CONFIGURAÇÃO DOS ESTÁGIOS CURRICULARES
SUPERVISIONADOS NOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
INTEGRANTES DO SISTEMA ACAFE - ASSOCIAÇÃO
CATARINENSE DAS FUNDAÇÕES EDUCACIONAIS
Resumo
O objetivo deste estudo consiste em identificar como se configuram os estágios curriculares
supervisionados nos cursos de Ciências Contábeis componentes do sistema ACAFE –
Associação Catarinense das Fundações Educacionais. Para atingir o objetivo inicialmente
proposto foi utilizada pesquisa bibliográfica, que buscou desenvolver um referencial teórico
sobre o processo de ensino-aprendizagem dando ênfase aos estágios curriculares
supervisionados acerca das Diretrizes Curriculares para os cursos de Ciências Contábeis.
Quanto aos objetivos, este estudo caracteriza-se como descritivo, pois procurou descrever os
estágios curriculares supervisionados nos cursos de Ciências Contábeis do sistema ACAFE,
bem como, os procedimentos utilizados para integrar teoria e prática. Realizou-se, assim, um
levantamento junto a esta associação, cujo instrumento de coleta de dados constituiu-se de um
questionário, composto por perguntas abertas e fechadas. Este foi encaminhado à coordenação
dos referidos cursos, sendo que as análises procederam-se de forma qualitativa. Como
resultado da pesquisa evidenciou-se que os cursos têm conhecimento do que trata a Resolução
CNE/CES nº 10, de 16 de dezembro de 2004, em relação aos estágios curriculares
supervisionado, entretanto nem todos contemplam esta prática pedagógica. Os estágios são
realizados em ambientes disponibilizados pelas Universidades ou em organizações
conveniadas e as principais atividades desenvolvidas concentram-se em constituição de
empresas, escrituração contábil e fiscal, contabilidade de custos e controladoria. Na ausência
do estágio supervisionado, os cursos adotam a disciplina de laboratório contábil, cursos de
extensão e de formação continuada visando integrar teoria e prática.
Palavras-chave: Estágios Curriculares Supervisionados, Cursos de Ciências Contábeis,
Sistema ACAFE.
1 Introdução
Os habituais procedimentos didáticos baseados apenas na transmissão e reprodução de
conteúdos não são mais suficientes para atender as novas exigências educacionais originadas
em decorrência das crescentes mudanças econômico-sociais. Assim, estes devem ser
aprimorados, tendo em vista a necessidade de formar profissionais capacitados para atuarem
frente a este contexto de competitividade.
Nesse sentido, a preocupação com o processo de ensino-aprendizagem deve ser
constante, principalmente nos Cursos de Ciências Contábeis, uma vez que o profissional desta
área necessita construir conhecimentos e desenvolver atribuições fundamentais para garantir a
continuidade das organizações. De acordo com Marion e Santos (2008) espera-se do contador
uma evolução constante, além do desenvolvimento de uma série de atributos inerentes às
diversas especializações da profissão, pois atualmente não é mais possível sobreviver apenas
com a postura de simples escriturador.
Ressalta-se, segundo Masetto (2003), que existem inúmeros métodos de ensino que
podem ser utilizados tanto em ambientes universitários presenciais (salas de aula,
laboratórios, bibliotecas), como de aprendizagem profissional (estágios, visitas técnicas,
excursões), ou virtuais (internet, fórum, vídeo conferências, correio eletrônico). Dentre as
técnicas usadas nos ambientes de aprendizagem profissional, convém destacar o estágio, visto
que este possibilita a integração dos conhecimentos teóricos com a prática, fator esse
essencial a formação do profissional contábil.
Dessa forma, considera-se de relevante contribuição para os estudos relacionados ao
processo de ensino-aprendizagem a identificação de como essa prática pedagógica está sendo
configurada nos Cursos de Ciências Contábeis, bem como ampliar a discussão acerca dos
procedimentos utilizados na integração da teoria e prática.
Diante disso, o objetivo deste artigo consiste em identificar como se configuram os
estágios curriculares supervisionados nos cursos de Ciências Contábeis componentes do
sistema ACAFE. Para tanto, fez-se inicialmente uma revisão de literatura sobre o tema em
estudo, a qual serviu de embasamento para realização desta pesquisa. Em seguida, descreve-se
a metodologia utilizada e apresentam-se os resultados obtidos.
