ALIMENT_CAPA_VERT
9/22/05
PROGRAMA REVIZEE
Bolsista DTI/CNPq – REVIZEE – IOUSP
[email protected]
Elizabeti Yuriko Muto
Pesquisadora – REVIZEE – IOUSP
[email protected]
Gabriela Rodrigues Vera
Bolsista DTI/CNPq – REVIZEE – IOUSP
[email protected]
Maria Helena Carvalho da Silva
Bolsista DTI/CNPq – REVIZEE – IOUSP
[email protected]
Sabrina Sobral Marchetto Leite
Bolsista ITI/CNPq – REVIZEE – IOUSP
[email protected]
E
feitos decorrentes da atividade pesqueira nos ecossistemas, evidenciados por modificações na composição, abundância, diminuição do tamanho e do nível trófico das espécies capturadas, tem sido amplamente divulgados na literatura corrente.
Levando em conta a carência de informações sobre as principais fontes de energia para o
ecossistema da plataforma externa e talude da região sudeste, os autores do trabalho ora
divulgado, investigaram os hábitos alimentares de nove espécies de peixes que se destacaram, em têrmos de abundância e biomassa na região: Beryx splendens, Bembrops heterurus,
Caelorhinchus marinii, Malacocephalus occidentalis, Helicolenus lahillei, Lophius gastrophysus,
Polymixia lowei, Trichiurus lepturus e Zenopsis conchifera.
Os resultados mostram claramente que a maior parte destes organismos dependem, para
sua manutenção, da fauna pelágica (peixes mesopelágicos, peixes pelágicos, lulas e crustáceos) e, em menor escala, de invertebrados bentônicos (ofiuróides, poliquetas e crustáceos
decapódes).
São apresentadas e discutidas as principais interações tróficas das e entre as espécies
analisadas. As informações apresentadas são de fundamental importância para a identificação do papel trófico de cada uma das espécies e para a compreensão da estrutura e funcionamento do ecossistema de profundidade.
Ministério do Meio Ambiente
SÉRIE DOCUMENTOS REVIZEE – SCORE SUL
Doris Graziela Navarro
Page 1
Instituto Oceanográfico – USP
[email protected]
Alimentação e relações tróficas de peixes demersais da plataforma continental externa e talude superior da Região Sudeste-Sul do Brasil
PROGRAMA REVIZEE
8:27 AM
Carmen L. D. B. Rossi-Wongtschowski
Alimentação e relações tróficas
de peixes demersais da plataforma
continental externa e talude superior
da Região Sudeste-Sul do Brasil
Elizabeti Yuriko Muto
Maria Helena Carvalho da Silva
Gabriela Rodrigues Vera
Sabrina Sobral Marchetto Leite
Doris Graziela Navarro
Carmen L.D.B. Rossi-Wongtschowski
C
onstam deste volume da Série Documentos
REVIZEE Score-Sul: os resultados da identificação dos recursos alimentares utilizados por 9
espécies de peixes abundantes na plataforma
externa e talude da Região Sudeste-Sul; as variações espaciais e temporais na composição de
suas dietas e as principais interações tróficas das
espécies analisadas. Foram detectadas as principais vias do fluxo de energia por elas utilizadas.
SÉRIE DOCUMENTOS REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 1
Alimentação e relações tróficas de
peixes demersais da plataforma
continental externa e talude superior
da Região Sudeste-Sul do Brasil
Elizabeti Yuriko Muto
Maria Helena Carvalho da Silva
Gabriela Rodrigues Vera
Sabrina Sobral Marchetto Leite
Doris Graziela Navarro
Carmen L.D.B. Rossi-Wongtschowski
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 2
Comitê Executivo do Programa REVIZEE
Comissão Interministerial para os Recursos do Mar – CIRM
Ministério do Meio Ambiente – MMA
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
Ministério de Minas e Energia - MME
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA
Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT
Marinha do Brasil – MB
Ministério da Educação – MEC
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca – SEAP
Ministério das Relações Exteriores – MRE
Programa REVIZEE – Score Sul
Coordenador: Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski - IOUSP
Vice Coordenador: Lauro Saint Pastous Madureira – FURG
Série Documentos REVIZEE – Score Sul
Responsável – Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski
Comissão Editorial
Jorge Pablo Castello – FURG
Paulo de Tarso Cunha Chaves – UFPR
Sílvio Jablonski – UERJ
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Alimentação e relações tróficas de peixes demersais da plataforma continental
externa e talude superior da Região Sudeste-Sul do Brasil / Elizabeti
Yuriko Muto… (et al.). — São Paulo : Instituto Oceanográfico — USP,
2005. — (Série documentos Revizee : Score Sul / responsável Carmen
Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski)
Outros autores: Maria Helena Carvalho da Silva, Gabriela Rodrigues
Vera, Sabrina Sobral Marchetto Leite, Doris Graziela Navarro, Carmen Lúcia
Del Bianco Rossi-Wongtschowski
Bibliografia.
ISBN 85-98729-12-4
1. Peixes — Alimentação e alimentos 2. Peixes demersais 3. Prospecção
pesqueira 4. Recursos pesqueiros 5. Zona Econômica Exclusiva (Direito do
mar) I. Muto, Elizabeti Yuriko. II. Silva, Maria Helena Carvalho da. III. Vera,
Gabriela Rodrigues. IV. Leite, Sabrina Sobral Marchetto. V. Navarro, Doris
Graziela, VI. Rossi-Wongtschowski, Carmen Lúcia Del Bianco. VII. Série.
05-6876
CDD-551.460709162
Índices para catálogo sistemático:
1. Peixes demersais : Alimentação e relações tróficas :
Plataforma continental externa e talude superior : Região
Sudeste-Sul : Zona Econômica Exclusiva da Região
551.460709162
Impresso no Brasil – Printed in Brazil 2005
SÉRIE REVIZEE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 3
SUMÁRIO
Apresentação do Programa Revizee . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
Resumo, Abstract e Palavras-chave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Material e Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
Resultados e Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
Comparações Intra-específicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
Beryx splendens Lowe, 1834, Família Berycidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
Bembrops heterurus (Miranda Ribeiro, 1903), Família Percophidae . . . . . . . . . . . . . .24
Caelorinchus marinii Hubbs, 1934, Família Macrouridae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
Malacocephalus occidentalis Goode & Bean, 1885, Família Macrouridae . . . . . . . . .30
Helicolenus lahillei Norman, 1937, Família Scorpaenidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
Polymixia lowei Günter, 1859, Família Polymixiidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36
Lophius gastrophysus Miranda Ribeiro, 1915, Família Lophiidae . . . . . . . . . . . . . . . .39
Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758, Família Trichiuridae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
Zenopsis conchifera Lowe, 1852, Família Zeidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
Comparações Interespecíficas (talude) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
Anexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
3
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
4
9/22/05
8:31 AM
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
Page 4
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 5
APRESENTAÇÃO DO
PROGRAMA REVIZEE
Rudolf de Noronha
Diretor do Programa de
Gerenciamento Ambiental
Territorial – SQA/MMA
Os ambientes costeiros e oceânicos contêm a maior parte da biodiversidade disponível no planeta. Não obstante, grande parte desses sistemas vem passando por algum tipo de pressão antrópica, levando populações de importantes recursos pesqueiros, antes
numerosas, a níveis reduzidos de abundância e, em alguns casos, à ameaça de extinção.
Observam-se, em conseqüência, ecossistemas em desequilíbrio, com a dominância de espécies de menor valor comercial, ocupando os nichos liberados pelas espécies sobreexplotadas, o que representa uma séria ameaça ao desenvolvimento sustentável.
Tal situação levou a comunidade internacional a efetuar esforços e pactuar normas
para a conservação e exploração racional das regiões costeiras, mares e oceanos, plataformas continentais e grandes fundos marinhos, destacando-se a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e o Capítulo 17 da Agenda 21 (Proteção dos Oceanos, de Todos
os Tipos de Mares e das Zonas Costeiras, e Proteção, Uso Racional e Desenvolvimento de
seus Recursos Vivos), além da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica. O Brasil é
parte destes instrumentos, tendo participado ativamente da elaboração de todos eles, revelando seu grande interesse e preocupação na matéria.
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – CNUDM, ratificada por
mais de 100 países, é um dos maiores empreendimentos da história normativa das relações internacionais, dispondo sobre todos os usos, de todos os espaços marítimos e oceânicos, que ocupam mais de 70% da superfície da Terra. O Brasil assinou a CNUDM em 1982
e a ratificou em 1988, além de ter incorporado seus conceitos sobre os espaços marítimos
à Constituição Federal de 1988 (art. 20, incisos V e VI), os quais foram internalizados na legislação ordinária pela Lei No 8.617, de 4 de janeiro de 1993. A Convenção encontra-se em
vigor desde 16 de novembro de 1994.
A Zona Econômica Exclusiva (ZEE) constitui um novo conceito de espaço marítimo
introduzido pela Convenção, sendo definida como uma área que se estende desde o limite exterior do Mar Territorial, de 12 milhas de largura, até 200 milhas náuticas da costa, no
caso do nosso País. O Brasil tem, na sua ZEE de cerca de 3,5 milhões de km2, direitos exclusivos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito e seu
subsolo, bem como para a produção de energia a partir da água, marés, correntes e ventos.
Ao lado dos direitos concedidos, a CNUDM também demanda compromissos aos
Estados-partes. No caso dos recursos vivos (englobando os estoques pesqueiros e os demais recursos vivos marinhos, incluindo os biotecnológicos), a Convenção (artigos 61 e 62)
estabelece que deve ser avaliado o potencial sustentável desses recursos, tendo em conta
os melhores dados científicos disponíveis, de modo que fique assegurado, por meio de medidas apropriadas de conservação e gestão, que tais recursos não sejam ameaçados por
um excesso de captura ou coleta. Estas medidas devem ter, também, a finalidade de restabelecer os estoques das espécies ameaçadas por sobreexploração e promover a otimização do esforço de captura, de modo que se produza o rendimento máximo sustentável dos
recursos vivos marinhos, sob os pontos de vista econômico, social e ecológico.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
5
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 6
Para atender a estes dispositivos da CNUDM e a uma forte motivação interna, a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar – CIRM aprovou, em 1994, o Programa REVIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva),
destinado a fornecer dados técnico-científicos consistentes e atualizados, essenciais para
subsidiar o ordenamento do setor pesqueiro nacional.
Iniciado em 1995, o Programa adotou como estratégia básica o envolvimento da
comunidade científica nacional, especializada em pesquisa oceanográfica e pesqueira,
atuando de forma multidisciplinar e integrada, por meio de Subcomitês Regionais de Pesquisa (SCOREs).Em razão dessas características, o REVIZEE pode ser visto como um dos programas mais amplos e com objetivos mais complexos já desenvolvidos no País, entre aqueles voltados para as ciências do mar, determinando um esforço sem precedentes, em termos da provisão de recursos materiais e da contribuição de pessoal especializado.
Essa estratégia está alicerçada na subdivisão da ZEE em quatro grandes regiões, de
acordo com suas características oceanográficas, biológicas e tipo de substrato dominante:
1. Região Norte – da foz do rio Oiapoque à foz do rio Parnaíba;
2. Região Nordeste – da foz do rio Parnaíba até Salvador, incluindo o arquipélago de
Fernando de Noronha, o atol das Rocas e o arquipélago de São Pedro e São Paulo;
3. Região Central – de Salvador ao cabo de São Tomé, incluindo as ilhas da Trindade e
Martin Vaz;
4. Região Sul – do cabo de São Tomé ao Chuí.
Em cada uma dessas regiões, a responsabilidade pela coordenação e execução do
Programa ficou a cargo de um SCORE, formado por representantes das instituições de pesquisa locais e contando, ainda, com a participação de membros do setor pesqueiro regional.
O processo de supervisão do REVIZEE está orientado para a garantia, em âmbito nacional, da unidade e coerência do Programa e para a alavancagem de meios e recursos, em
conformidade com os princípios cooperativos (formação de parcerias) da CIRM, por meio
da Subcomissão para o Plano Setorial para os Recursos do Mar – PSRM e do Comitê Executivo para o Programa. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, esse fórum é composto pelos seguintes representantes: Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ministério da Educação (MEC), Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT), Marinha do Brasil (MB/MD), Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Bahia Pesca S.A. (empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, coordenador operacional do REVIZEE.
A presente edição integra uma série que traduz, de forma sistematizada, os resultados do Programa REVIZEE para as suas diversas áreas temáticas e regiões, obedecendo às seguintes grandes linhas: caracterização ambiental (climatologia, circulação e massas d’água,
produtividade, geologia e biodiversidade); estoques pesqueiros (abundância, sazonalidade, biologia e dinâmica); avaliação de estoques e análise das pescarias comerciais; relatórios regionais, com a síntese do conhecimento sobre os recursos vivos; e, finalmente, o Sumário Executivo Nacional, com a avaliação integrada do potencial sustentável de recursos
vivos na Zona Econômica Exclusiva.
A série,contudo,não esgota o conjunto de contribuições do Programa para o conhecimento dos recursos vivos da ZEE e das suas condições de ocorrência. Com base no esforço de pesquisa realizado, foram, e ainda vêm sendo produzidos, um número significativo
de teses, trabalhos científicos, relatórios, apresentações em congressos e contribuições em
reuniões técnicas voltadas para a gestão da atividade pesqueira no país, comprovando a
relevância do Programa na produção e difusão de conhecimento essencial para a ocupação ordenada e o aproveitamento sustentável dos recursos vivos da ZEE brasileira.
6
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 7
PREFÁCIO
Carmen Lúcia Del Bianco
Rossi-Wongtschowski
Coordenadora do
Score Sul – IOUSP
No final da década de 60, devido à drástica redução da grande maioria dos estoques pesqueiros, os estudos sobre o fluxo de energia em vários ecossistemas, realizados
através da análise da dieta dos peixes, ganhou enorme importância porque propiciou
informações sobre o impacto de mudanças ecológicas e da pesca sobre esses estoques.
A análise da dieta permite estabelecer modelos quantitativos das interações tróficas de um ecossistema, ou seja avaliar a interdependência dos vários organismos componentes desse ecossistema quanto ao seu suprimento alimentar. Por sua vez, os hábitos alimentares influem diretamente sobre o crescimento e a reprodução dos seres vivos, uma
vez que estes processos dependem da energia e dos nutrientes provindos da alimentação.
Este volume da Série REVIZEE, Score-Sul, traz os resultados da análise da ecologia
alimentar de 9 espécies de peixes demersais, abundantes na ZEE da região sudeste: Beryx
splendens, Bembrops heterurus, Caelorhinchus marinii, Malacocephalus occidentalis,
Helicolenus lahillei, Lophius gastrophysus, Polymixia lowei, Trichiurus lepturus e Zenopsis
conchifera. Para estas espécies, que habitam preferencialmente a plataforma externa e o
talude, os principais recursos alimentares foram: pequenos peixes teleosteos, principalmente mesopelágicos como o peixe-lanterna, os engraulídeos, a merluza, lulas, crustáceos,
ofiuróides e poliquetos. Estes recursos são explorados pelos peixes de forma diferenciada
sendo indispensáveis para a manutenção da trama trófica do sistema de profundidade e
para a produção secundária, em especial para os estoques pesqueiros aí presentes.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
7
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
8
9/22/05
8:31 AM
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
Page 8
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 9
RESUMO, ABSTRACT E
PALAVRAS-CHAVE
Resumo
A ecologia alimentar de nove espécies abundantes na Zona Econômica Exclusiva
(ZEE) da região Sudeste-Sul do Brasil foi avaliada através da análise de conteúdos estomacais de exemplares coletados com rede de arrasto de fundo nos períodos de inverno/ primavera de 2001 e 2002 e verão/outono de 2002, durante os cruzeiros de prospecção pesqueira de recursos demersais do Programa REVIZEE. As espécies, objeto do presente estudo,
foram Beryx splendens,Bembrops heterurus,Caelorhinchus marinii,Malacocephalus occidentalis, Helicolenus lahillei, Lophius gastrophysus, Polymixia lowei, Trichiurus lepturus e Zenopsis
conchifera. Os principais recursos alimentares utilizados por essas espécies foram peixes teleósteos, crustáceos, cefalópodes e ofiuróides. Dentre os cefalópodes identificados, predominaram as lulas dos gêneros Loligo e Illex, que foram especialmente importantes na dieta
desses peixes no período de verão/outono.O sarrão H.lahillei apresentou uma dieta bastante heterogênea, consumindo invertebrados bentônicos (ofiuróides, poliquetas e decápodes) e nectônicos (lulas), além de peixes pelágicos. Embora todas as espécies, em maior
ou menor grau, tenham consumido peixes, as espécies de presas utilizadas foram distintas.
O peixe-sapo (L.gastrophysus) explorou principalmente espécies de hábitos demersais, destacando-se a merluza. Na plataforma externa, o peixe-espada T.lepturus consumiu principalmente engraulídeos e carangídeos. O peixe-galo Z.conchifera se alimentou de espécies mesopelágicas, representadas por Maurolicus stehmanni, mictofídeos (peixe-lanterna) e bregmacerotídeos.Em determinadas épocas do ano e locais, esses mesmos recursos alimentares
foram compartilhados com B.splendens,C.marinii,H.lahillei e P.lowei. Os crustáceos decápodes foram os principais recursos bentônicos utilizados, especialmente por B. heterurus e M.
occidentalis.Os isópodes também foram importantes para o macrurídeo C.marinii, e os crustáceos pelágicos (eufausiáceos) para P. lowei. Os resultados apontam a importância da cadeia de detrito para as espécies analisadas, assim como a da fauna pelágica para a manutenção da trama trófica do sistema de profundidade. As principais interações tróficas entre
as espécies analisadas são discutidas.
Palavras-chave
Alimentação, interações tróficas, peixes demersais, ZEE, Sudeste-Sul do Brasil.
Abstract
The feeding ecology of nine abundant species of the Economic Exclusive Zone
(EEZ) of the Southeastern and Southern Brazil was evaluated through stomach content
analyses.The sampling was carried out through bottom otter trawl during winter/spring of
2001 and 2002, and summer/autumn of 2002. The studied species were Beryx splendens,
Bembrops heterurus, Caelorhinchus marinii, Malacocephalus occidentalis, Helicolenus lahillei,
Lophius gastrophysus, Polymixia lowei, Trichiurus lepturus, and Zenopsis conchifera. Teleostei
fish, crustaceans, cephalopods and ophiuroids were the main food items for those species.
Squids of the genus Loligo and Illex were important on the diet of some species during
summer/autumn periods, mainly for B. splendens and H. lahillei. The diet of H. lahillei was
rather diverse due to the consumption of benthic (ophiuroids, polychaetes, and decapods)
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
9
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 10
and nektonic invertebrates (squids), as well as pelagic fish. Although all species analyzed
had consumed fish in different proportions, fish prey species varied. While L. gastrophysus
fed mainly on demersal species (hake), the cutlassfish T. lepturus consumed mainly
engraulids and carangids. In general, the silvery dory Zenopsis conchifera consumed
mesopelagic fish such as Maurolicus stehmanni, myctophids (lantern fish), and
bregmacerotids. These resources were explored by B. splendens, C. marinii, H. lahillei, and P.
lowei in some periods of the year and regions. Decapods crustaceans were the principal
benthic prey, especially for B. heterurus and M. occidentalis. Isopods were also important on
the diet of the grenadier C. marinii, and pelagic crustaceans (euphausiids) for P. lowei. The
results point out the importance of detritus chain as well as the pelagic fauna to the
maintenance of the deep food web. The main trophic relationships among the species are
discussed.
Key-words
Diet, trophic interactions, demersal fish, EEZ, Southeastern and Southern Brazil.
10
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 11
INTRODUÇÃO
N
o final da década de 60, devido à rápida redução de importantes estoques pesqueiros, o conhecimento do fluxo energético através de estudos da dieta dos peixes em determinado ecossistema ganhou singular importância, com o objetivo
de se avaliar o impacto das mudanças ecológicas e da sobrepesca no tamanho desses estoques (Gasalla & Soares, 2001).
