Artigo Inédito
Efeito do tabagismo na taxa de contração do
enxerto gengival livre e na reparação da área
doadora: um estudo piloto
Cléverson O. Silva*, Érica Del Peloso Ribeiro**, Dimitris N. Tatakis***,
Antônio Wilson Sallum****
Palavras-chave
Enxerto gengival livre. Contração.
Fumo.
Resumo
O objetivo desse estudo piloto foi avaliar a influência do tabagismo na taxa de
contração do enxerto gengival livre (EGL) e no processo de reparo da área doadora do enxerto. Foram selecionados 5 pacientes fumantes e 5 não-fumantes,
com menos de 1mm de gengiva inserida associada à dificuldade de higienização, que receberam o EGL para aumento da faixa de tecido queratinizado. Foram avaliados os parâmetros da altura, largura e área do EGL. A área doadora
do palato foi avaliada quanto ao sangramento imediato (SI) e completa epitelização da ferida (CE). Os resultados do presente estudo mostram que, aos
3 meses de pós-operatório, a porcentagem de contração da área do EGL nos
fumantes (61%) foi maior do que nos não-fumantes (58%), porém sem diferença estatística. Uma menor porcentagem dos pacientes fumantes apresentou sangramento imediato, comparada à de pacientes não-fumantes (20% e
100%, respectivamente), assim como epitelização completa do palato (40% e
100%, respectivamente) aos 15 dias de pós-operatório. Dentro dos limites do
presente estudo, pode ser concluído que o EGL é uma técnica adequada para
aumentar a faixa de tecido queratinizado em ambos, fumantes e não-fumantes.
O cigarro interfere com a epitelização e sangramento do palato, porém não
influencia negativamente os resultados clínicos da contração do EGL.
* Professor Adjunto de Periodontia UNINGÁ – Maringá/
PR. Doutor em Periodontia pela FOP-UNICAMP.
** Professora Substituta de Periodontia da UFBA
– Salvador/BA. Doutora em Periodontia pela FOPUNICAMP.
*** Professor e Diretor do Programa de Pós-graduação
da Universidade Estadual de Ohio (EUA).
**** Professor titular de Periodontia da FOP-UNICAMP.
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Cléverson O. Silva, Érica Del Peloso Ribeiro, Dimitris N. Tatakis, Antônio Wilson Sallum
examinada. O cigarro é categorizado como o
INTRODUÇÃO
A presença de deformidades mucogengivais,
mais importante fator de risco para o desen-
isto é, alterações da dimensão, morfologia e/ou
volvimento de doenças periodontais47. Além
inter-relação normais entre a gengiva e a mu-
disso, os fumantes mostram maior número
cosa alveolar , algumas vezes apresenta um
de problemas mucogengivais do que os não-
impacto nos pacientes em termos de estética
fumantes3,15,20 e piores resultados no trata-
e função.
mento de deformidades periodontais19. Porém,
34
Embora vários estudos mostrem que a au-
não existe, na literatura, nenhum estudo que
sência de tecido queratinizado pode não pertur-
analise diretamente a influência do hábito de
bar a manutenção da saúde periodontal
,
fumar sobre o EGL utilizado para aumentar a
existem situações clínicas nas quais a terapia
faixa de tecido queratinizado ou sobre o grau
mucogengival deveria ser considerada, uma vez
de contração do enxerto.
8,9,53,55
que uma faixa estreita ou ausente de gengiva,
Dessa forma, o objetivo desse estudo piloto
de forma isolada ou associada a outros fatores,
foi avaliar a influência do tabagismo na taxa de
pode dificultar uma correta higienização e favo-
contração do EGL e no processo de reparo da
recer uma perda de inserção
área doadora do enxerto.
.
27,28
A técnica para enxerto gengival livre (EGL)
é baseada no princípio da remoção da mucosa
MATERIAL E MÉTODOS
mastigatória de local doador e sua transferência
Seleção de pacientes e desenho do estudo
para um leito receptor previamente preparado.