2 O processo de ensino-aprendizagem
O processo de ensino-aprendizagem é fundamental para a formação de profissionais
de qualquer área de atuação, tendo em vista que estes precisam estar capacitados para
desempenhar adequadamente suas atividades. Para Rezende e Almeida (2007, p. 2) “as
exigências do mercado de trabalho requerem que os alunos estejam preparados para tais
evoluções, assim as Instituições de Ensino devem preparar seus alunos para que possam estar
à altura de tais exigências.”
Observa-se, neste contexto, que esta responsabilidade recai sob as Instituições de
Ensino, sendo que “os velhos métodos, onde prevaleciam a exposição oral e a centralização
no professor não atendem mais a nova realidade da sala de aula.” (PARISOTTO; GRANDE;
FERNANDES, 2006, p. 4)
Dessa forma, Silva e Mendonça (2005) destacam que é necessário o desenvolvimento
de competências e habilidade visando possibilitar aos indivíduos a utilização, no cotidiano do
ambiente de trabalho, dos conhecimentos empíricos associados com os adquiridos na vida
acadêmica. Isso só será possível por meio da definição apropriada “dos conteúdos
programáticos, metodologia de ensino-aprendizagem, de avaliação, de práticas pedagógicas
inovadoras e atividades acadêmicas complementares.” (SILVA; MENDONÇA, 2005, p. 103)
Nesse contexto, Marion, Garcia e Cordeiro (1999) afirmam que a metodologia
utilizada no processo de ensino-aprendizagem é fundamental para o sucesso do aluno. Silva e
Mendonça (2005, p. 101) observam que,
as metodologias de ensino-aprendizagem têm a finalidade de direcionar o
funcionamento dos processos de manutenção e produtividade, facilitando a
comunicação, a participação e a tomada de decisões. São caminhos para o grupo
realizar seus fins. Não são absolutas nem intocáveis, mas ferramentas que o
professor pode modificar, adaptar ou combinar.
Salienta-se, de acordo com Marion, Garcia e Cordeiro (1999) que a criatividade dos
professores conta muito no desenvolvimento deste processo, pois é necessário motivar o
aluno à construção do conhecimento. Além disso, o docente deve conhecer o perfil dos
acadêmicos, identificando suas formas de entender as informações, que podem ser: visual,
auditiva ou cinestética (aprendizado por meio do movimento, toque ou fazer), bem como suas
dificuldades individualizadas de aprendizagem, buscando meios para resolvê-las.
Amaral et al (2006, p. 2) ressaltam que,
o professor é o instrumento principal do processo de ensino-aprendizagem, sendo
responsável pela instrução, orientação, comunicação e transmissão de
conhecimentos. O seu trabalho é de facilitador de aprendizagem do aluno, por meio
dos recursos disponíveis, metodologia, didática, e plano de ensino pré-elaborado.
Certamente, com a combinação de todas essas atividades, o docente terá condições
de atingir, de maneira progressiva, o desenvolvimento da capacidade mental e
intelectual de seus alunos.
Cabe observar que, principalmente, nos cursos de Ciências Contábeis deve-se dar
atenção especial ao processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista que “a contabilidade
exige de seus profissionais uma constante atualização e complementação de conhecimentos,
para não perderem a capacidade de acompanhar a constante evolução da técnica e da
economia em geral.” (ROVER; LANGE, 1998, p. 35)
Desse modo, diante das inúmeras mudanças, relacionadas tanto aos aspectos políticos,
econômicos, sociais, tecnológicos, entre outros, que afetam significativamente a área contábil,
faz-se necessário formar profissionais aptos a enfrentar o mercado de trabalho.
De acordo com Silva e Mendonça (2005, p. 102) “os cursos de Ciências Contábeis
devem proporcionar uma formação holística e generalista que capacite o profissional a
identificar e solucionar problemas vivenciados nos diversos ambientes organizacionais e
societários.”
Para Parisotto, Grande e Fernandes (2006, p. 2) “o processo de ensino e aprendizagem
na formação do profissional contábil, tem o papel de levar seus alunos á construção do
conhecimento, com vistas à formação de profissionais que se expressem com criatividade,
inovação e competência.”
