Editoria de Arte/ Fernando Alvarus
INFOGRÁFICO
O gás natural liquefeito foi a saída
para garantir o abastecimento
de energia no país em tempos de
seca. Nesta edição, revelamos
como funciona a tecnologia de
transformação e transporte
do combustível . P10e11
INDICADORES
Brasil
Ações da Marfrig ON (em R$)
Econom ico
4,84
4,78
4,74
4,60
4,51
www.brasileconomico.com.br
16/5
19/5
20/5
21/5
22/5
PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . EDITORA CHEFE (SP) ADRIANA TEIXEIRA . SEXTA-FEIRA E FIM DE SEMANA, 23, 24 E 25 DE MAIO DE 2014 . ANO 5 . Nº 1.185 . R$ 3,00
Fundo Social do
petróleo engorda
superávit primário
Criado em 2010 para investimentos em desenvolvimento regional, o fundo ainda não foi
regulamentado pelo Ministério da Fazenda. Composta pela parcela da União nos royalties
do petróleo, a arrecadação já chega perto de R$ 1,2 bilhão e, até o fim do ano, deve chegar a
R$ 2 bilhões. Para especialistas, a demora é proposital e tem como objetivo ajudar o Tesouro
na prestação das contas públicas. Os rendimentos da aplicação dos recursos deveriam ser
destinados à Educação e à Saúde, segundo lei aprovada no ano passado. P8e9
Robert Galbraith/ Reuters
Informação
nem tão
pública
assim
Pressionado pela
tendência de redes
em grupos fechados,
o Facebook, de Mark
Zuckerberg, voltou
atrás na sua política de
privacidade. Agora, os
dados de quem entra na
rede só serão vistos por
amigos. Os 1,28 bilhão
de usuários atuais
terão mais opções para
proteger seus dados.
Pesquisa dá
Dilma eleita
no 1º turno
No levantamento do Ibope, as
intenções de voto na presidenta cresceram de 37% em abril
para 40% em maio. O précandidato tucano, Aécio Neves, também subiu, passando
de 14% para 20%. E Eduardo
Campos foi de 6% para 11%.
Os dois perderiam para Dilma
num 2º turno. P3e32
Itaú muda de
humor sobre
a economia
O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, manifestou ontem otimismo com
a economia do país no longo
prazo. “Estava mais preocupado com a inflação há seis
meses. O BC está fazendo um
bom trabalho. O crescimento
não está como queremos, mas
logo estará”, disse ele. P22
JULIO GOMES DE ALMEIDA
O aumento de renda é o
que tem adiado a procura
por emprego. P6
AGENDA CULTURAL
Festival de Cannes deste
ano traz a força dos veteranos
do cinema. P26e27
2 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
MOSAICO POLÍTICO
GILBERTO NASCIMENTO
[email protected]
COM LEONARDO FUHRMANN
CABRAL LUCRA COM OU SEM PDT
“
Eu quero dizer à
senhora que, onde
quer que esteja no
futuro, quando
deixar o seu ou os
seus governos, terá
para sempre um
admirador, que
reconhecerá o seu
gesto por Goiás”
O
PDT sonha com a vaga de vice do candidato a governador do Rio Luiz Fernando Pezão (PMDB).
O diretório regional do partido sinalizou essa preferência, mas não descartou uma aliança com
o candidato petista, senador Lindbergh Farias. As conversas prosseguem. Pezão quer a todo
custo se aliar aos pedetistas para ampliar o seu tempo na televisão. Mas há uma avaliação entre
peemedebistas de que a ida do PDT para os braços petistas não seja tão mau negócio assim. Como o PT
já prometeu a vaga de vice ao PV, os pedetistas - se essa união com Lindbergh vier a ser confirmada -,
indicariam o nome ao Senado na chapa. A vaga seria destinada ao próprio presidente nacional do PDT,
Carlos Lupi. Essa composição agradaria ao ex-governador Sergio Cabral, candidato ao Senado.
Fernando Souza
Marconi Perillo
Wilson Dias/ABr
Alguns peemedebistas creem que
seria mais fácil ele enfrentar Lupi
do que a deputada Jandira Feghali
(PCdoB), a princípio a candidata
ao Senado na chapa petista. Embora indicada, Jandira preferiria concorrer à Câmara. Para a eventual
entrada na chapa do PMDB, o PDT
indicou como vice o deputado estadual Felipe Peixoto. A vaga de vice de Pezão, no entanto, é disputada por vários outros partidos, como o PP de Francisco Dorneles e o
PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab. A preferência pelo
PDT é vista dentro do PMDB como
um desejo pessoal de Pezão. Outros setores do partido preferem
Dorneles, com o argumento de
que ele abriu mão de disputar a
reeleição em favor do apoio a Cabral. Dirigentes pedetistas dizem
que, apesar de o partido ter sinalizado que prefere caminhar com o
PMDB, a decisão ainda depende
de “acertos programáticos”.
Governador de Goiás
(PSDB), a Dilma, ao
agradecer obra no Estado
Um erro cinematográfico
O polêmico filme "Amor Estranho Amor", estrelado pela
apresentadora Xuxa em 1982, foi dirigido pelo cineasta paulista Walter
Hugo Khouri. Ontem, esta coluna o atribuiu equivocadamente a Carlos
Reichenbach. Há anos, Xuxa tem conseguido na Justiça impedir a
distribuição oficial do filme, o que aumenta a desinformação sobre seu
conteúdo, muitas vezes tratado falsamente como pornográfico.
Elza Fiúza/ABr
Cajuína adoça
relações entre
petista e tucano
PP próximo de apoio ao PT em São Paulo Pró-argentino
O PP de São Paulo pretende anunciar no começo da próxima semana o
apoio à candidatura do ex-ministro Alexandre Padilha (PT) ao Palácio dos
Bandeirantes. Favorece o acordo a boa relação entre os partidos no nível
federal e na prefeitura da capital paulista. O PP, no entanto, também está na
gestão do tucano Geraldo Alckmin, candidato à reeleição. Padilha destaca a
importância do PP em sua chapa, inclusive por causa do ministério que
controla no governo Dilma, o das Cidades, encarregado de temas como a
mobilidade urbana. Os pepistas não estão exigindo a participação na
disputa majoritária, o que mantém aberta a vaga de vice na coligação.
FALE CONOSCO
O secretário-geral do PP paulista,
Jesse Ribeiro, teve uma semana
de negociações intensas. Além de
discutir a coligação com o PT,
tratou da contratação do técnico
Ricardo Gareca pelo Palmeiras.
Vice-presidente do clube, ele era
um dos defensores da escolha do
argentino, que foi contratado.
O senador Wellington Dias
(PT-PI) prometeu e cumpriu:
presenteou cada senador com
uma garrafinha de cajuína e
castanhas piauienses para
comemorar o reconhecimento
da bebida como patrimônio
cultural. Em meio aos debates
acalorados, a cajuina foi capaz
de selar momentos de paz
com a oposição, como um
brinde feito com o líder do PSDB,
Aloysio Nunes (SP).
Colaborou
Edla Lula
E-mail: [email protected] Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar,
CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ). As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura.
Em razão de espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br
Embalagens ficam
Greves alertam o
país para questões a dever no quesito
além dos gramados informação
Lentidão para
liberar remédios
prejudica validade
As greves que se espalham
pelo país mostram que os
trabalhadores gritam por atenção.
Não é à toa que estão ocorrendo
às vésperas da Copa. Com os
esforços voltados para o Mundial,
fica a sensação de descaso com
as questões e reivindicações do
dia a dia. Quem sai perdendo é a
população, que não tem um plano
alternativo nos setores afetados.
As embalagens brasileiras
são mal concebidas. As letras
da composição de alimentos
e remédios são minúsculas.
Se a pessoa tem uma alergia ou
intolerância, tem que usar lupa
para ler e não correr nenhum
risco. Em várias, a impressão sai
com facilidade, ou seja, data de
fabricação e validade vão para o
espaço. É preciso muita atenção.
Todos os remédios que
compro têm data de fabricação,
mas a maioria deles foi produzida
há mais de um ano. Sim, ainda
estão no prazo de validade, mas
são "velhos". Uma vez perguntei
à farmacêutica que me atendia a
razão dessa idade "provecta" dos
medicamentos e ela alegou que a
culpa é da Anvisa, que demora
muito a liberar os produtos.
Josué Brito
Melissa Santos
João Luiz Guimarães
São Paulo, SP
Recife, PE
Via site
INDICADORES
O dólar fechou em alta ante o real ontem, após o presidente do BC,
Alexandre Tombini, afirmar que a demanda pelos swaps cambiais
ofertados diariamente pela autoridade monetária está diminuindo.
TAXAS DE CÂMBIO
▲ Dólar comercial (R$ / US$)
COMPRA
VENDA
2,2140
2,2160
▲ Euro (R$ / E)
3,0203
3,0215
JUROS
■ Selic (ao ano)
META
EFETIVA
BOLSAS
▲ Bovespa - São Paulo
▲ Dow Jones - Nova York
▼ FTSE 100 - Londres
11%
10,90%
VAR. %
ÍNDICES
1,15
52.806,00
0,06
16.543,08
0,01
6.820,56
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 3
▲
BRASIL
Waldemir Barreto/Ag. Senado
OPERAÇÃO LAVA JATO
Nome de Collor em recibos de Youssef
O juiz Sergio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba,
informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a Polícia Federal
(PF) encontrou no escritório do doleiro Alberto Youssef oito
comprovantes de depósitos bancários em espécie em favor do
senador Fernando Collor (PTB-AL). Segundo o juiz, apesar dos
achados, o senador não é investigado na operação. ABr
Editor: Paulo Henrique de Noronha
[email protected]
Eleição: nova
pesquisa traz
pouca mudança
Ibope mostra que total de indecisos diminui e candidatos da
oposição sobem. Dilma, porém, ainda pode ganhar no 1º turno
Paulo Henrique de Noronha
[email protected]
Depois do programa do PSDB de
17 de abril — que reforçou a ligação do presidenciável Aécio Neves
com seu tio, o falecido presidente
Tancredo Neves — e da propaganda similar do PT de 13 de maio —
que usou a estratégia do “medo”
de uma volta ao passado — boa
parte do eleitorado que pretendia
votar branco, nulo ou não sabia
em quem votar na próxima eleição presidencial, começou a se decidir, de acordo com a mais recente pesquisa do Ibope, realizada entre 15 e 19 de maio e divulgada ontem. Pouca coisa mudou, entretanto, nas projeções de resultado
do pleito. Dilma cresceu para
40% das intenções de voto e, mesmo com o crescimento de Aécio
de 14% para 20%, e de Eduardo
Campos (PSB), de 6% para 11%,
continua com chances de ganhar
já no primeiro turno.
A soma das intenções de votos
de todos os candidatos que concorrem com Dilma — além de Aécio e
O total de indecisos
caiu de 37% em abril,
para 24% em maio. A
maioria migrou para
um candidato da
oposição — Aécio
Neves subiu 6 pontos
percentuais, e Eduardo
Campos, 5 pontos
Campos, o Ibope pesquisou os nomes de Pastor Everaldo (PSC),
Eduardo Jorge (PV), José Maria
(PSTU), Eymael (PSDC), Levy Fidélix (PRTB), Mauro Iasi (PCB) e
Randolfe Rodrigues (Psol) — chega a 36%, abaixo dos 40% da presidenta. Porém, a margem de erro
da pesquisa do Ibope é de 2 pontos
percentuais, para cima ou para
baixo, o que significa que uma vitória de Dilma em primeiro turno
não é garantida e pode se dar por
margem apertada.
A soma das intenções de votos
brancos, nulos, “não sabe” e “não
respondeu” diminuiu significativamente em relação à pesquisa anterior: caiu de 37%, em abril, para
24% em maio. A maioria desses 13
pontos percentuais foi para candidatos da oposição. Aécio foi o
maior beneficiado, subindo de
14% para 20%. Eduardo Campos
ficou com outros 5 pontos percentuais, passando de 6% para 11%. E
Dilma recebeu somente 3 pontos,
indo de 37% para 40%.
Nos dois mais prováveis cenários de segundo turno, a presidenta Dilma Rousseff continua com
confortável folga para conseguir a
reeleição. Se o candidato fosse Aécio Neves, Dilma ganharia por
43% contra 24%. Na pesquisa anterior, ela tinha os mesmos 43%,
enquanto Aécio recebia 22%das
intenções de voto — ou seja, o tucano cresceu apenas dois pontos
percentuais.
Na disputa contra Eduardo
Campos no segundo turno, Dilma
caiu dois pontos, de 44% para
42%, e o candidato socialista subiu de 17% para 22%. Mesmo assim, a petista ganharia com quase
o dobro de votos.
A avaliação positiva do governo Dilma Rousseff pelos brasileiros pouco mudou: a soma das respostas de “bom” e “ótimo” ficou
em 35%, contra 34% em abril e
36% em março. Em maio, o total
de eleitores que acham que o governo Dilma é ruim ou péssimo
chegou a 33%. A diferença entre a
aprovação e a reprovação do governo, que em março era de 9 pon-
Dilma tem 40% das
intenções de votos,
contra 36% da soma
de todos os demais
candidatos. Se a eleição
fosse hoje, ela ganharia
em primeiro turno,
mas talvez por uma
margem bem apertada
OS NÚMEROS DO IBOPE
Pesquisa Ibope - Estadão/Globo - maio 2014
Intenção
ç de voto, estimulado (%)
40
40
37
Dilma
Rousseff
(PT)
37
Em branco/nulo/
indecisos
24
Aécio
A
Neves
N
(PSDB)
(
Eduardo
Campos
(PSB)
13
14
6
6
20
11
3
2
P t
Pastor
Everaldo
(PSC)
3
MAR/2014
OUTROS
CANDIDATOS
2%
ABR/2014
Eduardo Jorge (PV), José Maria PSTU,
Eymael (PSDC), Levy Fidélix (PRTB),
Mauro Iasi (PCB), Randolfe Rodrigues (Psol)
Rejeição
Segundo
turno
Dilma Rousseff (PT)
33%
33%
MAR/2014
MAI/2014
Aécio Neves (PSDB)
MAR/2014
MAI/2014
MAI/2014
25%
20%
Dilma
43%
Aécio
24%
Dilma
42%
Eduardo Campos (PSB)
MAR/2014
MAI/2014
tos percentuais, caiu para apenas
2 pontos em maio, mesmo com o
“bom+ótimo” crescendo 1 ponto.
Outro item importante mostrado pela pesquisa do Ibope pode
ser motivo de comemoração nas
campanhas de Aécio e Campos. A
taxa de rejeição do eleitorado pela
presidenta Dilma Rousseff manteve-se em 33%, de março para
maio. Entretanto, a rejeição ao nome de Aécio Neves diminuiu 5
pontos, de 25% em março, para
20% em maio. E no caso de Eduardo Campos a redução foi ainda
maior: de 21% para 13%.
A pesquisa do Ibope mostra
que Dilma parou de crescer na Região Nordeste, onde tem 51% de
preferência do eleitorado, mas
deu um salto no Sul, passando de
29% para 39% das intenções de
voto, de abril para maio. Na segmentação por faixas salariais, Dilma cresceu mais entre os eleitores
com renda acima de 5 salários mínimos, passando de 52% para
56% das intenções de votos.
21%
13%
Campos
22%
Avaliação do Governo Dilma Rousseff
Março de 2014
Bom + Ótimo
36%
Ruim+ Péssimo
27%
Abril de 2014
Bom + Ótimo
34%
Ruim+ Péssimo
35%
Ruim+ Péssimo
30%
Maio de 2014
Bom + Ótimo
Por faixa salarial
Até 1 salário mínimo
Dilma subiu de 52% a 56%
Campos desceu de 8% para 4%
1 a 2 salários mínimos
33%
Regiões
Onde Dilma mais cresceu
SUL
Dilma de 29% para 39%
Aécio de 12% para 17%
Campos de 4% para 9%
Aécio subiu de 10% para 17%
2 a 5 salários mínimos
Aécio subiu de 17% para 22%
Mais de 5 salários mínimos
Dilma subiu de 26% para 38%
Onde Dilma menos cresceu
NORDESTE
Dilma manteve 51%
Aécio de 8% para 11%
Campos de 10% para 15%
4 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
▲
BRASIL
Fernanda Nunes
[email protected]
O rendimento em níveis elevados
permitiu em mais um mês que as
famílias optassem por manter os
seus filhos nas escolas em vez de
ingressá-los no mercado de trabalho. A Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE),
revelou estabilidade no mercado
de trabalho, porque o número de
pessoas que procuram trabalho,
sobretudo jovens, não cresce. A taxa de desemprego passou de 5%
em março para 4,9% em abril. Em
igual mês do ano passado, fora de
5,8%. A renda do trabalhador teve uma pequena queda, de 0,6%,
na comparação com o mês anterior, mas cresceu 2,6% em 12 meses, uma demonstração de uma
economia ainda vigorosa, principalmente no setor de serviços; embora, na indústria, o cenário seja
mais crítico e com a perspectiva
de piora a partir de 2015, segundo
Clemente Ganz Lúcio, economista do Departamento Intersindical
de Estatística e Estudo Socioeconômico (Dieese).
“O que começamos a observar
é um crescimento maior do desemprego na indústria, que, se
não houver reversão no médio prazo, em 2015 e 2016, poderá ter efeito no mercado de trabalho. Em
2014, a Copa e as eleições tendem
a gerar postos. A grande questão é
o emprego industrial, fortemente
assentado na questão do investimento”, salientou Lúcio. Em
abril, a indústria foi o segmento
que apresentou maior queda de
ocupação, de 1,9%, comparado a
março. Ante abril de 2013, a retração foi de 2%. O setor foi o único
também cujo rendimento caiu na
comparação anual, 1%. Frente ao
mês anterior, a queda foi de 0,2%.
No conjunto do mercado de trabalho, o retrato é de queda da população desocupada, de 3,3% em
relação ao mês anterior, alcançando 1,17 milhão de pessoas. Comparado a abril do ano passado, o número de desempregados caiu
17%, o equivalente a 240 mil pessoas incorporadas ao mercado de
trabalho. Mas, como o número de
postos criados não avançou na
mesma proporção — foram 34 mil
— a interpretação do IBGE é que
caiu o contingente à procura de
trabalho, ou seja, a População Economicamente Ativa (PEA).
“Percebemos que o que vem trazendo para baixo a taxa de desemprego é a população desocupada,
que expressa a menor procura. A
ocupação não tem apresentado
movimentos para expandir e absorver empregados como se viu no
passado. Hoje, há um cenário de
estabilidade na geração de vagas”,
afirmou a pesquisadora da Coordenação de Trabalho e Rendimento
do IBGE, Adriana Beringuy.
O professor João Saboia, especialista em mercado de trabalho
pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), não vê incoerência entre a retração da procura por trabalho e os sinais de desaceleração recente. Em sua opinião, a renda das famílias continua suficientemente elevada para permitir que os jovens permaneçam na escola por mais tempo, em vez de ingressarem no
mercado de trabalho. De fato, a
variação do contingente à procura de emprego tem se mantido
em 0,4%, mês a mês, desde
2008. Nesse período, as exceções
foram os meses de março deste
ano e fevereiro de 2010, quando
foram registrados avanços de
0,5%. A PEA de abril, de 24,1 milhões de pessoas, é a menor registrada desde julho de 2012.
“A notícia de que tem menos jovens ingressando no mercado,
porque estão estudando por mais
tempo, é positiva. Os dados da
PEA podem indicar também um
envelhecimento lento da população”, ressalta Saboia.
Para Ganz Lúcio, o Brasil ainda
vive uma dinâmica de inserção de
trabalhadores, embora com menos intensidade. O contingente
de mulheres disponíveis a ingressar no mercado de trabalho, diz
ele, já não é o mesmo de alguns
anos. “Não temos a mesma pressão da mulher, apesar de ainda termos espaço para o crescimento
desse grupo. O incremento da participação das mulheres já foi muito forte. O que há, hoje, é um número de mulheres com idade mais
avançada, que, se não entraram
no mercado, dificilmente entrarão daqui para frente”, afirma.
O economista vê na melhora
da qualidade da educação e dos
cursos de profissionalização técnica uma conquista dos jovens, que
ascenderam profissionalmente
em relação aos seus pais, e por isso valorizam o tempo de estudo,
no lugar de anteciparem a procura
por emprego. “Nisso, a escola pública é fundamental”, avalia.
“
O que começamos
a observar é um
crescimento
do desemprego
na indústria, que, se
não reverter no médio
prazo, em 2015 e 2016,
poderá ter efeito no
mercado de trabalho”
Clemente Ganz Lúcio
Economista do Dieese
Mais escola
e menos
desemprego
Caiu o número de jovens em busca de postos trabalho, o que
gerou estabilidade no mercado, na passagem de março para abril
Henrique Manreza
O setor de serviços é o que apresenta mais crescimento na ocupação, frente à indústria e construção
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 5
Divulgação
TRIGO
Camex vai avaliar redução de imposto
O Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex)
decidiu ontem que irá avaliar a possibilidade de reduzir a alíquota do
Imposto de Importação do trigo, para uma cota específica e por prazo
limitado, tendo em vista os efeitos da sazonalidade da safra. O
produto tem alíquota de 10%, estabelecida na Tarifa Externa Comum
(TEC) do Mercosul. ABr
No conjunto do
mercado de trabalho,
o retrato é de queda
da população
desocupada,
de 3,3% em relação
ao mês anterior,
alcançando 1,17
milhão de pessoas
Expectativa de consumo cai e
indústria aprofunda pessimismo
Pesquisas da CNC
e da FGV/Ibre
indicam desaceleração
da demanda doméstica
Patrycia Monteiro Rizzotto
[email protected]
São Paulo
Planejamento
vê os preços
subindo mais
O governo aumentou a
previsão oficial de inflação
para este ano, segundo o
Ministério do Planejamento.
