Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não
Madeireiros na Região de Integração Guamá, Estado do
Pará
RELATÓRIO TÉCNICO
2011
BELÉM – PARÁ
2011
Governo do Estado do Pará
Simão Robison Oliveira Jatene
Governador
Helenilson Cunha Pontes
Vice-Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão - Seges
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
Maria Adelina Guglioti Braglia
Presidente
Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais
Jonas Bastos da Veiga
Diretor
Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Diretor
Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação
Sérgio Castro Gomes
Diretor
Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças
Helaine Cordeiro Félix
Diretora
Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não
Madeireiros na Região de Integração Guamá, Estado do
Pará
RELATÓRIO TÉCNICO
2011
BELÉM – PARÁ
2011
Expediente
Diretor de Pesquisa e Estudos Ambientais
Jonas Bastos da Veiga
Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação
Marli Maria de Mattos
Elaboração Técnica:
Marli Maria de Mattos– Coordenadora
Ellen Claudine Cardoso Castro
Divino Hercules Peres da Silva Lima
José de Alencar Costa
Ana Cristina Parente Brito
Isaac Luiz Magalhães Lopes
Rodrigo dos Santos Lima
Gilzibene Marques da Silva
Raquel Lopes de Araújo
Joyse Tatiane Souza dos Santos
Adriana Pinheiro dos Santos
Coleta de dados:
Ellen Claudine Cardoso Castro
Maricélia Gonçalves Barbosa
Daniela Monteiro da Cruz
Nelma Santos Amorim dos Santos
Tânia de Sousa Leite
Antônio Marcos Silva Pereira
Rafael da Silva Moraes
Apoio Técnico:
Francisco Assis Costa, UFPA/NAEA
Parceria
Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará
José Alberto da Silva Colares, Diretor Geral
Revisão:
Jonas Bastos da Veiga, Gustavo Silva, Marcílio Chiacchio, Edson da Silva e Silva
Normalização:
Adriana Taís G. dos Santos e Anna Márcia Malcher Muniz
____________________________________________________________
INSTITUTO DE DESENVOLVIEMNTO ECONÔMICO, SOCIAL E
AMBIENTAL DO PARÁ
Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de
Integração Guamá, Estado do Pará: relatório técnico 2011./Belém: IDESP, 2011.
171p.
1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas
sociais alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.
CDD: 381.098115
APRESENTAÇÃO
A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande
importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração
sustentável, pois na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das
espécies. Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores
familiares utilizam produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais,
utensílios entre outros) para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas
informações sobre o mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa
forma um fator crítico para a gestão das florestas.
O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o
mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização no mercado doméstico.
Não há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que são
comercializados, principalmente no que diz respeito às espécies locais e regionais, como
várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados
da Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não
madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas
envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies
extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos
para atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional.
Em razão da relevância do tema exposto, o Instituto de Desenvolvimento
Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), em parceria com o Instituto de
Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), desenvolveu o estudo sobre as
cadeias de comercialização dos PFNM do Estado do Pará, como forma de contribuir com
informações para a formulação de políticas públicas. Assim foi firmado o Termo de
Cooperação Técnica e Financeira TCTF No. 02/2010, tendo sua vigência iniciada em
março de 2010, e tem como objetivo identificar e analisar as cadeias de comercialização
dos PFNM em cinco Regiões de Integração (RI) do estado do Pará (Rio Caeté, Baixo
Amazonas, Guamá, Xingu e Marajó).
Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da
economia dos PFNM no Estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e
identificando entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos,
evidenciando os não detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo com a conservação e
gestão florestal.
O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de
comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Guamá.
RESUMO
Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de
atividades econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda às populações locais, que
evitem o desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades
entre regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo,
utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de
Base Agroextrativista, de 31 produtos identificados, em 18 municípios da Região de
Integração do Guamá e, acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando
pelos setores de beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final.
Constatou-se que os produtos estudados (17 alimentícios, 9 fármacos e cosméticos, 2
utensílios, 2 derivados da madeira e 1 derivado animal) têm significativa importância na
dinâmica da economia local, assim como para outras regiões do Pará, além dos mercados
nacionais e internacionais. O principal produto de destaque na RI foi o açaí (R$ 88
milhões), porém com 85% da renda gerada e circulada no Pará, diferente do cacau
amêndoa que teve R$ 2,0 milhões e 64% da renda gerada e circulada fora do Pará. Outros
produtos de destaque foram o muruci, o urucum, o mel, a malva, o taperebá, o carvão e a
pupunha. A contabilidade social ascendente na região tem origem em milhares de famílias
envolvidas no setor da produção extrativa local (e extralocal), que receberam pela venda de
todos os produtos o montante de R$ 17,4 milhões (VBPα), que gerou R$ 46,2 milhões
(VBP) na compra destes produtos (predomínio in natura) e com a agregação de valor de
mais de R$ 53,3 milhões (VAB), chegando a uma renda bruta total (RBT) gerada e
circulada em R$ 99,5 milhões, com seus efeitos para frente e para trás nas cadeias de
comercialização. O estudo também demonstrou as fragilidades e potencialidades
identificadas nas cadeias, envolvendo a iniciativa privada, os órgãos governamentais e a
sociedade direta e indiretamente relacionada às cadeias dos produtos do agroextrativismo.
Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros,
3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional.
LISTA DE SIGLAS
CEASA
CONAB
DAP
EMATER
Embrapa
GPS
IBGE
IDEFLOR
IDESP
IDH
IPEA
LSPA
MDA
MDS
MIP
NAEA / UFPA
NPCTI
PAA
PAM
PEVS
PFNM
PIB
PNPPS
PPM
PRB
PRBα
RBT
RBTα
RI
SEBRAE
SEIR
SENAR
STR
UFPA
VAB
VABα
VBP
VBPα
VTE
Central de Abastecimento do Pará
Companhia Nacional de Abastecimento
Diâmetro à Altura do Peito
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Sistema de Posicionamento Global
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
Índice de Desenvolvimento Humano
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Levantamento Sistemático da Produção Agrícola
Ministério do Desenvolvimento Agrário
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Matriz Insumo Produto
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará
Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação do IDESP
Programa de Aquisição de Alimentos
Pesquisa Agrícola Municipal
Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura
Produtos Florestais Não Madeireiros
Produto Interno Bruto
Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da
Sociobiodiversidade
Produção da Pecuária Municipal
Produto Regional Bruto
Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista
Renda Bruta Total
Renda Bruta Total de Base Agroextrativista
Região de Integração
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Secretaria de Estado de Integração Regional
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
Sindicato dos Trabalhadores Rurais
Universidade Federal do Pará
Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto
Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista
Valor Bruto da Produção
Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista
Valor Transacionado Efetivo
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- MUNICÍPIOS PERTENCENTES À REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ. ................................................................................................................... 35
FIGURA 2- LOCALIZAÇÃO DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ......... 37
FIGURA 3- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO AÇAÍ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 38
FIGURA 4- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO AÇAÍ COMERCIALIZADO NA RI
GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................... 41
FIGURA 5- PREÇO MÉDIO DO AÇAÍ (R$/KG DE FRUTO IN NATURA) PRATICADO NAS
TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO
DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 42
FIGURA 6- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO MEL NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 50
FIGURA 7- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO MEL COMERCIALIZADO NA RI
GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................... 52
FIGURA 8- PREÇO MÉDIO DO MEL (R$/L) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES
DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ,
ESTADO DO PARÁ. ................................................................................................ 53
FIGURA 9- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO CUPUAÇU NA RI GUAMÁ, ESTADO
DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................... 60
FIGURA 10- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CUPUAÇU COMERCIALIZADO
NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 62
FIGURA 11- PREÇO MÉDIO DO CUPUAÇU (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS
TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO
DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 63
FIGURA 12- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO MURUCI NA RI GUAMÁ, ESTADO
DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................... 64
FIGURA 13- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO MURUCI COMERCIALIZADO
NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 66
FIGURA 14- PREÇO MÉDIO DO MURUCI (R$/L DO FRUTO IN NATURA) PRATICADO NAS
TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO
DE 2008 A 2009, DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. .......... 67
FIGURA 15- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO TAPEREBÁ NA RI GUAMÁ,
ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................................. 68
FIGURA 16- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO TAPEREBÁ COMERCIALIZADO
NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 69
FIGURA 17- PREÇO MÉDIO DO TAPEREBÁ (R$/KG DO FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES
ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A
2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. .............................................................. 70
FIGURA 18- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/KG DA RAIZ) DA PRIPRIOCA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 80
FIGURA 19- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO MURUMURU NA RI GUAMÁ,
ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................................. 81
FIGURA 20- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO MURUMURU
COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009.
............................................................................................................................. 82
FIGURA 21- PREÇO MÉDIO DO MURUMURU (R$/KG DA SEMENTE) PRATICADO NAS
TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO
DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 83
FIGURA 22- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/KG DA RAIZ) DO ESTORAQUE NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 84
FIGURA 23- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE) DO TUCUMÃ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ,
NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................................... 85
FIGURA 24- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/KG DA RAIZ) DO CAPITIÚ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ,
NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................................... 87
FIGURA 25- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE DO FRUTO) DO INAJÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 88
FIGURA 26- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/KG DO FRUTO) DO MUCAJÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 89
FIGURA 27- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA BORRACHA NA RI GUAMÁ,
ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................................. 97
FIGURA 28- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA BORRACHA COMERCIALIZADA
NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 98
FIGURA 29- PREÇO MÉDIO DA BORRACHA (R$/KG DA BORRACHA) PRATICADO NAS
TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO
DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 99
FIGURA 30- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO CARVÃO NA REGIÃO DE
INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ........... 100
FIGURA 31- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CARVÃO COMERCIALIZADO
NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 101
FIGURA 32- PREÇO MÉDIO DO CARVÃO (R$/SACA DE 15 KG) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES
ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A
2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................................ 102
FIGURA 33- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA PUPUNHA NA RI GUAMÁ, ESTADO
DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................. 103
FIGURA 34- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA PUPUNHA COMERCIALIZADA
NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 105
FIGURA 35- PREÇO MÉDIO DA PUPUNHA (R$/CACHO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE
OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA
REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................ 106
FIGURA 36- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO URUCUM NA RI GUAMÁ, ESTADO
DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................. 107
FIGURA 37- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO URUCUM COMERCIALIZADO
NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 108
FIGURA 38- PREÇO MÉDIO DO URUCUM (R$/KG SEMENTE) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES
ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A
2009, DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ.......................... 109
FIGURA 39- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO BACURI NA RI GUAMÁ, ESTADO
DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................. 110
FIGURA 40- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO BACURI COMERCIALIZADO NA
RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................ 112
FIGURA 41- PREÇO MÉDIO DO BACURI (R$/UNIDADE DO FRUTO IN NATURA) PRATICADO NAS
TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO
DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 113
FIGURA 42- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA CASTANHA-DO-BRASIL NA RI
GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................. 114
FIGURA 43- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA CASTANHA-DO-BRASIL
COMERCIALIZADA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009.
........................................................................................................................... 116
FIGURA 44- PREÇO MÉDIO DA CASTANHA-DO-BRASIL (R$/KG DA SEMENTE) PRATICADO NAS
TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO
DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 117
FIGURA 45- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO CACAU AMÊNDOA NA RI GUAMÁ,
ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................... 118
FIGURA 46- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CACAU AMÊNDOA
COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009.
........................................................................................................................... 119
FIGURA 47- PREÇO MÉDIO DO CACAU EM AMÊNDOA (R$/KG AMÊNDOA SECA) PRATICADO
NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO
PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................ 120
FIGURA 48- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CACAU FRUTO
COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009.
........................................................................................................................... 122
FIGURA 49- PREÇO MÉDIO DO CACAU FRUTO (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS
TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO
DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 123
FIGURA 50- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO PALMITO NA REGIÃO DE
INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ........... 124
FIGURA 51- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO PALMITO COMERCIALIZADO
NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 125
FIGURA 52- PREÇO MÉDIO DO PALMITO (R$/KG) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS
SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI
GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ................................................................................ 126
FIGURA 53- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO UXI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 127
FIGURA 54- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO UXI COMERCIALIZADO NA RI
GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................. 128
FIGURA 55- PREÇO MÉDIO DO UXI (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES
ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A
2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................................ 129
FIGURA 56- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA ANDIROBA NA RI GUAMÁ,
ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................... 130
FIGURA 57- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA ANDIROBA COMERCIALIZADA
NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 132
FIGURA 58- PREÇO MÉDIO DA ANDIROBA (R$/KG DE FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES
ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A
2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................................ 133
FIGURA 59- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE) DO PANEIRO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ,
NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................................. 134
FIGURA 60- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/KG DO FRUTO) DA BACABA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 136
FIGURA 61- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO PIQUIÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 137
FIGURA 62- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO PIQUIÁ COMERCIALIZADO NA
RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................ 138
FIGURA 63- PREÇO MÉDIO DO PIQUIÁ (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS
TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO
DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 139
FIGURA 64- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/KG DO FRUTO) DO BIRIBÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 140
FIGURA 65- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/L) DA COPAÍBA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO
PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................................. 142
FIGURA 66- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE DO FRUTO) DA CAJARANA NA RI GUAMÁ,
ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................... 143
FIGURA 67- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE) DO TIPITI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO
PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................................. 144
FIGURA 68- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO
MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE DO FRUTO) DO MARI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 145
LISTA DE TABELAS
TABELA 1- PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ,
COM QUANTIDADE E VALOR PAGO À PRODUÇÃO LOCAL, DE ACORDO COM A AMOSTRAGEM
REALIZADA EM CAMPO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 36
TABELA 2- DEMANDA FINAL (LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL), EM R$ E %, DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO
MADEIREIROS IDENTIFICADOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO
PARA 2008 (IDESP). .................................................................................................................... 147
TABELA 3- VAB (LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL), EM R$ E % DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO
MADEIREIROS IDENTIFICADOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO
PARA 2008 (IDESP). .................................................................................................................... 148
TABELA 4- VAB (LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL), EM R$ E % DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO
MADEIREIROS IDENTIFICADOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO
PARA 2008, ORGANIZADOS POR 5 CATEGORIAS (ALIMENTÍCIOS, ARTESANATOS E UTENSÍLIOS,
DERIVADO ANIMAL, DERIVADO DA MADEIRA E FÁRMACOS E COSMÉTICOS), (IDESP). .............. 150
TABELA 5- RENDA BRUTA TOTAL (R$) NA ESFERA LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL DOS PRODUTOS
FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTIMADOS
PARA 2008, ORGANIZADOS EM TRÊS CATEGORIAS RELATIVAS COM ESCALAS DE VALOR DO RBT
(ACIMA DE R$ 600MIL, DE R$ 100MIL A R$ 600MIL E ABAIXO DE R$ 100MIL). ......................... 152
TABELA 6- INDICADORES ECONÔMICOS DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA
REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, COMPOSTOS PELO VALOR BRUTO DA
PRODUÇÃO ALFA LOCAL (VBPΑ), O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO ALFA EXTRALOCAL, A
MARGEM DE LUCRO (MARK-UP), O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP), O VALOR AGREGADO
BRUTO (VAB) E A RENDA BRUTA TOTAL (RBT), EM R$, NAS ESFERAS LOCAL, ESTADUAL E
NACIONAL, ESTIMADO PARA 2008 (IDESP). ................................................................................. 156
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ DA RI
GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ......................................... 43
GRÁFICO 2- VAB (R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ DA RI GUAMÁ,
ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ....................................................... 46
GRÁFICO 3- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DO
AÇAÍ, CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP +
VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .... 48
GRÁFICO 4- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DO MEL DA RI
GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ......................................... 54
GRÁFICO 5- VAB (R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DO MEL DA RI GUAMÁ,
ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ....................................................... 56
GRÁFICO 6- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DO
MEL, CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP +
VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .... 58
GRÁFICO 7- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DAS FRUTAS
(CUPUAÇU, MURUCI E TAPEREBÁ) DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO
PARA 2008. ...................................................................................................... 73
GRÁFICO 8- VAB (EM R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DAS FRUTAS
(CUPUAÇU, MURUCI E TAPEREBÁ) DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO
PARA 2008. ...................................................................................................... 75
GRÁFICO 9- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DAS
FRUTAS (CUPUAÇU, MURUCI E TAPEREBÁ), CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO
PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP + VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .......................................................................... 77
GRÁFICO 10- VBPΑ,
EM
R$,
PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DOS
RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA
2008. ............................................................................................................... 91
FÁRMACOS E COSMÉTICOS DA
GRÁFICO 11- VAB (R$)
E O MARK-UP
(%), NA COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS
PERFUMARIA E COSMÉTICOS DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA
2008. ............................................................................................................... 93
GRÁFICO 12- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DOS
PRODUTOS DE PERFUMARIA E COSMÉTICOS, CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO
PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP + VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO
PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .......................................................................... 95
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 23
2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 24
2.1 GERAL ......................................................................................................................... 24
2.2 ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 24
3 METODOLOGIA........................................................................................................... 25
4 RESULTADOS ............................................................................................................... 34
4.1. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ ...................................................................... 34
4.1.1. CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................... 34
4.2. ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO ............................................. 36
4.2.1 AÇAÍ ............................................................................................................................ 37
4.2.2 MEL ............................................................................................................................. 49
4.2.3 CUPUAÇU ..................................................................................................................... 59
4.2.4 MURUCI ....................................................................................................................... 63
4.2.5 TAPEREBÁ ................................................................................................................... 67
4.2.6 FRUTAS (MURUCI, CUPUAÇU E TAPEREBÁ) ................................................................... 71
4.2.7 PRIPRIOCA ................................................................................................................... 79
4.2.8 MURUMURU ................................................................................................................. 80
4.2.9 ESTORAQUE ................................................................................................................. 83
4.2.10 TUCUMÃ .................................................................................................................... 84
4.2.11 CAPITIÚ ..................................................................................................................... 85
4.2.12 INAJÁ ......................................................................................................................... 87
4.2.13 MUCAJÁ..................................................................................................................... 88
4.2.14 PERFUMARIA E COSMÉTICOS (PRIPRIOCA, MURUMURU, ESTORAQUE, TUCUMÃ,
CAPITIÚ, INAJÁ E MUCAJÁ) .................................................................................................. 89
4.2.15 BORRACHA ................................................................................................................ 96
4.2.16 CARVÃO .................................................................................................................... 99
4.2.17 PUPUNHA ................................................................................................................. 102
4.2.18 URUCUM .................................................................................................................. 106
4.2.19 BACURI .................................................................................................................... 109
4.2.20 CASTANHA-DO-BRASIL ............................................................................................ 113
4.2.21 CACAU ..................................................................................................................... 117
4.2.22 PALMITO .................................................................................................................. 123
4.2.23 UXI .......................................................................................................................... 126
4.2.24 ANDIROBA ............................................................................................................... 129
4.2.25 PANEIRO .................................................................................................................. 133
4.2.26 BACABA ................................................................................................................... 134
4.2.27 PIQUIÁ ..................................................................................................................... 136
4.2.28 BIRIBÁ ..................................................................................................................... 139
4.2.29 COPAÍBA .................................................................................................................. 140
4.2.30 CAJARANA ............................................................................................................... 142
4.2.31 TIPITI ....................................................................................................................... 143
4.2.32 MARI ....................................................................................................................... 144
4.3 ANÁLISES AGRUPADAS ......................................................................................... 146
5 CONCLUSÕES............................................................................................................. 157
6 RECOMENDAÇÕES................................................................................................... 160
7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 165
APÊNDICES .................................................................................................................... 168
23
1 INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Agricultura de Moçambique (2008), os Produtos
Florestais Não Madeireiros (PFNM) são aqueles derivados da floresta, exceto a madeira,
cuja definição engloba fibras, frutos, raízes, cascas, folhas, taninos, cogumelos, exudados,
mel, plantas medicinais, lenha e carvão, entre outros. Silva et al. (2010) ressaltam que, em
tese, estes produtos também podem ser obtidos de plantas semidomesticadas em plantios
ou sistemas agroflorestais.
Nas últimas décadas, assiste-se em todo o mundo, o crescimento da preocupação
relacionada a fatores como aquecimento global e o desmatamento das florestas tropicais,
que atraem o interesse de diversos atores sociais, que anseiam em equacionar tais
impactos. Dentro deste contexto, a extração e comercialização dos PFNM no Brasil têm
apresentado grande importância social, econômica e ambiental, em virtude de ocorrer
prioritariamente em pequenas propriedades, preservar parte importante da biodiversidade
das florestas nativas (FIEDLER et al., 2008) e gerar renda.
Em relação ao comércio dos PFNM, nota-se que o mercado internacional desses
produtos é relativamente conhecido, diferente das cadeias de comercialização no mercado
doméstico. No estado do Pará, assim como nos outros estados da Amazônia Legal, é
restrita a literatura e dados existentes sobre o mercado “invisível” de muitas espécies de
valor local ou regional e sua importância para as populações rurais e urbanas envolvidas ao
longo da sua cadeia de produção (MONTEIRO, 2003). Dessa forma, gestores e demais
audiências estão desinformados sobre o fluxo desse comércio, que permanece oculto
(SILVA, 2010).
Apesar da magnitude socioeconômica dos PFNM, verifica-se que há pouca
informação sistematizada sobre quantidade, valor, processos de produção, industrialização
e comercialização desses produtos. Essa escassez de informações é um empecilho à
conservação e ao desenvolvimento de estratégias mercadológicas para esses produtos
(FIEDLER et al., 2008).
Este estudo teve como objeto principal identificar e analisar as cadeias de
comercialização dos PFNM na Região de Integração (RI) Guamá, Estado do Pará,
evidenciando os fatores críticos e potencialidades, como forma de subsidiar políticas
públicas.
24
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não
madeireiros da Região de Integração Guamá, Estado do Pará, buscando fatores
críticos e potencialidades.
2.2 ESPECÍFICOS
Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos
florestais não madeireiros da Região de Integração Guamá, e
Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção
agroextrativista do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente
com a margem bruta de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT)
gerada e circulada na comercialização dos produtos identificados.
25
3 METODOLOGIA
No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos
florestais não madeireiros (PFNM), a partir do conjunto dos 18 municípios pertencentes à
RI Guamá, Estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que
venderam para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas
Ascendentes Alfa CSα (COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas
Sociais de base agroextrativista, para uma região, utilizando o modelo Matriz InsumoProduto de Leontief (1983).
As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se à metodologia de cálculo ascendente
de matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável e, que se baseia nos parâmetros e
indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justificase pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na real problemática local, haja
vista que as estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia
local. Ou seja, este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e
social de uma delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os
impactos gerados por ações e programas de desenvolvimento ali implementados.
Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de
cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e
acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as
condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades
transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”,
os quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional
(βc).
Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões
entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos
da reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b), contempla a análise de
insumo-produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos
setores de base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam
que a metodologia ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias
na geração de uma matriz de insumo-produto mais aderente à complexidade da economia
local, evidenciando a influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste
Paraense, com complexidade de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de
26
crescimento para os demais setores da economia local. Por outro lado, demonstrou
vazamentos de vulto (em termos de renda, agregação de valor, entre outros) – tanto da
economia local e no entorno mais próximo, para a economia do resto do Pará, quanto para
o resto do Brasil.
Em outro estudo Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do
festival de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα
conjuntamente orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo
identificou limitações de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município
com a produção e realização do evento, com isso o município recebeu tratamento
diferenciado por parte dos poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o
APL da cultura identificado representou 10% da economia local e se apresentou como uma
nova base de exportação, com um efeito multiplicar elevado.
A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento1 de Sololá, na
Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura
camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja,
calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores,
especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos
sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado
através do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento
estratégico do Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor
replicou para o departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado
de Bacia do rio "Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et
al., 2010).
O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos
florestais não madeireiros têm na economia do Estado do Amapá, fazendo o uso do método
de Contas Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou
agregadas em nível local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das
interrelações existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos
PFNM, analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento
econômico na produção, trabalho e renda setorial de toda a economia.
Na mesma linha, Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias de
comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de
1
Unidade federativa equivalente a estado.
27
frutíferas, derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais
nos municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, Estado do Pará. A autora
utilizou o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e
sociais que ao contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as
regiões homogêneas nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades
locais. O estudo detectou a circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano
de 2005, identificando a importância da vegetação secundária como reserva de valor e
como agente dinamizador da renda rural e dos setores econômicos associados como
atacadistas, varejistas e agroindústrias.
No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp em parceria com o Ideflor, a
metodologia foi adequada para a contabilidade social ascendente que engloba além da
produção agroextrativista, as atividades na indústria e nos serviços que atuam diretamente
nos setores com foco nos produtos florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de
calculo de renda e do produto social do agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis
como o Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado
Bruto de Base Agroextrativista (VABα) e o Produto Regional Bruto de Base
Agroextrativista (PRBα). De acordo com Considera et al. (1997) o Produto Regional Bruto
(PRB) seria o equivalente regional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor.
O modelo também produziu as matrizes das interrelações intersetoriais que as
fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto
os do Censo Agropecuário de 2006, quanto as séries históricas de 1990 a 2008 da Produção
Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e
da Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa
primária executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por
atributos geográficos, quanto por atributos estruturais do setor.
A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em
função de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em
decorrência das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis
tecnológicos, sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de
vantagens, tais como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos
maiores volumes comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos
valores pagos ao setor da produção agroextrativista, principais gargalos evidenciados nas
cadeias de comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos
produtos e aponta indicativos para subsidiar políticas publicas.
28
As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das
cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir.
Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos dezoito
municípios visitados da Região de Integração Guamá, junto a informantes-chaves (como os
técnicos dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do
Pará - Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de
agricultura, das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre
outros), no que se referiu à produção e/ou comercialização dos produtos florestais não
madeireiros existentes no município, para o período de doze meses e, fazer a identificação
dos agentes mercantis envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados.
A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de
questionário
(Apêndice
A).
Nesta
etapa,
buscam-se
os
principais
agentes
(vendedores/compradores) de cada produto, que geralmente representam importantes elos
da cadeia, os quais em seguida, direcionam os elos para trás (comprou de quem) e para
frente (vendeu para quem) na cadeia, compondo uma amostragem não probabilística
autogerada (CABRAL, 2000), até chegar à produção local de um lado, bem como ao
último que vendeu o produto para o consumidor final, no outro extremo da cadeia (DÜRR;
COSTA, 2008). Esta metodologia identificou relações existentes entre agentes mercantis,
que atuam tanto na formalidade até os de completa informalidade, e foi capaz de apontar o
fluxo de comercialização para cada produto identificado. Neste tipo de amostragem o
tamanho e a localização da população não são conhecidos a priori pelo pesquisador, então,
esta é composta na medida em que o pesquisador identifica um agente mercantil, e solicita
ao mesmo que indique os que também fazem parte da população em estudo, e assim,
sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997). Deste modo, para o
levantamento dos dezoito municípios foram aplicados trezentos e vinte e seis questionários
junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a comercialização dos
PFNM.
Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada
estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das
bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base
de dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no
aplicativo Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ2, com circuitos
2
Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.
29
(referentes aos produtos) e lançamentos (referentes às transações comerciais realizadas
pelos agentes, por produtos).
A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as
unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado
fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ
referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação
mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e
consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional).
Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a
probabilidade da distribuição das quantidades e de atribuição dos preços a partir das
relações entre os agentes e, uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os
setores. As Matrizes Insumo-Produto (MIP) descrevem nas colunas as compras e nas
linhas as vendas dos setores da produção primária e intermediaria (indústria, atacado e
varejo), entre si, e as vendas para a demanda final local, estadual ou nacional. No entanto,
como forma de melhor visualizar cada matriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo
desenvolveu um modelo de apresentar os mesmos dados, com os fluxos de compra e venda
e os setores responsáveis por cada elo da cadeia. A inovação trata-se da disposição visual
dos diversos agentes mercantis ou setores representados por pequenas caixas retangulares
(produção local e extralocal, varejo, indústria de beneficiamento, de transformação,
atacado, consumidor, etc.) e espacialmente distribuídos na economia local, estadual ou fora
do estado (nacional e internacional), representados por retângulos maiores em três cores
distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para a representação dos canais ou
fluxos de comercialização, que iniciam na produção local e extralocal até os consumidores
finais.
