão, projetou varias obras no Recife, entre elas: a Igreja da Soledade, a sede da
FAFIRE, e bem assim, concluiu a Casa do Estudante no Derby.
A frente da Politécnica, Jose Jayme representou um marco no processo do
desenvolvimento da Casa. Sete meses depois de empossado, transferiu a sede da Escola para o
Benfica, primeiramente como inquilina e em seguida como proprietária; legalizou os cursos
mantidos pela Casa e obteve, junto ao Ministério da Educação e Saúde Publica, o seu
reconhecimento oficial. Quando ocorreu a regulamentação da profissão de engenheiro, a
Politécnica estava a par com as principais congêneres nacionais.
Jose Jayme foi sempre um dirigente atento a todas as leis e regulamentos relativos a
instrução. As recomendações emanadas do governo mereceram dele todo o apego, — fato que o
notabilizou. Durante seu mandato o ensino superior passou por muitas reformas.
A educação, no Brasil, principiou no período colonial com as "Escolas de Ler e Escrever".
Depois instalaram-se os Seminários, que obedeciam a economia das suas respectivas ordens: da
jesuíta, franciscana, oratoriana, beneditina e carmelita. Apos a transmigração da família real
bragantina, em 1808, surgiram, naquele mesmo ano, as Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio
de Janeiro, e, logo depois, em 1811, a Real Academia Militar, na sede da Corte. Esta principiou a
formar engenheiros militares e, depois, os chamados não militares. Para amparar melhor estes
últimos, já no segundo reinado, criou-se a Escola Politécnica com a finalidade de diplomá-los,
dando-lhes o título de engenheiro civil. Estas Casas de ensino superior seguiram o modelo
pedagógico português - pombalino. A Politécnica do Rio, no seu início, teve emulação francesa.
Em 11 de agosto de 1827, foram criados os Cursos Jurídicos de Olinda e São Paulo, a fim de
formarem especialistas nos diversos ramos do Direito e, principalmente, em Hermenêutica
Jurídica.
Estas Escolas regeram-se por estatutos próprios. Não havia ainda, aquela época, nenhuma
legislação relativa a instrução.
E bom lembrar que os referidos cursos jurídicos decorreram da nossa independência,
proclamada por Dom Pedro I. Depois de romper o jugo português, Pedro de Alcântara, — herdeiro
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do trono bragantino, príncipe rebelde, homem de rara inteligência — outorgou-nos a Constituição
de 1824, da qual foi o principal elaborador. Notável detalhe: nossa Carta Imperial foi semiliberal,
embora concebida e promulgada por um semidespota. O povo brasileiro, reconhecido ao jovem
monarca, conferiu-lhe dois títulos importantes: "Primeiro Imperador Brasileiro" e "Defensor
Perpetuo do Brasil".
Após o advento do segundo reinado, Dom Pedro II, homem dedicado as ciências e letras,
promulgou em 1878 uma legislação que estruturou o sistema educacional do pais. Nessa
oportunidade, o monarca, membro da Academia Francesa de Ciências, assinou a Lei Leôncio de
Carvalho, na qual se esboçava o curso médio, se ressaltava o ensino das ciências e também se
instituíam os cursos de Madureza e Seriado.
A proclamação da República ensejou a descentralização da administração. Muitas Escolas
Superiores foram fundadas, entre as quais a de Engenharia de Pernambuco, em 1895. Gerou-se,
em decorrência, a necessidade de uma legislação especifica. No governo do gen. Hermes da
Fonseca, em 1911, foi promulgada a Lei Rivadavia, com raros acertos e muitos defeitos. Sua
vigência foi curta. Em 1915, no governo Venceslau Brás, ela foi substituída pela Lei Carlos
Maximiliano, que impôs ao ensino superior maior austeridade. Mesmo assim, esta reforma não
definia a filosofia pedagógica que se fazia necessária. Mas em 1925, o ilustre medico Rocha Vaz,
Ministro do Interior do governo de Washington Luiz levou o presidente da República a implantar
nova reforma que ganhou seu nome: Rocha Vaz. O novo ordenamento jurídico pautava espírito
mais acadêmico, disciplinava os cursos médios com programas, determinando sua formação em
seis anos e, finalmente, conferia aos concluintes o diploma de Bacharel em Ciências e Letras.
A revolução getuliana de 1930 criou o Ministério da Educação e Saúde Publica. Seu
primeiro ocupante, o mineiro Francisco de Campos, organizou, em abril de 1931, o curso
secundário em sete anos, dividindo-o em etapas: a primeira, o curso ginasial, em cinco series; a
segunda, o complementar, em duas series, subdividida em "prés.": "pré-médico, pré-jurídico e
pré-engenharia". No âmbito do ensino superior, o ministro deu os primeiros passos para a
estruturação das Universidades, os quais foram aproveitados no Paraná e em São Paulo.
Armando de Oliveira Sales, governador dos bandeirantes, criou em 1934, em moldes
avançados, a Universidade de São Paulo. No afã de realizar grande obra, o dirigente paulista
convidou o insigne matemático Teodoro Augusto Ramos, da escola filosófica de Otto de Alencar,
para estruturar aquéia Universidade. Não existindo no Brasil os recursos humanos exigidos,
Teodoro, que dispunha de plenos poderes, foi a Europa a procura de mestres e pesquisadores
capazes. Por esta época, — início da década de trinta, — hitleristas cagavam os judeus, e
mussolinistas, os não fascistas. Então, desejosos de abandonar o velho Continente, renomados
professores universitários alemães e italianos facilitaram a tarefa de Teodoro. Da Itália vieram:
Luigi Fontappie, Quintino Mingoia, Giacomo Albanes e Gleb Wataghin; da Alemanha: Heinrich
Rheinbold, Heinrich Hauptmann, Herbert Stettine, Hans Stammreich, Pavel Kramholtz, nomes
internacionalmente consagrados. Associados aos professores brasileiros, estes mestres deram
estrutura propedêutica, econômica e administrativa a Universidade de São Paulo, alem de
influenciarem a cultura cientifica brasileira nos padrões ítalo-germânicos.
A consolidação deste projeto pode ser considerada a revolução do ensino superior
brasileiro, bem como a consagração da Universidade em nosso pais. Urgia, pois, realizar nova
reforma, o que ocorreu em 1942, ainda no governo Vargas. Gustavo Capanema, então ministro da
Educação, elaborou um plano ambicioso, extinguindo as Escolas-Padrão situadas no Rio de
Janeiro. Este projeto entrou em vigor transformando-se na Lei Diretrizes e Bases da Educação
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Nacional, cujos artigos são quase sempre abstratos. Esta característica tornou-se adaptável a
todas as regiões do nosso imenso território, que, não somente tem diferentes costumes, como
também diversificadas agricultura, etnologia, economia e ecologia. Alguns de seus artigos
instituíram para cada especialidade programas básicos, cargas horárias rígidas e créditos escolares
específicos. Entretanto, cada Universidade pode cumprir a citada lei de acordo com os seus
respectivos colegiados. A Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi inserida e consolidada na
Constituição Federal de 1947. Urn grande avanco!
A administração do gen. Dutra deu ênfase a criação de novas Universidades, que
proliferaram, apresentando substanciosas vantagens, embora também tivessem suscitado
inúmeras dificuldades, como: quebra da unidade escolar; extinção das Escolas, substituídas por
Departamentos; elaboração dos horários que, as vezes coincidentes, impedem alunos de pagar
créditos durante o mesmo semestre, e etc. O restabelecimento das unidades escolares vinculadas
a Universidade tornou-se quase imperioso, porquanto eliminaria algumas das deficiências, alem
de tornar o aluno mais solidário em decorrência de um salutar convívio com os colegas de turma.
Na faixa etária da Politécnica, esta Escola foi uma das ultimas a se incorporar ao sistema
universitário. Manter-se isolada seria altamente comprometedor para o seu futuro. Urgia, pois,
adaptá-la a nova conjuntura. Como solução planejou-se seu ingresso na Universidade Federal,
idéia que morreu quase ao nascer, pois isto acarretaria o convívio com sua incansável
hostilizadora, a Escola de Engenharia. Cogitou-se, então, de outra alternativa: agregá-la a
Universidade Católica de Pernambuco, a UNICAP dos inacianos, que estava em formação. Os
jesuítas Aluisio Mosca de Carvalho S. J. e Francisco Tavares Braganca S.J., inspiradores desta
Universidade, eram amigos dos politécnicos, ao mesmo tempo em que precisavam de uma Escola
com tradição e patrimônio. A Politécnica reunia aqueles requisitos e, assim, a agregação traria
vantagens recíprocas.
Por esta época, 1950, Luiz Paulo de Freitas foi eleito diretor da Politécnica, sucedendo a
Jose Jayme. O novo dirigente deu continuidade a obra do seu antecessor, providenciando a
legalização definitiva dos cursos, a ampliação das instalações e, principalmente, a incorporação da
Politécnica ao meio universitário. Tarefas árduas!
Uma das primeiras medidas de Paulo de Freitas foi encaminhar processo ao M.E.C.
pleiteando o funcionamento, em caráter permanente, dos cursos de Engenharia Civil e Industrial.
O deferimento verificou-se em 10 de fevereiro de 1953. Logo em seguida, reunindo a
congregação, Paulo de Freitas solicitou meios para ampliar as entalações e agregou a Escola a
UNICAP. O colegiado deu-lhe plenos poderes em relação as ampliações. A fim de concretizar a
incorporação ao meio universitário, foi formada uma comissão composta dos professores Jose
Torres Pires, Paulo Acioli Pimentel e Manoel Caetano de Albuquerque Filho, que mantiveram os
primeiros contatos.
Esses três mestres imediatamente procuraram os dirigentes da Faculdade de Filosofia Manoel da
Nóbrega, padres: Mosca e Bragança. As negociações correram rapidamente e a Politécnica
ingressou no seio daquela Universidade em 1 de Janeiro de 1952, antes, portanto, do
reconhecimento oficial da UNICAP. Destaque-se, dessa forma, que o prestigio, a tradição e o
patrimônio da Politécnica colaboraram para a consecução daquele objetivo.