Pelo Relatório de Avaliação
de Receitas e Despesas
Primárias, a estimativa do
Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo
(IPCA) para 2014 passou
de 5,3% para 5,6%.
A projeção de
crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) foi
mantida em 2,5%.
O percentual é levemente
superior às previsões do
ministro da Fazenda, Guido
Mantega, que espera alta
de 2,3%.
Embora o relatório seja
divulgado pelo Ministério
do Planejamento, as
estimativas para a
economia são feitas pela
Secretaria de Política
Econômica do Ministério da
Fazenda.
As previsões do governo
continuam mais otimistas
que as do mercado
financeiro. Segundo o
Boletim Focus, pesquisa
semanal com instituições
financeiras divulgada pelo
Banco Central, os analistas
acreditam que o IPCA
fechará o ano em 6,43%,
próximo do teto da meta, de
6,5%. E o PIB, crescerá
1,62% em 2014.
A queda do dólar nos
últimos meses refletiu-se
nas projeções oficiais.
Segundo o relatório, a
cotação média do dólar
corresponderá a R$ 2,29
este ano. ABr
Dois indicadores econômicos
divulgados ontem reforçam a
ideia de que a economia brasileira deve registrar este ano
uma taxa de crescimento
mais tímida, conforme análise contida no último Boletim
Focus. De um lado a pesquisa
mensal sobre Intenção de Consumo das Famílias, realizada
pela Confederação Nacional
do Comércio (CNC), apontou
queda de 2,3% em maio, no
comparativo com abril, e de
4,2%, em relação a maio de
2013 — atingindo o menor nível da série histórica iniciada
em 2011. Do outro, a prévia do
Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getúlio Vargas
(FGV/Ibre), indica que houve
um recuo de 4,6% em maio
que, se for confirmado, será o
pior resultado desde dezembro de 2008, quando o governo brasileiro buscava alternativas para evitar o impacto da
crise financeira mundial na
economia do país.
De acordo com Juliana Serapio, economista da CNC, a retração do ímpeto de ir às compras por parte do consumidor
no mês representa uma tendência observada desde dezembro de 2012. “Essa contenção se deve a uma série de fatores, sobretudo à retomada da
trajetória de alta dos juros e à
inflação dos alimentos e serviços”, afirma, mencionando
que a intenção de consumo no
país deve diminuir ainda mais
até o final do ano.
Segundo Juliana, o desânimo para as compras é maior entre os consumidores com renda familiar de até 10 salários mínimos, segmento que mais sente o peso do aumento dos preços dos alimentos no orçamento doméstico. “As perspectivas
são tão desanimadoras que o
comércio já revisou para baixo
as suas estimativas de crescimento nas vendas em 2014,
projetando uma alta de 4,9%
contra a de 5,5% divulgada no
início do ano”, diz.
E essa percepção de recuo na
demanda interna tem gerado pessimismo no setor industrial. “A
queda na confiança dos empresários da indústria está em declínio
há alguns meses, mas o aprofundamento dela é que nos pegou de
surpresa”, afirma Aloisio Campelo, superintendente adjunto de ciclos econômicos do FGV/Ibre. De
acordo com ele, foi a perspectiva
desfavorável de produção em descompasso com a demanda desacelerada que resultou no aumento
dos estoques, gerando pessimismo generalizado no meio industrial. Mas, segundo Campelo, a
percepção mais negativa da economia brasileira é observada principalmente entre os segmentos fabricantes de bens de capital e de
bens duráveis. “A indústria de máquinas e equipamentos, e a indústria automotiva estão entre as
mais prejudicadas pela alta de juros que dificulta o acesso ao crédito, por exemplo”, analisa, mencionando que o câmbio no patamar atual de R$ 2,20 voltou a afe-
tar os segmentos que sofrem concorrência dos importados, como
a de bens de capital, prejudicado
ainda pela desaceleração dos investimentos produtivos no país.
Campelo ressalta que mesmo
os segmentos industriais que vinham sendo beneficiados pela realização da Copa do Mundo, como
a indústria de eletroeletrônicos e
alimentos e bebidas, já visualizam
uma demanda mais fraca no segundo semestre. “O efeito Copa já
se esgotou”, diz.
Na opinião de Campelo, os empresários da indústria já sabem
que o governo não deve oferecer
novos incentivos fiscais, como a
redução do Imposto sobre Produtos Industrializados ( IPI), por causa do superávit fiscal.
“E para melhorar o ambiente
de negócios do ano que vem é muito importante que o governo seja
rigoroso com a questão fiscal e
com o combate à inflação, porque
há pouco a se fazer para recuperar
o ânimo do setor industrial este
ano”, afirma.
“
Para melhorar em 2015
é muito importante que
o governo seja rigoroso
com a questão fiscal
e o combate à inflação,
porque há pouco
a se fazer para
recuperar o ânimo
do setor em 2014”
Aloisio Campelo
Superintendente da FGV/Ibre
6 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
SINTONIA FINA
JULIO GOMES DE ALMEIDA
[email protected]
BONS OU MAUS RESULTADOS?
Editoria de Arte
A
pesquisa de emprego formal com base no Caged, o Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do
Trabalho, e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada
pelo IBGE nas principais regiões metropolitanas, trouxeram
apurações aparentemente contrárias sobre o andamento do
emprego no país. A primeira registrou em abril o mais baixo volume
de novos empregos formais nos últimos quinze anos, 105 mil novos
empregos, quase a metade dos 197 mil do mesmo mês de 2013. Isso
foi fruto de uma virtual paralisação das contratações líquidas na
média de dois dos mais relevantes setores empregadores, que são a
indústria e a construção civil. O primeiro demitiu em termos líquidos
3 mil pessoas; o segundo contratou somente 4 mil, praticamente um
anulando o outro. Na agricultura e no segmento mais empregador do
país, serviços, ocorreram reduções, mas o balanço de contratações e
desligamentos manteve-se positivo e expressivo. No comércio, a
geração de empregos ficou estável.
Esse conjunto de informações dá
suporte à interpretação de que a
“conta” do baixo crescimento
econômico, que já se prolonga
por quatro anos, chegou. Mais: parece certo que, como o governo se
vê limitado em executar ações anticíclicas devido às restrições fiscais, mesmo em um ano eleitoral
como é 2014, a fraqueza do emprego revelada nos meses iniciais deverá prevalecer para o restante do
ano. Se isto irá se traduzir em aumento da taxa de desemprego,
quando poderá ocorrer e, caso se
concretize, qual será sua influência eleitoral, são questões por enquanto em aberto.
A pesquisa de emprego do
IBGE, que cobre o emprego formal e o informal, sugere que o
momento em que a deterioração
das novas contratações se revelará em maior taxa de desocupação pode ser adiado por uma particular combinação de ritmos
com que caminham a ocupação
e a população economicamente
ativa. A peculiaridade do caso
brasileiro reside no fato de que a
despeito do número de pessoas
ocupadas já não mais evoluir como antes, e em alguns períodos
registrar recuos, o que elevaria a
taxa de desemprego, a população economicamente ativa —
que avalia a dimensão da força
de trabalho — tampouco marcha
na velocidade de tempos atrás e
recentemente revela tendência
de recuo sistemático. Em outras
palavras, se por um lado o emprego está mais fraco, por outro um
menor número de pessoas se
apresenta para trabalhar. É isto o
que vem amenizando ou mesmo
revertendo o impacto da queda
do número de empregados sobre
a taxa de desocupação.
Pois bem, os últimos resultados da PME vêm mostrando uma
leve melhora no ritmo da ocupação, que nos últimos quatro meses passou de variação negativa
para variação zero. Paralelamen-
Menos pessoas se
apresentam para
trabalhar.
A explicação pode
estar no aumento de
rendimento, graças
à redistribuição
da renda, entre
outros fatores
te, era mantida a redução da força de trabalho em um índice próximo a 1%. Isto significa dizer
que a geração de empregos pode
continuar anêmica, sem que isso
altere para pior a característica
central do mercado de trabalho
na atualidade: o emprego é alto e
a taxa de desocupação é baixa.
Por que a força de trabalho recua? A razão não parece ser o
“desalento”, que leva uma parcela da população a desistir de procurar trabalho. Não estamos nessa situação. Também não está relacionada diretamente à oferta
maior e condições mais favoráveis para que os jovens permaneçam mais tempo no ensino formal ou se dediquem a cursos de
formação ou aperfeiçoamento
técnico e profissional. A melhoria dessas condições de fato ocorreu, mas o que realmente propor-
Em certo momento
futuro aumentará
o ingresso de pessoas
no mercado,
mas hoje a população
economicamente
ativa vem
mantendo um ritmo
regular de queda
cionou às famílias um raio de manobra mais elástico para planejarem o ingresso de seus membros
no mercado de trabalho foi o aumento de rendimento, promovido, dentre outros fatores, pela redistribuição da renda.
Certamente, em certo momento futuro aumentará o ingresso de pessoas no mercado, talvez
ampliando em alguns pontos percentuais adicionais o crescimento da força de trabalho, o que poderá ter efeito inverso ao que
vem tendo atualmente sobre a taxa de desemprego. Nada disso parece estar em vias de ocorrer, pelo contrário, como já foi observado, a população economicamente ativa vem mantendo um ritmo
regular de queda.
Coluna publicada às sextas-feiras
*Julio Gomes de Almeida, Professor do
Instituto de Economia da Unicamp e
Ex-Secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 7
Paulo Fridman/Bloomberg
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BRASIL
ZONA FRANCA DE MANAUS
Polo industrial entra em expansão
A Zona Franca de Manaus se prepara para receber 41 novos
empreendimentos na região por meio do Processo Produtivo Básico.
Ao todo, o polo industrial receberá R$ 674 milhões em investimentos
nos próximos três anos e vai gerar 470 empregos diretos. Do total de
projetos, 13 são de implantação de novas empresas e 28 de
atualização, diversificação ou ampliação das já instaladas. Redação
Mais modais de transporte
Com safra 50% maior em 10 anos, país vai precisar ampliar opções de transporte para ganhar competitividade
Murillo Constantino
A soja que sai de
Sorriso (MT) rumo à
China percorre 2,5 mil
quilômetros até o Porto
de Santos, ao custo de
US$ 190 a tonelada.
Nos EUA, com o uso de
ferrovias, o custo da
tonelada é de US$ 71
Patricia Büll
[email protected]
São Paulo
A produção de grãos no Brasil deve aumentar entre 40 milhões e
50 milhões de toneladas nos próximos dez anos, aumentando em
cerca de 50% a produção atual, de
87 milhões de toneladas. Isso significa que o país vai precisar de
um porto com a capacidade do
Porto de Santos para escoar essa
produção, sob o risco de ampliar o
caos logístico que o país enfrenta.
Os dados foram apresentados ontem pela Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp), no
último dia da Semana de Infraestrutura realizada em parceria com
a Federação da Indústria do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Para o coordenador do Movimento Pró-Logística da Aprosoja,
Edeon Vaz Ferreira, é preciso destravar as licitações para a construção de novos portos e agilizar as
construções a tempo de atender à
safra projetada. “Mas, além disso,
é preciso pensar novos pontos de
escoamento, fora do eixo Sul-Sudeste", disse.
Segundo Ferreira, 54% de toda
a produção de soja e milho do país
fazem parte da nova fronteira agrícola, localizada na região central
do Brasil, daí a necessidade de se
pensar opções de escoamento ao
norte do país, aliviando a demanda dos portos de Santos e Paranaguá, responsáveis hoje por 58% e
9% respectivamente do escoamento da safra do Mato Grosso”.
Empresários discutem gargalos logísticos do Brasil, especialmente no transporte de carga agrícola
Dessa forma, será possível também melhorar a competitividade
da nossa soja”, afirmou Ferreira.
Ele lembra que o custo logístico é um dos principais encargos
dos produtores, o que diminui a
margem de lucro. Como exemplo,
cita que a soja que sai de Sorriso
(MT) rumo à China percorre 2,5
mil quilômetros até o Porto de Santos, de onde é embarcada. Como a
maior parte do trajeto é feita por
rodovias, o custo de uma tonelada
é de US$ 190. Já nos Estados Unidos, igualmente continental, mas
que utiliza mais ferrovias, o custo
da tonelada é de US$ 71. “Isso mostra a diferença que faz ter um modal de transporte diversificado, ao
contrário do Brasil, que escolheu
priorizar rodovias”.
Ferreira reconhece que a escolha foi feita porque as rodovias
chegam a qualquer lugar. “Mas se
quiser aproveitar a janela de oportunidade que se desenha, o país te-
rá de rever essa preferência e investir na intermodalidade”, afirmou.
Enquanto discutiam os caminhos da logística no Brasil, a presidente Dilma Rousseff (abaixo) entregava trecho de 855 quilômetros
da ferrovia Norte-Sul, retomando
um modelo de transporte citado
pelos empresários como o ideal para cargas de longa distância.
Essa é a opinião também da diretora de logística da Odebrecht
Transport, Juliana Baiardi. A em-
Roberto Stuckert Filho/PR
NOVO TRECHO DA FERROVIA NORTE-SUL É INAUGURADO
■ A presidenta Dilma Rousseff
inaugurou ontem um trecho de
855 quilômetros da Ferrovia
Norte-Sul, entre as cidades de
Palmas (TO) e Anápolis (GO),
complementando o segmento
que já opera desde 2007 entre
Palmas e Açailândia (MA). Na
inauguração, a presidenta disse
que a ferrovia funciona como
uma “coluna vertebral” do
sistema de logística do país,
aproximando o interior do
litoral. O projeto e a construção
da linha férrea, que tem 27 anos,
só foi retomado em 2007.
A etapa da Norte-Sul
inaugurada ontem contou
com investimentos de
R$ 4,2 bilhões, oriundos do
Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC). ABr
presa já atua com transporte ferroviário de pessoas e agora, disse a
executiva, a empresa estuda participar do novo modelo ferroviário
como operador ferroviário independente (OFI). Essa figura é prevista no modelo chamado open access, que separa o responsável pela obra civil da via e os operadores
dos trens e vagões.
“A empresa quer se tornar um
operador logístico completo e a
ferrovia é parte dessa cadeia”.
8 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
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BRASIL
Nicola Pamplona
[email protected]
Criado em 2010 com o objetivo de
investir em projetos de desenvolvimento regional e constituir poupança de longo prazo para o país,
o Fundo Social com recursos dos
royalties do petróleo vem servindo apenas para compor o superávit primário do país. Com uma receita acumulada de quase R$ 1,2
bilhão, o fundo ainda não começou a operar, por falta de regulamentação pelo Ministério da Fazenda. A expectativa é que a receita atinja a casa dos R$ 2 bilhões ao
final do ano.
O Fundo Social é composto pela parcela da União na arrecadação dos royalties cobrados sobre a
produção do petróleo. Começou a
arrecadar em 2012, quando teve
receita de R$ 311,5 milhões, segundo dados da Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em 2013, recebeu mais R$ 498,3 milhões. Este
ano, em três meses, recebeu R$
386,3 milhões. A receita tende a
crescer nos próximos meses, com
a evolução da produção de petróleo no país.
Nenhum dos dois conselhos
previstos em lei para gerir o fundo, porém, foi criado. Segundo a
Lei 12.351, de dezembro de 2010,
um deles, o Comitê de Gestão Financeira do Fundo Social, deve
ter em sua composição o ministro
da Fazenda, o ministro do Planejamento, o Presidente do Banco
Central do Brasil, entre outros representantes. Esse grupo terá como função definir a política de investimentos do fundo. Procurado, o Ministério da Fazenda não
se pronunciou.
“Parece que o fundo social será
mais um fundo para compor o caixa único do governo, sem cumprir com o papel proposto”, comenta Cláudio Pinho, advogado
especialista em petróleo da Araújo Pinho Advogados Associados,
lembrando que estratégia semelhante já vinha sendo adotada
com os royalties arrecadados antes da criação do fundo. “O setor
de petróleo no Brasil vem sendo
usado de forma recorrente para gerar superávit primário”, completa o especialista, autor de um livro
sobre o marco regulatório do présal, instituído pela Lei 12.351.
De fato, com base em dados do
Sistema Integrado de Administração Financeira do Tesouro Nacional (Siafi), os economistas José Roberto Afonso e Vilma da Conceição Pinto, do Ibre/FGV concluem
que o desembolso de verbas originárias da exploração de petróleo
tem sido bem inferior à arrecadação. Em estudo intitulado “Entesouramento dos Recursos Federais”, eles concluem que 87,7%
das receitas com a exploração de
petróleo do pré-sal ficaram nas
contas do Tesouro. Com relação
aos royalties cobrados sobre cam-
Petróleo social
vira superávit
Fundo formado com recursos do setor que seriam destinados à educação e à saúde
ainda não foi regulamentado. Enquanto isso, R$ 1,2 bilhão entram na conta do Tesouro
Lei prevê a instituição
de um comitê gestor,
para definir política
de investimentos,
e de um conselho
deliberativo, para
propor prioridades
e aplicações dos
recursos do fundo
pos mais antigos de petróleo, 22%
ficaram sem uso. O estudo considera a arrecadação e os desembolsos entre 2012 e janeiro de 2014.
“É alegado que o governo pode
reter boa parte do que se arrecada
com loteria sob pretexto de aplicar nas áreas sociais, é pregado
que os royalties do pré-sal financiarão a educação e que os royalties do pós-sal custearão a marinha que deve proteger as reser-
vas. Até do cinema se arrecada a
pretexto de beneficiar as artes,
mas, no final, parcelas diferenciadas, mas expressivas de tais receitas deixam de ser gastas”, concluem os pesquisadores do Ibre.
Eles citam ainda a Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico (Cide), cobrada
sobre os combustíveis, nunca
cumpriu seu papel de financiar
investimentos em infraestrutura
de transportes. Hoje, a alíquota
foi reduzida a zero para segurar o
preço da gasolina. “Ao aumentar
cada vez mais o caixa, no fundo,
só se está indiretamente transferindo receitas de uma finalidade
para outra: reduzir a dívida líquida e assim gerar superávit primário”, resumem.
O Brasil Econômico perguntou como estão sendo remunerados os recursos do Fundo Social
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 9
Divulgação
CARTEL
Cade faz operação em 10 empresas
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgou
ontem que a Superintendência Geral da autarquia realizou busca e
apreensão em dez empresas na véspera, em operação que investiga
suposto cartel nos mercados de resinas para revestimentos e
compósitos. A operação ocorreu em escritórios e sedes das
companhias em 12 cidades de São Paulo, Espírito Santo e Paraná. ABr
Ag. Petrobras
“
“Parece que o Fundo
Social será mais um
fundo para compor
o caixa único do
governo. O setor de
petróleo vem sendo
usado de forma
recorrente para gerar
superávit primário”
Cláudio Pinho
Mais R$ 30 bilhões
em investimentos
em óleo e gás
Setor é carro-chefe em
projeções do BNDES para
aportes. O banco prevê
R$ 4 trilhões até 2017
Sócio do Araújo Pinho
Redação
“
Até do cinema se
arrecada a pretexto
de beneficiar as
artes, mas, no
final, parcelas
diferenciadas, mas
expressivas de tais
receitas, deixam
de ser gastas”
[email protected]
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê investimentos de R$
4,07 trilhões na economia brasileira até 2017. O valor é pouco maior
do que os R$ 3,98 trilhões projetados anteriormente, em outubro de
2013. O setor de petróleo e gás continua como o carro-chefe do investimento, com previsão de R$ 488
bilhões no período, ou R$ 30 bilhões a mais do que a estimativa do
ano passado. Os números fazem
parte da atualização do estudo
Perspectivas do Investimento para
o período 2014-2017, elaborado pela Área de Pesquisa e Acompanhamento Econômico do banco.
A revisão do documento incluiu investimentos em mobilidade urbana, que fazem parte do setor de infraestrutura social e inclui ainda saneamento. Segundo
os técnicos do BNDES, serão investidos R$ 89 bilhões em mobilidade até 2017, valor 83% superior ao
realizado entre os anos de 2009 e
2012. Ao todo, a indústria deve investir, R$ 1,15 trilhão, incluindo o
setor de petróleo e gás, valor 31%
superior ao estimado em outubro
de 2013. Já o setor de infraestrutura responderá por R$ 575 bilhões,
puxado sobretudo pelos segmentos de portos e ferrovias, contemplados pelo programa de concessões do governo.
José Roberto Afonso
Economista
SECRETARIA DE
SEGURANÇA URBANA
enquanto não sai a regulamentação para a sua aplicação, mas
não obteve resposta. A lei estabelece que os gestores do fundo divulguem relatórios trimestrais
de desempenho. Procurado, o
Tribunal de Contas da União
(TCU) informou que ainda não
realizou nenhuma auditoria específica no Fundo Social.