Quanto aos fluxos da comercialização por produto estudado, estes foram
organizados para três dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos dezoito
municípios pesquisados na RI Guamá; b) estadual, para os demais municípios do estado do
Pará e; c) nacional, que foram comercializados para outros estados e/ou países. O estudo
possibilitou compreender os fluxos existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel
relativo ao longo da cadeia em função dos volumes transacionados. Ainda com base nas
matrizes de preço e quantidade, a relação dessas gera os respectivos preços médios
praticados ou implícitos por produto e por setor (em Reais por unidade do produto),
agregado ou não, ao longo da cadeia, da produção até o consumo final.
30
A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da
Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados
mais recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para
tanto, foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais
da PAM, PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos
produtos da agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).
Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o
produto em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas
conjunturais, acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado
sistematicamente. Na primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números
índices do total das quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem
à restrição s, tendo no caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os
indexadores de preço (IP) os números índices do preço médio do produto v, para os
municípios que atendem a restrição geográfica s, tendo 2006 também como ano base
(COSTA, 2002, 2006 e 2008).
Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos:
Onde:
: atributo geográfico (local: municípios da RI Guamá; estadual: demais
municípios do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países),
: produto,
: ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008),
: quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa
oficial,
: quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo
Agropecuário de 2006,
: preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da
pesquisa, e
: preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de
2006.
Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados
pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do
31
conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos
preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da
multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido
para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008.
Portanto, os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram
elaborados conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias: geral para
alimentícios e geral do IBGE.
Sendo assim, os frutos bacaba, bacuri, biribá, cacau, cajarana, mari, murici,
mucajá, piquiá, pupunha, taperebá, tucumã, uxi e o palmito foram agrupados na categoria
de alimentícios. Na categoria de indexador geral de quantidade (que utiliza o conjunto de
todos os produtos identificados pelo IBGE) foram identificados nove produtos (andiroba,
copaíba, murumuru, inajá, capitiú, estoraque, priprioca, paneiro e tipiti).
Os únicos produtos que tiveram seus próprios indexadores, criados com base nas
estatísticas oficiais, foram: açaí, borracha da seringueira, amêndoa do cacau, carvão
vegetal, castanha-do-brasil, cupuaçu, mel de abelha e a semente de urucum.
Finalmente, foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o inicio do estudo,
multiplicando os indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a
probabilidade da distribuição das quantidades e, com a matriz de preços a partir das
relações entre os agentes. O resultado gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada
produto pesquisado, contendo o Valor Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα)
sob a ótica da oferta, o VBP sob a ótica da demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor
Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado ou Agregado Bruto
(VAB), a Renda Bruta Total (RBT) e, a margem bruta de comercialização (mark-up), que é
a relação entre a diferença do valor estimado do VAB com o VBPα (sob a ótica da oferta)
pelo VBPα, para que sejam feitas as análises econômicas (estimadas para 2008) e os
impactos que cada produto não madeireiro exerceu na economia local, estadual e fora do
estado. Frisa-se, no entanto, que no cálculo do VAB como na estimação do mark-up, não
se levou em consideração os custos produtivos e/ou de comercialização, pois não foram
foco da pesquisa. Em algumas cadeias, também não foi possível descrever a proporção dos
PFNM utilizados como insumo na preparação de certos produtos finais, como doces,
cosméticos, medicinais, entre outros.
A definição em estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este estudo
(Guamá) e para as demais regiões estudadas (Tocantins, Rio Caeté, Xingu, Baixo
Amazonas e Marajó), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O
32
método permite também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos
indexadores por produto, após divulgação de estatísticas oficiais.
Foram identificados trinta e um (31) PFNM, relacionados no Apêndice B, os
quais foram classificados conforme a sua utilização identificada em campo. Foram
estudados dois utensílios (paneiro e tipiti de fibra de guarumã); dezessete alimentícios
(açaí, bacaba, bacuri, biribá, cacau amêndoa, cacau fruto, cajarana, castanha-do-brasil,
cupuaçu, mari, muruci, palmito, piquiá, pupunha, taperebá, urucum e uxi), nove fármacos e
cosméticos (andiroba, capitiú, copaíba, estoraque, inajá, mucajá, murumuru, priprioca e
tucumã); um derivado animal (mel de abelha) e dois derivados da madeira (carvão e
borracha).
Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo
de quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e,
descritos os setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. As análises
econômicas detalhadas foram feitas para dois produtos com maior destaque (açaí e mel) e
para dois grupos importantes: as frutas (muruci, cupuaçu e taperebá) e; perfumarias e
cosméticos (priprioca, murumuru, estoraque, tucumã, capitiú, inajá e mucajá).
A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foram adaptadas aos
seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004).
Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região;
Produção Extralocal: Produção primária agroextrativista oriunda de outras
regiões de integração que não fazem parte da região estudada;
Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que
compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;
Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção,
localizadas na região;
Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção,
localizadas na região;
Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas),
localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do
varejo e/ou vendem para o varejo;
Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes,
marreteiros, vendedores ambulantes);
33
Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará,
localizadas além da RI Guamá;
Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará;
Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará;
Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem
para o consumidor estadual;
Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil;
Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil;
Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional;
Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor
nacional.
As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro
identificado, quer seja individual ou em grupo.
As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em
detalhes no item 4.3.
34
4 RESULTADOS
4.1. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ
4.1.1. Caracterização
A Região de Integração Guamá é a mais numerosa do Pará em temos de
quantidade de municípios, pois tem em sua composição um total de dezoito municípios
(Figura 1), com uma população de aproximadamente 613.790 habitantes, o que
corresponde a 8,1% da população do Estado do Pará, sendo a quarta mais populosa
(IBGE/IDESP, 2010). Há um predomínio da população urbana sobre a rural, com um
índice de 62 em relação à população total da região, entretanto, apenas Castanhal, Igapé
Açu, Santa Izabel do Pará, Santa Maria do Pará, Santo Antonio do Tauá, São Miguel do
Guamá e Vigia apresentaram a população urbana superior à rural, com o primeiro
atingindo o índice de 89, diferenciando-se de São domingos do Capim em que 78% da sua
população residem no meio rural. Sua área total corresponde a 0,97% em relação ao
Estado, com densidade demográfica de 50,6 hab/km², sendo que apenas três (Castanhal,
Santa Izabel do Pará e São Miguel do Guamá), dos dezoito municípios, possuem
população maior que 50 mil habitantes (59.446 e 51.567 mil, respectivamente). Todavia,
Castanhal ultrapassou a faixa dos 170 mil habitantes, contabilizando 173.119 habitantes,
equivalente a 28% da população da região, se constituindo, deste modo, pólo da região.
35
FIGURA 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Guamá, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A Região de Integração Guamá apresentou um Índice de Desenvolvimento
Humano Municipal - IDHM de 0,69, menor que o estadual de 0,72.
Em 2008 o Produto Interno Bruto – PIB da Região Guamá somou R$ 2.448.445
mil, com uma variação de 10,8% em relação ao PIB do ano anterior (R$ 2.210.053 mil),
porém se manteve na 8ª colocação no ranking entre as regiões de integração, e participou
com um percentual de 4,2% no PIB estadual. Com relação ao PIB Per capita regional, na
ordem de R$ 4.206,00, correspondente a 52% do PIB Per capita estadual e, configurou-se
como o quarto pior ficando a frente apenas das regiões do Tapajós, Rio Caeté e Marajó,
apesar da variação de 6,2%, que se deve ao crescimento das atividades econômicas
(indústria e serviços) e da arrecadação de impostos. As participações dos setores
econômicos, considerando somente o valor agregado, corresponderam a: 11%
Agropecuário, 17% Indústria e 72% Serviços.
Entre os municípios que fazem parte da RI Guamá, São João da Ponta se
configurou como o de menor participação na economia da região (assim como constituí
também o menor PIB do Estado), não representando nem 1% PIB regional, caracterizado
pela baixa concentração demográfica (0,9% da população da RI) e forte dependência em
relação ao setor de serviços, soma-se a estes o fato deste município ser relativamente novo,
1993.
36
4.2. ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO
Nos dezoito municípios da Região de Integração Guamá (Figura 2) foram
identificados trinta e um produtos florestais não madeireiros, durante a pesquisa de campo
realizada em 2008 e 2009, com quantidade comercializada no período de doze meses e o
valor pago à produção local (Tabela 1). A relação das espécies / produtos estudados estão
descritos no Apêndice B.
TABELA 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Guamá, com
quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no período de
2008 a 2009.
Produtos Florestais Não Madeireiros
Açaí (kg)
Mel (l)
Cupuaçu (un.)
Borracha (kg)
Muruci (l)
Carvão (sc)
Pupunha (cacho)
Taperebá (kg)
Urucum (kg)
Priprioca (kg)
Bacuri (un.)
Castanha-do-brasil (kg)
Cacau amêndoa (kg)
Palmito (kg)
Uxi (un.)
Murumuru (kg)
Estoraque (kg)
Andiroba (l)
Cacau fruto (un.)
Paneiro (un.)
Capitiú (kg)
Bacaba (kg)
Piquiá (kg)
Biribá (un.)
Copaíba (l)
Tucumã (kg)
Cajarana (un.)
Inajá (kg)
Mucajá (kg)
Tipiti (un.)
Mari (un.)
Total
Quantidade
7.363.313
74.571
295.538
237.608
242.570
42.556
47.883
122.270
39.511
24.500
202.615
38.536
11.479
6.003
540.600
21.880
9.000
51.494
17.360
1.620
3.100
5.250
27.400
1.850
100
5.133
12.000
2.500
2.500
120
2.000
Valor (R$)
5.218.928,36
729.076,57
314.347,78
309.892,40
259.140,96
223.441,00
140.721,00
119.157,30
105.342,00
73.500,00
62.521,50
52.719,51
43.205,02
19.268,67
17.691,00
14.764,00
13.500,00
13.400,05
6.820,00
5.281,20
4.650,00
4.123,70
4.030,00
3.250,00
3.000,00
1.649,99
1.200,00
875,00
875,00
720,00
80,00
7.767.172,01
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Valor/Total (%)
67,19
9,39
4,05
3,99
3,34
2,88
1,81
1,53
1,36
0,95
0,80
0,68
0,56
0,248
0,228
0,190
0,174
0,173
0,088
0,068
0,060
0,053
0,052
0,042
0,039
0,021
0,015
0,011
0,0113
0,0093
0,0010
100,00
37
FIGURA 2- Localização da Região de Integração Guamá, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A comercialização de dezenas destes produtos acontece em diferentes
estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme
imagens registradas nos municípios visitados (Apêndice C).
As análises das principais cadeias de comercialização da Região Guamá estão
descritas e ilustradas a seguir.
4.2.1 Açaí
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do açaí.
A principal utilização do açaí foi como fonte de matéria prima na indústria
alimentícia por meio da elaboração do “vinho de açaí”.
Apresentado como um dos produtos econômicos mais emergentes na Região de
Integração Guamá, o açaí e sua estrutura de cadeia de comercialização é formada, de
acordo com a amostragem, por 105 agentes que comercializam este produto nos dezoito
municípios visitados, sendo aproximadamente 51% produtores, 14% atravessadores
(varejistas e atacadistas), 34% batedores e 1% agroindústria. Na Figura 3 estão
espacializados os agentes mercantis entrevistados nos municípios da RI Guamá.
38
FIGURA 3- Localização dos agentes mercantis do açaí na RI Guamá, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Durante a pesquisa foi constatado que 51% do total de agentes entrevistados
trabalham somente com o açaí e estão no mercado entre 1 a 15 anos. Dentre os
entrevistados 53% declararam trabalhar apenas na safra do produto, 36% durante o ano
todo e 10% não informaram seu período de trabalho.
Foi verificado que 23% dos agentes possuem propriedade rural com áreas que
aferem de 0,3 a 850 hectares, ressaltando que, em geral, estas áreas são destinadas para
outros cultivos além do açaí. Para estocagem da produção apenas 16% possuem armazém
com tamanhos que variam de 6 m² a 56 m². Aproximadamente 27% dos agentes não
possuem capacidade para transporte da produção e 69% contam com 25 motos, 22 barcos,
nove canoas, 23 bicicletas, cinco carros, quatro tratores, dois caminhões e um carro de boi.
Em relação ao maquinário, 76% possuem algum tipo de equipamento (69
batedoras, 87 despolpadeiras, quatro máquinas seladoras de sacos, dois filtros, um
triturador de frutas, 29 freezers com capacidades que variam de 140 l a 500 l, duas câmaras
frigoríficas, uma geladeira e um trator). Alguns agentes declararam ter problemas com a
armazenagem e/ou transporte do produto.
39
A mão de obra empregada é basicamente familiar, com média de cinco pessoas,
mas pode chegar até vinte empregados. Essa mão de obra é sazonal, aumentando durante a
safra. O pagamento desta mão de obra é muito variado, tanto em função da produção
quanto do período de trabalho, correspondendo a R$ 0,70 para cada quilo extraído, ou R$
15,00 a diária, ou R$ 40,00/semana, ou 1 salário mínimo mensal. Para melhorar a
capacidade de produção, dentre vários fatores foram colocados a questão da assistência
técnica para um melhor manejo da produção, financiamento para melhorar o espaço físico
dos armazéns e aquisição de maquinários.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do açaí:
EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá)
Produção: Trata-se da produção primária de açaizais dos municípios de Igarapé
Miri (RI Tocantins) e Nova Timboteua (RI Rio Caeté);
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: É a produção primária de açaizais manejados e extrativos identificados
em dezoito municípios da RI Guamá;
Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram
o açaí in natura diretamente do setor da produção;
Indústria de beneficiamento: Setor responsável pelo processamento do açaí in
natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a composta por pequenos
comerciantes que possuem máquinas despolpadeiras, chamadas de “batedores de açaí” no
qual vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais. A segunda categoria
composta por um número reduzido de agroindústrias que beneficia o açaí em polpa
pasteurizada e/ou congelada para atender o mercado nacional e/ou internacional;
Varejo urbano: Trata-se de comerciantes (atravessadores que atuam nas cidades)
localizados na área urbana do município, que compram da produção local e de outros
atravessadores;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de beneficiamento: Incluem os “batedores de açaí”, encontrados fora da
região de integração, transformando o fruto em polpa pasteurizada e/ou congelada,
abastecendo o mercado consumidor estadual;
40
Atacado: Trata-se de comerciantes que transacionam grandes quantidades de açaí
in natura, que compram da produção local e de outros atravessadores (varejo rural);
NACIONAL (Fora do Estado do Pará)
Varejo urbano: São compradores de polpa no âmbito nacional, que repassam para
o consumidor nacional.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí.
Na amostragem em campo o setor produtivo foi responsável por abastecer com
pouco mais de 7 mil toneladas de fruto in natura para o comércio. A Figura 4 permite
verificar a quantidade proporcional de açaí que circula entre os diferentes setores mercantis
identificados pela pesquisa.
O principal nível de canal de comercialização do açaí (Figura 4) identificado com
as maiores quantidades é a compra do setor da indústria de beneficiamento (4.640
toneladas de fruto in natura), que compra 26,9% do setor da produção local, 15,7% do
setor da produção extralocal (provenientes dos municípios de Igarapé Miri - RI Tocantins)
e Nova Timboteua (RI Rio Caeté), 10,3% do varejo rural (atravessadores) e 10,1% do
varejo urbano local (atravessadores urbanos). Este setor da indústria de beneficiamento por
sua vez vende 42,8% para os consumidores locais e 20,2% para o mercado nacional na
forma de polpa congelada.
O setor do varejo urbano local (atravessadores urbanos) comprou 14,2% do setor
da produção local e 1,4% do varejo rural e, vendeu para o setor da indústria de
beneficiamento local e estadual, 10,1% e 5,4% respectivamente.
Outro setor que comercializa grande quantidade é o atacadista estadual com
aproximadamente 2.094 toneladas do fruto in natura, que adquire 27,3% da produção local
e apenas 1,1 % do varejo rural e, vende sua totalidade (28,4%) para o setor da indústria de
beneficiamento estadual onde estão inseridos os “batedores de açaí”.
Destaca-se também a venda direta do produtor de açaí para o consumidor local
comercializando 1,1% da produção identificada, como também dos varejistas rurais
(atravessadores) com 1,4% da produção.
41
FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Guamá,
estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do açaí, no
período de 2008 a 2009.
A produção local vende conforme a oferta do fruto e a quantidade comercializada.
Sendo assim, vende a R$ 0,58/kg para o varejo rural, a R$ 0,92/kg para a indústria de
beneficiamento local (batedores de açaí), a R$ 0,60/kg para o varejo urbano
(atravessadores urbanos), a R$ 1,47/kg aos consumidores locais, R$ 0,90/kg para o setor da
indústria de beneficiamento estadual (batedores de açaí) e a R$ 0,68/kg para o atacadista
estadual (Figura 5). Enquanto que os preços de venda praticados pelos produtores extras
locais são estabelecidos conforme a oferta do fruto, destacando a venda direta para os
batedores de açaí local a R$ 0,55/kg. Neste caso, os batedores possuem transporte próprio
ou pagam o frete para buscar o fruto in natura nos municípios de Igarapé Miri (RI
Tocantins) e Nova Timboteua (RI Rio Caeté).
O setor da indústria de beneficiamento local estabelece o seu preço de compra
conforme a quantidade transacionada e pela qualidade do produto. Com isso, compra da
produção extralocal a R$ 0,55/kg principalmente na entressafra do açaí na RI Guamá, da
produção local a R$ 0,92/kg, do varejo rural a R$ 1,15/kg e do varejo urbano a R$ 1,32/kg,
após fazer o beneficiamento em polpa pasteurizada, vende ao preço de R$ 2,76/kg para o
varejo urbano nacional e somente em forma de polpa a R$ 2,04/kg para o mercado local.
42
FIGURA 5- Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre
os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado
do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí.
A soma dos valores recebidos por todos os agentes que realizaram a venda
(oferta) do açaí a partir da RI Guamá e, de outras regiões de integração, foi contabilizado
da ordem de R$ 88,1 milhões. Deste valor, o sistema local recebeu em torno de 58,3%, o
estadual recebeu aproximados 25,5% e o sistema nacional 16,2% (Gráfico 1).
Do valor recebido pelos agentes mercantis que compõem os setores do mercado
local, os agroextrativistas agrupados no setor da produção (VBPα total) receberam mais de
R$ 14,5 milhões, aproximadamente 28% do VBP total recebido pelos setores que
ofertaram o produto a nível local (Gráfico 1). No entanto, que R$ 1,7 milhão foi
proveniente das vendas realizadas pelos agroextrativistas localizados em outras regiões de
integração, consubstanciado como agentes extralocais. Sendo que, 96% (dos R$ 1,7
milhão) foram pagos aos sediados no município de Nova Timboteua, pertencente a RI Rio
Caeté, que venderam este produto in natura (no período de entressafra) oriundo das ilhas,
para o setor de beneficiamento no município de Castanhal, pertencente a RI Guamá, mais
especificamente para uma agroindústria que fornece um produto beneficiado ao mercado
nacional, principalmente ao eixo Rio – São Paulo. O restante (4%) foi adquirido pelos
agroextrativistas do município de Igarapé Miri, da RI Tocantins, os quais venderam parte
da sua produção, no mercado municipal de Marapanim, da RI Guamá, diretamente aos
43
agentes mercantis do setor de beneficiamento, só que neste caso, trata-se dos tradicionais
“batedores” que beneficiaram o fruto (in natura) para vendê-lo aos consumidores finais do
próprio município de Marapanim.
GRÁFICO 1- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI Guamá,
estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Na composição do VBPα total (local e extralocal), aproximadamente 71% foram
das vendas realizadas aos setores que compõem a demanda intermediária local, entre eles:
a indústria de beneficiamento, que pagou o equivalente a R$ 6,8 milhões; o setor de varejo
rural, responsável pela compra de R$ 1,6 milhão e, R$ 1,7 milhão foram oriundo da
compra realizada pelo setor de varejo urbano. O restante do VBPα total (27%) foi das
vendas do setor da produção aos setores da demanda intermediária estadual: em torno de
R$ 3,8 milhões ao atacado e R$ 150,6 mil ao setor de indústria de beneficiamento. Por fim
R$ 317,6 mil (2% do VBPα total) corresponderam ao valor recebido pelo setor da produção
pelas vendas efetivadas diretamente ao demandante final local, composto pelos consumos
das famílias. Porém, foram poucos os produtores com infraestrutura básica montada com
máquina de bater o açaí e o filtro de água, para iniciar o processo de beneficiamento deste
recurso, após sua coleta e, antes das vendas, o que provocaria um aumento significativo na
renda do produtor (Gráfico 1).
Ainda no sistema local, o varejo rural recebeu pelas vendas do produto in natura
mais de R$ 3 milhões (5% do VBP local), do qual mais de 79% foi do fornecimento do
44
fruto in natura à indústria de beneficiamento local, dos quais 28% foram para agroindústria
de Castanhal. Assim como o setor de varejo urbano, constituído por grandes comerciantes,
recebeu R$ 4,6 milhões pelas vendas do fruto in natura ao setor de beneficiamento local
(59% do valor recebido pelo setor) e estadual (41% do valor recebido pelo setor), porém,
que este não realizou venda à agroindústria e sim somente para os batedores (Gráfico 1).
Por conseguinte, o setor de indústria de beneficiamento recebeu um montante no valor de
R$ 29,3 milhões (57% do VBP local), sendo que R$ 17,8 milhões corresponderam às
vendas aos demandantes finais locais realizados pelos inúmeros batedores deste fruto nos
18 municípios que compõem o mercado local, ou seja, RI Guamá e, R$ 11,4 milhões foram
do somatório das vendas realizadas pela agroindústria de Castanhal (RI Guamá) ao
mercado nacional, que representa dois agentes mercantis: as redes de supermercado (com
um representativo de 98% no valor recebido pelo setor) e consumidor final.
As vendas dos setores que integram o sistema estadual, com VBP estimado em
mais de R$ 22,4 milhões, o setor atacadista (dos municípios de Belém e Tomé Açu)
vendeu o produto in natura para a indústria de beneficiamento estadual, composto em sua
essência por batedores de açaí, recebendo R$ 7,3 milhões. Esses batedores, por
conseguinte, venderam para os consumidores finais desses respectivos municípios citados,
recebendo R$ 15,1 milhões. O VBP constituído no mercado nacional estimado em R$ 14,3
milhões recebeu a exclusiva participação do setor de varejo urbano (setor que corresponde
às redes de supermercado localizadas fora do estado do Pará), o qual vende tudo que
adquiriu para os consumidores finais nacionais.
Em resumo, no que se refere a atender a demanda final deste produto nos três
níveis de mercado, a comercialização deste produto, a partir da RI Guamá e, de outras
Regiões de Integração, teve no setor de indústria de beneficiamento o seu principal
aglutinador, diferenciando-se somente pelo papel que cada agente mercantil beneficiador
desenvolveu na cadeia. Enquanto os pequenos batedores forneceram o alimento para as
inúmeras famílias tanto da RI Guamá (mercado local), quanto para as do mercado estadual
(Belém, Marituba e Benevides da RI Metropolitana e Tomé Açu da RI Rio Capim). A
agroindústria, por sua vez, forneceu este produto beneficiado ao mercado nacional, tendo
como elo, antes do demandante final, as grandes redes de supermercado, que apresentam
uma demanda crescente pela polpa deste fruto, devido ao aumento do consumo, em
especial, nas academias e lanchonetes.
45
Na RI Guamá, mais especificamente no município de Castanhal, há uma
concentração de agroindústrias (indústrias de beneficiamento de frutas), devido
principalmente ao preço praticado de comercialização do açaí junto a produtores,
atravessadores e grandes comerciantes, ser relativamente menor quando comparados com
preços praticados na RI Metropolitana, de modo especial a capital paraense, Belém, onde o
mercado consumidor é largamente maior e, sendo assim, teriam que concorrer com os
inúmeros batedores deste fruto na compra da matéria prima. Soma-se a este fato a questões
de infraestrutura de comercialização, isto é, logística, pois este município se localiza às
margens da Belém – Brasília (BR -010), o que facilita a via de acesso ao seu grande
mercado consumidor, além disso, também está mais próximo dos grandes centros
(municípios) fornecedores do fruto in natura, tal como aconteceu com o fornecimento da
RI Rio Caeté e Tocantina, na respectiva cadeia, no período de entressafra. No entanto,
apesar da competitividade dessas indústrias, os atravessadores continuam transacionando
parte da produção.
e) VAB - gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de
cada setor (%).
O VAB, equivalente ao Valor Transacionado Efetivo (VTE), ao longo da cadeia
de comercialização do açaí, desde o setor alfa (produção local e extralocal) da RI Guamá
até os consumidores finais, contabilizou um valor superior a R$ 47,5 milhões, que
constituiu uma margem bruta, ou mark-up total, na comercialização na ordem de 228%
(Gráfico 2). Do VAB total, 75% foram constituídos no âmbito local, 19% no âmbito
estadual e 6% no mercado nacional.
O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia está em
processo de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação
e/ou majoração de preço que este produto adquiriu nos setores, ao longo da cadeia de
comercialização, antes do demandante final. Este valor expõe também, a forma como essa
riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente,
para a sua geração. A margem, calculada a partir da relação entre a diferença do VAB (R$
47,5 milhões) com o VBPα total (R$ 14,5 milhões), pelo valor do VBPα total (R$ 14,5
milhões, expõe em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao produto, a partir do
setor alfa (α), até o consumidor final, incluindo todos os custos de produção e
comercialização do produto analisado, que não foram captados pela pesquisa.
46
GRÁFICO 2- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da RI Guamá, estado
do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Do VAB constituído nos dezoito municípios da RI Guamá, estimado em R$ 35,8
milhões, o setor que mais agregou e, deste modo, com maior participação na formação
deste valor foi a indústria de beneficiamento local com R$ 17,3 milhões, com os inúmeros
batedores e uma agroindústria, em função do poder de negociação e compra que mantém
com os outros agentes locais, o qual adquiriu um produto in natura a preços bem mais
atrativos em relação ao mercado estadual e, o vendeu tanto para o consumidor final local
quanto para o mercado nacional, um produto beneficiado (pasteurizado e congelado
quando enviado para o nacional). Este setor obteve uma margem de comercialização
(mark-up do setor) de 144%, calculado pela diferença do valor estimado para o VTE, que
corresponde ao VAB do setor (R$ 17,3 milhões), dividido pelo VBP pela ótica da demanda
(R$ 11,9 milhões), ou seja, compra de insumos realizada pelo setor. Ainda no sistema
local, tanto o varejo urbano (grandes compradores nos centros urbanos dos municípios)
quanto o varejo rural (os atravessadores) que adicionaram, respectivamente, R$ 2,6
milhões (com mark-up de 132%) e R$ 1,4 milhão (mark-up 83%), através do processo de
majoração de preço, antes das venda ao setor de beneficiamento. O setor da produção
agregou aproximadamente R$ 14,5 milhões (Gráfico 2), equivalente a 32% do VAB local,
pois foi quem realizou o beneficiamento primário do produto, que a grosso modo
significou os processos de extração/colheita, debulha e preenchimento das rasas com o
fruto in natura. Convém ressaltar, que o setor da produção transacionou o valor efetivo
somente no que se referiu às vendas do produto e, por isso, não foi estimado o seu valor de
mark-up.
47
O sistema estadual, cuja agregação de valor foi em torno de R$ 8,9 milhões, a
indústria de beneficiamento, setor composto somente por batedores, foi que mais
adicionou, R$ 5,5 milhões (com mark-up de 58%), seguido pelo atacado com valor
adicionado de R$ 3,4 milhões (e mark-up de 86%). No entanto, enquanto a indústria
adicionou pela ação de beneficiamento do fruto em polpa, os setores do varejo adicionaram
pela majoração de preço. Na esfera nacional só quem adicionou valor foi o setor de varejo
urbano com R$ 2,8 milhões, com um mark-up de 25%, pelo processo de majoração de
preço (Gráfico 2), mostrando que o fruto já ganhou importância nesse mercado.
De modo geral, ao longo da cadeia de comercialização deste fruto, as indústrias de
beneficiamento (local e estadual) foram responsáveis por aproximadamente 48% do VAB
total, estimado em R$ 47,5 milhões. O setor alfa deste modelo, ou seja, os agroextrativistas
foram responsáveis pela agregação de 30% e o comércio (onde atuam os varejistas rurais e
urbanos e os atacadistas, ou seja, todos os atravessadores) contribuiu com
aproximadamente 22%, demonstrando o quanto este produto é importante para a geração
de emprego e renda na economia desta região, mais precisamente no setor de produção,
beneficiamento e comércio.
f) Renda Bruta Total (RBT), gerada pela ótica da demanda, na comercialização do
açaí.
A Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização deste produto e
estimada em R$ 88,1 milhões formou-se a partir da soma de compra de insumo (VBP pela
ótica da demanda) no valor de R$ 40,6 milhões, realizado pelos setores da demanda
intermediária, com Valor Transacionado Efetivo (VTE), que corresponde ao VAB
constituído ao longo da cadeia em R$ 47,5 milhões, tanto pelos setores da demanda
intermediária quanto o setor da produção. O sistema local foi responsável por mais de
58,3% desta renda, o estadual 25,5% e o nacional 16,2%, conforme o Gráfico 3.
Na RI Guamá, identificado como mercado local, o setor de indústria de
beneficiamento (batedores e agroindústria) foi quem gerou a maior renda bruta no valor de
R$ 29,2 milhões, pois comprou o açaí na sua forma in natura no valor de R$ 11,9 milhões
junto aos setores intermediários (varejo rural e urbano) e da produção (local e no período
de entressafra da produção extralocal) e, adicionou um montante de R$ 17,3 milhões com o
seu beneficiamento (Gráfico 3). O varejo rural gerou uma renda bruta no valor de R$ 3
milhões, resultante da soma da compra de insumo no valor em torno de R$ 1,6 milhão
junto ao setor da produção e, na maioria das vezes, in loco, e agregação de R$ 1,4 milhão.
48
O varejo urbano, por sua vez, comprou insumos no valor de R$ 2 milhões junto ao varejo
rural e setor da produção nos pontos de comercialização nos centros urbanos e, adicionou
R$ 2,6 milhões, gerando uma renda bruta no valor de R$ 4,6 milhões.
GRÁFICO 3– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Guamá,
estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Na esfera estadual, com renda bruta contabilizado em R$ 22,4 milhões, quem
mais atuou para a formação deste montante foram os batedores (indústria de
beneficiamento), com mais de R$ 15,1 milhões, obtidos com a soma do valor agregado de
R$ 5,5 milhões e do valor do insumo (açaí in natura) comprado no valor de R$ 9,6
milhões, sendo R$ 2,3 milhões junto aos setores ofertantes advindos da região (produção,
varejo rural e varejo urbano) e R$ 7,3 milhões do atacadista estadual. E, o atacado que
gerou uma renda no valor de aproximadamente R$ 7,3 milhões, gerados pela compra do
açaí in natura o valor de R$ 3,9 milhões junto ao setor de produção e varejo rural e,
agregação de valor em torno de R$ 3,4 milhões (Gráfico 3). Na esfera nacional, o varejo
urbano comprou o açaí beneficiado (polpa pasteurizado e congelado) pelo setor de
indústria de beneficiamento local, mais especificamente da agroindústria do município de
Castanhal (RI Guamá), o valor de R$ 11,4 milhões, e adicionou o equivalente a R$ 2,9
milhões, gerando uma renda bruta o valor de R$ 14,3 milhões. Estes valores, gerados no
49
âmbito estadual e nacional, demonstram a importância que o açaí teve para a economia da
região, no que tange a geração de renda e emprego.
Entretanto, dos R$ 88,1 milhões gerados e circulados na cadeia de
comercialização deste produto, apenas 13% deste montante (R$ 14,5 milhões)
correspondeu ao valor retido pelo setor que dá origem a toda a cadeia, ou seja, os
agroextrativistas. Pois, muitos foram os motivos que, agindo concomitantemente,
contribuíram para tal problemática: as vendas do produto foram parcialmente maiores, na
sua forma in natura, para os atravessadores; a falta de uma melhor organização social (seja
em forma de sindicato ou via cooperativa) fez com que as suas vendas tenham sido
dispersas e vendidas em maior quantidade para os setores que não estão ligados ao
beneficiamento; o local de produção/extração do produto se encontra distante dos centros
consumidores, o que por sua vez, pelo alto custo do transporte, acaba lhe impondo
dependências em relação à comercialização, ou seja, o escoamento de parte da produção
foi realizado por intermédio de terceiros (atravessadores). Esses entraves, mas não os
únicos, contribuíram para que preços médios praticados ficassem muito aquém do que na
verdade poderiam ter sido. Fato que se comprova quando se compara o preço pago aos
agroextrativistas pelo setor de beneficiamento com o preço pago pelos atravessadores,
conforme item (c) da cadeia 4.2.1 do açaí.
4.2.2 Mel
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do mel.
Foram identificados trinta e quatro agentes mercantis, dentre estes 78% são
produtores/apicultores, 17% atravessadores e 5% comerciantes. Dentre os entrevistados
foram identificados 59% que trabalham somente com o mel e 38% com outros produtos
(cupuaçu, muruci, taperebá, carvão, pupunha, biribá, uxi, castanha-do-brasil, cajarana,
muruci e açaí). O tempo que atuam com o produto mel varia de 10 a 20 anos. Foi
identificada a grande presença da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)
fomentando a intermediação entre as prefeituras e os produtores, geralmente na forma de
associações e cooperativas, dentro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Cerca de 30% dos agentes possuem propriedade rural com áreas que variam de 5 a
157 ha, alguns produtores se utilizam das áreas de vizinhos para deixar suas caixas de
abelha. No que se refere ao armazenamento (espaço físico), 26% dos agentes possuem tais
espaços com dimensões que variam de 2 a 48 m². Com relação ao transporte próprio, 44%
50
possuem meios de transporte, quantificados em seis bicicletas, seis motos, dois carros, dois
caminhões e um carro de mão.
Referente a maquinários e equipamentos foram identificados dez centrífugas, um
decantador, seis mesas desoperculadoras, um alveolador de cera, uma balança, dois
formões e cinco fumegadores. Somente sete apicultores possuem equipamentos de
proteção individual- EPI. As localizações destes agentes encontram-se na Figura 6.
FIGURA 6- Localização dos agentes mercantis do mel na RI Guamá, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Metade dos agentes entrevistados trabalha com o produto mel o ano inteiro, os
demais dividem o tempo com outras atividades relacionadas.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do mel:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Provinda de agricultores familiares que desenvolvem atividades
agrícolas tradicionais e a apicultura como mais uma alternativa de renda, sendo que alguns
fazem parte de associações de apicultores;
Atacado: Composto por associações que adquirem o mel diretamente de seus
associados e vendem para os consumidores locais e estaduais. Os associados levam o mel
51
já envasado para serem rotulados nas associações, onde é feita a comercialização para o
mercado consumidor;
Varejo urbano: Constituído por comerciantes e/ou feirantes que compram da
produção e vendem para o consumidor final local ou mesmo para o próprio setor o mel em
litro ou fracionado;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Atacado: Representado pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, que
atua no Programa de Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), sendo o intermediador responsável pelo abastecimento da
merenda escolar na própria região e no Estado;
Varejo urbano: Trata-se de um feirante localizado na região metropolitana de
Belém que comercializa o mel para o consumo local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel.
No principal canal de comercialização do mel foi identificada a presença da
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)3, que atua no Programa de Aquisição de
Alimentos (CONAB, 2011), do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), sendo o intermediador
responsável pelo abastecimento da merenda escolar e entidades sociais no mercado local e
estadual (Figura 7). Foi classificada como atacadista estadual que comercializou 67,2% da
produção local, sendo em torno de 33 toneladas (44,8% do volume da produção
identificada) de mel vendido para o consumidor estadual e 16,7 toneladas (22,4% do
volume da produção identificada) para o consumidor local.
Outros canais importantes referem-se a venda direta dos apicultores para com os
consumidores locais comercializando 19,8% da produção, com os consumidores estaduais
8,3% da produção (Figura 7) e, também, com o varejo urbano estadual 1,6%. O setor
atacadista local formado por associações de apicultores vendeu em torno de 1,6%
diretamente para os consumidores estaduais e 0,3% para os consumidores locais.
3 A CONAB é a empresa oficial do Governo Federal, encarregada de gerir as políticas agrícolas e de
abastecimento, promovendo por meio seguro a comercialização eletrônica de produtos e serviços
relacionados às atividades finalísticas e de produtos e insumos para terceiros e, também, presta serviço de
armazenagem e de classificação de produtos agrícolas. Atua em todo o território nacional por meio de suas
superintendências regionais localizadas nos estados.
52
FIGURA 7- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Guamá,
estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do mel, no
período de 2008 a 2009.
O setor da produção local pratica preços de venda diferenciados, pois além de
apicultores isolados existem também associações que comercializam grandes quantidades
através de contratos de venda para a CONAB. Portanto, os preços médios praticados entre
os diferentes produtores locais são determinados pela quantidade comercializada.
Nesse contexto o setor da produção local vende diretamente para o atacado local
(atravessadores) ao preço de R$ 4,21/l (Figura 8), para a CONAB (atacadista estadual) a
R$ 9,38/l, para o consumidor estadual a R$ 12,97/l, para o consumidor local a R$ 10,44/l,
para o varejo urbano local a R$ 8,71/l e para o varejo urbano estadual a R$ 9,00/l.
Enquanto as associações (atacadista local) vendem para os consumidores locais a
R$ 10,00/l, e para os consumidores estaduais a R$ 8,00/l, neste caso em feiras livres.
53
FIGURA 8- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia
de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do mel.
O valor recebido pelos agentes que realizaram a venda (oferta) do mel a partir da
RI Guamá, estimado na ordem de R$ 1,3 milhão, correspondente ao VBP sob a ótica da
oferta, o qual se equalizou com a participação predominante 61% dos setores no âmbito
local e 39% dos setores do mercado estadual (Gráfico 4). O mesmo acontecendo com a
demanda deste alimento, apesar do consumo local ter correspondido a 46% da oferta, o
mercado estadual consumiu a maior parte 54%.
Do VBP total constituído no mercado local, o valor arrecadado pelo setor da
produção local (VBPα), setor onde se encontram os apicultores individuais e os
organizados em associação, foi estimado em aproximadamente R$ 759,7 mil, equivalente a
97%, aproximadamente, do VBP local (Gráfico 4). Na composição deste valor, mais de
R$ 515,5 mil (68% do VBPα) foram oriundos das vendas aos setores que compõem a
demanda intermediária, dentre os quais, ao setor atacadista estadual, representativo pela
Conab/Belém, responsável por R$ 490,3 mil, que corresponde a mais de 65% das vendas
do setor. No tocante ao restante do VBPα, foi oriundo das vendas em que o setor da
produção realizou diretamente aos demandantes finais locais e estaduais, que no total
contabilizaram R$ 244,1 mil, sendo mais de R$ 160,7 mil obtidos a nível local e, mais de
54
R$ 83,4 mil foram das vendas aos consumidores finais estaduais, mais especificamente
consumidores da capital do estado do Pará, pertencente à RI Metropolitana.
GRÁFICO 4- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI Guamá,
estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Com relação ao VBP adquiridos pelos outros setores que compõem o mercado
local, o atacado, que apresenta em sua composição as associações de apicultores dos
municípios de Colares e Santa Izabel do Pará, recebeu um valor equivalente a R$ 12,3 mil,
que corresponde a 1,6% do VBP local, pelas vendas para o consumidor final local (19%) e
estadual (81%). Faz-se necessário explicitar que entre essas associações, existem as que
concentram a responsabilidade de venda e posterior repasse aos associados, retendo assim,
apenas um percentual sob a receita para manter a instituição funcionando, denominada de
taxa administrativa e, neste caso foram as que venderam para a Conab. No entanto, na
maioria dos casos, ela realiza a compra junto aos associados, pagando um preço “justo”, a
fim de reter, após a venda diretamente ao consumidor, o montante para a associação. Em
seguida, o varejo urbano, categoria dos feirantes e proprietários de pequenas mercearias
e/ou tabernas, constituiu um VBP na ordem de R$ 12,6 mil, sendo 91% oriundos das
vendas realizadas diretamente para o consumidor final local e 9% para agentes do mesmo
setor: transação realizada entre uma feirante que comprou o produto de um atravessador
(Gráfico 4).
55
Com relação ao VBP estadual, estimado em R$ 508,5 mil, cujos atacadistas
(composto pela Conab), constituiu 97% deste valor, com as vendas realizadas diretamente
aos consumidores finais locais e estaduais, sendo que este último obteve uma
representatividade de aproximadamente 67% nas vendas do setor. O restante do VBP
estadual em torno de R$ 15 mil foi de responsabilidade do setor de varejo urbano,
representativo dos feirantes do município de Belém, capital paraense (Gráfico 4).
Dos R$ 1,3 milhão gerados pela comercialização do mel a partir da RI Guamá, R$
759,7 mil corresponderam às vendas dos apicultores, dos quais 32% foram das vendas
diretamente aos consumidores finais, sendo 21% local e 11% no âmbito estadual. Isto
significa, em termos gerais, que as vendas para o mercado nacional nem aconteceu, seja
por falta de investimentos em padronização de comercialização deste produto devido ao
custo (embalagem, especificações técnicas e de origem do produto no rótulo, transporte),
seja por falta de um incentivo maior, por parte dos órgãos de fomento à atividade, no que
se referem à assistência técnica, financiamentos, liberação de alvarás, licenciamento
ambiental e, o mais importante, por seu efeito de curto prazo, com a revitalização e/ou
criação de pontos de comercialização, tal como feira do produtor, a fim de que os agentes
mercantis, que têm nesta atividade sua (ou uma das) fonte de renda, possam ampliar seus
nichos de mercado. E, apesar destes entraves, os apicultores venderam para o setor do
atacado estadual, que correspondeu às transações realizadas com a Companhia Nacional de
Abastecimento – Conab/Belém, através do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA,
demonstrando que, a maioria dos apicultores está procurando melhorar sua renda através
da inserção em associações.
e) VAB – gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de
cada setor (%).
O VAB, equivalente ao valor transacionado efetivo (VTE), ao longo da cadeia de
comercialização do mel, desde o setor alfa (produção/extração local) da região de
integração Guamá até a demanda final, foi estimado em aproximadamente R$ 776,5 mil,
que constituiu uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na
comercialização de 2% (Gráfico 5). Esta margem, calculada a partir da relação entre a
diferença do VAB (R$ 776,5 mil) com o VBPα (R$ 759,7 mil), pelo VBPα (R$ 759,7 mil),
expõem em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de
comercialização do mel, a partir do setor alfa (α), até o consumidor final, incluindo todos
os custos de produção e comercialização do produto analisado, que não foram captados
pela pesquisa.
56
O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia está em
processo de crescimento, uma vez que expõe as ações de beneficiamento, transformação
e/ou majoração de preço que este produto (de origem animal) adquiriu nos setores, ao
longo da cadeia de comercialização, antes do demandante final. Este valor expõe também,
a forma como essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta
ou indiretamente, para a sua geração.
GRÁFICO 5- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do mel da RI Guamá, estado
do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O VAB total, acima citado foi predominantemente (99%) direcionado aos setores
situados nos quinze municípios que compõem a RI Guamá, que teve no setor da produção
a sua maior representação, pois os apicultores agregaram aproximadamente R$ 759,7 mil
(Gráfico 5), equivalente a 99% do VAB local, com a realização do beneficiamento
primário do produto, que a grosso modo significou os processos de colheita das
melgueiras, transporte até a “casa do mel”, onde se encontram os equipamentos
(melgueiras, decantador, centrífuga entre outros) e utensílios (em aço inox, na maioria dos
casos) para se obter mel. Convém ressaltar que o setor da produção transacionou o valor
efetivo somente no que se referiu às vendas do produto e, por isso, não foi estimado o seu
mark-up, pois a origem deste percentual corresponde à divisão do valor adicionado bruto
(VAB ≈ ao VTE) realizado pelo setor com o seu valor da compra de insumo, isto é, VBP
sob a ótica da demanda.
57
Os outros R$ 9,8 mil do VAB local foram constituídos por ações realizadas
simultaneamente, antes das vendas aos demandantes finais, como: majoração de preços,
envasamento do produto em garrafas menores de vidro ou ainda em garrafas PET (600 ml)
e, a colocação do rótulo informando apenas a origem (atacado). Na formação deste valor, o
setor atacadista adicionou em torno de R$ 6,1 mil e, constituiu um mark-up de 98% (maior
índice ao longo da cadeia de comercialização) e, o setor de varejo urbano adicionou R$ 3,7
mil, apresentando um mark-up de 41% (Gráfico 5).
No que tange ao VAB realizado pelos setores que compõem o mercado estadual,
estimado em R$ 7 mil, devido às mesmas ações do parágrafo anterior, o varejo urbano
adicionou um valor próximo a R$ 3,8 mil (54% do VAB estadual) apresentando um markup de 33% e, os atacadistas que apesar de terem adicionado R$ 3,2 mil (46% do VAB
estadual) acabaram constituindo um mark-up de apenas 1%, menor índice ao longo da
cadeia de comercialização (Gráfico 5).
Logo, no que refere ao VAB total ou VTE, observou-se que os apicultores da
região em estudo, conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados na
região e fora dela, seja pelo grau de especialização/negociação, seja pelas poucas ações de
beneficiamento, transformação ou incremento tecnológico que este recurso adquiriu após o
beneficiamento primário, realizado pelos setores antes do demandante final. Fato que se
comprovou com o valor que foi adicionado pelos outros setores da demanda intermediária,
R$ 16,7 mil (2,15% do VAB total), que só conseguiram agregar valor ao produto, antes das
vendas ao demandante final, através da divisão do produto em frascos menores,
padronização das embalagens antes da comercialização e a majoração de preço.
f) Renda Bruta Total (RBT), gerada pela ótica da demanda, na comercialização do
mel.
A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do produto foi estimada
em aproximadamente R$ 1,3 milhão, formando-se a partir da soma de compra de insumo
(VBP pela ótica da demanda) no valor de R$ 516,6 mil, que corresponde à compra dos
setores da demanda intermediária, com o VAB total (≈ VTE), formado ao longo da cadeia
e, orçado em R$ 776,4 mil. Este valor da RBT foi gerado com a participação dos setores
que compõem o sistema local e estadual (Gráfico 6).
Na formação da RBT, o setor considerado alfa deste modelo (α), isto é, os
apicultores foram os que obtiveram a maior renda verificada ao longo de toda cadeia, no
valor de R$ 759,7 mil (Gráfico 6), equivalente a 59% de toda RBT gerada e circulada e,
58
resultante das vendas para os setores econômicos que constituem tanto a demanda
intermediária local e estadual, sendo mais predominante (em torno de 65%) as vendas para
o setor atacadista estadual, ou seja, para a Conab/Belém. Eles também venderam
diretamente aos consumidores finais locais e estaduais, sendo, neste caso, mais observada
às vendas no âmbito local. Salienta-se, no entanto, que este valor da RBT, obtida pelo setor
(R$ 759,7 mil), poderia ser maior, se as ofertas de outros produtos oriundos desta atividade
tivessem sido também comercializadas, pois além da renda, essas outras atividades
possibilitariam o aumento do nicho de mercado. Entre os produtos com potencial de
mercado encontram-se a cera e a própolis, ambos largamente utilizados pelas indústrias
farmacêuticas e cosméticas. Assim como, há uma carência de feiras e mercados, haja vista
que na maioria dos municípios da região, estes pontos de comercialização se encontravam
inutilizáveis ou até mesmo inexistentes.
GRÁFICO 6– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Guamá,
estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Por conseguinte, o setor de varejo urbano local gerou uma renda equivalente a R$
12,6 mil, resultante da soma da compra de insumo no valor de R$ 8,9 mil junto aos
apicultores e agentes do mesmo setor e agregação de valor de aproximadamente R$ 3,7
mil. O atacado local comprou insumos no valor de R$ 6,3 mil junto aos setores de
59
produção, atacado e de agentes do próprio setor e, adicionou mais de R$ 6,1 mil, gerando
uma renda bruta no valor de R$ 12,3 mil, aproximadamente (Gráfico 6).
No que compete analisar a renda gerada e circulada no âmbito estadual, o setor
atacadista arrecadou um montante no valor de R$ 493,5 mil, resultante da soma de compra
do insumo no valor de R$ 490,3 mil junto aos apicultores e agregação de valor de R$ 3,2
mil. E o setor de varejo urbano gerou uma renda bruta no valor de R$ 15 mil, pois comprou
mais de R$ 11,3 mil em mel dos produtores e adicionou um montante de R$ 3,8 mil sem
beneficiá-lo, antes das vendas aos consumidores finais locais (Gráfico 6). Esses setores
juntos compõem a renda gerada e circulada no mercado estadual, estimada em R$ 508,5
mil, correspondente a 39% da RBT total.
4.2.3 Cupuaçu
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do cupuaçu.
Foram identificados noventa e três agentes trabalhando com o cupuaçu (Figura 9),
sendo que 50% são produtores, 30% atravessadores, 19% comerciantes e uma
agroindústria localizada no município de Castanhal.
Dos entrevistados, 56% comercializam o cupuaçu fruto e 44% trabalham com a
polpa. Dentre os agentes 12% trabalham exclusivamente com o cupuaçu e 88%
comercializam outros produtos, tais como: taperebá, carvão, uxi, pupunha, muruci, mel,
castanha-do-brasil, biribá, urucum, açaí, andiroba, bacuri, cajarana, palmito, tucumã,
piquiá, cacau e ingá. O tempo de trabalho no ramo varia de 1 a 25 anos, e 94% dos agentes
possuem propriedade rural com áreas que variam de 2 a 50 ha.
60
FIGURA 9- Localização dos agentes mercantis do cupuaçu na RI Guamá, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do
cupuaçu:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Constituída por agentes que comercializam o fruto in natura e em
forma de polpa, com beneficiamento primário do cupuaçu (despolpamento artesanal) para
obtenção de melhor preço de venda na safra e na entressafra;
Varejo rural: São pequenos comerciantes que se deslocam até as comunidades
para adquirir o cupuaçu in natura ou na forma de polpa dos produtores locais. A maioria
dos atravessadores também realizam o despolpamento dos frutos artesanalmente (para
melhor preço de venda na safra e entressafra);
Indústria de beneficiamento: Agroindústrias processadoras de polpa de frutas
localizadas nos municípios de São Francisco do Pará e Castanhal;
Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes que realizam a venda do cupuaçu
in natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
61
Indústria de transformação: Composta por lanchonetes que adquirem polpa de
cupuaçu e as transformam em diferentes produtos finais como sucos, vitaminas, sorvetes
entre outros;
Atacado: Constituído pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que
atua no Programa de Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), cuja função é intermediar a compra da produção local e repassar
para prefeituras que distribuem para instituições de ensino e saúde;
Varejo urbano: São os feirantes e atravessadores que realizam a venda do cupuaçu
in natura ou na forma de polpa;
NACIONAL (Fora do Estado do Pará)
Varejo urbano: Formado pelo comercio varejista (feirantes e supermercados) que
comercializam o cupuaçu em polpa.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu.
Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos dezoito municípios,
se caracterizam por canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes
intermediários entre a produção local até o consumidor final (Figura 10). O principal nível
de canal de comercialização do cupuaçu identificado com maiores quantidades é composto
pelo setor varejo rural (atravessadores) que comercializa 30,9% da quantidade do fruto,
que comprou exclusivamente da produção local e vendeu para o mercado local e mercado
estadual. No mercado local estes varejistas rurais venderam 0,3% para o varejo urbano
local (feirantes e comerciantes) e 6,3% para os consumidores principalmente nas margens
de rodovias e em feiras livres. Por outro lado, estes atravessadores também vendem para o
mercado estadual 14,2% do cupuaçu in natura na época da safra nas principais feiras livres
diretamente para os consumidores, 5,5% diretamente para os feirantes a polpa do fruto e
4,6% através de encomenda de polpa para as lanchonetes na região metropolitana de
Belém.
A indústria de beneficiamento local comprou 13,5% da produção do fruto in
natura e vendeu a polpa para o consumidor estadual (10,1%) e para o varejo urbano
nacional (3,4%) (Figura 10). Os produtores também realizam a venda direta, ou seja, sem
a presença de intermediários. Pois, uma característica comum entre estes produtores
envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu local é a realização do
beneficiamento primário do fruto na forma de polpa. O sistema de comercialização
62
consiste na venda do fruto in natura na época da safra e a comercialização da polpa do
fruto nas principais feiras locais e na RI Metropolitana. Nesse contexto, o setor da
produção vendeu 15,5% diretamente para os consumidores locais, 17,2% para os feirantes
locais, 18,6% para os consumidores estaduais, 0,2% para o setor atacadista estadual
(CONAB), 3,7% para os feirantes estaduais e 0,4% para os varejistas nacionais (neste caso
são os produtores do município de Vigia vendendo para os atravessadores do estado do
Maranhão).
FIGURA 10- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do cupuaçu, no
período de 2008 a 2009.
O preço médio de compra de insumo (cupuaçu) praticado pelas indústrias de
beneficiamento locais com os produtores foi de R$ 0,95/un. (Figura 11). Por outro lado os
preços de venda praticados pelas indústrias de beneficiamento locais foram: R$ 0,98/un.
com os varejistas urbanos nacionais e R$ 1,33/un. para o consumidor estadual. O varejo
rural comprou da produção a R$ 0,73/un. e vendeu para setores estaduais a preços que
variaram de R$ 1,02 a R$ 2,00/un., enquanto que no âmbito local vendeu a R$ 1,26 e R$
1,65/un.. O preço de compra praticado pelo varejo urbano local com os produtores locais
foi em média R$ 0,93/un. e com os varejistas rurais foi R$ 1,26/un. (na forma de polpa ou
in natura), e venderam em média a R$ 1,77/un. para os consumidores locais.
63
O varejo urbano estadual comprou da produção local a R$ 1,00/un. e do varejo
rural a R$ 1,02/un. e revendeu o cupuaçu para a indústria de transformação estadual a R$
1,50/un. e por R$1,84/un. para os consumidores estaduais (Figura 11).
Os preços médios de venda de insumo praticados pelos produtores locais de
cupuaçu oscilam entre R$ 0,73/un. a R$5,00/un. em função da forma de comercializar o
fruto (isto é, cupuaçu in natura ou polpa), pelo processo rústico de beneficiamento e pela
falta de capacidade de armazenamento.
FIGURA 11- Preço médio do cupuaçu (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações entre
os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado
do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.4 Muruci
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do muruci.
Foram identificados trinta e um agentes que trabalham com muruci (Figura 12),
sendo uma agroindústria localizada no município de Castanhal (que atua no ramo há 18
anos, 58% são produtores, 32% atravessadores e 13% comerciantes. Entre estes agentes,
45% trabalham exclusivamente com o muruci e 54% trabalham com outros produtos
(cupuaçu, taperebá, carvão, uxi, castanha-do-brasil, biribá, açaí, tucumã, andiroba, mel,
urucum, cacau e pupunha).
64
FIGURA 12- Localização dos agentes mercantis do muruci na RI Guamá, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Dentre os entrevistados, 29% dos produtores possuem propriedades rurais com
áreas que variam de 0,5 a 6,25 ha. Somente um agente possui armazém (Ind.
Beneficiamento) com capacidade para 35 toneladas. Referente aos meios de condução,
48% possuem transporte, onde foram totalizados um caminhão baú (capacidade para 4
toneladas), onze bicicletas, nove motos e um carro. Em relação aos equipamentos para o
trabalho com a fruta 16% dos agentes possuem algum tipo, tais como: um liquidificador
industrial, duas seladoras de sacos, uma despolpadeira, uma geladeira, duas maquinas de
bater açaí, quatorze freezers (capacidade de 140 l a 500 l).
A mão de obra predominante é a familiar, porém uma empresa opera com 12
funcionários. O valor pago mensal pelo trabalho na empresa é de R$ 460,00 e os demais
pagam entre R$ 0,20 a R$ 0,30 por litro coletado.
Para melhorar a capacidade de produção foi relatado que necessitam de
maquinários, assistência técnica para um melhor manejo na coleta dos produtos e
financiamento para conseguir realizar todas essas melhorias.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do
muruci:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
65
Produção: Constituída por agentes que comercializam o fruto in natura em
embalagens de garrafa (Pet) ou em sacos plásticos de 1 litro;
Varejo rural: São pequenos comerciantes que se deslocam até as comunidades
para adquirir o muruci in natura;
Indústria de beneficiamento: Agroindústria processadora de polpa de frutas
localizadas nos municípios de São Francisco do Pará e de Castanhal;
Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes que realizam a venda do muruci in
natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Composta por lanchonetes que adquirem polpa de
cupuaçu e as transformam em diferentes produtos finais como sucos, vitaminas, sorvetes
entre outros;
Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes que realizam a venda do muruci in
natura ou na forma de polpa;
NACIONAL (Fora do Estado do Pará)
Varejo urbano: Formado pelo comercio varejista (feirantes e supermercados) que
comercializam o muruci em polpa.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do muruci.