Foram selecionados, a partir de triagem re-
Esta técnica tem sido usada como rotina, com
alizada na clínica de pós-graduação da Facul-
elevado grau de previsibilidade e sucesso clí-
dade de Odontologia de Piracicaba/Unicamp,
nico e terapêutico para o aumento de tecido
5 pacientes fumantes e 5 não-fumantes, de
queratinizado
ambos os gêneros, que apresentavam faixa de
.
4,41,54
Durante o período de cicatrização do
EGL ocorre um importante fenômeno, que é
a contração do enxerto. O grau de contração
pode variar de 12% a 48%
gengiva inserida < 1mm em incisivos inferiores
associada a uma dificuldade de higienização.
Os pacientes foram classificados como fu-
10,17,33,36,40,44,45,51,52,
mantes se fumassem entre dez e vinte cigarros
, dependendo de algumas condições (como,
por dia por um período de, no mínimo, cinco
por exemplo, se o enxerto é colocado sobre
anos. Os pacientes foram considerados não-
o osso ou sobre o periósteo
fumantes se nunca tivessem fumado.
56
18
e a espessura
do enxerto25), e pode interferir no resultado e
característica clínica final.
Este estudo foi conduzido de acordo com
o que é determinado pelo Comitê de Ética em
A relação entre o hábito de fumar e as
Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Pi-
condições periodontais tem sido amplamente
racicaba – Universidade Estadual de Campinas.
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Todos os possíveis riscos e benefícios foram
cido queratinizado e a mucosa alveolar. A mu-
explicados aos pacientes, que foram esclareci-
cosa alveolar, que tem uma grande quantidade
dos sobre a importância do estudo e as pos-
de glicogênio, mostra uma reação positiva ao
síveis implicações do tratamento, assinando o
iodo, enquanto o tecido queratinizado apre-
termo de consentimento livre e esclarecido.
senta uma reação negativa ao iodo, por causa
do baixo nível de glicogênio14.
Foram, também, avaliados os parâmetros
Tratamento inicial
Os pacientes receberam tratamento periodontal inicial, consistindo de instrução de higie-
de sangramento imediato e completa epitelização da ferida na área doadora do enxerto.
ne bucal e instrumentação ultra-sônica, e re-
O sangramento imediato (SI) foi avaliado
moção de áreas de retenção de biofilme, como
no sítio doador após 2 minutos de pressão com
cálculo dentário, pelo menos um mês antes do
gaze estéril. Hemostasia foi confirmada quando
procedimento cirúrgico.
nenhum sangramento fosse ativamente visto e
No exame inicial foram analisados o índice
de placa (IP) e o índice gengival (IG) , que fo1
ram mantidos abaixo de 20% durante todo o
estudo.
uma fotografia clínica do tecido pudesse ser tirada sem necessidade de sucção7.
A completa epitelização da ferida (CE) foi
graduada clinicamente como nenhuma, parcial
ou completa. Para isso, durante as visitas pósoperatórias foi aplicada uma solução de peró-
Parâmetros clínicos
Os parâmetros clínicos de altura e largura
xido de hidrogênio a 3% na região do palato,
do EGL foram determinados usando um es-
buscando-se observar um borbulhamento na
paçador lateral endodôntico e um stop de sili-
região doadora do palato. A não-formação de
cone. Essas medidas foram multiplicadas para
bolhas indica a formação de barreira epitelial
a obtenção da área do EGL em cada tempo
na região palatina22.
experimental. A distância entre a ponta do es-
Todos os dados objetivos e subjetivos foram
paçador e o stop de silicone foi medida com
coletados por um único examinador, treinado e
o auxílio de um paquímetro digital. Para a de-
calibrado.
terminação dos limites do EGL, o enxerto e os
Os parâmetros clínicos foram obtidos ime-
tecidos adjacentes foram corados com solução
diatamente antes da cirurgia e aos sete, quinze,
de iodo em todos os tempos experimentais. A
trinta, sessenta e noventa dias de pós-opera-
solução foi aplicada à gengiva e mucosa alve-
tório.
olar do paciente utilizando hastes flexíveis de
algodão, através de fricção com leve pressão.