A análise da composição da dieta é uma importante ferramenta para que se estabeleça um modelo quantitativo das interações tróficas no ecossistema, relacionando os organismos às características abióticas de seu ambiente e ilustrando a interdependência dos
mesmos em relação ao seu suprimento alimentar. Os hábitos alimentares influem no crescimento e na reprodução dos seres vivos, uma vez que esses processos dependem da energia e dos nutrientes gerados pela atividade alimentar (Wooton, 1990; Gerking, 1994).
Numerosos estudos enfocando a dieta de peixes demersais foram desenvolvidos
nas últimas décadas para a Região Sudeste do Brasil. Em nível de comunidade, podemos citar os trabalhos realizados sobre a estrutura trófica da ictiofauna da plataforma continental
do litoral norte do Estado de São Paulo, em Ubatuba (Soares et al., 1993) e São Sebastião
(Rossi-Wongtschowski et al., 1997); e no Saco de Mamanguá, situado no litoral do Rio de Janeiro (Gasalla, 1995). Estudos sobre a organização trófica dos peixes no sistema de talude
ainda são incipientes, podendo-se citar Martins (2000), que analisou as interações tróficas
da assembléia de peixes demersais da Região Sul do Brasil.
Informações sobre a composição da dieta dos organismos são imprescindíveis na
elaboração de modelos tróficos de ecossistemas, sendo esses uma importante ferramenta
na avaliação das propriedades e da dinâmica do sistema analisado, permitindo simulações
do impacto causado pela exclusão de uma determinada espécie na comunidade. Através
do modelo ecotrófico de equilíbrio de biomassas (Ecopath com Ecosim), Velasco Canziani
(2004) avaliou os efeitos positivos e negativos causados pela pesca de pequenos peixes
pelágicos no ecossistema de plataforma do sul do Brasil. Nessa mesma região,Vasconcelos
& Gasalla (2001) verificaram que o nível trófico das espécies capturadas entre 1975-1979 e
1990-1994 não sofreu variação, uma vez que a depleção de importantes estoques pesqueiros demersais levou ao aumento da atividade pesqueira oceânica dirigida aos atuns e cações. A avaliação histórica da pesca na plataforma interna da Região Sudeste revela possíveis efeitos decorrentes da atividade pesqueira nessa região, evidenciados pela modificação da composição e abundância das espécies de peixes, e diminuição do tamanho e do
nível trófico médio das espécies capturadas (Gasalla, 2004). Essa autora recomenda um esforço científico para a compreensão dos mecanismos que regulam o ecossistema, principalmente nos níveis tróficos superiores.
Considerando-se a importância do conhecimento das principais fontes de energia
para a manutenção da produção secundária no ecossistema e da carência de informações
sobre a dieta de espécies abundantes no talude, o presente estudo se propôs a investigar
os hábitos alimentares de nove espécies de peixes que se destacaram em termos de abundância e/ou biomassa na Zona Econômica Exclusiva da região situada entre Cabo Frio (RJ)
e a Ilha de Santa Catarina (SC). Amostradas durante os cruzeiros de prospecção de peixes
com arrasto de fundo (REVIZEE, 2002), as espécies investigadas foram Beryx splendens,Bembrops heterurus, Caelorinchus marinii, Malacocephalus occidentalis, Helicolenus lahillei, Lophius gastrophysus, Polymixia lowei, Trichiurus lepturus e Zenopsis conchifera.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
11
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 12
Beryx splendens (Berycidae) é comumente encontrada em profundidades de 400 a
600 m, ocorrendo no Atlântico Oriental, do Golfo do Maine até o Golfo do México (Maul et al.,
1986). Na região estudada, a espécie foi capturada principalmente entre 300 e 600 m de
profundidade (REVIZEE, 2002). Embora a espécie também tenha ocorrido na plataforma, a
100 m de profundidade, sua abundância foi baixa.
Bembrops heterurus (Percophidae) ocorre no Atlântico Oeste, do norte do Rio de Janeiro até o Uruguai, e no Golfo de Guiné na costa leste do Atlântico (Das & Nelson, 1996).
Apresenta valor comercial e, segundo Menezes & Figueiredo (1985), ocorre de 80 a 200 m
de profundidade; entretanto, durante os cruzeiros de Prospecção Pesqueira de Recursos
Demersais – Programa REVIZEE – Score Sul, a espécie foi capturada entre 150 e 600 m de
profundidade (REVIZEE, 2002).
Lophius gastrophysus (Lophiidae), conhecida popularmente como peixe-sapo, habita águas do Rio de Janeiro à Argentina (Figueiredo & Menezes, 1978). Está entre as dez espécies mais abundantes na ZEE da Região Sudeste-Sul, na faixa de 100 e 600 m profundidade (REVIZEE, 2002).
O sarrão Helicolenus lahillei Norman, 1937 (Scorpaenidae) está entre as quatro espécies dominantes na faixa dos 600 m, com ocorrência a partir dos 300 m de profundidade
(REVIZEE, 2002). Essa espécie é um importante recurso pesqueiro nas regiões mais profundas do Atlântico e do Mediterrâneo (Allain, 2001). Segundo Figueiredo et al. (2002), a espécie ocorre no Atlântico Ocidental, do Rio Grande do Sul até a Argentina; no entanto, durante os cruzeiros de Prospecção de Recursos Demersais, essa espécie foi capturada no talude
entre Santa Catarina e Rio de Janeiro.
O peixe-espada Trichiurus lepturus (Trichiuridae) é uma espécie cosmopolita encontrada na plataforma continental de regiões tropicais e temperadas, até 350m de profundidade (Fischer, 1978; Nakamura & Parin, 1993). Nos cruzeiros de prospecção pesqueira de
peixes demersais, a espécie ocorreu entre os 100 e 300 m de profundidade, sendo
capturados apenas dois exemplares na faixa dos 400 m (REVIZEE, 2002). Sua distribuição e
migração estão condicionadas às variações das condições oceanográficas (Haimovici,
1996). Apresenta ampla distribuição, normalmente ocorre em águas com temperaturas
superiores a 15ºC, sendo que em temperaturas menores são encontrados somente
indivíduos adultos; águas com temperatura de 11ºC funcionam como uma barreira em sua
distribuição (Bellini, 1980; Baik & Park,1986; Haimovici et al.,1994; Haimovici, 1996; Martins
& Haimovici, 1997). Em alguns locais, sua pesca é bastante rentável. Nos últimos 30 anos,
na China, a espécie chegou a ser sobreexplotada, havendo uma diminuição de até 50% do
estoque (Lin, 1987; Kwok et al., 1999).
O peixe-galo Zenopsis conchifera (Zeidae) ocorre nos oceanos Atlântico e Índico, em
águas afastadas do litoral (Menezes & Figueiredo,1980).Sua distribuição está relacionada ao
movimento da Água Central do Atlântico Sul (ACAS) e, conseqüentemente, sua ocorrência
na plataforma continental apresenta variação sazonal (Natali Neto, 1994). O levantamento
da prospecção pesqueira de recursos demersais com rede de arrasto de fundo indicou a
espécie como uma das mais abundantes e com perspectivas rentáveis na Região SudesteSul do Brasil. A espécie ocorreu em todas as faixas de profundidade, no entanto, destacouse no período de inverno/primavera, entre 200 e 400 m de profundidade (REVIZEE, 2002).
A espécie Polymixia lowei pertence à família Polimixiidae, a qual apresenta representantes nas águas quentes do Atlântico, Indico e Pacífico. Habita desde a plataforma continental até o talude, ocorrendo até 770 m de profundidade (Hureau et al., 1986). Em biomassa, foi a espécie mais representativa nos cruzeiros de prospecção pesqueira com arrasto de fundo, destacando-se a partir da faixa dos 300 m (REVIZEE, 2002).
As duas espécies da família Macrouridae, Malacocephalus occidentalis e Caelorhinchus marinii, são vulgarmente conhecidas como peixe-com-cauda-de-rato. Malacocephalus
occidentalis ocorre em águas tropicais e águas temperadas quentes do Oceano Atlântico,
em profundidades de 200 a 600 m (Cohen et al.,1990).Na área investigada,a espécie foi capturada entre 400 e 600 m de profundidade (REVIZEE, 2002). Caelorinchus marinii ocorre no
12
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 13
Atlântico Sudoeste, do sul do Brasil à Antártica, entre 200 a 600 m de profundidade (Cohen
et al., 1990). Na ZEE foi capturada principalmente na faixa dos 300 a 600 m de profundidade,
sendo amostrados poucos exemplares em profundidades menores (REVIZEE, 2002).
Com relação à alimentação desses peixes, foram realizados estudos sobre a dieta de
Lophius gastrophysus na área de plataforma sudeste do Brasil, em Cabo Frio e Ubatuba
(Soares et al., 1993; Fagundes-Neto et al., 1995; Pucci, 2004). A alimentação do peixe-espada
Trichiurus lepturus na Região Sul foi analisada por Martins (1992), e na plataforma sudeste,
por Pucci (2004).
A escassez de informações sobre a ecologia alimentar da maioria das espécies citadas aponta a necessidade de um estudo detalhado sobre suas dietas. Essas informações
são de fundamental importância para a identificação do papel trófico de cada espécie e
para a compreensão da estrutura e funcionamento do ecossistema de profundidade. Portanto, são objetivos do presente trabalho: Identificar os recursos alimentares utilizados por
nove espécies de peixes abundantes da plataforma externa e talude superior da região de
Santa Catarina/Paraná e Rio de Janeiro/São Paulo; analisar as variações espaciais e temporais na composição de suas dietas; e avaliar as principais interações tróficas de modo a detectar as vias de fluxo de energia utilizadas por essas espécies.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
13
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
14
9/22/05
8:31 AM
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
Page 14
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 15
MATERIAL E MÉTODOS
Coleta de amostras e de dados
A área investigada abrangeu a plataforma externa e o talude da Região Sudeste-Sul
do Brasil, situada entre Cabo Frio (RJ) e Ilha de Santa Catarina (SC). Essa região foi amostrada em nove radiais paralelas à linha de costa, sendo as coletas realizadas entre 100 e 600 m
de profundidade (Fig. 1). Com base no mapa geomorfológico de relevo da margem continental sul do Brasil (PROJETO REMAC, 1979) foi traçada uma linha representativa da posição
da quebra da plataforma na área estudada, utilizada para a separação das estações de coleta localizadas na plataforma externa e no talude.
22º S
Cabo Frio
23º S
Santos
24º S
25º S
Paranaguá
26º S
ItajaÌ
27º S
200 m
600 m
28º S
50º W
49º W
48º W
47º W
46º W
45º W
44º W
43º W
42º W
Figura 1 – Mapa ilustrando as posições das estações de coleta. Linha vermelha = localização aproximada da
quebra da plataforma.
As espécies estudadas foram capturadas com rede de arrasto de fundo durante os
cruzeiros de Prospecção Pesqueira de Recursos Demersais na Plataforma Externa e
Talude da Região Sudeste-Sul, realizados com o N/Pq. “Soloncy Moura” do CEPSUL/
IBAMA. No total foram realizados 55 arrastos no período de inverno/primavera de 2001 e
inverno de 2002; e 56 arrastos no período de verão/outono de 2002 (Anexos 1 e 2).
O material foi coletado utilizando-se rede Balloom Trawl de 439 malhas, de 160 mm
na boca e 70 mm no sacador. O saco da rede foi forrado internamente com duas panagens,
uma intermediária de fio duplo com malha de 32 mm e outra interna de fio simples, com
malha de 27 mm entre nós opostos. Foram utilizadas portas retangulares do tipo Hydro de
550 kg cada. Os arrastos foram realizados durante 30 minutos à velocidade de dois nós.
Os peixes foram triados a bordo e armazenados na câmara fria da embarcação (-30°C)
para posterior manuseio em laboratório.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
15
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 16
Obtenção de dados biométricos e de amostras de estômagos
A amostragem biológica foi realizada nos laboratórios do Instituto Oceanográfico –
USP (São Paulo) e do Instituto de Pesca (Santos).
Foram obtidos os dados de comprimento total (CT, mm) e/ou comprimento-padrão
(CP, mm) e massa total (g) de cada exemplar. Para amostras grandes, foram realizadas subamostragens. Os estômagos foram retirados, pesados em balança analítica (g) e conservados em formalina 10% neutralizada. O conteúdo estomacal foi analisado em estereomicroscópio e os itens alimentares foram identificados em nível taxonômico o mais detalhado possível. As massas das presas foram obtidas por categorias taxonômicas.
Análise de dados
Os resultados sobre a dieta foram agrupados em duas áreas geográficas: Santa
Catarina – Paraná (SC/PR) e Rio de Janeiro – São Paulo (RJ/SP). As estações oceanográficas
foram reunidas em duas áreas batimétricas: plataforma continental externa (P) e talude (T).
A análise da dieta foi realizada utilizando-se a massa percentual (M%) e a freqüência de ocorrência (O%) (Berg, 1979; Hyslop, 1980), sendo:
Mi % = (massa da presa i/massa total de todas as presas) 100.
Oi % = (núm. de estômagos contendo a presa i/núm. total de estômagos analisados) 100.
Os estômagos vazios e os com alimento muito digerido foram desconsiderados da
análise.
A importância de cada presa i foi avaliada através do Índice Alimentar (IA%) de
Kawakami & Vazzoler (1980), modificado para massa segundo a fórmula:
IAi % = [Mi % Oi % / ∑ (Mi % Oi %)] 100
O Índice Alimentar foi calculado considerando-se categorias taxonômicas superiores (Foraminífera, Polychaeta, Ophiuroidea, Crustacea, Cephalopoda, outros Mollusca e Teleostei) e categorias taxonômicas detalhadas em vários níveis (ex: decapoda, amphipoda).
Esse índice também foi calculado considerando-se os grupos funcionais das presas,associados às categorias taxonômicas (Tab. 03) e foram apresentadas em figuras. A classificação
funcional dos invertebrados baseou-se em Boltovskoy (1981) e Rupper & Barnes (1996). Os
peixes foram classificados em bentônicos, demersais e pelágicos de acordo com Haimovici et
al. (1994) e Bullman et al. (2001). No presente trabalho, o termo utilizado por Haimovici et al.
(1994) – demersal-bentônico (para os peixes que se alimentam principalmente próximos
ao fundo) – foi referido como bentônico, e o termo – demersal-pelágico (aqueles que se
alimentam principalmente na coluna de água) – como demersal.O termo bento-pelágico
utilizado por Bullman et al. (2001) se refere aos peixes demersais. Quando não foi possível
a classificação das presas devido ao avançado grau de digestão, elas foram mantidas nas
categorias Crustacea, Cephalopoda, Mollusca e Teleostei não identificados.
Foram confeccionados gráficos com os valores do Índice Alimentar (IA%), representando as categorias taxonômicas com valores superiores a 5%. Os demais itens (IA% 5%)
foram agrupados na categoria “outros”.
Comparações intra e interespecíficas da dieta foram realizadas através de análise classificatória, utilizando-se o método de agrupamento UPGMA e o índice Porcentagem de Similaridade (Krebs,1999).A matriz de dados utilizada foi a do Índice Alimentar percentual,considerando-se as categorias taxonômicas superiores das presas (Polychaeta, Crustacea, Opiuroidea, Cephalopoda e Teleostei), devido à grande quantidade de alimento em estado avançado de digestão.Valores do índice superiores a 60 % foram considerados indicativos de alta similaridade
alimentar. Para essas análises foram utilizadas apenas amostras com mais de 10 exemplares.
Comparações intra-específicas das dietas entre as amostras de plataforma e talude,
através da análise de agrupamento, foram realizadas apenas para Trichiurus lepturus, uma
vez que essa foi a única espécie com amostras representativas na plataforma. Dessa forma,
as comparações interespecíficas se restringiram ao sistema de talude.
16
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 17
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de estômagos analisados, por espécie, época do ano e área de coleta
estão especificados na Tabela 1.
Tabela 1 – Número de estômagos com alimento utilizados para a análise da dieta das espécies. P= plataforma continental externa, T=talude. RJ/SP= Rio de Janeiro/São Paulo, SC/PR=Santa Catarina/Paraná.
ESPÉCIES
Inverno/Primavera
SC/PR
RJ/SP
Total
P
T
P
T
Verão/Outono
SC/PR
RJ/SP
P
T
P
T
Beryx splendens
Bembrops heterurus
Caelorinchus marinii
Helicolenus lahillei
Lophius gastrophysus
Malacocephalus occidentalis
Polymixia lowei
Trichiurus lepturus
Zenopsis conchifera
4
-
34
33
85
34
9
48
71
5
65
2
75
-
84
59
81
7
15
63
39
16
85
118
92
166
41
26
111
110
100
150
2
17
5
43
62
37
46
14
43
108
23
43
4
3
3
21
9
TOTAL
4
384
77
449
914
24
419
40
Total
TOTAL GERAL
11
65
31
19
20
57
169
2
13
58
130
68
65
39
100
277
63
70
176
222
234
106
65
211
387
163
220
387
870
1784
A lista taxonômica das presas identificadas nos conteúdos estomacais e a classificação das mesmas segundo o grupo funcional estão apresentadas nas Tabelas 2 e 3,
respectivamente.
Tabela 2 – Lista taxonômica das presas identificadas nos conteúdos estomacais das nove espécies de
peixes coletadas na Região Sudeste-Sul.
RHIZOPODA
Foraminifera
ANNELIDA
Polychaeta
Thyphloscolecidae
ECHINODERMATA
Ophiuroidea
CRUSTACEA
Copepoda
Ostracoda
Malacostraca
Euphausiacea
Decapoda
Brachyura
Megalopa de Brachyura
Leurocyclus tuberculosus
Anomura
Galatheidae
Munida constricta, Munida flinti, Munida forcepis
Munida irrasa, Munida longipes,
Munida sanctipauli, Munidopsis sp.
Paguridae
Palinuroidea
Caridea
Processidae
Leptochela sp.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
17
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 18
Penaeidea
Penaeidae
Peisos sp.
Amphipoda
Gammaridea
Hiperiidea
Cumacea
Isopoda
Flabellifera
Mysidacea
Stomatopoda
Tanaidacea
MOLLUSCA
Gastropoda
Cephalopoda
Teuthida
Myopsida
Loliginidae
Loligo sp.
Oegopsina
Ommastrephidae
Illex argentinus
Enoploteuthidae
Abralia sp., Abralia redfieldi, Enoploteuthis sp.
Octopoda
TELEOSTEI
Anguiliformes
Congridae
Clupeiformes
Engraulidae
Stomiiformes
Sternoptychidae
Maurolicus stehmanni, Chlorophthalmus agassizi
Aulopiformes
Chlorophthalmidae
Parasudis truculenta
Synodontidae
Saurida sp.
Myctophiformes
Myctophidae
Diaphus sp.
Polymixiiformes
Polymixiidae
Polymixia lowei
Gadiformes
Macrouridae
Caelorinchus marinii
Bregmacerotidae
Bregmaceros atlanticus, Bregmaceros cantori
Phycidae
Urophycis brasiliensis
Merlucciidae
Merluccius hubbsi
Beryciformes
Anoplogastridae
Anoplogaster cornuta
Zeiformes
Grammicolepididae
Xenolepidichthys dalgleishi
Macrurocyttidae
Zenion hololepis
Zeidae
Zenopsis conchifera
Gasterosteiformes
Macroramphosidae
Macroramphosus scolopax
Scorpaeniformes
Scorpaenidae
Helicolenus lahillei
Dactylopteridae
Dactylopterus volitans
Peristediidae
Peristedion sp.
18
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 19
Perciformes
Acropomatidae
Synagrops spinosus, Synagrops bellus
Ariommatidae
Ariomma bondi
Serranidae
Carangidae
Selar crumenophthalmus, Trachurus lathami
Mullidae
Mullus argentinae
Percophidae
Bembrops heterurus
Trichiuridae
Lepidopus altifrons
Tetraodontiformes
Tetraodontidae
Diodontidae
Pleuronectiformes
Bothidae
Monolene antillarum
Tabela 3 – Categorias funcionais das presas e principais grupos taxonômicos utilizados para agrupamento
de dados da dieta das nove espécies de peixes analisadas na Região Sudeste-Sul.