Parte dos recursos vai
para educação e saúde
No ano passado, lei aprovada no
Congresso destinou parcela dos recursos do fundo para investimentos em educação e saúde. Segundo o texto, 50% dos rendimentos
das aplicações de royalties arrecadados com contratos de concessão assinados antes de dezembro
de 2013 devem ter essa destinação. Para contratos assinados depois, 50% de toda a arrecadação
devem ir para escolas e hospitais.
Neste caso, já se inclui o campo de
Libra, primeiro projeto licitado
sob o modelo de partilha da produção, mas ainda não em operação.
Além disso, a lei destinou toda
a arrecadação de estados e municípios com royalties para investi-
mentos em educação e saúde.
Pinho diz que ainda há dúvidas
sobre como se dará essa aplicação. “Não sabemos ainda se os
recursos dos royalties serão encarados como verba para investimentos adicionais ou vão
substituir as fontes hoje usadas
pelos municípios nestes dois setores”, diz ele, ressaltando que
é preciso também melhorar a
fiscalização sobre os gastos.
O deputado federal Carlos
Zarattini, relator do projeto de
lei que destinou os royalties para educação e saúde diz que os
recursos carimbados do fundo
ainda são pequenos, por contarem apenas com a receita de
campos existentes do pré-sal,
hoje produzindo cerca de 400
mil barris por dia. “Acredito
que a regulamentação saia até
o final do ano, para que os investimentos possam sair”, afirma. “Mas o grande problema é
que o Brasil tem que cumprir o
superávit primário. E cada vez
que aumenta a taxa Selic, aumenta a dívida e mais dinheiro
é preciso para atingir este objetivo”, finaliza.
ABERTURA DE LICITAÇÃO
Acha-se aberta na SECRETARIA MUNICIPAL DE SEGURANÇA URBANA,
licitação na modalidade PREGÃO ELETRÔNICO N° 004/SMSU/2014 - Processo
Administrativo nº 2014-0.040.576-5, que tem por objeto a AQUISIÇÃO DE 400
(QUATROCENTAS) ARMAS DE FOGO, TIPO REVÓLVER, CALIBRE 38,
PARA USO DOS INTEGRANTES DA GUARDA CIVIL METROPOLITANA NAS
CONDIÇÕES E QUANTIDADES ESPECIFICADAS NO ANEXO I - TERMO DE
REFERÊNCIA DO EDITAL.
A abertura acontecerá no dia 05/06/2014 às 11:00 horas e o Edital e seus anexos
poderão ser adquiridos pelas interessadas no horário das 9h30 às 15h30, até
o último dia útil que anteceder a abertura, mediante o recolhimento aos cofres
públicos da importância de R$ 0,15 (quinze centavos) por folha, por meio da DAMSP
que será fornecida na SMSU, na Rua Augusta, 435 - 1º andar, Centro - São Paulo/SP,
ou através da Internet pelos sites: http://e-negocioscidadesp.prefeitura.sp.gov.br
http://www.bec.sp.gov.br ou http://www.bec.fazenda.sp.gov.br.
SECRETARIA DE ESPORTES,
LAZER E RECREAÇÃO
EDITAL DE CHAMAMENTO PÚBLICO
N° 01/SEME-GAB/2014 - “VIRADA ESPORTIVA 2014”
A Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação - SEME comunica que
estará aberto, no período de 23 de maio a 24 de junho de 2014, o prazo para
as inscrições de propostas que pleiteiem celebrar convênios nos termos do artigo
116 da Lei Federal nº 8.666/93, de acordo com as disposições deste edital e do
Decreto Municipal nº 48.266/07, para o evento “VIRADA ESPORTIVA 2014”,
a ser realizado na Cidade de São Paulo, nos dias 20 e 21 de setembro de 2014 e,
supletivamente, para outros eventos da Secretaria.
1.1 Objeto
Constitui objeto deste chamamento a seleção de projetos destinados à
realização em parceria com a SEME de eventos esportivos, recreativos e de
lazer, prioritariamente de atividades participativas, que integrarão a programação
oficial da Virada Esportiva 2014, e supletivamente outros eventos da SEME,
apresentados por entidades sem fins econômicos, doravante denominadas
“proponente”.
2. Da Inscrição e Apresentação do Projeto
2.1. Local de inscrição e horário de atendimento:
O requerimento de inscrição e os demais documentos exigidos neste edital deverão ser
entregues pessoalmente pelo representante legal do proponente ou seu procurador,
devidamente qualificado, na Coordenadoria de Gestão de Parcerias e Organizações
Sociais - CGPO da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação, localizada
na Alameda Iraé, nº 35, Moema, de segunda a sexta-feira, no horário das 10:00 às
16:00 horas, somente durante o período indicado no preâmbulo deste edital, mediante
prévio agendamento do horário de atendimento, por correspondência eletrônica para
o endereço [email protected], devendo o proponente interessado
solicitar o agendamento com, no mínimo, uma semana de antecedência à data limite,
isto é, até o dia 17/6/2014, às 13:00 horas.
10 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
▲
BRASIL
OS TERMINAIS DE
REGASEIFICAÇÃO DE GÁS
NATURAL LIQUEFEITO (GNL)
NO BRASIL
O novo caminho
do gás
Transporte
Pelas características
especiais do gás em estado
líquido, os navios usados para
transportar o GNL usam
tanques esféricos. O design,
conhecido como Moss, é de
patente norueguesa, da Moss
Maritime, e cada navio pode
ter de quatro a cinco tanques
Com a escassez de água nos
reservatórios das hidrelétricas, o
Brasil vem se tornando cada vez
mais dependente de importações
de gás natural para garantir o
suprimento de energia. Além do
contrato de 30 milhões de
metros cúbicos por dia com a
Bolívia, a Petrobras tem
recorrido a outros mercados, por
meio da compra de gás natural
liquefeito (GNL), tecnologia que
permite transportar o
combustível em navios e
caminhões. Mais caro que as
outras fontes, o GNL respondeu
em fevereiro por 21% da oferta
de gás no país. Veja aqui como
funciona este mercado.
Porto de Pecém
FORTALEZA
7 milhões de m3/dia
Baía de
Todos os
Santos
SALVADOR
14 milhões
de m3/dia
Gás
vira
líquido
1
O gás natural chega
ao armazenamento
2
Para que passe ao
estado líquido, o
gás é resfriado a
161,1ºC negativos
e submetido a
alta pressão
3
Já liquefeito, o
combustível é estocado
aguardando transporte
4
O gás é enviado aos
cargueiros
Baía de Guanabara
RIO DE JANEIRO
20 milhões de m3/dia
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 11
Paulo Fridman/Bloomberg
COPA DO MUNDO
Ethos: cresce transparência dos estados
A transparência dos estados que sediarão os jogos da Copa do
Mundo 2014 sobre os investimentos de infraestrutura aumentou
neste ano, em comparação com 2013. É o que aponta a a segunda
edição da pesquisa do projeto Jogos Limpos, elaborada pelo Instituto
Ethos. Os maiores avanços ocorreram no Nordeste, sobretudo no
Ceará e em Pernambuco. Redação
Líquido
vira gás
de novo
CONSUMO DIÁRIO DE GÁS
NO BRASIL
7
5
Média, em milhões de m3
44,33
Estocado, o gás
está pronto para
ser utilizado
Oferta
nacional
de gás
O GNL é
armazenado em
tanques nos
terminais
6
39,73
42,60
33,83
O combustível
passa pelo
processo de
vaporização e
retorna ao
estado gasoso
44,51
32,97
31,75
28,04
32,07
27,54
22,20
Transporte
por caminhões
26,91 26,86
21,17
22,10
FEV
2014
Importado
da Bolívia
No estado
líquido, o gás pode
ser transportado em
caminhões, eliminando
a necessidade de linhas
de gasodutos
14,56
Média
2013
TANQUES ESPECIAIS
8,50
O formato esférico é vantajoso para o transporte do gás por
oferecer mais resistência estrutural e evitar que o tanque fique em
contato direto com o casco do navio. Além disso, diferentemente
dos cascos quadrados, não existe o efeito de sloshing, ou
chacoalhamento do conteúdo dos tanques
Isolante
térmico
11,61
7,64
0,72
Média
2009
Proteção
externa
GNL
Média
2010
1,64
Média
2011
PAÍSES QUE EXPORTARAM
PARA O BRASIL EM 2013
Noruega
Camada de
alumínio
GÁS
LIQUEFEITO
Editoria de Arte/Fernando Alvarus
Espanha
Bélgica França
Portugal
Catar
Argélia
Egito
Nigéria
Angola
Trinidad e Tobago
12 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
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BRASIL
Último dia
da semana
de Angola
na PUC-Rio
‘Não! Não! Não! Não
enganei a presidenta’
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró voltou a dizer que Pasadena foi um bom
negócio e que seria aprovado mesmo que as cláusulas polêmicas fossem apresentadas
Universidade carioca
promove debates de
empresários, seminários
e programas culturais
Antônio Cruz/ABr
Edla Lula
Eduardo Miranda
[email protected]
Brasília
[email protected]
A Petrobras compraria a refinaria
de Pasedena ainda que constassem do relatório apresentado ao
Conselho de Administração as
duas cláusulas que deram vantagens à ex-sócia Astra Oil. A aposta foi feita pelo ex-diretor da área
Internacional da empresa, Nestor
Cerveró, em depoimento, ontem,
na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga irregularidades na operação
de compra, ocorrida em 2006.
Em vários momentos da audiência, com duração de três horas, o executivo sustentou que o
negócio foi bem sucedido e que as
cláusulas Marlim, com garantias
de rentabilidade, e Put Option,
com garantias de saída, não eram
as mais relevantes do contrato.
Cerveró foi instigado pelo relator da comissão, José Pimentel
(PT-CE), a opinar se o conselho
rejeitaria a compra na suposição
de que os dois itens fizessem parte de seu relatório. “Uma é cláusula de saída, e a outra é cláusula
de proteção do negócio da refinaria. Ora, ninguém aprova um negócio pensando na saída. Isso é
um detalhe contratual. Então,
certamente, não seria rejeitada”, respondeu.
Segundo o ex-diretor — acusado pela presidenta Dilma Rousseff
de ter submetido ao conselho, do
qual era presidente, um sumário
executivo “técnica e juridicamente falho” — à época das negociações o que importava para a decisão era o cenário de crescimento
do mercado americano e de necessidade de refino do petróleo pesado brasileiro.
Funcionário concursado da empresa por 34 anos, Cerveró demonstrou irritação em um único
momento, quando o relator questionou se teria omitido propositalmente as informações sobre as
duas cláusulas. “Foi-me perguntado se eu teria enganado a então
presidente do Conselho de Administração. Não! Não! Não! É evidente que não. Não só a presidenta: eu teria enganado todo o Conselho. Não!”, disse, acrescentando
considerar “extremamente injusto” levantar a suspeita de que ele
teria enganado Dilma.
Cerveró depôs com a presença de apenas três senadores integrantes da CPI da Petrobras
Em uma quinta-feira de Congressovazio, nem mesmo integrantes da CPI pertencentes à base aliada demonstraram interessepelo depoimento.Dos 13titularesda comissão, apenas os senadores Pimentel,
VitaldoRego(PMDB-PB),presidente da comissão e Vanessa Grazziotin
(PC do B – AM) acompanharam o
depoimento. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), não compareceu por estar no velório do pai.
“
Foi-me perguntado
se eu teria enganado
a então presidente do
Conselho de
Administração. Não!
É evidente que não.
Não só a presidente:
eu teria enganado todo
o Conselho”
Nestor Ceveró
Ex-diretor internacional da estatal
Apesar das ausências — a oposição não participa por protestar
contra a investigação parlamentar apenas no senado — a audiência seguiu o rito próprio do interrogatório, com o relator fazendo perto de 150 perguntas. Não houve réplicas nem confrontos.
Esta foi a segunda oitiva da CPI
da Petrobras, instalada há duas semanas. Na primeira, foi ouvido o
presidente da estatal à época da
negociação, José Sérgio Gabrielli.
A próxima está marcada para 27
de maio, quando será ouvida a presidente da estatal, Graça Foster.
O depoimento de Foster coincidirá com a instalação de outra
comissão criada para investigar
exatamente o mesmo assunto.
Nesse dia, o presidente do Congresso, Renan Calheiros, anunciará o nome dos integrantes da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) da Petrobras.
Pressionado pela oposição, que
criou um site e instalou no Salão
Verde da Câmara um telão com a
lista dos partidos que não indicaram os membros para a CPMI, o
PT da Câmara divulgou ontem os
deputados Marco Maia (RS) e Sibá
Machado (AC) como titulares e
Esta foi a segunda
oitiva da CPI
da Petrobras.
A próxima está
marcada para
27 de maio,
quando será ouvida a
presidente da estatal,
Graça Foster
Afonso Florence (BA) e Iriny
Lopes (ES) como suplentes. Os
partidos da base no Senado ainda não fizeram suas indicações
e têm até a próxima terça. Caso
contrário, o presidente indicará, como fez com a oposição no
caso da CPI do Senado.
Será a primeira vez que
duas CPIs tratarão do mesmo
tema ao mesmo tempo. O presidente Renan argumenta que
não há como cancelar a comissão do Senado por haver uma
determinação do Supremo Tribunal Federal, provocada pela
própria oposição.
País africano com o maior crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB), de 5,3% ao ano,
Angola está sendo homenageada na PUC-Rio, com uma série
de debates, seminários e eventos culturais. A universidade,
por meio de sua Central de Estágios e Serviços Profissionais
(CCESP), apresenta, também,
um mapa de oportunidades
em empresas brasileiras que estão em atividade naquele país.
Coordenador do CCESP e
responsável pela organização
da Semana de Angola, o professor André Lacombe Penna da
Rocha fez um balanço do evento, que começou na última segunda-feira e termina hoje.
“Percebemos, ao longo da semana, que os participantes
mostram muito interesse em
conhecer o país, estabelecer
parcerias, fazer investimentos,
intercâmbio educacional e projetos de pesquisa em conjunto.
Acredito que este evento pode
ser o início de uma parceria
mais estreita entre os dois países”, afirma.
A escolha do mês de maio
para a realização da homenagem à Angola tem relação com
um encontro realizado na Etiópia, no dia 25 de maio de 1963,
entre vários chefes de Estado
africanos, que marcou a fundação da Organização da Unidade Africana (OUA). Hoje, a organização é conhecida como
União Africana e, com o reconhecimento da ONU da importância deste encontro, foi instituído na década de 70 esta data
como o Dia da África.
Hoje, no campus da PUCRio, na Gávea, Zona Sul da cidade, professores e empresários
angolanos e brasileiros conversam, às 9h, na mesa redonda
Capital Humano para Angola;
às 11h, a universidade promove
a mesa Intercâmbio — MBA
Atlântico (Angola, Brasil, Portugal); às 13h30, bailarinos
apresentam danças tradicionais angolanas; às 15h, será exibido o filme ‘I Love Kuduro’.
Até às 20h, fica em cartaz, no
pilotis da PUC, a Exposição das
Maravilhas de Angola.
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 13
Carlos Moraes
PF E RECEITA
Ação contra câmbio ilegal
A Receita Federal e a Polícia Federal iniciaram ontem a Operação
Sustenido, que visa desmontar uma organização criminosa que há
mais de três anos faz ações ilegais de câmbio em Foz do Iguaçu, no
Paraná, e no Paraguai. O grupo age por meio de compensações
internacionais, atendendo a clientes envolvidos em “descaminho,
contrabando, sequestro e tráfico de drogas”. ABr
O CONSUMIDOR FLUMINENSE
Os números gerais
Por renda
Alimentação
72,7
64,3
59,4
55,2
66
Cursos
20,4
25,1
24,9
22
18,5
17,5
15,9
12,1
9,8
14,7
22,2
32,7
22,9
Roupas
17,1
Viagens
15,6
Automóveis
7,5
12,6
16,3
15,4
11,6
12,4
10,6
6,8
7,7
10,7
12,8
13,5
11,4
Eletrodomésticos
11,3
Livros
10,1
Celular
7,5
Computador/tablet
5,3
Cinema
3,1
Teatro
2,2
Aumento nos gastos com alimentação é o principal receio dos
consumidores locais, que vão preferir assistir aos jogos em casa
EM SALÁRIOS
MÍNIMOS
Até 2
De 2 a 5
De 5 a 10
10 ou mais
7,5
8
7,1
6,5
4,6
6,4
5,5
3,9
2,5
3
3,4
5,2
1,4
2,3
3
4,2
Às vésperas da
Copa, inflação
preocupa no Rio
Fonte: Instituto Informa
OS CARIOCAS E A COPA
Pretendem ficar na cidade durante a Copa do Mundo
91,6
Aline Salgado
[email protected]
A 21 dias da Copa do Mundo, a
maioria dos cariocas vai preferir
assistir aos jogos em casa. Muito
além do conforto, a explicação pode estar na preocupação com o aumento dos gastos com a alimentação. É o que aponta duas pesquisas realizadas com moradores do
Estado e da Cidade do Rio.
Segundo a pesquisa do Instituto Informa, que ouviu 10.341 fluminenses, entre fevereiro e abril,
a maioria dos moradores do Rio de
Janeiro (66%) têm no custo da alimentação a maior expectativa de
aumento de gastos. A percepção é
maior, 72,7%, na classe de menor
poder aquisitivo, pessoas que ganham até dois salários mínimos —
R$ 1.448. No entanto, 55,2% dos
que recebem dez salários ou mais
também acreditam que gastarão
mais com comida.
Para Fábio Gomes, diretor-presidente do Instituto Informa, a
comprovação pela experiência do
dia a dia de que os alimentos estão
mais caros pode ter influenciado a
Pretendem acompanhar os jogos do Brasil em Casa
55,7
Afirmaram que nenhum legado será deixado para a cidade
55,7
Quem mais está ganhando com a Copa são os políticos
73,6
Quem mais está ganhando com a Copa são as construtoras
51,6
Disseram ser a favor da copa
Nem contra nem a favor
45
16
Em alimentos
e bebidas, a inflação
88,4 acumulada no ano,
segundo o IPCA-15,
Acham que as manifestações vão atrapalhar o andamento da copa
chega a 5,43% no país
54
e, no Rio, a 6,28%.
Se houver manifestações não vão participar
Cidade é uma das
88,2 mais caras, perdendo
só para Curitiba
Fonte: Overview Pesquisa
Acham que haverão manifestações
expectativa do consumidor fluminense a respeito do aumento de
seus custos ao longo deste ano.
“No ponto de vista destes consumidores, a alimentação será a
categoria de consumo que vai sofrer mais impactos. E isso ocorre
independentemente da renda”,
aponta Fabio Gomes.
Desde o início do ano, a inflação no Rio de Janeiro não vem dando trégua. Os dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, das nove
regiões metropolitanas e mais
duas cidades no país analisadas para a formulação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), o Rio de Janeiro é a que conta com a maior inflação acumulada no ano, até maio.
O índice ficou em 3,89%, frente a
3,51% do indicador nacional.
No item alimentos e bebidas, a
inflação acumulada no ano, no
país, chega a 5,43% e, no Rio de Janeiro, a 6,28% — uma das regiões
mais caras, perdendo apenas para
Curitiba, com 6,36%.
Seguida da alimentação, a pesquisa do Instituto Informa mostra
que os aumentos nos gastos com
educação (cursos), roupas e viagens são os principais itens de expectativa dos fluminenses. O que,
para Gomes, não significaria apenas uma preocupação com o peso
da inflação. O resultado mostra
também uma tendência dos moradores do Rio de investirem mais
nessas áreas.
“Quanto melhor a escolaridade, maior o interesse em investir
em cursos. Embora o país tenha tido uma mudança na formação das
classes sociais, o aumento de renda não significa diretamente um
crescimento no consumo de bens
ligados à educação”, diz Gomes,
destacando os baixos percentuais
de gastos com livros (10,1%), cinema (3,1%) e teatro (2,2%).
Para a Copa do Mundo, a tendência é de que os cariocas fujam
dos preços altos. Segundo levantamento da Overview Pesquisa,
com 823 moradores da cidade do
Rio de Janeiro, entre os dias 5 e 12
de maio, 91,6% pretendem ficar
na cidade durante o Mundial. Des-
Mesmo apostando que
haverá manifestações
durante os jogos,
levantamento da
Overview Pesquisa
mostra que 88,2% dos
cariocas não planejam
participar dos atos
durante o Mundial
se grupo, 55,7% planejam acompanhar os jogos em casa.
Sócio diretor da Overview Pesquisa, Luis Eduardo Guedes acredita que os transtornos causados
pelos jogos na cidade, como fechamento de ruas e esquema especial
de trânsito, possam estimular o carioca a decidir assistir aos jogos
em casa. “O aumento na compra
de televisores reflete essa intenção. Nas outras Copas, as pessoas
se deslocavam para a casa de amigos, mas com o evento aqui, a dificuldade de locomoção acaba sendo um impeditivo”, observa Guedes, descartando o medo das manifestações como causa.
“Mesmo que 88,4% acreditem
que haverá manifestações e 54%
achem que os protestos vão atrapalhar o andamento da Copa, a maioria, 88,2%, disse que se houver
manifestações durante o Mundial
não vão participar. Quando os jogos começarem será uma festa para os cariocas. As manifestações
vão perder força e os problemas
vão ser deixados de lado”, aposta.