Procedimento cirúrgico
O tempo de aplicação foi o necessário para
Na área receptora, correspondente à região
resultar em uma demarcação nítida entre o te-
vestibular dos incisivos inferiores, foi feita uma
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incisão horizontal em ângulo reto na superfície
coroas dos dentes adjacentes. O enxerto foi,
do processo alveolar, seguindo a junção muco-
então, posicionado e adaptado firmemente à
gengival e medindo 13mm de comprimento,
região receptora, estabilizando-se a sutura.
com extensão lateral determinada por duas
Foi utilizado fio de sutura monofilamentar de
incisões verticais de 7mm cada. Uma vez deli-
nylon 5.
O leito doador foi então limpo e suturado,
com a finalidade de reter o coágulo. Não foi
utilizado cimento cirúrgico para cobertura das
áreas receptoras e doadoras.
mitada a extensão do leito receptor, um retalho
de espessura parcial foi refletido, resultando em
leito com superfície firme e lisa, formada por
uma camada fina de tecido conjuntivo sobre o
periósteo. Em seguida, o excesso de tecido mucoso foi removido com o auxílio de uma tesoura,
Protocolo pós-operatório
permitindo melhor adaptação do enxerto. Cui-
Para o controle da dor pós-operatória foi
dados foram tomados para obtenção de área
prescrita dipirona sódica 500mg, de 4 em 4
receptora não-móvel.
horas, durante 2 dias.
Um orientador cirúrgico, confeccionado em
Os pacientes foram orientados a mudar o
liga platina, com abertura de 13,37mm de com-
método de controle mecânico do biofilme bac-
primento e 6,95mm de largura, e parte inferior
teriano, deixando de escovar e usar fio dental
levemente biselada, foi pressionado sobre o te-
na área operada até a remoção de sutura. Os
cido palatino, delimitando o local e a extensão
pacientes também foram instruídos a evitarem
da incisão para remoção do enxerto. As incisões
traumas mecânicos na área tratada, consumin-
foram feitas com lâmina de bisturi número 15c,
do apenas alimentos leves durante a primeira
com aproximadamente 1,5mm de profundidade,
semana, até a remoção de sutura.
sobre a linha de contorno deixada pelo guia na
O controle químico do biofilme bacteriano
região palatina. Depois de o enxerto ser separa-
foi feito através de bochechos com solução
do, a espessura do enxerto foi confirmada com
de digluconato de clorexidina a 0,12%, por
auxílio do espaçador lateral e stop de silicone
1 minuto, de 12 em 12 horas, durante duas
em 3 pontos (nas extremidades e centro do
semanas.
tecido), devendo estar entre 1 e 2mm, medidos
Os pacientes foram mantidos sob cuidados
com o paquímetro digital. Caso o enxerto pos-
profissionais para o controle do biofilme, sema-
suísse espessura maior, era preparado através
nalmente no primeiro mês e, então, mensal-
de lâmina de bisturi para obter-se as dimensões
mente até o final do período de 3 meses de
adequadas.
pós-operatório.