GRUPO FUNCIONAL
PRINCIPAIS GRUPOS TAXONÔMICOS
Zooplâncton
Copepoda, Euphausiacea, Amphipoda (Hyperiidea)
Invertebrados Bentônicos
Polychaeta
Ophiuroidea
Crustacea I: Amphipoda, Cumacea, Isopoda, Mysidacea, Tanaidacea,
Stomatopoda
Crustacea II: Decapoda
Gastropoda
Octopoda
Invertebrados nectônicos
Teuthida
Peixes bentônicos
Bothidae, Congridae, Dactylopteridae, Macrouridae, Mullidae,
Percophidae, Peristediidae, Phycidae, Polymixiidae, Scorpaenidae,
Synodontidae.
Peixes demersais
Acropomatidae, Anoplogastridae, Ariommatidae, Berycidae,
Carangidae, Chlorophtalmidae, Diodontidae, Engraulidae,
Grammicolepididae, Macrurocyttidae, Merlucciidae, Serranidae,
Tetraodontidae, Trichiuridae, Zeidae
Peixes pelágicos
Bregmacerotidae, Mycophidae, Sternoptychidae
Crustáceos não identificados
Cefalópodes não identificados
Moluscos não identificados
Peixes não identificados
Outros
restos vegetais, Foraminifera, Ostracoda
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
19
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
20
9/22/05
8:31 AM
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
Page 20
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 21
COMPARAÇÕES
INTRA-ESPECÍFICAS
Beryx splendens Lowe, 1834,
Família Berycidae
No total, foram analisados conteúdos estomacais de 176 exemplares, a maioria coletada no talude (Tab. 1). A dieta da espécie foi constituída de crustáceos, cefalópodes e teleósteos, no entanto, a importância dessas presas variou de acordo com a época e o local
analisado (Tabs. 4 e 5).
Tabela 4 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Beryx splendens, por local, no período de inverno/primavera de 2001-2002. NI = não identificado.
ITENS ALIMENTARES
M%
SC/PR
Talude
O%
CRUSTACEA
Ostracoda
Malacostraca
Euphausiacea
Stomatopoda
Isopoda (total)
Isopoda NI
Flabellifera
Decapoda (total)
Paguridae
Anomura
Galatheidae
Caridea
Penaeidea
Decapoda NI
Amphipoda (total)
Amphipoda NI
Gammaridea
Hiperiidea
Crustacea NI
29,2
58,8
51,7
0,6
0,5
0,1
9,9
5,9
2,9
2,9
5,9
0,2
2,3
5,9
7,6
5,9
18,7
52,9
41,6
CEPHALOPODA
Cephalopoda NI
Teuthida
Illex argentinus sp.
Abralia redfieldi
25,0
13,4
58,8
55,9
44,3
31,3
11,7
2,9
1,4
TELEOSTEI
Trichiuridae
Myctophidae
Maurolicus stehmanni
Teleostei NI
45,8
22,2
2,9
2,9
4,0
2,7
23,5
20,6
20,3
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento padrão (mm)
12,87
2384
34
125-201
IA %
2,4
M%
RJ/SP
Talude
O%
21,6
0,1
4,4
0,1
0,2
1,3
0,6
0,7
11,1
1,8
1,8
1,5
0,0
1,4
4,6
1,1
0,4
0,2
0,6
3,4
TOTAL
IA %
M%
83,3
3,6
9,5
2,4
2,4
11,9
6,0
8,3
51,2
3,6
10,7
9,5
1,2
7,1
26,2
21,4
10,7
6,0
8,3
29,8
26,9
0,0
1,0
0,0
0,0
0,4
22,6
0,1
3,9
0,1
0,2
1,2
0,6
0,6
10,9
1,5
1,9
1,3
0,0
1,2
5,0
1,0
0,3
0,2
0,5
5,3
76,3
2,5
6,8
1,7
1,7
10,2
5,1
6,8
38,1
2,5
9,3
6,8
0,8
5,1
20,3
15,3
7,6
4,2
5,9
36,4
31,8
0,0
0,8
0,0
0,0
0,4
12,6
9,1
0,2
34,5
33,3
1,2
6,5
7,4
0,0
3,3
1,2
0,1
14,2
9,7
0,1
1,5
2,8
41,5
39,8
0,8
0,8
0,8
10,9
11,4
0,0
0,0
0,1
65,8
9,3
2,1
8,2
46,2
67,9
2,4
2,4
10,7
64,3
66,6
0,5
0,1
2,1
71,7
63,2
11,0
1,8
7,1
43,3
49,2
2,5
1,7
7,6
51,7
57,3
0,8
0,1
1,6
66,2
86,47
4144
84
127-253
13,7
0,6
2,4
O%
IA %
12,3
0,5
5,8
99,34
3377
118
125-253
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
21
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 22
Tabela 5 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Beryx splendens, por local, no período de verão/outono de 2002. NI = não identificado.
ITENS ALIMENTARES
SC/PR
Talude
M % O % IA %
12,7
0,0
0,0
4,8
3,7
3,0
0,1
0,6
0,2
0,0
0,2
0,1
41,9
30,2
7,0
7,0
4,7
4,7
2,3
4,7
3,6
CEPHALOPODA
Teuthida
Illex argentinus
Abralia sp.
22,7
19,9
1,9
0,9
83,7
83,7
2,3
2,3
26,6
38,8
0,1
0,0
78,2
78,2
100
100
81,6
84,0
50,5
50,5
54,5
54,5
TELEOSTEI
Teleosteo NI
Myctophidae
68,5
9,3
59,2
62,8
27,9
34,9
60,2
6,1
48,2
16,2
16,2
75
75
12,7
13,0
0,0
0,0
143,3
4286
43
144-235
13,2
0,0
0,0
3,1
5,6
50
5,7
0,3
5,3
25
50
0,1
2,8
5,3
50
TOTAL
Talude
O % IA %
CRUSTACEA
Crustacea NI
Copepoda
Euphausiacea
Malacostraca
Decapoda (total)
Decapoda NI
Penaeidea
Penaeidae
Amphipoda (total)
Gammaridea
Hiperiidea
Flabellifera
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total(mm)
74,4
4,7
2,3
27,9
RJ/SP
Plataforma Continental
M%
O % IA %
M%
49,5
32,6
54,5
45,5
49,5
33,8
16,8
9,1
3,5
IA %
69,0
12,1
1,7
22,4
1,7
34,5
22,4
8,6
5,2
3,4
3,4
1,7
3,4
14,4
0,2
0,0
2,8
0,0
3,4
50,5
62,8
26,5
23,9
1,7
0,8
79,3
79,3
1,7
1,7
33,2
49,9
0,1
0,0
0,0
64,2
9,5
54,6
51,7
25,9
25,9
52,4
6,5
37,1
0,0
2,8
4392
11
147-170
O%
13,2
0,6
0,0
4,8
0,0
3,7
2,7
0,4
0,5
0,2
0,0
0,2
0,1
0,0
9,3
9307
4
227-266
M%
0,0
0,0
155,3
3803
58
144-266
Houve variação da dieta entre as áreas geográficas e entre os períodos analisados,
porém sem um padrão definido. Através das análises de agrupamento, para as quais foram
consideradas apenas as estações do talude, verificou-se a formação de dois grandes grupos. A dieta de espécimes coletados na região do RJ/SP no inverno foi mais semelhante à
dos coletados no verão na região de SC/PR, devido ao consumo de cefalópodes e crustáceos. Os exemplares coletados na região do RJ/SP no verão apresentaram dietas similares
à dos coletados na região de SC/PR no inverno, sendo composta principalmente por peixes
teleósteos (Fig. 2).
Dentre os crustáceos e cefalópodes identificados, destacaram-se os decápodes e as
lulas, respectivamente. Entre os teleósteos, foram identificadas espécies mesopelágicas
(Myctophidae e Maurolicus stehmanni) e demersais (Trichiurus lepturus) (Tabs. 4 e 5). As espécies mesopelágicas se destacaram na alimentação de Beryx splendens (Fig. 2).
Do verão, na plataforma do RJ/SP, foi analisado o conteúdo estomacal de quatro
exemplares para os quais as lulas foram as presas mais importantes.
Esses resultados estão em concordância com os observados por Dubochkin & Kotlyar (1989), em um estudo da alimentação da espécie em montes submarinhos dos Oceanos Atlântico e Pacífico, onde a dieta da espécie consiste de moluscos, crustáceos, cefalópodes e de uma grande variedade de peixes, em especial os mictofídeos. Nas Ilhas Canárias, além dessas presas, as salpas também são importantes recursos alimentares, utilizados
pela espécie em alguns períodos do ano (Dürr & González, 2002).
22
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
9/22/05
8:31 AM
Page 23
Beryx splendens
n = 34
A
n = 84
n = 43
n=4
n = 11
100%
Teleostei
Cephalopoda
80%
Crustacea
IA
60%
40%
20%
0%
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
Inverno/Primavera
B
P
T
RJ/SP
Verão/Outono
100%
Outros
IB-decápodes
80%
Crustacea NI
60%
Peixes pelágicos
IA
Teleostei NI
40%
Cephalopoda NI
Cefalópodes nectônicos
20%
0%
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
Inverno/Primavera
P
T
RJ/SP
Verão/Outono
V-SC/PR-T
C
I-RJ/SP-T
UPGMA
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
V-RJ/SP-T
I-SC/PR-T
Porcentagem de Similaridade
28
40
52
64
76
88
100
Figura 2 – Índice alimentar (IA) das presas consumidas por Beryx splendens, por grupos taxonômicos (A) e
funcionais (B). Dendograma de similaridade alimentar (C). V = verão, I = inverno, T = talude, n = tamanho da
amostra. SC/PR = Santa Catarina/Paraná, RJ/SP = Rio de Janeiro/São Paulo.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
23
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 24
Bembrops heterurus (Miranda Ribeiro, 1903),
Família Percophidae
A maior parte dos exemplares analisados foi coletada no talude, sendo amostrados
apenas três exemplares na plataforma do RJ/SP, no período de verão (Tab. 1).
Essa espécie consumiu principalmente crustáceos, cefalópodes e teleósteos. Poliquetas e detrito vegetal também foram registrados nos conteúdos estomacais, porém foram pouco importantes (Tabs. 6 e 7).
Tabela 6 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Bembrops heterurus, por local, no período de inverno/primavera de 2001-2002, NI = não identificado.
ITENS ALIMENTARES
M%
SC/PR
Talude
O%
IA%
POLYCHAETA
Polychaeta NI
TOTAL
IA%
M%
O%
IA%
0,0
0,0
1,7
1,7
0,0
0,0
0,0
0,0
1,1
1,1
0,0
0,0
43,3
2,7
40,6
39,7
62,7
35,6
27,1
23,7
55,1
3,6
41,8
37,9
2,2
35,7
34,1
63,0
31,5
32,6
25,0
59,5
2,9
50,0
0,3
3,4
0,5
0,2
1,1
2,2
0,0
0,5
0,1
1,7
1,7
3,4
0,0
0,2
0,2
0,0
0,5
0,0
1,1
2,2
1,1
2,2
2,2
0,0
CRUSTACEA
Crustacea NI
Decapoda (total)
Decapoda NI
Brachyura
Megalopa
Leurocyclus tuberculosus
Anomura
Galatheidae
Munida longipes
Munida flinti
Munida sp.
Caridea
Isopoda
31,0
1,5
29,5
26,8
63,6
24,2
42,4
27,3
1,2
3,0
CEPHALOPODA
Illex argentinus
51,5
51,5
12,1
12,1
19,3
27,0
0,0
0,0
1,7
1,7
0,0
0,0
22,5
22,5
5,4
5,4
3,0
5,2
TELEOSTEI
Teleostei NI
Maurolicus stehmanni
Congridae
17,4
12,2
4,5
0,7
36,4
30,3
6,1
3,0
19,6
16,0
1,2
0,1
56,7
41,5
15,2
39,0
32,2
6,8
44,9
50,7
3,9
39,6
28,7
10,5
0,3
38,0
31,5
6,5
1,1
37,5
38,9
2,9
0,0
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
24
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
0,4
0,5
3,0
6,1
0,5
3,0
35,5
4197
33
124-220
61,1
1,6
54,1
M%
RJ/SP
Talude
O%
46,0
3344
59
134-240
81,5
2330
92
124-240
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 25
Tabela 7 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Bembrops heterurus, por local, no período de verão/outono 2002. NI = não identificado.
ITENS ALIMENTARES
SC/PR
Talude
M% O%
RJ/SP
Plataforma continental
Talude
IA% M % O% IA% M % O%
IA%
M%
O%
IA%
CRUSTACEA
Crustacea NI
Decapoda
76,6
51,9
24,7
85,5
66,1
21,0
92,1
76,1
11,5
0,8
0,8
33,3
33,3
0,4
0,8
0,0
78,7
20,7
58,1
89,2
47,7
40,0
97,7
28,4
66,9
70,9
31,2
39,6
86,2
56,2
30,0
93,0
52,5
35,6
0,3
0,0
0,3
1,6
0,0
1,6
0,0
0,0
0,0
21,2
21,2
33,3
33,3
11,9
21,2
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
2,0
1,9
0,1
1,5
0,8
0,8
0,0
0,0
0,0
23,1
23,1
24,2
24,2
7,8
12,4
78,0
50,0
28,0
66,7
33,3
33,3
87,6
50,0
28,0
20,9
20,9
7,7
7,7
2,2
4,6
26,9
24,4
2,5
16,9
16,2
0,8
6,9
11,8
0,1
0,4
0,4
3,1
3,1
0,0
0,0
0,2
0,2
1,5
1,5
0,0
0,0
CEPHALOPODA
Cephalopoda
Illex argentinus
TELEOSTEI
Teleostei NI
Maurolicus stehmani
DETRITO VEGETAL
Detrito vegetal
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
21,9
4510
62
96-214
5,0
3333
3
131-165
28,5
3471
65
127-227
TOTAL
55,4
3341
130
96-227
A análise de agrupamento entre as amostras de peixes coletadas no talude revelou
uma alta similaridade alimentar nos dois períodos e áreas geográficas analisadas, predominando crustáceos e teleósteos na dieta (Fig. 3). No entanto, o consumo de peixes teleósteos
foi um pouco maior no período de inverno/primavera.
Dentre os crustáceos, destacaram-se os decápodes. Entre os peixes consumidos foram identificados exemplares de Maurolicus stehmanni, além de congrídeos (Tabs. 6 e 7).
Cefalópodes, principalmente Illex argentinus, foram particularmente importantes na alimentação da espécie, no talude de SC/PR, durante o inverno.
No período de verão, foram analisados três exemplares coletados na plataforma do
RJ/SP, destacando-se peixes teleósteos e cefalópodes.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
25
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 26
Bembrops heterurus
n = 33
A
n = 59
n = 62
n=3
n = 65
100%
Teleostei
Cephalopoda
80%
Crustacea
IA
60%
40%
20%
0%
T
T
T
P
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
Inverno/Primavera
B
T
RJ/SP
Verão/Outono
100%
Outros
Teleosti NI
80%
Peixes pelágicos
60%
IA
Cephalopoda NI
Cefalópodes nectônicos
40%
Crustáceos NI
20%
IB-decápodes
0%
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
Inverno/Primavera
P
T
RJ/SP
Verão/Outono
V-RJ/SP-T
C
UPGMA
V-SC/PR-T
I-RJ/SP-T
I-SC/PR-T
Porcentagem de Similaridade
52
60
68
76
84
92
100
Figura 3 – Índice alimentar (IA) das presas consumidas por Bembrops heterurus, por grupos taxonômicos (A)
e funcionais (B). Dendograma de similaridade alimentar (C). V = verão, I = inverno, T = talude, n = tamanho da
amostra. SC/PR = Santa Catarina/Paraná, RJ/SP = Rio de Janeiro/São Paulo.
26
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 27
Caelorinchus marinii Hubbs, 1934,
Família Macrouridae
Nas duas épocas analisadas, essa espécie foi capturada apenas no talude, onde consumiu uma grande variedade de presas: foraminíferos, poliquetas, crustáceos, moluscos e
peixes teleósteos (Tabs. 8 e 9).
Tabela 8 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Caelorhincus marinii, por local, no período de inverno/primavera de 2001-2002. NI = não identificado.
M%
SC/PR
Talude
O%
IA%
FORAMINIFERA
Foraminifera NI
0,0
0,00
2,4
2,4
POLYCHAETA
Polychaeta NI
0,8
0,77
CRUSTACEA
Crustacea NI
Copepoda
Ostracoda
Malacostraca
Decapoda (total)
Larva Decapoda
Decapoda NI
Anomura
Galatheidae
Munida sp.
Penaeidae
Amphipoda (Total)
Amphipoda NI
Gammaridea
Cumacea
Isopoda (total)
Isopoda NI
Flabellifera
Mysidacea
Tanaidacea
MOLLUCA (outros)
Mollusca NI
Gastropoda
0,2
0,00
0,19
3,5
2,4
1,2
0,0
0,0
0,0
CEPHALOPODA
Cephalopoda NI
Teuthida
7,2
7,07
0,15
27,1
25,9
1,2
ITENS ALIMENTARES
TELEOSTEI
Myctophidae
Bregmaceros sp.
Bregmaceros atlanticus
Bregmaceros cantori
Teleostei NI
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
M%
RJ/SP
Talude
O%
TOTAL
IA%
0,0
0,0
0,0
0,0
11,1
11,1
4,7
4,7
0,1
0,1
0,04
0,0
45,6
27,64
64,7
48,2
66,2
51,7
0,04
1,2
0,0
7,95
5,9
1,8
1,54
0,27
0,15
0,00
5,98
0,08
0,08
0,00
1,2
1,2
1,2
1,2
1,2
4,7
1,2
2,4
9,88
2,20
7,68
17,6
1,2
15,3
M%
O%
IA%
0,0
0,0
0,0
0,0
6,6
6,6
0,0
0,0
1,2
1,2
0,0
0,0
0,4
0,4
3,0
3,0
0,0
0,0
32,47
14,9
0,0
0,0
4,5
10,0
0,0
6,0
0,2
72,8
45,7
12,3
1,2
8,6
19,8
1,2
12,3
3,7
50,4
25,6
0,0
0,0
1,5
7,5
2,5
1,2
18,5
3,7
14,8
1,2
7,4
2,5
4,9
1,2
3,7
0,0
0,0
68,7
46,4
6,0
1,2
4,2
12,7
0,6
6,6
2,4
0,6
1,8
1,2
11,4
2,4
8,4
0,6
12,7
1,8
10,2
0,6
1,8
59,0
40,0
0,0
0,0
0,4
4,6
2,9
0,9
1,2
0,2
1,0
0,0
1,7
0,6
1,1
0,0
0,1
39,0
21,2
0,0
0,0
2,3
9,0
0,0
3,8
0,2
0,1
1,5
3,4
0,7
0,2
0,5
0,0
5,7
1,4
4,4
0,0
0,0
0,0
0,0
3,7
1,2
2,5
0,0
0,0
0,0
0,1
0,0
0,1
3,6
1,8
1,8
0,0
0,0
0,0
4,4
7,1
0,0
0,19
0,2
14,8
14,8
0,1
0,1
0,0
3,7
3,6
0,1
21,1
19,9
0,6
1,7
2,9
0,0
28,2
29,3
67,30
6,5
34,6
1,2
3,78
8,07
2,4
2,4
0,3
0,7
34,36
23,5
31,4
4,2
2,2
54,4
2,5
1,2
30,9
49,6
0,3
0,0
0,4
0,1
63,2
56,9
3,3
1,9
6,1
1,1
44,5
31,3
0,6
1,2
2,4
0,6
26,5
39,3
0,1
0,1
0,6
0,0
47,9
46,2
25,9
2557
83
150-290
0,0
6,8
26,4
2654
81
201-313
0,8
0,0
0,5
0,3
0,0
3,0
0,0
0,0
52,3
2458
166
150-313
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
27
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 28
Tabela 9 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Caelorhincus marinii, por local, no período de verão/outono de 2002. NI = não identificado.
