XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
Responsabilidade social empresarial na região de Campinas, Estado
de São Paulo: características e expectativas
Cândido Ferreira da Silva Filho (UNISAL) [email protected]
Gideon Carvalho de Benedicto (UNISAL) [email protected]
José Francisco Calil (UNISAL) [email protected]
Resumo
Em nossos dias, a sociedade está se tornando cada vez mais crítica e exigente em relação às
empresas, esperando que as mesmas contribuam para o desenvolvimento social.
Considerando que a responsabilidade social empresarial é caracterizada pela prática de
ações concretas que trazem benefícios à sociedade e ao público interno da empresa, os
objetivos específicos deste trabalho são: verificar se as empresas pesquisadas possuem
políticas de responsabilidade social; e identificar características e as expectativas das
empresas em relação às ações de responsabilidade social. Os resultados indicam que as
empresas pesquisadas desenvolvem ações de responsabilidade social que visam melhorar o
bem-estar da comunidade interna e externa da empresa. As empresas estudadas não admitem
a possibilidade de utilização das ações de responsabilidade social para derrotar os
concorrentes. Todavia, admitem que as ações de responsabilidade social são importantes
para a construção de uma imagem positiva da empresa.
Palavras-chave: Responsabilidade social; Desenvolvimento social; Ações sociais.
1. Introdução
As ações de responsabilidade social empresarial ganharam importância recentemente. Isto
porque, a sociedade espera que as empresas contribuam para o desenvolvimento social. Na
verdade, as pessoas imaginam que é dever da empresa pensar no bem-estar da sociedade, e
não apenas no lucro. Por conseguinte, a preocupação com o social passou a ser até uma
questão de sobrevivência, a ponto das ações sociais empresariais fazerem parte da estratégia
competitiva das empresas.
A responsabilidade social empresarial é caracterizada pela prática de ações concretas que
trazem benefícios à sociedade e ao público interno da empresa. Isto porque, mais que
desenvolver suas atividades e obter lucros, a empresa necessita conquistar e manter a
aprovação dos participantes que influem no ambiente sócio-político. Daí, a necessidade do
desenvolvimento da imagem da empresa como socialmente útil.
2. Objetivos
O presente artigo tem como objetivo discutir a temática da responsabilidade social nas
empresas. Para tanto, apresentamos o conceito de responsabilidade social, discutimos sua
evolução e realizamos uma reflexão crítica acerca dos argumentos favoráveis e contrários às
políticas e ações sociais das empresas. A relevância desta pesquisa reside ainda, no fato de
apresentar à comunidade um estudo de caso múltiplo revelando na prática como as empresas
encaram a responsabilidade social.
Considerando que a responsabilidade social empresarial é caracterizada pela prática de ações
concretas que trazem benefícios à sociedade e ao público interno da empresa, os objetivos
específicos deste trabalho são: (1) verificar se as empresas industriais, de comércio e serviços
da região de Campinas, Estado de São Paulo, possuem políticas de responsabilidade social,
ENEGEP 2006
ABEPRO
1
XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
(2) identificar as principais características das políticas de responsabilidade social das
empresas da região, e (3) levantar as expectativas das empresas da região em relação aos
resultados das ações de responsabilidade social.
3. Metodologia
O método utilizado foi o estudo de caso múltiplo. Para Yin (2001, p. 32) o estudo de caso
deve ser entendido como “[...] uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo
dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o
contexto não são claramente definidos”. Os estudos de caso podem tratar tanto de um caso
único como de casos múltiplos.
Realizamos o estudo de caso múltiplo em razão de tratar-se de um fenômeno contemporâneo
dentro de seu contexto real, pelo fato dos limites entre o fenômeno e o contexto não estarem
claramente evidentes, bem como, por se tratar de um fenômeno social complexo. Além disso,
o estudo de caso múltiplo se justifica porque pretendemos, entre outras coisas, identificar as
características das políticas de responsabilidade social de empresas que são grandes
empregadoras de mão-de-obra na região de Campinas, Estado de São Paulo.
O estudo é exploratório, com dados obtidos por meio de questionário. A coleta dos dados se
fez mediante aplicação de questionários com gerentes de nível médio. O questionário
utilizado na pesquisa foi dividido em três partes: (1) Identificação do respondente e da
empresa, natureza, constituição jurídica, segmento de atuação, número de empregados e
faturamento, (2) Mapeamento das práticas de responsabilidade social da empresa,
departamentos envolvidos com as ações de responsabilidade social; expectativas; e ações de
responsabilidade social dirigidas ao público interno e público externo, e (3) Avaliação das
dificuldades encontradas pela empresa ao implementar ações de responsabilidade social.
As empresas estudadas se localizam na região de Campinas, Estado de São Paulo. Foram
estudadas 27 empresas pertencentes ao setor industrial, de comércio e de serviços. Os
questionários foram aplicados nos meses de agosto e setembro de 2005. Todas as empresas
estudadas possuíam, naquela época, mais de 500 empregados e faturamento superior a 50
milhões de reais. Os questionários foram respondidos por gerentes de nível médio.