Nesse sentido, cabe destacar os instrumentos de ensino que Marion, Garcia e Cordeiro
(1999) apresentam como aplicáveis à contabilidade, que são: a aula expositiva, excursões e
visitas, dissertações e resumos, projeção de fitas, seminários, palestras, discussões em classe,
resolução de exercícios, estudo de caso, aulas práticas, estudo dirigido, jogos de empresa e
simulações.
Entretanto, para Rover e Lange (1998, p. 36), “o ensino intelectualizado de sala de
aula e mesmo de laboratório precisa estar contextualizado, referindo ao real, quer sob forma
de atividade, de trabalho prático, de situação concreta já experimentada ou realizada, quer em
realização para que o processo ensino-aprendizagem se complete.” As autoras salientam ainda
que o estágio supervisionado tem significativa importância, pois proporciona condições para o
acadêmico dar os primeiros passos na profissão.
Silva e Mendonça (2005) enfatizam que “a qualidade do ensino deve ser medida pela
qualidade das competências que o discente obtém durante a sua vida acadêmica.” Contudo,
para que isso ocorra é necessário existir a possibilidade de aplicação dos conhecimentos
teóricos em situações similares às da realidade da profissão contábil, possibilitando ao aluno
aproximação da vivência prática.
Diante disso, convém discorrer na seqüência sobre a prática do estágio, dando ênfase
aos estágios curriculares dos cursos de Ciências Contábeis.
2.1 A prática do estágio
Em relação a prática pedagógica de estágio, pode-se afirmar, de acordo com Masetto
(2003, p. 127), que este “é considerado eixo fundamental de um currículo, e não apenas uma
atividade a mais.” Porém, apesar de ser uma prática de formação comum em todas as
profissões, muitas vezes, não é aproveitado pedagogicamente. Isso se dá em virtude da
exigência de sua realização fora do horário de aula, quando o aluno, juntamente com o
responsável do local que está sendo desenvolvido o estágio, tentam realizá-lo o mais rápido
possível, visando cumprir unicamente esta obrigatoriedade.
De acordo com Espíndula et al (2007) o estágio deve ser uma da experiência
acadêmico-profissional que propicie a aplicação das teorias na prática, porém muitas vezes é
entendido pelas empresas como uma forma de mão-de-obra barata e pelos estudantes como
uma fonte de renda.
Desse modo, segundo Masetto (2003), existe a necessidade de resgatar o estágio como
ambiente essencialmente necessário para aprendizagem dos alunos. Portanto, é preciso
valorizá-lo institucionalmente, colocando-o num lugar de destaque no currículo, pois favorece
a integração da teoria com a prática. Além disso, é preciso valorizar o estágio perante os
alunos, fazendo com que estes percebam que esta prática é uma das melhores condições de se
formar e aprender, desde que seja bem planejado, executado e avaliado.
Ressalta-se, segundo Jasinski (1999) (apud ESPÍNDULA el tal; 2007), que durante o
estágio o aluno tem oportunidade de utilizar na prática os conhecimentos teóricos construídos
no decorrer do curso, isso permite a percepção de como aplicar estes saberes na execução das
tarefas e resolução dos problemas.
Conforme Rezende e Almeida (2007) o estágio supervisionado consiste em uma
estratégia de profissionalização que contempla o processo ensino-aprendizagem, ou seja, é a
fase na qual prepara-se o aluno para ingresso no mercado de trabalho, por meio do
desenvolvimento de atividades que integram a formação acadêmica com a prática
profissional.
Salienta-se, ainda segundo Masetto (2003), que essa técnica deve ser desenvolvida de
acordo com as características específicas de cada profissão. Portanto, é de responsabilidade da
universidade juntamente com os profissionais da área definir como os estágios serão
operacionalizados.
2.2 Os estágios curriculares nos Cursos de Ciências Contábeis
A legislação que trata dos estágios curriculares supervisionados inerentes aos cursos
de Ciências Contábeis está embasada na Resolução CNE/CES nº 10, de 16 de dezembro de
2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os referidos cursos.
Convém destacar que esta Resolução deixa claro, em seu artigo 7º, parágrafo terceiro,
que a prática de estágio é opcional à instituição de ensino. Entretanto, observa-se que ao
estabelecer os aspectos que deverão estar descritos na organização curricular, bem como no
projeto pedagógico dos cursos, faz menção aos estágios curriculares supervisionados.