14 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
▲
EMPRESAS
Editora: Flavia Galembeck
[email protected]
Rodrigo Carro
[email protected]
Porto, Portugal
Marcada para terminar em 15 de
dezembro de 2015, a cobrança de
tarifas de roaming na União Europeia significará bem mais do que
um passo na direção da integração de seus 28 países-membros.
A mudança vai afetar tanto a receita das teles como o próprio modelo de negócios adotado por elas
— a tendência é de que as companhias se consolidem em grandes
operadoras europeias, com cobertura em todo o continente.
Com o fim do roaming na região, o cliente de uma empresa de
telefonia móvel poderá utilizar a
rede celular de outra companhia
para serviços de voz ou dados sem
pagar nada a mais por isto. Atualmente, existem mais de 200 operadoras de telecomunicações na região, sujeitas a regras distintas e
com preços bastante diferentes entre si, de acordo com um relatório
elaborado pelo Parlamento Europeu. O documento estima que essa fragmentação no atendimento
ao mercado custe à Europa até
0,9% do seu produto interno bruto (PIB), o equivalente a € 110 bilhões por ano. A expectativa é de
que, com a eliminação das tarifas
de roaming, as empresas ganhariam 300 milhões de novos clientes. Em 2013, uma diminuição de
35% nas taxas de roaming de dados fez com que a utilização do serviço crescesse mais de 100%.
Se para os clientes das teles europeias a notícia é positiva, para
as companhias a eliminação da
tarifa significará — pelo menos
no curto prazo — perda de faturamento. “As receitas de roaming
continuam a ser de muito valor
para as empresas”, afirma Mário
Rosas, arquiteto de Produto para
Roaming e Interligação da WeDo
Technologies, empresa de software e consultoria nas áreas de
Garantia de Receita e Gestão de
Fraudes. Com sede em Lisboa, a
companhia tem cerca de 180
clientes — espalhados por 90 países — em seu portfólio, incluindo
operadoras como Orange, Vodafone e Telefónica.
“A competição e a consolidação no setor levaram à criação de
alianças entre as operadoras,de
forma a estender preços e benefícios para além das fronteiras nacionais. Provavelmente, vamos assistir à formação de MVNOs (operadores móveis virtuais) multinacionais, com atuação em toda a Europa”, diz Rosas. No modelo de operadora móvel virtual, as companhias alugam ou compram capacidade na rede de outras teles para
prestar serviços ao cliente final. Esta seria uma forma de maximizar a
infraestrutura de telecomunicações já existente na Europa, uma
vez que — nos países onde não possuem rede — as operadoras poderiam funcionar como MVNOs.
Fim de
cobrança
de roaming
desafia teles
na Europa
Marcada para o final de 2015, mudança afetará a
rentabilidade, trará consolidação e deve fomentar
operadores móveis virtuais multinacionais
Rosa: crescimento acelerado no Brasil não
exerce a mesma pressão por competitividade
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 15
Tony Avelar/Bloomberg
COMPUTADORES
Receitas da HP seguem em queda
Fotos Telmo Miller
A Hewlett-Packard teve queda maior que a esperada das receitas
trimestrais, enquanto enfrenta dificuldades para manter as margens
num declinante mercado de computadores pessoais. Este é o 11º declínio
consecutivo das receitas trimestrais da fabricante. A HP teve vendas de
US$ 27,3 bilhões no segundo trimestre fiscal encerrado em 30 de abril,
levemente abaixo dos US$ 27,41 bilhões previstos por Wall Street. Reuters
Nos EUA, a competição
também extinguiu
a cobrança. Embora
os acordos de roaming
entre as teles ainda
existam, para os
clientes o serviço
não é tarifado de
forma diferenciada
No Brasil, segundo
um executivo do setor,
a receita com as tarifas
de interconexão móvel
(pagamento que uma
tele faz pelo uso da rede
de outra operadora)
é mais importante
que a do roaming
Sessenta operadoras,
de 40 países, discutem
até hoje os desafios das
telecomunicações na
cidade de Porto
Na UE, a competição entre operadoras móveis extinguiu o chamado adicional de deslocamento, cobrado quando o cliente origina ou
recebe uma ligação fora de sua
área de origem. As chamadas de
longa distância dentro de um mesmo país também usualmente não
são cobradas de forma diferenciada. No Brasil, já são rotineiras as
ofertas que incluem ligações de
longa distância on net (entre celulares de uma mesma operadora)
sem custo adicional.
A competição também foi responsável pela extinção na cobrança do roaming e do adicional deslocamento nos Estados Unidos. Embora os acordos de roaming entre
operadoras continuem a existir,
para os clientes o serviço não é tarifado de forma diferenciada, nem o
consumidor é avisado por mensagens sobre o uso da rede celular de
outra companhia. “O contrato diz
apenas que a empresa tem cobertura nacional. Não interessa ao cliente se essa cobertura será feita com
rede própria ou não”, resume Thomas Steagall, diretor de Consultoria e Integração da Ericsson para a
América do Norte. No mercado
móvel americano, onde um pacote de mil minutos é considerado
pequeno, as chamadas de longa
distância já não são cobradas de
forma diferenciada, mesmo entre
fixo e móvel. Além da competição
entre companhias, a evolução tec-
NÚMEROS
0,9%
do PIB
É o custo aos
países da Europa
da fragmentação
no atendimento
ao mercado,
segundo relatório
do Parlamento
Europeu. Isso
equivale a € 110
bilhões por ano.
300
mi
É o número de
novos clientes
que devem passar
a usar o serviço de
roaming com o fim
da cobrança. No
ano passado, a
redução em 35%
nas taxas de
roaming de dados
fez com que a
utilização do
serviço crescesse
mais de 100%
nos países da UE.
nológica foi outro fator que propiciou a mudança, principalmente a
partir do advento da tecnologia de
transmissão de voz sobre protocolo IP. “O Voip produziu uma queda
muito forte de custo em relação à
chamada telefônica tradicional”,
compara Steagall.
Para o executivo da Ericsson, o
perfil das ofertas de serviços de telecomunicações também caminha nesta direção no mercado brasileiro, inclusive no que se refere
ao fim da cobrança do roaming.
“Não vai demorar muito”, acredita Steagall, que participa de um
evento organizado pela WeDo Technologies em Portugal.
Presente ao encontro, um executivo do setor brasileiro de telecomunicações garante que as receitas provenientes do roaming têm
atualmente pouca relevância no faturamento das operadoras nacionais. Muito mais importantes, do
ponto de vista financeiro, são os
ganhos com as tarifas de interconexão móvel, remuneração que
uma empresa de telefonia celular
recebe pelo uso de sua rede. O
VU-M (Valor de Uso Móvel), que
já representou entre 40% e 45%
do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) dessas empresas, hoje equivale a 30%, informou o executivo,
que prefere não se identificar.
Com a convergência crescente
de voz, dados e outros serviços, a
tendência seria o final da tarifas
de roaming numa escala mundial? Na avaliação de Mário Rosas, da WeDo, a resposta a esta
questão depende da maturidade
dos mercados. “Em mercados
que continuam a crescer de forma acelerada, como o Brasil, não
há a mesma pressão de competitividade que na Europa”, diz. O executivo acrescenta que a preocupação em baixar as tarifas para ampliar a base de clientes não é prioridade em todos os mercados.
Comissão
discute roaming
no Brasil
No mercado brasileiro, a
cobrança de deslocamento da
taxa de roaming dentro da rede
de uma mesma operadora — na
qual o consumidor paga uma
taxa extra por ligações fora da
área de registro — é um dos
temas que está sendo discutido
no Congresso. Na semana
passada, o Grupo de Trabalho
de Telefonia da Câmara dos
Deputados conseguiu a
aprovação para a criação de
uma comissão especial que irá
analisar quatro projetos de lei e
um projeto de lei
complementar que alteram
pontos da Lei Geral de
Telecomunicações, de 1997. Um
dos projetos em questão
propõe o fim da cobrança
adicional da taxa de
deslocamento de roaming.
“Todos esses projetos de lei
têm como objetivo reduzir os
custos de telefonia do
consumidor e melhorar a
qualidade dos serviços no país.
Sob esse ponto de vista, as
taxas de roaming é um dos
motivos que impulsionam esses
custos”, afirma o deputado
Jerônimo Goergen (PP/RS), um
dos autores dos projetos.
Indicado para presidir e ser o
relator da comissão especial ao
lado do deputado Edinho Bez
(PMDB/SC), o parlamentar
afirmou que a intenção é
concluir a análise de todos os
projetos até o fim do ano.
“Nossa ideia é finalizar todos os
trabalhos da comissão até o fim
do ano, para que todas essas
questões entrem em votação
no início de 2015”, observa.
Mais que a questão do roaming,
o deputado diz que a proposta é
fazer uma revisão geral da Lei
Geral de Telecomunicações.
“Quando a lei foi aprovada, sete
anos atrás, o mercado era
diferente. Você tinha apenas
sinal de voz. Hoje, temos sinal
de dados. A legislação está
desatualizada”. Entre outras
questões, a comissão especial
irá tratar de propostas
relacionadas a aspectos de
infraestrutura, de defesa do
consumidor e questões
tributárias. A dificuldade para a
instalação de antenas — um dos
desafios para o avanço dos
serviços de telefonia — é um dos
pontos. Uma das propostas
estabelece que as operadoras
serão automaticamente
autorizadas a instalar esses
equipamentos caso os
municípios não se manifestem
em um prazo de 60 dias. Outro
item é a isenção de PIS/Cofins
nas tarifas de interconexão.
Ataque hacker
ao eBay
deixa muitas
perguntas no ar
Divulgada na última
quarta-feira, violação
expôs dados de 145
milhões de usuários
A descrição do eBay sobre como
hackers tiveram acesso a todo
seu banco de dados de 145 milhões de usuários registrados
deixa muitas perguntas sem respostas de como os criminosos
orquestraram o que parece ser a
segunda maior violação de dados da história dos Estados Unidos. O ataque foi descoberto no
início de maio e divulgado na última quarta-feira.
A empresa disse que os hackers atacaram entre o final de
fevereiro e início de março, com
o login de credenciais obtidas de
“um pequeno número” de funcionários. Eles, então, acessaram um banco de dados contendo todos os registros dos usuários e copiaram “uma grande
parte” dessas credenciais.
Especialistas em segurança e
analistas de Wall Street querem
saber como eles conseguiram essas credenciais e se os empregados de quem as informações foram usadas tinham o direito de
acesso irrestrito ao banco de dados de usuários, que contém algumas das suas informações
mais sensíveis.
Como as credenciais
de funcionários foram
obtidas e se eles tinham
acesso irrestrito ao
banco de dados dos
clientes são algumas das
perguntas sem resposta
“Eles têm sido extremamente discretos e quase não forneceram informações. Eles deveriam estar mais abertos sobre o
que aconteceu”, disse David
Kennedy, presidente-executivo da TrustedSEC LLC, especialista na investigação de violações de dados. Em particular,
Kennedy quer saber porque o
eBay demorou três meses para
detectar a intrusão.
Um porta-voz do FBI disse
que o escritório está trabalhando com o eBay para investigar a
quebra de segurança, mas se recusou a falar. A empresa de
e-commerce disse que contratou a divisão forense da FireEye
para ajudar com a sua análise.
Um porta-voz da FireEye não
quis comentar. Reuters
16 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
▲
EMPRESAS
Guerra fiscal
por corte de
ICMS chega
ao setor aéreo
Maioria dos estados brasileiros cobra alíquota
de 25% sobre combustível de aviação
Erica Ribeiro
[email protected]
A negociação pela redução do
ICMS sobre o combustível de aviação (QAV) está levando alguns estados onde a alíquota ainda permanece na casa dos 25% a negociar alternativas que se revertam
em aumento de voos nos aeroportos locais e, consequentemente
maior movimentação turística,
em troca de baixas significativas
no imposto. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) que representa as
quatro maiores companhias do
mercado nacional, o QAV é um
dos itens que mais pesa nos custos
do setor e chega a 40% dos gastos
totais das empresas.
Na avaliação da Abear, a redução do ICMS sobre o QAV não afeta a arrecadação dos estados.
Adalberto Febeliano, consultor
técnico da Abear, lembra que os
estados carregavam o peso dos impostos na aviação em detrimento
de outros setores.
“Porém, ao longo do tempo, os
estados perceberam que os voos
começaram a encolher, reduzin-
do também a conectividade com
outras localidades e automaticamente a geração de negócios. O
Rio de Janeiro, que tinha uma alíquota de 30% de ICMS para o QAV,
perdeu voos nacionais e internacionais. No governo de Rosinha
Garotinho, o imposto chegou a
2% e está em 12%”, diz o especialista, acrescentando que, apesar
de os voos internacionais não serem afetados pelo ICMS, custos altos deste imposto também afastam a movimentação no mercado
internacional, já que sem voos domésticos não há alimentação de
voos internacionais.
Pouco mais de um ano após ter
negociado a redução de ICMS sobre o QAV no Distrito Federal , de
25% para 12%, os resultados dessa mudança foram apresentados
ontem pela Abear. O Aeroporto Internacional de Brasília ganhou
206 novos voos e duas companhias aéreas passaram a operar
no terminal. Com isso, a malha aérea passou a ter também 36 novos
voos internacionais.
“Por conta da redução, houve
uma alta de 28% no consumo do
QAV neste aeroporto, de 95 mil pa-
“
Ao longo do tempo,
os estados perceberam
que os voos começaram
a encolher, reduzindo
também a
conectividade com
outras localidades e,
automaticamente, a
geração de negócios”
Adalberto Febeliano
Consultor Técnico da Abear
ra 122 mil metros cúbicos. A arrecadação não mudou muito. Era de
R$ 56,7 milhões no primeiro trimestre de 2012 e passou para R$
56,2 milhões no primeiro trimestre deste ano. Houve aumento da
conectividade e de movimentação do aeroporto de Brasília”, destaca Febeliano.
“Outros estados estão negociando, caso de Fortaleza, onde a redução do imposto está vinculada a um
aumento de voos internacionais, o
que já está em andamento com
companhias como TAM e Avianca
estudando novos destinos de Fortaleza para o exterior”, completa.
No caso de São Paulo, o ICMS
permanece em 25% e, pelo visto,
não há interesse na redução do imposto. O estado é o que que mais
concentra voos nacionais e internacionais no país e se tornou o hub
(centro de distribuição de voos)
das principais companhias nacionais. Segundo uma fonte do setor,
a lógica de reduzir o ICMS para aumentar o número de voos não é
atraente para o estado, que já tem
sobrecarga de voos e precisa ampliar sua infraestrutura para dar
conta da demanda atual.
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 17
Divulgação
FERROVIA
Odebrecht estuda operar ferrovia
A Odebrecht Transport, empresa do grupo Odebrecht, avalia
participar de leilões de ferrovias como operadora e não como
concessionária, afirmou a diretora de logística da companhia,
Juliana Baiardi, acrescentando que o interesse é em ferrovias
com acesso a portos, mas que a empresa ainda espera as decisões
do governo para tomar uma decisão. Reuters
Novos negócios
impulsionam
crescimento
da Invepar
Italferr estuda abrir
operação no Brasil
Companhia de engenharia enxerga boas oportunidades locais nos serviços de
consultoria às empresas interessadas no programa de concessões de ferrovias
O grupo registrou alta de
15,4% no MetrôRio e 16%
no GRU Airport. Rodovias
também tiveram aumento
Patricia Stavis
Moacir Drska
[email protected]
São Paulo
Dois anos depois de começar a dar
seus primeiros passos no Brasil, a
Italferr - empresa italiana de projetos de engenharia de ferrovias pertencente ao grupo estatal Ferrovie
dello Stato - estuda fortalecer sua
presença no país. Após enfrentar
alguns contratempos no mercado
brasileiro, a companhia está em
processo de avaliação para a instalação de uma operação local, para
que os negócios enfim encontrem
sua trilha de crescimento.
“Apesar de um cenário complexo desse ano, em virtude de uma
série de fatores, o mercado brasileiro tem boas perspectivas de investimentos em malha ferroviária
a partir de 2015. Precisamos dar
um passo adiante agora para nos
prepararmos para esse momento”, afirma Marco Stegher, diretor
de desenvolvimento de mercado
da Italferr para a América Latina.
Segundo o executivo, duas alternativas estão em avaliação pela
matriz italiana. A primeira e mais
provável seria o investimento direto na estruturação da operação. A
segunda opção envolveria a aquisição de uma empresa brasileira para acelerar a entrada no mercado.
“Existe uma possibilidade de a
operação local ser inaugurada ainda neste ano”, diz Stegher.
“
O mercado brasileiro
tem boas perspectivas
de investimentos
em malha ferroviária
a partir de 2015.
Precisamos dar um
passo adiante agora
para nos prepararmos
para esse momento”
Marco Stegher
Diretor da Italferr para a AL
A postura cautelosa tem explicação, em virtude das primeiras incursões da Italferr no Brasil. Com
experiência em iniciativas de trem
de alta velocidade (TAV), o projeto
do trem bala Rio de Janeiro —São
Paulo — Campinas foi o chamariz
para a empresa. Em julho de 2013,
o consórcio formado pela Italferr e
a Geodata do Brasil foi o vencedor
da licitação da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) para gerenciar o projeto executivo de engenharia do trem bala brasileiro. Os
outros sete consórcios foram desclassificados no processo.“No entanto, em setembro, recebemos a
notícia que o processo de licitação
havia sido revogado, por razão de
interesse público”, explica.
Poucos meses antes, a Italferr já
havia enfrentado a suspensão por
tempo indeterminado da licitação
que a Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM) promoveu
para o projeto do Expresso Jundiaí.
“Hoje, o sentimento da companhia com o Brasil está se ajustando. Temos uma visão mais realista,
mas ainda positiva”, diz.
Sob essa nova visão, um dos focos são os investimentos previstos
no programa do governo de concessões de ferrovias. “Passamos a
olhar o setor privado como um
cliente potencial no país”. A empresa redirecionou sua estratégia
para prestar serviços de consultoria aos potenciais concessionários
privados que estão se preparando
para participar desses processos.
Com dois contratos já assinados
no Brasil — o nome dos clientes não
foi revelado —, sendo um na área
de transporte de cargas e outro na
área de passageiros, a Italferr aposta não apenas em sua experiência
de engenharia em projetos desse
porte, especialmente na Europa e
no Oriente Médio. “O programa envolve concessões de longo prazo e
passa por questões que precisam
ser avaliadas, como os custos operacionais envolvidos e a necessidade
de se adotar um padrão de interoperabilidade entre as ferrovias. Não
há muito conhecimento local sobre esses temas. Por outro lado, esse é o nosso mercado”, afirma.
Stegher acrescenta que essas
parcerias abre m boas oportunidades para a participação posterior
da Italferr nesses processos, caso
as concessionárias atendidas assumam as concessões previstas.
As mudanças no acesso ao centro
do Rio de Janeiro em função das
obras na região, a reabertura da estação General Osório em Ipanema
— fechada provisoriamente para as
obras da Linha 4 e reaberta em dezembro passado —, além da inauguração da estação Uruguai na Tijuca,
ajudaram o MetrôRio a registrar
um aumento de 15,4% no fluxo de
passageiros em abril, na comparação com o mesmo mês de 2013, segundo a Invepar, grupo que atua
no segmento de infraestrutura de
transportes e responsável por administrar a operação do MetrôRio.
A Invepar também administra a
concessão do GRU Airport (Aeroporto Internacional de Guarulhos,
em São Paulo) e, no mês passado,
registrou um movimento de pouco
mais de três milhões de passageiros. O fluxo é 16% maior do que o
registrado em abril de 2013.
No mesmo período, houve ainda um aumento de 8,1% nas operações de pouso e decolagem no aeroporto. Este número foi impulsionado principalmente pelo aumento
da demanda de voos domésticos,
em decorrência das estratégias das
companhias aéreas de concentrar
tráfego em Guarulhos, o que consolida o aeroporto como um importante hub no país. Entretanto, houve uma redução de 4,1% na movimentação de carga, justificada pela empresa como reflexo do atual
cenário macroeconômico.
Em sua atuação no segmento de
rodovias, a Invepar registrou no
mês passado crescimento de 12,2%
no tráfego consolidado de Veículos
Equivalentes Pagantes (VEP), chegando a uma movimentação de
19,6 milhões de veículos no período. O crescimento em relação ao
mesmo mês de 2013 foi influenciado principalmente pelo tráfego na
Concessionária Litoral Norte
(CLN), impulsionado pelo crescimento do turismo da região litorânea da Bahia; pela melhoria da via
que faz parte da Concessionária Bahia Norte (CBN) além do início da
prestação de serviços da Concessionária Rota do Atlântico (CRA). Também se destacaram no resultado a
movimentação nas empresas Concessionária Auto Raposo Tavares
(CART) e Vía Parque Rímac (VPR),
em Lima, no Peru, que está em fase
de consolidação de seus investimentos e é a primeira concessão internacional do grupo Invepar.