Na condição de universitária, a Escola recebeu verbas, sendo uma delas destinada a
aquisição de laboratório com aparelhagem completa para o curso de eletrotécnica, semelhante ao
da Escola de Itajubá. Houve, pois, necessidade de espaço destinado a instalação daquele
laboratório. O casarão, hoje Bloco A, devido ao crescimento da Escola, já não atendia as
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necessidades da Casa e, a cada dia, tornava-se menor ainda. Assim, fez-se imperiosa a construção
do Bloco B.
Novamente autorizado pela congregação, o diretor resolveu tomar medidas preliminares
destinadas a construir o novo prédio, em arquitetura semifuturista. Não havia dinheiro para
realizar a obra, mas os politécnicos dispunham do terreno, alem da tradição e muita coragem.
Assim, partiram para a luta e se arrojaram com denodo a causa. Inicialmente solicitaram
doações e promoveram a festa do lançamento da pedra fundamental do prédio em perspectiva.
Então, em 20 de junho de 1953, realizou-se solenidade histórica a qual compareceram alunos,
professores e autoridades gradas, entre elas, o senador Apolônio Sales que presidiu ao ato. No
encerramento, o diretor Luiz Paulo de Freitas proferiu discurso evocativo, relatando passagens
marcantes da Casa e colocando em relevo a grandeza do seu nome.
Naquela peroração, lembrou que, somente por um dia, em 1925, a Escola cerrara suas
portas, quando, por solicitação do governador Jose Bezerra, o então diretor Antonio Tavares
Honorato pretendeu mudar o nome da Casa para Escola de Arquitetura de Pernambuco.
Esclareceu, ainda, Luiz Paulo que Honorato usara meios espúrios quando simulou uma reunião da
congregação, na qual procedeu a mudança do nome. Foi mais alem justificando o pedido do
governador que tinha por finalidade acabar com a antiga querela entre a Escola Politécnica e a
Escola de Engenharia. Ressaltou ainda dois pontos: que esta providencia ofendeu a comunidade, a
qual se revoltou, considerando aviltante e mesmo desonroso aos interesses da Casa o
procedimento de Antonio Tavares Honorato; e que, diante do fato consumado, os politécnicos
convocaram uma assembléia geral, presidida pelo vice-diretor Honório Monteiro Filho, com a
finalidade de tomar as seguintes decisões: manter o nome da escola; destituir de sua função o
diretor, por proposta do professor Jose Orange Wanderley, e, ainda, afastá-lo do corpo docente da
Escola, apesar dos relevantes serviços prestados a Casa. Findou sua breve oração afirmando que o
grande patrimônio da Escola era seu passado, sua memória e especialmente seu nome — ESCOLA
POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO.
A solenidade foi emocionante. A fim de manter o entusiasmo, seria imperioso principiar a
obra sem delongas. Mas, para isto seria necessário dinheiro, de que então não se dispunha.
Esperar até quando? Pergunta que muitos politécnicos fizeram entre si. Contudo, em meados de
1953, o Diário Oficial da União publicou um decreto, destinando a importância de Cr$ 246.614,00
(duzentos e quarenta e seis mil, seiscentos e quatorze cruzeiros) para Politécnica, com o fim
especifico de ampliar suas instalações. Esse decreto nascera de uma proposta feita no Senado
Federal pelo senador Apolônio Sales, grande amigo da Escola. A congregação, em face do decreto,
reuniu-se extraordinariamente para tomar as medidas necessárias com vistas ao inicio da obra,
mesmo antes da liberação da verba. Atendendo proposta do professor Jose Torres Pires, homem
de larga visão, foi criada uma comissão composta dos professores: Paulo Acioli Pimentel, Luiz da
Rocha de Holanda Cavalcanti, Florisval Silveira Neto, o aluno Jairo Calife, presidente do Diretório
Acadêmico, e Luiz Paulo de Freitas, diretor da Escola. Esta comissão tinha por incumbência:
contratar uma empresa com o fim de empreitar a obra; providenciar e legalizar todos os papeis e
licenças, na Divisão de Obras da Prefeitura Municipal do Recife ou em outra qualquer repartição;
pleitear doações, subvenções ou empréstimos; contratar engenheiros para fazer o cálculo das
estruturas e o projeto de construção. A presidência da comissão ficou a cargo do diretor da Escola.
Em pouco tempo aquelas incumbências foram cumpridas: a Construtora Coriolano Ltda. ficou
encarregada da construção; quase todas as licenças foram providenciadas; o engenheiro Meyer
Mesel aceitou a tarefa de fazer os cálculos da estrutura; o prof. Manuel Caetano Queiroz de
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Andrade criou o projeto de construção. A verba foi paulatinamente liberada. Restava iniciar a
obra.
O canteiro de obras foi levantado e tiveram início os trabalhos preliminares. A empresa Coriolano
encontrou problemas na execução da fundação e por isso recorreu ao Instituto Tecnológico de
Pernambuco que, bem aparelhado, lhes deu solução, a qual foi bem aceita embora houvesse
acarretado lamentável ônus. A construção não obedeceu a um cronograma, nem a um orçamento,
pois o numerário era de difícil obtenção e, muitas vezes, inesperado.
Durou, então, cinco longos anos e se tornou particularmente onerosa. As despesas
atingiram a alta cifra de Cr$ 3.887.000,00 (três milhões, oitocentos e oitenta e sete mil cruzeiros),
portanto, doze vezes maior que o montante gasto na compra do imóvel e respectivo terreno.
Cabe observar, a propósito, que a inflação brasileira, a época, não ia alem dos quatro ou
seis por cento ao ano.
RELAÇÃO DAS DOAÇÕES E SUBVENÇÕES:





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


1953 - Subvenção federal
CR$ 264.614,00
1954 - Subvenção federal
304.000,00
1954 - Doações
600.000,00
1955 - Doações
546.128,00
1956 - Subvenção federal
260.592.00
1957 - Doação de José Ermírio
500.000,00
1957 - Subvenção estadual
300.000,00
1958 - Doações e vendas da Politécnica
505.803,00
Soma
3.281.139.00
Apreciável importância que, adicionada as doações em material, foi suficiente para realizar
a construção. Merecem ser destacadas, ainda, as prestações de serviços que não foram cobradas:
de Paulo de Araújo Coriolano, ex-aluno, professor da cadeira de Concreto Simples e Protendidos;
de Meyer Mesel, membro do Conselho Técnico e Administrativo da Escola e professor de Cimento
Armado, além de outros colaboradores.
Para muitos politécnicos, aquela obra, que impôs grande luta, esforço titânico e trabalho
insano, tornou-se ciclópica, apesar do estilo semi-futurista.
FESTA INAUGURAL DO BLOCO B
No dia 10 de julho de 1958 a Escola Politécnica de Pernambuco programou uma sessão
solene a fim de inaugurar seu novo prédio. O anfitrião da Casa, professor Jose Torres Pires, eleito
diretor em 1956 e, portanto, sucessor de Luiz Paulo de Freitas, estava eufórico. A Casa,
principalmente no Bloco B, exultava. Foi decorada, embandeirada e ataviada. Estava linda! Todos
os politécnicos eram autênticos anfitriões e a comissão de recepção se desdobrava. Autoridades
gradas chegaram: Gen. Cordeiro de Farias, Governador do Estado; Dom Antonio de Almeida
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Morais Junior, Arcebispo de Olinda e Recife; Padre Jesuíta Aluísio Mosca de Carvalho Reitor da
Universidade Católica; Jornalista Aníbal Fernandes, do Diário de Pernambuco, convidado pelo
engenheiro Artur Coutinho de Oliveira.
O salão nobre ficou repleto. Congregação, professores e convidados prestigiavam aquele
evento. A presidência da solenidade ficou a cargo do governador Cordeiro de Farias. Em breves
palavras S. Exa. se declarou feliz em testemunhar o denodo do nordestino, gabou o
pernambucano e se confessou maravilhado com a construção do Bloco B. Em seguida concedeu a
palavra ao engenheirando Milton Dantas, presidente do Diretório Acadêmico da Escola. Este,
visivelmente emocionado, proferiu um vibrante discurso no qual ressaltou que aquela obra se
transformara em uma das melhores lições de vida que os estudantes da Politécnica haviam
recebido. Lembrou que a Escola, partindo do nada, transformara-se em uma respeitável Casa de
ensino, não somente de Engenharia, mas sobretudo de trabalho, fé e perseverança.
Finalmente, o governador cedeu a palavra ao diretor Jose Torres Pires que proferiu um
discurso histórico, relembrando os tempos da formação da Escola. Citou Jose Jayme como um dos
pilares de sustentação da Casa e recordou a aquisição do patrimônio. Em seguida fez referenda ao
seu antecessor, Luiz Paulo de Freitas, que iniciou a construção do Bloco B e, ao lhe passar a
presidência, a conclusão da obra estava a vista. Elogiou as subvenções federais e estaduais. Deu
ênfase aos autores dos projetos que as proporcionaram destacando, assim, no piano federal, a
atuação de Apolônio Sales, Nilo Coelho, Antonio Pereira, Dias Lins, Adelmar da Costa Carvalho, e
no piano estadual, a de Orlando Parahym e Augusto Lucena. No tocante as doações lembrou
Fileno de Miranda, da Usina Tiuma, os irmãos Lundgren, da Fabrica Paulista, os irmãos Lima
Cavalcanti, da Usina Pedrosa, Fausto Veiga, Boxwell, Pinto Alves, Spencer Hartmann, Guerra
Cavalcanti, etc. Finalizou descrevendo, nos seguintes termos, a visita que fizera ao industrial Jose
Ermírio de Moraes:
"Acanhado de pedir outras doações ao esclarecido pernambucano, do vale do Sirigi, fui solicitarlhe um empréstimo de Cr$ 350.000,00 (trezentos e cinqüenta mil cruzeiros) para concluir as obras.
Fiquei sobressaltado quando Jose Ermírio me disse:
— Não empresto dinheiro a ninguém, nem mesmo a Escola Politécnica, mas qual a dificuldade da
sua Casa, amigo Pires?