Dessa forma, a Resolução CNE/CES nº 10/2004 determina que,
Art. 2º As Instituições de Ensino Superior deverão estabelecer a organização
curricular para cursos de Ciências Contábeis por meio do Projeto Pedagógico, com
descrição dos seguintes aspectos:
I – perfil profissional esperado para o formando, em termos de competências e
habilidades;
II – componentes curriculares integrantes;
III – sistemas de avaliação do estudante e do curso;
IV – estágio curricular supervisionado;
V – atividades complementares;
VI – monografia, projeto de iniciação ou projeto de atividade – como trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) – como componente opcional da instituição;
VII – regime acadêmico de oferta;
VIII - outros aspectos que tornem consistente o referido Projeto.
Nesse sentido, verifica-se que entre os componentes que deverão estar inseridos no
projeto pedagógico, tais como definição do perfil do profissional, sistemas de avaliação,
atividades complementares, entre outros, essenciais à formação do bacharel em Ciências
Contábeis, encontra-se o estágio curricular supervisionado.
Ressalta-se, também, que no artigo 5º, a Resolução CNE/CES nº 10/2004 estabelece
os conteúdos necessários que devem estar contemplados no currículo dos referidos cursos,
que são,
I – conteúdos de Formação Básica [...]
II – conteúdos de Formação Profissional [...]
III – conteúdos de Formação Teórico-Prática: Estágio Curricular Supervisionado,
Atividades Complementares, Estudos Independentes, Conteúdos Optativos, Prática
em Laboratório de Informática utilizando softwares atualizados para Contabilidade.
Neste contexto, no que tange aos estágios convém observar que,
Art. 7º O Estágio Curricular Supervisionado é um componente curricular
direcionado para a consolidação dos desempenhos profissionais desejados, inerentes
ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seus Colegiados Superiores
Acadêmicos, aprovar o correspondente regulamento, com suas diferentes
modalidades de operacionalização.
§ 1º O estágio de que trata este artigo poderá ser realizado na própria instituição de
ensino, mediante laboratórios que congreguem as diversas ordens práticas
correspondentes aos diferentes pensamentos das Ciências Contábeis e desde que
sejam estruturados e operacionalizados de acordo com regulamentação própria,
aprovada pelo conselho superior acadêmico competente, na instituição.
§ 2º As atividades de estágio poderão ser reprogramadas e reorientadas de acordo
com os resultados teórico-práticos gradualmente revelados pelo aluno, até que os
responsáveis pelo estágio curricular possam considerá-lo concluído, resguardando,
como padrão de qualidade, os domínios indispensáveis ao exercício da profissão.
§ 3º Optando a instituição por incluir no currículo do curso de graduação em
Ciências Contábeis o Estágio Supervisionado de que trata este artigo, deverá emitir
regulamentação própria, aprovada pelo seu Conselho Superior Acadêmico,
contendo, obrigatoriamente, critérios, procedimentos e mecanismos de avaliação,
observado o disposto no parágrafo precedente.
Assim, as instituições que optarem por incluir os estágios curriculares supervisionados
em seus currículos, deverão definir como estes serão operacionalizados, emitindo
regulamentação específica que, obrigatoriamente, necessita ser aprovada pelo Conselho
Superior Acadêmico.
Rover e Lange (1998, p. 36) salientam que é “imprescindível que as Instituições
ofereçam em seus Cursos de Ciências Contábeis o estágio como suporte fundamental para
aliar a teoria à prática.” Desse modo, visando formar profissionais contábeis capacitados para
enfrentar o mercado de trabalho, faz-se necessário o desenvolvimento de conhecimentos,
habilidades e atitudes. Porém, isto só será possível por meio de um bom embasamento
teórico, doutrinário, aliado à atividades práticas, realizadas em sala de aula, laboratórios ou
demais ambientes, oportunizando o experimento da teoria na prática que ocorre no dia-a-dia
das organizações.
3 Procedimentos metodológicos
Para desenvolvimento deste estudo, primeiramente, realizou-se a definição dos
procedimentos metodológicos que nortearam sua elaboração. Assim, no que tange aos
objetivos, esta pesquisa caracteriza-se como descritiva, pois segundo Gil (1991, p.46) consiste
na “descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis.”