SC/PR
Talude
O%
ITENS ALIMENTARES
M%
FORAMINIFERA
Foraminifera NI
0,1
0,1
3,1
3,1
0,0
POLYCHAETA
Polychaeta NI
8,9
8,9
6,3
6,3
1,0
2,0
2,0
17,9
17,9
CRUSTACEA
Crustacea NI
Copepoda
Ostracoda
Decapoda (total)
Decapoda NI
Galatheidae
Penaeidea
Amphipoda (Total)
Gammaridea
Cumacea
Isopoda (total)
Isopoda NI
Flabellifera
Mysidacea
Tanaidacea
9,0
2,4
0,5
0,0
4,3
2,2
68,8
46,9
28,1
3,1
12,5
9,4
10,9
10,7
2,1
0,1
0,0
7,6
6,3
1,3
56,4
20,5
17,9
5,1
15,4
12,8
2,6
2,1
3,1
0,2
0,2
0,0
0,3
0,3
2,6
2,6
2,6
2,6
2,6
0,0
0,5
5,1
7,7
0,2
0,2
1,9
1,0
0,9
0,0
0,0
IA%
15,6
9,4
6,3
3,1
3,1
GASTROPODA
Gastropoda NI
CEPHALOPODA
Teuthida
Oegopsina
Ommastrephidae
Enoploteuthis sp.
Abralia sp.
Abralia redfieldi
Illex argentinus
TELEOSTEI
Teleostei NI
escamas
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
M%
RJ/SP
Talude
O%
TOTAL
IA%
M%
O%
IA%
0,0
0,0
1,4
1,4
0,0
1,3
4,9
4,9
12,7
12,7
1,5
22,3
10,0
2,2
0,2
0,0
6,2
4,6
0,7
0,9
0,1
0,1
0,0
0,9
0,6
0,4
0,0
0,3
62,0
32,4
22,5
4,2
14,1
11,3
1,4
1,4
1,4
1,4
1,4
8,5
5,6
2,8
4,2
5,6
15,0
2,6
2,6
0,0
0,1
0,1
1,4
1,4
0,0
5,7
1,0
0,0
0,0
0,0
0,1
0,2
4,4
40,6
15,6
0,0
3,1
0,0
6,3
3,1
12,5
4,1
6,2
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
6,2
0,0
33,3
15,4
5,1
0,0
2,6
0,0
10,3
0,0
7,6
6,0
0,4
0,0
0,0
0,0
0,0
3,7
1,8
36,6
11,0
2,0
1,0
1,0
2,0
5,0
4,0
5,3
76,3
76,3
62,5
53,1
12,5
84,0
80,9
80,9
23,1
23,1
68,8
79,0
79,0
0,0
40,8
36,6
5,6
78,2
8,3
4547
32
132-280
11,9
2277
39
218-308
20,2
3349
71
132-308
Houve uma alta similaridade na dieta da espécie entre as duas áreas, porém houve
variação entre as duas épocas (Fig. 4).
No período de inverno, os crustáceos e peixes teleósteos foram as presas mais importantes, enquanto no verão, destacaram-se os teleósteos. Dentre os crustáceos, isópodes
e decápodes foram os mais representativos. A maioria dos teleósteos não foi identificada
devido ao avançado grau de digestão; no entanto, foram identificados representantes do
gênero Bregmaceros e alguns exemplares de peixe-lanterna (mictofídeos) (Tabs.8 e 9, Fig.4).
Em um estudo realizado no sul do Brasil, verificou-se que peixes e invertebrados
bentônicos (copépodes, anfípodes e isópodes) foram os principais itens na alimentação da
espécie (Martins, 2000, p. 118).
28
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
9/22/05
8:31 AM
Page 29
Caelorhinchus marinii
n = 83
A
n = 81
n = 32
n = 39
100%
Outros
Crustacea
80%
Cephalopoda
60%
IA
Teleostei
40%
20%
0%
T
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
RJ/SP
Inverno/Primavera
B
Verão/Outono
100%
Outros
Mollusca NI
80%
Cefalópode nectônico
60%
IB-decápodes
IA
IB-crustáceos
40%
Crustacea NI
20%
Teleostei NI
0%
T
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
RJ/SP
Inverno/Primavera
Verão/Outono
V-RJ/SP-T
C
V-SC/PR-T
UPGMA
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
I-RJ/SP-T
I-SC/PR-T
Porcentagem de Similaridade
52
60
68
76
84
92
100
Figura 4 – Índice alimentar (IA) das presas consumidas por Caelorhinchus marinii, por grupos taxonômicos (A)
e funcionais (B). Dendograma de similaridade alimentar (C). V = verão, I = inverno, T = talude, n = tamanho da
amostra. SC/PR = Santa Catarina/Paraná, RJ/SP = Rio de Janeiro/São Paulo.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
29
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 30
Malacocephalus occidentalis Goode & Bean, 1885,
Família Macrouridae
Tal como a outra espécie de macrourídeo, M. occidentalis também só ocorreu no talude. Foram analisados 211 estômagos da espécie (Tab. 1), nos quais foram identificadas
presas pertencentes ao grupo dos crustáceos, teleósteos e cefalópodes (Tabs 10 e 11).
Tabela 10 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Malacocephalus occidentalis, por local, no período de inverno/primavera de 2001-2002. NI =
não identificado.
M%
SC/PR
Talude
O%
88,9
2,3
41,4
93,8
6,3
41,7
2,2
10,4
25,5
2,2
8,4
3,1
0,8
0,3
22,9
2,1
4,2
12,5
12,5
2,1
0,5
8,7
35,7
10,4
2,1
62,5
MOLLUSCA
Mollusca NI
0,0
CEPHALOPODA
Cephalopoda NI
Teuthida
TELEOSTEI
Myctophidae
Bregmacerotidae
Bregmaceros atlanticus
Serranidae
Synagrops bellus
Chlorophthalmus agassizi
Teleostei NI
ITENS ALIMENTARES
CRUSTACEA
Malacostraca
Decapoda (Total)
Paguridae
Galatheidae
Munida sp.
Munida forcepis
Penaeidae
Caridea
Decapoda (camarão)
Decapoda NI
Isopoda (Total)
Isopoda NI
Flabellifera
Hiperiidea
Mysidacea
Crustaceo NI
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
30
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
M%
RJ/SP
Talude
O%
52,1
2,5
32,6
0,5
2,6
2,2
0,2
2,8
84,1
1,6
46,0
1,6
7,9
6,3
1,6
3,2
19,9
4,4
12,7
0,3
0,2
12,3
20,6
7,9
41,3
4,8
3,2
34,9
0,4
54,3
4,3
30,2
4,2
0,0
0,0
1,2
0,0
1,2
29,2
27,1
2,1
0,4
0,0
0,1
9,9
14,6
1,7
0,7
0,8
2,1
2,1
0,0
0,0
8,3
12,5
81,2
4109
48
229-530
IA%
97,9
0,4
42,0
0,2
2,5
TOTAL
M%
O%
88,3
3,6
44,1
0,9
4,5
8,1
0,9
11,7
0,9
13,5
9,9
28,8
3,6
1,8
24,3
0,9
44,1
86,5
0,3
55,4
4,7
64,5
2,4
35,6
0,3
1,7
2,2
0,1
10,5
0,7
16,0
4,0
8,7
0,3
0,1
8,3
2,9
14,9
20,6
0,0
0,0
13,5
0,0
0,0
0,0
9,5
9,5
0,0
0,0
0,4
0,0
0,4
18,0
17,1
0,9
0,1
0,0
0,0
47,9
2,5
33,3
3,2
26,7
0,3
2,5
14,9
6,0
22,0
1,6
6,3
1,6
20,6
0,1
3,5
0,4
16,6
35,0
1,7
0,2
0,3
1,7
9,8
4,0
17,4
25,2
1,8
0,9
0,9
0,9
3,6
0,9
17,1
13,4
0,1
0,0
0,0
0,1
1,3
0,1
10,5
158,8
2729
63
242-485
IA%
73,3
0,1
55,0
19,3
239,9
2833
111
229-530
IA%
8,9
0,1
23,2
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 31
Tabela 11 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas
consumidas por Malacocephalus occidentalis, por local, no período de verão/outono de 2002, NI = não
identificado.
IENS ALIMENTARES
CRUSTACEA
Crustacea NI
Copepoda
Malacostraca
Decapoda (total)
Decapoda NI
Penaeidea
Penaeidae
Caridea
Anomura
Munida sp.
Munida flinti
Brachyura
Gammaridea
Isopoda (total)
Isopoda NI
Flabellifera
Mysidacea
CEPHALOPODA
Cephalopoda NI
Octopoda NI
TELEOSTEI
Teleostei NI
Chlorophthalmus agassizi
Myctophidae
Diodontidae
Tetraodontiformes
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento Total (mm)
M%
SC/PR
Talude
O%
IA%
M%
RJ/SP
Talude
O%
26,8
15,5
88,4
74,4
58,1
49,3
0,3
9,3
1,9
2,3
25,6
14,0
10,1
3,9
0,8
0,4
2,4
9,3
4,7
2,3
7,0
0,0
1,6
0,1
1,6
4,7
11,6
2,3
9,3
87,9
21,7
0,0
0,0
65,9
9,1
8,4
6,4
3,6
3,8
1,9
30,4
2,3
0,0
0,3
96,5
66,7
1,8
1,8
63,2
17,5
3,5
5,3
1,8
8,8
7,0
31,6
7,0
1,8
3,5
0,3
0,0
3,5
3,5
0,8
TOTAL
IA%
M%
O%
IA%
98,3
25,6
0,0
93,0
70,0
1,0
2,0
47,0
16,0
2,0
3,0
5,0
7,0
5,0
21,0
4,0
3,0
7,0
1,0
6,0
2,0
89,8
37,4
0,0
0,0
60,6
18,9
0,0
0,1
40,6
5,9
4,6
3,6
3,7
2,5
1,2
17,9
1,3
0,0
0,9
0,0
0,8
0,0
73,6
0,0
53,8
0,2
0,0
1,1
1,1
25,6
25,6
0,7
1,2
2,5
0,2
2,2
17,5
15,8
1,8
0,5
0,1
0,1
1,9
0,6
1,2
21,0
20,0
1,0
0,6
0,4
0,0
72,1
51,5
12,4
8,2
23,3
16,3
2,3
4,7
41,2
35,7
1,2
1,6
9,6
3,8
10,5
7,0
1,2
0,5
3,6
2,2
1,8
1,8
0,1
0,1
37,5
25,1
5,5
3,7
2,0
1,2
16,0
11,0
1,0
2,0
1,0
1,0
9,6
7,8
0,2
0,2
0,1
0,0
86,9
2354
43
208-472
107,7
5656
57
157-471
194,6
3554
100
157-472
A dieta da espécie foi semelhante nos dois períodos e nas duas regiões, destacandose os crustáceos decápodes (camarões e anomuros) (Fig. 5). Os isópodes foram importantes
no RJ/SP, durante o inverno. Os teleósteos de hábitos pelágicos e demersais também foram
importantes na alimentação dessa espécie no talude do RJ/SP (inverno) e SC/PR (verão).
Esses resultados estão de acordo com os observados no sul do Brasil, onde peixes e
invertebrados bentônicos (principalmente decápodes e isópodes) foram as principais presas da espécie (Martins, 2000, p. 131).
Macpherson & Roel (1987) verificaram que eufausiáceos, misidáceos e outros crustáceos foram os principais componentes da dieta dessa espécie nas águas da Namíbia.
Merrett et al. (1983), trabalhando com algumas espécies de Macrouridae do Oceano Atlântico e da costa leste do Oceano Índico, observaram que a alimentação desses peixes baseava-se principalmente em crustáceos anfípodes.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
31
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 32
Malacocephalus occidentalis
n = 48
A
n = 63
n = 43
n = 57
100%
Crustacea
Cephalopoda
80%
Teleostei
IA
60%
40%
20%
0%
T
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
RJ/SP
Inverno/Primavera
B
Verão/Outono
100%
Outros
Teleostei NI
80%
Crustacea NI
60%
IA
IB-crustáceos
IB-decápodes
40%
20%
0%
T
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
RJ/SP
Inverno/Primavera
Verão/Outono
I-SC/PR-T
C
UPGMA
V-RJ/SP-T
I-RJ/SP-T
V-SC/PR-T
Porcentagem de Similaridade
64
70
76
82
88
94
100
Figura 5 – Índice alimentar (IA) das presas consumidas por Malacocephalus occidentalis, por grupos taxonômicos (A) e funcionais (B). Dendograma de similaridade alimentar (C). T = talude, n = tamanho da amostra.
SC/PR = Santa Catarina/Paraná, RJ/SP = Rio de Janeiro/São Paulo.
32
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 33
Helicolenus lahillei Norman, 1937,
Família Scorpaenidae
O sarrão foi coletado apenas no talude, tendo sido analisado um total de 106 estômagos (Tab. 1). A espécie apresentou uma dieta variada, consumindo poliquetas, ofiuróides, crustáceos, cefalópodes e teleósteos. A importância dessas presas variou com a época
do ano e a área geográfica, refletindo-se em baixos valores de similaridade alimentar na
análise de agrupamento (Fig. 6).
No inverno, na região de SC/PR, os teleósteos (maioria não identificada) foram as
presas principais (Tab. 12, Fig. 6).
Tabela 12 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Helicolenus lahillei, por local, no período de inverno/primavera de 2001-2002, NI = não identificado.
M%
SC/PR
Talude
O%
IA%
POLYCHAETA
Polychaeta NI
Thyphloscolecidae
0,8
0,8
8,8
8,8
0,2
0,2
CRUSTACEA
Crustacea NI
Decapoda (total)
Decapoda NI
Munidopsis sp.
Penaeidae
Gammaridea
Mysidacea
9,8
3,7
4,0
0,7
1,8
3,2
0,0
0,0
58,8
32,4
20,6
2,9
11,8
8,8
5,9
2,9
14,7
4,1
2,8
OPHIUROIDEA
Ophiuroidea NI
1,9
1,9
14,7
14,7
0,7
0,9
CEPHALOPODA
Cephalopoda NI
Loligo sp.
Illex sp.
1,4
0,0
0,0
1,4
11,8
2,9
2,9
5,9
0,4
0,0
0,0
0,3
TELEOSTEI
Teleostei NI
Myctophidae
Macrouridae
Bregmaceros sp.
86,3
82,5
2,9
0,6
0,3
38,2
32,4
5,9
2,9
2,9
84,0
91,0
0,6
0,1
0,0
ITENS ALIMENTARES
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
181,2
2934
34
160-328
RJ/SP
Talude
M%
O%
TOTAL
IA%
M%
O%
IA%
56,6
14,3
39,5
56,6
14,3
40,7
4,0
0,8
3,2
9,8
7,3
2,4
1,1
0,2
0,3
4,3
0,0
4,3
4,3
28,6
14,3
14,3
14,3
6,0
0,0
3,1
9,2
2,7
4,0
0,9
1,7
3,1
0,0
0,0
53,7
24,4
19,5
4,9
9,8
7,3
4,9
2,4
13,7
2,9
3,4
2,4
2,4
17,1
17,1
1,2
1,8
1,3
0,0
0,0
1,3
9,8
2,4
2,4
4,9
0,4
0,0
0,0
0,3
83,0
77,9
2,8
0,6
1,8
36,6
26,8
4,9
2,4
7,3
83,8
89,9
0,6
0,1
0,6
0,0
0,0
11,8
11,8
28,6
28,6
16,5
17,0
27,2
28,6
38,0
27,2
28,6
39,2
10,8
1986
7
211-380
0,0
0,0
192,0
2323
41
160-380
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
33
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 34
Tabela 13 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Helicolenus lahillei, por local, no período de verão/outono de 2002, NI = não identificado,
M%
SC/PR
Talude
O%
IA%
M%
RJ/SP
Talude
O%
1,4
1,4
4,3
4,3
0,3
0,9
51,2
51,2
52,6
47,4
62,3
82,9
6,9
6,9
18,5
16,9
6,5
15,4
CRUSTACEA
Crustacea NI
Euphausiacea
Decapoda (Total)
Decapoda NI
Penaeidea
Munida sp.
Munida constricta
Munida irrasa
Processidae
Flabellifera
10,9
2,8
1,1
6,5
0,2
2,2
2,7
0,8
0,0
0,5
0,4
71,7
39,1
4,3
26,1
2,2
2,2
17,4
2,2
0,0
2,2
6,5
42,3
16,2
0,7
24,7
32,9
3,3
0,5
29,1
42,1
26,3
5,3
10,5
32,1
2,9
0,1
10,5
5,3
11,5
5,3
63,1
35,4
4,6
21,5
1,5
3,1
12,3
1,5
1,5
1,5
4,6
43,3
13,5
0,6
25,7
17,6
13,3
2,9
1,1
9,0
0,2
3,9
2,4
0,8
1,3
0,4
0,4
CEPHALOPODA
Cephalopoda NI
Teuthida
Illex argentinus
72,4
26,6
1,2
44,6
8,7
4,3
2,2
4,3
34,0
16,8
0,4
28,3
1,5
1,5
10,5
10,5
0,4
0,5
64,6
23,8
1,1
39,7
9,2
6,2
1,5
3,1
30,8
19,4
0,2
16,2
TELEOSTEI
Teleostei NI
Stomiiformes
Myctophidae
Dactylopterus volitans
Bregmaceros atlanticus
Polymixia lowei
Maurolicus stehmanni
15,3
3,4
6,2
0,8
0,7
1,1
3,0
0,0
28,3
15,2
2,2
4,3
2,2
2,2
2,2
0,0
23,4
7,6
2,0
0,5
0,2
0,4
1,0
0,0
14,5
2,4
15,8
10,5
5,3
0,9
12,1
5,3
2,2
15,2
3,3
5,6
0,8
0,6
1,0
2,7
1,3
24,6
13,8
1,5
3,1
1,5
1,5
1,5
1,5
19,3
6,1
1,1
0,3
0,1
0,2
0,6
0,3
ITENS ALIMENTARES
OPHIUROIDEA
Ophiuroidea NI
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
181,1
686
46
75-356
TOTAL
IA%
0,4
22,4
2923
19
60-315
M%
O%
IA%
0,2
203,5
754
65
60-356
Durante o verão, crustáceos decápodes, cefalópodes nectônicos (na maioria lulas) e
teleósteos foram as presas mais importantes no talude de SC/PR.No talude do RJ/SP,os ofiuróides destacaram-se na dieta da espécie, seguidos por crustáceos decápodes (Tab. 13).
No período de inverno, foram analisados sete exemplares capturados no talude do
RJ/SP, destacando-se nos conteúdos estomacais os teleósteos do gênero Bregmaceros, poliquetas e ofiuróides (Tab. 12, Fig. 6).
No Sul do Brasil, a espécie se alimenta principalmente de cefalópodes, havendo
uma pequena contribuição de peixes (Martins, 2000, p. 126). Na Costa da Argélia, no Mediterrâneo, H. lahillei mostrou-se um predador seletivo que apresenta dieta composta principalmente por crustáceos decápodes e peixes (Nouar & Maurin, 2000).