— Preciso de Cr$ 350.000,00 (trezentos e cinqüenta mil cruzeiros) para concluir as obras,
respondi.
Então, Jose Ermírio indagou: — "E o mobiliário"?
— Ora... meu caro Mecenas, isto nos vamos resolver com o tempo.
"Veja bem, senhor diretor, esse tempo já chegou. Vocês vão receber de minha secretaria
uma ordem de pagamento contra a Cia. de Cimento Portland Poty, no valor de Cr$ 500.000,00
(quinhentos mil cruzeiros). Será que esta importância resolve esse problema, meu ilustre diretor?
E olhe mais; não esqueça de me remeter um convite para a inauguração."
Ao encerrar aquele oportuno discurso, o diretor estava com os olhos rasos d'água.
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Dias depois o jornalista Aníbal Fernandes publicou, na coluna "Coisas da Cidade", um
resumo do discurso proferido pelo diretor Jose Torres Pires e classificou a Escola Politécnica de
Pernambuco como um modelo de fé e orgulho para todos os pernambucanos.
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APOGEU
Capitulo 5
No início do ano de 1959, quase todas as atividades da Politécnica passaram a funcionar no
Bloco B. A razão forte, ou mesmo determinante, de se esvaziar a casa onde era instalada a Escola
foi seu precário estado de conservação. Varias foram as causas que lhe provocaram desgasto: o
intenso uso por muitas pessoas, o tempo inexorável, etc. Corroeram-na de tal modo que um
desabamento parcial, ou mesmo total, tornou-se iminente. A Escola utilizara o casarão desde
1937, portanto, havia 22 anos, sem a necessária conservação. Reformá-la era inadiável.
Consciente deste fato, o diretor Jose Pires, autorizado pela congregação, contratou os serviços da
Empresa Construtora Lemos e Asfora Ltda., para fazer os reparos. Estes obedeceram a um projeto
que, lamentavelmente, não preservou as elegantes linhas coloniais da casa, entretanto, adaptou-a
as exigências de uma Escola. Os consertos constaram mais ou menos de: substituição da escada de
madeira nobre por outra construída em cimento armado, revestida de mármore, ostentando um
bonito corrimão de ferro e bronze, adornado com pecas douradas; mudança do forro em cedro
por estuques; substituição dos lustres de cristal por luminárias fluorescentes; alteração da divisão
interna; mudança dos pisos de madeira para granito, com fino acabamento, etc. Enfim,
transformaram um solar caracterizado pelo esplendor açucareiro em uma casa funcional adaptada
a Escola.
Para realizar a reforma o diretor, mais uma vez, conseguiu doações e subvenções que o
ajudaram muito, embora não tenham sido suficientes para cobrir todo o orçamento. Assim, a
Escola contraiu novos débitos, que, adicionados aos já existentes, formaram uma soma muito
elevada — compromisso difícil de ser honrado! Destaque-se que o número de alunos ultrapassou
a cifra de 500, alem de terem sido majoradas as respectivas mensalidades. Todavia, em paralelo, o
quadro dos professores e o dos funcionários foram ampliados. Desta forma, as despesas de
manutenção, adicionadas aos compromissos assumidos em decorrência das obras, superavam
totalmente a receita. Por isto os débitos principiaram a se acumular, agravando dia a dia a
situação financeira da Escola. Considere-se também, por oportuno, que, a esta época, a inflação
dava seus primeiros sinais, corroendo assim a economia popular. O diretor já não tinha mais a
quem pedir. Os cireneus já davam sinais de cansaço. A UNICAP continuava pobre e quase nada
podia fazer para auxiliar uma simples agregada. O governo estadual, a época, parecia insensível
aos rogos dos politécnicos, e o federal mantinha-se no propósito de não mais subsidiar Escolas ou
Faculdades isoladas das Universidades.
Diante da situação, o diretor teve momentos de desanimo, chegando a pedir ao Conselho
Técnico e Administrativo (C.T.A.) licença de dois anos. O colegiado, participante de todas as
vicissitudes, apelou no sentido de que Jose Pires reconsiderasse seu pedido. Deu-lhe incondicional
apoio destacando ser ele o timoneiro e por isto sua ausência deixaria a nau sem rumo.
Ao exausto diretor foi concedida licença de dois meses, tendo a direção ficado a cargo do
vice Arnaldo Rodrigues Barbalho. Realmente, Jose Pires estava esgotado. Resolveu recuperar-se
fazendo turismo nos Estados Unidos da America do Norte. Nesta viagem, esse incansável
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piauiense, interrompendo suas férias, recorreu a Aliança para o Progresso, solicitando subvenção
para a Escola, no que foi razoavelmente atendido: obteve, via SUDENE, apenas trinta por cento do
valor pleiteado.
O numerário foi suficiente para saldar dívidas que já estavam em Cartório de Protesto,
alem de atender a outras emergências. Durante os doze anos em que este diretor esteve a frente
da Politécnica, parece que o destino lhe reservou tarefas muito difíceis, talvez ate devido as suas
arrojadas iniciativas.
Logo que reassumiu suas funções, em 1959, Jose Pires reuniu o C.T.A. e comunicou seu
desejo de instalar cursos de pós-graduação. Contava com a colaboração do Departamento de
Estradas de Rodagem, para a implantação do curso de Pós-graduação de Engenharia
Rodoferroviária. Por isto solicitou ao C.T.A. recursos para fazê-lo funcionar ainda naquele ano.
Finalmente, lembrou a necessidade da criação do Instituto de Engenharia Sanitária, que foi logo
implantado.
No ano de 1962, a Escola comemorou seu cinquentenário. Apesar das dificuldades, a data
foi reverenciada. Realizou-se um seminário para engenheiros; promoveu-se, a tarde, uma
solenidade e, pela manhã, uma missa congratulatória.
Desejosa de enaltecer aquele significativo evento e também de enriquecer a memória da
Casa, a congregação convidou, sucessivamente, para escrever a historia da Escola, o jornalista
Costa Porto e o historiador Amaro Quintas, os quais, por motivo de ordem particular, declinaram
do convite. Lamentavelmente estes escritores não aceitaram a árdua incumbência, porquanto
disporiam a época, de importantes documentos históricos, hoje não mais existentes em
decorrência das inundações que flagelaram o Recife e, particularmente, a Escola nas décadas de
60/70.
A Escola continuava sofrendo vexames financeiros — pagando o mínimo possível aos
professores e funcionários e acumulando dívidas, — enquanto o diretor trazia ideias avançadas,
que oneravam ainda mais os cofres da Casa.
E verdade que Jose Pires procurava solucionar o problema financeiro. Com esta finalidade,
a diretoria da Politécnica entrou em contato com o Reitor da Universidade Rural, professor Renato
Farias, um gentil-homem que orientou os politécnicos no sentido de solicitarem a incorporação da
Escola a Universidade Rural. O pleito foi encaminhado ao MEC, que o indeferiu frustrando, assim,
o anseio dos requerentes. Fundamentou-se o Ministério no parecer do procurador Newton
Sucupira, que arguiu incompatibilidade com a norma legal pertinente, porquanto não havia
afinidade entre o currículo da Politécnica e o das Escolas de Agricultura e Veterinária. Houve,
ainda, a tentativa de incorporar a Escola a Universidade Federal de Pernambuco, mas foi debalde,
devido as condições impostas por esta Universidade: não receber os professores, nem os
funcionários, locupletar-se de todos os bens, e, como única compensação, matricular os alunos da
Politécnica nos seus departamentos.
Parecia até que todas as portas se haviam fechado para a Escola, que, sofrendo tantas
dificuldades, resistira as borrascas, mas se encontrava na iminência de ser imolada. Entretanto,
um fato histórico ocorrido em 1964 reanimou os politécnicos: o golpe militar que, derrubando o
então governador, Miguel Arraes, colocou em seu lugar o deputado estadual Paulo Guerra,
homem sensível ao ensino superior no Estado. Este detalhe ele o demonstrou através de
pronunciamentos feitos no plenário da Assembleia Legislativa.
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Nos primeiros meses de sua administração, o novo governador foi procurado por vários
dirigentes de Escolas ou Faculdades isoladas — Luiz Tavares da Silva, Edrízio Barbosa Pinto, Clélio
Lemos e Jose Torres Pires, diretores respectivamente da Faculdade de Ciências Medicas,
Faculdade de Odontologia, Faculdade de Ciências da Administração e Escola Politécnica — que
solicitavam subvenções a fim de manter vivas suas Casas.
Diante da conjuntura, o governador Paulo Guerra decidiu, assessorado pelo secretario de
Saúde, Álvaro Vieira de Melo, criar um órgão especializado que amparasse o ensino superior no
Estado. Assim, em 22 de marco de 1966 instalou-se a Fundação de Ensino Superior de
Pernambuco — FESP.
A essa altura, incorporar-se a recém-criada instituição passou a ser o desejo dos
politécnicos. Urgia, pois, entabular os primeiros contatos com o presidente da FESP, professor
Álvaro Vieira de Melo, com vistas a consecução daquele objetivo.
No intuito de estudar e deliberar sobre este assunto, o diretor Jose Pires convocou, para o
dia 13 de junho de 1966, uma reunião da congregação, a qual compareceram os professores:
1. Jose Torres Pires,
2. Guilherme Kranet,
3. Hilton José Ferreira,
4. Rawilseam Dutra,
5. Hartmann Spencer Neto,
6. Zeilo Luna Machado,
7. Edgard Maranhão,
8. Adalberto Antunes Jr.,
9. Silvio Pinto de Oliveira,
10. Adauto Teixeira,
11. Alfredo Pereira Correia,
12. Carlos Falcão Correia Lima,
13. Gustavo Gomes de Matos,
14. Geraldo Alberto Ferreira Wanderley,
15. Jose de Araújo Barreto Campelo,
16. Mauro Assis,
17. Jose Medeiros Machado,
18. Jose Osmário de Freitas,
19. Esmeraldina Pereira da Silva,
20. Romero Gomes da Silva,
21. Joseph Mesel,
22. Rubem Pincovsky,
23. Ivan Fernandes da Silva,
24. Bartolomeu de Morais Vasconcelos,
25. Antonio Geraldo Pinto Maia e o
26. Presidente do diretório acadêmico.
Depois de rápida justificação, o diretor concedeu a palavra ao professor Barreto Campelo,
que sugeriu fosse constituída uma comissão para tratar do assunto junto a presidência da FESP.