O principal canal de comercialização refere-se à venda de 50,3% da produção do
muruci para o varejo rural (atravessadores), que revendem 2,4% diretamente em feiras ou
em estradas para os consumidores locais, 1,5% para os feirantes locais, 0,3% para as
lanchonetes estaduais e através de feiras livres, 46,1% para os feirantes estaduais. Por outro
lado, 40,8% da produção local foi comercializada pelo setor da indústria de beneficiamento
que vendeu 39,6% para o varejo urbano estadual e 1,2% para o varejo nacional (Figura
13). Os produtores locais vendem 6,5% da produção diretamente para os feirantes locais e
também existe o canal direto entre o produtor local e o consumidor local que comercializou
somente 2,4% da produção.
66
FIGURA 13- Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci comercializado na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do muruci, no
período de 2008 a 2009.
Os preços médios do muruci praticados entre os diferentes agentes da cadeia de
comercialização são determinados pela safra do fruto transacionado e pela distância
percorrida pelos produtores.
O varejo rural compra diretamente dos produtores locais ao preço médio de R$
0,87/l e revende localmente para o varejo urbano a R$ 1,66/l e aos consumidores da RI
Guamá a R$ 1,11/l e, na esfera estadual para o varejo urbano ao preço de R$ 1,31/l e o
setor de transformação a R$ 3,00/l para a indústria de transformação (lanchonetes) devido
à pequena quantidade (Figura 14).
As indústrias de beneficiamento locais compram da produção a R$ 1,26/l e
vendem na forma de polpa a R$ 2,00/l para o varejo urbano estadual e a R$ 2,50/l para o
varejo urbano nacional (Figura 14). Quando os consumidores locais compram direto da
produção o preço médio foi de R$ 2,25/l.
67
FIGURA 14- Preço médio do muruci (R$/l do fruto in natura) praticado nas transações
entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da Região de
Integração Guamá, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.5 Taperebá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do taperebá.
Foram identificados doze agentes comerciantes (Figura 15), dos quais 66% são
atravessadores, 16% feirantes, 8% produtores e duas agroindústria. Todos trabalham
paralelamente com outros produtos (cupuaçu, muruci, carvão, pupunha, uxi, mel, castanhado-brasil, cajarana, biribá, açaí e bacuri).
Foi identificado que somente a indústria possui armazém e o mesmo com
capacidade para 35 toneladas. A indústria possui todo maquinário necessário para o
beneficiamento do produto. Tem um quadro de funcionários de 12 pessoas no período da
safra e 10 pessoas na entressafra, pagando mensalmente o valor de R$ 460,00. Estima-se
que sete agentes (cinco atravessadores, um feirante e um produtor) trabalham com o
produto somente durante a safra, os demais recorrem à outra forma de renda e declararam
ter problemas principalmente com a armazenagem, a causa seria a quantidade insuficiente
dos freezers e a queda de energia constante.
68
Foram relatados vários pontos a serem considerados para melhorar a produção
sendo estes: financiamento, local adequado para armazenagem e maquinário para
padronizar o produto.
FIGURA 15- Localização dos agentes mercantis do taperebá na RI Guamá, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do
taperebá:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Composta por agricultores locais, encontrados na pesquisa, que fazem a
coleta do taperebá na safra;
Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e
compram o taperebá in natura do setor da produção;
Indústria de beneficiamento: Inclui as empresas que realizam o processamento do
taperebá in natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa de produção de polpa
congelada voltada para o mercado estadual e a voltada para atender o mercado (inter)
nacional de polpas regionais;
Varejo urbano: São feirantes que comercializam o taperebá in natura para o
consumo local;
69
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Composto por lanchonetes que adquirem o taperebá in
natura diretamente dos atravessadores;
Varejo urbano: Composta por feirantes da RI Metropolitana, que adquirem o fruto
in natura na safra;
NACIONAL
Varejo Urbano: São redes de supermercados que comercializam a polpa do fruto
do taperebá nacionalmente.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do taperebá.
O principal nível de canal de comercialização do taperebá (Figura 16) identificado
com as maiores quantidades é a compra da indústria de beneficiamento de 81,8% do total
da produção local identificada, que vendem 28,6% para o setor do varejo urbano estadual e
53,2% para o mercado nacional, na forma de polpa congelada. Este setor de
beneficiamento é composto por agroindústrias localizadas nos municípios de São Francisco
do Pará e de Castanhal.
FIGURA 16- Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá comercializado na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O varejo rural comercializa 8,8% da quantidade identificada do fruto, que é
comprado diretamente dos produtores e vendido 4,6% para os consumidores estaduais,
70
3,9% para os feirantes estaduais (varejo urbano) e 0,3% para sorveterias estaduais
(transformação) (Figura 16). Esses atravessadores (varejo rural) se deslocam até as feiras
livres, sorveterias e comerciantes para entregar o taperebá in natura.
O setor da produção local também comercializa diretamente 9,2% com os
consumidores estaduais, 0,2% com os feirantes estaduais e 0,02% com os feirantes locais
(Figura 16).
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do taperebá, no
período de 2008 a 2009.
As indústrias de beneficiamento local compram da produção a R$ 0,79/kg e
vendem na forma de polpa a R$ 3,00/kg para o varejo urbano estadual e a R$ 1,76/kg para
o varejo urbano nacional (Figura 17).
FIGURA 17- Preço médio do taperebá (R$/kg do fruto) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O varejo rural compra diretamente dos produtores locais ao preço médio de R$
0,58/kg do taperebá e revende para agentes do mercado estadual no valor médio de R$
3,00/kg para a indústria de transformação (lanchonetes), a R$ 1,75/kg para o varejo urbano
e a R$ 0,84/kg aos consumidores estaduais (Figura 17).
71
A produção local vende diretamente para os consumidores estaduais ao preço
médio de R$ 3,00/kg, aos feirantes estaduais a R$ 2,00/kg e a R$ 1,83/kg para os feirantes
locais (Figura 17).
4.2.6 Frutas (muruci, cupuaçu e taperebá)
Com o aumento do consumo das frutas da Amazônia, nas últimas décadas, dentre
as quais as do Pará pelo sabor exótico, aroma, textura, qualidade e diversidade, aliado à
procura por produtos orgânicos, que propiciam a segurança alimentar e, pela RI Guamá
concentrar municípios que se destacam na produção de grande parte das frutas com tais
características, passaram a industrializá-las a fim de atender novos nichos de mercado.
Nesse cenário, as análises a seguir referem-se a comercialização das três principais frutas
identificadas na RI Guamá: cupuaçu, muruci e o taperebá. Pois além de apresentarem em
suas respectivas cadeias um fluxo heterogêneo na forma de comercialização do produto
(fruto e polpa), estes foram os únicos produtos a convergirem para o processo de
industrialização, a fim de melhorar a qualidade do produto, com o objetivo de atingir esses
novos consumidores, de modo específico os demandantes nacionais.
Apesar da demanda estadual ser prevalecente na comercialização dos três frutos, a
demanda nacional, no caso do taperebá, correspondeu a 46% da oferta, 5% no caso do
muruci e 2% no cupuaçu. E, em quase todos os casos, esta comercialização ficou a cargo
das agroindústrias do município de Castanhal, com exceção dos atravessadores que
compram o cupuaçu em fruto na RI Guamá e os vendem no comércio dos municípios do
estado do Maranhão, principalmente os de fronteira com estado do Pará.
a) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização das frutas
(muruci, cupuaçu e taperebá).
No que tange à oferta destas frutas (cupuaçu, muruci e taperebá) a partir da RI
Guamá, o valor recebido pelos setores da comercialização foi estimado na ordem de R$ 3,1
milhões e corresponde ao VBP total, sendo que os setores situados no mercado local
adquiriram o equivalente a R$ 1,8 milhão, os do mercado estadual R$ 1 milhão e o varejo
urbano nacional adquiriram R$ 289,6 mil, conforme Gráfico 7.
Do VBP local, mais de R$ 719 mil foram oriundos das vendas do setor da
produção, sendo 84% para os setores intermediários e 26% diretamente aos consumidores
finais locais e estaduais (Gráfico 7). Na composição dos setores intermediários, os maiores
valores recebidos pelos produtores foram os pagos pelo setor de indústria de
72
beneficiamento R$ 357,6 mil. No entanto, os produtores, de modo específico aqueles que
não tiveram acesso ao setor de beneficiamento, seja pela ausência no seu município ou pela
distância ao município pólo da RI Guamá, onde se concentra um número maior de
agroindústrias, também transacionam com aos feirantes (varejo urbano) da RI recebendo
R$ 36,3 mil e, com os feirantes no âmbito estadual dos quais receberam R$ 3,2 mil. Ou
ainda, com os atravessadores recebendo o equivalente a R$ 208,2 mil.
Os outros setores de domínio local, os atravessadores, agregados no setor de
varejo rural, adquiriram um valor equivalente a mais de R$ 328,5 mil, 18% do VBP local
e, tornaram-se o segundo setor mais importante na comercialização com os
agroextrativistas, pois foi responsável pela compra dos frutos in natura junto às
comunidades produtoras, para posterior venda ao varejo urbano estadual e local, assim
como, para as indústrias de transformação e, aos consumidores nos âmbitos locais e
estaduais. O setor de varejo urbano, composto por inúmeros feirantes, por sua vez recebeu
R$ 73,6 mil, de forma preponderante das vendas aos consumidores locais. A indústria de
beneficiamento (setor onde foram inseridas duas agroindústrias) adquiriu mais de R$ 731,1
mil com as vendas das polpas destes frutos, sendo que R$ 519,3 mil corresponderam às
vendas às redes de supermercados da capital paraense (varejo urbano estadual) e aos
demandantes finais estaduais realizados pela agroindústria localizada em uma comunidade
do município de São Francisco do Pará e, R$ 211,7 mil foram do somatório das vendas
realizadas pela agroindústria de Castanhal ao mercado nacional, que representa as redes de
supermercado. (Gráfico 7).
Com relação ao VBP obtido com as vendas realizadas pelos setores a nível
estadual, orçada em R$ 1 milhão, em torno de R$ 992,2 mil corresponderam às vendas do
varejo urbano (composto por feirantes e pelas redes de supermercado) para os
consumidores finais, que constituiu mais de 99% de suas transações e, o restante adveio
das vendas à indústria de transformação e aos agentes do mesmo setor. A indústria de
transformação, que representa uma lanchonete, adquiriu um valor de R$ 17,2 mil com as
vendas de suco para os seus clientes e, apenas um valor irrisório de R$ 546,20 ficou a par
do setor atacadista, que na verdade corresponde ao valor de compra realizado pela
Conab/Belém, que o repassou aos órgãos públicos responsáveis pela alimentação de
estudantes. No sistema nacional foram gerados em torno de R$ 289,6 mil oriundos das
vendas das polpas dessas frutas para os consumidores finais, com participação exclusiva do
varejo urbano (Gráfico 7).
73
GRÁFICO 7- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização das frutas (cupuaçu,
muruci e taperebá) da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Por tudo isso, dos R$ 3,1milhões gerados na comercialização desses frutos, a
partir da RI Guamá, somente R$ 127,2 mil foram oriundos das vendas ao demandante final
local na sua forma in natura. Isso significa dizer que as vendas para fora teve uma
importância maior para os setores locais, de modo predominante para os consumidores
estaduais (R$ 1,1 milhão), de modo especifico, Belém, Castanhal e Barcarena. Tendo
como principal agente comercializador os feirantes e as redes de supermercados. No
entanto, os agroextrativistas conseguiriam adquirir, deste valor de R$ 1,1 milhão,
aproximadamente R$ 77 mil, sobretudo pela sua vinda, o que aumenta seus custos, até a
capital paraense, mais precisamente por aqueles que não tiveram condições de
comercialização em seus respectivos municípios pela falta de funcionalidade dos pontos de
comercialização, tal como feiras e/ou mercados.
b) VAB - gerado na comercialização das frutas (muruci, cupuaçu e taperebá) e a
margem de comercialização de cada setor (%).
O VAB ao longo da cadeia de comercialização dos frutos (muruci, cupuaçu e
taperebá), desde o setor alfa (coleta/produção) da RI Guamá até o consumidor final, foi de
R$ 1,5 milhão (Gráfico 8), que resultou em uma margem bruta de agregação de valor ao
produto na comercialização, ou mark-up total de 113%. Esta margem calculada a partir do
valor total do VAB (R$ 1,5 milhão), menos o VBPα (R$ 3,1 milhões), dividido pelo VBPα
74
(R$ 3,1 milhões), expõe, em termos percentuais, o quanto foi adicionado a estes frutos, ao
longo de toda a cadeia de comercialização, a partir do setor alfa (α). É imperativo afirmar
que este valor de mark-up foi expressivo pelo motivo do setor alfa, após realizar a
coleta/produção, pouco agregou ao fruto, ou seja, pouco beneficiou, diferente dos setores
da demanda intermediária, principalmente das indústrias de beneficiamento (local e
estadual).
O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia esta em
processo de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação
e/ou majoração de preço que estes produtos adquiriram nos setores, ao longo das cadeias
de comercialização, antes do demandante final.
Assim sendo, o sistema local obteve uma agregação de valor ao produto de R$ 1,2
milhão, equivalente a 81% do VAB total (Gráfico 8). Na composição deste valor, o setor
da produção transacionou valor efetivo, isto é, agregou valor ao produto, somente no que
se referiu às vendas desses produtos na sua forma in natura na ordem de R$ 719,1 mil e,
por isso, não foi estimado o seu valor de mark-up. Este setor agregou valor quando
realizou o beneficiamento primário do produto, que significou, de modo geral, a seleção
dos frutos de boa qualidade e, em alguns casos, o ensacamento em embalagens de um
quilo, o que não necessariamente se tenha um quilograma do fruto.
Entre os setores da demanda intermediária, houve a participação predominante da
indústria de beneficiamento, pois sua agregação foi na ordem de R$ 373,4 mil (30% do
VAB local), que está fortemente relacionado tanto à sua capacidade instalada quanto ao
grau de negociação que mantém com o setor da produção, os quais os vendem o produto in
natura que, por sua vez, as negocia com o mercado nacional, um produto beneficiado a
preços bem mais atrativos em relação ao preço de compra. Com relação à margem de
comercialização por setor, ou seja,
mark-up constituído pelo setor, a industria de
beneficiamento configurou 104%, calculado a partir da relação entre o valor do VAB
realizado no setor (R$ 373,4 mil) pelo valor do VBP do setor (aproximadamente R$ 357,6
mil), pela ótica da demanda, ou seja, o valor da compra de insumos realizada pelo setor. O
mark-up, em termos gerais, representado em termos relativos (%), inclui todos os custos de
beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não são captados pela
pesquisa. Entre os processos de beneficiamento realizados por este setor, estão o
beneficiamento do fruto, sua transformação em polpa e empacotamento do produto
75
conforme os órgãos de vigilância sanitária e de comércio, a fim de garantir a qualidade e as
características intrínsecas dos frutos (Gráfico 8).
GRÁFICO 8- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização das frutas (cupuaçu,
muruci e taperebá) da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Ainda no mercado local o setor varejo rural agregou aproximadamente R$ 120,3
mil e constituiu um mark-up de 58% (Gráfico 8), propiciado pelas transações dos frutos in
natura, com acréscimos dos custos de comercialização com outros setores da demanda
intermediária e final, no primeiro caso, principalmente para os feirantes. O varejo urbano,
por conseguinte, adicionou algo em torno de R$ 26,4 mil e constituiu um mark-up de 56%,
com os processos da majoração de preço antes das vendas para os consumidores finais
locais.
Os setores que contribuíram para o VAB no mercado estadual, estimado na ordem
de R$ 212,3 mil (14% do VAB total), conforme o Gráfico 8, com o varejo urbano
constituindo mais de 98% (equivalente a R$ 209 mil), cuja agregação se formalizou
quando utilizou da majoração de preço antes das vendas. E devido a esta agregação,
configurou uma margem de comercialização (mark-up) de 27%. Já a indústria de
transformação adicionou um pouco mais de R$ 3,3 mil e estabeleceu um mark-up de 23%,
pois comprou diretamente do setor da produção os frutos in natura e os utilizou como
insumo na preparação de cremes, doces e sucos antes das vendas aos consumidores finais
estaduais. É importante ressaltar que o setor atacadista, por sua vez, não adicionou pois
76
constituiu somente em repasse da Conab/Belém para instituições educacionais. Com
relação ao VAB formado no mercado nacional, estimado na ordem de R$ 77,5 mil
(equivalente a 5% do VAB total), ficou por conta do setor de varejo urbano, que devido ao
aumento do preço apresentou um mark-up de 37%.
Por tanto, no que se referiu ao VAB total (R$ 1,5 milhão), equivalente ao VTE, ao
longo da cadeia de comercialização desses frutos, observou-se que os agroextrativistas da
região em estudo conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados tanto
na região quanto fora dela, já que foi responsável por 47% do VAB total, seja pelo grau de
especialização/negociação, já que suas vendas não foram centralizadas para um setor,
apesar de 50% do volume de suas vendas terem sido direcionadas ao setor de
beneficiamento. Seja pelas poucas ações de beneficiamento, transformação ou incremento
tecnológico que estes recursos, que corresponde aos outros 50% do volume de vendas,
adquiriu após o beneficiamento primário, realizado pelo setor, antes do demandante final.
Fato que se comprova quando se compara o valor adicionado pelos varejistas (rural e
urbano) e setor de beneficiamento. No restante do VAB total, os varejistas foram
responsáveis por 28% do VAB total, utilizando-se do processo de majoração de preço,
enquanto que as agroindústrias localizadas na RI Guamá, quanto a indústria de
transformação na esfera estadual, conseguiram adicionar 25% do VAB total, propiciado
simultaneamente pelo grau de especialização/negociação destes agentes com agentes do
setor da produção e, a capacidade instalada.
c) Renda Bruta Total (RBT) gerada pela ótica da demanda na comercialização das
frutas (cupuaçu, muruci e taperebá).
A Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização destes
produtos foi orçada em R$ 3,1 milhões, formando-se a partir da soma de compra de
insumo (VBP pela ótica da demanda) no valor de R$ 1,6 milhão, realizado pelos setores da
demanda intermediária, com Valor Transacionado Efetivo (VTE), que corresponde ao
VAB constituído ao longo da cadeia em R$ 1,5 milhão, tanto pelos setores da demanda
intermediária quanto o setor da produção. O sistema local foi responsável por mais de 59%
desta renda, o estadual 32% e o nacional 9%, conforme o Gráfico 9.
Na RI Guamá, identificado como mercado local, o setor de indústria de
beneficiamento (agroindústria) foi quem gerou a maior renda bruta no valor de R$ 731,1
mil, pois comprou os frutos na sua forma in natura no valor de R$ 357,7 mil junto ao setor
77
da produção (agroextrativistas) e, adicionou um montante de R$ 373,4 mil com os seus
processos de beneficiamento (Gráfico 9).
GRÁFICO 9– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização das frutas
(cupuaçu, muruci e taperebá), considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP +
VAB), a partir da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O varejo rural gerou uma renda bruta no valor de R$ 328,5 mil, resultante da
soma da compra de insumo no valor de R$ 208,2 mil junto ao setor da produção e, na
maioria das vezes, no próprio local uma agregação de R$ 120,3 mil. O varejo urbano, por
sua vez, comprou insumos no valor de R$ 47,2 mil junto ao varejo rural, da produção e de
agentes do mesmo setor, nos próprios pontos de comercialização nos centros urbanos e,
adicionou R$ 26,4 mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 73,6 mil (Gráfico 9).
Na esfera estadual, com renda bruta contabilizada em mais de R$ 1 milhão, quem
mais atuou para a formação deste montante foram os feirantes juntamente com as redes de
supermercado (ambos agrupados no setor de varejo urbano), com mais de R$ 992,2 mil,
obtidos com a soma do valor agregado de R$ 209 mil com o valor do insumo comprado no
valor de R$ 783,3 mil (no caso dos feirantes os frutos in natura e dos supermercados a
polpa).
No que se refere ao valor de compra de insumo, R$ 272,2 mil foram comprados
pelos feirantes junto aos setores ofertantes advindos da região (produção e varejo rural) e
78
agentes do mesmo setor e, R$ 510,6 mil corresponderam às compras dos supermercados
junto às agroindústrias. A indústria de transformação, por conseguinte, gerou uma renda no
valor de R$ 17,2 mil, gerados pela compra das frutas in natura no valor de R$ 11,6 mil
junto ao varejo rural e R$ 2,4 mil junto aos feirantes estaduais (varejo urbano estadual), e
agregação de valor em torno de R$ 3,3 mil (Gráfico 9).
Com relação à esfera nacional, o varejo urbano comprou as frutas beneficiadas
(polpa congelada) do setor de indústria de beneficiamento local, mais especificamente da
agroindústria do município de Castanhal (RI Guamá), no valor de R$ 212 mil, e adicionou
o equivalente a R$ 77,5 mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 289,6 mil. Os valores
gerados no âmbito estadual e nacional demonstram a importância que estas frutas tiveram
também para a economia da região, no que tange a elaboração de renda e emprego.
Entretanto, dos R$ 3,1 milhões gerados e circulados na cadeia de comercialização
das frutas, apenas 23% deste montante (R$ 719 mil) corresponderam ao valor retido pelo
setor que dá origem a toda a cadeia, ou seja, dos agroextrativistas (Gráfico 9). Pois foram
os diferentes motivos que, agindo concomitante, contribuíram para tal problemática: as
vendas do produto foram parcialmente maiores, na sua forma in natura, para os varejistas
(composto por atravessadores e feirantes) que pagaram os menores preços médios, com
exceção do taperebá, que aproximadamente 82% da produção foram vendidos para as
agroindústrias; a falta de uma melhor organização social (seja em forma de sindicato ou via
cooperativa), que contribuiu para que as vendas tenham sido dispersas e realizadas em
maior quantidade para os setores que não estão ligados ao beneficiamento, assim como,
contribuiu para que as vendas para a Conab quase não se realizassem, pois somente 0,2%
da produção do cupuaçu tiveram essa finalidade; o local de produção/extração do produto
se encontra distante dos centros consumidores, o que por sua vez, pelo custo, acaba lhe
impondo dependências em relação à comercialização, ou seja, o escoamento de parte da
produção foi realizado por intermédio de terceiros (atravessadores) e, por fim; a
precariedade em que se encontravam os pontos de comercialização nos municípios (feiras e
mercados), fizeram com que alguns agroextrativistas saíssem da sua região para vender a
produção em outras regiões, mais precisamente a Metropolitana.
79
4.2.7 Priprioca
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
da priprioca.
Foi identificada apenas uma associação de produtores rurais que comercializa a
raiz da priprioca, e está no ramo há cinco anos. Localizada no município de Santo Antônio
do Tauá, tem parceira com uma indústria de transformação, localizada no município de
Benevides, para a obtenção dos ativos da priprioca, capitiú e do estoraque.
A associação coleta a raiz em uma área de 28 hectares, onde trabalham 40
produtores associados, sendo que, apenas 16 famílias cultivam a priprioca. O trabalho é
realizado na época da colheita, e o valor pago aos associados equivale a R$ 20,00 a diária.
Um associado relatou que para melhoria na capacidade de produção, a associação necessita
de patrulha mecanizada para beneficiamento das áreas dos associados.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização da priprioca:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Representado por produtores que cultivam a priprioca e realizam a
coleta e o seu armazenamento.
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,
situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o
processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas
nativas ou áreas cultivadas em terras de agricultores, que também refina óleos de frutas.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg da
raiz) pelo setor mercantil da priprioca, no período de 2008 a 2009.
A estrutura da quantidade comercializada de priprioca apresenta um canal semidireto, ou seja, a existência de apenas um tipo de intermediário (Figura 18). Portanto, toda
a produção identificada é comercializada para a indústria de transformação estadual, ao
preço de R$ 3,00/kg da raiz. Tal indústria de transformação estadual envia para o mercado
nacional, no entanto, esta empresa ainda não foi entrevistada pela equipe, portanto o preço
foi estimado em R$ 3,75/kg da raiz.
80
FIGURA 18- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/kg da raiz) da priprioca na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.8 Murumuru
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do murumuru.
Foram identificados cinco agentes comerciantes de murumuru (Figura 19), todos
coletores. Trabalham também com outros produtos (andiroba, cupuaçu e uxi). Não
informaram quanto tempo trabalham com o produto.
Foi verificado que 60% dos agentes possuem armazém com dimensões de 6 a 12
m², apenas um agente declarou possuir meio de transporte, sendo uma canoa e uma
bicicleta. Todos afirmaram não dispor de maquinários ou equipamentos.
O trabalho é realizado principalmente pela mão de obra familiar, com um
produtor que conta com a ajuda de 20 pessoas no empreendimento, sendo pago o valor de
R$ 0,70/kg de polpa extraída. Com relação ao armazenamento, 40% relataram ter
problemas. Alguns devido à proximidade do rio e umidade, diminuindo a qualidade do
produto e o outro referente ao espaço para armazenamento.
A produção trabalha manualmente e não há uso de tecnologias para extração ou
beneficiamento do produto.
81
FIGURA 19- Localização dos agentes mercantis do murumuru na RI Guamá, estado do
Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do
murumuru:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Composta por extrativistas responsáveis pela coleta tradicional da
semente nas áreas de ocorrência natural da região pesquisada;
Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e
compram o murumuru diretamente dos extrativistas;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Existem dois tipos de estrutura de empresa
transformadora, a primeira transforma o murumuru em manteiga e também em produtos
finais (cosméticos); e a segunda compra já a manteiga de murumuru e a transforma em
produtos finais (cosméticos);
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do murumuru.
A cadeia de comercialização do murumuru consiste em canais simples
apresentando apenas dois intermediários (Figura 20). Os varejistas rurais compram 68%
dos produtores e vendem exclusivamente para as indústrias de transformação no âmbito
82
estadual. Neste caso, as empresas de transformação utilizam dos agentes atravessadores
para realizar o contato com os produtores, adquirindo o produto de diversos locais com o
objetivo de facilitar as negociações e a formação de preço. Existe também a
comercialização direta dos produtores com a indústria de transformação estadual
eliminando, neste caso, os atravessadores.
O setor da indústria de transformação vendendo para si mesma cerca de 13% da
produção (Figura 20). Neste caso refere-se a quantidade de manteiga de murumuru
vendida de uma empresa de cosmético para outra empresa de cosmético.
FIGURA 20- Estrutura (%) da quantidade amostral do murumuru comercializado na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do murumuru,
no período de 2008 a 2009.
A produção local vende a um preço médio de R$ 0,29/kg da semente para os
atravessadores (varejo rural) e a R$ 1,50/kg diretamente para as indústrias de
transformação (Figura 21). Os atravessadores por sua vez vendem ao preço de R$ 1,04/kg
da semente para as indústrias de transformação. Estas indústrias de transformação
estaduais não foram entrevistadas pela equipe, então os preços médios de venda foram
estimados.
83
FIGURA 21- Preço médio do murumuru (R$/kg da semente) praticado nas transações entre
os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado
do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.9 Estoraque
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do estoraque.
Foi identificada apenas uma associação de produtores rurais, já descrita no item
4.2.7 deste documento, como agente que produz e comercializa o estoraque para atender a
demanda da indústria de cosmético estadual.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do estoraque:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Representado por produtores que cultivam o estoraque e realizam a
coleta e o seu armazenamento;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,
situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o
processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas
nativas ou cultivadas em terras de agricultores e também refina óleos de frutas.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg da
raiz) pelo setor mercantil do estoraque, no período de 2008 a 2009.
84
A cadeia de comercialização do estoraque apresenta apenas um tipo de
intermediário que compra toda a produção (100%), devido ser empresa de perfumaria
(Figura 22). O preço médio de venda praticado pela associação (setor da produção) para a
indústria de transformação foi de R$ 1,50/kg. É necessário destacar que o preço de venda
realizado pela indústria de transformação foi estimado, pois esta empresa ainda não foi
entrevistada.