18 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
Daniel Acker/Bloomberg
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EMPRESAS
ALIMENTOS
Unilever vende marcas para grupo japonês
A Unilever vai vender as marcas Ragu e Bertolli, de molho para
massas, para a fabricante de temperos japonesa Mizkan Group
por US$ 2,15 bilhões em dinheiro, deixando-a mais próxima
de concluir a reestruturação de seu negócio de alimentos
na América do Norte. O negócio de molho para massas da Unilever
teve volume anual de mais de US$ 600 milhões. Reuters
Sony volta a prometer lucro
Divisão de TV, há 11 anos sem lucro, terá unidade dedicada à produção de aparelhos 4K, de ultra definição
Reuters/Yuya Shino
Kazuo Hirai está fazendo a mesma
promessa que a Sony Corp. não pôde cumprir nos dois últimos anos:
a unidade de TVs, que está em dificuldades, voltará a gerar lucro.
O CEO disse hoje que as medidas que ele está implementando,
incluindo cortar quase US$ 1 bilhão ao ano em custos, ajudarão a
gerar o primeiro lucro na fabricação de televisores em 11 anos. Ele
fez a mesma promessa no ano passado e a divisão perdeu 25,7 bilhões de ienes (US$ 253 milhões).
A japonesa tem como meta um
lucro operacional de 400 bilhões
de ienes até o fim de março de
2016, impulsionado pela criação
de uma nova unidade no setor de
TV, segundo divulgou ontem, em
Tóquio. A companhia também buscará reduzir US$ 300 milhões em
custos em sua divisão de filmes no
mesmo período. As ações da empresa negociadas na Alemanha subiram, embora a meta tenha sido
vista com ceticismo.
“A Sony não será capaz de cumprir sua previsão de lucro operacional de 400 milhões de ienes no
próximo ano fiscal”, disse Makoto Kikuchi, CEO da Myojo Asset
Management. “Ela já repetiu essas previsões otimistas várias vezes no passado”.
A fabricante de TVs número 1 do
Japão prevê inesperados 50 bilhões
de ienes em perdas líquidas neste
ano porque a queda da demanda
por seus aparelhos e suas câmeras
de vídeo foi agravada pelos custos
de reestruturação e saída do negócio de computadores pessoais. Isso
representa um retrocesso maior
nos planos de Hirai para recuperar
esse ícone japonês usando os consoles PlayStation e os smartphones
Xperia para atrair consumidores
da Apple e da Samsung.
A economia virá com um corte
de 20% nos custos totais nas unidades de vendas de eletrônicos e com
uma redução de despesa das sedes
e de funções de apoio até o ano-fiscal 2015, disse a Sony. A empresa
espera completar sua saída do negócio de PCs e as outras reformas
neste ano-fiscal.
“Uma vez que cheguemos a isso
poderemos criar uma nova Sony,
capaz de impressionar nossos
clientes novamente”, disse Hirai.
Perdas com PCs e cisão
na unidade de TVs
A Sony prevê 135 bilhões de ienes
em despesas, neste ano, relaciona-
Há alguns pontos
positivos para a Sony.
O PS4 bateu o Xbox
One, da Microsoft ,
e em abril, pelo quarto
mês seguido, ficou
em primeiro lugar
na venda de consoles
nos Estados Unidos
Hirai, CEOda Sony: reestruturação de US$1 bi edúvidasdo mercado
das à reestruturação e à saída do negócio de PCs. E projeta uma perda
de 80 bilhões de ienes na unidade
de PCs, valor que inclui 36 bilhões
de ienes em perdas relacionadas à
saída do negócio, disse a companhia em 14 de maio. A Sony anteriormente concordou em vender
sua divisão de PCs, que produz notebooks com a marca Vaio, para
comprar a totalidade da marca Japan Industrial Partners Inc.
A Sony planeja dividir sua unidade de fabricação de TVs e formar
uma entidade operacional separada. A divisão é focada nos chamados aparelhos 4K, que são ultra
HD, e engloba a venda de 16 milhões de TVs com tela de cristal líquido no ano que termina em março, contra 13,5 milhões de televisores no ano passado.
Há alguns pontos positivos para
a Sony. O PS4 bateu o Xbox One,
da Microsoft Corp., e em abril, pelo quarto mês seguido, ficou novamente em primeiro lugar na venda
de consoles nos EUA, segundo a
NPD Group Inc., que tem sede em
Port Washington, Nova York. Jogos como o Killzone Shadow Fall,
exclusivo do PS4, estão impulsionando a demanda.
O filme “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro”, lançado neste mês nos EUA,
arrecadou US$ 633 milhões em bilheteria em todo o mundo até 20
de maio, segundo o site Box Office
Mojo, citando um valor da receita
que é dividida com as salas de cinema. O filme, que custou US$ 200
milhões para ser produzido, segundo o Imdb.com, provavelmente será lucrativo, segundo Wade Holden, analista de pesquisas da SNL
Kagan. Bloomberg
Com a compra da DirecTV, AT&T deve aquecer disputa entre teles no Brasil
Especialistas apontam que
empresa mira a aquisição
da TIM ou da GVT para
fortalecer oferta de combo
Após adquirir a empresa de TV paga DirecTV e aumentar sua presença no Brasil, a operadora norte-americana AT&T deverá oferecer, no longo prazo, serviços de
banda larga fixa e Internet móvel,
desafiando grupos de telefonia já
estabelecidos no país.
Para analistas e especialistas, a
AT&T surge com força, inclusive,
como potencial interessada em
comprar a TIM Participações ou a
GVT, caso uma dessas companhias
seja colocada à venda por seu controlador, a Telecom Italia e o grupo
francês Vivendi, respectivamente.
No último domingo, a AT&T
anunciou proposta de compra da
DirecTV nos EUA por US$ 48,5 bilhões. Caso seja aprovada pelas autoridades regulatórias, ela passará
a ser dona da companhia que no
Brasil detém 93% da Sky.
“A TV por assinatura é ponto de
entrada importante,masé muitodifícil de se sustentar sozinho. É necessário verticalizar serviços”, afirmou o analista Lucas Marins, da
corretora Ativa. Para ele, a aquisição da DirecTV fará a AT&T entrar
no mercado de telecomunicações
brasileiro “pela porta da frente”,
em um segmento de forte crescimento. Números da Anatel mostram que somente em abril houve
adição de 170 mil novas assinaturas
de TV paga no país.
O analista aposta que a AT&T
não se contentará em ficar apenas
no mercado de televisão por assinatura, realizando incursões no segmento de banda larga fixa e até
eventualmente na telefonia móvel.
Uma fonte próxima ao setor de
telecomunicações que não quis se
identificar concorda com essa avaliação. Segundo a fonte, a AT&T deverá seguir os concorrentes e oferecer pacotes de serviços que incluam banda larga fixa para poder
crescer no mercado.
“A Sky é uma empresa com foco só em TV paga, tendo dificuldade maior para vender pacotes”, declarou. “Com a junção de AT&T e
Sky/DirecTV, surge uma empresa
com capacidade de oferecer serviços mais diversificados”, disse a
fonte, lembrando que atualmente
a atuação da AT&T no Brasil é limitada a clientes corporativos.
Opresidente da consultoria Tele-
co, Eduardo Tude, avalia que qualquer ação da AT&T para ampliar
sua presença no mercado brasileiro
só deve acontecer, porém, após a
consolidação de seus negócios com
os da DirecTV nos EUA, o que pode
levar de dois a três anos.
Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de abril, a Sky/DirecTV é vicelíder no setor de TV paga no Brasil, com participação de 29,66% e
5,51 milhões de assinantes. Em
primeiro lugar está a mexicana
Telmex (Claro/Embratel/Net),
com fatia de 53,58%, ou 9,95 milhões de clientes. Reuters
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 19
ESTILO S/A
MARCIA DISITZER
[email protected]
Fotos Chiara Gadaleta
Poltrona com
tecido de mestre
Gustavo Silvestre,
estilista
Jana Rosa,
apresentadora
Marina Sanvicente,
empresária de moda
O estilista Alexandre Herchcovitch
lançou uma nova linha de mobiliário
com a Micasa. A coleção tem
móveis, como aparadores e mesas
de apoio, e inclui uma linha de
tecidos. A poltrona acima tem
design Micasa e é revestida com
tecido Alexandre Herchcovitch.
Por R$ 5.820. www.micasa.com.br.
Karlla Girotto,
estilista
ECOS DA MODA
H
Inspiração que
vem da Amazônia
Daniel Klajmic
oje e amanhã acontece a quarta edição do SP Ecoera, das 10h às 19h,
no Museu A Casa (Avenida Pedroso de Morais 1234, Pinheiros, SP).
O evento, idealizado por Chiara Gadaleta (E), tem como objetivo discutir
questões sociais e ambientais do universo da moda, do design e da beleza.
Nesta edição, Chiara — que já atuou como modelo, stylist e chegou a ter uma
grife de bijus — faz um manifesto. “Quero que as pessoas se posicionem.
Cabe ao consumidor fazer a escolha certa. Por isso, convidamos
mais de 50 personalidades para participarem da
campanha 'Qual é a moda que te representa?,
vestindo a nossa camiseta”, explica. As fotos
invadiram as redes sociais com as hashtags
#manifestomodabrasil e #escolhacerta.
A programação de hoje conta com desfiles
coletivos, às 11h, de 11 marcas sustentáveis,
como Gustavo Silvestre (crochê), My Basic
(fios com certificado ecológico) e Será o
Benedito (grife masculina que reaproveita lonas de
caminhão descartadas). Amanhã, o destaque é o lançamento, às 11h,
do Projeto Fashion Revolution Brasil, que vai conectar o o mercado
sustentável brasileiro com o global. Chiara conta que o mundo se abriu
para ela em 2008, quando começou a conhecer de perto o desperdício
têxtil e o trabalho escravo dentro da indústria de moda.
“Foi aí que quis ser a voz da minha comunidade”, diz ela.
Para participar do evento, basta se inscrever no site
www.ecoera.com.br.
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semente de
açaí é
assinado
pela designer
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Maria Oiticica e mistura materiais
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Shopping Leblon, 1º piso, RJ.
Vinte anos de um
modelo icônico
O modelo Le Pliage da
Longchamp
completa 20
anos e a grife
francesa está em
festa. A bolsa ao
lado tem edição
limitada e é o mais recente
resultado da parceria da empresa
com o designer Jeremy Scott.
Preço sob consulta. Shopping JK
Iguatemi, SP.
■ Fred Weissmann e Manu
Andrade acabam de lançar uma
novidade no restaurante Jaeé
(RJ): cardápio de saladas com
massas sem glúten.
■ Na clínica da dermatologista
Karla Assed (21-3202-4650) faz
sucesso o iLipo, tratamento que
combate, por meio do laser
diodo, gorduras localizadas e
celulites.
■A
'Inequecível
Casamento'
é a revista
oficial do
evento 'Luxo
de Festa', que acontece até
domingo, em Brasília.
■ No salão Éclat (21-2287-4608),
o tratamento à base de
champanhe promete energizar o
couro cabeludo e remover a
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Leblon, RJ) uma linha de
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Coluna publicada às sextas-feiras
20 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
FINANÇAS
▲
Editora: Eliane Velloso
[email protected]
Marcelo Loureiro
[email protected]
Léa De Luca
[email protected]
No álbum de um ano do processo
de normalização monetária nos
Estados Unidos, a última figurinha ainda gera expectativas. Desde que o então presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central
norte-americano) sinalizou o desmonte do programa de estímulos
(quantitative easing), os agentes
econômicos esperam pela alta dos
juros nos Estados Unidos, espalhando volatilidade pelos países
emergentes, que passaram os últimos 12 meses tentando atrair e
manter o capital externo num cenário com menos liquidez.
O Brasil, que nos primeiros
meses viu o dólar saltar de R$
2,05 para R$ 2,45, comemora agora o câmbio em torno de R$ 2,2,
após a atuação eficaz do Banco
Central movimentar o equivalente a mais de R$ 100 bilhões no
mercado de derivativos. Mas ainda falta o último passo, a normalização na taxa de juros norte-americana — entre os artificiais zero e
0,25%, atualmente —, o que vai
deixar os títulos do Tesouro dos
Estados Unidos (treasuries) mais
atraentes e provocar nova pressão sobre o real.
No álbum do Fed, alta
do juro é figura que falta
Há um ano, o desmonte do programa de expansão da liquidez nos EUA começou a afetar o
real, que em 2014 se recuperou. A preocupação agora é o aumento no retorno dos treasuries
“Naturalmente, o Brasil e outros países dessa categoria vão sofrer quando o juro norte-americano subir. Veremos uma mudança
no fluxo cambial quando isso
acontecer”, acredita Mauro Schneider, economista-chefe da corretora CGD Securities. “Mas como
o mercado costuma adiantar movimentos, é possível que uma comunicação do Fed nos próximos meses sobre a iminência da correção
dos treasuries possa trazer volatilidade antes mesmo do aperto nos
juros”, disse Schneider, lembrando que a comunicação do Fed tem
sido muito boa até agora. “Espero
que ela continue sendo eficiente
porque os desafios são novos e o
que acontecerá a partir de agora é
“
Naturalmente,
o Brasil e outros países
dessa categoria
vão sofrer quando
o juro norte-americano
subir. Veremos uma
mudança no fluxo
cambial quando
isso acontecer”
Mauro Schneider
Economista-chefe da CGD Securities
3/JUL/2013
O Ibovespa despenca
para 45.044 pontos, com
a perspectiva de fuga de
investidores após
o fim do programa
expansionista do Fed
inédito. É a primeira vez que o Fed
sairá de anos de excesso de liquidez e de décadas com juros tão baixos”, contextualiza Schneider.
Adriana Dupita, economista do
Santander, acredita que a situação
do câmbio atual é mais tranquila
do que no início do ano, quando a
moeda chegou a R$ 2,43 e parte
dos especialistas acreditava que a
divisa poderia se aproximar de R$
2,9. O repique da moeda ocorreu
junto ao início de fato do tapering,
em janeiro, quando o Fed cortou os
primeiros US$ 10 bilhões. Como figurinhas repetidas, o Fed anunciou
quatro cortes idênticos na sequência, deixando o quantitative easing
atualmente em US$ 45 bilhões.
Mesmo com a mudança no comando do Fed, que em fevereiro
passou a ser comandado por Janet
Yellen — a primeira presidente mu-
Dólar
R$ 2,45
R$ 2,05
nke
Ben Berna
21 e 22/AGO/
2013
O dólar atinge a
cotação máxima de
R$ 2,45, uma das
maiores
desvalorizações
entre os emergentes;
o BC lança programa
de leilões de swap
cambial para evitar
volatilidades
22/MAI/2013
R$ 2,05
56.429
pontos
Discurso do então
presidente do Fed,
Ben Bernanke,
sinaliza o início do
"tapering", a
redução do
programa de
estímulo do Fed,
que injetava
US$ 85 bilhões por
mês na economia
dos EUA
Bovespa
50.405
5
45.044
Ibovespa
Alexandre
Tombini,
presidente
do BC
lher em 100 anos de história da instituição —, não restam muitas dúvidas quanto à cadência do desmonte; o pacote que resta fechado
guarda a data do ajuste nos juros e
a consequência disso para o Brasil.
“Acredito que a alta dos juros
nos Estados Unidos virá no primeiro semestre de 2015, mas o mercado vai tentar se adiantar ao Fed, levando recursos para lá antes mesmo do anúncio. Uma das consequências desse movimento é o
real perder valor. Esse patamar de
R$ 2,2 não veio para ficar”, crava
Adriana. “Não acreditava que o dólar romperia a barreira dos R$ 2,9
no começo do ano nem que vai
abaixo de R$ 2,2 agora”.
Olhandoopassado,Adriana consegue enxergar ganhos nos 12 meses de convivência com o tapering.
“O discurso do Bernanke foi um
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 21
Murillo Constantino
CORREÇÃO DA POUPANÇA
Bancos recorrerão de decisão do STJ
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou ontem que
os bancos vão recorrer da decisão do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) em favor de correntistas em casos de perdas geradas por
planos econômicos das décadas de 1980 e 1990 no rendimento da
poupança. Em nota, a entidade afirmou que os bancos vão interpor
junto ao próprio STJ o recurso de “embargos de declaração”. Reuters
“
Mais recentemente
temos observado certo
arrefecimento da
demanda (por swap).
Investidores não
residentes reduziram
ligeiramente
a busca por
essa proteção”
Alexandre Tombini
Presidente do Banco Central
19/DEZ/2013
Fed, enfim, confirma o
início da redução do
programa de estímulos
para janeiro de 2014,
com cortes mensais de
US$ 10 bilhões
alerta, umestalopara oBrasilentender que esse período de liquidez
exuberante não duraria para sempre. Mostrou que não éramos tão
competitivos, algo que as empresas
já sabiam. Criou a percepção de que
oBrasil teria de lidar com uma liquidez inferior no mundo,que nos exigirá mais competitividade para trazer recursos”, recorda Adriana.
A passagem pela novidade não
foi incólume. “Como o real é a
mais líquida das moedas dos emergentes, investidores que procuram esse tipo de país se posicionam na nossa divisa, o que acaba
trazendo mais volatilidade em momentos assim. Por isso tivemos
muita emoção no período”. A forma encontrada pelo BC para enfrentar a volatilidade foi elogiada
por Adriana. “Sou bastante favorável ao programa de swap cambial
feito pelo banco porque esses derivativos atuam como amortecedores para aqueles setores da economia que têm custos ou receitas em
dólar. Foi muito inteligente da parte do nosso BC usar swaps e não a
reserva cambial”, destacou. “É fato que aumenta a exposição da nossa dívida, mas ainda há muito espaço até o limite. Como o real vem se
apreciando, o banco vem inclusive
ganhando com essa estratégia. O
mais inteligente do programa é
que os contratos são curtos. Se o cenário mudar, é só não rolar a totalidade dos swaps. É o que tem acontecido; quase metade dos swaps
não serão rolados esse mês”.
Apesar do sucesso do programa, é possível que ele não perdure
até a subida dos juros nos Estados
Unidos. Com validade até 30 de junho, as rações diárias talvez estejamperdendo força no BC. “Maisrecentemente temos observado certo
arrefecimento da demanda”, afirmou Alexandre Tombini, presidente da autoridade monetária durante evento em São Paulo. “Por um lado, swaps continuam sendo canalizados para empresas não financeiras e fundos de investimentos. Por
outro, investidores não residentes
reduziram ligeiramente a busca
por essa proteção”, explicou.
Até a fala de Tombini, o dólar
caia mais uma vez; após se apreciou até fechar o dia em leve alta
de 0,24%, a R$ 2,22.
O programa de intervenções teve início em 22 de agosto passado,
quando o dólar estava em R$ 2,43.
Naquele momento, o BC ofertava
todos os dias até 10 mil contratos
de swaps, com exceção das sextasfeiras, quando fazia leilões de venda de dólares com compromisso
de recompra, conhecidos como
leilão de linha. No início deste
ano, com o dólar mais comportado a R$ 2,35 e com o gradualismo
do corte promovido pelo Fed, o
BC reduziu a intervenção. Passou
a fazer leilões diários apenas de
swaps cambiais, com apenas 4
mil contratos por dia, prometendo atuar assim até 30 de junho.
Mas, nos últimos dois meses, rolou apenas 75% dos contratos vencidos. A proporção caiu para 50%
nos últimos dias. Tombini, contudo, destacou que as intervenções
no mercado de câmbio foram bem
“
Acredito que a alta dos
juros nos Estados
Unidos virá no primeiro
semestre de 2015, mas
o mercado vai tentar
se adiantar ao Fed,
levando recursos
para lá antes
mesmo do anúncio”
Adriana Dupita
Economista do Santander
sucedidas e reduziram a volatilidade da economia brasileira, cumprindo seu papel.
Mesmo que o programa de
swap não seja mantido, Adriana
acredita que o Brasil chega mais
forte para enfrentar a competição
por recursos provocada pelo aumento de juros nos Estados Unidos do que esteve em outros momentos delicados da história recente. “Parabenizo o BC por ter
aproveitado os anos de liquidez
para formar essas reservas internacionais. A variável mais importante para evitar contaminação
de crises internacionais. Passamos anos questionando o custo
dos juros de uma reserva tão grande. A reserva é cara até aparecer a
primeira crise, aí ela vira um ótimo investimento”.
Persio Arida, sócio do BTG Pactual e co-head da área de gestão
de recursos do banco, concorda
que o novo cenário terá impacto
no Brasil. Mas não necessariamente será negativo. "Como vai evoluir para a frente, depende. É óbvio que a normalização nos EUA é
um perigo. Mas talvez não seja tão
radical quanto se imaginava, o
que é bom. Hoje, o cenário atual é
surpreendentemente bom para o
Brasil", acredita.
Para Arida, a grande surpresa
deste ano é a queda dos juros dos
treasuries, uma vez que todo mundo esperava uma alta quando o
país começou a reduzir a compra
de títulos para estimular a economia. "Para o Brasil não poderia haver situação mais favorável: recuperação dos EUA com juros em baixa", disse em evento promovido
ontem pela Bloomberg.