Dessa forma, buscou-se descrever como são configurados os estágios curriculares
supervisionados nos cursos de Ciências Contábeis do sistema ACAFE, bem como, as
metodologias utilizadas para integrar teoria e prática.
Quanto aos procedimentos trata-se de um estudo bibliográfico desenvolvido “a partir
de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.” (GIL,
1991, p. 48). Abrange, também, levantamento efetuado junto aos coordenadores dos cursos de
Ciências Contábeis que fazem parte do sistema ACAFE, totalizando quinze cursos, que são:
Universidade Regional de Blumenau - FURB, Universidade do Contestado - UnC,
Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, Universidade para o Desenvolvimento
do Alto Vale do Itajaí - UNIDAVI, Centro Universitário de Brusque - UNIFEBE,
Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL, Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Universidade Comunitária Regional de Chapecó - UNOCHAPECÓ, Universidade
do Oeste de Santa Catarina - UNOESC, Centro Universitário Barriga Verde – UNIBAVE,
Centro Universitário de Jaraguá do Sul – UNERJ, Universidade do Planalto Catarinense –
UNIPLAC, Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE, Centro Universitário
Municipal de São José – USJ e Fundação Educacional Hansa Hammonia – FEHH/UDESC.
Para tanto, foram utilizados como instrumento de coleta de dados questionários,
compostos por perguntas abertas e fechadas. Estes foram enviados via e-mail durante o mês
de junho e julho de 2008, sendo que da população selecionado obteve-se seis respostas,
correspondendo a 40 % do total enviado.
A presente pesquisa faz uso de uma abordagem qualitativa, pois busca,
descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas
variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais,
contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior
nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos
indivíduos. (RICHARDSON, 1999, p. 80)
Assim, o presente estudo se caracteriza como descritivo, de natureza qualitativa,
desenvolvida por meio de levantamento efetuado junto à coordenação dos cursos de Ciências
Contábeis integrantes do sistema ACAFE.
4 Descrição e análise de dados
Apresenta-se primeiramente a caracterização dos cursos de Ciências Contábeis que
compõem o sistema ACAFE. Na seqüência descrevem-se os dados gerais dos respondentes,
bem como os resultados obtidos com a pesquisa inerente aos estágios curriculares
supervisionados.
4.1 Caracterização dos cursos de Ciências Contábeis do sistema ACAFE
De acordo a pesquisa realizada evidencia-se que, dos respondentes, três cursos existem
há mais de 30 anos, enquanto os demais são relativamente recentes. Pode-se verificar,
também, conforme quadro abaixo, que os cursos com maior tempo de existência possuem
número superior de alunos. Ressalta-se que a Instituição E não respondeu a esses
questionamentos.
INSTITUIÇÃO
Tempo de
existência do
Curso
Nº de Alunos
Forma de
Ingresso
Período de
oferecimento
do curso
Duração
Carga horária
A
35 anos
B
33 anos
C
34 anos
D
11 anos
E
Não
respondeu
F
6 anos
1.126 alunos
(4 campi)
Vestibular e
processo
seletivo
Noturno
547 alunos
510 alunos
280 alunos
150 alunos
Vestibular
Vestibular
Noturno
Noturno
Vestibular e
processo
seletivo
Noturno
Não
respondeu
Processo
seletivo
Noturno
Noturno
4 anos
4 anos e
meio
3.924 horas
4 anos
4 anos
4 anos
4 anos
3.000 horas
2.640 horas
3.580 horas
3.075 horas
3.000 horas
Processo
seletivo
Quadro 1: Caracterização dos cursos de Ciências Contábeis do sistema ACAFE
Observou-se, também, que a forma de ingresso nos cursos mais antigos ocorre,
principalmente, por meio de vestibular e nos demais por processo seletivo, e estes são
oferecidos no período noturno. Em relação ao tempo de duração e carga horária, contatou-se
que a maioria dos cursos possui duração de quatro anos e em apenas um a carga horária é
inferior 3.000 horas-aula.
4.2 Dados gerais dos respondentes
O questionário enviado buscou identificar as características dos respondentes, assim
foram levantadas algumas informações para conhecimento do perfil destes, tais como: cargo,
tempo de atuação na Instituição e no cargo e formação acadêmica, conforme pode-se observar
no quadro a seguir.