34
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
9/22/05
8:31 AM
Page 35
Helicolenus lahillei
n = 34
A
n=7
n = 46
n = 19
100%
Teleostei
Cephalopoda
80%
Ophiuroidea
60%
IA
Polychaeta
Crustacea
40%
20%
0%
T
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
RJ/SP
Inverno/Primavera
B
Verão/Outono
100%
Outros
Teleostei NI
80%
Peixes pelágicos
60%
Cephalopoda NI
IA
Cefalópode nectônico
40%
Crustacea NI
20%
IB-decápodes
IB-ofiuroide
0%
IB-poliqueta
T
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
RJ/SP
Inverno/Primavera
Verão/Outono
C
V-RJ/SP-T
UPGMA
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
V-SC/PR-T
I-SC/PR-T
Porcentagem de Similaridade
28
40
52
64
76
88
100
Figura 6 – Índice alimentar (IA) das presas consumidas por Helicolenus lahillei, por grupos taxonômicos (A) e
funcionais (B). Dendograma de similaridade alimentar (C). V = verão, I = inverno, T = talude, n = tamanho da
amostra. SC/PR = Santa Catarina/Paraná, RJ/SP = Rio de Janeiro/São Paulo.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
35
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 36
Polymixia lowei Günter, 1859,
Família Polymixiidae
No total, foram analisados 387 exemplares coletados no talude das duas áreas
geográficas (Tab. 1). As presas identificadas nos conteúdos estomacais pertencem ao
grupo dos crustáceos, cefalópodes e teleósteos (Tabs. 14 e 15).
Tabela 14 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas
consumidas por Polymixia lowei, por local, no período de inverno/primavera de 2001- 2002, NI = não identificado.
ITENS ALIMENTARES
M%
SC/PR
Talude
O%
CRUSTACEA
Crustacea NI
Malacostraca
Decapoda (Total)
Decapoda NI
Leptochela sp.
Penaeidea
Munida sanctipauli
Palinuroidea
Gammaridea
Isopoda (Total)
Isopoda NI
Flabellifera
41,1
9,7
0,2
30,5
15,6
59,2
21,1
1,4
38,0
22,5
13,0
0,2
1,7
0,0
0,7
0,6
0,2
14,1
1,4
4,2
1,4
4,2
1,4
2,8
CEPHALOPODA
Cephalopoda NI
Teuthida
Illex argentinus
26,7
21,5
0,1
5,1
12,7
5,6
1,4
5,6
TELEOSTEI
Teleostei NI
Maurolicus sthemanni
Bregmaceros sp.
Bregmaceros atlanticus
Anoplogaster cornuta
Synagrops spinosus
escamas
32,3
21,8
4,3
52,1
36,6
5,6
1,4
7,0
1,4
Massa totaL(gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
36
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
5,5
0,5
4,2
77,3
2380
71
81-200
IA%
M%
RJ/SP
Talude
O%
54,6
8,6
0,0
48,8
36,0
17,2
59,0
41,0
35,1
17,6
17,4
7,9
4,0
5,6
17,9
12,8
2,6
2,6
7,8
1,3
5,1
0,2
1,3
5,1
7,6
5,1
0,0
1,2
3,5
0,4
10,3
5,1
0,6
0,1
3,1
5,1
0,4
37,8
33,6
1,0
0,0
1,6
0,0
60,5
47,5
4,9
1,4
64,1
61,5
2,6
5,1
64,3
73,0
0,3
0,2
6,7
2,6
2,6
0,4
0,0
0,1
47,9
4001
39
133-200
TOTAL
IA%
M%
O%
IA%
39,1
12,5
0,1
25,5
12,6
1,5
10,2
0,1
1,0
0,0
0,9
0,3
0,6
59,1
28,2
0,9
30,9
19,1
0,9
10,0
0,9
2,7
0,9
4,5
0,9
3,6
46,7
13,0
0,0
29,0
17,8
13,4
0,1
4,3
11,8
5,5
0,9
5,5
4,3
2,7
0,0
0,9
43,1
31,6
4,5
0,7
3,4
0,3
2,6
56,4
45,5
4,5
2,7
4,5
0,9
0,9
3,6
49,1
52,8
0,8
0,1
0,6
0,0
0,1
125,1
2721
110
81-200
0,0
0,2
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 37
Tabela 15 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Polymixia lowei, por local, no período de verão/outono de 2002, NI = não identificado.
ITENS ALIMENTARES
M%
SC/PR
Talude
O%
CRUSTACEA
Crustacea NI
Copepoda
Euphausiacea
Decapoda (total)
Decapoda NI
Malacostraca
Penaeidea
Caridea
Anomura
Galatheoidea
Galatheidae
Amphipoda
Gammaridea
Isopoda (total)
Isopoda NI
Flabellifera
Mysidacea
49,2
12,5
0,0
1,3
33,5
5,4
9,2
8,4
8,7
0,8
1,1
CEPHALOPODA
Cephalopoda NI
Teuthida
Octopoda
TELEOSTEI
Teleostei NI
Bregmaceros atlanticus
Monolene sp.
Monolene antillarum
Myctophidae
Maurolicus stehmani
escamas
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento Padrão (mm)
RJ/SP
Talude
O%
IA%
M%
62,0
35,2
0,9
3,7
28,7
3,7
12,0
8,3
3,7
1,9
0,9
58,3
16,5
0,0
0,2
36,0
58,9
6,7
0,6
43,4
8,0
1,7
1,7
3,4
1,0
62,7
25,4
1,8
25,4
14,8
3,0
5,9
3,0
1,8
0,0
0,2
0,6
0,6
0,0
1,5
0,0
1,4
0,4
0,9
6,5
0,9
5,6
0,9
0,0
0,4
0,2
3,6
0,2
3,6
7,5
4,6
2,9
18,5
15,7
3,7
2,6
2,7
0,4
4,1
0,8
2,3
1,0
14,8
7,7
7,1
0,6
43,4
29,6
10,3
47,2
35,2
12,0
39,1
39,0
4,7
3,4
0,9
0,1
37,0
20,2
8,9
1,6
3,3
2,4
0,6
43,2
26,6
13,6
0,6
0,6
1,8
0,6
IA%
M%
O%
69,0
8,2
0,1
53,0
5,7
56,4
8,2
0,5
32,5
14,6
2,6
3,6
4,7
3,0
0,2
0,3
0,2
62,5
29,2
1,4
17,0
20,2
3,2
8,3
5,1
2,5
0,7
0,7
0,4
66,0
12,4
0,0
28,6
15,3
0,0
0,5
0,0
0,5
0,1
0,4
4,7
0,4
4,3
0,4
0,0
0,1
1,1
0,3
0,8
0,0
5,0
1,8
2,4
0,8
16,2
10,8
5,8
0,4
1,5
1,0
0,7
0,0
29,8
25,8
5,8
0,0
0,1
0,2
0,0
38,6
22,6
9,2
1,2
2,5
2,6
0,5
44,8
30,0
13,0
0,4
0,4
1,4
0,4
0,4
32,4
35,2
6,2
0,0
0,0
0,2
0,0
0,0
0,0
0,9
99,5
2670
108
59-223
TOTAL
285,2
2084
169
73-212
IA%
0,0
384,7
1927
277
59-223
A similaridade alimentar entre as amostras foi alta, não havendo variação temporal
e espacial na dieta, predominando os crustáceos e teleósteos (Fig. 7). Os crustáceos decápodes foram importantes em todas as áreas e épocas analisadas, com exceção no RJ/SP
(verão), onde destacaram-se representantes do zooplâncton (eufausiáceos). Dentre os teleósteos identificados nos conteúdos estomacais, a maioria apresenta hábitos pelágicos
(bregmacerotídeos e mictofídeos).
Estudos sobre a alimentação da espécie são praticamente inexistentes, havendo referência sobre o consumo de cefalópodes em águas cubanas (Sierra et al., 1994). Na área
investigada no presente trabalho, a espécie também consumiu cefalópodes, porém estes
foram pouco importantes.
No sul do Brasil, a espécie foi classificada como generalista, se alimentando de teleósteos, zooplâncton e invertebrados bentônicos da infauna e epifauna, havendo uma pequena contribuição de cefalópodes (Martins, 2000, p. 150).
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
37
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 38
Polymixia lowei
n = 71
A
n = 39
n = 108
n = 169
100%
Crustacea
Cephalopoda
80%
Teleostei
IA
60%
40%
20%
0%
T
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
RJ/SP
Inverno/Primavera
B
Verão/Outono
100%
Outros
Crustacea NI
80%
IB-decápodes
60%
IA
Zooplâncton
Peixes pelágicos
40%
Teleostei NI
20%
0%
T
T
T
T
SC/PR
RJ/SP
SC/PR
RJ/SP
Inverno/Primavera
Verão/Outono
C
UPGMA
I-RJ/SP-T
V-RJ/SP-T
I-SC/PR-T
V-SC/PR-T
Porcentagem de Similaridade
70
75
80
85
90
95
100
Figura 7 – Índice alimentar (IA) das presas consumidas por Polymixia lowei, por grupos taxonômicos (A) e funcionais (B). Dendograma de similaridade alimentar (C). T = talude, n = tamanho da amostra. SC/PR = Santa
Catarina/Paraná, RJ/SP = Rio de Janeiro/São Paulo.
38
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 39
Lophius gastrophysus Miranda Ribeiro, 1915,
Família Berycidae
No total, foram examinados 65 estômagos dessa espécie (Tab. 1), que se alimentou
de crustáceos, cefalópodes e peixes teleósteos.
A alta similaridade alimentar entre as amostras do talude decorreu do consumo de
peixes por essa espécie, independente do local amostrado (Fig. 8). No período de verão, os
cefalópodes nectônicos (Illex argentinus) foram importantes no talude das duas regiões.
Foram identificadas várias espécies de peixes nos conteúdos estomacais, sendo a
maioria de hábitos bentônicos e demersais. Dentre essas, foram importantes a merluza
(Merluccius hubbsi), Synagrops bellus e Polymixia lowei (Tabs. 16 e 17, Fig. 8).
Tabela 16 – Massa porcentual (M%), frequência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Lophius gastrophysus, por local, no período de inverno/primavera de 2001-2002, NI = não identificado.
ITENS ALIMENTARES
M%
SC/PR
Talude
O% IA%
CRUSTACEA
Decapoda (total)
Decapoda NI
Penaeidea
0,4
0,4
11,1
11,1
0,4
11,1
CEPHALOPODA
Loligo sp.
Illex sp.
4,6
TELEOSTEI
Synagrops spinosus
Synagrops bellus
Urophycis brasiliensis
Merluccius hubbsi
Lepidopus altifrons
Macroramphosus scolopax
Bembrops heterurus
Polymixia lowei
Mullus argentinae
Teleostei NI
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
RJ/SP
Plat. continental
Talude
M%
O%
IA%
M % O%
TOTAL
IA%
M%
O%
IA%
0,0
0,2
0,0
0,0
0,0
6,7
6,7
6,7
0,0
0,0
0,2
0,2
0,0
0,2
7,7
7,7
3,8
3,8
0,0
0,1
11,1
0,5
4,6
11,1
2,6
25,1
24,0
1,1
20,0
13,3
6,7
7,2
14,4
0,3
14,4
12,2
2,3
15,4
7,7
7,7
2,7
6,9
1,3
95,0
2,0
13,6
100,0
11,1
11,1
99,4
1,1
7,7
74,9
3,9
27,4
86,7
13,3
20,0
92,8
2,3
24,6
37,1
22,2
42,0
14,4
12,1
13,3
6,7
8,7
3,6
0,9
3,0
37,6
11,1
11,1
22,2
0,5
1,7
42,6
0,9
33,3
1,5
17,0
60,0
46,0
85,4
2,7
18,9
6,9
21,0
6,1
0,3
1,1
13,9
5,4
9,0
92,3
11,5
15,4
3,8
15,4
3,8
3,8
3,8
7,7
3,8
46,2
97,2
2,3
21,5
1,9
23,8
1,7
0,1
0,3
7,9
1,5
30,6
100,0
100,0
100,0
55,8
50,0
55,8
44,2
720,6
1960,6
9
272-626
50,0
240,0
5000,4
2
185-672
44,2
990,2
2223,4
15
452-701
1950,7
1356,1
26
185-701
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
39
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 40
Tabela 17 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Lophius gastrophysus, por local, no período de verão/outono de 2002, NI = não identificado.
SC/PR
Plat. continental
Talude
ITENS ALIMENTARES M% O% IA% M% O% IA%
RJ/SP
Plat. continental
Talude
M% O% IA% M% O% IA%
CRUSTACEA
Decapoda NI
CEPHALOPODA
Cephalopoda NI
Illex argentinus
TELEOSTEI
Teleostei NI
Anguiliformes
Ariomma bondi
Bembrops heterurus
Peristedion sp.
Synagrops bellus
Synagrops spinosus
Polymixia lowei
Maurolicus stehmanni
Merluccius hubbsi
Caelorinchus marinii
Xenolepidichthys dagleishi
Massa total (gramas)
IA total
Estômago c/ alimento
Comprimento total (mm)
17,7
10000
2
380-396
1,5
1,5
2,6
2,6
0,1
0,1
27,3
0,3
27,0
80,0
25,0
60,0
32,3 37,4
0,2
0,2
47,7 37,2
56,4
12,8
46,2
31,0
0,1
64,5
63,5 100,0 100,0 100,0 70,3
14,6 93,4 100,0 95,5 1,3
0,2
3,1
7,6
0,3
0,5
9,1
0,5
0,9
31,9
6,6
66,7
4,5
28,6
1,0
0,8
65,0
25,0
67,6 61,1
1,0
5,5
0,4
2,2
7,4
0,6
1,0
5,6
0,8
18,8 20,5
0,0
29,5 17,0
1,8
0,1
0,5
76,9
43,6
2,6
10,3
2,6
2,6
7,7
2,6
12,8
5,1
17,9
2,6
2,6
69,0
9,0
0,0
2,8
0,1
0,1
1,6
0,1
9,9
0,0
11,4
0,2
0,0
69,7
7,1
IA%
0,2
0,4
53,5
4,6
O%
5,0
5,0
36,5
100,0 100,0 100,0 46,5 85,7
100,0 100,0 100,0 9,6 50,0
1,0
7,1
7,2 14,3
1,6
7,1
2,5
7,1
14,0 21,4
2,1
7,1
3,9
7,1
M%
2,5
2,5
53,5 42,9
42,9
TOTAL
1645,4
3288
14
390-784
21,9
9779
3
184-325
10,0
20,0
35,0
5,0
2459,9
3391
20
468-705
4144,8
2664
39
184-784
Na plataforma de SC/PR e RJ/SP foram capturados poucos exemplares, os quais se
alimentaram de peixes. Resultados semelhantes foram obtidos em estudos sobre a alimentação da espécie na plataforma de Cabo Frio e Ubatuba (Fagundes-Neto et al.,1995; Pucci,
2004). Apesar do grande número de espécies consumidas, destacaram-se os engraulídeos
na dieta do peixe-sapo em Ubatuba, e Raneya fluminensis em Cabo Frio (Pucci, 2004).
40
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
9/22/05
8:31 AM
Page 41
Lophius gastrophysus
n=9
A
n=2
n = 15
n=2
n = 14
n=3
n = 20
100%
Crustacea
Cephalopoda
80%
Teleostei
IA
60%
40%
20%
0%
T
P
SC/PR
T
P
RJ/SP
T
SC/PR
Inverno/Primavera
B
P
T
RJ/SP
Verão/Outono
100%
Outros
Teleostei NI
80%
Cefalópodes nectônicos
60%
Peixes bentônicos
IA
Peixes demersais
40%
Peixes pelágicos
20%
0%
T
P
SC/PR
T
P
RJ/SP
T
SC/PR
Inverno/Primavera
P
T
RJ/SP
Verão/Outono
V-RJ/SP-T
C
V-SC/PR-T
UPGMA
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
I-RJ/SP-T
Porcentagem de Similaridade
70
75
80
85
90
95
100
Figura 8 – Índice alimentar (IA) das presas consumidas por Lophius gastrophysus, por grupos taxonômicos
(A) e funcionais (B). Dendograma de similaridade alimentar (C). V = verão, I = inverno, T = talude, n = tamanho
da amostra. SC/PR = Santa Catarina/Paraná, RJ/SP = Rio de Janeiro/São Paulo.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
41
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 42
Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758,
Família Trichiuridae
Foram analisados 163 estômagos de peixe-espada (Tab. 1). As presas consumidas
pela espécie foram crustáceos, cefalópodes e teleósteos (Tabs. 18 e 19).
O dendrograma obtido na análise de agrupamento revela a formação de dois
grandes grupos (Fig. 9). Os peixes da plataforma e do talude do RJ/SP apresentaram alta
similaridade na dieta durante o inverno, devido à predominância de peixes teleósteos. A
amostra da plataforma de SC/PR, coletada no verão, esteve associada a esse grupo. O
segundo grupo foi representado pelos peixes coletados no verão, no talude de SC/PR e
plataforma do RJ/SP, onde, além de teleósteos, crustáceos planctônicos (eufausiáceos)
também foram presas importantes (Fig. 9).
Dentre os peixes identificados nos conteúdos estomacais, os de hábitos demersais
foram os mais importantes. No inverno, podemos ressaltar a importância dos engraulídeos
na plataforma do RJ/SP (Tabs. 18 e 19).
Tabela 18 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Trichiurus lepturus, por local, no período de inverno/primavera de 2001-2002, NI = não identificado.
ITENS ALIMENTARES
SC/PR
Plat. continental
Talude
M% O% IA% M% O% IA%
CRUSTACEA
Copepoda
Decapoda (Total)
Decapoda NI
Dendrobranchiata
Penaeidea
Isopoda
2,9 40,0
0,0 20,0
2,9
CEPHALOPODA
Loligo sp.
36,1
36,1
50,0
50,0
27,4
50,4
TELEOSTEI
Engraulidae
Selar crumenophthalmus
Trachurus lathami
Bregmaceros sp.
Zenopsis conchifera
Teleostei NI
63,9
75,0
72,6
56,8
25,0
39,7
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
42
7,1
50,0
7,6
3580
4
486-1043
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
9,9
20,0
1,5
0,0
3,6
25,3
1,2
2,6
12,5
0,4
3,6
2,2
1,4
0,0
25,3
16,0
8,0
1,3
2,9
2,6
2,6
12,5
12,5
0,4
98,5
90,1
7,0
79,0
18,4
42,7
2280
5
854-1355
O%
IA%
1,1
0,0
2,3
0,6
0,6
0,7
0,7
4,0
4,0
0,0
0,1
95,7
50,1
1,4
0,4
0,1
3,2
40,7
2,7
2,7
0,0
0,0
8,0
8,0
96,2
54,6
1,5
76,0
13,3
2,7
98,8
23,0
0,1
89,4
87,5 99,0
0,1
1,3
0,0
40,0
58,7
74,0
89,4
87,5
99,0
50,6
7903
16
1018-1222
M%
24,0
1,0
21,0
14,0
6,0
1,0
1,0
0,2
0,2
1119,2
3170
75
447-1825
6,3
6,3
TOTAL
3,5
0,0
3,4
2,1
1,3
0,0
0,1
2,5
97,1 80,0
20,0
60,0
RJ/SP
Plat. continental
Talude
M% O% IA% M% O% IA%
0,0
78,0 98,8
10,0 15,9
2,0 0,1
1,0 0,0
1,0 0,0
1,0 0,1
63,0 81,5
1220,1
3145
100
447-1825
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 43
Tabela 19 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Trichiurus lepturus, por local, no período de verão/outono de 2002. NI = não identificado.
SC/PR
Plat. continental
Talude
M% O% IA% M% O% IA%
RJ/SP
Plat. continental
Talude
M% O% IA% M% O% IA%
CRUSTACEA
Crustacea NI
Euphausiacea
Stomatopoda
19,6
0,0
19,6
60,8
61,9
60,8
53,2
7,6
61,9
4,8
61,7
0,7
CEPHALOPODA
Illex sp.
