64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Tabebuia impetiginosa
(BIGNONIACEAE) E Dalbergia nigra (FABACEAE) EM CONDIÇÕES DE
ALAGAMENTO
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Laís G. C. Lopes , Risolandia B. Melo , Augusto C. Franco , Cristiane S. Ferreira
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Universidade de Brasília. *[email protected]
Para que uma semente germine é necessário um
conjunto de condições ótimas de luz, água, oxigênio e
temperatura. Em solos que sofrem alagamento sazonal,
como nas matas de galeria inundável do Cerrado, um dos
fatores limitantes ao processo de germinação é o
suprimento de oxigênio. A saturação hídrica do solo
restringe a quantidade de oxigênio para as raízes das
plantas e gera, em pouco tempo, um ambiente hipóxico
ou mesmo anóxico [1] para muitas espécies. Um grande
número de sementes de plantas terrestres que possui
alta taxa de germinação no solo não germina quando
submersas na água, pois perdem rapidamente a
viabilidade sob tais condições [2]. O objetivo deste
trabalho foi avaliar a germinação de duas espécies típicas
das matas de galeria que ocorrem no Brasil Central,
Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl. (Bignoniaceae) e
Dalbergia nigra (Vell) Fr. All. (Fabaceae), quando
submetidas ao alagamento.
Metodologia
Sementes das duas espécies foram coletadas
diretamente das árvores em seus ambientes naturais de
ocorrência, processadas e colocadas para germinar em
dois tratamentos: controle (não-alagado, com substrato
de duplo papel de filtro) e alagado (submersas na água).
Os experimentos foram montados em gerbox (4
repetições x 25 sementes), mantidas em câmaras de
germinação tipo B.O.D. a 25°C, com fotoperíodo de 12
horas, até a emissão e curvamento da radícula, indicativo
da germinação. Foi verificada a porcentagem e o tempo
médio de germinação (TmG) das sementes. A viabilidade
das sementes não germinadas foi avaliada pelo teste de
tetrazólio no final do experimento, que teve a duração
aproximada de 40 dias.
Resultados e Discussão
As espécies apresentaram germinação rápida, com o
TmG de seis dias para T. impetiginosa e sete dias para
D. nigra. Essa é uma característica comum para espécies
de ambientes sazonais, que dispõem de curto período de
tempo para que a semente germine e estabeleça uma
nova plântula. Contudo, as duas espécies apresentaram
diferenças no percentual de germinação relacionadas ao
substrato para a germinação. As sementes de T.
impetiginosa germinaram tanto na água (50%) quanto no
tratamento controle (52%) (Fig. 1), mas apresentaram
elevado percentual de sementes inviáveis (cerca de
15%), cujo embrião estava morto ao final dos tratamentos
de germinação. Por outro lado, D. nigra que apresentou
elevado percentual de germinação no tratamento controle
(87%) não teve nenhuma semente germinando na água
(Fig. 1), no entanto, todas as sementes não germinadas
permaneciam viáveis (100% dos embriões viáveis pelo
teste de tetrazólio) após serem retiradas do tratamento de
submersão.
Germinação de sementes (%)
Introdução
T. impetiginosa
D. nigra
100
80
60
40
20
0
controle
alagado
Tratamentos
Figura1. Percentual de germinação das espécies T.
impetiginosa e D. nigra em condições não-alagadas
(controle) e alagadas. n=100 em cada tratamento
Conclusões
As duas espécies possuem estratégias distintas para
germinar no ambiente sazonalmente alagado das matas
de galeria inundável. T. impetiginosa consegue germinar
tanto em solo saturado de água, quanto em solo seco. D.
nigra não germina em solo saturado de água, mas
mantém o embrião viável até que as condições do solo se
apresentem favoráveis para a germinação.
Agradecimentos
CNPq/Projeto Universal processo 484545/2012-4.
Referências Bibliográficas
[1] Armstrong, W. 1979. Aeration in higher plants. Academic
Press, pp. 225-332.
[2] Bewley, J.D. & Black, M. 1982. Viability, Dormancy and
Environmental control. v.2. In: J.D. Bewley & M. Black (eds.).
Physiology and Biochemistry of seeds in relation to
germination. New York, Springer-Verlag.
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Resumo - Sociedade Botânica do Brasil