A seguir, uma sutura periosteal contínua foi
realizada. Essa sutura transfixava o periósteo
na base do leito receptor e se ancorava nas
Análise estatística
O teste Anova com medidas repetidas no
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tempo/Tukey foi utilizado para análise inter e in-
A largura do EGL apresentou características
tragrupos para os seguintes parâmetros: altura,
de contração semelhantes às da altura. A lar-
largura e área do enxerto.
gura inicial padronizada de 13,37mm diminui
Diferenças no curso clínico da região pala-
gradativamente durante as avaliações, chegan-
tina (SI e CE) foram analisadas usando o teste
do a 9,85 ± 0,94mm (p < 0,0001) no grupo
chi-quadrado (F-exato de Fisher).
de fumantes e 9,93 ± 2,62mm (p < 0,0001)
A diferença estatística significativa foi definida como p < 0,05.
no grupo de não-fumantes ao final de 90 dias,
correspondendo a uma contração de 26% em
ambos os grupos (Tab. 1). Apesar das altera-
RESULTADOS
ções serem numericamente diferentes em to-
Parâmetros do EGL
dos os tempos experimentais, elas se tornam
O EGL apresentou diminuições do tama-
estatisticamente significativas somente a partir
nho e contração significativas em relação à
do 30º dia pós-operatório, não se alterando
sua altura, largura e área em não-fumantes e
mais significativamente após isso. Não houve
fumantes.
nenhuma diferença estatística significativa entre
A altura inicial padronizada de 6,95mm apresentou uma diminuição gradativa no tempo, che-
fumantes e não-fumantes em nenhum tempo
experimental (p = 0,47) (Tab. 1).
gando ao final do estudo a uma dimensão de
A área do EGL também apresentou uma
3,62 ± 0,90mm (p < 0,0001) no grupo dos
contração contínua durante os 90 dias do
fumantes e a 3,63 ± 1,37mm (p < 0,0001)
estudo, passando de 92,92mm2, em ambos
no grupo dos não-fumantes, correspondendo a
os grupos no dia da cirurgia, para 36,09 ±
uma contração de cerca de 48% nos fuman-
11,67mm2 (p < 0,0001) no grupo de fuman-
tes e também nos não-fumantes (Tab. 1). A
tes e 38,59 ± 22,72mm2 (p < 0,0001) no
diminuição da altura, apesar de notada desde
grupo de não-fumantes no final do tempo expe-
a primeira semana pós-operatória em ambos
rimental, correspondendo a uma contração de
os grupos, só se tornou significativa após 15
61% da área do EGL dos fumantes e de 58%
dias (p < 0,0001) e, apesar da diminuição
dos não-fumantes (Tab. 1). A partir do 15º dia
clínica continuar até os 90 dias, as alterações
pós-operatório, essa contração já se tornou es-
ocorridas a partir do período de 15 dias não
tatisticamente significativa em ambos os grupos,
foram mais estatisticamente significativas. Ape-
sendo que aos 60 dias nova alteração signifi-
sar de haver uma tendência inicial de maior
cativa em relação à primeira semana pôde ser
diminuição da altura entre os fumantes, não
notada em ambos os grupos. Analisando-se a
houve diferença estatística significativa en-
área do enxerto, nota-se que ela apresentou-se
tre os grupos em nenhum tempo analisado
menor em todos os tempos experimentais nos
(p = 0,08) (Tab. 1).
pacientes fumantes do que nos não-fumantes,
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Tabela 1 - Valores médios e desvios-padrão das dimensões do enxerto gengival livre (EGL) para os pacientes fumantes
e não-fumantes em todos os tempos avaliados.