FIGURA 22- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/kg da raiz) do estoraque na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.10 Tucumã
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do tucumã.
Foram identificados dois agentes mercantis na categoria de produtor, que
trabalham com outros produtos, além do tucumã (polpa de cupuaçu, inajá, açaí e
murumuru). Um agente declarou trabalhar no ramo há sete anos e anteriormente exercia a
profissão de ambulante.
Referente a armazenagem do produto, foi verificado que somente um agente
possui, porém considera inadequado.
A seguir a descrição do setor envolvido na comercialização do tucumã:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
85
Produção: Composta por extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem
a coleta do tucumã em áreas de ocorrência natural do fruto;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,
situada no município de Benevides, RI Metropolitana, que realiza o processamento de
sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas nativas ou
cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/
Unidade) pelo setor mercantil do tucumã, no período de 2008 a 2009.
A estrutura da quantidade comercializada de tucumã apresenta dois canais de
comercialização, o primeiro canal indireto, com a produção vendendo 97,4% do fruto in
natura (equivalente a 5.000 kg), cujo preço médio praticado foi de R$ 0,25/kg para a
indústria de transformação estadual voltada para a área de cosméticos, que repassou para o
consumidor final (Figura 23).
FIGURA 23- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/Unidade) do tucumã na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.11 Capitiú
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do capitiú.
86
Foi identificada apenas uma associação de produtores, já descrita no item 4.2.7
deste documento, como agente que produz e comercializa o capitiú para atender a demanda
da indústria de cosmético estadual.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do capitiú:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Representado por produtores que cultivam o capitiú e realizam a coleta
e o seu armazenamento;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,
situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o
processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas
nativas ou cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg da
raiz) pelo setor mercantil do capitiú, no período de 2008 a 2009.
A cadeia de comercialização do capitiú apresenta apenas um tipo de intermediário
que compra toda a produção para realizar experimentos (Figura 24).
O preço médio de venda praticado pela associação (setor da produção) para a
indústria de transformação foi de R$ 1,50/kg. O preço de venda realizado pela indústria de
transformação para o consumidor final foi estimado, pois a indústria não foi entrevistada.
87
FIGURA 24- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/kg da raiz) do capitiú na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.12 Inajá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do inajá.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do inajá:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Representado por uma associação composta por extrativistas locais,
encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do inajá na safra em áreas de ocorrência do
fruto;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,
situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o
processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas
nativas ou cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado
(R$/Unidade do fruto) pelo setor mercantil do inajá, no período de 2008 a
2009.
88
A Figura 25 apresenta os setores envolvidos na comercialização deste produto.
Verificou-se o envolvimento apenas da indústria de transformação, que compra 100% da
produção identificada, este insumo é utilizado na fabricação de cosméticos pelo preço
médio de R$ 0,35/un. e, posteriormente, comercializa-os para os consumidores nacionais
por R$.0,44/un.. Este preço de venda realizado pela indústria de transformação foi
estimado, pois a empresa ainda não foi entrevistada.
FIGURA 25- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/Unidade do fruto) do inajá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.13 Mucajá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do mucajá.
Os setores envolvidos na comercialização do mucajá estão descritos a seguir:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Representado por uma associação composta por extrativistas locais,
encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do mucajá na safra em áreas de ocorrência do
fruto;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,
situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o
89
processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas
nativas ou cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/ Kg
do fruto) pelo setor mercantil do mucajá, no período de 2008 a 2009.
O único canal de comercialização do mucajá identificado foi a compra da
indústria de transformação de 100% de toda a produção da associação (setor da produção),
pelo preço de R$ 0,35/kg do fruto (Figura 26). O preço de venda realizado pela indústria
de transformação foi estimado, pois a empresa ainda não foi entrevistada.
FIGURA 26- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/kg do fruto) do mucajá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.14 Perfumaria e Cosméticos (Priprioca, Murumuru, Estoraque, Tucumã, Capitiú,
Inajá e Mucajá)
A análise dos valores agregados a seguir se desenvolverá com base no princípio
da utilização dos produtos, ou seja, se a comercialização atendeu a uma determinada
finalidade, a que tipo de demandante e/ou nicho de mercado. E, seguindo este princípio, os
produtos priprioca, murumuru, estoraque, tucumã, capitiú, inajá e mucajá, descritos
anteriormente de modo individual, foram agrupados em termos de valor estimado e,
classificados na categoria “Perfumaria e Cosméticos”, haja vista que a comercialização
destes foi para atender especificamente a demanda de uma grande indústria de
transformação (situada no município de Benevides, pertencente à RI Metropolitana), que
90
os utiliza como insumos na preparação (e/ou estudos) de produtos para perfumaria e
cosméticos. Portanto, os seus respectivos fluxos de comercialização, a partir da RI Guamá,
convergem para o setor de transformação.
a) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização dos produtos
de perfumaria e cosméticos.
O valor recebido por todos os agentes que realizaram a venda (que corresponde ao
Valor Bruto da Produção – VBP, pela ótica da oferta) dos produtos classificados como
perfumaria e cosméticos (priprioca, murumuru, estoraque, tucumã, capitiú, inajá e mucajá),
a partir da RI Guamá, foi contabilizado em aproximadamente R$ 329,3 mil. Deste total, os
setores do mercado local receberam R$ 146,6 mil e o estadual contabilizou R$ 182,7 mil,
sob a ótica da oferta (Gráfico 10).
Do valor recebido pelos setores que compõem o mercado local, o da produção
(VBPα), isto é, setor cujos agentes realizam tanto a produção e coleta (priprioca, estoraque
e capitiú), quanto somente a coleta (tucumã, mucajá, inajá e o murumuru) desses produtos,
recebeu um valor próximo a R$ 128,5 mil, 88% do VBP total contabilizado no âmbito
local, pela ótica da oferta (Gráfico 10). Deste valor, mais de 99% foram das vendas
realizadas aos setores da demanda intermediária, mais especificamente 95,8% para
indústria de transformação e 3,9% ao varejo rural, sendo o murumuru o único produto a ter
neste setor um canal de comercialização. E, R$ 466,41 (menos de 1%) foi oriundo das
vendas do tucumã, diretamente aos demandantes finais da RI Guamá.
Deste modo, os agroextrativistas não tiveram no setor de varejo rural, ou seja, nos
atravessadores, um elo de comercialização junto ao setor de transformação (com exceção
do murumuru), que de certo modo, resultou em um retorno monetário maior para os
agentes que têm na coleta/produção desses produtos uma de suas fontes de renda. Esta
negociação direta entre produtor e indústria foi propiciada por dois fatores correlatos e
básicos: tanto pela questão da organização social dos produtores; quanto pela
infraestrututra apresentada na RI Guamá, principalmente do município pólo desses
produtos (Santo Antônio do Tauá), pois, além da sua proximidade com a RI Metropolitana,
a sua malha rodoviária favoreceu a simetria na comercialização entre produtor e indústria.
Convém situar também a ação da empresa de transformação que tem realizado alguns
trabalhos de articulação junto às organizações não governamentais instaladas na região,
que podem atuar como intermediadores no processo de construção da parceira entre
empresa e associações.
91
GRÁFICO 10- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos fármacos e
cosméticos da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
No que tange à participação dos produtos de perfumaria e cosméticos, na
composição do VBPα total, os agroextrativistas que transacionaram a priprioca, foram os
que mais contribuíram, pois receberam R$ 85,7 mil (67% do VBPα total). Por conseguinte
vieram o murumuru com R$ 17,2 mil (13% do VBPα total), o estoraque com R$ 15,7 mil
(12% do VBPα total), o capitiú com R$ 5,4 mil (4% do VBPα total), e por fim os produtos
que tiveram contribuições de 1%, tucumã com R$ 1,9 mil, mucajá com R$ 1,5 mil e o inajá
com R$ 1 mil. É importante ressaltar também que estes produtos foram comercializados
pelos agroextrativistas, sob uma única forma: in natura.
Ainda com relação às vendas dos setores que integram o mercado local, o varejo
rural, setor onde estão arranjados os atravessadores, por sua vez, recebeu pelas vendas do
murumuru junto à indústria de transformação um valor superior a R$ 18 mil, o que
corresponde a 12% VBP nível local (Gráfico 10). O murumuru foi o único produto a ter
neste setor um dos canais de sua comercialização, pois diferente do que aconteceu com os
outros produtos, com origem no município de Santo Antônio do Tauá, este produto foi
adquirido, por atravessador residente neste município, junto aos agroextrativistas do
município de Colares.
92
Quanto ao VBP constituído no mercado estadual, contabilizado em R$ 182,7 mil,
houve a participação exclusiva do setor de indústria de transformação, onde estão inseridas
duas indústrias, sendo que uma, a localizada em Ananindeua, adquiriu R$ 1,3 mil pelo
fornecimento do murumuru (insumo) beneficiado, assim como outros ingredientes naturais
e orgânicos provenientes da biodiversidade amazônica, em óleo, para a indústria cosmética
e de fragrâncias, localizada em Marituba, que por sua vez, vendeu tudo o que adquiriu para
o consumidor final nacional arrecadando R$ 181,4 mil (Gráfico 10).
b) VAB - gerado na comercialização dos produtos de perfumaria e cosméticos e a
margem de comercialização de cada setor (%).
O VAB ao longo da cadeia de comercialização da categoria perfumaria e
cosméticos, desde o setor alfa (coleta/produção local) da RI Guamá até ao demandante
final, contabilizou mais de R$ 181,8 mil, o qual desencadeou uma margem de agregação
de valor ao produto, ou mark-up total, na comercialização de 41%. Esta margem mostra
percentualmente o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização dos
produtos agrupados na categoria, a partir do valor das vendas do setor alfa, e o seu calculo
advém da relação entre a diferença do VAB, R$ 181,8 mil, com o VBP α (R$ 128,5 mil),
pelo VBPα (R$ 128,5 mil). Quando se analisa a agregação de valor por mercado é preciso
ressaltar que o local foi responsável por 78% do VAB e o mercado estadual o restante,
22% (Gráfico 11).
O VAB constituído no mercado local, estimado em R$ 141,6 mil, formado pelos
dezoito municípios que compõem a RI Guamá, houve a ação de dois setores apenas:
produção e varejo rural (Gráfico 11). Sendo que o mark-up dos atravessadores, ou seja, a
margem bruta de comercialização foi na ordem de 263%, maior que o mark-up ao longo de
toda a cadeia. Esta margem (do setor) foi resultante da divisão do VAB realizado pelo setor
(R$ 13 mil) com o VBP, pela ótica da demanda, ou seja, compra de insumos realizados
pelo setor no valor de R$ 5 mil, incluindo todos os custos operacionais de comercialização
do produto analisado, que não são captados pela pesquisa.
O setor da produção, por sua vez, foi quem mais adicionou valor aos produtos da
categoria, com aproximadamente R$ 128,5 mil, o que corresponde a 91% do que foi
adicionado no âmbito local, apesar de não realizarem nenhum beneficiamento primário
e/ou processamento, no entanto, transacionou diretamente com a indústria. Entretanto,
convém ressaltar que este setor transaciona o valor adicionado, ou efetivo, somente no que
93
se refere às vendas destes recursos, e por isso, não se tem como calcular o mark-up
(Gráfico 11).
GRÁFICO 11- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização dos produtos perfumaria e
cosméticos da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Com relação ao VAB contabilizado no mercado estadual e estimado em R$ 40,2
mil, este foi totalmente de responsabilidade da indústria de transformação, que representa
duas indústrias, sendo uma empresa de Sociedade Anônima (S.A.), ambas localizadas na
RI Metropolitana, as quais apresentaram um mark-up de 28% (Gráfico 11).
Entre os produtos agrupados na categoria perfumaria e cosméticos, o VAB
formado na comercialização da priprioca, configurou mais da metade do VAB da
categoria, R$ 107,1 mil (59% do VAB total ou da categoria). Por conseguinte vieram o
murumuru com R$ 42,8 mil (24% do VAB total), o estoraque com R$ 19,6 mil (11% do
VAB total), capitiú R$ 6,7 mil (4% do VAB total), e por fim os produtos que tiveram
contribuições em torno de 1% VAB total, como o tucumã com R$ 2,2 mil, o mucajá com
R$ 1,8 mil e o inajá com R$ 1,2 mil.
Portanto, no que se refere à agregação de valor ao longo da cadeia de
comercialização da categoria perfumaria e cosméticos, orçado em um valor superior a R$
181,8 mil, observou-se que os agroextrativistas da região em estudo, conseguiram
94
adicionar valor superior aos outros setores localizados tanto na região quanto fora dela,
muito em função das negociações realizadas diretamente com o setor de transformação,
apesar de um dos produtos ter apresentado em sua cadeia a figura do atravessador. Porém,
este valor agregado poderia ser maior se, os agroextrativistas, antes de atender ao grande
demandante da cadeia, realizassem ações de beneficiamento e/ou transformação e, deste
modo, os preços de venda acabariam sendo maior, o que por sua vez, findariam refletindo
na renda final dos que têm na coleta deste fruto sua atividade principal e/ou como
complemento de outras atividades.
c) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização dos produtos de
perfumaria e cosméticos.
A renda bruta total (RBT) gerada na comercialização dos produtos (capitiú,
estoraque, inajá, mucajá, murumuru, priprioca e tucumã) agrupados, a partir da RI Guamá,
foi contabilizada na ordem de R$ 329,3 mil e, formou-se pela soma da compra de insumo
(VBP pela ótica da demanda) no valor de R$ 147,5 mil, com o valor que foi adicionado
pelos setores R$ 181,8 mil. Na contabilização deste montante, o sistema local foi
responsável por gerar 45% e o sistema estadual 55% (Gráfico 12).
Fazendo a análise restrita ao sistema local, com RBT gerada e circulada em R$
146,6 mil (Gráfico 12), só o setor da produção (α) gerou mais de 88%, correspondente a
segunda maior renda bruta ao longo de toda a comercialização, no valor de R$ 128,5 mil,
resultante das vendas, da grande maioria dos produtos classificados na categoria, para um
dos setores econômicos que compõem o mercado estadual, com exceção do murumuru,
que teve parte da produção intermediada pelo setor de varejo rural, antes das vendas para o
principal demandante: a indústria de transformação estadual.
Ainda no sistema local, os atravessadores (alocados no setor de varejo rural)
geraram uma RBT no valor de R$ 18 mil, resultante da soma do valor da compra de
insumo em aproximadamente R$ 5 mil (VBP, demanda) com o valor de R$ 13 mil (VAB)
adicionados com o repasse dos insumos (murumuru) para a indústria de transformação
estadual (Gráfico 12).
E por fim, o sistema estadual que gerou uma renda bruta no valor acima de R$
182,7 mil (Gráfico 12), a cargo do setor de indústria de transformação estadual (uma S.A e
a outra do ramo de Perfumaria e Cosmético) que comprou R$ 142,5 mil em insumos junto
ao setor da produção (somente a Ind. de Perfumaria e Cosmético), varejo rural (somente a
S.A) a nível local, e ao próprio setor de indústria de transformação no mercado estadual
95
(trata-se das compras da Ind. de Perfumaria e Cosméticos junto a S.A) e, os vendeu com
uma agregação de valor em torno de R$ 40,2 mil aos consumidores finais nacionais a cargo
da Ind. de Perfumaria e Cosmético.
GRÁFICO 12– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos produtos
de perfumaria e cosméticos, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP +
VAB), a partir da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
No que tange à participação dos produtos que compõem a categoria perfumaria e
cosméticos, na composição do RBT total (ou da categoria) estimada, a cadeia da priprioca
gerou um renda de R$ 192,8 mil (59% do RBT total). Por conseguinte vieram o murumuru
com R$ 79,5 mil (24% do RBT total), o estoraque com R$ 35,4 mil (11% do RBT total), o
capitiú R$ 12,2 mil (4% do RBT total), e por fim, os produtos que tiveram contribuições
em aproximadamente 1%, tucumã com R$ 3,7 mil, mucajá com R$ 3,4 mil e o inajá com
R$ 2,3 mil.
Com relação o quanto da RBT gerada e circulada ao longo das cadeias de
comercialização, por produto e classificados na categoria perfumaria e cosméticos, foi
adquirida pelos agroextrativistas, considerado o setor alfa (α) deste modelo de
comercialização, o tucumã foi o que gerou maior retorno, pois do total da sua RBT gerada,
52% foi retido pelo setor da produção, pois além da venda ter sido realizada diretamente
com a indústria, parte da produção foi vendida ao consumidor final local. O capitiú, por
sua vez, deu um retorno ao setor de produção em torno de 45% da sua RBT gerada. Já o
96
estoraque, a priprioca, o inajá e o mucajá o percentual retido foi de 44%. Enquanto que o
murumuru, apesar da sua relevância econômica na categoria, deu um retorno de somente
22% do total da sua RBT gerada e circulada. Este valor adquirido pelos agroextrativistas
esta intrinsecamente ligada, simultaneamente e/ou de forma individualizada, tanto ao
princípio de que quanto mais ações de beneficiamento e/ou transformação este setor
realizou, quanto ao grau de complexidade do fluxo de comercialização, já que quão menos
intermediações antes do demandante principal, seja ele consumidor ou setor de
beneficiamento, o setor da produção transacionou, mais da RBT ele reteve. Logo, como na
respectiva cadeia de comercialização, os produtos foram comercializados na sua forma in
natura pelo setor alfa, o segundo princípio prevaleceu, juntamente com a falta de
organização social (seja em associações ou cooperativas), falta de assistência técnica,
instrução educacional e empresarial, por parte dos agroextrativistas.
4.2.15 Borracha
Nesta pesquisa verificou-se que a extração da matéria prima se dá por meio do
látex, que após coagulado (de forma espontânea ou por processos químicos) o produto é
comercializado como borracha.
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
da borracha.
Na amostragem de campo foram identificados vinte e quatro agentes comerciantes
(Figura 27), sendo que 95% destes são coletores de látex e 5% atravessadores. Também
foram identificados dois agentes atacadistas e uma indústria de transformação.
Aproximadamente 87% dos coletores que são assentados possuem lotes coletivos,
que variam de 3 a 12,5 ha. Somente o atravessador possui armazém com dimensão de 200
m².
Foi verificado que 50% dos agentes possuem meios de transporte, sendo 12
bicicletas, uma moto e um caminhão. No que tange a equipamentos de trabalho, os
extrativistas e o atravessador possuem vários utensílios para beneficiamento, como facas,
baldes, cuias e ácido, que utilizam para coletar e coagular o látex.
A mão de obra é praticada por uma a duas pessoas durante o ano todo, sendo que
apenas o atravessador citou o valor pago mensalmente a nove extratores, que equivale a
um salário mínimo de R$ 415,00. Segundo os coletores, a maior dificuldade encontrada é a
falta de armazém para guardar a borracha.
97
Com relação à melhoria na capacidade de produção, os agentes citaram a falta de
um laboratório de análise química, crédito para o manejo do seringal, reflorestamento de
algumas áreas do assentamento, capacitação dos assentados, novos plantios, aquisição de
equipamentos e assistência técnica.
Os agentes relataram que caiu a produção por falta de orientação do uso correto
do corte, devido à falta de habilidade, pois alguns extratores exerciam profissões paralelas
de vaqueiro, lavrador, serviços gerais, etc. Aliado a isso, contam que várias árvores foram
bastante danificadas havendo necessidade de replantio.
FIGURA 27- Localização dos agentes mercantis da borracha na RI Guamá, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização da borracha:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Produtores representados pelos seringueiros que extraem o látex das
seringueiras;
Varejo rural: São os atravessadores que se deslocam até as comunidades e
compram diretamente dos seringueiros a borracha;
Atacado: São comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que
compram a borracha em grandes quantidades dos extrativistas e vendem para indústrias de
transformação nacionais;
98
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Atacado: São agentes (representantes de empresas de transformação nacional e/ou
multinacional) que transacionam grandes quantidades de borracha por meio de contratos de
compra, principalmente junto a varejistas locais;
NACIONAL (Fora do Estado do Pará)
Indústria de transformação: Englobam grandes empresas multinacionais que se
dedicam na produção de pneus e outros produtos utilizando a borracha como matéria-prima
principal.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da borracha.
A cadeia de comercialização da borracha identificada na pesquisa é constituída
por poucos intermediários (Figura 28).
FIGURA 28- Estrutura (%) da quantidade amostral da borracha comercializada na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Do total da produção identificada 56,7% são vendidos para o setor de indústria de
transformação nacional (Figura 28), passando pela intermediação dos atacadistas locais,
cuja comercialização acontece através de contratos de venda exclusivos. Os varejistas
rurais compram 41,5% dos seringueiros e vendem exclusivamente, através de contratos,
para o setor atacadista estadual, que por sua vez, vende para o setor da indústria de
transformação nacional.
99
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da borracha, no
período de 2008 a 2009.
O preço médio de venda praticado pelos extratores (setor da produção) varia
apenas um centavo o quilo da borracha, sendo de R$ 1,31/kg com o varejo rural e, de R$
1,30/kg para os atacadistas locais e estaduais (Figura 29). Por outro lado, o preço médio de
compra de insumo (borracha) praticado pelos atacadistas estaduais com os atravessadores
(varejistas rurais) foi de R$ 1,56/kg. Em relação aos preços de venda dos atacadistas
estaduais e da indústria de transformação nacional são valores estimados, pois a pesquisa
não entrevistou tais setores.
FIGURA 29- Preço médio da borracha (R$/kg da borracha) praticado nas transações entre
os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado
do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.16 Carvão
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do carvão.
Foram identificados vinte e quatro agentes que comercializam o carvão (Figura
30), sendo 46% produtores e 54% atravessadores que são representados como varejo
urbano e rural. Na RI Guamá, temos o comércio do carvão restrito à escala local, pois tudo
que foi identificado na região ficou para o consumo local.
Dos agentes identificados na cadeia, entre produtores, atravessadores e
comerciantes 91% trabalham exclusivamente com o carvão, 13% possuem propriedade
100
rural com áreas de aproximadamente sete hectares, 33% possuem armazém com dimensões
de 6 a 78 m² e, 54% têm capacidade de transportar o produto com bicicletas, canoas, carros
ou motos.
A comercialização do produto é feita durante o ano todo por 92% do total de
agentes (entre produtores, atravessadores e comerciantes) e, 8% (comerciante e
atravessador) dos agentes restantes comercializam o carvão somente em alguns períodos
do ano. A mão de obra é basicamente familiar, no entanto, foi encontrado um agente que
contrata mão de obra pagando ao seu único ajudante a quantia de R$ 13,00/dia, durante
três vezes na semana, ou ainda, R$ 5,00 para encher sacos pequenos de carvão.
FIGURA 30- Localização dos agentes mercantis do carvão na Região de Integração
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Entre os pesquisados foram encontrados agentes com vários anos de atividade nas
carvoarias, um deles com mais de trinta anos no ramo. Mesmo com a atividade sendo
praticada há muito tempo, dificuldades ainda são encontradas para a execução do trabalho
e a principal delas está na armazenagem adequada do produto.
Somente um agente possui maquinário e equipamento (uma máquina de bater açaí
e um freezer), pois além do carvão comercializa açaí. Dentre os agentes 33% possuem
armazém com dimensões de 6 a 78 m². Com relação à capacidade de transportar o produto,
54% deles possuem cinco bicicletas, uma canoa, quatro carros e três motos.
101
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do carvão:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Provinda da fabricação de carvão por carvoeiros, muitas vezes são
pequenos agricultores que produzem a partir da matéria-prima proveniente da limpeza dos
seus terrenos, com fornos artesanais cavados no chão, chamados de “caieiras”, e
consideram essa atividade complementar para a renda familiar. O carvão também pode vir
da matéria-prima dispensada nas serrarias;
Varejo rural: Incluem os agentes que se deslocam até as comunidades para
comprar o carvão diretamente dos carvoeiros;
Varejo urbano: Representados por comerciantes que compram o carvão em sacas
de 15 kg dos produtores e fracionam em sacolas de plásticos de 5 kg, que são vendidas
para o consumidor final local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do carvão.
Os canais de comercialização do carvão se caracterizam por canais simples
(Figura 31).
FIGURA 31- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Apresentam apenas dois setores intermediários que são o varejo rural
(atravessador) e o varejo urbano local (feirantes) que comercializam com os consumidores
102
locais (Figura 31). Os feirantes (varejo urbano) compraram 64,8% da produção
identificada e venderam diretamente para os consumidores sacas de 15 kg ou de forma
fracionada (saquinhos de 4 kg ou latas de 20 litros). Por outro lado, o varejista rural
(atravessador do município de Maracanã) comercializa 0,5% da produção e vende para os
consumidores locais, neste caso em sacas de 15 kg. E por último, o setor da produção
vendendo 34,7% da produção diretamente para os consumidores locais em sacas de 15 kg
ou de forma fracionada.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do carvão, no
período de 2008 a 2009.
O varejo rural compra a saca do carvão dos carvoeiros (setor da produção) a um
preço médio de R$ 7,00/saca e vende ao consumidor local por R$ 10,00/saca (Figura 32).
O varejista urbano (feirantes) compra em média a R$ 5,06/saca e vende ao consumidor
local a R$ 7,19/saca. Enquanto que os carvoeiros vendem em média a R$ 5,58/saca para os
consumidores locais.
FIGURA 32- Preço médio do carvão (R$/Saca de 15 Kg) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.17 Pupunha
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
da pupunha.
103
Foram identificados vinte e um agentes comercializando a pupunha na região
(Figura 33), sendo que 52% são atravessadores, 19% feirantes e 29% produtores.
FIGURA 33- Localização dos agentes mercantis da pupunha na RI Guamá, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da
pupunha:
LOCAL (Municípios da Região de Integração Guamá)
Produção: Formada por agricultores responsáveis pela coleta da pupunha;
Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e
compram a pupunha, e também, se deslocam até a Região Metropolitana para abastecer as
feiras municipais na época da safra;
Varejo urbano: São feirantes que comercializam a pupunha in natura para o
consumo local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da Região de Integração
Guamá).
Varejo urbano: Composta por feirantes da Região de Integração Metropolitana,
que adquirem o produto a partir dos atravessadores.
104
Alguns agentes possuem profissão paralela de pescador, comerciantes e
agricultores. E apenas um agente recebe o beneficio de aposentadoria.
Os produtores possuem áreas rurais com dimensões de 3 a 20 hectares, localizadas
no município de Castanhal, Curuçá e Inhangapi.
No que tange a armazenamento, três agentes possuem local com dimensões que
variam de 11 a 40 m2. Referente aos meios de transporte, 66% dos agentes possuem motos,
caminhonete, bicicleta, canoa simples, canoa motorizada e carro, os que são desprovidos
de transportes, escoam a produção para outros locais por meio de transporte coletivo,
pagando frete de R$ 1,00 por saca de 60 Kg.
Com relação ao tempo de trabalho, os cachos de pupunha são vendidos no período
de safra quando são coletados pelos agroextrativistas, que não possuem máquinas e
equipamentos, pois vendem o produto in natura. A quantidade de mão de obra envolvida
no trabalho varia de uma a quatro, sendo todos membros familiares. O principal problema
relatado foi referido ao espaço do armazém que seria insuficiente para comportar a
produção da safra.
Foram relatados vários pontos a serem considerados para melhorar a produção
sendo estes: assistência técnica, apoio para escoamento da produção, financiamento e
energia elétrica.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da pupunha.
De acordo com a Figura 34, a estrutura da quantidade comercializada apresenta
diversos canais de comercialização. O principal canal é composto pelos atravessadores
(varejo rural) que comercializa 46,4% da quantidade identificada do fruto, compram
exclusivamente dos produtores na safra, vendem 36,4% para o varejo urbano estadual
(feirantes) e 10% diretamente para os consumidores estaduais. Outro canal importante é a
venda direta dos produtores com os feirantes estaduais, comercializando 20% da produção.
Interessante destacar que os atravessadores e os produtores na época da safra da
pupunha, se organizam para comercializarem diretamente com os feirantes e consumidores
nas principais feiras do município de Belém e do distrito de Icoaraci.
O setor varejista urbano local (feirantes) comercializa 30% da quantidade
identificada do fruto diretamente dos produtores e vendem o fruto fracionado em pequenas
105
porções ou em cachos para os consumidores locais. Também existe o canal direto entre o
produtor local e os consumidores locais com 3,6% da produção.
