Caso Clínico
Síndrome do Lactente Sibilante
Internato – Saúde da Criança
Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF
Interno: Adriell Ramalho
Orientação: Dra. Lisliê Capoulade
Dra. Luciana Sugai
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 7 de junho de 2013
Identificação e Queixa principal

Atendimento: 14/05/13 às 10:27

ID: RALS, sexo masculino, 5 meses, Peso:
7.8 kg. Natural de Planaltina / DF,
procedente de Samambaia / DF;

QP: “cansaço, chiado e tosse" há 3 dias.
HDA

HDA: Mãe relata sibilância e tosse
produtiva há 2 dias, com piora hoje,
quando começou a apresentar
desconforto respiratório e um episódio
febril de 38ºC. Refere ainda rinorreia
hialina desde o início do quadro. Nega
queixas gatrintestinais ou urinárias. Nega
outros sintomas respiratórios. História de
outros dois episódios de sibilância.
Antecedentes
Mãe G2P2A0, gestação sem
intercorrências. Parto normal, 37 semanas,
PN3715g.
 Nega alergias medicamentosas,
transfusões ou cirurgias.
 Nega dermatite ou antecedentes
atópicos.
 Vacinação atualizada.

Antecedentes

Duas internações prévias:
◦ (1) março/13, neste PS, diagnóstico de
sibilância.
◦ (2) abril/13, neste hospital, por 10 dias,
diagnóstico de sibilância + pneumonia.
Antecedentes

Familiares:
◦ Mãe, 27 anos, hígida.
◦ Pai, 33 anos, hígido.
◦ Irmão, 3 anos, rinite alérgica.

Hábitos de vida:
◦ Mora em apartamento com 3 cômodos e 4
moradores. Saneamento básico completo, rua
asfaltada.
◦ Sem animais de estimação.

Pai tabagista.
Exame físico
Na admissão, criança em regular estado
geral, desidratada, dispneica +++/4+, com
tiragem intercostal.
 Exame cardiovascular sem alterações.
 À ausculta respiratória, murmúrio
vesicular rude com sibilos difusos.
 Orofaringe: de aspecto normal
 SN: Ausência de sinais de irritação
meníngea, sem deformidades ou
malformações.

Lista de problemas
Tosse
 Rinorreia
 Sibilância
 Dispneia
 Febre
 Antecedentes de sibilância e pneumonia
 Tabagismo paterno
 Dispneia e sibilos ao exame físico

Terapêutica inicial
Realizada série de três com salbutamol
spray. Criança com melhora significativa,
mas ainda dispneico(FR: 52 ir/min e com
saturação 90-91%.
 Optado por internação hospitalar com:

◦
◦
◦
◦
O2 cateter nasal 2l/min
Prednisolona 3ml 1x/dia
Salbutamol 4 jatos 4/4h
Paracetamol SOS
Evolução




14/05/13 às 15:30:
Criança em bom estado, ativo, reativo,
levemente dispneico, hidratado, corado,
acianótico; FC: 140bpm
AR: MVF, com roncos e sibilos difusos,
retração subcostal e de fúrcula esternal. FR
41 irpm. SpO2 ar ambiente: 83%, SpO2 CN
2l/min: 93%.
CONDUTA:
◦ prescrito salbutamol 3 jatos, a cada 20 min, série
de 3
◦ salbutamol para 3 jatos 2/2h.
Evolução




15/05/2013, 08:50
Criança evoluindo com melhora parcial do
desconforto respiratório, ainda com dispnéia
leve. Nega febre (último pico há mais de
24horas). Aceitando bem a dieta via oral.
Eliminações fisiológicas preservadas. Sono de
bom padrão.
AR: MVF, com roncos e sibilos difusos,
retração subcostal e de fúrcula esternal
leves. FR 48irpm. SpO2 CN 2l/min: 97%.
CONDUTA:
◦ Alterado salbutamol para 4 jatos 1-1h
Evolução
17/05/2013, 09:43
 Criança evoluindo com manutenção da
melhora do quadro respiratório, porém
ao tentar-se a retirada de O2 sob cateter
nasal, o paciente dessatura para 89%, com
dispnéia apresentando TSC leve e
taquipnéia. No momento sem novas
queixas, afebril há mais de 4 dias.

Evolução
17/05/2013, 09:43
 MVF, com roncos de transmissão e sibilos
difusos bilateralmente. TSCleve quando
tentando retirada de O2. FR 42irpm com
O2, e 46 em AA. SpO2 CN 2l/min: 99%.,
SpO2 em AA: 89%.
 CONDUTA:

◦ Mantida;
◦ A ala se vaga.
Evolução
Admitida na Ala B em 17/05/2013, 16:00h
 Em 18/05/2013, 5° DIH/ 2° DIH Ala B, em
uso de O2 sob cateter nasal 2L/min;
Prednisolona 2mg/kg/dia - D5; Salbutamol
4 jatos 2x2h; persiste dispneico. Ao
exame, roncos e sibilos difusos, com
tiragem intercostal e subcostal leves.
CONDUTA: solicitado RX de tórax
devido quadro arrastado.