R$ 2,4371
R$ 2,3503
d nos
Edifício do Fe
R$ 2,2105
2,,210
05
EUA
3/FEV/
2014
Janet Yellen
assume a
presidência do
o
Fed no lugar de
e
Ben Bernanke
e passa a
conduzir o
desmonte do
programa
expansionista
do banco centr
ral
central
norte-american
no
norte-americano
Janet Yellen
51.633
46
6
46.147
52,20
03
52,203
Editoria de Arte/Fernando Alvarus
21/MAI/2014
O Comitê Federal do
Mercado Aberto (Fomc)
do Fed divulga ata
sinalizando que já
discute como fará para
iniciar a alta da taxa de
juros após o fim do
programa de estímulos
22 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
Rodrigo Capote
▲
FINANÇAS
NOVA EMPRESA
Ex-executivos do Citigroup abrem MKP
Três ex-executivos do Citigroup Inc. abriram uma empresa de
assessoria para fusões para lucrar com o auemnto de negócios na
maior economia da América Latina. Gustavo Marin, ex- CEO do banco
no Brasil, fundou a MKP Assessoria e Gestão com André Kok,
ex-chefe de banco de investimento e de banco corporativo, e David
Panico, que foi codiretor do negócio de banco de investimento em NY.
‘Sou otimista no longo prazo’
Presidente do Itaú diz que crescimento e inflação logo voltarão ao normal e que não está adiando investimentos
Patricia Stavis
Léa De Luca
[email protected]
São Paulo
O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, manifestou ontem
otimismo com a economia do país
no longo prazo, prevendo a melhora dos problemas pelos quais o Brasil passa atualmente. Durante
evento promovido pela Bloomberg
em São Paulo, Setúbal disse que
acredita na redução da inflação e
nan retomada do crescimento.
“Estava mais preocupado com
a inflação há seis meses. Acho que
o Banco Central está fazendo um
bom trabalho e ela logo voltará ao
normal. O crescimento não está
como queremos mas logo estará”,
afirmou Setúbal. O presidente do
maior banco privado do país disse
que está mais preocupado com o
cenário externo do que com o interno. “Todos os emergentes estão sofrendo”, diz. “Os brasileiros
tem a mania de achar que a culpa
é só do governo, mas o cenário externo não está favorável a emergentes, principalmente com a recuperação econômica dos Estados
Unidos”, acrescentou.
A sucessão presidencial, segundo Setúbal, não muda planos de
negócios da instituição no país.
“Não estamos adiando investimentos por causa das eleições. O
Brasil é maior do que quatro anos.
Seja qual for o governo em quatro
anos teremos outra eleição, e depois outra. Estamos sempre olhando para oportunidades”, disse.
Independentemente da conjuntura, Setubal vê o negócio de banco no limiar de uma radical mu-
dança nos próximos anos. “Os
maiores direcionadores dessa mudança são a regulamentação e a
tecnologia”, diz. A tecnologia influencia muito o segmento de varejo. E a regulamentação, que está
exigindo mais capital, vai tornar
mais difícil para os bancos manter
sua rentabilidade — quanto mais
capital, mais será preciso “trabalhar” para remunerá-lo.
Aexigência de capitala que serefere são as regras de Basileia III, a
terceira fase do acordo internacional de capitais do setor bancário.
“Estou preocupado com o que está
em discussão. Os bancos tem que
ser capazes de ter capital em conformidade com o risco que carregam.
Mas limitar alavancagem e o uso de
modelos internos de avaliação de
risco pode ser um problema”, diz.
Ao alocar mais capital, os bancos vão ter que deixar de investir
em áreas e regiões geográficas on-
“
A tecnologia está
mudando o banco de
varejo. Aqui no Brasil
a abertura de novas
agências ainda está em
alta. Mas acredito que
em dois ou três anos,
veremos uma reversão
dessa tendência”
Roberto Setubal
Presidente do Itaú Unibanco
Setubal, do Itaú: ”Estou mais preocupado com o cenário externo”
de não tem expertise nem vantagens competitivas, pois vai ficar
mais caro sustentar as ineficiências, explica. Com isso, o banqueiro acredita que vão surgir mais
oportunidades para o Itaú comprar outras instituições e/ou outros negócios. Outra oportunidade que deve surgir com o aumento
de capital é o desenvolvimento do
mercado de capitais: “Crédito corporate, para grandes empresas,
vai passar a pesar muito no balanço, será preciso recorrer a outras
alternativas”,disse.
Fora do Brasil — “que cresce
pouco” — Setubal vê mais oportunidades na América Latina e não
vê vantagens em investir na Europa e nos Estados Unidos. O executivo diz que nos EUA tem mais oportunidades, “pois o mercado ainda
está em consolidação — mas é um
mercado muito competitivo”, diz.
“Mas não estamos desanimados com o Brasil. O PIB cresce,
2%, mas o crédito ainda cresce
bem mais”, diz, afirmando que no
imobiliário, especificamente, o
Itaú continuará aumentando a um
ritmo de 30% ao ano. Já no financiamento ao consumo, vê limites
para endividamento e, com o aumento dos riscos, os bancos estão
exigindo mais garantias. Em relação a revolução provocada pela
tecnologia, Setubal lembra que os
novos meios de pagamento e da
mobilidade estão crescendo muito rápido. E faz uma profecia:
“Aqui no Brasil a abertura de novas agências ainda estão em alta.
Mas acredito que em dois ou três
anos, veremos uma reversão dessa tendência”.
Para Arida, problemas do Brasil são internos
Patricia Stavis
Sócio do BTG Pactual cita
‘contabilidade criativa’ e
inflação alta como razões
para mau-humor com país
Marco regulatório instável, sujeito a mudanças abruptas; inflação
alta, “contabilidade criativa” nas
contas públicas e clima geral de insatisfação da sociedade. Para Persio Arida, sócio e co-head do departamento de gestão de recursos
do Banco BTG Pactual, são essas
as razões que estão por trás do
atual mau-humor da comunidade financeira internacional e do
empresariado local com o Brasil.
“Poderíamos dizer que nossos
problemas são causados por fato-
Arida, do BTG: ‘Com BC independente juros precisam subir menos’
res desfavoráveis no mercado externo. Mas não é o caso. Os problemas do Brasil são internos”, diz.
“A situação fiscal atual é insustentável a longo prazo, seria preciso estabelecer uma meta, uma regra para restaurar a credibilidade
e trazer de volta a confiança ao
Brasil”, disse ontem, em evento
promovido pela Bloomberg em
São Paulo.
As constantes mudanças de regras na forma de calcular os gastos do governo são, para Arida,
um problema também porque acabaram tirando a credibilidade da
série histórica do indicador.
Para Arida, também, há ainda
um conjunto de incertezas em função da troca de governo — o que
não é bom para os investidores estrangeiros em carteira. Mas o executivo faz uma ressalva: o investidor do setor real é menos sensível,
pois tem uma visão mais de longo
prazo. Para esses, é a taxa de crescimento que importa.
Persio Arida, que foi presidente do Banco Central do Brasil entre
janeiro e junho de 1995, disse ainda ser favorável a transformar a entidade independente no Brasil.
“BC independente tem mais credibilidade. Com risco de intervenção política afastado, as expectativas ficam ancoradas e as taxas de
juros precisam subir menos. Com
isso não só o governo mas toda a
sociedade tem custo de financiamento mais baixo”. Léa De Luca
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 23
O MERCADO COMO ELE É...
LUIZ SÉRGIO GUIMARÃES
[email protected]
ACENO DE MUDANÇA PUXA DÓLAR
Editoria de Arte
O
mercado de câmbio brasileiro teve ontem duas
justificativas domésticas para puxar o dólar
para cima. A primeira decorreu de uma frustração,
o avanço da preferência do eleitor por Dilma Rousseff.
A segunda, de uma obviedade técnica: o Banco Central
se prepara para mudar, ou mesmo extinguir, seu programa
de intervenção cambial. O dólar fechou cotado a R$ 2,2157,
em valorização de 0,24%. No mercado futuro de juros,
os investidores prosseguiram no realinhamento
para baixo de suas estimativas de taxas.
Cada vez mais o pregão se convence de que a anemia
econômica não recomenda ao BC outra decisão a
não ser congelar a Selic em 11% por um longo período,
segundo mandato adentro.
A pesquisa de intenções de voto
feita por conta própria pelo Ibope
foi precedida, no início da semana, por um boato e por um contraboato. O primeiro foi que a opção
pela candidata petista ainda não
oficializada cairia a ponto de exigir um segundo turno. Completamente oposto, o segundo foi que
subiria, dispensando a reconsulta. Venceu este último. A pesquisa
de ontem mostrou a recuperação
da candidata. Depois de cair de
40% em março para 37% em
abril, Dilma voltou aos 40% agora. Como a soma dos demais postulantes atinge 36%, levaria já no
primeiro turno, um feito não logrado pelo seu padrinho político.
Como a margem de erro, em todos
os casos, é de dois pontos, na pior
hipótese Dilma ficaria com 38%,
e os demais candidatos, na melhor, também com 38%.
O trabalho do Ibope não foi inteiramente decepcionante para o
mercado porque a candidatura de
Aécio Neves persiste conquistando terreno. A opção pelo senador
subiu de 13% em março para 14%
em abril e para 20% agora. Ganhou seis pontos. O ex-governador pernambucano Eduardo Campos avançou cinco, passando de
6% em março e abril para 11% em
maio. A esperança do mercado está depositada no início do horário
eleitoral obrigatório. Torce por
um atropelo avassalador do tucano. Mas não dá para apostar dinheiro nisso. O que deve ser feito
é a construção de proteções cambiais para a hipótese hoje mais provável, a vitória de Dilma no primeiro ou no segundo turno. É aí
que entra o BC e o seu programa
de intervenção cambial.
Tópicos cambiais inseridos no
discurso feito ontem pelo presidente Alexandre Tombini em seminário foram interpretados pelos investidores como sinais preparatórios ao anúncio de alterações
nos mecanismos de fornecimento
de hedge. Embora ressalte a importância dos instrumentos para
assegurar um horizonte de previsibilidade aos tomadores, Tombini
disse já ter notado um arrefecimento na procura por hedge, sobretudo do demandado pelos investidores estrangeiros. A demanda hoje está mais concentrada nas
empresas não financeiras, com dívidas em moeda americana, e nos
fundos de investimentos. A observação é muito importante, uma
vez que o player historicamente
capaz de promover arruaças especulativas no câmbio, os hedge funds globais, está fora do mercado.
“O programa tem sido bem-sucedido para distencionar o mercado
de câmbio, contribuindo para a redução dos prêmios de risco”, congratulou-se.
A demanda pelos swaps cambiais vem se reduzindo desde março. A febre especulativa que ardeu
nos mercados emergentes entre o
fim de janeiro e o início de fevereiro dissipou-se completamente.
Tanto é que ontem o banco central
da Turquia baixou o seu juro básico, que havia sido elevado a 10%
durante o surto febril, para 9,5%.
A Turquia fez o choque de juros
mais para atrair capitais externos
e menos para combater a inflação.
Não é o caso brasileiro. Por isso,
não se espere que o Copom venha
logo a seguir o exemplo turco e diminuir a Selic. O BC maneja o câmbio hoje mais por meio dos instrumentos diretos de intervenção do
que pelo uso da taxa de juros.
Em conformidade com o menor interesse por proteção cambial, o BC reduz desde março a
oferta de swaps especificamente
destinados a rolar os que vencerão. Em março e abril, rolou cerca
de 75% do volume a vencer, percentual que baixou para 51% em
maio. Mas não mexeu nos termos
formais do seu programa. Desde
janeiro leiloa por semana US$ 1 bilhão em swaps novos, metade da
oferta do compromisso original,
firmado em agosto. A tendência é
de o BC não pôr um fim explícito
ao programa. Seria muito embaraçoso ter de voltar atrás no segundo semestre caso a febre retorne.
Mas deverá cortar de novo a oferta
primária. Pela metade como fez
em dezembro? Provavelmente. A
sintonia da taxa de câmbio será feita no dia a dia por meio do manejo
da oferta de rolagem dos contratos a vencer. Ou seja, trata-se de
uma continuidade do que está sendo feito hoje, mas em observância
das imposições de cada momento
peculiar do mercado. O BC deve fechar um pouco as janelas, mas
mantendo desbloqueadas todas as
saídas de emergência. A gestão
Tombini nunca dá um passo do
qual não possa se arrepender se as
condições mudarem.
Por enquanto, as condições externas não enviam nenhum sinal
de alteração: boa disposição de
compra de ativos de emergentes
porque os indicadores americanos persistem desarmônicos, necessidade de reforço à liquidez europeia e promessa de recuperação
da China. Indicadores muito fortes nos EUA poderiam sobrepujar
as boas notícias vindas da Europa
e da China. Mas não foi o que aconteceu ontem. O crescimento dos
EUA atenuou-se em abril, segundo o índice de atividade nacional
calculado pela regional de Chicago do Fed. Após subir 0,34 em
março, caiu 0,32 em abril. Valores
negativos indicam que a economia está se expandindo abaixo da
média histórica. Outros dois indicadores vieram um pouco mais positivos. O índice de indicadores an-
tecedentes do Conference Board
subiu 0,4% no mês passado, enquanto as vendas de imóveis residenciais usados cresceram 1,3%
também em abril. Já foi suficiente
para a taxa da T-Note de 10 anos
subiu de 2,54% para 2,55%. O melhor dado do dia veio do outro lado do mundo. O PMI chinês subiu
de 48,1 em abril para 49,7 em
maio, ante expectativa de alta leve para 48,3. As medidas que visam ajustar a economia à meta de
crescimento oficial de 7,5% este
ano parecem ter começado a surtir resultado.
A alta do dólar, como não refletiu fatores externos, não suavizou
a queda dos juros futuros. Também não serviu de paraquedas o
recuo da taxa de desemprego de
5% em março para 4,9% em abril,
pois decorreu de um encolhimento de 0,8% da população economicamente ativa. Fez mais preço o
desânimo dos empresários. A
FGV constatou uma baixa de
4,6% na confiança da indústria, a
quinta queda consecutiva. Praticamente todo dia sai um dado negativo da área industrial. Não basta para reacender o “espírito animal”
dos empresários a manutenção do
juro por longo período. Mas já é
um começo. A taxa para a virada
do ano caiu de 10,92% para
10,89%. E para janeiro de 2017 de
11,92% para 11,81%.
24 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 25
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FINANÇAS
FORMAÇÃO DE MERCADO
GoldmanSachs vende operações para IMC
O Goldman Sachs venderá, por US$ 30 milhões, os direitos de operar
como formador de mercado de mais de 600 papéis listados na Bolsa
de Valores de Nova York (Nyse) à empresa holandesa de negociação
de alta frequência IMC Financial Markets. A IMC é uma das maiores
empresas do setor do mundo e opera em mais de 100 bolsas de
valores, como a Nyse, Nasdaq, Bats e CBOE, entre outras. Com Reuters
Yasuyoshi Chiba/AFP
Eldorado Brasil Celulose S.A.
Companhia Aberta
CNPJ/MF nº 07.401.436/0002-12 - NIRE: 35.300.444.728
Ficam os Senhores Acionistas da (“Cia.”) convocados para se reunirem, no dia 06/06/2014, às 10h, em
AGE, na sede social da Cia., localizada no Estado de São Paulo/SP, na Rua General Furtado do
Nascimento n° 66, Alto de Pinheiros, CEP 05465-070, a fim de deliberar sobre a alteração do Art. 15
do Estatuto Social da Cia., para inserir novo inciso em referido artigo. Informações Gerais: Os
documentos e informações contidos neste edital e os demais previstos na Instrução CVM n° 480/2009,
foram apresentados à CVM, por meio do Sistema IPE, nos termos do Art. 31 de referida Instrução, e
encontram-se à disposição dos Srs. Acionistas na sede social da Cia., no seu site (www.eldoradobrasil.
com.br) e no site da CVM (www.cvm.gov.br). São Paulo, 22/05/2014. Joesley Mendonça Batista Presidente do Conselho de Administração.
O Ibovespa subiu 1,15%, a 52.806 pontos, com giro financeiro de R$ 5,7 bilhões
Ibovespa sobe 1%
apoiado em Vale e
reação de bancos
Valorização da ação da Vale por dados da indústria da China e
recuperação de perdas de ações de bancos levam índice ao azul
A Bovespa fechou ontem em alta
de mais de 1% e interrompeu série de três baixas, sustentada por
ações de bancos e da Vale. O Ibovespa subiu 1,15%, a 52.806 pontos, com giro financeiro de R$
5,7 bilhões.
O destaque no setor bancário foram as ações do Banco do
Brasil que subiram 3,54%, após
registrarem queda superior a
7% na quarta-feira. Itaú Unibanco e Bradesco também fecharam no azul.
Os papéis das instituições financeiras foram derrubados na
véspera por decisão do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) em favor
dos poupadores no caso sobre
perdas geradas por planos econômicos das décadas de 1980 e 1990
no rendimento da poupança.
Com valorização de mais de
1%, ambas as ações da Vale também ampararam o mercado. A
performance foi sustentada pelo
melhor desempenho da indústria da China em cinco meses em
maio, segundo indicador preli-
minar do HSBC, embora ainda tenha contraído ligeiramente.
“O pessimismo do mercado
com a China arrefeceu um pouco”, disse o economista da Elite
Corretora Hersz Ferman. Além
disso, ontem os preços do minério de ferro no mercado à vista
da China, principal destino das
exportações da Vale, mantiveram recuperação ante a mínima
de 20 meses.
O destaque
no setor bancário
foram as ações do BB
que subiram 3,54%,
após registrarem
queda superior a 7%
na quarta-feira.
Itaú Unibanco e
Bradesco também
fecharam no azul
A estatal Petrobras acabou fechando no azul na esteira de um
dia de volatilidade, quando reagiu
a nova pesquisa do Ibope sobre a
eleição presidencial de outubro.
Divulgado no início da tarde,
o levantamento apontou que as
intenções de voto para a presidente Dilma Rousseff subiram para
40%, sobre 37% na sondagem anterior, em abril. Já o senador Aécio Neves (PSDB) subiu para
20%, de 14%, e o ex-governador
de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) avançou para 11%, de
6%. “O mercado está enxergando que a oposição melhorou, mas
os 40% da Dilma são um banho
de água fria para quem achou
que o jogo estava virando”, disse
o operador da corretora BGC Liquidez Pedro Arantes.
No último mês, o mercado comemorou a queda da presidenta
Dilma Roussef em pesquisas eleitorais, em um momento de ceticismo com a condução da política
econômica e a intervenção considerara excessiva em estatais.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
DA 19ª REGIÃO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
DA 19ª REGIÃO
AVISO DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº. 32/2014
AVISO DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO/SRP Nº.
33/2014
P.A.
34.315/2014 UASG 080022 Objeto: Contratação de empresa para
prestação de serviços de formação e
acompanhamento de um clube de
caminhada/corrida,
envolvendo
magistrados e servidores do Tribunal
Regional do Trabalho 19ª Região. Data da
Sessão: 11.06.2014, às 11h00. Local,
Informações/cópias do Edital: Av. da Paz,
2076, sl. 603, Centro, Maceió-AL – Tel.: (82)
2121-8182. Das 08h às 14h ou sites
www.trt19.jus.br, www.licitacoes-e.com.br.
P.A.
38.871/2014
–
UASG
080022Objeto:
EVENTUAL
AQUISIÇÃO DE LIVROS. Data da
Sessão: 06.06.2014, às 09h00min.
Local, Informações/cópias do Edital: Av.
da Paz, 2076, sl. 603, Centro,
Maceió-AL – Tel.: (82) 2121-8182. Das
08h às 17h ou sites www.trt19.jus.br,
www.licitacoes-e.com.br.
Maria Nely Duarte Ribeiro
Pregoeira
Luís Henrique Alves Salvador
Pregoeiro
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
SECRETARIA-GERAL DE ADMINISTRAÇÃO
DIRETORIA DE LICITAÇÕES
AVISO DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO n.º 26/2014
Objeto: fornecimento parcelado de água mineral, natural, potável, com e sem gás, de
mesa, para o Tribunal de Contas da União, em Brasília-DF. Sessão Pública:
04/06/2014, às 14 horas. Local: sítio www.comprasnet.gov.br. Edital à disposição dos
interessados no mencionado endereço ou no sítio www.tcu.gov.br, opção “Licitações”.
Leonardo Anthony Costa de Araújo Bezerra Soares
Pregoeiro
Viver Incorporadora e Construtora S.A.