FIGURA 34- Estrutura (%) da quantidade amostral da pupunha comercializada na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da pupunha, no
período de 2008 a 2009.
Os atravessadores (varejo rural) e os feirantes estaduais (varejistas urbanos
estaduais) são os principais intermediários da cadeia da pupunha na região. Na Figura 35
destacam-se os preços médios de venda da pupunha praticados pelos produtores com
outros agentes no montante de R$ 3,38/cacho para os varejistas rurais, R$ 2,95/cacho para
os feirantes locais (varejo urbano), R$ 2,35/cacho para os consumidores locais e R$
2,00/cacho para os varejistas estaduais (feirantes). O fruto é comercializado somente na
safra em cachos ou fracionados em embalagens plásticas do fruto.
106
FIGURA 35- Preço médio da pupunha (R$/Cacho) praticado nas transações entre os setores
da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da Região de Integração Guamá,
estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.18 Urucum
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do urucum.
Foram identificados três agentes comerciantes (um feirante e dois são produtores),
sendo que somente um trabalha exclusivamente com o urucum (Figura 36), os demais
trabalham com cupuaçu e açaí para complementar a renda. Estes agentes possuem
propriedades rurais com tamanhos que variam de 2 a 25 ha. Foi encontrado um armazém
com dimensão de 12 m² e identificado que os agentes trabalham o ano inteiro com o
produto e utilizando se da mão de obra familiar. As maiores dificuldades para os
produtores são a falta de assistência técnica e dificuldade de financiamentos.
107
FIGURA 36- Localização dos agentes mercantis do urucum na RI Guamá, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do
urucum:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Composta por produtores dos municípios da RI Guamá, que realizam o
beneficiamento primário do urucum que consiste na pré-secagem dos frutos, debulhagem,
peneiramento e a secagem da semente;
Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades para
adquirir o urucum dos produtores locais;
Indústria de transformação: São pequenas empresas que realizam transformação
do urucum em colorau (colorífico), obtido por trituração das sementes, usualmente
misturadas a certo teor de outros grãos (milho, trigo, entre outros);
Varejo urbano: Constituído por comerciantes que compram o urucum já
transformado em colorau e revendem para o consumo local.
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
108
Atacado: Trata-se da CEASA - Centrais de Abastecimento do Pará S/A localizada
na região metropolitana de Belém que atua nas atividades de abastecimento e
comercialização de produtos hortifrutigranjeiros e outros gêneros alimentícios;
Varejo urbano: Constituído por comerciantes que compram o urucum já
transformado em colorau e revendem para o consumo local;
NACIONAL (Fora do Estado do Pará)
Varejo urbano: Constituído por comércio de varejo situado fora do Estado do
Pará.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do urucum.
A estrutura da comercialização do urucum apresenta vários canais de escoamento,
sendo que as analisadas foram as de maior volume. A indústria de transformação comprou
85,2% de semente de urucum da produção local e vendeu 22,7% para os feirantes locais,
40,5% para os feirantes e comerciantes estaduais (varejo urbano) e 35,8% para o varejo
urbano nacional (Figura 37).
FIGURA 37- Estrutura (%) da quantidade amostral do urucum comercializado na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O varejo rural (atravessadores) comprou 13,9% da produção local e depois
revendeu exclusivamente para a indústria de transformação (empresas) (Figura 37).
109
Ocorreu também o canal direto da produção com os consumidores locais, neste caso a
semente de urucum é dissolvida em água.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do urucum, no
período de 2008 a 2009.
O preço médio de compra de insumo (urucum) praticado pelos atravessadores
(varejistas rurais) com os produtores locais foi de R$ 2,03/kg da semente de urucum
(Figura 38), que por sua vez vendeu a R$ 2,70/kg para a indústria de transformação local.
Por outro lado, o preço de venda praticado pela indústria de transformação local com o
varejo urbano local chegou a R$ 21,97/kg da semente transformada em colorau, para o
varejo urbano estadual a R$ 25,00/kg do colorau e para o atacado estadual a R$ 20,00/kg
do colorau.
FIGURA 38- Preço médio do urucum (R$/kg semente) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da Região de Integração
Guamá, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.19 Bacuri
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do bacuri.
Tradicionalmente usado na alimentação, o fruto é bastante difundido na região,
com a produção de sucos, cremes, sorvetes e o consumo in natura. A produção atual tem
origem basicamente na coleta dos frutos oriundos da regeneração atual. De acordo com
diversos estudos da Embrapa Amazônia Oriental (Carvalho et al., 2002; Ferreira, 2008;
110
Homma et al., 2010), para atender a crescente demanda de mercado pelo fruto bacuri,
deve-se investir em técnicas de manejo da regeneração natural e de estabelecimento de
pomares provenientes de mudas que assegurem a variabilidade genética.
Baseado na amostragem encontrada em campo (Figura 39) foram identificados
quarenta e quatro agentes que comercializam o bacuri, sendo que 54% são produtores, 29%
atravessadores e 17% feirantes. Dos agentes encontrados 32% trabalham especificamente
com o bacuri e 68% comercializam paralelamente outros produtos (uxi, taperebá, muruci,
cupuaçu - fruto/polpa, açaí - fruto/polpa, pupunha, carvão, tucumã, mel, castanha-dobrasil, andiroba e murumuru).
FIGURA 39- Localização dos agentes mercantis do bacuri na RI Guamá, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A maioria (75%) dos agentes comercializa o fruto do bacuri na sua forma in
natura e apenas 25% dos agentes beneficiam e comercializam na forma de polpa.
Foi verificado que 20% dos agentes possuem propriedade rural com áreas que
variam de 1,8 ha a 175 ha. A maioria dos agentes (72%) trabalha com o produto somente
durante a safra e 6% no decorrer do ano. Foi verificado que somente 4% possuem armazém
com dimensões que variam de 4 a 35 m². Em relação ao transporte, 43% possuem
transporte próprio (nove bicicletas, sete motos, dois barcos pequenos e um carro de mão).
Dos entrevistados 40% possuem maquinário ou equipamentos (uma centrífuga, quatro
111
máquinas de bater açaí, uma despolpadeira, um liquidificador industrial, uma máquina de
selar sacos e 18 freezers com capacidade que variam de 140 a 500 litros).
Aproximadamente 10% dos entrevistados relataram ter problemas com armazenagem
devido a espaço, local para estoque e ausência de freezers.
Como a maioria dos trabalhos extrativistas, a mão de obra é basicamente suprida
pela família, que gira em torno de duas a seis pessoas. Quando não, chega a ser pago R$
0,30 por quilo de bacuri colhido ou diária de R$ 7,00.
Quanto às melhorias no setor da produção, os agentes relataram que necessitam de
assistência técnica para o manejo dos açaizais, melhorias no transporte, investimentos e
capital de giro.
Os setores envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri estão descritos a
seguir:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Oriunda da produção primária e extrativista encontrada nos dezoito
municípios;
Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram
o bacuri in natura na safra;
Varejo urbano: Constituído por feirantes locais que vendem o fruto in natura para
os consumidores locais;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Composta por lanchonetes que adquirem o fruto para
ser transformado em diferentes produtos finais como sucos, sorvetes, doces entre outros;
Atacado: Trata-se da CEASA - Centrais de Abastecimento do Pará S/A,
localizada na região metropolitana de Belém, que atua nas atividades de abastecimento e
comercialização de produtos hortifrutigranjeiros e outros gêneros alimentícios;
Varejo urbano: São os feirantes, as quitandas e os pequenos supermercados que
comercializam o fruto in natura para os consumidores finais.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do bacuri.
A cadeia de comercialização do bacuri identificada é constituída por vários níveis
de canais de distribuição. Do total da produção da região identificada, 41% são vendidos
112
diretamente para os atravessadores (varejo rural) que por sua vez vende 34,3% para o setor
do varejo urbano estadual, 4,2% para o varejo urbano local (feirantes), 1,2% para as
lanchonetes estaduais (setor de transformação), 1,1% diretamente para os consumidores
locais e apenas 0,2% diretamente para os consumidores estaduais através de feiras livres
(Figura 40). Outro canal importante foi a venda direta da produção local para o mercado
estadual, pois vendeu 3,7% para o setor atacadista, 3,0% para o varejo urbano e 20,5%
diretamente para os consumidores nas principais feiras livres de Belém. A produção local
também vendeu 17,9% diretamente para os consumidores da RI Guamá.
FIGURA 40- Estrutura (%) da quantidade amostral do bacuri comercializado na RI Guamá,
estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os feirantes locais (varejo urbano) comercializaram 18,1% da produção do fruto,
pois compraram diretamente da produção 13,9% e dos varejistas rurais 4,2% e, venderam
diretamente para os consumidores locais (Figura 40).
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do bacuri, no
período de 2008 a 2009.
O varejo rural comprou da produção local a R$ 0,23/unidade do fruto e
estabeleceu o seu preço de venda conforme a produção do fruto e o custo de transporte. De
acordo com a Figura 41, os atravessadores (varejo rural) venderam ao preço de R$
0,48/un. para os feirantes locais (varejo urbano), a R$ 0,73/un. para os consumidores
113
locais, a R$ 0,64/un. para as lanchonetes estaduais (ind. transformação), a R$ 0,45/un. para
os feirantes estaduais e a R$ 0,67/un. direto para os consumidores estaduais.
A produção local comercializou também com o varejo urbano (feirantes) a R$
0,44/un., a R$ 0,23/un. para o consumidor final local. Por outro lado, na esfera estadual, o
varejo urbano pagou o preço médio de R$ 0,28/un. para o setor da produção, repassando
para o consumidor final estadual por R$ 0,64/un., o setor atacadista pagou R$ 0,30/un. para
o setor da produção e vendeu a R$ 0,39/un. para os varejistas urbanos, e os consumidores
pagaram cerca de R$ 0,44/un. para os produtores nas feiras livres (Figura 41).
FIGURA 41- Preço médio do bacuri (R$/Unidade do fruto in natura) praticado nas
transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI
Guamá, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.20 Castanha-do-brasil
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
da castanha-do-brasil.
Foram identificados vinte e seis agentes que comercializam a castanha (Figura
42), 30% são coletores, 36% atravessadores e 34% comerciantes. Com as informações da
pesquisa identificou-se que 23% trabalham exclusivamente com a castanha e 77% com
outros produtos (cupuaçu, muruci, taperebá, mel, pupunha, uxi, carvão, biribá, açaí,
cajarana, bacuri, tucumã, urucum, andiroba, cacau, priprioca, capitiú, estoraque e mucajá).
114
Destes agentes, 19% estão no ramo entre 2 a 20 anos. Somente um agente trabalha com o
ouriço da castanha, os demais comercializam a castanha (semente) já retirada.
FIGURA 42- Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil na RI Guamá, estado
do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Em relação à propriedade rural 19% dos agentes possuem áreas de 2 a 50 ha e, os
mesmos possuem armazéns com dimensões que variam de 8 a 30 m². Foi verificado que
54% dos agentes possuem meios de transporte (seis motos, três bicicletas, dois carros e três
barcos) e 42% possuem máquinas e equipamentos (cinco máquinas de bater açaí, uma
centrífuga e três freezers com capacidade de 200 a 400 litros). Aproximadamente 46% dos
agentes praticam esta atividade somente na safra e 27% o ano inteiro. A mão de obra é
essencialmente familiar (61%), e quando se faz necessário, são contratados ajudantes no
valor de R$ 7,00 a R$ 15,00 a diária.
Os coletores têm dificuldades devido a derrubada ilegal das castanheiras, e
também reclamam do alto número de intermediários entre eles e o consumidor final da
cadeia.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da
castanha-do-brasil:
EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá)
115
Produção extralocal: Incluem os extratores do município de Marabá (RI Carajás)
que efetuam a coleta e a quebra dos ouriços, liberando as sementes para serem
comercializadas;
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Proveniente da produção primária da castanha-do-brasil, coletada por
extrativistas que realizam a quebra dos ouriços liberando as sementes para serem
comercializadas;
Varejo rural: São agentes (ou representantes) localizados no interior dos
municípios, que possuem contratos com empresas de beneficiamento estadual, que
compram a castanha-do-brasil em forma de sementes diretamente dos castanheiros ou
atravessadores. Tais agentes se deslocam até as comunidades e compram a castanha-dobrasil somente na safra diretamente do setor da produção;
Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes varejistas que comercializam a
castanha na forma de semente para o consumidor final local.
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de beneficiamento: Formado por unidade de beneficiamento situada no
âmbito estadual, mais especificamente na região metropolitana de Belém, que realiza o
processamento industrial e exportação da castanha;
Varejo urbano: São comerciantes varejistas (supermercados) que comercializam a
castanha beneficiada para o consumidor final estadual.
NACIONAL (Fora do Estado do Pará)
Varejo urbano: Constituído por comércios varejistas (redes de supermercado)
situados fora do Estado, assim como varejistas voltados para as vendas ao comércio
exterior.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha-do-brasil.
O principal canal de comercialização da castanha é formado pelo setor do varejo
rural, que compra 68,2% da produção local e 13,4% da produção extralocal (Figura 43) e,
vende 62,2% para a indústria de beneficiamento estadual (localizada na RI Metropolitana
de Belém), 0,2% para o varejo urbano estadual (feirantes), 16% para os feirantes locais
(varejo urbano) e 3,2% para os consumidores locais.
116
FIGURA 43- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na
RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da castanha-dobrasil, no período de 2008 a 2009.
Os preços de venda praticados pelos extratores de castanha com outros agentes
variam conforme o volume comercializado, tais como R$ 0,89/kg com o varejo rural, R$
1,98/kg com o varejo urbano local e R$ 1,50/kg com os consumidores locais (Figura 44).
Enquanto que os produtores extralocais vendem ao preço médio de R$ 3,00/kg para os
varejistas rurais (atravessadores).
O setor varejo rural vende a R$ 3,30/kg da semente para os feirantes locais; a R$
1,55/kg para o setor da indústria de beneficiamento estadual, cujo preço baixo é justificado
pelo grande volume comercializado; a R$ 3,50/kg para os feirantes estaduais, que
revendem de forma também fracionada e em quilo a R$ 4,78/kg para os consumidores
estaduais e; o varejo rural também vende a R$ 1,00/kg para os consumidores locais
(Figura 44).
117
FIGURA 44- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg da semente) praticado nas
transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI
Guamá, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.21 Cacau
A cadeia de comercialização do cacau apresenta duas particularidades, tendo em
vista as opções de produtos. A primeira descreve a comercialização da amêndoa do cacau,
sendo toda direcionada para as indústrias processadoras de chocolate localizadas na Bahia
e no sudeste brasileiro. A segunda esta voltada para a comercialização do fruto in natura e
no aproveitamento da polpa do cacau.
a.1) Caracterização dos agentes mercantis
comercialização do cacau amêndoa.
envolvidos
na
cadeia
de
Foram identificados vinte e dois agentes que comercializam a amêndoa do cacau
(Figura 45), sendo que 68% são produtores, 18% são atravessadores e 11% comerciantes.
Todos trabalham com outros produtos, tais como: mel, açaí, andiroba, cupuaçu, bacuri,
taperebá, uxi, pupunha, murumuru, palmito, carvão, urucum, castanha-do-brasil e copaíba.
118
FIGURA 45- Localização dos agentes mercantis do cacau amêndoa na RI Guamá, estado
do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do cacau
amêndoa:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: São os produtores de cacau, responsáveis pela quebra e extração das
amêndoas, muitas vezes fazem o beneficiamento da secagem do produto, que além de
melhorar a qualidade, aumenta o valor de venda da semente;
Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram
o cacau em amêndoa seca ou molhada, e também, na maioria das vezes, realizam o
beneficiamento primário da amêndoa molhada (fermentação e a secagem natural do fruto)
com o objetivo de armazenar o produto com qualidade;
Atacado: Incluem os atacadistas que transacionam volumosas quantidades de
cacau seco por meio de contratos com as maiores processadoras de cacau do Brasil, ou
seja, do setor da indústria de transformação localizada principalmente na Bahia e na região
sudeste brasileira;
NACIONAL (Fora do Estado do Pará)
119
Indústria de transformação: São grandes empresas nacionais e multinacionais que
se dedicam na moagem da amêndoa extraindo a manteiga de cacau, o líquor4, a torta e o pó
de cacau, para depois serem vendidos para as indústrias chocolateiras, que os transformam
junto com outros ingredientes (principalmente açúcar e leite em pó) em chocolate;
Varejo urbano: É a instância de comércio de varejo situada fora do Estado que
vende para o consumidor nacional.
b.1) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau amêndoa.
A cadeia de comercialização do cacau amêndoa consiste em canais simples,
apresentando quatro tipos de intermediários que participam do escoamento da produção,
desde o produtor até o consumo final. Os varejistas rurais locais compram diretamente
100% dos produtores e vendem exclusivamente as amêndoas secas para o atacado local,
que revende à indústria de transformação no âmbito nacional até chegar ao consumidor
nacional (Figura 46).
FIGURA 46- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau amêndoa comercializado na
RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O setor atacadista local é caracterizado por grandes atravessadores localizados na
cidade de Santa Izabel, que constituem o elo principal na cadeia entre os intermediários
locais e as indústrias de transformação nacionais, por meio de acordos ou contratos de
4 O líquor de cacau é uma pasta grossa e viscosa, marrom-escura, quando se prensa obtém a manteiga e o pó
de cacau (A NOTICIA, 2008). As porcentagens do chocolate dizem respeito à quantidade de líquor.
120
suprimento da matéria prima cacau amêndoa. Desta forma, a estrutura da cadeia de
comercialização do cacau da Região Guamá atende o mercado nacional, mais precisamente
da Bahia e de São Paulo.
c.1) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do cacau
amêndoa, no período de 2008 a 2009.
Os preços médios de compra de cacau em amêndoa praticados pelos varejistas e
atacadistas são determinados pelo movimento das duas principais bolsas internacionais
(Nova York e Londres), pois o cacau é uma commodity e, também, conforme os custos de
transporte do produto, pois a maior dificuldade é o escoamento da produção do campo até
o armazém local.
Neste contexto, o preço de venda praticado pelos produtores com os
atravessadores (varejistas rurais) foi em média de R$ 3,76/kg da amêndoa (Figura 47), que
por sua vez vendeu a R$ 4,63/kg para o atacadista local. O preço médio dos atacadistas
locais com as indústrias de transformação nacional foi de R$ 5,64/kg.
FIGURA 47- Preço médio do cacau em amêndoa (R$/kg amêndoa seca) praticado nas
transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI
Guamá, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Boa parte dos entrevistados (77%) utilizam-se da mão de obra familiar, e os
feirantes e atravessadores pagam o valor de R$ 15,00/dia, estes geralmente trabalham
durante o ano todo com o produto.
121
Para melhorar a capacidade da produção os agentes relataram que necessitam de
assistência técnica e energia elétrica em alguns casos. E, há grandes dificuldades para
conseguir financiamento para melhorar a produtividade.
a.2)
Caracterização dos agentes
comercialização do cacau fruto.
mercantis
envolvidos
na
cadeia
de
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do cacau fruto:
EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá)
Produção: Oriunda da produção primária extrativista encontrada no município de
Capitão Poço (RI Rio Capim);
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: É composta por agroextrativistas responsáveis pela oferta do produto in
natura e na forma de polpa extraída artesanalmente das sementes, com auxílio de uma
prensa ou colocadas em vasilhames com orifício no fundo e deixadas para fermentar e
liberar a polpa naturalmente. O cacau da região é proveniente de cultivos e de ocorrências
naturais;
Varejo rural: Trata-se de atravessadores que compram o fruto in natura e, antes de
realizarem suas vendas realizam o beneficiamento primário, o mesmo utilizado pelos
produtores;
Varejo urbano: São feirantes comercializando o fruto in natura para consumo
local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: composta por lanchonetes que adquirem polpa de
cacau e as transformam em diferentes produtos finais como sucos, doces entre outros.
b.2) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau fruto.
Do total da quantidade do cacau fruto comercializado na região, 95% são da
própria região e somente 5% da RI Rio Capim. A cadeia de comercialização do cacau
fruto é constituída de canais de comercialização simples, pois abrangem poucos agentes
intermediários entre a produção local e extra local até o consumidor final local e
estadual (Figura 48).
O principal nível de canal de comercialização do cacau fruto identificado com
a maior quantidade comercializada refere-se à compra do varejo urbano de 93,1% da
122
produção local e 5% da produção extralocal, que vendem 98,1% para o consumidor
local, neste caso o cacau fruto é comercializado in natura (Figura 48). A venda da
polpa do cacau dos atravessadores para as lanchonetes (indústria de transformação
estadual) na região metropolitana de Belém representou 1,9% da produção local
identificada.
FIGURA 48- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau fruto comercializado na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c.2) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do cacau
fruto, no período de 2008 a 2009.
A produção local vendeu somente na safra a R$ 0,80/un. para o varejo rural, a R$
0,39/ un. para o varejo urbano local (feirantes) que este, por sua vez, vendeu a R$ 0,49/un.
para os consumidores locais (Figura 49). Enquanto que o preço médio de venda praticado
pelos produtores extralocais foram estabelecidos conforme a oferta do fruto, no valor de
R$ 0,25/un. para o varejo urbano local.
O setor do varejo rural (atravessadores) vendeu em média a R$ 1,17/un. para as
lanchonetes estaduais (indústria de transformação). Neste caso os atravessadores realizam
o despolpamento das sementes para o armazenamento da polpa e posterior venda na
entressafra (Figura 49).
123
FIGURA 49- Preço médio do cacau fruto (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações
entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá,
estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Cerca de 50% dos entrevistados possuem propriedades rurais com áreas que
variam de 2 a 850 hectares. Apenas 9% possuem armazém com dimensão de 12 m², e 90%
dos agentes não possuem armazém ou não informaram. Referente ao transporte, 64% dos
agentes possuem meios de condução, com identificação de oito barcos, cinco canoas, duas
bicicletas, dois barcos motorizados e duas motos. Dos 72% de agentes que possuem
maquinários ou equipamentos, foram quantificados quatro freezers, sem informação das
capacidades. Durante o período da safra 54% dos agentes comercializam o produto e 23%
trabalham o ano todo.
4.2.22 Palmito
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do palmito.
Foram identificados doze agentes comerciantes, sendo todos produtores (Figura
50). Eles também comercializam outros produtos como açaí, cacau, cupuaçu, castanha-dobrasil, uxi, carvão e artesanato.
124
FIGURA 50- Localização dos agentes mercantis do palmito na Região de Integração
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os produtores entrevistados possuem propriedades rurais com áreas que variam de
3 a 40 ha. Somente um agente declarou possuir armazém, todavia não informou a
capacidade.
Referente ao transporte, 75% possuem meios de condução (seis barcos e seis
canoas) e máquinas para beneficiar o açaí (nove batedoras) e um freezer. O trabalho é
realizado no período da safra por 58% dos produtores e 16% durante o ano todo.
Entre os produtores, existe a reclamação pela falta de informações sobre o manejo
das palmeiras para extração do palmito, além da dificuldade de obter financiamentos para
melhorar a produção.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do
palmito:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: São agroextrativistas que extraem o palmito na época da entressafra do
açaí ou para realizarem o manejo de seus açaizais;
Varejo rural: São comerciantes que se deslocam pelas comunidades ribeirinhas da
região e compram o palmito diretamente dos extrativistas;
125
Indústria de beneficiamento: São empresas que realizam o processamento
industrial do palmito na forma em conserva;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Varejo urbano: São comerciantes (supermercados) que vendem o palmito em
conserva para o mercado consumidor;
NACIONAL (Fora do Estado do Pará)
Varejo urbano: Trata-se do comércio varejista situado fora do estado que
transaciona o palmito em conserva para o consumidor nacional.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do palmito.
O principal canal de comercialização do palmito é composto por 77,7% da
produção diretamente para a indústria de beneficiamento e mais 22,3% que passam pelo
intermediário varejo rural para as empresas de palmito (indústria de beneficiamento), por
sua vez estas empresas vendem 76% para o varejo urbano nacional e 24% para o estadual
(Figura 51).
FIGURA 51- Estrutura (%) da quantidade amostral do palmito comercializado na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do palmito, no
período de 2008 a 2009.
126
A indústria de beneficiamento adquire o produto palmito ao preço de R$ 3,10/kg
da produção local e a R$ 4,63/kg dos atravessadores (varejistas rurais) e após fazer o
descascamento, a classificação, os cortes, o cozimento com acréscimo de conservantes, o
palmito envasado em latas ou potes de vidro são vendidos aos varejistas urbanos estaduais
a R$ 21,54/kg e aos nacionais ao preço médio de R$ 20,93/kg o palmito processado
(Figura 52).
FIGURA 52- Preço médio do palmito (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da
cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.23 Uxi
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do uxi.
Foram identificados vinte e um agentes comerciantes do produto (Figura 53),
sendo 43% atravessadores, 19% feirantes e 38% produtores. Todos os agentes
comercializam mais de um produto, como: castanha-do-brasil, cajarana, cupuaçu, biribá,
pupunha, carvão, açaí, urucum, cacau, mel, andiroba, piquiá e bacaba. Um destes agentes
afirma estar no ramo há 25 anos.
127
FIGURA 53- Localização dos agentes mercantis do uxi na RI Guamá, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do uxi:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Composta por agricultores e/ou extrativistas locais, encontrados na
pesquisa, que fazem a coleta do uxi em áreas de ocorrência do fruto;
Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e
compram o uxi in natura;
Varejo urbano: São feirantes que comercializam o uxi in natura para o consumo
local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Composto por sorveterias que adquirem o uxi in
natura diretamente dos atravessadores;
Varejo urbano: Composta por feirantes da RI Metropolitana, que adquirem o fruto
in natura na safra.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do uxi.
128
O principal nível de canal de comercialização do uxi identificado com maiores
quantidades é composto pelo setor do varejo rural que compra 80,2% da quantidade de
fruto in natura exclusivamente de produtores e, em seguida vendem 2,2% para o varejo
urbano local e 1,2% para os consumidores locais (Figura 54). Interessante identificar que a
maior quantidade (81,5%) do uxi do Guamá abastece o mercado estadual, 57,9% vai para
os feirantes (varejo urbano), 16,3% para as sorveterias (indústria de transformação) e
apenas 2,6% para os consumidores estaduais, neste caso a comercialização acontece em
feiras livres nos centros urbanos. Além disso, existe também a venda direta de 0,4% dos
produtores com os feirantes (varejo urbano estadual) e 4,3% para os consumidores
estaduais que também acontece em feiras livres. Os agroextrativistas vendem 0,9%
diretamente para os consumidores locais e 14,2% para os feirantes locais (varejo urbano).
FIGURA 54- Estrutura (%) da quantidade amostral do uxi comercializado na RI Guamá,
estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do uxi, no
período de 2008 a 2009.
No principal canal de comercialização o varejo rural comprou a um preço de R$
0,03/un. do fruto uxi in natura do setor de produção/extração e, os preços médios de venda
foram de R$ 0,07/un. para os feirantes locais (varejo urbano), R$ 0,13/un. para os
consumidores locais, R$ 0,06/un. para sorveterias (indústria de transformação), R$
0,05/un. para feirantes (varejo urbano estadual) e consumidores estaduais (Figura 55). Os
129
preços são estabelecidos pela quantidade comercializada, pela oferta do fruto e
principalmente pelo custo de transporte.
FIGURA 55- Preço médio do uxi (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Dos entrevistados 19% possuem propriedades rurais com áreas que vão de 2 a 120
ha. Pouco mais de 50% dos agentes possuem meios de transporte (sete bicicletas, três
canoas, uma caminhonete, uma moto e uma canoa motorizada). Para equipamentos, foram
identificados oito freezers, com capacidade de 140 a 500 l e uma geladeira. Trabalham
somente no período de safra 47% dos agentes e 38% durante o ano todo. A mão de obra é
basicamente familiar.
4.2.24 Andiroba
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
da andiroba.
A maior comercialização deste produto deu-se por meio da venda do óleo,
bastante utilizado na medicina popular desta região. Na comercialização da andiroba foram
identificados quatorze agentes nos dezoitos municípios (Figura 56), com nove coletores,
três atravessadores e duas empresas. Com relação ao período de trabalho, 57% dos agentes
trabalham na safra, 28 % no decorrer do ano e 14% não informaram. Alguns destes agentes
(35%) extraem os produtos de áreas comunitárias onde há ocorrência desta espécie. Para
130
estocagem do produto 21% deles possuem armazéns, com tamanhos que variam de 6 m² a
15 m².