INSTITUIÇÃO
Cargo do
Respondente
Tempo
de atuação
na Instituição
Tempo no cargo
Graduação
Especialização
Mestrado
Doutorado (em
andamento)
A
Coordenador
B
Coordenador
C
Coord. adjunto
D
Coordenador
E
Coordenador
F
Coordenador
1998
1989
1997
2003
2003
1999
4 - 8 anos
C. Cont.
-Cont. gerencial
- Gestão Univ.
1 - 4 anos
C. Cont.
Adm. Financ.
e Orçamentária
1 - 4 anos
C. Cont.
Contabilidade
e Controladoria
1 - 4 anos
C. Cont.
Planej.
Tributário
4 - 8 anos
C. Cont.
Contabilidade
de Custos
Administração
-
Contabilidade
1 - 4 anos
C. Cont.
Gestão
Estratégica
de Empresas
C. Contábeis
-
C. da educação
Quadro 2: Perfil dos respondentes
Constatou-se que, dos seis respondentes, apenas um ocupa o cargo de coordenador
adjunto, sendo que os demais são coordenadores de cursos. Em relação ao tempo de atuação
na Instituição o respondente da instituição B apresenta maior tempo, totalizando 19 anos. Os
coordenadores das instituições A, C e F vem atuando, aproximadamente, por 10 anos,
enquanto os das instituições D e E por cinco anos. Quanto ao tempo no cargo, os
coordenadores dos cursos A e F estão no cargo de coordenador num período compreendido
entre 4 à 8 anos, os demais entre 1 à 4 anos.
Todos os respondentes possuem formação em Ciências Contábeis e especialização na
área, sendo que apenas um é especialista em gestão universitária. Três são mestres e um está
cursando doutorado em ciências da educação.
4.3 Aspectos inerentes aos estágios curriculares supervisionados
a) Conhecimento e realização dos estágios curriculares supervisionados
Primeiramente questionou-se aos cursos se possuem conhecimento do que trata a
Resolução CNE/CES nº 10, de 16 de dezembro de 2004, em relação aos estágios curriculares
supervisionado, todos os respondentes afirmaram que sim.
INSTITUIÇÃO
O curso tem conhecimento do que trata a Resolução CNE/CES 10 de
16/12/2004 sobre os estágios curriculares supervisionados?
O curso possui estágio na matriz curricular?
A
Sim
B
Sim
C
Sim
D
Sim
E
Sim
F
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Quadro 3: Conhecimento e realização dos estágios curriculares supervisionados
Em relação à questão que indagava se esta prática pedagógica está contemplada na
matriz curricular dos cursos quatro dos respondentes garantiram que sim e dois não realizam.
b) Configuração dos estágios curriculares supervisionados
Foi indagado aos cursos que possuem em sua matriz curricular o estágio
supervisionado; se esta prática pedagógica está prevista no projeto pedagógico do curso; se
possui regulamentação própria e se este regulamento contempla critérios e procedimentos de
operacionalização e mecanismos de avaliação dos estágios, todos respondentes que realizam
estágio afirmaram que sim.
INSTITUIÇÃO
O estágio está previsto no projeto pedagógico do curso?
Possui regulamentação própria?
O regulamento contempla critérios e procedimentos de operacionalização e
mecanismos de avaliação dos estágios?
A
Sim
Sim
Sim
B
Sim
Sim
Sim
C
Sim
Sim
Sim
D
-
E
Sim
Sim
Sim
F
-
Quadro 4: Estruturação dos estágios de acordo com Resolução CNE/CES nº 10/2004
O quadro abaixo demonstra que os estágios curriculares supervisionados estão
identificados na matriz curricular da maioria dos cursos pesquisados como uma disciplina,
sendo que somente um o caracteriza como atividade de formação complementar.
INSTITUIÇÃO
Como o estágio
está identificado
na matriz
curricular do
curso?
Carga horária
Períodos em que
ocorrem os
estágio?