Aprovada a ideia, a congregação designou para constituir a referida comissão os professores Jose
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Pires, Saul Zaverucha, Rawilseam Dutra de Almeida Lira, Esmeraldina Pereira da Silva e Jose de
Araújo Barreto Campelo, que, sem tardança, começaram a agir.
Nos primeiros contatos, ficou clara a intenção da FESP em aceitar a incorporação, tanto
pelo patrimônio da Politécnica como por sua tradição, e, principalmente, pelo número de alunos.
Mas a FESP impunha várias condições, das quais duas eram Fundamentals: receber, em forma de
doação, o patrimônio da Politécnica e realizar um levantamento prévio dos débitos da Escola a fim
de estudá-los.
Atendendo a primeira reivindicação, a congregação concedeu poderes de outorgante ao
diretor, enquanto um grupo de técnicos indicado pela FESP fazia o levantamento das dívidas.
Satisfeitas estas condições, o Conselho de Curadores da FESP reuniu-se a fim de analisar as
exigências. Nessa analise constatou-se um passivo muito elevado, entretanto, maior, — quase mil
vezes maior, — era o acervo, pelo que este órgão deliberou por unanimidade, em outubro de
1966, incorporar a Escola a FESP. Consolidavam-se, desse modo, a sobrevivência e o progresso da
Politécnica.
Realista ou sonhador, dinâmico ou irrequieto, Jose Pires, logo após safar a Escola de apuros
financeiros, firmou contrato com a construtora Arcoli S/A — Engenharia Civil com vistas a
construção do Bloco C, composto de quatro pavimentos. O proprietário da Arcoli, engenheiro
Artur Coutinho de Oliveira, estava ansioso para colaborar com a Escola que o diplomara e por isso
ofereceu gratuitamente a prestação de serviços. Desta forma, Jose Pires idealizou e iniciou a
construção, dando, assim, oportunidade a seu sucessor de manter a louvável característica dos
diretores da Escola: concluir obra iniciada pelo antecessor.
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ESTABILIDADE
Capitulo 6
Incorporada a FESP, a Escola Politécnica passou a receber verbas destinadas a cobrir todas
as despesas, transmitindo, assim, aos professores e funcionários confiança e tranquilidade. Houve,
ainda, melhoria salarial e, sobretudo, pontualidade nas datas de pagamento. Ficara, então, para
trás o tempo em que alguns professores assinavam folhas mensais de pagamento, sem receber a
respectiva remuneração. Não havia naquele ato propriamente uma coação. Tratava-se, porém, de
uma forma mais compulsória que espontânea de doação. A Casa atingiu, assim, a estabilidade
necessária a um bom desempenho, ao mesmo tempo em que garantia o lado profissional dos seus
colaboradores.
O romantismo dos politécnicos diminuiu, permanecendo tão somente na memória dos
mais antigos. Com as novas vantagens, o desempenho funcional passou a ser exigido pela direção
de forma mais rigorosa.
O incansável Jose Torres Pires, depois desse gigantesco passo, resolveu, em 1969, dar
oportunidade a um colega mais jovem, renunciando ao cargo de diretor e transferindo-o ao vice, o
engenheiro Rawilseam Dutra de Almeida Lira. Nesta sucessão houve apenas renovação de valores,
pois Rawilseam, excelente professor de Geometria Analítica, herdou o arrojo, o dinamismo e a
coragem do seu antecessor. O novo diretor complementou o mandado de Jose Pires e, logo após,
indicado pela congregação, foi nomeado pelo Reitor da FESP para novo mandato. O regulamento
impedia reeleição, pelo que, findo este período, Rawilseam passou a direção a professora
Esmeraldina Pereira da Silva, que tomou posse em 1974, tendo sofrido morte trágica ano e meio
após. Rawilseam voltou a direção complementando o mandato, e foi eleito novamente,
mantendo-se de forma regimental por treze anos.
Em 1974, a congregação indicou uma lista tríplice composta dos nomes: Hermano Pontes
de Miranda, Esmeraldina Pereira da Silva e Jose Medeiros de Machado, a fim de que um deles
fosse nomeado diretor. Esmeraldina foi escolhida e desempenhou suas novas funções honrando a
tradição dos que a antecederam. De origem humilde, Esmeraldina foi, entretanto uma mulher
notável. Revelou-se excelente administradora, todavia seu ponto alto foi o magistério. Nasceu
professora, e mais ainda, professora de Matemática Superior. Lecionou Cálculo Infinitesimal e
Integral com muita dedicação e, sobretudo, com sabedoria. Seguiu a linha traçada pelo grande
mestre pernambucano, Newton da Silva Maia, e demonstrando largos conhecimentos da matéria.
Não desprezou o lado humanístico e nas suas aulas expunha os temas obedecendo a organização
didática. Era exigente com o aprendizado dos discípulos, entretanto, exigia muito mais de si
mesma.
Seus ex-alunos, muitos deles hoje engenheiros consagrados, fazem gabos as suas aulas que
jamais se limitaram a simples transformações ideográficas ou a cálculos trabalhosos. O conteúdo
de suas predicas visava principalmente as aplicações, e para isso ela utilizava os símbolos da
Logística de Leibniz, contudo os interpretava com elegância e habilidade. Detinha-se nas
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hipóteses, nas definições, e logo depois dissertava com profundidade a respeito dos
prolegômenos da Matemática. Recorria, vez por outra, a Historia da Matemática dando grande
relevo aos métodos matemáticos, dos quais destacava o da indução ordenada e direta. Falava com
entusiasmo nas Geometrias Sintéticas citando-as nominalmente: euclidiana, lobatchewskiana e
riemanniana. Enfocava o lado prático de cada uma sem desprezar a postura didática.
A grande mestra aconselhava uma longa e selecionada bibliografia, entretanto seguia
rigorosamente os livros textos: "Curso de Cálculo Diferencial" e "Curso de Calculo Integral" do
cubano Pablo Miguel Y Meriño e para os exercícios: "Elements de Calcul Differentiel et Integral" de
William Anthony Granville — Percy Smith, na versão francesa traduzida por A. M. Sallin. Uma
grande mestra, Esmeraldina!
Ao assumir a direção da Casa, seguindo os parâmetros dos antecessores, ampliou o
campus. Inicialmente mandou refazer a planta baixa do Bloco A, destruída nas inundações;
conseguiu verbas para melhorar os laboratórios e comprar moveis escolares; deu início as obras
do Bloco D.
Em meados de 1975, acompanhada do ilustre casal Meyer Mesel, resolveu gozar merecidas
ferias fazendo turismo na America do Sul. Visitaram a Cordilheira dos Andes, o famoso lago
Chucuito, mais conhecido por Titicaca, e conheceram "in loco" a cultura inca, que se destacou
também em Matemática. Na cidade de La Paz, hospedaram-se no hotel "Del Oriente" onde foram
vítimas de fatal intoxicação, devido ao vazamento gasoso do aparelho de calefação do aposento
em que dormiam. Escapou, por milagre, apenas a Sra. Leti Mesel.
Concomitantemente ao doloroso desastre, a Escola sofreu a pior inundação de sua historia,
— a de 1975. Os prejuízos causados ainda hoje são lamentados, como, por exemplo, a destruição
completa de todos os livros de registro da vida da instituição.
Após o falecimento de Esmeraldina, Rawilseam, então vice-diretor, assumiu mais uma vez a
direção da Escola, complementando aquele mandato. Logo em seguida foi eleito para novo
mandato de quatro anos, permanecendo no cargo ate marco de 1984. Dirigia a Politécnica por
mais de treze anos, quando foi nomeado Reitor "Pro Tempore" da FESP.
As administrações de Esmeraldina e Rawilseam podem ser consideradas uma só, pois um
completou as obras do outro. Eles ocuparam toda a área restante disponível do campus, tendo
construído os Blocos: D, E, F, G, H, I e J. Desta forma, dotaram a Casa da capacidade de matricular
2.300 alunos. E verdade que os Blocos I e E foram apenas remodelados. Neles funcionam, alem do
diretório acadêmico e da cantina, a reprografia, a carpintaria e a oficina de soldas que atendem
apenas as necessidades da Escola.
Finalmente nessa gestão foi construída a quadra de esportes. Hoje a área total construída
no campus mede 5.680 m2, assim utilizada:
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Administração 410 m2;
Docência 2.770 m2;
Lazer e Esportes 810 m2;
Pesquisa e Serviços de Extensão 690 m2 e
Serviços Auxiliares 1.000 m2.
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O campus universitário esta, portanto, todo aproveitado com edificações. Seria possível
amplia-lo somente na dimensão vertical, ou com aquisição de outra área.
Em marco de 1982, o diretor Rawilseam deixou a diretoria da escola para assumir os
destinos da FESP, na condição de Reitor Pro-Tempore. Seu substituto foi o vice Romero Gomes da
Silva Bastos. Logo depois, realizou-se eleição para compor a nova diretoria, sendo eleitos os
professores Romero e Breno Rodrigues de Sousa, respectivamente, diretor e vice. Romero
encontrou na Politécnica uma situação política agitada e, demonstrando habilidade e
competência, contornou vários problemas sem desgastar a economia da Casa, nem ferir direitos
das partes. Sua parcimônia deu solução a velhas questiúnculas que surgiram com o crescimento da
Escola. Nessa administração também foram concluídas obras de acabamento de alguns Blocos,
tendo-se mantido a normalidade.
Depois de dois anos, em maio de 1984, Romero, sentindo necessidade de melhor
consagrar-se ao magistério de Calculo Infinitesimal, renunciou a direção, pelo que, observado o
regimento, a assumiu o vice Breno Rodrigues de Sousa.