4. Referencial teórico
Segundo Melo Neto & Brennand (2004) responsabilidade social é um conceito relativamente
antigo, pois sua origem remonta ao final do século XIX e início do século XX. Sua
popularização ocorreu no final dos anos 60 e 70 na Europa e nos Estados Unidos, e no final
dos 70 e início dos anos 80 no Brasil.
Para Gibson et. al. (1998. p 79), a “[...] organização deixará de existir quando não mais
contribuir para o sistema maior do qual é parte - o que acontece quando se torna ineficaz”.
Arantes (1994, p. 25) chega mesmo a dizer que o primeiro teste de validade da empresa está
fora dela, ou seja, “[...] está na contribuição que presta para a sobrevivência e progresso da
sociedade, está em seu papel ativo de agente do desenvolvimento e da prosperidade social”.
Nesta interpretação, responsabilidade social tem um foco na comunidade.
Para Ferrel et. al. (2000) responsabilidade social é a obrigação que a empresa assume com a
sociedade. Isto implica em que as empresas devem maximizar os efeitos positivos e
minimizar os efeitos negativos de suas ações sobre os stakeholders. Srour (2005, p. 365)
argumenta que a “[...] maximização do retorno deixa de ser perseguida a qualquer custo. Por
pressão da sociedade civil, parte do valor adicionado acaba sendo convertida em ganhos
sociais. Por conseguinte, uma empresa socialmente responsável deve buscar o lucro e, ainda,
ENEGEP 2006
ABEPRO
2
XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
implementar políticas que melhorem a qualidade de vida da sociedade como um todo”.
Numa definição ampla, Melo Neto & Brennand (2004, p. 7) afirmam que responsabilidade
social “[...] é uma atividade favorável ao desenvolvimento sustentável, à qualidade de vida no
trabalho e na sociedade, ao respeito às minorias e aos mais necessitados, à igualdade de
oportunidades, à justiça comum e ao fomento da cidadania e respeito aos princípios e valores
éticos e morais.” Já o Instituto Ethos (www.ethos.org.br) entende que responsabilidade social
é a forma de conduzir os negócios da empresa com o objetivo de torná-la parceira e coresponsável pelo desenvolvimento social.
O senso de responsabilidade social, porém, não é sustentado apenas pelos resultados que
possa produzir. Trata-se de uma questão de princípios. Duarte e Dias (1986, p. 114)
concordam: “[...] É claro que numa sociedade informada e crítica como a atual, uma postura
socialmente responsável constitui a melhor base para uma sólida imagem e para a aceitação
social da empresa. Mas este e outros benefícios que possam advir à empresa não são os
determinantes de sua atuação, quando ela age em função de sua responsabilidade social.”
Benedicto (2002. p. 64) argumenta que a “[...] responsabilidade social empresarial precisa ser
entendida como o relacionamento ético da empresa com todos os grupos de interesse que
influenciam ou são impactados pela atuação da mesma, assim como o respeito ao meio
ambiente e investimento em ações sociais. Constitui-se numa expansão e evolução do
conceito de empresa para além do seu ambiente interno. Neste caso, como a empresa está
inserida na sociedade, pode-se vislumbrar uma relação de interdependência entre ambas. No
âmbito comunitário esta responsabilidade se traduz na prática de ações concretas que tragam
benefícios à sociedade, e devolvam, criem ou recriem as condições necessárias para o
desenvolvimento crescente da cidadania.” Portanto, a responsabilidade social da empresa diz
respeito tanto ao seu público interno, como a comunidade. Sendo assim, Certo e Peter (1993,
p. 21), afirmam que “[...] responsabilidade social é a obrigação administrativa de tomar
atitudes que protejam e promovam os interesses da organização juntamente com o bem-estar
da sociedade como um todo”.
Neste trabalho entende-se que responsabilidade social é um dever da empresa, que se obriga a
ajudar a comunidade e o seu público interno a atingir seus objetivos. É uma maneira de a
empresa mostrar que não existe apenas para explorar recursos econômicos e humanos, mas
também para contribuir com o desenvolvimento social.
5. Resultados e Discussão
Foram estudadas as ações de responsabilidade social de 27 empresas localizadas na região de
Campinas, sendo 21 empresas multinacionais e seis empresas de capital nacional. No que diz
respeito aos segmentos de atuação dessas empresas, 22 eram do setor industrial, 2 do
segmento de comércio e 3 do setor de serviços.
Como discutimos anteriormente, as ações de responsabilidade social ganharam importância
recentemente, entre outras coisas, porque a sociedade espera que as empresas contribuam para
o bem-estar da sociedade, e não estejam preocupadas apenas com o lucro. Por conseguinte, a
preocupação com o social passou a ser até uma questão de sobrevivência para as empresas.
