7º UNICULT
O CARTEIRO
Autor(es)
KARINE OLIVEIRA DA CUNHA
Desenvolvimento
Pseudônimo: Violinista
O CARTEIRO
O vento assoprava a cortina de cetim que flutuava pela janela, na sala de estar, o piano ao seu lado, as fotos dos netos preenchiam os
espaços na estante, alguns vasos de flores também faziam parte daquela decoração, o violino ali no canto em cima do móvel,
esperando que o seu tocar junto ao piano se envolvessem formando em uma bela melodia, lá fora no jardim da casa a menina
balançava e a cada volta expressava-se em um sorriso para avó, cuidavam juntas das flores do jardim, pois logo o fim das férias viria e
voltaria para casa.
Sentaram-se no piano e o tocar insistia em fazer parte de toda a sala de estar; a lareira e em uma estante antiga cheia de livros no meio
de tantos, aquele estava. . .
“Pois certo dia recebeu uma carta amiga. . .
Com o passar do tempo elas não pararam mais de chegar, algumas traziam poemas, versos, a cada palavra iam demonstrando
sentimentos de um amigo em secreto.
E assim foi por várias primaveras, Leslin fazia parte de seus pensamentos, ela era seu primeiro amor.
Sentado na sua escrivaninha de frente a janela, ficava horas escrevendo a aquela que fazia parte de seus sentimentos agora e que
morava na Rua das Flores, ficava a pensar na sua querida Leslin. Descrevia naquelas linhas seu amor secreto, versos, todo seu
sentimento por ela.
- Filho! Venha o jantar já está servido, você fica aí tantas horas escrevendo.
A mãe chegou na porta do quarto o olhava com carinho, seu filho havia crescido e conhecera seu primeiro amor.
- Filho o que está fazendo?
- Estou escrevendo o que sinto mamãe.
- Mas, meu bem, você já mandou tantas. . .
Dono de uma esperança única, não queria deixar passar um instante em que não pensasse no seu grande amor.
Numa manhã de domingo, o dia estava chuvoso, Leslin olhou pela janela da floricultura e esperava sua carta “amiga”. O carteiro
atravessou a rua vinha em direção a floricultura mas entregou apenas no comércio vizinho.
Desanimada voltou para casa, começou a escrever em seu diário. . .
Leslin com dezesseis anos gostava de escrever poemas ,sempre estava ali sentada embaixo de uma árvore que ficava na beira de um
riacho bem próximo de sua casa escrevendo versos, queria fazer letras e ser escritora também, gostava desde de pequena das historias
que sua mãe lhe contava, ainda se lembrava com carinho das historias infantis que se faziam tão presentes.
Todos os dias de bicicleta percorria todo o caminho com seu cachorrinho na cestinha, até a floricultura dos pais.
Após alguns dias, recebeu outra carta, aqueles versos se tornavam especiais, tinha seu namorado secreto.
Meses, anos iam se passando.
A mãe se admirava que o filho gostasse tanto de alguém secreto, mas faltava coragem a Augusto de dizer a ela sobre seu sentimento.
Leslin também tinha agora seu primeiro amor, algumas vezes o esperou, mas sempre lhe faltou coragem.
Numa tarde quando fechava a floricultura junto a seu pai, o carteiro lhe entregou mais uma carta, Leslin a segurou com carinho, o
carteiro tinha sua idade, moço acanhado, e foi –se embora com outras cartas à mão.
Certo dia combinaram de se encontrar mas seu primeiro amor não apareceu, Leslin voltou para casa, resolveu não mais esperar.
O tempo se passou. . .
E as cartas pararam de chegar, nem um sinal.
Um dia, à sua porta outro carteiro estava, deixou algumas cartas para sua mãe. Leslin, ao seu lado, insistia se havia algo para ela.
Apressado, disse que não, desaparecendo na Rua das Flores.
Após alguns anos resolveu ir para Capital estudar, iria para a faculdade viajaria na próxima semana, pegou tudo que havia recebido e
guardou, muitas eram as cartas, as lembranças, eram linhas que passaram a fazer parte de seus pensamentos, seu primeiro amor, não
queria perdé-lo, durante muitos dias ficou ali à janela esperando, aquele carteiro que vinha com passos apressados, e que trazia aquela
carta de um amor que agora passara a fazer parte de seus pensamentos. Sempre ficava a imaginar quem seria aquele que um dia
conquistou seus pensamentos através de doces palavras.
Assim muitas primaveras se passaram, queria saber daquele amor, sempre ficava a espera de uma carta,mas elas nunca mais chegaram
e Leslin assim com o passar do tempo naquele amor não mais pensou.
Se formou em Letras, lançou alguns livros também se dedicava as aulas de piano, nas férias foi passar alguns dias na casa de seus
pais, no caminho Leslin com um livro a mão ia olhando com saudade de todo aquele lugar onde passara toda infância, passeando em
meio a tanto verde; agora tinha seu livro de poemas e versos.
Em meio a tanta gente, um rapaz esbarrou nela derrubando seu livro, em meio a tantas malas, se abaixaram para pegar, ele olhou
profundamente dentro de seus olhos, ficaram ali por algum instante.
- Me desculpe deixa que eu te ajudo.
- Obrigado.
Levantaram-se, e ainda continuavam a se olhar, ele parecia querer lhe dizer algumas palavras, segurou sua mão, sentiam que nada
existia ao redor apenas os dois naquele momento, de repente Leslin sentiu o soltar daquelas mãos e não queria perder aquele olhar, ele
virou-se e caminhou em meio à multidão.
Leslin não sabia o que era, mas não queria perder o que havia sentido, gritou para ele:
- Ei! Moço! Qual é seu nome?
Não teve resposta, e via que todos se afastavam cada um em uma direção e não mais o viu.
Então pegou sua mala e caminhou, quando uma voz lhe gritou.
- Meu nome é Augusto!
Virou-se e ele vinha em seu encontro.
Chegando até ela lhe disse:
- Minha doce Leslin!
Leslin ficou surpresa ao ouvir estas palavras.
- O que disse! –surpreendeu-se Leslin.
- Sou eu minha doce Leslin! Seu namorado secreto.
-Mas você era o. . .!
- Sim, o carteiro! - por um instante, aqueles sentimentos voltaram, e Leslin ficou sem palavras, quando então lhe sorriu.
Augusto iria ser médico havia ido morar com parentes para se dedicar aos estudos e agora finalmente havia encontrado novamente
aquela que foi seu primeiro amor, um abraço forte os envolveu e trouxe de volta aqueles sentimentos guardados durante várias
primaveras.
Casaram-se e o amor que agora sentiam eram ainda mais forte. . .”
A senhora levantou-se do piano, a lareira se apagou, junto a neta foi até a grande estante antiga e entre tantos livros pegou aquele que
foi seu primeiro Conto, e de mão dada a neta o segurou com carinho. . .
A menina abriu o livro e na contra capa estava escrito.
“ Com amor ao meu primeiro amor Augusto o carteiro!”
Fim
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