0,4
0,4
ITENS ALIMENTARES
TELEOSTEI
Teleostei NI
Tetradontidae
Maurolicus stehmanni
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
80,1
62,1
18,0
52,9 18,0
5,9 0,0
47,1 21,3
5,9
5,9
0,0
0,1
58,8 81,9
52,9 76,2
5,9 2,4
60,2
4316
17
325-1325
36,5 47,8
7,4 13,0
29,1 34,8
10,6
10,6
35,5
2,4
25,5
17,4
17,4
3,7
4,6
52,9 56,5
51,3 52,2
1,6 4,3
60,8
67,3
0,2
262,4
3975
23
933-1200
39,2
38,1
61,9
52,4
1,1
9,5
TOTAL
M%
O%
IA%
37,8
2,9
32,2
2,8
52,4
6,3
46,0
1,6
40,0
0,5
36,7
0,1
59,9
59,9
50
50
59,9
59,9
13,9
13,9
9,5
9,5
2,7
3,3
39,2 40,1
37,4 40,1
50
50
40,1
40,1
48,3
45,7
2,2
0,4
58,7
52,4
3,2
3,2
57,3
59,3
0,2
0,0
242,9
5334
21
697-1259
0,2
109,5
5000
2
1051-1117
674,9
4038
63
325-1325
Juvenis e adultos do peixe-espada realizam migrações verticais associadas à
alimentação. Durante o dia, juvenis e pequenos adultos formam cardumes cerca de 100 m
acima do fundo, migrando para a superfície à noite para se alimentarem de organismos
planctônicos. Peixes adultos de maior tamanho se alimentam de presas pelágicas próximo
à superfície durante o dia e migram para o fundo durante a noite (Nakamura & Parin, 1993).
Segundo esses autores, peixes jovens e imaturos se alimentam principalmente de
eufausiáceos e pequenos crustáceos pelágicos planctônicos, tais como copépodes, e
pequenos peixes pelágicos (anchovetas e bregmacerotídeos). A piscivoria se torna mais
evidente nos adultos da espécie, os quais se alimentam de peixes de diversas famílias e,
ocasionalmente, de lulas e crustáceos.
A dieta de T. lepturus foi investigada por Martins (1992) na costa sul do Brasil, entre
o Cabo de Santa Marta e o Chuí. Os resultados mostram que nas fases larvais e pós-larvais
(9-49 mm) a espécie se alimentou principalmente de copépodes; juvenis (50-699 mm) de
misidáceos, camarões sergestídeos, eufausiáceos e de peixes (juvenis de E.anchoita). Peixes
adultos consomem peixes (E. anchoita e juvenis de cienídeos), cefalópodes, eufausiáceos e
camarões costeiros.
Na plataforma de Ubatuba e Cabo Frio, Pucci (2004) verificou que a espécie
consome principalmente teleósteos e crustáceos planctônicos (larva megalopa e
eufausiáceos), havendo uma diminuição no consumo de crustáceos por peixes maiores.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
43
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 44
Trichiurus lepturus
n=9
A
n=2
n = 15
n=2
n = 14
n=3
n = 20
100%
Crustacea
Cephalopoda
80%
Teleostei
IA
60%
40%
20%
0%
P
T
P
SC/PR
T
P
RJ/SP
SC/PR
Inverno/Primavera
B
T
P
T
RJ/SP
Verão/Outono
100%
Outros
Cefalópodes nectônicos
80%
Zooplâncton
60%
IA
Peixes demersais
Teleostei NI
40%
20%
0%
P
T
P
SC/PR
T
P
RJ/SP
T
SC/PR
Inverno/Primavera
P
T
RJ/SP
Verão/Outono
C
V-RJ/SP-T
UPGMA
V-SC/PR-T
V-SC/PR-P
I-RJ/SP-T
I-RJ/SP-P
Porcentagem de Similaridade
52
60
68
76
84
92
100
Figura 9 – Índice alimentar (IA) das presas consumidas por Trichiurus lepturus, por grupos taxonômicos (A) e
funcionais (B). Dendograma de similaridade alimentar (C). V = verão, I = inverno, T = talude, n = tamanho da
amostra. SC/PR = Santa Catarina/Paraná, RJ/SP = Rio de Janeiro/São Paulo.
44
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 45
Zenopsis conchifera Lowe, 1852,
Família Zeidae
Foram analisados conteúdos estomacais de 220 exemplares do peixe-galo (Tab. 4).
A espécie consumiu crustáceos, cefalópodes e teleósteos (Tabs. 20 e 21).
A alta similaridade observada entre as amostras do talude dos dois locais e nos dois
períodos analisados decorreu da importância de peixes na dieta, especialmente os de
hábitos pelágicos. No inverno, houve também contribuição de crustáceos decápodes
(camarões) no talude de SC/PR e de eufausiáceos no talude do RJ/SP. No verão,
eufausiáceos foram importantes nos dois locais (Tabs. 20 e 21, Fig. 10).
Tabela 20 – Massa porcentual (M%), freqüência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Zenopsis conchifera, por local, no período de inverno/primavera de 2001-2002. NI = não identificado.
ITENS ALIMENTARES
CRUSTACEA
Decapoda (Total)
Decapoda NI
Dendrobranchiata
Penaeidea
Peisos sp.
Isopoda
Copepoda
CEPHALOPODA
Cephalopoda NI
Loligo sp.
Illex argentinus
TELEOSTEI
Teleostei NI
Maurolicus stehmanni
Saurida sp.
Parasudis truculenta
Helicolenus lahillei
Bregmaceros sp.
Myctophidae
Diaphus sp.
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total (mm)
SC/PR
Talude
O%
IA%
M%
RJ/SP
Talude
O%
14,3
14,3
0,9
11,8
0,7
0,9
50,8
53,8
7,7
36,9
4,6
3,1
10,4
28,1
0,2
15,9
0,1
0,1
21,1
21,1
1,3
19,9
32,9
31,8
2,4
29,4
10,1
16,5
0,1
14,3
0,0
1,2
0,0
0,0
1,5
0,0
1,0
0,1
4,6
3,1
0,1
0,0
1,1
2,4
0,0
1,1
2,4
0,1
0,9
1,5
0,1
84,7
8,3
45,2
0,5
73,8
33,8
23,1
1,5
89,5
10,3
38,0
0,0
77,8
27,2
45,3
80,0
42,4
36,5
89,9
28,3
40,6
3,3
1,2
0,1
11,7
1,5
0,7
9,5
9,4
12,3
6,2
4,3
2,1
0,1
1,8
1,2
2,4
0,0
0,1
M%
505,5
2740
65
78-572
909,7
4078
85
149-574
TOTAL
IA%
M%
O%
IA%
18,7
18,7
1,1
17,0
0,3
0,3
0,0
0,0
40,7
41,3
4,7
32,7
2,0
1,3
0,7
0,7
10,9
25,8
1,0
0,0
0,7
0,3
3,3
1,3
1,3
0,7
0,0
0,0
0,0
0,0
80,3
20,5
45,3
0,2
2,1
4,2
0,0
4,6
3,4
77,3
38,7
30,7
0,7
0,7
0,7
0,7
6,7
2,7
89,0
26,4
46,3
0,0
0,0
0,1
0,0
1,0
0,3
0,0
0,0
1415,2
2999
150
78-574
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
45
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 46
Entre os peixes consumidos no inverno, destacou-se Maurolicus stehmanni nos dois
locais (Tab. 20). No verão, essa espécie foi importante no talude de SC/PR e Polymixia lowei
no talude do RJ/SP (Tab. 21). Durante o verão, foram capturados poucos exemplares na
plataforma, para os quais os eufausiáceos foram as presas mais importantes.
A piscivoria também foi verificada para a espécie no sul do Brasil (Martins, 2000, p.
169). No Atântico Nordeste subtropical, Fock et al. (2002) observaram uma marcante
variação diária na utilização de recursos pela espécie, a qual consumiu peixes
mesopelágicos durante a noite e peixes bento-pelágicos durante o dia.
Tabela 21– Massa porcentual (M%), freq:uência de ocorrência (O%) e índice alimentar (IA%) das presas consumidas por Zenopsis conchifera, por local, no período de verão/outono de 2002. NI = não identificado.
ITENS ALIMENTARES
CRUSTACEA
Crustacea NI
Euphausiacea
SC/PR
Plat. continental
M% O% IA%
SC/PR
Talude
M% O% IA%
100,0 100,0 100,0 37,3
7,9 20,0
2,1 3,7
92,1 80,0 97,9 33,6
65,1
30
35
31,6
2,9
30,5
CEPHALOPODA
Teuthida
TELEOSTEI
Teleostei NI
Myctophidae
Maurolicus stehmanni
Merluccius hubbsi
Polymixia lowei
Zenion hololepis
Massa total (gramas)
IA total
Estômagos c/ alimento
Comprimento total
(mm)
46
62,7
34,0
1,1
27,7
1,1
7526
5
68-100
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
83,7
58
5
21
40,2
3842
43
80-364
68,4
51,4
0,1
15,1
RJ/SP
Plat. continental
M% O% IA%
63,1
55,6
63,1
55,6
0,0
0,0
36,9
19,2
55,6
44,4
17,7
11,1
6,9
4553
9
108-183
RJ/SP
Talude
M% O% IA%
63,1 22,3
0,0
76,9 22,3
0,0
0,4
0,4
36,9 77,3
18,7
9,2
0,6
4,3
16,4
40,2
10,9
69,2 27,0
7,7
0,0
61,5 64,8
7,7
7,7
TOTAL
M%
24,3
0,3
24,0
0,1
0,2
0,4
0,4
53,8 72,9
23,1 10,0
15,4
0,5
75,3
11,4
0,7
2,6
14,7
36,1
9,8
7,7
7,7
7,7
6,0
14,6
4,0
427,3
2115
13
198-595
O%
IA%
67,1 24,0
21,4 0,4
45,7 62,6
1,4
1,4
0,0
0,0
68,6 76,0
45,7 29,7
5,7 0,2
14,3 2,1
1,4 1,2
1,4 2,9
1,4 0,8
475,5
1753
70
68-595
9/22/05
8:31 AM
Page 47
Zenopsis conchifera
n = 65
A
n = 85
n=5
n = 43
n=9
n = 13
100%
Crustácea
Cephalopoda
80%
Teleóstei
IA
60%
40%
20%
0%
T
T
SC/PR
RJ/SP
T
T
SC/PR
Inverno/Primavera
B
T
T
RJ/SP
Verão/Outono
100%
Outros
Teleóstei NI
80%
Peixes bentônicos
60%
Peixes demersais
IA
Peixes pelágicos
40%
IB-decápodes
20%
Zooplâncton
0%
T
T
SC/PR
RJ/SP
T
T
T
SC/PR
Inverno/Primavera
T
RJ/SP
Verão/Outono
V-RJ/SP-T
C
V-SC/PR-T
UPGMA
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
I-RJ/SP-T
I-SC/PR-T
Porcentagem de Similaridade
76
80
84
88
92
96
100
Figura 10 – Índice alimentar (IA) das presas consumidas por Zenopsis conchifera, por grupos taxonômicos (A)
e funcionais (B). Dendograma de similaridade alimentar (C). V = verão, I = inverno, T = talude, n = tamanho da
amostra. SC/PR = Santa Catarina/Paraná, RJ/SP = Rio de Janeiro/São Paulo.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
47
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
48
9/22/05
8:31 AM
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
Page 48
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 49
COMPARAÇÕES
INTERESPECÍFICAS (TALUDE)
A
s espécies investigadas apresentaram dietas baseadas em uma grande variedade
de presas pertencentes aos seguintes grupos taxonômicos: Foraminifera, Anellida
(Polychaeta), Crustacea, Echinodermata (Ophiuroidea), Mollusca (Gastropoda e
Cephalopoda) e Teleostei. Dentre esses itens, os principais recursos alimentares foram os
crustáceos decápodes, as lulas e os peixes teleósteos pertencentes a várias famílias.
Através da análise de agrupamento baseada nos grupos taxonômicos superiores
das presas principais, no período de inverno/primavera, verificou-se a formação de três
grandes grupos tróficos (Fig. 11A):
I) espécies predominantemente piscívoras, formado por Lophius gastrophysus,
Trichiurus lepturus, Helicolenus lahilei e Zenopsis conchifera. As espécies Polymixia lowei e
Beryx splendens, capturadas no talude do RJ/SP, ficaram associadas a esse grupo.
II) espécies que se alimentaram principalmente de crustáceos, formado pelas duas
espécies de macrurídeos (Malacocephalus occidentalis e Caelorhinchus marinii) e
Bembrops heterurus. No talude de SC/PR, P. lowei esteve associada a esse grupo. Além
dos crustáceos, teleósteos também foram importantes na dieta dessas espécies,
exceto para M. occidentalis.
III) espécie que se alimentou principalmente de crustáceos e cefalópodes (lulas),
representado por B. splendens capturada no talude de SC/PR.
No período de verão/outono, foram observados quatro grupos (Fig. 11B):
I) espécies predominantemente piscívoras, formado por L. gastrophysus, T. lepturus, C.
marinii e Z. conchifera. No talude de SC/PR, B. splendens ficou associada a esse grupo.
II) espécies que se alimentaram principalmente de crustáceos,formado por M.occidentalis,
B.heterurus e P.lowei Além de crustáceos,teleósteos também foram importantes na dieta de
P.lowei nas duas regiões, e na de M.occidentalis no talude de SC/PR.
III) espécies que se alimentaram predominantemente de cefalópodes (lulas), formado
por H. lahillei (SC/PR) e B. splendens (RJ/SP).
IV) espécie que se alimentou principalmente de ofiuróides, formado pelo sarrão H.
lahillei (RJ/SP).
O resumo das principais presas de cada espécie, por área geográfica e época do ano
está apresentado na Tabela 22.
Uma análise mais detalhada das espécies classificadas como piscívoras revela que
Z. conchifera consumiu principalmente espécies pelágicas. Em determinadas épocas do
ano e locais, esse recurso alimentar foi compartilhado com B.splendens, B.heterurus, C.marinii,
H. lahillei e P. lowei. Em algumas amostras, apesar do avançado estado de digestão dos teleósteos consumidos por essas espécies, verificou-se que as mesmas se alimentaram de espécies de hábitos mesopelágicos, como Maurolicus stehmanni, mictofídeos e bregmacerotídeos. Constatou-se, nos cruzeiros de prospecção pelágica, que essas espécies compõem
grandes cardumes multiespecíficos na área estudada, realizando migrações verticais diárias
(Soares, 2002). A biomassa de M.stehmanni estimada através de método hidroacústico, com
dados coletados na primavera de 1997, foi de cerca de um milhão de toneladas na área
delimitada pelas isóbatas de 100 e 1500 m, na Região Sul-Sudeste do Brasil (Greig, 2000).
Essa espécie está associada à quebra de plataforma e talude, migrando para profundidades
menores durante a noite e permanecendo em profundidades superiores a 200 m durante o
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
49
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 50
A – Inverno/Primavera (Talude)
T2
L2
Z2
Z1
H1
Peixes
P2
B2
M1
UPGMA
Crustáceos e Peixes
P1
C2
Bh2
C1
M2
Bh1
Crustáceos e Cefalópodes
B1
Porcentagem de Similaridade
40
50
60
70
80
90
100
B – Verão/Outono (Talude)
H4
P4
P3
M3
M4
Bh4
Bh3
H3
B4
C3
C4
Z4
Z3
T3
L4
L3
B3
UPGMA
Ofiuróides
Crustáceos e Peixes
Cefalópodes
Peixes
Porcentagem de Similaridade
28
40
52
64
76
88
100
Figura 11 – Dendograma de similaridade da dieta dos peixes no sistema de talude, nos períodos de
Inverno/Primavera (A) e Verão/Outono (B). B = Beryx splendens, Bh = Bembrops heterurus, C = Caelorhinchus
marinii, H = Heliocolenus lahillei, L = Lophius gastrophysus, M = Malacocephalus occidentalis, P = Polymixia
lowei, T = Trichiurus lepturus, Z = Zenopsis conchifera. 1 e 3 = Santa Catarina/Paraná; 2 e 4 = Rio de Janeiro/
São Paulo.
50
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 51
Tabela 22– Resumo das principais presas consumidas pelas espécies de peixes estudadas, no talude de
SC/PR e RJ/SP, no período de inverno/primavera e verão/outono. BESP = B. splendens, BEHE = B. heterurus,
CAMA = C. marinii, HELA = H. lahillei, LOGA = L. gastrophysus, MAOC = M. occidentalis, POLO = P. lowei,
TRLE = T. lepturus, ZECO = Z. conchifera.
PRESA PRINCIPAL
TELEOSTEI
Inverno/Primavera
SC/PR
RJ/SP
ZECO
ZECO
LOGA
TRLE
BESP
POLO
Verão/Outono
SC/PR
RJ/SP
ZECO
LOGA
CAMA
TRLE
BESP
ZECO
LOGA
CAMA
BEHE
MAOC
POLO
BEHE
MAOC
POLO
HELA
CRUSTACEA
CEPHALOPODA
BEHE
MAOC
POLO
CAMA
BEHE
MAOC
CAMA
BESP
BESP
HELA
OPHIUROIDEA
HELA
dia, quando provavelmente se torna disponível para as espécies estudadas (Almeida, 2001).
Por outro lado, L.gastrophysus explora principalmente peixes demersais de diversas espécies,destacando-se a merluza e Polymixia lowei, recursos abundantes na área (REVIZEE,2002).
No talude, a maioria dos peixes consumidos pelo peixe-espada (T. lepturus) não foi
identificada. Na região de SC/PR foram analisados cinco exemplares no inverno, para os
quais Z. conchifera foi uma espécie importante, diferentemente da plataforma, onde os engraulídeos e carangídeos (Trachurus lathami) foram os principais peixes na dieta da espécie. Pucci (2004) obteve os mesmos resultados na plataforma de Cabo Frio e Ubatuba.
Entre as espécies que consumiram principalmente crustáceos,B.heterurus e M.occidentalis apresentaram uma dieta bastante uniforme temporalmente,nas duas regiões,consumindo principalmente decápodes. No talude de SC/PR, esse recurso foi compartilhado com P. lowei, nos dois períodos. No verão, entre os crustáceos consumidos por C.marinii, a maioria não
foi identificada,no entanto,destacaram-se os decápodes (RJ/SP) e os isópodes (SC/PR).Pequenos crustáceos zooplanctônicos, representados pelos eufausiáceos, foram presas particularmente importantes para T.lepturus, P.lowei e Z.conchifera, no período de verão.
O principal recurso bentônico utilizado foi crustáceos decápodes, representados
principalmente por anomuros do gênero Munida. Além desses, os ofiuróides foram importantes na alimentação de Helicolenus lahillei na região do RJ/SP. Estudos quantitativos da
fauna de invertebrados bentônicos da região de quebra de plataforma e talude da região
de Ubatuba indicam que a fauna bentônica é dominada pelos equinodermos (principalmente ofiuróides), crustáceos, poliquetas e cnidários, constituindo juntos 87% da abundância (Sumida, 1994). Em Cabo Frio, De Léo (2003) obteve resultados semelhantes em relação à macrofauna bentônica, porém os moluscos também foram abundantes. Esses autores verificaram que, dentre os crustáceos, destacaram-se os decápodes, especialmente os
galateídeos do gênero Munida e os camarões peneídeos. Estudos realizados junto ao Programa REVIZEE sobre a macrofauna bentônica da quebra de plataforma e talude, entre Cabo de São Tomé e Chuí, revelam que os crustáceos e ofiuróides são abundantes e apresentam alta biomassa na área estudada, representando dessa forma, uma importante fonte de
alimento para os organismos que se alimentam da epifauna e da endofauna (Amaral, et al.
2005). Por serem representativos na dieta de algumas espécies, os decápodes, ofiuróides e
isópodes foram representados no diagrama da Figura 12. Embora as interações tróficas
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
51
52
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
Fitoplâncton
Ofiuróides
Engraulídeos
Detrito
Isopodes
Peixes
bentônicos
Caelorinchus marinii
Decápodes
Bembrops heterurus
Malacocephalus occidentalis
8:31 AM
Zooplâncton
Peixes mesopelágicos
Lulas
Merluza
Helicolenus lahillei
Lophius gastrophysus
9/22/05
Figura 12 – Diagrama das principais interações tróficas de nove espécies, no sistema de talude da Zona Econômica Exclusiva da Região Sudeste-Sul do Brasil.