(Cia. Aberta)
CNPJ nº 67.571.414/0001-41 - NIRE 35.300.338.421
Aviso aos Debenturistas da 2ª Emissão Privada de Debêntures não Conversíveis - Comunicação de Aquisição Facultativa
A Viver Incorpoiradora e Construtora S.A. (“Companhia”) comunica aos titulares de debêntures da 2ª Emissão de Debêntures Simples, Não Conversíveis em Ações, da Espécie Quirografária, de Emissão da Companhia (“Debenturistas”,
“Debêntures” e “2ª Emissão”, respectivamente), que realizará a aquisição facultativa parcial de até R$ 11,085 milhões em
Debêntures (“Aquisição Parcial”), nos termos da Cláusula 6.18 do “Instrumento Particular de Escritura de Emissão Púbica
de Debêntures Não Conversíveis em Ações da Segunda Emissão da Viver Incorporadora e Construtora S.A.”, celebrado em 31
de maio de 2011, entre a Companhia e Pentágono S.A. Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (“Agente Fiduciário”),
posteriormente aditada (“Escritura de Emissão”), e do parágrafo segundo, do artigo 55, da Lei 6.404, de 15 de dezembro de
1976, conforme alterada (“Lei das S.A.”). Os termos iniciados em letra maiúscula que não forem expressamente definidos
neste comunicado terão o mesmo significado a eles atribuídos na Escritura de Emissão. A Aquisição Parcial será paga
mediante a entrega de unidades autônomas do Empreendimento denominado “Happy Days Manguinhos”, de propriedade
de subsidiária da Companhia, por seu valor de mercado, conforme laudo de avaliação preparado pela ENGEBANC-Engª e
Serviços Ltda., em 29 de abril de 2014. Após a publicação do Aviso aos Debenturistas no jornal Brasil Econômico, na cidade
de São Paulo e no Diário Oficial do Estado de São Paulo, os Debenturistas terão o prazo de 30 (trinta) dias corridos para
aderir à Aquisição (“Prazo de Adesão”), por meio do preenchimento e entrega na sede da Companhia, do Termo de Adesão
à Aquisição Facultativa, a ser disponibilizado no site de relações com investidores da Companhia. Após o Prazo de Adesão,
para aqueles que optarem pela Aquisição, a Companhia irá operacionalizar processo de liquidação mediante a entrega de
unidades autônomas aos Debenturistas aderentes, mediante a assinatura e registro das respectivas escrituras públicas em
data a ser estipulada pelas partes, observado que a Companhia somente poderá adquirir a quantidade de Debêntures que
tenham sido indicadas por seus respectivos titulares em adesão à Aquisição (“Período de Liquidação”). O valor dos imóveis
oferecidos em pagamento em relação a cada uma das Debêntures indicadas por seus respectivos titulares em adesão à
Aquisição será equivalente ao saldo do Valor Nominal Unitário, acrescido (i) da Remuneração calculada até a data. São
Paulo, 23 de maio de 2014. Viver Incorporadora e Construtora S.A.
26 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
AGENDA CULTURAL
Editora: Flavia Galembeck
[email protected]
T
odo ano, a pequena Cannes, no litoral sul da
França, transforma-se na capital mundial da
cinematografia quando sedia o Festival
Internacional de Cinema de Cannes. Neste ano, a
67ª edição do festival teve início na última semana
e segue até domingo, dia 25, quando a Palma
de Ouro será entregue ao vencedor. Ao todo,
49 produções de 28 países foram escolhidas para
integrar a Seleção Oficial deste ano, sendo 18 em
competição pela Palma de Ouro. Homenageando o
filme “Oito e Meio” de Federico Fellini, esta edição
traz uma combinação de veteranos na competição
ao prêmio principal que vai de Jean-Luc Godard,
Ken Loach, Mike Leigh aos irmãos Jean-Pierre e
Luc Dardenne. Entre tantos grandes nomes, o
ganhador será escolhido pelo júri presidido pela
cineasta Jane Campion, primeira mulher a
assumir a cadeira. A diretora alcança marcas
inéditas desde 1993, quando se tornou a primeira,
e única até hoje, diretora da história do festival a
ganhar a Palma de Ouro, com o filme “O Piano”. As
produções brasileiras mais uma vez ficaram de
fora da competição. Apenas na mostra paralela
“Un Certain Regard” o documentário “O Sal da
Terra” sobre o fotógrafo Sebastião Salgado,
dirigido pelo alemão Wim Wenders e pelo filho de
Sebastião, Juliano Ribeiro Salgado, será exibido.
A VEZ DOS VETERANOS
NO FESTIVAL DE CANNES
Deux Jours,
Une Nuit
A seleção oficial do festival deste
ano inclui três filmes de realizadores premiados, em edições anteriores, com a Palma de Ouro. Favoritos ao prêmio, os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne
retornam à competição com
“Deux Jours Une Nuit”, em que dirigem a estrela do cinema francês
Marion Cotillard pela primeira
vez. Os irmãos pertencem ao seleto grupo de realizadores que ganharam duas Palmas de Ouro e
têm todos os seus filmes anteriores desde “Rosetta”, de 1999, participando da competição.
Outro veterano em competição é o britânico Ken Loach. Ganhador do prêmio em 2006, o cineasta já apresentou 16 filmes no
festival. Este ano, ele exibe
“Jimmy's Hall”, que conta a história de Jimmy Gralton, líder comunista irlandês que desafiou a igreja católica questionando sua censura à liberdade de expressão. Loach compete nesta edição ao lado
de outra referência do cinema bri-
tânico, o cineasta Mike Leigh. Habitué de Cannes, o diretor que já
conquistou a Palma de Ouro uma
vez, há oito anos, volta à competição com “Mr. Turner”. O filme
marca o retorno de Leigh ao cinema de época e à biografia, ao contar a história de J.M.W. Turner,
um dos precursores do impressionismo francês, conhecido por
suas paisagens marítimas.
Além de Leigh, Loach e os irmãos Dardenne, a mostra competitiva marca a volta de Jean-Luc
Godard ao festival, com “Adieu
au Langage”. Muito aplaudido na
sua exibição na última quarta,
dia 21, é a quinta vez que o realizador concorre à Palma de Ouro,
prêmio que nunca conseguiu conquistar. Em “Adieu au Langage”
Godard inova ao produzir pela
primeira vez em 3D, ao mesmo
tempo em que apresenta elementos que marcaram sua carreira:
os movimentos de câmera, o som
não sincronizado com a imagem,
uma narração que deixa a impres-
são de não ser o elemento mais
importante no filme.
Com tantos nomes do cinema
de arte europeu em exibição, as
estrelas de Hollywood não têm
dado sorte em Cannes. O festival
exibiu em sua abertura o filme
“Grace de Mônaco”, de Olivier
Dahan. A produção, estrelada
por Nicole Kidman no papel de
Grace Kelly, foi massacrada pela
crítica internacional e considerado por muitos o pior filme de
abertura dos 67 anos do festival.
Já a produção “The Captive”, um
thriller sobre sequestro de crianças e pedofilia estrelado por Ryan
Reynolds, teve uma recepção gelada e recebeu muitas vaias durante a sessão de apresentação.
ONDE CONFERIR
■ Os principais filmes em
competição em Cannes
ainda não têm previsão de
estreia no Brasil.
NOTAS
’Cidade’ traz romance
inédito de Nelson Rodrigues
‘Dominguinhos’ chega
aos cinemas
CINEfoot une cinema e
futebol na Copa do Mundo
No livro “Cidade”, André Sant’Anna, Carlito
Azevedo, Aldir Blanc e Veronica Stigger Dar
foram convidados para concluir uma narrativa
iniciada por Nelson Rodrigues. A proposta foi
lançada pela editora Nova Fronteira, a partir de
um capítulo publicado pelo escritor, em 1937. O
livro já está à venda nas principais livrarias.
Desde ontem o documentário está em
cartaz em sete estados brasileiros.
Com direção de Joaquim Castro,
Eduardo Nazarian e Mariana Aydar, o
longa traz imagens inéditas e shows
célebres, embalados pela narração
inconfundível do “rei da sanfona”.
Com programação já acontecendo no Rio, São
Paulo e Belo Horizonte, a 5ª edição do CINEfoot
apresenta o número recorde de 79 filmes, entre
mostras competitivas e paralelas. Com filmes
nacionais e internacionais, o evento segue rota
itinerante pelas 12 cidades-sede da Copa do
Mundo a partir de 10/6, pouco antes do mundial.
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 27
Fotos Divulgação
Mr. Turner
A arte que nasceu em
campos de concentração
Adieu au
Languagem
A capacidade humana de projetar novas realidades pode surpreender. É o que mostra a exposição “As
meninas do Quarto 28”, em cartaz
a partir de hoje no Museu Brasileiro
da Escultura (MuBE), em São Paulo. A mostra traz desenhos feitos
por 50 meninas judias em um campo de concentração nazista, durante a II Guerra Mundial.
Coloridos e cheios de vida, os desenhos são fruto da passagem da artista plástica Friedl Dicker Brandeis pelo campo de concentração
Theresienstadt. Considerada a precursora da Arteterapia, ela estimulou as meninas a fugir da dura realidade por meio de tintas e papel.
aquele desenho, porque é muito colorido, com sol, e a gente sabia que
ela estava num campo de concentração. Ficou essa dúvida. Passaram-se vários anos e era muito difícil ter informações por causa do regime comunista. Só sabíamos que
ela tinha morrido em Auschwitz.”
Em 2012, incentivada por um
amigo, Karen resolveu voltar a procurar informações. Com a ajuda da
internet, conseguiu contactou o diretor do museu. “ O diretor me respondeu, três dias depois, que não tinha apenas um, mas trinta desenhos de minha tia. Consegui montar esse quebra-cabeça e dar um
presente à minha mãe, 70 anos depois — um fechamento para uma
história que estava em aberto”.
Karen destaca a genialidade de
Friedl, que utilizava os recursos de
que dispunha para estimular as
crianças. No momento que acabou
a tinta, ela começou a usar colagem com papéis coloridos de presentinhos que as meninas recebiam, como geleias. “Vamos ter
uma mesa redonda com arteterapeutas. Isso é bacana também, de
mostrar como no Brasil, que tem
crianças abandonadas, a arte pode
ser uma ferramenta de expressão.”
A mostra tem duas atrações de
peso na estreia. Às 15h, uma visita
guiada seguida de palestra com a
jornalista alemã Hannelore Brenner, autora do livro que deu origem
à exposição, e Vera Krainer, sobrevivente da II Guerra.
ONDE CONFERIR
■ Até29/06 noMuBE,que
ficanaAv.Europa,218,emSP.
Divulgação
A relação entre os desenhos e o
Brasil extrapola os limitesda exposição. Uma das meninas, Erika
Stransky, cujo trabalho está exposto, morreu em uma câmara de gás
em Auschvitz. Em 1946, o pai dela,
George Stransky, e sua meia irmã,
Monika, se mudaram para São Paulo. Décadas depois, em 1974, durante uma visitaa Praga,Monikadescobriu que Erika tinha sido uma das
meninas do Quarto 28. A filha de
Monika,Karen Stránská,lembra como se fosse ontem: “Estávamos no
Museu Judaico de Praga quandominha mãe viu a assinatura de Erika
em um dos quadros. Ela ficou congelada. Eu não entendi muito bem
Mostra exibe acervo inédito de fotos
e filmes da escola Bauhaus, no Rio
The Captive
Fundada em 1919 por Walter Gropius como primeira escola de design, a alemã Staatliches-Bauhaus
tornou-se referência mundial nos
estudos de vanguarda de arquitetura e design. Pouco conhecido pelo
público, oacervode fotografias e filmes também teve um papel importante dentro da produção artística
da escola. Pensando nesse conteúdo inédito no Brasil, a mostra “bauhaus.foto.filme” reúne 50 fotografias e 20 filmes dos dois acervos
mais importantes da Bauhaus, oArquivo Bauhaus/Museu de Design e a
Fundação Bauhaus Dessau.
O acervo pouco conhecido é
composto por mais de 40 mil registros fotográficos e experimentações
em audiovisual produzidos pelos
alunosdaescola antese depoisdainclusão da fotografia em seu currículo oficial, em 1929. Com curadoria
de Christian Hiller, Philipp Oswalt,
Thomas Tode e de Anja Guttenberger, a mostra remonta instalações
originais, que exibem a mesma programação de filmes apresentada
por Walter Gropius, na cerimônia
de inauguração do novo prédio da
Bauhaus, em 1926. Além dos filmes
e fotos produzidos pelos alunos, a
exposição traz entrevistas e adaptaçõesposteriores de projetos de Werner Graeff, Kurt Schwerdtfeger e
Kurt Kranz, compondo umpanorama geraldorepertóriocinematográfico da escola. “bauhaus.foto.filme” segue em cartaz até 20/07 no
Oi Futuro Ipanema, no Rio.
28 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
▲
MUNDO
Jock Fistick/Bloomberg
CONFLITO NA UCRÂNIA
Otan já admite retirada de tropas russas
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou
ontem que movimentações de tropas russas podem indicar a retirada
parcial da fronteira com a Ucrânia. “No fim da noite de quarta-feira,
vimos uma atividade limitada de tropas russas perto da fronteira
com a Ucrânia, o que pode sugerir que parte das forças se preparam
para a retirada", afirmou Rasmussen à imprensa de Montenegro.
Editor: Gabriel de Sales
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Câmara aprova reforma da NSA
O texto, que vai para o Senado, acaba com a coleta sistemática de dados telefônicos pela agência junto às operadoras
A Câmara dos Representantes dos
EUA aprovou ontem a primeira
tentativa de reforma da Agência
de Segurança Nacional (NSA),
após as revelações de Edward Snowden, sem o apoio de ONGs e empresas do Vale do Silício que criticam a ambiguidade do texto.
Cerca de um ano depois das revelações do ex-funcionário da
NSA, a Câmara aprovou por 303
votos a favor e 121 contra o projeto
de lei “USA Freedom”, a primeira
reforma do programa de vigilância eletrônica da agência desde os
ataques de 11 de setembro de
2001. De acordo com o texto aprovado, que ainda deve ser analisado pelo Senado nas próximas semanas, a NSA não pode forçar as
operadoras americanas a fornecer
integralmente os metadados (datas, duração, número) de chamadas telefônicas feitas em suas redes nos Estados Unidos.
Para ter acesso a estes dados, o
FBI e a NSA devem primeiro obter
uma ordem judicial individual do
tribunal secreto dedicado às escutas telefônicas, o Foreign Intelligence Surveillance Court (Fisc),
com base em uma suspeita “razoável”. No entanto, após discussões
com a Casa Branca, descritas como “intensas” pelos legisladores,
alguns trechos muito técnicos foram modificados na terça-feira
com relação à versão aprovada
em comissão no dia 8 de maio. A
Casa Branca indicou na última
quarta-feira que apoiava totalmente a nova versão.
A mudança provocou uma reação negativa da ampla coalizão
de organizações de defesa da privacidade e de grandes empresas
da internet, incluindo Google,
Apple e Microsoft. Eles argumentam que a reforma impede efetivamente a coleta de dados eletrônicos dos americanos, mas nada
impedirá a espionagem em massa pela NSA de grupos de pessoas, potencialmente milhões.
“A versão mais recente cria uma
lacuna inaceitável que poderia
permitir a coleta em massa de dados dos internautas”, considerou
em um comunicado a coalizão Reform Government Surveillance,
que inclui AOL, Apple, Dropbox,
Facebook, Google, LinkedIn, Microsoft, Twitter e Yahoo!.
“Compartilho sua frustração”,
declarou por sua vez o co-autor
do projeto de lei, o deputado Jim
Sensenbrenner. “Mas o melhor é
inimigo do bom”, afirmou, depois
de se vangloriar das novas disposições que vão aumentar a transparência das atividades da NSA. “É o
fim das leis secretas, se a administração violar o espirito da lei, todos nós saberemos”, disse.
AtravésdeSnowden,foidescoberto que a espionagem da NSA havia
chegado a entidades como a ONU e a
União Europeia e chefes de Estado e
governo,comoachanceleralemãAn-
gela Merkel e a presidente Dilma
Rousseff.Depoisdadivulgaçãodainformação, Dilma cancelou uma visita a Washington e apresentou, junto
com a Alemanha, uma resolução na
AssembleiadaONUpedindoumarevisãomundialdaespionagem.Otextofoiaprovadoem novembro.
Snowden apareceu ontem em
uma “selfie” durante encontro com
os jornalistas Glenn Greenwald e
Laura Poitras. É a primeira reunião
entre os três desde que o ex-agente
passou arquivos secretos sobre a espionagem americana ao jornalista,
em junho do ano passado. AFP
Reprodução
O QUE DIZ O TEXTO
■ A NSA não pode forçar as
operadoras americanas a fornecer
integralmente os metadados
(datas, duração, número) de
chamadas telefônicas feitas
em suas redes nos EUA.
■ Para obter os dados das
operadoras telefônicas, o FBI
e a NSA devem primeiro ter
acesso a uma ordem judicial
individual do tribunal secreto
dedicado às escutas telefônicas,
o Foreign Intelligence Surveillance
Court (Fisc), com base em
uma suspeita “razoável”.
■ A nova lei dá mais poder à
Fisc, por onde passarão os
requerimentos do governo
sempre que quiser obter dados
considerados relevantes a
investigações de segurança.
■ O texto prevê também que a
agência só poderá obter dados
de pessoas a “dois graus de
separação” de um suspeito.
Selfie: Edward Snowden com David Miranda e os jornalistas Glenn Greenwald e Laura Poitras
Golpe de estado na Tailândia após sete meses de protestos e crise política
Novo regime adotou o
nome Conselho Nacional
para a Manutenção
da Paz e da Ordem
O Exército tailandês tomou o poder ontem e suspendeu a maioria
das liberdades civis após sete meses de crise política e protestos
que causaram um impasse.
O primeiro-ministro deposto,
Niwattumrong Boonsongpaisan, e
seu governo receberam a ordem
de se apresentar ao novo regime,
que adotou o nome de Conselho
Nacional para a Manutenção da
Paz e da Ordem. O Exército também ordenou que os manifestantes dos dois lados, acampados em
Bangcoc, fossem para suas casas, e
proibiu qualquer concentração de
mais de cinco pessoas. Os manifestantes começaram a obedecer às
ordens durante o início da noite.
O novo Conselho também
suspendeu a Constituição, mas
decidiu manter o Senado, afirmando que isso permitirá governar o país sem problemas. Depois de menos de três dias de lei
marcial, destinada, de acordo
com o Exército, a forçar o diálogo entre os atores civis da crise
O Exército ordenou
que os manifestantes
dos dois lados,
acampados em
Bangcoc, fossem
para suas casas,
e proibiu qualquer
concentração de
mais de cinco pessoas
política, o poderoso chefe do
Exército, o general Prayut
Chan-O-Cha, apareceu durante
a tarde na televisão para explicar que o golpe era necessário
“para o país voltar ao normal”.
O general destacou a violência
no país, que deixou 28 mortos desde o início da crise no ano passado, principalmente durante manifestações. “Todos os tailandeses
devem manter a calma e os funcionários públicos devem continuar
a trabalhar como de costume”,
acrescentou. Mas um toque de recolher foi decretado em todo o
país a partir desta madrugada.
Todasasemissorasdetelevisãoerádio precisaram interromper suas programaçõesedifundirboletinsdonovo
regime militar. “O objetivo é fornecer
informações precisas à população”,
leu um porta-vozmilitarnatelevisão,
queexibeapenasfotosdesoldadosem
umfundobrancoentreasdeclarações
lidaspelomilitar.Asredessociaistambém vão ser submetidas ao controle
dos militares. O conteúdo considerado“crítico”vaiserbloqueado.
A Tailândia sofreu 18 golpes de
Estado ou tentativas em cerca de
80 anos. O último, em 2006, contra o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra. AFP
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 29
MUNDO EMERGENTE
FLORÊNCIA COSTA
[email protected]
EFEITOS DA TSUNAMO
Editoria de Arte
N
aMo tem 63 anos, a língua bem afiada e um temperamento
indomável. Ganhou fama de autoritário, mas também de
eficiente administrador, com apurado faro para negócios, além
de hindu devoto. A partir das 18h dessa segunda-feira, 26, Narendra
Modi vai passar a comandar o segundo país mais populoso do mundo
e uma das estrelas entre os emergentes: a Índia, com seus 1,2 bilhão
de habitantes. Será o décimo quarto primeiro-ministro da terceira
economia da Ásia. Mas na terra da meditação contemplativa, sua
vitória – comparada a uma tsunami - provocou reações contraditórias
e intensas entre os indianos: paixão e fúria, esperança e medo.
Desde Indira Gandhi (assassinada
em 1984 por seus guarda-costas
da religião sikh, em represália a
um ataque a sikhs fundamentalistas que desafiavam o Estado), a Índia não tinha um primeiro-ministro que fomentasse tanto amor e
ódio ao mesmo tempo. Assim como Indira (que era do Partido do
Congresso, hoje derrotado), NaMo é dono de um estilo durão, provocador, que divide opiniões. Nos
últimos dias, analistas o comparam a figuras do passado, como Richard Nixon, Margareth Thatcher, Ronald Reagan, e do presente, como o presidente russo
Vladimir Putin e primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
Até pouco tempo atrás, o nome
Narendra Modi era associado exclusivamente à violência religiosa, uma das pragas que ataca a Índia de tempos em tempos. Ele foi
acusado de ter feito vista grossa
ao massacre de mais de mil muçulmanos por hordas de hindus enfurecidos em 2002 no estado do Gujarat, que governou por 12 anos. A
Suprema Corte considerou as evidências muito frágeis para apoiar
as acusações contra ele. No entanto, a imagem de NaMo ficou tão associada à tragédia no Gujarat que
o governo americano passou a negar visto a ele, baseando-se em
uma lei que barra a entrada de estrangeiros que tenham cometido
“severas violações à liberdade religiosa”. A proibição, é claro, já não
vale mais. Barack Obama já telefonou para NaMo convidando-o para uma visita aos EUA.