O Prof. Romero ostenta hoje o título de decano dos professores de Matemática da
Politécnica, tanto pelo tempo de serviço prestado como, máxime, pela competência demonstrada.
Sua orientação no desempenho da nobre missão e destacada, sobretudo, por seus discípulos. Foi,
por excelência, um didata voltado primordialmente para o lado prático. O livro texto por ele
adotado, "O Calculo com Geometria Analítica", do americano Louis Leithold, ratifica sua tendência
pragmática.
A Politécnica tem sido dirigida ultimamente por professores de Matemática — o atual e os
três que o antecederam.
50
COLACAO DE GRAU
Capitulo 7
Aos seis de agosto de 1988, a Escola Politécnica realizava a Colação de Grau da "Turma
Independência Tecnológica", composta de 93 engenheirandos. As formalidades do evento
obedeceram as praxes universitárias.
Com o intuito de organizar o programa das solenidades estes 93 engenheirandos dos
cursos de Engenharia Civil, Elétrica, Eletrônica e Mecânica resolveram eleger uma única comissão
que ficou assim constituída: Augusto Cesar de Oliveira, Eli Meira do Nascimento, Erdemir
Rodrigues de Noronha, Isaac Almeida Junior e Jailson José Galvão. Reunidos posteriormente
marcaram datas, designaram personalidades gradas a serem homenageadas e mandaram imprimir
um sugestivo e luxuoso convite em papel de primeira qualidade, com capa de camurçaa preta,
informando todos os detalhes.
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Patronos — nossos pais
Paraninfo — Jarbas Vasconcelos
Reitor Pro-Tempore — Prof. Oton Coelho Bastos Filho.
Diretor — Prof. Breno Rodrigues de Sousa
Vice-Diretor — Jose de Medeiros Machado
Assessor da Diretoria — Gustavo Gomes de Matos
Chefes de Departamentos — Darlan Antônio Andrade Moutinho, Armando Carneiro Pereira
do Rego Filho, Reive Barros dos Santos e Amaro Henrique Albuquerque.
Professores Homenageados — Jose Osmário de Freitas, Vicente Barreto da Costa Pereira,
Armando Carneiro do Rego Filho, Rinaldo Rego Barros Rocha, Methódio Varejão de Godoy,
Oscar Teixeira Bastos. Luis Cordeiro de Barros Filho, Reginaldo Pereira Leal, Carlos Juarez
Brito Leite e João Galdino de Alencar Filho
Orador — Ricardo de Azevedo Moreira Reis
Aluna Laureada — Lúcia Roberta Coutinho de Oliveira
Encarregado do Juramento — Eli Meira do Nascimento
Aula de encerramento - 02.08.88 as 20 horas, no auditório da Faculdade de Administração
de Pernambuco e, logo após aposição da placa comemorativa do evento no hall da Escola.
Culto ecumênico - 03.08.88 as 20 horas, na Igreja do Colégio São Luiz, do Irmão
Champagnha.
Colação de Grau - 04.08.88 as 20 horas, no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções,
precedida de Juramento dos engenheirandos, discursos do orador e do paraninfo, e
entrega dos diplomas.
Baile de formatura - 06.08.88 as 23 horas —no Clube Internacional.
Traje — Smoking e vestido longo.
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No culto ecumênico, houve missa católica, bênção dos anéis e sermão evangélico. Entre as
prédicas, destacou-se a do pastor da Igreja Episcopal do Brasil *, Rev. Paulo Garcia, líder
carismático inconteste, que habilmente vem contribuindo para a integração das igrejas cristas no
Brasil, e que, por seu elevado grau de compreensão e liberalismo, tem funcionado como
verdadeiro catalisador entre os integrantes das diversas correntes do pensamento religioso
nacional.
* A Igreja Episcopal do Brasil, entidade católica reestruturada sob os princípios de reforma
protestante, notabilizou-se mundialmente por haver abolido os vínculos com o Vaticano e
tornado facultativo o celibato clerical.
Na solenidade da Colação de Grau, o engenheiro Jayme de Azevedo Gusmão,
representando o paraninfo Jarbas Vasconcelos, proferiu discurso simples em que destacou e
enalteceu a profissão do engenheiro — incisiva peroração de cunho político-administrativo!
Em sua nobre missão de desenvolver a tecnologia brasileira, a Politécnica, desde 1914, vem
diplomando engenheiros nas mais variadas especialidades — civis, geógrafos, rodoviários,
arquitetos, químicos, agrimensores, industriais, eletricistas, mecânicos e eletrônicos. Ate 1950
esta Casa havia diplomado apenas 103 engenheiros. A partir de então, a Escola cresceu
enormemente e hoje, com 2.300 alunos, forma todo ano quase duas centenas de engenheiros,
nivelando-se, por conseguinte, as grandes Escolas brasileiras.
Diante desse progresso, destaque-se um fato singular: a Politécnica, atualmente na posição
de Escola de Engenharia líder em Pernambuco, foi fundada no longínquo ano de 1912 por um
grupo de mestres, dos quais nenhum até então exercera a profissão de engenheiro, nem mesmo
cursara Escola especializada nos ramos da Engenharia. Fortalece esta singularidade o fascínio
despertado por esta Escola no autor destas memórias, que embora também não diplomado em
Engenharia, encantou-se com o idealismo romântico dos antigos politécnicos, e hoje, convicto,
rende homenagem aos contemporâneos da Escola da rua Benedicto Monteiro,* notável por
abrigar tão somente essa vitoriosa Casa.
O carisma da Escola Politécnica nasceu na bucólica Estrada da Ponte d'Uchoa, 49, no ato de
sua inspirada fundação.
* Benedicto da Costa Monteiro diplomou-se pela Escola Politécnica em 1917, juntamente com
Jose Ferreira Reis, Fernando Cesar de Andrade e João Alberto Lins de Barros. Convidado pela Casa,
em 1918 assumiu a cátedra de Eletrotécnica e em 1920 viajou a Capital da República a fim de
obter o reconhecimento oficial dos diplomas até então expedidos pela Escola. Prestou relevante
serviço a Comunidade politécnica de Pernambuco, ao conseguir o mencionado reconhecimento
junto ao Ministério da Viação e Obras Publicas.
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53
ATUALIDADES
Capitulo 8
Após a renuncia do diretor Romero Bastos, em maio de 1984, o vice Breno Rodrigues de
Sousa assumiu a direção da Escola Politécnica. Rapidamente comprovou-se que a capacidade, a
dedicação e o arrojo do professor Breno faziam-no o diretor ideal.
Nessa época, mestres e servidores reclamavam dos baixos salários que recebiam, ao
mesmo tempo em que houve um acidente na Escola: o desabamento de parte do teto do Bloco A,
provocando sua interdição.
O jovem diretor procurou, sem tardança, os meios competentes a fim de dar solução
aqueles angustiantes problemas. Recorreu a FESP e ao MEC solicitando-lhes as verbas que se
faziam necessárias. O Reitor Armando Samico, de pronto, mostrou-se sensível e liberou subsídios
que, adicionados as subvenções do MEC, foram suficientes tanto para satisfazer os servidores da
Escola como para fazer os reparos do Bloco A.
Nessa restauração, foi substituído por estrutura metálica o madeiramento do teto
deteriorado pela ação do cupim, alem de terem sido processadas reformas nas divisões internas e
de terem sido instalados um pequeno auditório, dotado de ar-condicionado, que pode comportar
cem pessoas, mais duas salas de aula com capacidade para quarenta carteiras cada uma, e um
salão projetado para, receber o Núcleo de Informática da Politécnica — NIP, que dispõe de cinco
microcomputadores, maquinas de calcular e zetéticas.
O NIP serve aos trabalhos da escolaridade na seguinte ordem: matricula dos alunos;
controle de mapas de frequência dos alunos, professores e serventuários; elaboração dos horários
das diversas disciplinas, evitando, ao máximo, a colisão das aulas, que pode prejudicar os alunos.
Tem também importante finalidade didático - propedêutica, pois e com ele que os professores
dão aulas práticas de Informática.
Demonstrando preocupação com as disposições legais, esse diretor, nos seus primeiros
atos, providenciou a eleição do vice-diretor Rubem Pincovsky, e, para completar o órgão diretivo,
nomeou seu assessor o professor Jose de Medeiros Machado. Terminado esse, mandato-tampão,
novas eleições se realizaram:
Diretor reeleito: Breno
Vice-diretor: Jose de Medeiros Machado.
Nomeados para completar o corpo diretivo:
Assessor da diretoria: Gustavo Gomes de Matos
Coordenador Administrativo e Financeiro: Elieser Germínio da Silva
Coordenadora do Mestrado: Walkíria Seal, substituída sucessivamente por Beda
Barkokebas e Armando Carneiro do Rego Filho.
 Chefes dos departamentos:
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
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 Básico: Jose Roberto de Sousa Cavalcanti,
 Engenharia Civil: Rinaldo do Rego Barros Rocha,
 Engenharia Elétrica: Carlos Magno Padilha Cursino
 Engenharia Mecânica: Marcelo Bezerra Grilo.
J
Uma vez normalizada a situação, esta diretoria, imbuída de espírito universitário,
dispensou especial cuidado aos cursos de extensão e pós-graduação. Programou eventos e
encontros culturais de curta duração, estágios remunerados e seminários para alunos e
professores. Entre os mencionados encontros e cursos, destacaram-se: o Regional dos
Transportes, com a colaboração da Secretaria Estadual de Transportes e Comunicações, através da
EMTU e DETERPE, coordenado pelos Professores Armando Carneiro e Bernardo Monteiro; o de
Matemática Pura e Aplicada, supervisionado pelo Padre Jose Nogueira Machado S. J.; o de
Segurança do Trabalho, Gerencia de Risco e Proteção Contra Incêndios, coordenado pela
Professora Walkíria Seal; o de Metalurgia dos Ferros Fundidos e Cinzentos, que contaram com a
colaboração de diversas entidades: Companhia de Habitação do Estado de Pernambuco — COHAB,
que financiou estágios e colocou alguns dos seus engenheiros para lecionar teoria e prática na
estabilização dos taludes e levantamento dos planos altimétricos e topográficos; Companhia de
Saneamento de Pernambuco — COMPESA, cujos técnicos ensinaram a execução do estudo da
influência do Campo Elétrico de Linhas de Transmissão de 138 KV, protegidas com tubulações
metálicas; Companhia Hidroelétrica do São Francisco — CHESF, cujos engenheiros deram aulas
sobre o Carregamento de Transformadores do Sistema de Transmissão, etc.