18/05/13
Evolução
Recebo raio x de tórax agora - sem
laudo- aparentemente infiltrado
peribroncovascular bilateral +
hiperinsuflação.
 CONDUTA: associo azitromicina VO;

Evolução


20/05/2013
Em uso de:
◦
◦
◦
◦
O2 sob catéter nasal 2L/min;
Azitromicina 10mg/kg/dia - D3
Prednisolona 2mg/kg/dia - D7;
Salbutamol 4 jatos 2x2h.
Mãe refere que a criança apresenta discreta
melhora do desconforto respiratório, que ainda
está presente.
 TSC e TIC leves, MV rude, com roncos de
transmissão, sibilos bilaterais e creptos bilaterais,
FR: 43 irpm, SpO2 CN 2l/min: 94%;

Evolução


22/05/2013, 9° DIH/ 6° DIH Ala B
Em uso de:
◦ Azitromicina 10mg/kg/dia - D5
◦ Prednisolona 2mg/kg/dia - D9;
◦ Salbutamol 4 jatos 2x2h;


Criança mantendo discreto desconforto
respiratório. Afebril há 9 dias. Aceita bem o seio
materno, sem interrupções nas mamadas e sem
engasgo.
AR: TSC leve, MV rude, com roncos de
transmissão, raros sibilos bilaterais e raros
creptos bilaterais, FR: 38 irpm, SpO2 CN 1l/min:
92-94%;
Evolução
22/05/13
 CONDUTA:

◦ Substituído Salbutamol spray por Fenoterol
em nebulização;
◦ Solicitado parecer para fisioterapia
respiratória;
◦ Retiramos cateter de O2;
Evolução
23/05/2013, 10° DIH/ 7° DIH Ala B
 Mãe refere melhora progressiva no
desconforto respiratório da criança.
 Afebril há 10 dias.
 TSC discreta, MV rude, com roncos de
transmissão, raros sibilos bilaterais e raros
creptos bilaterais, FR: 37 irpm, SpO2 em
AA: 98%

Evolução

23/05/2013, 10° DIH/ 7° DIH Ala B

CONDUTA:
◦ Alta hospitalar;
◦ Nebulização com fenoterol em domicílio de
4x4 horas,
Diagnósticos finais
Sibilância
 Síndrome do lactente sibilante
 Pneumonia

Síndrome do Lactente Sibilante
Definida como a ocorrência de sibilância
recorrente em <2a;
 Sibilância recorrente:

◦ 3 episódios de sibilância em 6 meses
OU
◦ Sibilância contínua há pelo menos 1 mês ou 3
episódios de sibilos em 2 meses
Síndrome do Lactente Sibilante

Epidemiologia da sibilância
◦ 80,3% dos lactentes: ao menos um episódio
◦ 43,1% : 3 ou mais episódios

Sibilância transitória:
◦ Tamanho das vias aéreas
◦ Fatores genéticos
Síndrome do Lactente Sibilante
1/3 das crianças que iniciaram sibilância
antes dos 3 primeiros anos de vida
persistirão com sibilância na infância;
 Destes, 60% manifestarão sintomas
atópicos aos 6 anos de idade.

Síndrome do Lactente Sibilante

Fatores de risco:
◦
◦
◦
◦
◦
Tabagismo passivo;
História materna ou paterna de asma;
Tabagismo materno durante a gestação;
Exposição precoce a animais de estimação;
Sexo masculino.
Síndrome do Lactente Sibilante

Infecções virais:
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
VSR
Rinovírus humano
Metapneumovírus
Coronavírus
Parainfluenza tipo 3
Influenza
Bocavírus
Adenovírus
Síndrome do Lactente Sibilante
Alterações congênitas: história de
problemas respiratórios neonatais ou
perinatais ou sibilância desde o
nascimento;
 Refluxo gastroesofágico ou disordens da
deglutição: sibilância associada com
alimentações e vômitos;

Síndrome do Lactente Sibilante
Corpo estranho em vias aéreas;
 Obstrução mecânica: vias aéreas
pequenas, malácia, anel vascular;
 Fibrose cística, imunodeficiência, disfunção
ciliar: baixo ganho de peso ou história e
otites ou sinusites de repetição;
 Doença intersticial pulmonar: dispneia
progressiva, taquipneia, intolerância ao
exercício;

Síndrome do Lactente Sibilante

Tratamento
◦ Direcionada para a causa da sibilância;
◦ Controle ambiental;
Síndrome do Lactente Sibilante

Tratamento da sibilância induzida por
infecções virais:
◦ A bronquiolite geralmente é auto-limitada. O
desconforto respiratório dura entre o 5º e o
7º dia de doença, mas sibilância pode persistir
por uma semana ou mais. O tratamento na
maioria dos casos consiste em medidas de
suporte a fim de garantir que a criança esteja
bem hidratada, bem oxigenada e clinicamente
estável.
Síndrome do Lactente Sibilante

Tratamento da sibilância induzida por
infecções virais:
◦ Um teste terapêutico com broncodilatadores
inalatórios (albuterol ou epinefrina) pode ser
realizado (2B) em lactentes com desconforto
respiratório moderado ou grave. Se houver
resposta imediata (1h), a terapêutica deve ser
mantida e descontinuada assim que melhora
da dispneia.
Síndrome do Lactente Sibilante

Tratamento da sibilância induzida por
infecções virais:
◦ Broncodilatadores orais não são
recomendados (1A);
◦ Corticoterapia sistêmica não é recomendada
rotineiramente no primeiro episódio de
bronquiolite (1A), assim como sua associação
com broncodilatadores na abordagem
rotineira da bronquiolite (2B);
Síndrome do Lactente Sibilante

Tratamento da sibilância induzida por
infecções virais:
◦ Antibióticos não devem ser indicados
rotineiramente (1B);
◦ Não estão indicados o uso de nebulização
com solução salina hipertônica ou heliox no
tratamento da bronquiolite (2B);
Referências bibliográficas
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
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outcome; and prevention. Uptodate.com [internet]. 2013. Disponível em
http://www.uptodate.com.
Ddo Adriell Ramalho
Saúde da Criança-Grupo D
ESCS COM MUITO ORGULHO!
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