Polymixia lowei
Berix splendens
Zenopsis conchifera
Trechiurus lepturus
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
Page 52
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 53
desses invertebrados sejam desconhecidas, provavelmente devem participar da cadeia de
detrito, de forma direta ou indireta.
Os cefalópodes, representados por lulas do gênero Loligo e Illex, foram particularmente importantes na dieta de B. splendens e H. lahillei, em algumas épocas do ano.
Embora L. gastrophysus se alimente principalmente de teleósteos, durante o verão os
cefalópodes também foram representativos em sua dieta. As lulas são recursos
abundantes na ZEE, sendo que as do gênero Loligo foram capturadas em profundidades
inferiores a 300 m, enquanto que Illex argentinus apresentou uma ampla distribuição
batimétrica, ocorrendo entre 100 a 600 m durante os cruzeiros de Prospecção Pesqueira
de Recursos Demersais (REVIZEE, 2002). As lulas foram mais abundantes durante o verão
e o maior consumo de cefalópodes pelas espécies de peixes nesse período deve estar
relacionado à maior disponibilidade desse recurso. Na plataforma continental de Cabo
Frio, a maior abundância de cefalópodes, em especial Loligo sanpaulensis, durante os
períodos de primavera/verão está relacionada com a ressurgência de águas ricas em
nutrientes da Água Central do Atlântico Sul (Costa & Fernandes, 1993). A análise da pesca
artesanal e industrial de lulas na região de Santa Catarina revela que Loligo plei é a espécie
predominante nas capturas durante a maior parte do ano, enquanto que L. sanpaulensis
predomina nos períodos de setembro a dezembro (Perez, 2002). A atividade reprodutiva
de Loligo plei é mais intensa nos meses de verão, havendo um pico secundário no
outono/inverno (Perez et al., 2002). Provavelmente, o maior consumo de lulas pelas
espécies analisadas, durante o período de verão/outono, esteja associada à maior
abundância desse recurso na área. No âmbito do Programa REVIZEE, foram realizados
cruzeiros de prospecção acústica em uma extensa área situada entre Cabo de São Tomé
(RJ) e Chuí (RS), entre 100 e 1000 m de profundidade. Registros Acústicos Profundos (RAP)
descritos por Madureira et al. (2005) próximo ao fundo da região de quebra de plataforma
e talude, foram atribuídos principalmente ao calamar argentino Illex argentinus.
Movimentos migratórios marcantes foram observados nos períodos crepusculares, do
fundo para meia água ao entardecer, e movimento inverso ao amanhecer. Provavelmente,
esse recurso torna-se disponível para os peixes demersais e bentônicos no período em
que permanecem próximo ao fundo.
O sarrão H. lahillei apresentou dieta bastante heterogênea, utilizando diferentes recursos ao longo do tempo e em diferentes locais, consumindo invertebrados bentônicos
(ofiuróides, poliquetas e decápodes) e nectônicos (lulas), além de peixes pelágicos, refletindo uma maior plasticidade alimentar em relação às outras espécies analisadas.
A importância da cadeia pelágica no sistema de talude pode ser verificada pela dominância de presas como eufausiáceos, lulas e peixes mesopelágicos na dieta de algumas
espécies, sendo esses organismos fundamentais na transferência de energia entre o sistema bentônico e o pelágico. A importância da fauna mesopelágica como fonte de alimento
para peixes demersais de talude tem sido enfatizada por diversos autores (Sedberry & Musick, 1978; Blaber & Bullman, 1987; Bulman et al., 2002).
No diagrama apresentado na Figura 12, o fluxo energético associado ao compartimento das lulas foi baseado em dados de alimentação da espécie Illex argentinus, uma vez
que essa foi a espécie mais importante na dieta dos peixes. As principais presas de I. argentinus são peixes mesopelágicos (Maurolicus e Diaphus), a merluza, além das próprias lulas
(Santos & Haimovici, 1997).
Com relação aos peixes mictofídeos, de modo geral são seletivos em relação ao tipo
e tamanho da presa, consumindo principalmente copépodes adultos, eufausiáceos e ostrácodes, sendo reponsáveis pela remoção de cerca de 2% da biomassa zooplanctônica através da predação noturna na zona epipelágica (Hopkins & Gartner, 1992). Nas águas do sul
da Tasmânia e sub-árticas do oeste do Pacífico, eufausiáceos e copépodes calanóides foram as principais presas de espécies da família Myctophidae (Moku et. al, 2000; Williams
et al., 2001). Copépodes e anfípodes hiperídeos foram as principais presas de Maurolicus
muelleri nas águas de talude do sul do Brasil (Haimovici et al., 1994).
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
53
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 54
Considerando-se que a merluza M.hubbsi foi a principal espécie demersal consumida por L. gastrophysus e Z. conchifera e pelo fato de representar uma fonte de alimento em
potencial devido a sua alta abundância e biomassa na área investigada (REVIZEE, 2002), essa espécie foi representada no diagrama da figura 12. A ligação da merluza com a cadeia
planctônica está associada ao consumo de invertebrados planctônicos e peixes que se alimentam do plânton. Estudos realizados na plataforma e talude do Rio Grande do Sul revelam que M.hubbsi se alimenta principalmente de peixes (Engraulis anchoita), embora os juvenis também se alimentem de misidáceos (Haimovici et al., 1993). A anchoíta E. anchoita
preda principalmente o zooplâncton, em especial os copépodes (Schwingel, 1998). Resultados semelhantes em relação à dieta da merluza foram observados na plataforma de Ubatuba e Cabo Frio (Muto, 2004), sendo que exemplares pequenos se alimentaram de eufausiáceos, anfípodes e teleósteos (engraulídeos), enquanto que peixes maiores consumiram
principalmente teleósteos. Além dessas presas, as lulas também foram consumidas pelas
merluzas de 100 a 200 mm de comprimento.
Os resultados obtidos no presente estudo ilustram a complexidade das interações tróficas entre as nove espécies estudadas no sistema de talude, as quais compartilharam presas
pertencentes a várias categorias taxonômicas e habitats. Considerando-se a importância
dessas espécies como potenciais recursos pesqueiros, assim como o papel ecológico das
mesmas como predadores de topo, esses resultados pretendem contribuir para um melhor
entendimento do funcionamento do ecossistema de plataforma externa e talude,assim como
dos mecanismos que regem a produção desses pescados - informações de fundamental
importância para o manejo pesqueiro.Os dados sobre a composição de dieta serão de grande
valia para a modelagem das interações tróficas no ecossistema estudado, uma vez que
indicam as principais vias de transferência de energia utilizadas pelos peixes e permitem a
quantificação da matéria orgânica transferida entre níveis tróficos da cadeia alimentar.
54
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 55
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
s principais recursos alimentares utilizados pelas espécies de peixes investigadas
foram peixes teleósteos, crustáceos e cefalópodes. Os ofiuróides também foram
presas importantes para o sarrão Helicolenus lahillei.
A maioria das espécies não apresentou variação temporal e espacial na dieta, com
exceção de Beryx splendens e Helicolenus lahillei. Essas duas espécies apresentaram maior
plasticidade alimentar em relação às outras, consumindo presas distintas, dependendo do
local e época do ano. Em geral, os cefalópodes foram mais importantes na dieta dos peixes
nos períodos de verão/outono, refletindo sua maior disponibilidade nesse período.
Os grupos tróficos identificados no talude foram piscívoros, comedores de crustáceos e peixes teleósteos, comedores de cefalópodes, e comedores de ofiuróides. Para algumas espécies a classificação nesses grupos variou com a época do ano e a área geográfica.
A dieta das espécies analisadas consistiu de um grande número de espécies de peixes, de hábitos bentônicos, demersais e pelágicos. Dentre as espécies demersais, destacouse a merluza, umas das espécies mais abundantes nos cruzeiros de prospecção pesqueira
de demersais com rede de arrasto de fundo. Os pequenos peixes mesopelágicos - bregmacerotídeos, mictofídeos e Maurolicus stehmani - também foram presas importantes.
A participação das espécies de peixes estudadas na cadeia de fundo é verificada
pela utilização de uma grande diversidade de invertebrados bentônicos, em especial os
decápodes anomuros, organismos abundantes na área investigada. O consumo de lulas e
peixes mesopelágicos indica a importância da fauna pelágica na manutenção da teia
trófica de fundo do talude superior, sendo o comportamento de migração vertical
importante componente na transferência de energia para a fauna bentônica.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
55
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
56
9/22/05
8:31 AM
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
Page 56
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Allain, V. 2001. Reproductive strategies of the three deep-water benthopelagic fishes from
the northeast Atlantic Ocean. Fish. Res., 51:165-176.
Almeida, E.M. 2001. Estrutura da população, crescimento e reprodução de Maurolicus stehmanni Parin & Kobyliansky, 1993 (Teleostei: Sternoptychidae) na Zona Econômica
Exclusiva do Sul e Sudeste do Brasil. Dissertação de mestrado. Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo. 118p.
Amaral, A.C.Z.; Lana, P.C.; Fernandes, F.C.& Coimbra, J.C.2004.Parte I – Caracterização do ambiente e da macrofauna bentônica. In: Biodiversidade Bentônica da Região
Sudeste-Sul do Brasil – Plataforma Externa e Talude Superior. Eds. Amaral, A.C.Z. &
Rossi-Wongtschowski, C.L.D.B. Série Documentos REVIZEE – Score Sul. 216p.
Baik, C.J. & Park, J.H. 1996. Relationship between oceanographic conditions and catch of the
hairtail, Trichiurus lepturus Linnaeus from the stow net. Bull. Fish. Res. Dev. Ag., Busan,
39:29-41.
Bellini, A.T. 1980. Biologia e bionomia de Trichiurus lepturus (Linneaus, 1758) (Trichiuridae,
Perciformes,Teleostei),da costa brasileira,entre Cabo Frio (23°00’S) e Torres (29°21’S).
Dissertação de mestrado. Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo. 97p.
Berg, J. 1979. Discussion of methods of investigating the food of fishes, with reference to a
preliminary study of the prey of Gobiusculus flavescens (Gobiidae). Mar. Biol., 50:263273.
Blaber, S.J.M. & Bulman, C.M. 1987. Diets of fishes of the upper continental slope of eastern
Tasmania: content, calorific values, dietary overlap and trophic relationships. Mar.
Biol., 95: 345:356.
Boltovskoy,D.1981.Atlas del Zooplancton del Atlántico Sudoccidental y métodos de trabajo
con el zooplancton marino. Mar del Plata, Publicación especial del INIDEP, 936p.
Bullman, C.M.; Althaus, F.; He, X.; Bax, N.J. & Williams, A. 2001. Diets and trophic guilds of
demersal fishes of the south-eastern Australian shelf.Mar.Freshwater Res.,52:537-548.
Bullman, C.M.; He, X. & Koslow, J.A. 2002.Trophic ecology of the mid-slope demersal fish off
southern Tasmania, Australia. Mar. Freshwater Res., 53:59-72.
Cohen, D.M.; Takahashi, I.; Iwamoto, T. & Scialabba, N. 1990. Gadiform fishes of the world
(Order Gadiformes).An annotated and illustrated catalogue of cods,hakes,grenadiers
and other gadiform fishes known to date. FAO Species Catalogue, v.10, 452p.
Costa, P.A.S. & Fernandes, F.C. 1993. Seasonal and spatial changes of cephalopods caught in
the Cabo Frio (Brazil) upwelling ecosystem. Bull. mar. Sci., 52(2): 751-759.
Das, M.K. & Nelson, J.S. 1996. Revision of the Percophid Genus Bembrops (Actinopterygii:
Perciformes). Bull. mar. Sci., 59(1): 9-44.
De Léo, F.C. 2003. Estrutura e dinâmica da fauna bêntica em regiões da plataforma e talude
superior do Atlântico Sudoeste. Dissertação de Mestrado. Instituto Oceanográfico,
Universidade de São Paulo. 152p.
Dubochkin, A.S. & Kotlyar, A.N. 1989. On the feeding of alfoncino (Beryx splendens).
J. Ichthyol., 29(5):1-8.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
57
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 58
Dürr, J. & González, J.A. 2002. Feeding habits of Beryx splendens and Beryx decadactylus (Berycidae) off the Canarian Islands. Fish. Res., 54: 363-374.
Fagundes-Neto, E.B. & Gaelzer, L.R. 1995. Sobre a alimentação de Lophius gastrophysus na
pesca de arrasto do litoral do Cabo Frio – RJ, Brasil. VI Congresso Latino-americano
de Ciências del Mar. 1995. Mar del Plata. p.76
Figueiredo, J.L. & Menezes, N. A. 1978. Manual de peixes marinhos do Sudeste do Brasil. II.
Teleostei (1). São Paulo, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo. 110p.
Figueiredo, J.L.; Santos, A.P.;Yamaguti, N.; Bernardes, R.Á. & Rossi-Wongtschowski, C.L.D.B. 2002.
Peixes da Zona Econômica Exclusiva da Região Sudeste-Sul do Brasil: Levantamento
com Rede de Meia-Água. Ed. EDUSP: Imprensa Oficial do Estado, São Paulo. 242p.
Fischer, W. 1978. FAO species identification sheets for fishery purposes. Western Central
Atlantic (fishing area 31). Rome, FAO. v.5.
Fock, H.O.; Matthiessen, B.; Zidowsk, H. & Westernhagen, H.V. 2002. Diel and habitatdependent resource utilization by deep-sea fishes at the Great Meteor seamount:
Niche overlap and support for the sound scattering layer interception hypothesis.
Mar. Ecol. Progr.-Ser., 244:219-233.
Gasalla, M.A. 1995. Organização trófica da ictiofauna do saco de Mamanguá, Parati, Estado
do Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, Departamento de Oceanografia Biológica. 145p.
Gasalla, M.A. & Soares, L.S.H. 2001. Comentários sobre os estudos tróficos de peixes marinhos no processo histórico da ciência pesqueira e modelagem ecológica. Bolm Inst.
Pesca, 27 (2):247-263.
Gasalla, M.A. 2004. Impactos da pesca industrial no ecossistema da plataforma continental
interna do Sudeste do Brasil: a abordagem ecossistêmica e a integração do conhecimento.Tese de doutorado, Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo.276p.
Gerking, S.D. 1994. Feeding ecology of fish. San Diego, Academic Press. 416p.
Greig, A.B. 2000. Determinação da distribuição e estimativa da abundância de Maurolicus
muelleri (Gmelin, 1789): (Teleostei: Sternoptychidae) por método hidroacústico na
região sudeste-sul do Brasil para a primavera de 1997. Dissertação de Mestrado.
Fundação Universidade Federal do Rio Grande. 80p. + Apêndices.
Haimovici, M.; Martins, A.S. & Teixeira, R.L. 1993. Distribución, alimentación y observaciones
sobre la reproducción de la merluza (Merluccius hubbsi) en el sur de Brasil. Frente
Maritimo, 14: 43-40.
Haimovici, M.; Martins, A.S.; J.L. Figueiredo & Vieira, P.C. 1994. Demersal bony fish of the
outer shelf and upper slope of the southern Brazil subtropical convergence
ecosystem. Mar. Ecol. Progr. -Ser. 108(1/2): 59-77.
Haimovici, M.; Martins, A.S. & Vieira, P.C. 1996. Distribuição e abundância de peixes teleósteos
demersais sobre a plataforma continental do sul do Brasil. Rev. Bras. Biol., 56(1):27-50.
Hopkins,T.L.& Gartner Jr,J.V.1992.Resource-partitioning and predation impact of low-latitude
myctophid community. Mar. Biol., 114:185-197.
Hureau, J.C. 1986. Polymixiidae. In: Whitehead, P.J.P.; Bauchot, M.L.; Hureau, J.C., Nielsen, J. &
Tortonese, E. eds. Fishes of the North-eastern Atlantic and the Mediterranean.
Bungay, Unesco. v. 2, p. 738-739.
Hyslop, E.J. 1980. Stomach contents analyses - a review of methods and their application. J.
Fish Biol., 17(4):411-429.
Kawakami, E. & Vazzoler, G. 1980. Método gráfico e estimativa do índice alimentar aplicado
no estudo de alimentação de peixes. Bolm Inst. Oceanogr., São Paulo, 29(2): 205-207.
58
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 59
Krebs, C. J. 1999. Ecological Metodology. 2nd ed. Menlo Park, Addison Welsey Longman. 620p.
Kwok, K.Y. & Ni, I.H. 1999. Reproduction of the cutlassfishes Trichiurus spp. From the South
China Sea. Mar. Ecol. Progr. -Ser., 176:39-47.
Lin, X. 1987. Biological characteristics and resources status of three main commercial fishes
in offshore waters of China. J. Fish. China Shuichan Xueba, 11(3):187-194.
Macpherson, E. & Roel, B.A. 1987. Trophic relationships in the demersal fish community off
Namibia. S. Afr. J. mar. Sci., 5: 585-596.
Madureira, L.S.P.; Habiaga, R.P.; Duvoisin, A.C.; Eliseire Jr., D.; Soares, C.F.;Weigert, S.C.; Ferreira,
C.S. & Saldo, P.A. 2005. Identificação de registros acústicos do calamar argentino Illex
argentinus (Castellanos, 1960), no talude da região sudeste e sul do Brasil. São Paulo:
Instituto Oceanográfico – USP, Série Documentos REVIZEE: Score Sul. 32pp.
Martins, A.S. 1992. Bioecologia do peixe-espada Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758, no sul do
Brasil. Dissertação de mestrado. Fundação Universidade do Rio Grande. 143pp.
Martins, A.S. & Haimovici, M. 1997. Distribution, abundance and biological interactions of
the cutlassfish Trichiurus lepturus in the southern Brazil subtropical convergence
ecosystem. Fish. Res., 30:217-227.
Martins, A.S. 2000. As assembléias e as guildas tróficas de peixes ósseos e cefalópodes demersais da plataforma continental e talude superior do extremo sul do Brasil. Tese
de doutorado. Fundação Universidade Federal do Rio Grande. 169pp.
Maul, G. E. 1986. Berycidae. In: Fishes of the north-eastern Atlantic and the Mediterranean.
Eds. Whitehead, P.J.P.; Bauchot, M.L.; Hureau, J.C., Nielsen, J. & Tortonese, E. Bungay,
Unesco. v. 2, p. 740-742.
Menezes, N.A. & Figueiredo, J.L. 1980. Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. IV.
Teleostei (3). São Paulo, Museu de Zoologia. Universidade de São Paulo. 96pp.
Menezes, N.A. & Figueiredo, J.L. 1985. Manual de peixes marinhos do Sudeste do Brasil.V.Teleostei (4). São Paulo, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo. 105pp.
Merrett, N.R.; Sazonov,Y.I. & Shcherbachev,Y.N. 1983. A new genus and species of rattail fish
(Macrouridae) from the eastern North Atlantic and eastern Indian Ocean, with notes
on its ecology. J. Fish Biol., 22: 549-561.
Moku, M.; Kawaguchi, K.; Watanabe, H. & Ohno, A. 2000. Feeding habits of three dominant
myctophid fishes, Diaphus theta, Stenobrachius leucopsaurus and S. mannochir, in
the subarctic and transitional waters of the western North Pacific. Mar. Ecol. Progr.Ser., 207: 129-140.
Muto, E.Y. 2004. Variações isotópicas de 13C e 15N de peixes demerso-pelágicos do ecossistema de plataforma ao largo de Cabo Frio (RJ) e Ubatuba (SP). Tese de doutorado,
Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo. 142pp.
Nakamura, I. & Parin, N.V. 1993. Snake mackerels and cutlassfishes of the world (Families
Gempylidae and Trichiuridae). FAO Species Catalogue. v.15, 136pp.
Natali Neto, J.F. 1994. Ictiofauna do ecossistema tropical marinho de Ubatuba (23o36’–
24o22’S; 44o33’-45o08’W), SP – Brasil, entre 50 e 100 metros de profundidade: composição, distribuição, abundância e diversidade. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, Instituto Oceanográfico, 2v.