Dimensões do EGL (% de contração)
FUMANTES
NÃO-FUMANTES
ALTURA
inicial
7 dias
15 dias
30 dias
60 dias
6,95 + 0,00 Aa
5,52 + 0,40 (21%) ABa
4,86 + 0,47 (30%) Ba
4,19 + 0,53 (40%) Ba
3,86 + 0,83 (44%) Ba
6,95 + 0,00 Aa
5,85 + 1,23 (16%) ABa
5,07 + 1,66 (27%) Ba
4,38 + 1,42 (37%) Ba
3,78 + 1,31 (46%) Ba
90 dias
3,62 + 0,90 (48%) Ba
3,63 + 1,37 (48%) Ba
LARGURA
inicial
7 dias
15 dias
30 dias
60 dias
13,37 + 0,00 Aa
12,40 + 0,84 (7%) ABa
11,16 + 0,45 (16%) ABa
10,76 + 0,63 (20%) Ba
10,14 + 0,90 (24%) Ba
13,37 + 0,00 Aa
12,63 + 0,64 (6%) ABa
11,35 + 1,88 (15%) ABa
10,72 + 2,23 (20%) Ba
10,35 + 2,42 (23%) Ba
90 dias
9,85 + 0,94 (26%) Ba
9,93 + 2,62 (26%) Ba
ÁREA
inicial
7 dias
15 dias
30 dias
60 dias
92,92 + 0,00 Aa
68,53 + 7,33 (26%) ABa
54,22 + 5,92 (42%) BCa
45,11 + 6,62 (51%) BCa
39,32 + 10,06 (58%) Ca
92,92 + 0,00 Aa
73,75 + 15,09 (21%) ABa
58,32 + 24,64 (37%) BCa
48,43 + 23,18 (48%) BCa
41,38 + 22,51 (55%) Ca
90 dias
36,09 + 11,67 (61%) Ca
38,59 + 22,72 (58%) Ca
* Médias com letras iguais não diferem entre si pelo teste ANOVA com medidas repetidas no tempo/Tukey, com nível de
significância de 5% (p < 0,05). Letras maiúsculas representam comparações intragrupos e letras minúsculas comparações
intergrupos.
assim como a contração da área do EGL foi
40% dos fumantes e 100% dos não-fumantes
sempre maior nos pacientes fumantes, não
apresentavam epitelização completa da área
sendo essas diferenças, porém, estatisticamen-
doadora do palato, sendo essa diferença en-
te significativas (p = 0,10) (Tab. 1).
tre os grupos estatisticamente significante
(p < 0,002). Um mês após a cirurgia, todos
Parâmetros da área doadora do enxerto
os sítios, tanto de fumantes quanto de não-fu-
Os parâmetros da área doadora do EGL
mantes, apresentavam-se completamente epi-
são analisados na tabela 2. Na primeira se-
telizados. Uma quantidade significativamente
mana pós-operatória, nenhum sítio apresen-
maior (p = 0,04) de pacientes não-fumantes
tou epitelização completa. Porém, no 15º dia
apresentou sangramento imediato, quando
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Efeito do tabagismo na taxa de contração do enxerto gengival livre e na reparação da área doadora: um estudo piloto
Tabela 2 - Porcentagens dos parâmetros da área doadora do palato para os pacientes fumantes e não-fumantes nos
tempos avaliados.
Parâmetros (%)
Epitelização completa
7 dias
15 dias
30 dias
60 dias
90 dias
Sangramento imediato
FUMANTES
NÃO-FUMANTES
0% Ca
40% Bb
100% Aa
100% Aa
100% Aa
20% b
0% Ca
100% Ba
100% ABa
100% ABa
100% ABa
100% a
* Médias com letras iguais não diferem entre si pelo teste Chi-quadrado (F-exato de Fisher) com nível de significância de 5%
(p < 0,05). Letras maiúsculas representam comparações intragrupos e letras minúsculas comparações intergrupos.
comparados aos fumantes (100% e 20%, res-
Os resultados são consistentes com os achados
pectivamente).
de outros autores que também utilizaram esse
procedimento para tratar áreas com estreita faixa de tecido queratinizado. A contração do EGL
DISCUSSÃO
O objetivo deste estudo clínico, prospectivo e
é um fenômeno clínico bem conhecido, que
controlado, foi avaliar a influência do consumo de
ocorre durante o processo de reparo. Os auto-
cigarros sobre a contração do EGL e no processo
res normalmente utilizam somente a altura do
de reparo tecidual do leito doador do palato. Os
EGL como parâmetro de avaliação. As médias de
resultados não mostraram diferenças estatísticas
48% de contração da altura do EGL em fuman-
significantes entre fumantes e não-fumantes para
tes e não-fumantes, obtidas no presente estudo,
os parâmetros do EGL, uma vez que a amostra
estão dentro da média dos resultados do EGL de
foi pequena para o grande desvio-padrão apre-
16%52; 20%40; 23,24% e 36,67%18; 24,8%17;
sentado na contração do enxerto, porém existe
25%36; 29,2%56; 38%, 44% e 45%25; 47%51.