O futuro da Índia depende, entre outras coisas, da habilidade de
NaMo em transcender suas raízes
sectárias e governar para todos os
indianos. Os muçulmanos são
uma minoria religiosa (15% da população), mas somam mais de 170
milhões de pessoas: é o terceiro
país com população islâmica do
mundo, depois da Indonésia e do
Paquistão. O BJP (Bharatiya Janata Party, ou Partido do Povo Indiano) de NaMo tem ligações com
grupos radicais, como a RSS
(Rashtriya Swayamsevak Sangh,
ou “ Organização Patriótica Nacional”), paramilitar de direita. Durante a Segunda Guerra Mundial
os líderes da RSS eram admiradores abertos de Adolph Hitler. His-
toricamente, a RSS segue a chamada Hindutva, a filosofia nacionalista Hinduísta que prega a supremacia da religião seguida pela
maioria da população e persegue
outras minorias religiosas: além
dos muçulmanos, os cristãos.
Nathuram Godse, o assassino
de Mahatma Gandhi, tinha ligações com essa organização antes
de cometer o crime, há 66 anos.
Gandhi foi morto porque defendia o direito dos muçulmanos na
Índia independente. O secularimso que hoje consta da Constituição do país, foi uma bandeira de
luta de Jawaharlal Nehru, o primeiro primeiro-ministro da Índia. Nehru fundou a dinastia política dos Nehru-Gandhi, que liderou o Partido do Congresso.
Mas durante a eficiente campanha eleitoral de NaMo, sua imagem negativa foi atropelada por
outra bem diferente: a de “Vikas
Purush”, ou “Homem do Desenvolvimento”. A crença é de que o
CEO do Gujarat – como é conhecido - vai fazer a Índia brilhar novamente. A reinvenção da imagem
de NaMo (cuidadosamente trabalhada por uma empresa americana de relações públicas, a APCO
Worldwide) aconteceu em 2008.
Ratan Tata, um dos maiores empresários indianos, enfrentava
problemas em uma de sua fábricas. Era uma unidade no estado
de Bengala Ocidental, que construiria os famosos carros populares Nano. Os donos das terras
compradas para a construção da
fábrica reclamavam que haviam
sido mal compensados financeiramente.
Foi aí que NaMo estendeu o tapete vermelho para Tata, com um
acordo generoso: a empresa reteria o dinheiro de impostos que deveria pagar ao governo como um
empréstimo. Esse somente seria
pago depois de 20 anos, a uma taxa de juros baixíssima. A notícia
chamou a atenção mundial. Depois disso, outras motadoras estrangeiras procuraram NaMo em
busca de acordos semelhantes.
Por isso, muitos apostam que NaMo irá apressar os processos de
aquisição de terra para construir
parques industriais e outros empreendimentos – um dos maiores
focos de tensão social da Índia.
Dentro da Índia a
aposta é de que
NaMo não vai arriscar
o sucesso de seu
governo com atitudes
que desemboquem
em violência religiosa.
Ele deverá focar
na economia
Do ponto de vista econômico,
o BJP era originalmente protecionista e apoiava a filosofia do “Swadeshi” - defendida por Mahatma
Gandhi durante a luta pela independência: a promoção de produtos indianos em detrimento dos
estrangeiros. Mas nos últimos 15
anos, o BJP mudou e passou a defender o liberalismo econômico,
como fez o governo de Atal Bihari
Vajpayee (1998-2004).
Dentro da Índia a aposta é de
que NaMo não vai arriscar o sucesso de seu governo com atitudes que desemboquem em violência religiosa. Ele deverá focar na
economia e impulsionar o esmaecido crescimento econômico
(abaixo de 5%, pouco para o padrão indiano), com reformas liberalizantes, como a trabalhista. Já
há quem diga que ele deverá
abrir o setor do carvão para o capital estrangeiro. O carvão gera
mais da metade da energia da Índia. Um de seus maiores desafios
será criar empregos para os cerca
de 13 milhões de jovens aptos a
entrar para o mercado de trabalho a cada ano. NaMo, no entanto, foi bastante vago na sua campanha. Prometeu acabar com entraves burocráticos que prejudicam os negócios e lutar pelos pobres. Nos palanques, ele jurou fazer deste o século da Índia.
Para compará-lo a mais uma
personalidade mundial, o estilo
de governo de NaMo no Gujarat
lembra, segundo vários analistas,
o de Deng Xiaoping. O líder chinês carregou nos ombros o peso
do massacre da Paz Celestial (que
completa 25 anos em junho), perseguiu escritores, jornalistas, artistas e ativistas, mas adotou uma
política econômica que promoveu o crescimento sustentado. A
vitória de NaMo inundou a Índia e
o mundo de expectativas, boas e
ruins. Mas apenas um homem conhece a sua mente. E esse homem
é Narendra Modi.
Coluna publicada às sextas-feiras
30 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
OPINIÃO
Editoria de Arte
Pontos
importantes
da relação
com
headhunters
Laerte Leite Cordeiro
[email protected]
uanto mais a conjuntura econômica se complica, tanto mais as
demissões e o desemprego crescem. Avida vai ficando maisdifícil, a inflação sobe, os salários
perdem valor, os empregos entram emrisco e encontraruma nova oportunidade de trabalho torna-se uma tarefa
complicada, quando as empresas não
querem contratar ninguém.
Se V. perdeu seu emprego nos últimos
doze meses, pode bem estar ainda desempregado, vivendo de sua poupança e fazendo “bicos” aqui e acolá. Emprego que
é bom, nada!
Esse período difícil, que quase todos
nósjávivemosumdia,obrigaaodesenvolvimento de nossa criatividade, na busca
do nosso objetivo profissional. Esse é o
momento em que devemos ter umfoco de
carreira definido, para não dar a impressão que somos especialistas em generalidades ou que podemos “jogar nas onze”,
tão competentes que somos. Precisamos,
também, de um currículo que nos anuncie para o mercado, oferecendo o que ele
quer, de forma clara e objetiva. Havemos,
igualmente, de estar preparados para
eventuais convocações para processos de
recrutamentoeseleção,comeficienteparticipação em entrevistas de escolha.
Organizado em termos do que é básico
para se conseguir um emprego, começa
aí a nova fase de divulgar nossa candidatura para as empresas e para os headhunters – estes que estão no mercado buscando profissionais para fecharem vagas em
seus clientes, visando oportunidades
compatíveis com seu perfil.
É aí que o profissional desempregado
deve buscar os seus amigos, conhecidos,
colegas,chefese demais pessoasque componham o seu “network” pessoal/profissional para lhespedirapoiopara oportunidades que porventura lhes cheguem ao
conhecimento.Deve,também, estarmuito atento para a rede social/profissional
mais conhecida e circular por dentro dela, com toda a força, buscando alternativas de emprego. E embora pouco utilizados hoje em dia – principalmente para
cargos de maior nível – não deixar de ler
osclassificadosdos principais jornais e revistas, que vez por outra publicam anúncios interessantes.
De propósito deixamos de lado, acima,
os escritórios dos headhunters, que são os
consultores contratados pelas empresas
para buscar, no mercado de trabalho, os
Q
O profissional desempregado
deve, também, estar
muito atento para a rede
social/profissional mais
conhecida e circular por
dentro dela, com toda a
força, buscando alternativas
profissionais que elas querem contratar.
Elestêm asvagasemseus clientes. Épreciso lembrar que os headhunters ou “caçadores de talentos” recrutam e selecionam
principalmente, executivos e profissionais de nível e são menos utilizados pelas
empresas para o recrutamento relativo a
posições de menor nível hierárquico.
Portanto, se V. busca uma posição de
maior destaque, principalmente em nível
de gerência e direção, não deixe de dar
uma atenção especial, em seu processo de
divulgação, a esses escritórios que detém,
sempre,umnúmerosignificativode oportunidades disponíveis, lembrando que
há, pelo menos, cinco pontos principais
na relação entre candidatos e headhunters, que precisam ser considerados:
1. Seu currículo deve ser divulgado para os headhunters por e-mail ou diretamente no site do cadastro da consultoria,
procedimento que vai se transformando,
cada vez mais, na forma preferida dos
consultores. É uma maneira trabalhosa
de se divulgar quando se pensa que só em
São Paulo há mais de 70 escritórios de
bons serviços e qualidade. O importante
é que cada headhunter organiza seu cadastro e pede informações da maneira
que lhe parece mais adequada aos seus
propósitos de informação.
2. Um currículo de 2, no máximo 3 páginas, é tudo quanto o consultor precisa,
quando o candidato mandar por e-mail.
Uma carta curta de capa é delicado, mas
não precisa mais do que isso. Quando for
preciso fazer o cadastro, tudo o que os
consultores quiserem estará lá para ser
preenchido.
3. Uma vez divulgado o seu currículo
para os headhunters, por cadastro ou
e-mail, não é preciso fazer um contato telefônicoparasabersechegouequaloestágio do processo. Se houver alguma posição compatível sendo trabalhada e se seu
currículo for de interesse, não se preocupe
que o “caçador” virá atrás da “caça”, salvo num caso – hoje pouco frequente – de
um extravio do seu currículo no caminho.
4. Lembre-se que um escritório de recrutamento e seleção de executivos recebe dezenas de currículos todos os dias e
seu cadastro cresce a cada momento. Havendo interesse, o primeiro contato será
provavelmente telefônico, convidando-o para uma entrevista preliminar na
consultoria ou entrevistando-o desde logo e colhendo dados adicionais.
5. É bem provável que o candidato a
emprego tenha que ir à consultoria mais
do que uma vez, para testes e entrevistas,
preliminares ou de profundidade. Só depoisde uma boa avaliação que conclua pela adequação do candidato ao perfil desejado pela empresa-cliente é que ele será
apresentado, como uma das indicações
da consultoria à posição em aberto.
Muitas recomendações poderiam ser
feitas para melhorar a relação dos candidatos com os headhunters. Aqueles que
mostramos acima são apenas alguns dos
cuidados que devem ser observados nas
relações com os consultores. Vale, por último, lembrar, que os headhunters trabalham para as empresas contratantes e a
elas devem atender,mas sempre sem prejuízo de um tratamento adequado, cortês
e profissional aos candidatos. Geralmente é assim que acontece.
Laerte Leite Cordeiro é consultor sênior
em recrutamento, seleção e avaliação
de executivos e profissionais
Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014 Brasil Econômico 31
FABIO FELDMANN
ROBERTO FREIRE
Consultor em sustentabilidade
Deputado federal por São Paulo
e presidente nacional do PPS
Greves de ônibus
e o caos urbano
Controle de preços,
a artimanha fajuta do PT
São Paulo assistiu nos últimos dias a um caos no transporte
público da cidade. Uma dissidência sindical levou motoristas e cobradores a realizarem piquetes que impediram a circulação de ônibus na cidade.
Além disso, parte desses últimos foi estacionada de modo
a evitar que motoristas pudessem furar a greve. Como conseqüência, a população “pagou o pato”, até mesmo pelo fato
de que o movimento grevista foi feito sem nenhuma notificação prévia às autoridades e ao povo.
O governo da presidente Dilma Rousseff vem segurando preços de combustíveis e energia para evitar impacto nos índices
de inflação em ano eleitoral. Não se trata de uma acusação feita
por umoposicionista, mas da confissãopública de ninguémmenos que o chefe da Casa Civil, Aloisio Mercadante, em entrevista à “Folha de S.Paulo”.Um dia depois do ataque de sinceridade
do petista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, desautorizou as declarações do colega de Esplanada e negou que a atual
gestão esteja represando tarifas. Mas o estrago já estava feito.
Pessoas foram ao trabalho sem saber que não poderiam voltar para casa mais tarde. Em que pese a legitimidade da greve como recurso legal
dos trabalhadores, não há como não
se questionar a sua utilização quando a mesma impõe sofrimento à população.
Especialmente àquela que depende do ônibus para se deslocar na cidade. Esta última greve me fez lembrar
das conhecidas “operações tartaruga” nos aeroportos brasileiros, que
impõem aos cidadãos que dependem dos serviços públicos o ônus
dessas medidas. Se de um lado tais
iniciativas dão visibilidade às reivindicações e criam ambiente propício
às negociações, por outro trazem
muitas vezes o caos que assistimos
em São Paulo. Há poucos dias, a Política Militar da Bahia se utilizou desse
mesmo recurso e, por conseqüência,
os homicídios explodiram.
Diante do descalabro da política
econômica de um governo sem rumo, não surpreende que dois de seus
principais ministros protagonizem
um bate-boca sobre a contenção de
preços. A desastrosa condução da economia pelo PT levou a reputação do
Brasil ao chão, com uma série de previsões furadas do próprio Mantega sobre o crescimento do PIB, além da
“contabilidade criativa” que mascara
a expansão da despesa pública e da dívida governamental, gerando um ambiente de absoluta incerteza em relação à saúde financeira nacional.
Enquanto Mantega e Mercadante
não falam a mesma língua e a presidente afirma que “a inflação está
sob controle”, o trabalhador sente
no bolso que não vivemos às mil maravilhas. De acordo com o IPCA de
abril, a inflação acumulada no ano
chega a 6,28%, índice que continua
muito acima do centro da meta estipulada pelo governo (4,5%) e bem
próximo do teto de 6,5%.
Desde a última greve
de ônibus, pouco se
avançou na discussão do
transporte público urbano
em São Paulo e no Brasil;
a começar pela abertura
da planilha de custos
Com a chegada da Copa do Mundo
certamente teremos muitas greves,
além demanifestaçõesnasruasemnome de diversas causas. O direito de sua
realização é incontestável. Mas o que
está em debate é como separar o joio
do trigo. Quer dizer reconhecer esse
direito e também não penalizar, no casode serviçospúblicosessenciais,a população. No que tange às manifestações, reprimir os atos de vandalismo.
Voltando à greve de ônibus paulista, o que mais surpreendeu foi o fato
de que a mesma foi liderada, até onde se sabe, por uma dissidência sindical, uma vez que a assembléia da categoria teria aprovado um acordo no
dia anterior.
A única estratégia a ser seguida é
a abertura de um diálogo por parte
das autoridades com todos os atores
envolvidos, com o objetivo de se estabelecer algum denominador comum. Este consistiria em se fixar algumas regras que protegessem os direitos dos cidadãos afetados potencialmente pelas greves.
Certamente alguns leitores poderão dizer que já existe legislação a respeito do assunto. É verdade. Mas os
episódios recentes demonstraram
que é necessário um protagonismo
antecipatório das autoridades.
É interessante se assinalar que
as manifestações de junho do ano
passado foram motivadas exatamente contra o aumento das tarifas de ônibus. Desde então, pouco
se avançou na discussão do transporte público urbano em São Paulo
e no Brasil. A começar pela abertura da planilha de custos, que permitiria que soubéssemos exatamente
como trabalhar no sentido de garantir uma oferta de transporte eficiente e barato.
Se o maior custo é o combustível,
como reduzir a taxação do mesmo?
Com a transparência dos dados poderíamos enfrentar com mais qualidade essa discussão. Aliás, é bom lembrar que a destruição de ônibus pelos vândalos vai trazer custos adicionais ao usuário dos mesmos.
Enfim, vamos aprofundar o debate e encontrar nas regras democráticas boas soluções.
Sem credibilidade junto
ao mercado e à sociedade,
o país fica condenado a
um círculo vicioso em
que investidores deixam
de investir e consumidores
deixam de consumir
A manipulação de dados gera
uma onda de desconfiança que fere
de morte a economia brasileira. Recentemente, nem mesmo o IBGE escapou da tal investida, que culminou na suspensão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que divulgaria
números relativos ao emprego. Dian-
te da péssima repercussão na opinião pública, a divulgação da pesquisa foi mantida para o início de junho.
Sem credibilidade junto ao mercado e à sociedade, o país fica condenado a um círculo vicioso em que investidores deixam de investir e consumidores deixam de consumir, aumentando a sensação de que andamos de lado. Mais do que uma mera impressão,
trata-se de constatação da realidade:
segundo o IBGE, o crescimento médio
do PIB nos três primeiros anos do governo Dilma foi de apenas 2%, o que
significa que a economia brasileira
cresce no menor ritmo desde Collor.
Com a perigosa combinação de
baixo crescimento com inflação e juros em alta, o governo petista se move por preocupações eleitorais quando decide represar as tarifas de gasolina, energia e outros preços administrados. Tudo em nome de uma reeleição que hoje, dado o percentual de
brasileiros que desejam mudança
(74%, diz o Datafolha), não parece
muito provável.
Com a ameaça cada vez maior de
volta da inflação, tudo o que o Brasil
não precisa neste momento é de um
governo que não preza pela transparência. Segurar preços artificialmente para ludibriar os agentes econômicos e a população, em uma clara tentativa de salvar a presidente-candidata nas eleições, não passa de artimanha desonesta que só arranha ainda mais a reputação do país. Precisamos de menos Mercadantes, Mantegas e Dilmas, e de mais gente séria
na condução da economia. De menos contabilidade criativa e mais credibilidade. Precisamos da decência,
da competência e da honestidade
que tanto têm faltado ao país nos últimos 12 anos.
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Diretor Presidente José Mascarenhas
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32 Brasil Econômico Sexta- feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de maio de 2014
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PONTO FINAL
OCTÁVIO COSTA Chefe de Redação
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Esta guinada positiva na economia
seria uma das explicações para os
números da mais recente pesquisa
do Ibope, que aponta reação da presidente e o ressurgimento da tendência de uma decisão ainda no primeiro turno. Teria pesado também, segundo os analistas, o programa nacional de tevê do PT que
AROEIRA
advertiu sobre o risco das conquistas sociais serem abandonadas pela
oposição – a chamada estratégia do
medo, que acaba de ser proibida pela ministra Laurita Vaz, do TSE, exatamente em razão do forte impacto. Mesmo que seja temerário projetar o cenário de hoje para o que vai
acontecer em outubro,o certo é
Cada um interpreta
as pesquisas
de opinião como quer.
Se o PT encontra
motivos para ficar
mais tranquilo, o PSDB
e o PSB também veem
luz no horizonte
a partir da campanha oficial, entrará de vez na corrida eleitoral.
Ahipótese de segundo turno havia sido apontada em outras pesquisas, principalmente se considerados os votos de candidatos nanicos
como o Pastor Everaldo. É importante, porém, considerar que Aécio
Neves e Eduardo Campos já tinham
aparecido com intenções de voto
muito semelhantes às da consulta
do Ibope. Há pelo menos quinze
dias, outros institutos de renome
mostraram o neto de Tancredo com
20% e o neto de Arraes pela primeira vez acima de dois dígitos. Nesse
sentido,nada mudou.Emais: nas simulações de segundo turno, Dilma
derrota Aécio por 43% a 24%, e bate Campos por 42% a 22%. Além
disso, o Ibope também mostrou
que oíndice de rejeiçãoda presidente se estabilizou em torno de 33%.
O Brasil vai parar para acompanhar a Copa em junho e a campanha para valer só começará em
agosto. Mas, salvo um acidente de
percurso, está aberto o caminho
de Dilma Rousseff para a reeleição.
SOBE E DESCE
Elza Fiúza/ABr
T
udo indica que a inflação estancou e a possibilidade de furar o teto
da meta está descartada. Eterno otimista, o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, vai além e afirma que os preços vão continuar em
queda, numa previsão recebida com reservas por alguns economistas.
Mas as estatísticas sobre o desemprego também levam água para o
moinho do governo. Dados divulgados ontem, mostram que entre abril e
maio, a taxa recuou de 5% para 4,9%, o menor nível para o mesmo
período desde o início da série histórica do IBGE em 2002. O resultado dá
sustentação à tese de que o nível baixo de geração de emprego formal
em abril – o pior dos últimos 15 anos – pode estar atrelado ao “fato de o
país se encontrar em situação de pleno emprego”, como afirmou o
ministro do Trabalho, Manoel Dias. Uma coisa é certa: o vento da
economia mudou de direção e passou a soprar a favor de Dilma Rousseff.
que, no levantamento feito entre 15
e 19 de maio, as intenções de voto
na presidente Dilma subiram para
40%, contra 37% na pesquisa anterior. No Palácio do Planalto, o número foi comemorado e cresceu a
impressão de que o pior já passou.
Mas cada um interpreta as pesquisas de opinião como quer. E é isso que acontece com os números
do Ibope. Se o PT encontra motivos para ficar mais tranquilo, o PSDB e o PSB também veem luz no
horizonte. Aécio Neves pulou de
14% para 20% e Eduardo Campos
quase dobrou nas intenções de voto, de 6% em abril para 11% agora.
Os dois passaram a somar 31%, distantes apenas nove pontos percentuais da posição da presidente. Em
abril, o fosso era muito maior, de
17 pontos percentuais. Por esse
prisma, tucanos e socialistas têm
motivo, de fato, para acreditar numa disputa acirrada com Dilma.
Hoje, as chances de Aécio passar
para o segundo turno parecem
maiores, e Campos continua a
apostar que, com maior exposição
■ A ministra Eleonora Menicucci,
da Secretaria de Política das
Mulheres, iniciou campanha
‘Violência contra as mulheres - eu
ligo’ para incentivar as denúncias
via o telefone 180. A divulgação
será na TV e terá aplicativo.
Moreira Mariz/Ag. Senado
SÓ UM ACIDENTE DE PERCURSO
■ O senador Sergio Petecão
(PSD-AC), em seu segundo
mandato, virou réu de ação penal
no STF após a acusação de compra
de votos na eleição de 2006. Pode
ser condenado a quatro anos de
reclusão.
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Brasil Econômico