A Escola proporcionou também aos seus mestres atualização de conhecimentos. Através
de cursos de especialização, simpósios, congressos e reuniões científicas, com destaques para os
professores: Silvio Romero de Melo Ferreira, que compareceu ao Simpósio Regional de Mecânica
dos Solos — Recife; Arnaldo Cardim, que fez mestrado de Materiais de Construção na USP — São
Paulo; Jose Maria Justino da Silva, que compareceu ao Simpósio Sul-Americano de Mecânica das
Rochas — Porto Alegre; Armando Carneiro Pereira do Rego Filho, que participou do Congresso
Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia das Fundações — Porto Alegre; Maria de Fátima
Resende, que compareceu a XII reunião de Pavimentação de Estradas — Salvador; Mirtes Mahon
Mattar, que fez curso de Informática — Rio de Janeiro, etc.
No afã de sempre proporcionar o melhor aos alunos, a Escola ofereceu cursos especiais de:
Proteção contra incêndios, Instrumentação em Higiene Industrial, Operação em Caldeiras,
Ergologia, Extensão em Recuperação das Estruturas em Concreto Armado de Solos e Cimentos,
Argamassa Armada, Linhas de Manutenção e Transmissão, etc.
Com esta dinâmica escolar houve a consolidação da Politécnica em alto nível acadêmico. O
aperfeiçoamento dos professores e principalmente dos alunos ampliou a capacidade profissional
dos engenheiros que frequentaram a Escola.
A fim de acompanhar a melhoria profissional dos alunos, professores e funcionários, a
Politécnica também adquiriu aparelhos e instrumentos científicos, tais como: uma Central
Telefônica Modelo KS comportando seis linhas tronco e dezoito ramais; um projetor de Slides do
tipo Sinkrotape; uma filmadora de vídeo; dois retroprojetores e alguns televisores, alem de
tratores e maquinas destinadas a irrigação. Esta prodigalidade estendeu-se também ao seu maior
patrimônio, a sua tradição. Fazia-se, então, necessário resgatar seu passado, sua história, sua
memória. A diretoria tomou as providencias cabíveis constituindo uma comissão pro memória
composta dos mestres: José Torres Pires, José de Araújo Barreto Campelo e Carlos Magno Padilha
Cursino.
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Iniciando os trabalhos, a comissão pro memória reuniu todos os documentos escritos por Stênio
Lobo Torreão, bem como razoável material fotográfico. Em seguida contratou os serviços de
Fernando Antonio Rocha Bezerra que fez minuciosa pesquisa em jornais e revistas locais, e
também ouviu alguns dos mestres mais antigos da Escola, cumprindo assim a missão que lhe foi
confiada. Graças a colaboração da pro memória não se perderam de todo alguns subsídios da
História da Casa, sobre os quais se fundamenta este livro.
ANO JUBILAR
Em 12 de marco de 1987, no auditório da Faculdade de Administração de Pernambuco,
realizou-se a abertura do ano jubilar da Escola, em comemoração aos 75 anos de sua fundação.
Compareceram as solenidades autoridades civis e militares, alem de alunos, professores e
funcionários.
Nessa cerimônia foram distribuídos, pela primeira vez, títulos honoríficos e comendas. Os
professores Jose Araújo Barreto Campelo, Telmo Frederico do Rego Maciel e Rawilseam Dutra de
Almeida Lira (in memoriam) foram agraciados com o titulo de Professor Emérito. Os referidos
mestres fizeram jus aquelas homenagens, devido as suas atuações no desenvolvimento da
Politécnica: Barreto Campelo instalou o curso de Direito para engenheiros, prestou assistência
jurídica a agregação da Escola a UNICAP e, depois, com muita habilidade, repetiu a assistência, a
fim de incorporar os politécnicos a FESP; Telmo mostrou-se criativo, ao reunir em uma só cadeira
as disciplinas de Estatística e Economia — quando foi chamado a colaborar com a Escola
substituindo os titulares das disciplinas citadas (Paulo Acioly Pimentel e Jose Maria de
Albuquerque Melo Filho) e ao fundar o Centro de Estatística Aplicada, com vistas aos cursos de
pós-graduação. Ainda organizou uma biblioteca especializada e introduziu pioneiramente, no
Estado, o controle estatístico de qualidade e medida de produtividade industrial.
Algumas comendas foram outorgadas as empresas que ajudaram a Escola na difícil missão
de construir seus campus.
Finalmente, o ponto alto das solenidades do ano jubilar verificou-se no momento em que
os mestres Jose Nogueira Machado e Armando Samico receberam o titulo de "Professor Honoris
Causa".
O Padre Jose Nogueira Machado S. J., homem de rara cultura em vários setores do
conhecimento humano, recebeu a honraria das mãos do diretor, em vista da colaboração prestada
a Escola durante o seminário de Matemática, que a FESP, juntamente com a Politécnica, ofereceu
aos professores desta disciplina.
Esse inaciano fez conferencias sobre Matemática pura e aplicada. Na primeira parte
dissertou longamente sobre os helênicos e sua Geometria. Referiu-se ao livro "Os Elementos", de
Euclides de Alexandria, destacando que os grandes participantes daquela obra, quase todos,
precederam ao autor em séculos. Concluiu afirmando que Euclides tornou-se então o primeiro
epistemologista da História e que sua obra constitui-se em um corpo de doutrina que segue a
Lógica Aristotélica e envolve a noção do infinito, — de forma implícita, ao tratar do quinto
postulado, e de forma explicita, no tocante ao seu desenvolvimento — além de conter em seu
56
bojo parte da teoria einsteiniana da relatividade. Na parte da Matemática aplicada, o jesuíta fez
apreciação sobre a alma das máquinas, isto e, considerou o estudo comparativo do
funcionamento e do controle das conexões nervosas dos elementos organizados, no sistema de
transmissão elétrica das 'maquinas de calcular, comandos eletrônicos e aparelhos teleguiados — a
Cibernética. Essas predicas ficaram famosas.
Armando Hermes Ribeiro Samico, médico, educador e Reitor da FESP, prestou relevantes
serviços ao órgão a que servia e se distinguiu pela operosidade, colocando-se sempre habilidosa e
espontaneamente ao lado dos politécnicos. Sua passagem no reitorado da FESP ensejou a
Politécnica grandes privilégios. Em nome de todos os homenageados, falou o Professor Samico
que agradeceu com palavras breves, todavia, incisivas.
Os alunos também homenagearam a Escola, na passagem dos seus 75 anos, elegendo-a
patrona da turma do jubileu de Diamantes e distinguiram o diretor Breno como paraninfo.
Em continuação as comemorações verificaram-se palestras de cunho cientifico e cívico. Os
protestos de respeito que foram tributados a Casa demonstraram sua magnitude.
A Biblioteca, criada em 1914 pelo mestre Leal de Barros, funciona no Bloco H e ocupa uma
área de 268 m2. Seu acervo e composto de mais de 7.000 livros e 2.100 periódicos. Mais de 30.000
consulentes, sobretudo alunos, professores e pesquisadores, procuram anualmente este
departamento.
Essas atividades fazem da Escola Politécnica uma Casa de trabalho com espírito diuturno
perseverante e ativo.
PERSPECTIVAS SÉCULO XXI
O projeto que visa integrar as universidades pernambucanas entre si, e estas as empresas,
esta surgindo na Escola Politécnica de Pernambuco, por iniciativa do atual diretor, Breno
Rodrigues de Sousa.
As universidades precisam conhecer as carências tecnológicas para suprimi-las ou, pelo
menos, ameniza-las. Torna-se, porem, necessário um contato mais estreito universidade-empresa.
Dentro da teoria, muitas vezes e mais importante propor problemas criativos do que resolvê-los.
As citadas carências, uma vez estruturadas mediante detalhada analise e cientificamente
estudadas, podem levar os pesquisadores a soluções particulares ou sintéticas e, sobretudo, as
mais abrangentes ou de maior grau de abstração. No segundo caso tornar-se-ia a proposição
generalizada e, mediante algum escólio, ter-se-ia solução particular ou concreta. Dessas estruturas
analíticas podem decorrer corolários e estes quase sempre vão solucionar questões
aparentemente distantes. Esses trabalhos ou tarefas estão consubstanciados no objetivo dos
institutos.
A investigação de uma verdade cientifica desenvolve-se em duas fases distintas: a primeira
consiste na descoberta do conhecimento novo, que muitas vezes, ou quase sempre, se detecta na
pratica; a segunda, no processo de elaboração da demonstração lógica deste conhecimento.
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O código dessas proposições, amparado por postulados e obedecendo a um corpo de
doutrina, pode criar ciência ou pelo menos ampliar alguma já existente. As universidades tem
papel predominante nas pesquisas, por intermédio dos seus institutos, que são verdadeiros
laboratórios da comunidade cientifica. No afã de transmitir conhecimentos, as Escolas devem
propor problemas e, depois de solucionados, expô-los didaticamente, cumprindo desta forma sua
missão.
Forjada em aço e betão, a Politécnica, depois de superar as vicissitudes ocorridas ao longo
da sua odisseia, toma agora a paternidade da iniciativa cientifica no desenvolvimento da
engenharia em nossa região, que e grande em população e área, mas, paupérrima tanto em
recursos econômicos como em tecnologia. Assume, então, a responsabilidade de Escola líder da
Engenharia nesta região, dando passos decisivos para o futuro do nosso ensino especializado.
Breno deixara ao seu sucessor um rico legado de obras e também perspectivas grandiosas,
como a ampliação do campus no sentido vertical e outros arrojados projetos que certamente
serão aproveitados.