A
Atividade de
formação
complementar
B
disciplina
C
disciplina
D
-
E
disciplina
F
-
240 horas
7º e 8º
324 horas
de 5ª a 8ª
180 horas
4º e 5º semestre
-
200 horas
Não
respondeu
-
Quadro 5: Estruturação dos estágios na matriz curricular dos cursos
Em relação à carga horária, constatou-se que todos os cursos divergem neste aspecto,
apresentando uma variação entre 180 a 324 horas. Quanto à identificação dos períodos em que
ocorrem os estágios, verificou-se que esta prática pedagógica acontece entre o 4º e 8º
períodos, sendo que a instituição E não respondeu esta questão.
No que tange à operacionalização dos estágios curriculares observou-se, conforme
quadro a seguir, que estes são realizados, geralmente, em ambientes disponibilizados pela
universidade ou em organizações (empresas, instituições) conveniadas.
INSTITUIÇÃO
Operacionalização
A
- Ambientes
disponibilizados
pela Universidade;
B
- Ambientes
disponibilizados
pela Universidade
- Organizações
conveniadas.
O curso dispõe de
infra-estrutura
adequada para
realização dos
estágios?
Quais
Sim
Laboratórios;
Escr. Modelo;
Empresa Júnior.
C
- Ambientes
disponibilizados pela
Universidade;
D
-
- Organizações
conveniadas.
Sim
Centro de práticas
contábeis;
Softwares.
E
- Ambientes
disponibilizados
pela Universidade;
F
-
- Organizações
conveniadas;
Sim
-
Laboratórios;
Softwares;
Boletins
informativos.
-
- Extensão
universitária.
Sim
Laboratórios;
Softwares.
Quadro 6: Operacionalização dos estágios curriculares supervisionados
-
-
Em relação à questão que indagava se o curso dispõe de infra-estrutura adequada para
a realização das atividades dos estágios, todos os respondentes afirmaram que sim.
Descrevendo como componentes da infra-estrutura laboratórios, escritório modelo, empresa
Júnior, centro de práticas contábeis, softwares contábeis e boletins informativos específicos da
área.
Foi solicitado, também, que os respondentes relacionassem as atividades elencadas
com as respectivas fases (períodos) dos estágios em que estas são realizadas, conforme podese verificar no quadro abaixo.
ATIVIDADES/INSTITUIÇÃO
Constituição de empresas
Escrituração contábil e fiscal
Contabilidade de custos
Contabilidade Orçamentária
Controladoria
Auditoria e perícia
Contabilidade governamental e
Terceiro Setor
Demais atividades:
A
7ª e 8ª
7ª e 8ª
7ª e 8ª
7ª e 8ª
7ª e 8ª
7ª e 8ª
7ª e 8ª
B
5ª e 7ª
5ª e 7ª
7ª
8ª
8ª
-
C
4º
4º e 5º
4º e 5º
5º
-
D
-
E
-
F
-
Desenvolvimento
da problemática,
objetivo geral e
específico: 7ª e 8ª
fase
Plano de
negócio:
6ª fase
-
-
-
-
Quadro 7: Desenvolvimento de atividades por fases (períodos)
Desse modo, observa-se que somente na Instituição A são desenvolvidas, durante os
estágios, atividades de auditoria, perícia, contabilidade governamental e do terceiro setor.
Sendo que nos demais, estas se concentram em constituição de empresas, escrituração
contábil e fiscal, contabilidade de custos e controladoria. Ressalta-se que a Instituição E não
respondeu a este questionamento.
Questionou-se, ainda, o número de professores envolvidos com as atividades de
estágio, obtendo-se as seguintes respostas:
INSTITUIÇÃO
Nº de professores
envolvidos nos
estágios
A
Todos, atuando
como
orientadores e
examinadores de
bancas de
estágio
B
15 professores e
1 coordenadora
de estágio
C
2 professores
titulares, sendo que
os estágios
realizados em
ambientes
empresarias podem
ser orientados por
qualquer professor
D
-
E
8 professores
F
-
Quadro 8: Número de professores envolvidos nos estágios
Esta pesquisa buscou evidenciar, também, se ao término dos estágios os acadêmicos
apresentam relatório de estágios e o que deve constar neste relatório, conforme demonstra-se
no quadro abaixo.
INSTITUIÇÃO
Os alunos
apresentam
relatório de estágio?