Nouar, A. & Maurin, C.I. 2000. Régime alimentaire de Helicolenus dactylopterus dactylopterus
(Pisces: Scorpaenidae) des fonds chalutables des côtes algériennes. Cah. Biol. Mar.,
41(3):313-320.
Perez, J.A.A. 2002. Biomass dynamics of the squid Loligo plei and the development of a
small-scale seasonal fishery off southern Brazil. Bull. mar. Sci., 71(2):633-651.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
59
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 60
Perez, J.A.A.; Aguiar, D.C. & Oliveira, U.C. 2002. Biology and population dynamics of the longfinned squid Loligo plei (Cephalopoda: Loliginidae) in southern Brazilian waters.
Fish. Res., 58:267-279.
Projeto REMAC. 1979. Reconhecimento global da margem continental brasileira: germorfologia da margem continental brasileira e áreas oceânicas adjacentes. Rio de Janeiro,
PETROBRÁS. v.7:177p.
Pucci, M.C.J. 2004. Dieta e partilha alimentar de seis espécies de peixes da plataforma continental sudeste do Brasil.Dissertação de Mestrado.Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo. 137p.
REVIZEE, 2002. Programa de avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona
Econômica Exclusiva – REVIZEE – Subcomitê regional da costa Sul-Sudeste – SCORE
Sul-Sudeste – Prospecção pesqueira de recursos demersais na plataforma externa
e talude da região Sudeste-Sul – Arrasto de fundo. Relatório preliminar. IOUSPCEPSUL/IBAMA – São Paulo – SP. 53p.
Rossi-Wongtschowski, C.L.D.B.; Soares, L.S.H. & Muto, E.Y. 1997. A ictiofauna demersal do Canal e da Plataforma Interna de São Sebastião. Relat. téc. inst. oceanogr., (41):47-64.
Ruppert, E.E. & Barnes, R.D. 1996. Zoologia dos invertebrados. 6th ed. São Paulo, Editora
Rocca. 1029p.
Santos, R.A. & Haimovici, M. 1997. Food and feeding of the short-finned squid Illex argentinus (Cephalopoda: Ommastrephidae) off southern Brazil. Fish. Res., 33: 139-147.
Schwingel, P.R. 1998. Feeding ecology of Engraulis anchoita (Hubbs & Marini 1935) in Brazilian
waters (22°S to 34°S). Dissertation. University of Hamburg, Faculty of Biology, 204p.
Sedberry,G.A.& Musick,J.A.1978.Feeding strategies of some demersal fishes of the continental
slope and rise off the mid-Atlantic coast of the USA. Mar.Biol., 44:357-375.
Sierra, L.M.; Claro, R.& Popova, O.A.1994.Alimentación y relaciones tróficas.In: Rodolfo Claro
(ed.) Ecología de los peces marinos de Cuba. Instituto de Oceanología Academia de
Ciencias de Cuba y Centro de Investigaciones de Quintana Roo, México. p: 263-284
Soares, C.F. 2002. Caracterização dos ecotipos detectados durante cruzeiros de prospecção
pesqueira acústica entre Cabo de São Tomé (RJ) e Chuí (RS). Dissertação de
Mestrado. Fundação Universidade Federal do Rio Grande. 172p.
Soares, L.S.H.; Gasalla, M.A.; Rios, M.A.T.; Arrasa, M.V. & Rossi-Wongtschowski, C.L.D.B. 1993.
Grupos tróficos de onze espécies dominantes de peixes demersais da plataforma
continental interna de Ubatuba, Brasil. Publicação esp. Inst. Oceanogr. S. Paulo,
(10):189-198.
Sumida, P.Y.G. 1994. Associações bênticas da quebra da plataforma e talude superior ao largo de Ubatuba-SP, Brasil. Dissertação de Mestrado. Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo. 102p.
Vasconcelos, M. & Gasalla, M.A. 2001. Fisheries catches and the carrying capacity of marine
ecosystems in southern Brazil. Fish. Res., 50: 279-295.
Velasco Canziani, G. 2004. Modelo ecotrófico da plataforma continental do sul do Brasil e
cenários de exploração pesqueira da anchoíta (Engraulis anchoita) e do peixe lanterna (Maurolicus stehmani).Tese de Doutorado. Fundação Universidade Federal do
Rio Grande. 160p.
Williams, A.; Koslow, J.;Terauds, A. & Haskard, K. 2001. Feeding ecology of five fishes from the
mid-slope micronekton community off southern Tasmania, Australia. Mar. Biol.,
139(6):1177-1192.
Wooton, R. J. 1990. Ecology of teleost fishes. 2nd ed. London, Chapman & Hall. 404p.
60
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
9:21 AM
Page 61
ANEXOS
Anexo 1 – Dados referentes aos 55 lances de arrasto de fundo realizados nos períodos de Inverno-Primavera 2001 e Inverno 2002, entre
100 e 600 metros de profundidade, na Região Sudeste-Sul do Brasil – Programa REVIZEE. P = plataforma externa, T = talude.
Área
Data
Lance
P/T
Latitude
Longitude
Profund.
Temp.
arrasto (m) superf. Cº
Temp.
fundo Cº
Salin.
superfície
Salin.
fundo
INVERNO 2001
I. Sta. Catarina
I. Sta. Catarina
I. Sta. Catarina
I. Sta. Catarina
I. Sta. Catarina
I. Sta. Catarina
I. Sta. Catarina
S. Franc.do Sul
S. Franc.do Sul
S. Franc.do Sul
S. Franc.do Sul
S. Franc.do Sul
S. Franc.do Sul
S. Franc.do Sul
Paranaguá
Paranaguá
Paranaguá
Paranaguá
Paranaguá
Paranaguá
Paranaguá
Santos
Santos
Santos
Santos
Santos
Santos
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
05/08/01
05/08/01
05/08/01
05/08/01
06/08/01
06/08/01
06/08/01
07/08/01
07/08/01
07/08/01
19/09/01
13/10/01
13/10/01
13/10/01
14/10/01
14/10/01
14/10/01
14/10/01
14/10/01
15/10/01
15/10/01
15/10/01
16/10/01
16/10/01
16/10/01
16/10/01
16/10/01
17/10/01
17/10/01
21/10/01
21/10/01
21/10/01
21/10/01
21/10/01
21/10/01
0401
0402
0403
0404
0405
0406
0407
0408
0409
0410
0411
0412
0413
0414
0415
0416
0417
0418
0419
0420
0421
0422
0423
0424
0425
0426
0427
0428
0429
0530
0531
0531 B
0532
0533
0534
T
T
T
T
T
T
P
P
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
P
P
P
T
T
T
T
P
P
T
T
T
T
T
T
27°21,915
27°20,910
27°20,093
27°17,575
27°20,826
27°20,737
27°14,967
26°23,831
26°38,995
26°42,124
26°54,482
26°40,180
26°47,395
26°48,342
26°22,051
26°15,135
26°09,813
26°06,216
26°03,928
26°00,363
25°44,977
25°17,505
25°38,236
25°45,547
25°46,788
25°46,118
25°45,156
24°56,420
24°40,401
24°55,016
24°53,575
24°53,118
24°51,996
24°51,160
24°49,069
47°01,435
47°04,180
47°04,838
47°04,158
47°13,331
47°20,962
47°48,018
47°20,708
46°51,502
46°43,329
46°15,250
46°34,083
46°29,403
46°19,289
45°52,977
45°57,881
46°06,005
46°11,264
46°16,406
46°23,132
46°47,994
46°01,687
45°25,526
45°15,709
45°10,425
45°11,813
45°12,224
44°48,886
45°06,381
44°32,265
44°33,249
44°32,920
44°35,760
44°37,760
44°40,479
602
500
400
300
199
150
102
101
150
201
565
300
385
482
580
478
403
298
198
149
102
102
150
233
610
506
404
151
100
603
515
505
400
323
206
21,4
21,7
21,5
21,5
21,2
21,4
20,3
20,3
20,7
21,7
22,9
21,6
22
22
21,2
21,2
22,1
22
22
21,6
21
7
8
8,9
11,2
12
14
16
15
14,5
13,5
11
12
9,2
8
6
8,1
9,5
11,5
12,9
11,1
10,7
35,7
35,8
35,7
35,7
35,8
35,7
35,7
34,5
34,8
35,5
36,9
35,9
36
36,3
36,2
36
35,8
35,8
35,7
35,9
35,4
34,4
34,5
34,6
34,9
35,1
35,4
35,5
35,5
35,4
35,3
34,8
35,1
34,7
34,6
34,4
34,6
34,7
34,9
35,2
35,1
34,8
25/06/02
26/06/02
26/06/02
26/06/02
26/06/02
26/06/02
26/06/02
26/06/02
28/06/02
28/06/02
28/06/02
28/06/02
28/06/02
29/06/02
29/06/02
29/06/02
29/06/02
29/06/02
29/06/02
30/06/02
0601
0602
0603
0604
0605
0606
0607
0608
0609
0610
0611
0612
0613
0614
0615
0616
0617
0618
0619
0620
P
T
T
T
T
T
T
P
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
P
23°08,676
23°36,038
23°39,344
23°40,185
23°41,875
23°44,277
23°47,174
23º26,036
23°53,620
24°00,817
24°02,729
24°05,221
24°07,861
24°29,984
24°27,125
24°23,862
24°21,396
24°18,756
24°13,814
23°56,543
42°29,681
42°17,511
42°15,199
42°12,424
42°13,956
42°12,097
42°08,000
43°24,574
43°11,803
43°07,977
43°07,992
43°07,292
43°04,090
44°01,891
44°06,793
44°09,124
44°08,416
44°11,638
44°16,453
44°28,977
100
161
248
309
409
517
593
99
149
299
400
501
597
601
502
404
299
188
148
98
22,8
24
23,8
23,9
24
24
24
23
24,2
24,3
24,5
24,3
24,1
25
25
24
23,5
23,4
23
22
18,5
15,6
15,7
14,2
12,8
9,5
7,8
17,8
15,9
12,5
10,5
8,2
7
8
9,5
10,5
11,4
12,2
15,5
15,9
34,8
36,3
36,5
36,6
35,6
36,6
36,6
35,2
36,8
36,9
36,9
36,9
36,8
37,1
37,2
36,8
36,2
35,9
35,6
35,1
35,7
35,6
35,5
35,4
35,1
34,7
34,5
35,7
35,6
35,1
34,8
34,6
34,4
34,6
34,7
34,8
34,9
35,1
35,5
35,5
INVERNO 2002
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Ilha Grande
Ilha Grande
Ilha Grande
Ilha Grande
Ilha Grande
Ilha Grande
Ubatuba
Ubatuba
Ubatuba
Ubatuba
Ubatuba
Ubatuba
Ubatuba
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
61
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
9:21 AM
Page 62
Anexo 2 – Dados referentes aos 56 lances de arrasto de fundo realizados no período de Verão-Outono de 2002, entre 100 e 600 metros
de profundidade, na Região Sudeste-Sul – Programa REVIZEE. P = plataforma externa, T = talude.
Área
Data
Lance
P/T
Latitude
Longitude
Profund.
Temp.
arrasto (m) superf. Cº
21/02/02
21/02/02
21/02/02
23/02/02
23/02/02
23/02/02
23/02/02
24/02/02
24/02/02
25/02/02
25/02/02
25/02/02
25/02/02
25/02/02
26/02/02
26/02/02
26/02/02
26/02/02
26/02/02
27/02/02
27/02/02
17/04/02
18/04/02
1001
1002
1003
1004
1005
1006
1007
1008
1009
1010
1011
1012
1013
1014
1015
1016
1017
1018
1019
1020
1021
1122
1123
T
T
T
T
T
T
P
P
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
P
P
P
27°22,098
27°21,059
27°20,585
27°20,707
27°19,826
27°20,519
27°15,556
26°23,875
26°38,740
26°41,760
26°45,844
26°47,232
26°52,518
26°55,426
26°22,904
26°13,401
26°10,080
26°06,680
26°04,222
26°00,400
25°40,645
25°17,488
25°38,532
47°01,291
47°04,360
47°05,120
47°06,634
47°12,447
47°20,785
47°48,656
47°21,194
46°51,068
46°43,254
46°34,529
46°28,255
46°43,034
46°15,817
45°53,431
45°53,069
46°06,015
46°11,778
46°16,584
46°22,707
46°44,349
46°02,226
45°45,702
600
500
404
303
201
151
102
100
152
200
303
386
492
571
584
489
406
300
200
152
100
100
150
45°13,676
45°11,886
45°11,271
45°10,232
44°33,035
44°33,589
45°07,818
44°49,004
44°41,550
44°37,947
44°36,025
44°30,734
44°16,317
44°13,249
44°08,154
44°08,799
44°05,014
44°01,143
43°25,523
43°11,958
43°10,611
43°08,468
43°08,817
43°07,028
43°04,725
42°31,130
42°17,212
42°14,699
42°13,675
42°13,434
42°10,247
42°09,699
42°03,233
303
408
507
619
605
512
94
152
203
330
402
100
150
189
309
399
491
601
100
149
197
300
391
500
602
98
162
246
305
411
508
603
101
Temp.
fundo Cº
Salin.
superfície
Salin.
fundo
26,3
26,2
26,1
25,8
25,8
26,2
26,4
6,23
8,23
9,91
11,3
13,5
14,8
14,1
34,3
34,5
34,7
34,9
35,2
35,4
35,3
35,6
35,6
35,7
35,6
35,7
35,6
35,6
26,1
25,6
26
26,1
26,3
26,4
25,9
25,8
25,9
25,7
25,7
25,7
26,1
26
25,3
13,6
13,6
12,7
12,1
8
7,5
5,9
7,4
10,7
12,8
13,7
13,8
13,9
14,1
13,9
35,2
35,2
35,1
35
34,5
34,5
34,3
34,4
34,8
35,1
35,2
35,2
35,2
35,3
35,3
35,7
35,9
36,8
36,8
36,8
36,8
35,7
35,9
35,7
35,5
35,7
35,6
35,5
35,4
35,7
25,4
25,7
25,5
25,5
25,7
25,5
24,7
12,5
10,8
8,9
8
9,4
9,7
14,9
35,1
34,8
34,6
34,5
34,7
34,7
35,4
36
36,3
36
36,1
36,6
36,6
35,1
25,5
25,6
26,2
24
25
24,3
24,5
25,5
26,9
27,3
22,3
27,2
27,1
27,3
27,2
27,3
14,7
11,8
10,7
15,2
13,8
14
13
12,2
9,1
7,4
14,2
16,4
15
13,1
10,4
8,67
6,53
13,8
16,1
15,5
12,3
10,5
8,2
6,8
13,7
35,4
35
34,8
35,4
35,3
35,3
35,1
35
34,6
34,4
35,3
35,7
35,4
35,1
34,8
34,6
34,4
35,3
35,6
35,5
35
34,8
34,5
34,4
35,2
36,6
36,6
36,8
35,6
36,5
36,3
36,5
36,7
37
37
35,5
37
37
36,9
37,1
37,1
VERÃO 2002
I. Santa Catarina
I. Santa Catarina
I. Santa Catarina
I. Santa Catarina
I. Santa Catarina
I. Santa Catarina
I. Santa Catarina
S. Francisco do Sul
S. Francisco do Sul
S. Francisco do Sul
S. Francisco do Sul
S. Francisco do Sul
S. Francisco do Sul
S. Francisco do Sul
Paranaguá
Paranaguá
Paranaguá
Paranaguá
Paranaguá
Paranaguá
Paranaguá
Sul de São Paulo
Sul de São Paulo
Não foi encontrada área arrastável na faixa dos 200 m estação 1124
Sul de São Paulo
Sul de São Paulo
Sul de São Paulo
Sul de São Paulo
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
São Sebastião
Ubatuba
Ubatuba
Ubatuba
Ubatuba
Ubatuba
Ubatuba
Ubatuba
Ilha Grande
Ilha Grande
Ilha Grande
Ilha Grande
Ilha Grande
Ilha Grande
Ilha Grande
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Baía da Guanabara
Cabo Frio
62
18/04/02
18/04/02
19/04/02
19/04/02
19/04/02
20/04/02
20/04/02
21/04/02
21/04/02
21/04/02
21/04/02
22/04/02
22/04/02
22/04/02
22/04/02
23/04/02
23/04/02
23/04/02
25/04/02
25/04/02
25/04/02
25/04/02
26/04/02
26/04/02
26/04/02
27/04/02
27/04/02
27/04/02
28/04/02
28/04/02
28/04/02
28/04/02
30/04/02
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
1125
1126
1127
1128
1129
1130
1131
1132
1133
1134
1135
1136
1137
1138
1139
1140
1141
1142
1243
1244
1245
1246
1247
1248
1249
1250
1251
1252
1253
1254
1255
1256
1257
T
T
T
T
T
T
P
P
T
T
T
P
T
T
T
T
T
T
P
T
T
T
T
T
T
P
T
T
T
T
T
T
P
25°45,002
25°44,920
25°45,655
25°46,784
24°55,573
24°53,600
24°40,512
24°56,570
24°50,547
24°51,578
24°52,294
23°57,850
24°13,873
24°19,340
24°21,523
24°23,590
24°26,115
24°29,576
23°26,578
23°53,690
23°59,119
24°01,160
24°03,190
24°05,760
24°02,200
23°09,414
23°35,904
23°39,241
23°40,234
23°41,882
23°43,926
23°47,589
23°05,468
24,1
27
27
26,1
25,9
26
25,8
23,1
36,2
37
37
36,7
36,7
36,8
36,6
36
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 63
AGRADECIMENTOS
A
o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela
concessão de bolsas de pesquisa. Ao Prof. Dr. Gustavo Augusto Schmidt de Melo
(Museu de Zoologia da USP) pelo auxílio na identificação dos crustáceos; à Dra.
Roberta Aguiar dos Santos (CEPSUL/IBAMA) pela identificação dos cefalópodes; e às biólogas Amanda Rodrigues Ricci e Kazuko Suzuki, pela identificação dos peixes. Ao MSc.
Marcelo Rodrigues (IOUSP) pela digitalização do mapa da margem continental da Região
Sul-Sudeste do Brasil. À Suzana Mitie Costiuc pela revisão do abstract. Ao Centro de
Pesquisas e Extensão Pesqueira das Regiões Sudeste e Sul (CEPSUL/IBAMA) pela embarcação utilizada e apoio logístico ao projeto. Ao Instituto de Pesca de Santos da Agência
Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (IP-APTA) pela concessão de suas instalações
para o armazenamento e processamento de amostras. A New Fish e a SERBOM pelo
armazenamento do material em câmara fria em São Paulo. Ao mestre Pedro Manuel da
Costa e tripulação do N/Pq “Soloncy Moura”, pelo empenho e disposição durante todos os
cruzeiros. À Maria Aparecida Martins dos Santos, pelo apoio nas atividades administrativas
e financeiras do projeto. Aos biólogos Caio de Azevedo Marques e Maria Raquel de
Carvalho pelo auxílio na obtenção de dados de alimentação. Aos alunos de graduação que
participaram dos embarques e triagens do material.
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
63
REVIZEE_ALIMENTAÇAO/4ª
9/22/05
8:31 AM
Page 64
Editor: Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski
Supervisor de editoração: Roberto Ávila Bernardes
Gerenciamento administrativo: Aparecida Martins Vaz dos Santos
Administração Financeira: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo
Patrocinador deste volume: PETROBRAS
Projeto gráfico e editoração: Ulhôa Cintra Comunicação Visual e Arquitetura
Revisão: Cleyde Romano de Ulhôa Cintra
Fotos: Luciano Gomes Fischer
Assessoria técnica da Coordenação Geral do Programa REVIZEE (SQA/MMA)
Oneida Freire
Altineu Pires Miguens
Álvaro Roberto Tavares
Carlos Alexander Gomes de Alencar
José Luiz Jeveaux Pereira
Ricardo Castelli Vieira
64
SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL
Download

SÉRIE DOCUMENTOS REVIZEE – SCORE SUL