FIGURA 56- Localização dos agentes mercantis da andiroba na RI Guamá, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Em relação ao transporte próprio 21% dos agentes dispõem de duas canoas e duas
bicicletas e 79% deles não possuem transporte. Somente um agente mercantil possui um
freezer, com capacidade de 180 litros. Dos 14 agentes, 64% trabalham com outros produtos
para diversificação de sua renda (açaí, cupuaçu polpa e fruto, murumuru, uxi, castanha-dobrasil, copaíba, mel, tipiti e cacau) e 36% trabalham somente com andiroba.
A mão de obra empregada é basicamente familiar e sazonal, aumentando durante
a safra, sendo o pagamento muito variado, tanto em função da produção quanto do período
de trabalho.
Foi identificado que parte dos produtores apresentam problemas com
armazenagem e/ou transporte do produto. Para melhorar a capacidade de produção, foram
verificados alguns fatores necessários como a assistência técnica voltada para o manejo e
aquisição de transportes.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da
andiroba:
131
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Composto por produtores locais que coletam as sementes da andiroba.
Em alguns casos realizam o beneficiamento primário com a fervura e a extração do óleo;
Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e
compram a semente da andiroba diretamente dos extrativistas;
Varejo urbano: Feirantes e comerciantes que compram o óleo diretamente da
produção e dividem em pequenos frascos para revender ao consumidor local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Indústria de transformação: Existem dois tipos de estrutura de empresa
transformadora, a primeira transforma a semente da andiroba em óleo e também em
produtos finais (cosméticos); e a segunda compra já o óleo e o transforma em produtos
finais (cosméticos).
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da andiroba.
A cadeia de comercialização da andiroba identificada na presente pesquisa é
constituída por poucos níveis de canais de distribuição (Figura 57).
Do total da produção identificada pela pesquisa 98,2% são demandados pelo setor
do varejo rural que, por sua vez, vende exclusivamente para o setor da indústria de
transformação estadual (empresas de cosméticos) (Figura 57). O varejo urbano (feirantes e
comerciantes) comprou 1,6% do óleo de andiroba da produção local e vendeu para o
consumidor local. Alguns produtores locais conseguiram vender 0,2% diretamente para o
consumidor local.
132
FIGURA 57- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializada na RI
Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da andiroba, no
período de 2008 a 2009.
O varejo rural é o principal canal de comercialização, que compra da produção a
R$ 0,26/kg da semente da andiroba (Figura 58) e fornece diretamente à indústria de
transformação estadual ao preço de R$ 0,39/kg, empresas do mesmo ramo vendem o
produto ao mesmo setor no preço de 0,49/kg, chegando ao consumidor nacional no valor
estimado de R$ 0,64/kg.
Os feirantes (varejo urbano) adquirem a andiroba diretamente da produção ao
preço de médio de R$ 0,41/kg e revendem o produto fracionado ao preço de R$ 5,60/kg
para os consumidores locais. Enquanto que os produtores vendem diretamente para os
consumidores locais ao preço de R$ 0,41/kg apenas.
133
FIGURA 58- Preço médio da andiroba (R$/kg de fruto) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.25 Paneiro
a) Caracterização do agente mercantil envolvido na cadeia de comercialização do
paneiro.
Foi identificado um agente que comercializa o produto, que está no ramo há 20
anos e também comercializa outros produtos, tais como: andiroba, cupuaçu e açaí. Este
trabalha durante todo o ano em horários que variam de 6 as 19 horas e a mão de obra é
familiar, composta por cinco pessoas. Não foi informada a existência de armazém, e em
relação a meios de transporte, possui duas bicicletas. Não possui equipamentos, pois os
produtos são comercializados já beneficiados.
Para ampliar a capacidade da comercialização sugere melhorias na infraestrutura
do mercado municipal.
A seguir a descrição do setor envolvido na comercialização do paneiro:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Artesão (ã) ou produtor (a) responsável pela confecção do paneiro
utilizando a fibra do guarumã como matéria prima principal.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado
(R$/Unidade) pelo setor mercantil do paneiro, no período de 2008 a 2009.
134
A estrutura da quantidade comercializada do paneiro apresenta um canal direto,
onde a produção vendeu 100%, o equivalente a 1.620 unidades, para o consumidor final
local (Figura 59). O preço médio praticado pela produção vendendo paneiro diretamente
para o consumidor final foi de R$ 3,26 a unidade.
FIGURA 59- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/Unidade) do paneiro na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.26 Bacaba
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
da bacaba.
Foram identificados cinco agentes que comercializam o produto na região, destes
três são produtores, um atravessador e um batedor. Dos agentes produtores, dois trabalham
com o produto apenas na safra e um durante o ano todo. Dois agentes possuem propriedade
rural, sendo que um informou que possui seis lotes. Os agentes não possuem armazéns para
estocagem do produto e, em relação ao transporte, um agente informou possuir uma moto.
Todos os agentes possuem maquinário, sendo o mais comum a batedora de açaí e
foram identificados dois freezers. No momento da coleta não foram apresentados
problemas com a armazenagem do produto. A mão de obra empregada é basicamente
familiar, com média de quatro pessoas. Essa mão de obra é sazonal, aumentando durante a
safra. Sendo o pagamento muito variado, tanto em função da produção quanto do período
de trabalho.
135
Os agentes além de comercializarem a bacaba trabalham também com outros
produtos oriundos da floresta, seja de áreas particulares ou comunitárias, para diversificar a
renda familiar, entre os quais coletam açaí, cupuaçu, uxi, taperebá, piquiá fruto, muruci e
bacuri. Eles relatam a importância do acesso ao credito para aquisição de ponto comercial
e/ou reforma, além de equipamentos/utensílios para melhoria da venda do produto e
assistência técnica, pois não há manejo nas áreas, fato este que pode influenciar no
aumento da produção.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da
bacaba:
EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá)
Produção extralocal: Trata-se da produção primária de bacaba do entorno do
município de Belém (RI Metropolitana);
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Representado pelos agricultores e extrativistas responsáveis pela coleta
da bacaba;
Indústria de beneficiamento: Formado por pequenos comerciantes que utilizam
máquinas despolpadeiras do açaí para obter a polpa da bacaba, que é vendida diretamente
para os consumidores locais.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado entre
diversos agentes mercantis da cadeia da bacaba.
A estrutura da cadeia da bacaba se limita ao mercado local da região, onde a
produção local comercializa diretamente com os consumidores locais 46,7% ao preço
médio de R$ 1,34/kg do fruto in natura (Figura 60). Enquanto que os batedores de açaí, na
safra da bacaba, se deslocam até a Feira do Açaí e o Ver-o-peso, em Belém (RI
Metropolitana), para adquirirem a bacaba in natura. Assim, o setor da indústria de
beneficiamento (batedores de bacaba) comprou 53,3% da produção extralocal (2,8
toneladas) a R$ 0,30/kg de fruto in natura que, após retirar a polpa, vendeu para o mercado
consumidor final ao preço equivalente a R$ 4,00/kg de fruto in natura.
136
FIGURA 60- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/kg do fruto) da bacaba na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.27 Piquiá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do piquiá.
Foram identificados onze agentes comerciantes de piquiá (Figura 61); sendo que
72% são atravessadores e 27% produtores. Dos agentes identificados 90% comercializam
outros produtos (bacuri, muruci, carvão, cupuaçu, pupunha, uxi, muruci, cajarana, açaí,
mel, taperebá e bacaba).
137
FIGURA 61- Localização dos agentes mercantis do piquiá na RI Guamá, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Foi verificado que apenas um agente tem propriedade rural (seis lotes), e outro
agente possui um armazém, com dimensão de 7,5 m². Referente ao transporte, 54% dos
agentes possui capacidade de transportar a própria produção, com cinco bicicletas e uma
moto.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do
piquiá:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Composta por agricultores e/ou extrativistas locais, encontrados na
pesquisa, que fazem a coleta do piquiá em áreas de ocorrência do fruto;
Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e
compram o piquiá in natura;
Varejo urbano: São feirantes que comercializam o piquiá in natura para o
consumo local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Varejo urbano: Composto por feirantes da Região de Integração Metropolitana,
que adquirem o piquiá in natura na safra.
138
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do piquiá.
A organização da cadeia do piquiá ocorreu tanto na esfera local quanto na
estadual. Entretanto, a maior a parte da produção ficou concentrada no mercado local,
sendo que o varejo urbano, mais representativo dentro deste contexto, comercializou
48,9% da produção com o consumidor (Figura 62). O varejo rural comercializou 32,5 %
da produção e vendeu 14,6% para os consumidores locais, 13,1% para os feirantes e 4,8%
para os consumidores estaduais.
FIGURA 62- Estrutura (%) da quantidade amostral do piquiá comercializado na RI Guamá,
estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do piquiá, no
período de 2008 a 2009.
O preço médio praticado na produção varia entre R$ 0,11/un. do fruto a R$
0,30/un.. O consumidor estadual chega a pagar R$ 0,40 por unidade nas feiras fora da
região, como pode ser verificado na Figura 63. Os preços são estabelecidos conforme a
safra do fruto e o custo de transporte.
139
FIGURA 63- Preço médio do piquiá (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações entre
os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado
do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Grande parte dos agentes trabalha junto com a família, 72% trabalham no período
de safra e um destes paga o valor de R$ 0,30 por kg de piquiá cortado. Para melhorar a
capacidade de produção vários fatores foram apontados, tais como: transporte para
escoamento do produto, investimentos, assistência técnica e um espaço para armazenar o
produto.
4.2.28 Biribá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do biribá.
Foram entrevistados durante a pesquisa apenas dois agentes que comercializam o
produto na época da safra. Os produtores trabalham com outros produtos da floresta para
diversificação de sua renda, tais como cajarana e cupuaçu. Não foi informado o tempo que
trabalham no ramo, mas comercializam o produto durante todo o ano. Os dois produtores
possuem propriedade rural com áreas que variam de um a 3,9 ha. Eles não possuem
veículos para transporte, nem armazéns para estocagem dos produtos e nem maquinários
ou equipamentos. A mão de obra empregada é essencialmente familiar, com média de três
a quatro pessoas, aumentando em numero durante a safra, tanto em função da produção
quanto do período de trabalho. A comercialização de biribá foi identificada em CastanhalPA.
140
A seguir a descrição do setor envolvido na cadeia de comercialização do biribá:
LOCAL (Municípios da Região de Integração Guamá)
Produção: Representado pelos agricultores e extrativistas responsáveis pela coleta
do biribá.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg do
fruto) pelo setor mercantil do biribá, no período de 2008 a 2009.
A cadeia de comercialização do biribá é caracterizada por um canal direto, isto é,
o contato entre o produtor e o consumidor local (Figura 64). Os agroextrativistas
comercializam na safra do biribá 100% da produção identificada dos frutos às feiras livres,
ao preço médio de R$ 1,76/kg do fruto.
FIGURA 64- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/kg do fruto) do biribá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.29 Copaíba
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
da copaíba.
Foi identificado um agente produtor e um atravessador. Estes agentes trabalham
no ramo há 12 anos, e não possuem capacidade para armazenamento ou meios de
transporte.
141
Na extração do óleo chegam a trabalhar durante o ano inteiro e diariamente no
horário de 6 às 18h. Para complementar a renda o produtor trabalha com outros produtos
(andiroba, castanha-do-brasil, cupuaçu e mel). Para melhorar a capacidade de produção o
agente necessita de transporte próprio.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do óleo da
copaíba:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: extrator do óleo da copaíba que utiliza técnicas simples para tratar e
capturar o óleo que escorre da abertura da árvore;
Varejo urbano: Comerciante que fraciona os litros de óleo de copaíba para
revender ao consumidor em frascos menores.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/Litro)
pelo setor mercantil da copaíba, no período de 2008 a 2009.
Verificou-se que esta comercialização ocorreu somente no âmbito local,
envolvendo o setor do varejo urbano (Figura 65), o qual demanda toda a produção local ao
preço de R$ 30,00/l e depois comercializa o óleo da copaíba de forma fracionada para os
consumidores ao preço de R$ 66,66/l.
142
FIGURA 65- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/l) da copaíba na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.30 Cajarana
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
da cajarana.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização da cajarana:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Proveniente da produção extrativista dos municípios estudados que
comercializam a cajarana in natura;
Varejo urbano: São feirantes e comerciantes que realizam a venda da cajarana in
natura para o consumo local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado
(R$/Unidade do fruto) pelo setor mercantil da cajarana, no período de 2008 a
2009.
Como é visto na Figura 66, onde boa parte da produção tem como setor central o
varejo urbano local (feirantes), que compra 91,7% do setor da produção por R$ 0,10/un. e
vende por R$0,20/un. para os consumidores locais. Outro canal de comercialização é a
venda direta de 8,3% da produção local por R$0,10/un. para o consumidor local.
143
FIGURA 66- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/Unidade do fruto) da cajarana na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a
2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.31 Tipiti
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do tipiti.
Foi encontrado apenas um agente que comercializa o tipiti, o mesmo é feirante e
trabalha com o produto há 20 anos. O tipiti é comprado de produtores que levam até o box
do feirante com dimensões de 5 m2. No que tange a mão de obra o trabalho é diário, no
horário de seis da manhã ao meio dia, com uma pessoa envolvida que é o proprietário.
Com relação a melhorias o agente relatou ser necessário melhorar as instalações
do mercado, para atrair mais clientes.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do tipiti:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Os artesãos/produtores da região que utilizam fibras vegetais, a tala do
guarumã, para tecer objetos e utensílios;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)
Varejo urbano: São comerciantes (feirantes) comercializando o tipiti como
utensílio para a produção de farinha.
144
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado
(R$/Unidade) pelo setor mercantil do tipiti, no período de 2008 a 2009.
A cadeia de comercialização do tipiti apresenta apenas um tipo de intermediário
que compra toda a produção dos artesãos (Figura 67) e sendo vendida exclusivamente
para os consumidores locais. O preço médio de venda praticado pelos artesãos (setor da
produção) para o varejo urbano foi de R$ 6,00/un., sendo revendido aos consumidores
locais ao preço de R$ 8,00/un.
FIGURA 67- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/Unidade) do tipiti na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.32 Mari
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização
do mari.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do mari:
LOCAL (Municípios da RI Guamá)
Produção: Composta por extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem
a coleta do mari em áreas de ocorrência do fruto;
Varejo urbano: São feirantes e comerciantes que realizam a venda do mari in
natura para o consumo local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado
(R$/Unidade do fruto) pelo setor mercantil do mari, no período de 2008 a 2009.
145
Toda a produção identificada do mari (100%) é comercializada na época da safra
pelo varejo urbano local, sendo vendida para os consumidores locais (Figura 68). Os
feirantes (varejo urbano) compram os frutos pelo preço médio de R$ 0,04/un. do fruto e
vendem para os consumidores a um preço de R$ 0,05/un. do fruto in natura.
FIGURA 68- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/Unidade do fruto) do mari na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
146
4.3 ANÁLISES AGRUPADAS
Ao se analisar sob o ponto de vista da demanda final dos produtos florestais não
madeireiros produzidos na Região de Integração Guamá, alguns com origem de produção
de regiões vizinhas (Tabela 2), que no total orçou em torno de R$ 53,4 milhões, o mercado
local foi o maior demandante de seus produtos não florestais ofertados, pois comprou
aproximadamente R$ 19,7 milhões que corresponde a 37% da demanda total. O mercado
estadual comprou mais de R$ 17,5 milhões, que corresponde a 33% do valor da demanda
total. E, por fim o mercado nacional que constituiu uma demanda em torno de R$ 16,1
milhões, equivalente a 30% da demanda total. Destaca-se entre a demanda dos produtos
identificados, a realizada pelo açaí, pois a sua demanda total correspondeu a mais de 89%
da demanda total, sendo que a nível local correspondeu a 92%, a estadual a 87% e a
demanda nacional 89%, o que demonstra a sua importância não só alimentar, mas também
econômica e social com milhares de famílias envolvidas da região.
Ao averiguar a classificação por percentagem relativa das demandas pelas três
escalas regionais, os produtos mais demandados pelo mercado local dos dezoito
municípios que compõem a RI Guamá, isto é, produtos que tiveram 100% das suas ofertas
demandadas a nível local foram: carvão, bacaba, copaíba, paneiro, biribá, cajarana, tipiti e
mari (Tabela 2). Os demais, cacau fruto (un.), piquiá e o açaí, tiveram suas demandas
efetuadas em consórcios com outra escala regional, que no caso dos dois primeiros foram
as demandas de 95% e 78%, respectivamente, realizadas no âmbito local, e no caso do açaí
foram as demandas realizadas no âmbito estadual e nacional, 32% e 30% respectivamente.
No mercado estadual, os produtos mais demandados foram: muruci, uxi, pupunha, bacuri,
urucum, mel, cupuaçu e o taperebá. Frisa-se, no entanto, que a demanda deste último,
apesar de mais predominante na escala estadual (54% aproximadamente), o mercado
nacional demandou aproximadamente 46%. O mesmo aconteceu com a demanda do
urucum, em que as demandas estadual e nacional, praticamente foram iguais, em termos
percentuais (40,2% e 39,9%).
147
TABELA 2- Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não madeireiros
identificados da Região de Integração Guamá, estado do Pará, estimado para 2008 (Idesp).
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Com relação aos produtos mais demandados pelo mercado nacional (Tabela 2), o
cacau amêndoa, priprioca, borracha, murumuru, estoraque, capitiú, mucajá e o inajá
tiveram 100% das suas ofertas, a partir da RI Guamá, demandadas pelo mercado nacional,
principalmente o eixo Rio - São Paulo e Bahia, no caso do cacau amêndoa. Enquanto que a
andiroba, castanha-do-brasil, tucumã e o palmito, obtiveram suas demandas nacionais com
representatividades variando entre 88% a 76% do que foi ofertado, já que foram
consumidos nos outros mercados, variando conforme a especificidade e utilidade do
produto.
No que concerne verificar qual mercado adiciona mais valor, ou ainda, agregou
mais valor aos produtos florestais não madeireiros, conforme Tabela 3, o mercado local
148
adicionou R$ 40,3 milhões, que representou 76% do VAB total, estimado em R$ 53,4
milhões. O sistema estadual adicionou em torno de R$ 9,5 milhões (18% do VAB total) e,
na esfera nacional foram adicionados aproximadamente R$ 3,5 milhões (7% do VAB
total).
TABELA 3- VAB (local, estadual e nacional), em R$ e % dos produtos florestais não madeireiros
identificados da Região de Integração Guamá, estado do Pará, estimado para 2008 (Idesp).
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Este valor estimado do VAB identifica e divulga onde a economia esta em
processo de crescimento, isto é, onde a riqueza esta sendo gerada, uma vez que expõem as
ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que os produtos oriundos
do agroextrativismo adquiriram, ao longo das cadeias de comercialização, seja ela local
para a maioria dos produtos identificados, seja estadual como é o caso da castanha-do-
149
brasil que foi beneficiada mais intensamente fora da RI Guamá, com exclusiva
participação do setor de indústria de beneficiamento e exportação, localizada na capital
paraense. Ou ainda, nacional tal como aconteceu com o cacau amêndoa que foi
comercializado direto para fora do estado do Pará a fim de ser beneficiado e processado
por indústrias de transformação, mais especificamente no Estado da Bahia, que agregou
61% do adicionado nacional (Tabela 3). Na esfera estadual, além da castanha-do-brasil,
não houve outros produtos que agregaram valor de forma predominante neste mercado,
sendo o mais representativo, em termos de valor, a agregação realizada no açaí, que foi
responsável por aproximadamente 94% do VAB estadual, estimado em R$ 8,9 milhões.
Quando se analisa o valor agregado levando em consideração os produtos
escalonados em categorias, conforme a Tabela 4, a categoria dos alimentícios foi quem
mais adicionou valor, equivalente a R$ 51,5 milhões, que corresponde a 97% do VAB
total, estimado em mais de R$ 53,4 milhões, oriundo da agregação de valor obtida nas três
esferas regionais: local, estadual e nacional, respectivamente 75%, 18% e 7%. Entre os
produtos escalonados nesta categoria, tem-se um destaque exponencial do valor agregado
ao açaí, pois o seu VAB total, estimado em R$ 47,6 milhões, correspondeu a 92% do VAB
da categoria, sendo 75% constituído no mercado local. Verifica-se também que assim
como o açaí, a maioria dos produtos adicionou valor de forma preponderante a nível local,
com exceção do cacau amêndoa e castanha-do-brasil, pois agregaram mais valor na esfera
nacional e estadual, respectivamente.
Dentre os produtos alimentícios que agregaram mais valor a nível local, somente a
bacaba, açaí, cupuaçu, muruci, taperebá, palmito e urucum passaram por ações da indústria
de beneficiamento e transformação (Tabela 4). No caso especifico das frutas, por ações
principalmente das agroindústrias localizadas nos municípios de Castanhal e São Francisco
do Pará, o urucum por ações das indústrias de alimentos em Castanhal e Santa Maria do
Pará e o palmito por ações da indústria alimentícia de São Domingos do Capim. Deste
modo, há uma concentração de agroindústrias e indústrias alimentícias no município de
Castanhal, por questões de externalidades positivas, tais como, infraestrutura de produção e
comercialização, preços mais competitivos em relação aos preços praticados se estivessem
na capital paraense (Belém), pois teriam que concorrer com outras indústrias do mesmo
setor ali localizadas e, no caso açaí, também com os inúmeros batedores. O restante dos
alimentícios por apresentarem uma cadeia de comercialização linear (produtor-varejo
urbano-consumidor) a nível local, a majoração de preços foi determinante na
150
contabilização do VAB. Logo, a agregação de valor desta categoria poderia ser maior se
houvesse beneficiamento nos produtos que foram comercializados na sua forma in natura
(fruto), desde o setor da produção até o consumidor final.
TABELA 4- VAB (local, estadual e nacional), em R$ e % dos produtos florestais não madeireiros
identificados da Região de Integração Guamá, estado do Pará, estimado para 2008, organizados por 5
categorias (Alimentícios, Artesanatos e Utensílios, Derivado Animal, Derivado da Madeira e Fármacos e
Cosméticos), (Idesp).
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Para os produtos classificados como artesanato e utensílios (paneiro e o tipiti) a
agregação de valor em torno de R$ 7,3 mil (0,01% VAB total) se processou somente no
local, por ações de beneficiamento realizado artesanalmente pelo setor alfa, ou seja, dos
artesãos. Assim como o mel, único produto derivado animal identificado, onde sua
151
agregação de valor foi 99% local e 1% estadual do total de R$ 776,4 mil (1,45% do VAB
total), do qual as ações de beneficiamento realizadas pelos apicultores foram
preponderantes. No que se refere aos derivados da madeira, carvão e borracha, com VAB
R$ 798,3 mil (1,50% do VAB total), o primeiro além de ter sido comercializado somente
na RI Guamá, a sua agregação de valor (R$ 695 mil) formalizou-se muito em função das
ações dos carvoeiros. Enquanto que a borracha agregou valor nas três escalas regionais,
contudo, 64% se deram na esfera local em função tanto das ações dos extrativistas, quanto
do setor de atacado, que em termos gerais, adicionou valor por intermédio da majoração de
preço (Tabela 4).
E por fim, a agregação de valor da categoria fármacos e cosméticos, estimado em
R$ 218,4 mil (0,41% do VAB total), que se processaram de modo predominante na esfera
local, com uma representatividade variando entre 100% e 65% do total adicionado devido
às ações dos agroextrativistas, que os comercializaram na suas formas in natura, com
exceção do óleo de copaíba que foi beneficiado pelo seu respectivo setor alfa, antes da
comercialização (Tabela 4). É preciso destacar que, entre os produtos desta categoria
comercializados in natura, a partir da RI Guamá, mais especificamente do município de
Santo Antônio do Tauá, tiveram como destino uma grande indústria de transformação,
atuante no ramo de cosméticos, localizada no município de Benevides, pertencente à RI
Metropolitana. No caso do murumuru e da andiroba ela adquiriu de outra indústria de
transformação localizada na mesma RI metropolitana, só que em Ananindeua.
Para se analisar a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada, conforme a
Tabela 5, de forma mais coerente, uma vez que os produtos não se encontram em um
mesmo parâmetro econômico, haja vista que é difícil realizar comparações quando alguns
produtos estão em escalas de milhões de reais, em detrimento de outros, que se encontram
em centenas de reais, utilizou-se da estratégia de dividi-los em três categorias em função
da RBT, gerada e circulada na comercialização dos produtos, quais sejam: i) os que
atingiram valores acima de R$ 600 mil do RBT; ii) para os intermediários com RBT entre
R$ 100 mil e R$ 599 mil e; iii) os abaixo de R$ 100 mil, conforme a Tabela 5.
Sendo assim, os produtos classificados na primeira categoria e organizados em
função das maiores RBTs, em ordem decrescente, foram o açaí (R$ 88 milhões), cacau –
amêndoa (R$ 2 milhões), muruci (R$ 1,9 milhão), urucum (R$ 1,4 milhão), mel (R$ 1,3
milhão), taperebá (R$ 1,1 milhão), carvão (R$ 1 milhão) e a pupunha (R$ 795 mil). É
imperativo afirmar que nesta categoria (RBT acima de R$ 600 mil), o açaí correspondeu a
152
aproximadamente 90% da RBT gerada e circulada a partir da região e contabilizados em
R$ 97,7 milhões (Tabela 5). Sendo que 58% da RBT do açaí foram geradas e circuladas
no âmbito local, isto é, na RI Guamá, por atuação determinante do setor de indústria de
beneficiamento, constituído por tradicionais batedores, que beneficiaram para o consumo
local e, por agroindústrias que beneficiaram para o abastecimento do mercado nacional.
TABELA 5- Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não
madeireiros identificados na Região de Integração Guamá, estimados para 2008, organizados em três
categorias relativas com escalas de valor do RBT (Acima de R$ 600mil, de R$ 100mil a R$ 600mil e abaixo
de R$ 100mil).
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Dentre os produtos da segunda categoria (de R$ 100 mil a R$ 599 mil), o bacuri,
priprioca e o uxi tiveram suas RBTs formadas e circuladas sem a participação do mercado
nacional, sendo que, a priprioca teve maior participação do mercado estadual (56%) devido
a atuação da indústria de transformação. A castanha-do-brasil, a borracha, o cupuaçu e o
palmito tiveram suas RBTs geradas e circuladas nas três escalas regionais, porém, os dois
primeiros geraram maior RBT na escala nacional, enquanto que, os dois últimos geram
maior RBT no mercado local (Tabela 5). Na terceira e última categoria (RBT abaixo de
153
R$ 100 mil), nenhum dos produtos classificados nesta categoria tiveram suas rendas
geradas e circuladas no âmbito nacional. Em contrapartida, bacaba, copaíba, paneiro,
cajarana, biribá, tipiti e mari tiveram suas RBTs, exclusivamente, geradas e circuladas no
mercado local, as quais juntas somaram R$ 57,4 mil, que correspondeu 15% da RBT desta
categoria, RBT até R$ 100 mil.
Quando se analisa a renda gerada e circulada somente no âmbito local, estimada
em R$ 57,9 milhões (58% da RBT total), o açaí se constituiu como um dos principais
produtos oriundo do agroextrativismo gerador de emprego e renda para RI Guamá. Pois na
formação deste valor, acima citado, R$ 51,4 milhões foram da sua cadeia de
comercialização (Tabela 5). No que diz respeito aos produtos comercializados somente na
RI Guamá e, sendo assim, que tiveram suas RBTs estritamente formadas no mercado local,
o carvão se destacou com uma renda estimada em mais de R$ 1 milhão, dos quais, o setor
de origem da cadeia, mais especificamente os carvoeiros, foi quem contribuiu de forma
significativa para esta somatória, com aproximadamente 53%.
Desta maneira, ao se considerar a Contabilidade Social Ascendente Alfa, que tem
o seu ponto de partida no setor da produção agroextrativista de espécies nativas, dos
dezoito municípios estudados (Setor α) que integram RI Guamá, recebeu um total, em
torno de, R$ 17,4 milhões (VBPα), oriundos das vendas de todos os produtos florestais não
madeireiros identificados (31 produtos no total). E, com as transações comerciais
realizadas pelos setores que vendem tais produtos até o consumidor final, foi adicionado
valor a estes num montante de R$ 53,4 milhões (VAB), que somado com o VBP, sob a
ótica da demanda, que corresponde ao valor total da compra de insumos realizados pelos
setores da demanda intermediária, estimado em R$ 46,2 milhões, chega-se a um importe de
R$ 99,6 milhões, o qual se refere à RBT gerada e circulada na economia destes produtos
com seus efeitos para frente (venda) e para trás (compra) entre os agentes mercantis na
cadeia de comercialização (Tabela 6).
