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Agradecimentos
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Introdução
Pertenceria à parte introdutória explicar o enceto e como tudo se formou
até este imprevisto momento, a realização de um livro. No entanto, não
existe um início bem assinalado, nem um meio; existem sim aproximações
à indispensabilidade de escrever um pouco sobre tudo, e noutros
momentos, afastamentos que são simplesmente misteriosos.
O processo é simples, consoante uma simples e mera necessidade, de uma
imagem que consigo retirar, de uma surfada que completa todos e
quaisquer sentidos das relações humanas tão complexas e tantas vezes
extraordinárias, é a vida, conforme a vejo, que me compele para o relato.
A ideia do livro, é legítimo assinalar, não partiu de mim. Escrever é
portanto uma paixão, e a qualidade da mesma nunca me coube apreciar.
Surgiu assim inesperadamente, com o impulso dado pelos que me são
próximos, e portanto “suspeitos” nas apreciações às crónicas que um dia
resolvi publicar…
O título, por sua vez, já foi concepção minha. Ao longo das crónicas existe
um elemento comum, um modo de vida que adoptei desde que me lembro
de mim, ser surfista, um elemento: o mar. Pelo que “herança” é o que estes
anos significam na minha pessoa, não enquanto capítulo fechado mas antes
em progressão.
As crónicas, reunidas, dizem respeito a diversos momentos, a espaços
temporais diferentes, e só por isso constatam um crescimento; desse modo
a organização das mesmas foi feita ao acaso, sem uma ideia cronológica
por detrás.
A frase que deixo em suspenso colmata de alguma maneira o que aqui se
encontra, ouvia-a algures, não consigo precisar, e diz muito:
“Um livro é enviado ao mundo como uma embarcação para o alto mar”
Real
Revejo-te de joelhos junto à cama na tua reza frequente, impelida pelas
tuas convicções. Funciona como um abrando para sentimentos esvaziados
que apetecem uma nova oportunidade, surtindo ou não o efeito que
almejas, é ali que te fito, preenchida nos teus pequenos rituais.
Questiono-me permanentemente, sou céptico por temperamento, porém,
respeito as escolhas que outros tomam para si, e muitas das vezes até invejo
essa aptidão para receber sem interrogações que atormentam. Procuro que
essas fases sejam circunstanciadas por momentos aprazíveis, recuso
socorrer-me a forças ou ideais, que não compreendo verdadeiramente, em
alturas de angústia - não seria autêntico.
Agarro-me antes ao que é real nos meus sentidos, no que posso tocar, ver
ou cheirar, sem nunca deixar de afiançar que existe algo superior, muito
mais para além do que posso experienciar, a razão por detrás de tudo,
todavia seguro-me ao corpóreo.
Aquela porção de terra firme que é banhada pelo mar, é um abrigo, a massa
de água que circunda os continentes é a segunda casa, um lugar muito
próprio, onde registo - pareço inabalável - em tranquilidade, que alio a uma
ansiedade incontrolável que a ti te compele para o agradecimento em cada
vez que te ajoelhas sobre o gasto soalho, a mim arrasta-me para o mar.
Convences-te, que da mesma forma, poderás ver tudo como eu, na verdade
o entendimento dos teus olhos pretos não consegue penetrar nos verdes
olhos que me caracterizam, ficas como uma vigia para tudo o que não
assimilo. Agradeço-te, mais de momento não posso fazer.
O escarnecimento não é um propósito das minhas acções, estou alegre e
pareço-te distante, totalmente alheio, para mim é só um hábito corriqueiro
afastar-me de tudo e entregar-me sem mais ao oceano. Surfar 3horas
seguidas sem interregno para o descanso ou reflexões que usualmente vão
ao teu encontro. Só aí sentes que um dia poderei ser teu. Quando abandono
a imensidade do oceano e em terra assente – ali estou.
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Herança do Mar - Sítio do Livro