Avizinha-se o Século XXI e, com ele, novas técnicas, novas sabedorias e a certeza de
melhores dias para o Nordeste Brasileiro. Esta região esta a exigir recursos dignos que contribuam
para melhorar a qualidade de vida de sua população — desiderato dos politécnicos.
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MENSAGEM DO DIRETOR
BRENO RODRIGUES DE SOUSA
Capitulo 10
"Ha um tempo para tudo e por isso não desespere diante
do que ainda não conseguiu. Imite o grão que acumula
toda energia possível para germinar, romper o solo e
fazer brotar o rebento, que vira a ser mais tarde uma
arvore imponente."
Edvaldo Arlego
As Diretorias de nossa Escola tem-se sucedido, recebendo das suas antecessoras um legado
de luta na conquista dos espaços para melhorar o nosso ensino e projetar cada vez mais a nossa
tradicional Escola no complexo do ensino nacional da Engenharia. A cada Diretoria que passa,
acrescenta-se mais um tijolo no grande edifício, ainda em construção, que e a nossa Politécnica de
Pernambuco.
Faz-se necessário destacar que as Diretorias procuram sempre atuar mantendo o que foi
realizado por suas antecessoras, acrescentando suas realizações e projetos, numa forma
harmônica de manter a nossa Escola sempre atualizada e procurando atender ao desenvolvimento
do Estado de Pernambuco e do Nordeste.
A manutenção deste legado é, atualmente, uma obra árdua em face das dificuldades de
toda ordem, especialmente de recursos financeiros, mas, com criatividade e ajuda de muitos,
estamos procurando manter este legado de gerações.
Durante nossa gestão a frente da Diretoria, procuramos abrir para a comunidade a nossa
Escola (atividades extramuros), mediante assinatura de convênios com diversas empresas para a
prestação de serviços e consultoria, bem como, oferecimento de cursos de curta e media duração,
a nível de extensão, especialização e pós-graduação "stricto sensu", de modo a atender a uma
demanda reprimida existente, sem concorrer com as demais instituições de ensino da Região.
Procuramos, também, através de convênios, usar os recursos de laboratórios ou equipamentos
existentes na Região e que possam ser úteis aos nossos cursos, pois somos uma Escola localizada
num Estado pobre de uma Região mais pobre ainda. Neste sentido, e buscando a integração das
Universidades locais, sugerimos e realizamos, em outubro de 1989, em conjunto com as três
Universidades do Estado, o "Encontro Universidade-Empresa", visando integrar as Universidades
entre si, e estas as Empresas.
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Na área de graduação, fizemos novos currículos para os cursos, reduzindo as cargas
horárias, a fim de adequa-los a resolução Nº 48/76 do Conselho Federal de Educação.
A estrutura administrativa e didática da Escola foi modificada, de forma a atender as nossas
novas necessidades, incluindo a criação de Coordenadorias.
Em 1987, foram comemorados os 75 anos de fundação da Escola, tendo-se outorgado
títulos de professor "honoris causa" e emérito, e concedidas medalhas comemorativas a
personalidades e entidades publicas e privadas.
Durante a nossa gestão, conseguimos aumentar a área construída, ampliando o Bloco C
com o acréscimo do quarto piso, criando mais salas de aula e, ainda, com muito sacrifício,
melhorando várias instalações, principalmente do setor administrativo.
Em 1989, o Regimento das Entidades da FESP foi unificado, tendo havido alteração na
composição dos Colegiados, com o que se procurou democratizar a sua representatividade.
Em decorrência de nossa gestão a frente da Diretoria, a FESP colocou-se mais próxima da
criação da Universidade de Pernambuco. Ao deixa-la, pretendemos consolidar um projeto de
novas instalações para a Escola, de forma a atender a sua demanda até o ano 2.000, deixar
funcionando a Associação de Ex-Alunos e criar um Núcleo de Engenharia de Segurança do
Trabalho.
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ELENCO
Capitulo 11
É muito difícil, ou quase impossível, compor-se uma lista completa dos nomes de todos os
professores e funcionários, que colabora-ram no desenvolvimento da Escola Politécnica.
Essa impossibilidade decorre da longa existência da Casa — quase octogenária —, do seu
avultado número de colaboradores, e sobretudo dos danos ocorridos nas décadas de 60/70, em
decorrência das catastróficas inundações que destruíram móveis, utensílios e também os livros de
registro que contavam a historia da Escola.
Mais uma vez, louvamos o trabalho realizado por Stênio Lobo Torreão, secretario da Casa,
que deu de si o melhor, no desempenho de suas funções, inclusive elaborando, em co-autoria com
Fernando Antonio Rocha Bezerra, varias notas históricas que formam quase uma biografia da
Politécnica.
Não obstante os vários percalços enfrentados pela Escola, pode ser reconstituída a relação
dos diretores, por ser pequena e, ao mesmo tempo, muito importante. Dos professores
recompomos aproximadamente metade dos nomes. Ainda impossibilitados de reconstituir os
nomes dos antigos servidores, limitamo-nos a relação dos atuais.
Diretores
Ricardo Jose da Costa Pinto 1911-1913 e 1919-1920
Joaquim Cavalcanti Leal de Barros 1913-1916 e 1920-1921
João Moraes Vieira da Cunha 1916-1919
Fernando Cesar de Andrade 1921-1923
Gastão Pinto da Silveira 1923-1924
Antônio Tavares Honorato 1924-1925
Honório da Costa Monteiro Filho 1925-1932
Antonio Maria de Figueiredo Junior 1932-1935
Francisco Bandeira de Melo 1935-1936
Carlos de Siqueira Cavalcanti 1936-1937
Jose Jayme de Oliveira da Silva 1937-1950
Luis Paulo de Freitas 1951-1955
Jose Torres Pires 1956-1968
Rawilseam Dutra de Almeida Lira 1968-1970, 1970-1974, 1975-1978 e 1978-1982
Esmeraldina Pereira da Silva 1974-1975
Romero Gomes da Silva Bastos 1982-1984
Breno Rodrigues de Souza 1984-1989
Armando Carneiro Pereira do Rego 1990
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Diretores interinos
Arnaldo Rodrigues Barbalho
Hermano Pontes de Miranda
Jose Duarte Porto Limeira
Olinto Monteiro Jacome
Paulo Acioly Pimentel
Tercio Rosado Maia
Professores fundadores
Antonio Tavares Honorato
Bianor de Medeiros
Eugenio Meira Vasconcelos
João de Sá Leitão
Joaquin Cavalcanti Leal de Barros
Jose Faria Neves Sobrinho
Jose Paulo Barbosa Lima
Odilon Tucuman
Ricardo Jose da Costa Pinto
Rodolfo de Amorim Garcia
Miguel Augusto de Oliveira
Epitácio Monteiro
Professores
A
Antonio Maria Figueiredo Junior
Antonio Praxedes Lira
Álvaro Nogueira de Mello
Abelardo Gama
Amaro Pedroza
Adalberto Antunes de Medeiros Junior
Adaucto da Silva Teixeira
Alfredo Pereira Correia
Antonio Geraldo Pinto Maia
Amaro Henrique Barbosa de Albuquerque
Alfredo de Carvalho Alcântara
Arnaldo Rodrigues Barbalho
Antonio Figueiredo de Lima
Aníbal Ramos de Matos
Abelardo Cardoso Montenegro
Adelmo Cavalcanti Lapa Filho
Alfredo Diamantino Torres Bandeira
Aécio Campello de Souza
65
Adeildo Lemos de Sá Cruz
Alcides Codeceira Neto
Ana Regina Tavares Cavalcanti
Antiógenes de Senna Cysneiros
Aldemir Laércio da Silva
Augusto Aragão de Albuquerque
Alfredo Pereira Correa
Antonio Carlos Costa
Antonio Sergio Caseira Gonçalves Torres
Armando Carneiro Pereira do Rego Filho
Armando da Costa Cairutas
Arnaldo Cardim de Carvalho Filho
Alexandre Duarte de Gusmão
Alexandre Jorge Tavares de Souza
Álvaro Jose Pessoa Ramos
Antonio Gonçalves Torres Junior
Amaro Henrique Barbosa de Albuquerque
Amaro Ladislau dos Santos
Antonio Fernandes Neto
Antonio Fernando de Carvalho Mota
Anselmo de Oliveira Carvalho
B
Benecdito da Costa Monteiro
Bibiano Silva
Bartolomeu de Moraes
Bernardo da Silva Monteiro
Breno Rodrigues de Sousa
Bernardo Silva Monteiro
Beda Barkokebas Junior
C
Clovis de Almeida Castro
Carlos Falcão Correa Lima
Carlos Maurício de Oliveira
Carlos Alberto Ciarlini Souza
Célio de Carli
Cezar Augusto Cerqueira
Carla Souza de Paiva
Cleide Soares Martins
Caetano de Queiroz Monteiro
Claudio Levi de Freitas Pereira
Claudio Soares Mota
Carlos Falcão Correa Lima
Carlos Fernando de Araujo Calado
Clark Virgínio Ramos Galvão
Claudia Maria Guedes Alcoforado
Cássia Gislene Guimarães de Andrade