Ao longo das cadeias de comercialização dos produtos florestais não madeireiros
identificados, alguns apresentaram uma margem bruta de comercialização, também
denominado de mark-up, bastante expressiva em relação aos apresentados por outros, pois
quanto mais ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço o produto
adquiriu ao longo da cadeia e, a partir do setor da produção, maior foi o seu valor de markup (Tabela 6). Esta margem mostra o quanto, em termos percentuais, foi adicionado ao
longo das cadeias dos produtos após as vendas realizadas pelo setor da produção e, por
154
isso, o seu valor é calculado pela diferença entre o VAB e o valor obtido pela venda do
setor da produção, do produto, ou seja o VBPα dividido pelo VBPα. Desta maneira, o
urucum, castanha-do-brasil e o palmito foram os produtos que obtiveram os maiores
valores de mark-up, calculados em 1.096%, 722% e 713%, respectivamente, pois 88% dos
seus valores adicionados (nos três casos) foram constituídos por ações dos agentes da
demanda intermediária, considerando as três escalas regionais, com predomínio, no caso da
castanha-do-brasil das indústrias de beneficiamento estadual e, no caso do palmito das
industrias de beneficiamento local.
E, no outro extremo, isto é, produtos que constituíram os menores valores de
mark-up, foram o biribá, paneiro e o mel, com os dois primeiros apresentando índices de
0% e o terceiro com índice de 2%, porquanto, nenhuma ou poucas (no caso do mel) ações
de beneficiamento e transformação estes produtos adquiriram após as vendas dos
agroextrativistas. No caso dos dois primeiros, soma-se também ao fato da inexistência de
intermediação entre a produção e consumo. O mel fora comercializado com a
intermediação do setor de varejo urbano e atacado, tanto no âmbito local quanto no
estadual. Logo, verifica-se também que a comercialização do produto quando aconteceu
com poucas e/ou sem intermediação, entre o setor alfa e o consumidor final, também
proporcionou que o valor de mark-up tendesse a zero.
No valor recebido pelo setor alfa (VBPα, em torno de R$ 17,4 milhões), mais de
R$ 1,7 milhão (10% do VBPα) foram provenientes dos valores recebidos pelo setor da
produção extralocal, ou seja, por agentes mercantis agroextrativistas fixados em
municípios que integram outras regiões de integração, especificamente Rio Caeté (com
95,6% de participação no valor recebido extralocal), Tocantins (com 4% de participação),
Carajás (com 0,34%), Metropolitana (com 0,08%) e Rio Capim (com 0,001%). Estes
agentes do setor alfa extralocal forneceram de forma parcial aos agentes de
comercialização da RI Guamá, quatro produtos florestais não madeireiros identificados
(Tabela 6), tais como: o açaí, a castanha-do-brasil, a bacaba e o cacau (fruto). Entre os
municípios que integram essas regiões, o município de Nova Timboteua, da RI Rio Caeté,
ganhou destaque pela sua expressiva participação no valor recebido pelo setor da produção
extralocal, pois seus agentes agroextrativistas transacionaram parte do açaí in natura no
município de Castanhal (onde se encontram as agroindústrias), pertencente à RI Guamá.
Assim como os agroextrativistas do município de Igarapé Miri da RI Tocantins, que
abastecem com parte da produção de açaí o município de Marapanim da RI Guamá. Já os
155
extrativistas da castanha-do-brasil do município de Marabá, da RI Carajás, venderam parte
da produção na feira do município de Santa Maria do Pará, da RI Guamá. Enquanto que o
cacau foi vendido por agroextrativistas do município de Capitão Poço, da RI Rio Capim,
na feira do município de Santa Maria do Pará, da RI Guamá. E, por fim, parte da produção
de bacaba foi transacionada por extrativistas de Belém (RI Metropolitana) para o
município de Curuçá, a fim de atender a demanda local.
Desta maneira, considerando o VBPα total (a soma do local e extralocal), entre os
produtos identificados e, entre os mais importantes para a geração de renda e emprego para
o setor da produção, o açaí e o mel foram os produtos que mais se destacaram, já que
juntos arrecadaram valor superior a R$ 15,2 milhões (sendo R$ 14,5 milhões só do açaí), o
que correspondeu a 88% do VBPα total. Por conseguinte, o carvão, o muruci, a pupunha, o
taperebá e o cacau amêndoa foram os recursos mais representativos, em termos percentuais
do VBPα total, os quais representaram 3,2% (R$ 549 mil), 2,5% (R$ 445,5 mil), 1,4% (R$
241,9 mil), 1,2% (R$ 204,8 mil) e 1% (R$ 192,4 mil), respectivamente (Tabela 6). Por
outro lado, alguns produtos não chegaram a gerar um mil reais de renda em sua
comercialização para o setor da produção (alfa), seja pelo fato de outro subproduto ter uma
receptividade maior e, sendo assim, acaba por gerar renda em curto prazo (como no caso
da amêndoa do cacau em vez do cacau fruto), ou seja pelo fato da sua utilização ser
específica, ou seja, a demanda ser pouco expressiva, tal como o utensílio tipiti e o fruto
mari, cujas comercializações geraram apenas R$ 839,56 e R$ 137,54, respectivamente, ao
setor alfa (produção).
Com relação ao valor bruto da produção (VBP) pela ótica da demanda, ou seja,
somatório do valor da compra de insumos realizado pelos setores mercantis identificados
por recortes geográficos (local, estadual e nacional), referidos na Tabela 6 e, que
dependendo da posição e função do agente mercantil, podem variar desde matéria prima ou
subproduto até produto final. Os frutos açaí, muruci, taperebá, cupuaçu in natura, por
exemplo, até o penúltimo agente da cadeia, que o adquiriu como insumo a polpa congelada
e transformou em sucos e sorvetes, antes do último elo da cadeia, o consumidor final. Ou
como aconteceu com o carvão, o qual foi utilizado como matéria prima na indústria de
transformação (padarias e restaurantes). Assim como o mel fora utilizado como alimento
nas merendas escolares, oriundo da parceria entre os apicultores, prefeituras dos
municípios e a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (Belém) através do
Plano de Aquisição de Alimentos – PAA.
156
TABELA 6- Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Guamá, estado do Pará, compostos pelo Valor Bruto da
Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa extralocal, a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor Agregado Bruto (VAB) e
a Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e nacional, estimado para 2008 (Idesp).
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
157
5 CONCLUSÕES
O estudo mostrou que a economia gerada pelos trinta e um produtos florestais não
madeireiros identificados e analisados na Região de Integração Guamá foi expressiva, uma
vez que a renda gerada, estimada para o ano de 2008, foi em torno de R$ 99,6 milhões (RBT
total). O setor produtivo agroextrativista, considerado o setor alfa (Setor α) deste modelo de
comercialização, recebeu em torno de R$ 17,4 milhões, o que correspondeu a
aproximadamente 18% da renda gerada total. É preciso destacar ainda, que no valor que o
setor alfa recebeu, R$ 1,7 milhão correspondeu aos destinados agentes alfa extralocais, ou
seja, agroextrativistas que não pertencem aos municípios da região em estudo, mas que
fornecera de forma parcial quatro dos produtos identificados no comércio da região. Deste
valor extralocal, os agroextrativistas das RI Rio Caeté e Tocantins, que tiveram no açaí sua
fonte de renda, receberam mais de 99%.
É preciso ressaltar que a RI esta inserida no mercado nacional, haja vista que 30% da
sua produção tiveram como destino final este mercado, principalmente as frutas em forma de
polpas (açaí, cupuaçu, taperebá e muruci), o palmito, a castanha-do-brasil, o cacau amêndoa, a
borracha, os utilizados como insumo pela indústria de cosméticos (priprioca, andiroba,
murumuru, estoraque, capitiú, mucajá, inajá e tucumã) e, o urucum utilizado pela indústria
alimentícia.
Com relação à renda gerada e comercializada por produto, a partir da RI Guamá, e a
parte deste montante que foi retido pelo respectivo setor alfa, que dá origem a toda base
produtiva, verificou-se, simultaneamente, dois princípios básicos: o primeiro e mais
importante, pois demonstra outras funções desenvolvidas pelo setor alfa, é que quanto mais
ações de beneficiamento o setor impor nos produtos antes das transações comerciais com
outros setores, maior será o seu retorno, ou seja, mais ele adquirirá da renda gerada e
circulada. O segundo se refere à assertiva de que, quando a comercialização do produto (de
toda produção e/ou grande parte dela) se desenvolver de forma direta entre a base produtiva e
consumidor final, ou seja, sem (e/ou com poucas) intermediações de outros setores, mais da
renda gerada e circulada, também será retida. Tal como aconteceu nas cadeias de
comercialização do paneiro (desenvolvido pelos artesãos) e do biribá (apesar de vendido sem
beneficiamento), em que de suas RBTs geradas, 100% foram receptadas pelo setor da
produção. Outros princípios também se fazem presente e, sendo assim, contribuíram, mesmo
que de forma secundária, mas concomitantemente com os básicos, para maior ou menor
retorno financeiro deste setor, tais como: baixo grau de organização social formal
158
(associações e cooperativas), falta de corporativismo, infraestrutura de comercialização
precária (estradas, rodovias; que geralmente os deixam sob dependência dos atravessadores),
capacitação técnica e baixo grau de escolaridade.
Partindo-se do primeiro princípio, os agroextrativistas que tiveram no mel sua fonte
de renda, receberam R$ 759,6 mil, o que correspondeu aproximadamente a 59% da sua RBT
gerada e circulada. Enquanto que os agroextrativistas do urucum e da castanha-do-brasil
receberam em torno de 4% e 6% das suas respectivas RBT, R$ 1,3 milhão e R$ 341,2 mil,
geradas e circuladas, configurando-se, juntamente com o palmito, nos quais os
agroextrativistas arrecadaram apenas 6,7% da RBT total de R$ 143,2 mil, como os recursos
de menor retorno financeiro para os que atuam na base produtiva. No caso do açaí, além das
vendas in natura, ou seja, sem qualquer ação de beneficiamento, a falta de organização social
e de cooperação foram preponderantes para o valor retido pelo setor da produção/extração,
pois dos R$ 88,2 milhões gerados e circulados pela sua comercialização, apenas 16% (R$
14,5 milhões, sendo R$ 1,7 milhão extralocal) foi retido pelas milhares de famílias que tem
nesta atividade sua fonte renda. O carvão, por sua vez, com uma renda estimada em mais de
R$ 1 milhão, aproximadamente 57% (R$ 548,9 mil) foi retido pelo setor alfa local, devido,
principalmente às ações dos dois princípios básicos, simultaneamente. Por conseguinte, o
muruci com renda estimada em R$ 1,4 milhão, e 30% retidos pelo setor alfa, haja vista que
sua comercialização se deu na forma in natura (vendido o fruto), tendo como elo, tanto a
nível local quanto estadual, o setor de varejo urbano, composto por feirantes e atravessadores,
antes do consumidor final.
Entre os produtos que adquiriram ações de beneficiamento fora da RI Guamá
(tucumã, estoraque, capitiú, priprioca, inajá, mucajá, murumuru e a andiroba), mais
especificamente no âmbito estadual (ind. de transformação) e, vendido in natura sem
intermediações, a partir da RI Guamá, o valor, em termos percentuais, retido pelo setor alfa da
RBT gerada e circulada, foi de 51% no caso do tucumã e 44% para o restante. Com exceções
do murumuru e da andiroba, pois o percentual foi menor devido às transações intermediarias
de outra indústria e, por isso, os valores retidos foram 22% e 14% respectivamente.
No que se referiu à agregação de valor, realizadas no ano de 2008, em torno de R$
53,4 milhões, o sistema local foi o que mais adicionou valor a quase todos os produtos
identificados, pois representou 76% do VAB total, estimado em R$ 40,3 milhões, devido
principalmente ao beneficiamento das frutas (açaí, muruci e taperebá), a fim de abastecer as
redes de supermercados no mercado estadual e nacional e, ao beneficiamento do mel e do
159
carvão, antes da sua comercialização, realizadas pelo setor alfa. As exceções ficam por conta
da castanha-do-brasil, cuja agregação de valor é realizada de forma mais intensa fora da RI
Guamá, mais especificamente 68% do VAB total fora realizado na capital paraense, Belém
(mercado estadual). Assim como o cacau amêndoa, em que 61% do seu valor adicionado
foram realizados no mercado nacional, particularmente no estado da Bahia. Em contrapartida,
no que tange a agregação de valor por produtos identificados, e sua participação no VAB
total, levando-se em consideração as três escalas regionais, o açaí gerou 89% (R$ 35,8
milhões) do agregado no âmbito local, cujos agentes indutores foram as indústrias de
beneficiamento (compostas por batedores e pelas agroindústrias). No âmbito estadual e
nacional, este produto foi responsável por 94% do VAB estadual e 82% do VAB nacional,
tendo como agente indutor de tal processo no âmbito estadual, as indústrias de beneficiamento
(representados pelos batedores da RI Metropolitana), que compram o produto in natura e os
vendem para os consumidores finais.
Por tudo isso, mesmo que o valor adicionado tenha sido maior no âmbito local,
fazem-se necessários investimentos em ações que criem condições favoráveis de multiplicar a
renda dos agentes mercantis que têm nos PFNM sua atividade principal e/ou correlacionada a
outras, como por exemplo, o incentivo ao aumento da demanda, através do melhoramento das
condições de comercialização destes produtos, que a grosso modo significa a reforma e/ou a
construção dos pontos de comercialização como feiras do produtor e/ou mercados municipais,
já que na maioria dos municípios pertencentes a esta RI, estes se encontram inoperantes ou
inexistentes. Assim como a ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, que
além de incentivar a oferta desses produtos pelo setor da agricultura familiar e extrativista
(ampliar o incentivo à extração, pois muitos afirmaram que por falta de demanda deixam de
extrair mais e, incentivo ao plantio), também incentivaria a organização social, ou seja, a
criação e/ou melhoramento da gestão das cooperativas e associações. Outra ação seria a
ampliação e/ou divulgação dos programas de financiamentos à produção e técnicas de
empreendedorismo (treinamentos e capacitação), assim como, ampliação da disponibilidade
de assistência técnica junto aos agroextrativistas, a fim de que possam aumentar a
produtividade e a melhorar qualidade dos produtos oriundos do agroextrativismo. Estas ações,
de curto prazo, contribuiriam tanto para o desenvolvimento sustentável da RI quanto para que
as agregações de valor sejam indutoras de geração de emprego e na melhoria da renda para as
populações, tanto no âmbito local quanto no estado do Pará (mercado estadual), de forma a
dinamizar as potencialidades das economias “tradicionais” locais.
160
6 RECOMENDAÇÕES
É fato que a comercialização dos PFNM sempre foi uma opção (e/ou principal fonte)
de renda para as inúmeras famílias e, com o passar dos anos, vem-se apresentando como uma
das atividades que melhor os remunera e, ainda mantêm o seu habitat, isto é, apesar do uso há
a conservação dos recursos florestais. A favor destas atividades, encontra-se o fato de que
com os problemas ambientais advindos do aquecimento global, a redução do desmatamento
na Amazônia com base em economias sustentáveis vem sendo a retórica dos governos federal,
estaduais e municipais da Amazônia, das não governamentais e até dos agentes diretamente
envolvidos nas atividades agroextrativistas - as populações tradicionais. No entanto, devido às
forças dos mercados globalizados, parte dessa atividade fica a mercê de instituições públicas,
por apresentar determinadas limitações de escala (geográfica e produtiva, as mais
justificáveis) que os impedem de ser alvos de políticas de fomento, haja vista que a grande
dialética de manter a floresta em pé e gerar crescimento econômico parecem conflitantes.
Depreende-se, deste modo, que os montantes econômicos mostrados neste relatório
são significativos, apesar disso, as comercializações dessas 31 cadeias dos não madeireiros
apresentaram entraves aos setores da produção e da indústria, que são chaves para
potencializar a atividade. Pois historicamente tais setores se mantêm em condições de
desassistidos por parte das políticas públicas e, se suprir estes estorvos certamente dinamizará
a economia da RI, transformará o potencial produtivo, com geração de renda, agregação de
valor aos produtos e mais postos de trabalho. O uso correto destes recursos florestais atingirá
o objetivo maior que é o desenvolvimento sustentável para a região.
Ao longo da descrição de cada cadeia de comercialização estudada nesta RI foram
apontados vários gargalos assim como aspectos positivos. A seguir, de forma mais
abrangente, pontuamos os principais entraves identificados nas cadeias de comercialização
dos PFNM, tanto do setor da produção quanto da indústria, contendo entraves e algumas
recomendações para subsidiar políticas públicas.
a) Principais entraves ao setor da produção, considerando o agente agroextrativista
(setor alfa) deste modelo:
Ausência de planos de manejo condizentes com o potencial da RI Guamá,
principalmente no que se referiu à comercialização do açaí;
A problemática da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), pois além da
demora das visitas técnicas, equipes despreparadas para atuar no setor de produtos
não madeireiros;
161
Baixo nível de empreendedorismo;
Baixo nível de escolaridade das famílias envolvidas na atividade dos não
madeireiros;
Baixos níveis de qualidade e identidade dos produtos (embalagem, especificações
técnicas, validade, etc.), devido os processos extrativos terem sido muitas vezes
desenvolvidos ainda de forma artesanal e, comercializados sem padrão;
Falta de registro junto aos órgãos de regulamentação e fiscalização, para a
produção e comercialização dos não madeireiros;
Baixo grau de associativismo e corporativismo, que infere nas oscilações de
preços e, resulta em baixos retornos financeiros;
Pouco conhecimento do potencial de mercado dos PFNM, pois muitos deixam de
aumentar, e/ou até mesmo iniciar uma produção, por falta do conhecimento desta
demanda crescente por produtos de apelo sustentável, tanto dos setores
econômicos (indústrias, consumidores de fora da RI principalmente), quanto dos
programas de compra do Governo, como o PAA do governo federal;
Pouco acesso aos créditos rurais, tanto pelo grau de escolaridade apresentado pelo
setor, quanto pela ausência de bancos públicos e/ou privados;
Comercialização dos produtos basicamente de desenvolveu devido à ação dos
atravessadores, porque os pontos de comercialização (feiras livres, mercados
municipais e feiras do produtor) se encontravam fechados, ou deteriorados ou
ineficientes (falta de higienização; organização dos produtos) para a
comercialização;
O desenvolvimento das atividades ocupou basicamente a mão-de-obra familiar, só
em casos excepcionais (safra) se “contratou” um ou mais ajudantes, que
receberam conforme produtividade no dia, entre outros, predominando a
informalidade do setor.
b) Principais entraves no setor da indústria:
Baixo grau de competitividade do setor, principalmente dos fatores estruturais da
oferta/demanda (agroindústrias têm dificuldades em adquirir o insumo por
questões como: a dispersão dos fornecedores, a falta de organização do setor
agroextrativista e a dependência dos atravessadores) e fatores internos (pois
muitos atuam na informalidade).
162
Baixo nível tecnológico e de segurança no processo de beneficiamento e
transformação dos não madeireiros;
Estrutura física tanto para os processos produtivos quanto para o armazenamento
dos produtos, não seguem os padrões exigidos;
Pouco acesso aos créditos e financiamentos, pois poucos municípios apresentaram
uma rede bancária;
Mão de obra utilizada basicamente a familiar, sendo deste modo, com poucos
empregos gerados;
Baixo nível de escolaridade dos empresários, que acaba influenciando nas
tomadas de decisões;
Baixo nível empreendedor, devida a baixa capacidade empresarial para atuar nas
mudanças intrínsecas ao sistema capitalista.
É necessário afirmar, no entanto, que o primeiro passo esta sendo dado com este
relatório, com a produção de informações necessárias para subsidiar a formulação ou
adequação de políticas públicas condizentes com a potencialidade da região.
c) Algumas recomendações para potencializar as cadeias de comercialização dos
PFNM e subsidiar políticas públicas:
Capacitação para execução de planos de manejo condizentes com a potencialidade
local e que tomem como premissa o conhecimento das populações tradicionais;
Capacitação dos agentes locais e regionais da assistência técnica e extensão rural a
fim de orientar a organização da produção e melhorar a renda dos
agroextrativistas;
Capacitação para o crédito, a fim de melhorar os processos produtivos, de
armazenamento e de comercialização;
Capacitação para o setor da produção valorar adequadamente os produtos
agroextrativistas, pois surgem novos produtos no mercado, principalmente
fármacos e cosméticos, que o setor desconhece;
Melhoria da qualidade dos produtos ao longo da cadeia produtiva;
Incentivo e capacitação para o cooperativismo/associativismo. Haja vista que,
devido à natureza da atividade, baseada no (agro) extrativismo e coleta, pequenas
unidades de produção são geradas, e a comercialização de PFNM tem
demonstrado ser a melhor alternativa para eliminar os atravessadores mediante
163
criação de associações comunitárias e cooperativas, proporcionando preço mais
justo aos envolvidos nesta atividade;
Capacitação em técnicas de gerenciamento;
Busca de novos mercados: criação e/ou participação dos agentes em feiras e
eventos para os produtos não madeireiros, seja no âmbito local, quanto no
estadual e até nacional, com apoio público e privado;
Melhorias na infraestrutura de comercialização dos produtos: construção e/ou
reforma das feiras e mercados municipais, assim como das feiras do produtor;
Melhoria e manutenção de estradas e rodovias, permitindo acesso e escoamento
da produção;
Ampliação da modalidade de Ensino para Jovens e Adultos (EJA), pois o baixo
nível de escolaridade apresentado pelos agentes mercantis, principalmente dos
setores citados nos entraves, implica na falta de informações técnicas e de
capacitação a respeito do manejo e otimização da produção de PFNM;
Investimentos e capacitação direcionados para agregação de valor aos produtos,
fazendo com que os agroextrativistas aumentem seu interesse por estas atividades;
Ampliação e/ou fortalecimento do Programa de Fortalecimento a Agricultura
Familiar, tanto através dos programas de concessão de crédito, quanto pelos
Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e alimentação escolar,
Valoração e valorização dos produtos não madeireiros: como por exemplo, a
criação de certificação orgânica;
Maior investimento integrado (entre Secretarias e Ministérios) em Ciência e
Tecnologia (C&T) para produzir informações, assim como em Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) para garantir qualidade e completar o entendimento
sobre as cadeias de produção. Pois, precisa-se criar um modelo de
desenvolvimento sustentável que mantenha a floresta em pé e que ainda gere
crescimento econômico;
Apoios institucionais formais direcionados para atividades extrativistas;
Organização de seminários na RI com agentes mercantis, principalmente os
agroextrativistas, convidados de fora da região, técnicos, representantes de
instituições publicas (municipal, estadual e nacional), a fim de interagirem na
formulação de planos de trabalho, em que as partes envolvidas relatem as
dificuldades encontradas nas cadeias dos não madeireiros (produção, distribuição
164
e comercialização), assim como, as potencialidades, com intuito de traçar
objetivos a serem atingidos, definir metas e potencializar resultados;
Fomento aos Arranjos Produtivos Locais (APLs) existentes na região estudada.
165
7 REFERÊNCIAS
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168
APÊNDICES
169
170
APÊNDICE A – Questionário aplicado junto aos agentes mercantis
Entrevistador _________________ Nº ________ Nº entrevista: _______
Estudo sobre a Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros no
Estado do Pará
Entrevista com Agentes Mercantis
O objetivo da pesquisa é obter informações sobre as cadeias de comercialização dos principais
produtos da região, com o intuito de estudar as potencialidades da economia regional. Todas
as informações obtidas nessa pesquisa são de caráter sigiloso e anônimo e servirão para
finalidades científicas.
Nome do entrevistador: ______________________________________Data: ___________
Município:___________________________Localidade:_____________________________
GPS Nº ___ : S _____ o _____´ _____” W _____ o _____´ _____” Obs.: ________________
Nome do entrevistado / da empresa: _______________________________________________
Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ________________________________________
Categoria:
a. Indústria/Empresa ( )
b. Intermediário ( )
c. Produtor ( )
a. Empresa: Matriz ( )
Filial ( )
Nome / local da matriz: ___________________________________________________________
Tempo de trabalho no ramo / no local: _______________________________________________
b. Intermediário: Nascido em: ____________________________________________________
Profissão anterior: _______________________________________________________________
Profissão paralela: _______________________________________________________________
c. Produtor: Nascido em: _________________________________________________________
Local / tamanho do lote: __________________________________________________________
Descrever atividades extrativas (locais, técnicas usadas no manejo, equipamentos,
negociações, acesso/controle, etc.)_______________________________________________
Qual é a infra-estrutura que dispõe?
Armazéns (número, capacidade): _____________________________________________________
Meios de transporte (tipo, número, capacidade): _________________________________________
Máquinas e Equipamentos (tipo, número, capacidade): ____________________________________
Tem problemas com capacidade de armazenamento, com os equipamentos/ maquinário?
Quais?_________________________________________________________________
Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)?
________________________________________________________________________________
171
Como é o tempo de trabalho (ano inteiro, períodos, tempo integral / parcial etc.)?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Qual é o valor pago aos trabalhadores em média (por categoria, por mês, diária, por
empreitada (descrever), etc.)?
_______________________R$ _________/_________
_______________________R$ _________/_________
Existem outros que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)?
___________________________________________________________________________
Informações para contato (endereço e telefone do entrevistado):
___________________________________________________________________________
O que é necessário para melhorar sua capacidade produtiva?
___________________________________________________________________________
Observações Gerais (manejo, transporte, negociações, financiamento, assistência técnica,
etc.): ____________________________________________________________________
Categoria
do
agente
entrevistado
C/V1
MercaQuant.
doria
De quem ? / Para quem?
Preço
Formas
Quando/
Unid. Período/ por
de
Município/
Nome Categoria
mês
Unid.
Pagamento2
Estado
1) (C) Comprado (V) Vendido
2) (AV) A vista (NF) Na folha
3) (F) Financiamento (T) Transporte
(B1) Beneficiamento nível 1 (primário)
(B2) Beneficiamento nível 2 (extração)
(AP) A prazo (F) Fiado (T) Troco
(B3) Beneficiamento nível 3 (processamento)
(C) Classificação
(A) Armazenagem
(E) Embalagem
Serviços
prestados3
172
APÊNDICE B- Produtos florestais não madeireiros identificados, usos, espécies e partes
utilizadas nas cadeias de comercialização da Região de Integração Guamá, no período de
2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
173
APÊNDICE C- Imagens capturadas nos municípios da Região de Integração Guamá.
Foto 1- Caixas de abelha.
Foto 2- Equipamento utilizado no processamento
do mel.
Foto 3- Cestos, paneiros e rasas, utilizados na Foto 4- Embalagens para acondicionamento do
comercialização de vários produtos.
mel.
Foto 5- Artesanato de miriti no município de São
Francisco.
Foto 6- Pulseira confeccionada com sementes de
espécies florestais e frutíferas.
174
Foto 7- O fruto do cupuaçu é coletado e juntado
para comercialização na forma de polpa ou in
natura.
Foto 8- Processo manual de remoção da polpa do
cupuaçu.
Foto 9- Embalagem de comercialização da polpa Foto 10- Armazenamento e acondicionamento da
do cupuaçu.
polpa.
Foto 11- Comercialização dos frutos na beira da
estrada.
Foto 12- Cupuaçu sendo comercializado em
feiras do município.
175
Foto 13- Comercialização de carvão no
município de Colares.
Foto 14- Lenha utilizada para produção do
carvão (nos fornos de barro).
Foto 15- Forno utilizado para queima de carvão.
Foto 16- Carvão embalado para comercialização.
Foto 17- Carvão sendo despachado pelo
atravessador nos pontos de venda.
Foto 18- Frutos de tucumã.
176
Foto 19– Comercialização de remédios caseiros
feitos a base de plantas medicinais.
Foto 20– Canteiro de plantas medicinais no
quintal de um produtor.
Foto 21– Cascas de unha de gato.
Foto 22– Sementes de andiroba coletadas para
comercialização.
Foto 23– Óleos medicinais.
Foto 24– Casca de jatobá
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Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não