uma tendência de um efeito negativo do cigarro
Em relação à área e à largura do EGL, apenas
sobre a contração do enxerto. Além disso, os pa-
dois estudos 17,38 mostram dados referentes à
cientes fumantes apresentaram uma epitelização
contração nessas dimensões, ambos em pacien-
atrasada do palato e menor sangramento ime-
tes não-fumantes. Rossmann e Rees38 encontra-
diato do leito doador.
ram uma média de 24% de contração da área
Os resultados do presente estudo mostram
do EGL após 10 meses, em média, de avaliação.
que o EGL, utilizado com o intuito de aumentar a
Hatipoglu et al.17 observaram uma média de con-
faixa de tecido queratinizado, promove benefício
tração da área e da largura do enxerto de 32,1%
tanto para fumantes quanto para não-fumantes.
e 10,2%, respectivamente, após 6 meses.
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Os valores da contração encontrados pelos dois
que os não-fumantes.
trabalhos foram menores do que os valores en-
Não existem trabalhos na literatura que com-
contrados no presente estudo em 3 meses para
parem diretamente fumantes e não-fumantes em
a área e a largura (58% e 26% em não-fuman-
relação aos resultados clínicos do EGL para au-
tes e 61% e 26% em fumantes, respectivamen-
mento de tecido queratinizado. Porém, dois tra-
te). O presente estudo demonstrou diferentes
balhos que utilizaram o EGL para recobrimento
alterações dimensionais em níveis individuais,
radicular incluíam fumantes entre os pacientes
ou seja, o grau de contração foi muito variável,
tratados. Miller24 relatou uma forte correlação en-
sendo difícil prever o que aconteceria em cada
tre o hábito de fumar mais de 10 cigarros por dia
situação, condição já mostrada em outros traba-
e a perda de EGL, porém não mostrou nenhum
lhos clínicos . Uma das possíveis causas para
dado a esse respeito. Tolmie et al.49 não encon-
tal variação é o biotipo gengival, sendo que os
traram diferença entre fumantes e não-fumantes
biotipos finos apresentam uma maior tendência
quando trataram 103 sítios de recessão gengival
à contração do enxerto
com EGL, sendo que 12 desses sítios eram em
17
.
5,17,28,29,30
Um outro fator que poderia contribuir para a
fumantes. Os autores concluíram que o cigarro
contração do EGL é a espessura do enxerto. A es-
não possui efeito negativo no resultado do trata-
pessura ótima do enxerto, geralmente recomen-
mento com EGL.
. No presente
Quando estudos não são especificamente
trabalho, um grande cuidado foi tomado para se
desenhados para comparar fumantes e não-fu-
manter a espessura do enxerto dentro dessa fai-
mantes, como é o caso do trabalho de Tolmie et
xa. O tipo de leito receptor também interfere na
al.49, em cirurgia plástica periodontal, resultados
contração do enxerto. James e MacFall18 repor-
semelhantes são encontrados. Harris16 e Ama-
taram uma maior contração do enxerto quando
rante et al.2 não encontraram associação entre
colocado sobre leito periosteal do que quando o
o hábito de fumar e piores resultados de reco-
leito era ósseo. Mesmo assim, optou-se por um
brimento radicular usando enxerto subepitelial
leito periosteal no presente estudo, buscando au-
de tecido conjuntivo (ESTC) e retalho posicio-
mentar as fontes de suprimento sanguíneo para
nado coronalmente (RPC), respectivamente. Em
o EGL, visto que há relato de forte correlação
contraste, todos os estudos em cirurgia plástica
entre o hábito de fumar e a falha no EGL quando
periodontal que especificamente buscaram com-
colocado sobre áreas avasculares .