Carlos Magno Padilha Cursino
66
Carlos Frederico Dias Diniz
Carlos Prestes Mauricio de Oliveira
Cleyton Luiz Galamba Fernandes
D
Dirac Moutinho Cordeiro
Darlan Antonio Andrade Moutinho
Delano de Valença Lins
Dolores Maria Mendonça Luna
E
Epitácio Monteiro Pessoa
Eustórgio Wanderley
Edgard Maranhão de Azevedo
Esmeraldina Pereira da Silva
Eleomar Martorelli
Eros Carneiro Lins
Edson de Siqueira Barbosa
Everaldo Pereira da Silva
F
Ferrúcio Brasini
Fernando Costa Rodrigues
Florisval Silvestre Neto
Fernando Antonio Xavier
Fernando Luiz de Almeida Castro
Francisco Maia Pereira
Francisco Jose Costa Araújo
Francisco Gilfran Alves Milfoni
Francisco Ilo Bezerra Cardoso
Fernando Cesar de Andrade
G
Gerson Barreto Loreto
Guilherme Krarret
Gustavo Gomes de Matos
Geraldo Alberto Ferreira Wanderley
Grazziane Delia Santa
Germano Schneider
Geraldo Afonso Vieira da Silva
Geraldo Augusto C. de Vasconcelos
Geraldo Cabral de Vasconcelos
H
Helio Vital de Freitas
Hermano Fontes de Miranda
Hilton Jose Ferreira da Silva
67
Henry Horátio Diggle
Honório Monteiro Filho
I
Ivan Fernandes da Silva
Ivan Pereira Leitão
J
João Capistrano da Silva Pontes
João de Morais Vieira da Cunha
João Bosco Martins
João Martins Reis Neto
João Galdino de Alencar Filho
José de Araujo Barreto Campelo
José de Medeiros Machado
José Duarte Porto Limeira
José Antonio Benning
José Ferreira Lopes Reis
José Orange Lins Wanderley
José Maria de Albuquerque Mello Filho
José Moraes Coutinho
José Jayme de Oliveira Silva
José Castelo Chamiaes
José Rildo Marques de Almeida
José Moacir Lins de Albuquerque
José Osmário de Freitas
José Rafael de Menezes
José Roberto de Souza Cavalcanti
José Aquino de Souza
José Fernando de Melo Rodrigues
José Guadelupe Larocerie da Silva
José Marcone Rodrigues Chalegre
José Maria Justino da Silva
José Adelino de Medeiros Filho
José Einstein Martins
José Eudes de Leite de Andrade
José Roberto da Costa Campos
José Telmo da Mota Silveira
Jonas Pereira Taurino (cônego)
Joaquim Correa de Andrade Lima
Joseph Mesel
Jayme Salles Georges
Joaquim Correa Xavier de Andrade Filho
Jane de Souza Lima Teixeira
Jurany Freitas Melro Travessos
Júlio Borges Diniz
L
68
Luiz Melchiades Nobre
Luiz Ayres Porto Carneiro
Luiz Carlos da Costa Neto
Luiz Paulo de Freitas
Luiz Mateus Ferreira
Luiz Rocha Holanda Cavalcanti
Luis Cordeiro de Barros Filho
Luiz Cândido de Melo Filho
Luiz Otávio Maciel C. de Albuquerque
Luiz de Oliveira
Luiz Gonzaga de Souza Cabral
Leonardo Goes Vieira
Luciano de Castro Lobo
Lourival Trajano
Leonardo de Sousa Ximenes
Luciano Rodrigues Lins
Lúcio de Carvalho Cunha
Luciano Dourado Matos
M
Manoel Caetano de Albuquerque Melo Filho
Manoel Viana de Vasconcelos
Manoel Augusto Xerita Maux
Mauro Carneiro de Assis do Rego
Meyer Mesel
Miltom de Oliveira Santos
Mario Gomes Tavares
Maurício Brandão Matos
Marino de Melo Berenguer
Murilo Carneiro Leão Paraíso
Maurício Galvão de Medeiros
Methódio Varejão de Godoy
Mozart de Siqueira Campos Araujo
Marcelo Bezerra Grilo
Mario Jorge de Oliveira Cabral
Maria Adélia da Câmara de Souza
Maria do Carmo de Barros Pimentel
Maria da Conceição Justino de Andrade
Maria de Fátima Mattos Cunha
Maria de Fátima Resende
N
Nylo Dorneles Câmara
Nilton Cursino de Freitas
Nehemias Fernandes de Almeida
Nilton Pereira de Melo Lima
Nélia Moutinho Cordeiro
O
69
Octavio Brígido Arantes
Olinto Monteiro Jacome
Osvaldo Fortes
Oscar Ferreira Silva
Olga Maria Neves Rodrigues
Oscar Teixeira Basto
P
Pedro Ferreira Bertholo
Pedro Caminha de Sá Leitão
Paulo de Araújo Coriolano
Paulo Acioly Pimentel
Plínio Sales
Paulo Gustavo Cunha
Paulo Roberto Coutinho Cordeiro
Pedro Matos de Souza Melo
Paulo Álvaro Roriz Dantas
Paulo Cesar Coelho Tavares
Paulo Romero Martins Maciel
Pedro de Alcântara Neto
R
Reginaldo Lourenço da Silva
Rodolfo Lima
Rawilseam Dutra de Almeida Lira
Romero Gomes da Silva Bastos
Rubem Pincovsky
Romildo Leite Sales
Ramon Nóbrega
Rinaldo do Rego Barros Rocha
Ronaldo Tavares
Rodrigo Correia de Senna
Ricardo Cabral de Vasconcelos
Roberto Jose Leal de Carvalho
Ronaldo das Chagas Monteiro
Rubens Alves Dantas
Roberto Álvares de Andrade
Reginaldo Pereira Leal
Reive Barros dos Santos
S
Samuel Lins Ferreira
Sérgio Peres Ramos da Silva
Silvino Pinto de Oliveira
Saul Zaverucha
Sílvio da Cunha Santos
Stênio Lobo Torreão
Sheila Pincovsky de Lima
70
Sylvia Cristina Lacerda Costa Pereira
Sebastião de Lira Ventura
T
Tarcisio de Araújo Barreto Campello
Telmo Frederico do Rego Maciel
V
Vicente Barreto da Costa Pereira
W
Walter Morais Brito
Waldener Machado Cavendisch
Wilhelm Kohler
y
Yves Hartmann Spencer Neto
Yves Hartman Spencer Neto Junior
Z
Zeilo Luna Machado
Zeferino Jorge Colaço Ramos
Zoroastro Maia Sales
Zílcio de Lavor Sales
ServidoreS
A
Adeilda Ferreira de Souza
Amaro Marcelino dos Santos
Ana Amélia Araújo Vasconcelos
Ana Lúcia Miranda de Paula
Ana Rita Pinto de Araújo
Andre Antonio Saraiva de Souza
Antonia da Conceição de Franca
Antonio Francisco de Souza
Antonio Luiz Alves
Antonio Rosildo de Mendonça
B
Brenio Jose de Carmo
C
Carlos Alberto da Silva
71
Carlos Antonio Nascimento dos Santos
Carlos Marcelo da Silva
Carlos Pereira de Oliveira
Claudia Beltrão Albuquerque
Clodomira Lima de Souza
D
Demison Soares de Almeida
Denival Amaro dos Santos
Divaneide Maria Barbosa
Domingos Sávio J. de Araujo
E
Ednaura Bezerra Candido
Edvaldo Rodrigues de Lima
Eliane Dourado de Barros Lima
Eliezer Germínio da Silva
Etelmino de Arruda Salome Filho
Eurico Nobre dos Santos
G
Genésio Pereira da Silva
Gercino Ricardo Pereira
H
Herculano Lopes de Souza
I
lone Maria Silva Oliveira
Iranilda Carneiro da Silva
Ivaldo Gomes Correia da Silva
J
José Carlos Barbosa
José Carlos Soares Teixeira
José Fernando da Silva
José João da Silva
José Lins Barbosa
José Manoel Bernardo
Jurandir Brasil da Silva
Lucidalva Calado da Silva Bernardo
Luiz Gonzaga do Monte
Luzinete Pereira da Rocha
M
Mabel Pacheco Ferreira
72
Manoel Celestino de Oliveira
Manoel Lopes da Silva
Márcia Maria Pereira
Maria Auxiliadora A. D. Almeida
Maria Auxiliadora Soares Santa Cruz
Maria da Conceição Oliveira
Maria da Soledade S. C. Vieira
Maria das Graças M. C. Araújo
Maria de Fátima da Silva
Maria do Carmo S. S. C. Oliveira
Maria Helena Carvalho do Rego
Maria Lassalete Chmelar
Maria Lúcia de Oliveira
Marilza de Lima Silva
Marinalda Xavier de Araujo
Mário Francisco de Souza
Mariza Vitoria Pereira Gonçalves
Marlene Teixeira dos Santos
Missilene Trajano da Silva
Moises da Silva
N
Natanael Manoel da Silva
O
Otoniel Isaías Ferreira
P
Pedro Pereira Junior
R
Rivaldo Severino da Silva
Rosilda da Silva
Renato Jerônimo da Silva
Reginaldo Nicácio da Silva
T
Tereza Cristina de Azevedo Melo Cavalcanti
Tereza Cristina Pereira da Silva
Vânia Ferreira de Souza
Valdir Ferreira de Souza
Valmir Ferreira de Souza
Walter Lins Barbosa
Wellington Fernandes Gomes de Souza
73
OBSERVAÇÃO
Por um lapso de revisão, na relação de professores foi omitido o nome de YVES HARTMAN
SPENCER NETO JUNIOR, além disso, nesta mesma relação estão incorretos os nomes de:
Etelmino Arruda Salome Filho — Pag. 122
Etelmino Arruda Salome Filho — Pag. 122
Leonardo de Souza Ximenes — Pag. 125
Leonardo de Souza Ximenes — Pag. 125
Sergio Peres Ramos da Silva — Pag. 128
Sergio Peres Ramos da Silva — Pag. 128
Zílcio de Lavor Sales — Pag. 128
Zílcio de Lavor Sales — Pag. 128
SERVIDORES
Marinalda Xavier de Araújo
Marinalda Xavier de Araujo
74
ÍNDICE
Prólogo e Bibliografia.......... 15
Esclarecimentos................... 17
Prefácio................................ 19
CAPITULO 1
Ideia..................................... 25
CAPITULO 2
Instalação ............................ 33
CAPITULO 3
Crescimento......................... 39
CAPITULO 4
Maturidade ......................... 47
CAPITULO 5
Apogeu................................ 59
CAPITULO 6
Estabilidade ........................ 65
CAPITULO 7
Colação de Grau.................. 69
CAPITULO 8
Atualidades......................... 73
CAPITULO 9
Mensagem do Diretor......... 81
CAPITULO 10
Elenco ................................. 85
75
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