Estrutura do
relatório de estágio
A
Sim
Referencial
teórico;
Caracterização
da empresa;
Análise de
mercado;
B
Sim
C
Sim
D
-
E
Sim
F
-
Referencial
teórico;
Pesquisa de
campo
relacionada aos
conteúdos e
Procedimentos
contábeis fiscais e
gerenciais, desde
constituição
de
empresas, apuração
de custos, folha de
-
Resumo do ambiente
encontrado na
empresa e
perspectivas de
melhoria através de
sugestões.
-
continua
conclusão
Diagnóstico;
Prognóstico;
Considerações finais;
Referências.
atividades
desenvolvidas
durante o
estágio.
pagamento;
escrituração contábil;
relatórios contábeis
fiscais e gerenciais.
Quadro 9: Estrutura do relatório de estágio
Todos os respondentes afirmaram que os alunos devem apresentar relatório de estágio,
sendo composto, principalmente, por referencial teórico e pesquisa de campo, contemplando
análise do ambiente encontrado nas organizações e sugestões de melhorias.
c) Expectativas para implementação dos estágios curriculares supervisionados
Aos cursos que não possuem estágio curricular supervisionado foi questionado se
existe algum projeto para implantação e por quê. Desse modo, a Instituição D respondeu que
sim, tendo em vista que o projeto pedagógico do curso está sendo atualizado e este é o
momento oportuno para isto. O prazo previsto para esta implementação está compreendido
entre um a três anos.
Já a Instituição F não pretende implementar o estágio curricular supervisionado, uma
vez que foi introduzida na grade curricular a disciplina de laboratório contábil, que, no
entendimento do respondente, substitui esta prática pedagógica.
Na ausência do estágio supervisionado investigou-se quais metodologias os cursos
adotam para integrar teoria e prática. Para a instituição D isso é suprido por cursos de
extensão e formação continuada em convênio com o SINDCONT - Sindicato dos
Contabilistas, e para a Instituição F por meio de laboratório contábil.
5 Conclusões
A realização deste estudo permitiu verificar como os cursos de Ciências Contábeis
integrantes do sistema ACAFE configuram seus estágios curriculares supervisionados. Dessa
forma, primeiramente caracterizou os cursos, onde foi evidenciado que estes são oferecidos
no período noturno, sendo que a forma de ingresso ocorre por vestibular e processo seletivo.
Na maior parte das Instituições o tempo de duração do curso corresponde a quatro anos e a
carga horária é superior a 3.000 horas-aula. Além disso, constatou-se que os gestores destes
cursos, ou seja, coordenadores possuem formação em Ciências Contábeis.
No que tange aos estágios curriculares supervisionados, constatou-se que os cursos
têm conhecimento do que trata a Resolução CNE/CES nº 10, de 16 de dezembro de 2004,
entretanto, nem todos contemplam esta prática pedagógica em suas matrizes curriculares.
Cabe ressaltar que os cursos que possuem estágio em seus currículos estão adequados ao art.
7º, § 3º da referida Resolução, que determina que as instituições optando por incluir no
currículo do curso de ciências contábeis o estágio supervisionado deverão emitir
regulamentação própria que contemplem critérios e procedimentos de operacionalização e
mecanismos de avaliação dos estágios.
Observou-se, também, que os estágios curriculares supervisionados estão identificados
na matriz curricular da maioria dos cursos pesquisados como uma disciplina e ocorrem entre a
4ª e 8ª fase. Porém, em relação à carga-horária há uma variação entre as Instituições.
Em relação à sua operacionalização verificou-se que estes são realizados, geralmente,
em ambientes disponibilizados pela universidade ou em organizações (empresas, instituições)
conveniadas. Assim, todos os cursos afirmaram que possuem infra-estrutura adequada para a
realização das atividades dos estágios em ambientes internos da Universidade, tais como
laboratórios, softwares específicos, boletins informativos, entre outros.
As atividades desenvolvidas durantes os estágios concentram em constituição de
empresas, escrituração contábil e fiscal, contabilidade de custos e controladoria. Sendo que
em todas as Instituições, ao término dos estágios, os acadêmicos devem apresentar relatório, o
qual abrange, principalmente, referencial teórico e pesquisa de campo.
Os cursos que não possuem estágio curricular supervisionado adotam disciplinas de
laboratório contábil, cursos de extensão e formação continuada como forma de integrar teoria
e prática.
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configuração dos estágios curriculares supervisionados nos cursos