parar fumantes e não-fumantes encontraram
dada, está entre 1 e 2mm
13,17,23,46
24
Infelizmente para os pacientes fumantes
um impacto negativo do cigarro no resultado
com necessidade de cirurgias mucogengivais, o
do recobrimento radicular. Trombelli e Scabbia50
resultado do presente estudo vem aumentar a
utilizaram a RTG, Martins et al.21 e Erley et al.11
lista de trabalhos que mostram que os fuman-
utilizaram o ESTC e Silva et al.43 o RPC para o
tes apresentam piores resultados clínicos do
tratamento de recessões gengivais, e todos en-
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Efeito do tabagismo na taxa de contração do enxerto gengival livre e na reparação da área doadora: um estudo piloto
contraram menor recobrimento radicular e me-
Além de interferir com a contração do EGL,
nos sítios com recobrimento radicular completo
o cigarro também interfere com o sangramento
em fumantes quando comparados a não-fuman-
imediato após a remoção do enxerto e com a
tes. Um estudo em longo prazo também mostrou
velocidade de epitelização da área doadora do
piores resultados de recobrimento radicular em
palato. A epitelização do palato foi medida pela
fumantes .
aplicação de peróxido de hidrogênio a 3% sobre
42
O único trabalho que visa o aumento gen-
a região doadora do palato, buscando-se obser-
gival e que inclui fumantes entre os pacientes
var a formação de bolhas. A ausência de borbu-
tratados é o de Orsini et al. Os autores utiliza-
lhamento indica a formação de barreira epitelial
ram o enxerto de tecido conjuntivo livre e fizeram
na região palatina22. Uma semana após a cirur-
uma avaliação estética e dimensional em pacien-
gia, nenhum paciente apresentava completa epi-
tes tratados proteticamente. Dos 16 pacientes
telização. Porém, com 15 dias, 100% dos não-
tratados com o enxerto, três eram fumantes. Os
fumantes já apresentavam epitelização comple-
autores afirmam que os pacientes fumantes pa-
ta, contra apenas 40% dos fumantes, diferença
recem ter uma maior porcentagem de contração,
essa estatisticamente significante (p < 0,002).
embora o pequeno número de fumantes não te-
Entretanto, com 30 dias após a cirurgia, todos
nha permitido a realização de análise estatística.
os pacientes fumantes e não-fumantes já apre-
Os mecanismos pelos quais o cigarro influen-
sentavam completa epitelização. Os trabalhos de
cia negativamente os resultados dos procedimen-
Rossmann e Rees38 e Del Pizzo et al.7 mostram
tos mucogengivais ainda não são claros, embora
valores menores para o EGL. Rossmann e Rees38
o cigarro possa interferir com diversas funções
encontraram epitelização completa em 75% dos
fisiológicas e celulares que poderiam contribuir
pacientes após 3 semanas e Del Pizzo et al.7
para esses resultados . O cigarro pode ter um
apresentam apenas 16% de epitelização em 2
impacto negativo no suprimento sangüíneo gen-
semanas e 100% de sítios epitelizados apenas
gival , enquanto a nicotina diminui a proliferação
após 4 semanas. Essa diferença entre o presente
dos fibroblastos gengivais humanos (FGH) e a
estudo e os trabalhos de Rossmann e Rees38 e
produção de colágeno, ao mesmo tempo que
Del Pizzo et al.7 pode, em parte, ser atribuída ao
48
aumenta a atividade de colagenase dos FGH
método de avaliação empregado pelos autores.
e inibe a migração dos FGH . A nicotina está
Ambos os trabalhos utilizam fotografias clínicas
presente na superfície de dentes escovados de
para avaliar a epitelização, o que pode ter resul-
fumantes e ela altera a natureza da inserção
tado nesses baixos valores de epitelização nas
dos fibroblastos humanos à superfície radicular37.
primeiras semanas. O método de avaliação por
Além da nicotina, frações voláteis do cigarro são
peróxido de hidrogênio a 3% é mais preciso e
citotóxicas para FGH
mede a qualidade da barreira epitelial. Esse mé-
31
32
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12
6
35
e inibem a adesão dos
todo é baseado no fato que o tecido conjuntivo
FGH .
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Cléverson O. Silva, Érica Del Peloso Ribeiro, Dimitris N. Tatakis, Antônio Wilson Sallum
contém a enzima catalase, que libera o gás oxi-
Uma menor porcentagem dos pacientes fu-
gênio e água do peróxido de hidrogênio. Se a
mantes também apresentou sangramento ime-
barreira epitelial está intacta, então o peróxido de
diato, comparada à de pacientes não-fumantes
hidrogênio não se difunde pelo tecido conjuntivo
(20% e 100%, respectivamente). Isto pode ser
e pouco oxigênio é liberado. Se a barreira estiver
explicado pelo efeito crônico em longo prazo,
incompleta, então as bolhas de oxigênio são visí-
prejudicando os vasos sangüíneos gengivais32.
veis na superfície da ferida22. Dessa forma, uma
fina camada de células epiteliais já poderia evitar
CONCLUSÃO
a difusão do peróxido de hidrogênio para o te-
Dentro dos limites do presente estudo,
cido conjuntivo, não havendo formação de bo-
pode ser concluído que o EGL é uma técni-
lhas, porém as fotografias clínicas podem trazer
ca adequada para aumentar a faixa de tecido
a falsa impressão de que a ferida ainda não está
queratinizado em ambos, fumantes e não-fu-
epitelizada. Por outro lado, como o cigarro inter-
mantes. O cigarro interfere com a epitelização
fere com a proliferação, migração e metabolismo
e sangramento do palato, porém, não influen-
das células gengivais
cia negativamente os resultados clínicos da
, isso poderia atrasar o
12,48
processo de epitelização.
contração do EGL.
Effect of tabagism on free gingival graft shrinkage and
on the donor area healing: a pilot study
ABSTRACT
The aim of this pilot study was to evaluate the influence of tobacco smoking on the levels of FGG shrinkage
and on the repair of the graft donor area. Five smokers and five non-smokers patients, with more than 1mm
of attached gingiva associated with oral hygiene deficiency, were selected to receive FGG for keratinized tissue
augmentation. The height, length and area of FGG were evaluated. The palate donor area was evaluated
by immediate bleeding (IB) and complete wound epithelialization (CE). The outcomes of the present study
show that at 3 months postsurgery, the percentage of shrinkage of FGG area (61%) was greater than in
non-smokers (58%), but there was no statistic difference. A smaller percentage of smoker patients presented
immediate bleeding than non-smoker patients (20% and 100%, respectively), the same occurred with
complete wound epithelialization (40% and 100%, respectively) at 15 days postsurgery. Within the limits of
the present study, it can be concluded that FGG is an adequate technique for keratinized tissue augmentation
in both, smokers and non-smokers. Cigarette smoking interferes with palate epithelialization and bleeding,
however, it does not have a negative impact on the clinical outcomes of FGG shrinkage.
KEY WORDS: Free gingival graft. Shrinkage. Smoking.
Rev. Dental Press Periodontia Implantol., Maringá, v. 2, n. 2, p. 28-40, abr./maio/jun. 2008
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Endereço para correspondência
Cléverson O. Silva - UNINGÁ
Av. Colombo, 9727 – Km 130
CEP: 87.070-810 - Maringá / PR
E-mail: [email protected]
40
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