Dentre as empresas estudas, 21 declararam que adotam ações de responsabilidade social, 4
empresas declararam que adotam ações de responsabilidade social, informalmente. Apenas 2
empresas declararam que não adotam ações de responsabilidade social sendo que, dentre
essas, uma declarou que, no momento não adota ações de responsabilidade social, mas
pretende adotar. Por conseguinte, dentre as empresas estudadas 78% declararam que adotam
formalmente ações de responsabilidade social.
ENEGEP 2006
ABEPRO
3
XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
Esses resultados evidenciam que, na visão das empresas da região estudada, o sucesso das
organizações exige modelos de gestão orientados para o bem-estar da sociedade. Mesmo
porque, as atividades das empresas, e os impactos ambientais e sociais decorrentes de seus
processos produtivos, são de interesse comum. Os dados revelam também, elevado grau de
aceitação da idéia que as empresas precisam orientar suas ações em função da ética da
responsabilidade social.
Dentre as empresas que já realizam ações de responsabilidade social, formal ou
informalmente, quando questionados sobre os departamentos que definem o foco e
acompanham a ação social da empresa (permitidas respostas múltiplas), 13 entrevistados
mencionaram que a responsabilidade cabe ao departamento de recursos humanos, dentre os
entrevistados 10 indicaram que essa responsabilidade deve ser dividida com a alta gerência, 7
entrevistados indicaram que os funcionários participam da definição das ações de
responsabilidade social da empresa. Os outros departamentos receberam um número menor de
menções: somente 3 entrevistados afirmaram que a área de marketing, vendas e pós-venda
está envolvida na definição do foco e acompanhamento da ação social da empresa, outros 2
apontaram a área de atendimento e suporte a clientes, e apenas um entrevistado mencionou os
departamentos de produção e operações e contábil-financeiro.
Os resultados indicam que a implementação de políticas de responsabilidade social é uma
decisão estratégica e, como tal, deve ser conduzido pela alta gerência. Além disso, o
compromisso da alta gerência com as ações de responsabilidade social empresarial favorecem
um maior engajamento dos funcionários. A valorização da área de recursos humanos e dos
funcionários decorre da percepção que sem contar com a participação e o envolvimento dos
empregados muitos serão os obstáculos para a implementação das ações de responsabilidade
social. Além disso, como era de se esperar, os outros departamentos da empresa, embora
envolvidos, não costumam participar da definição do foco e nem acompanhar as ações de
responsabilidade social da empresa.
Em relação ao papel do gestor de recursos humanos na construção da responsabilidade social
empresarial, Werlang (2003) argumenta que os mesmos podem exercer papel decisivo na
medida em que forem capazes de alinhar a visão sistêmica da empresa e da comunidade nas
quais a empresa está inserida.
No que diz respeito ao estímulo para os funcionários participarem dos programas de
responsabilidade social, 17 entrevistados (de um total de 25 empresas que adotam formal ou
informalmente ações de responsabilidade social) ou 68% das empresas que adotam ações de
responsabilidade social, declararam que existe apoio formal à participação dos funcionários.
Dentre os gerentes entrevistados, 6 declararam que existe apoio informal à participação dos
funcionários nos programas de responsabilidade social. Apenas 2 entrevistados declararam
que a empresa não apóia a participação dos funcionários nos programas de responsabilidade
social, embora uma dessas empresas afirme que existe a intenção de estimular a participação
dos funcionários.
Considerando que a responsabilidade social é uma obrigação que a empresa assume com a
sociedade, isto exige a participação dos funcionários. Na verdade, as empresas socialmente
responsáveis sabem, corretamente, que devem estimular a participação dos funcionários nos
programas que contribuam para melhorar a qualidade de vida da sociedade como um todo.
Para tanto, cedem funcionários para atuarem de forma voluntária nos projetos de
responsabilidade social de interesse da empresa. Além disso, os funcionários que participam
de projetos de responsabilidade social costumam ser avaliados positivamente pelas empresas.
ENEGEP 2006
ABEPRO
4
XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
No que diz respeito ao conceito de responsabilidade social, se verificou que, de forma
acertada, 100% dos entrevistados concordam ou concordam totalmente com a afirmação que
responsabilidade social empresarial “é contribuir para o desenvolvimento econômico e
simultaneamente, melhorar a qualidade de vida dos empregados e de suas famílias, da
comunidade local e da sociedade como um todo” (tabela 1). Também, de forma correta, a
afirmação com maior rejeição diz que responsabilidade social significa “desenvolver ações de
assistência social...”.
Responsabilidade social da empresa é:
1. Atuar na solução dos problemas sociais da comunidade onde a empresa está
instalada.
2. Desenvolver ações de assistência social como, por exemplo, doações em
dinheiro, mercadorias ou serviços, em benefício da comunidade local e da
sociedade como um todo.
3. Contribuir para o desenvolvimento econômico e, simultaneamente, melhorar a
qualidade de vida dos empregados e de suas famílias, da comunidade local e da
sociedade como um todo.
4. Gerar novos empregos, pagar salários justos e melhorar as condições de
trabalho, além de contribuir para o bem público ao pagar seus impostos.
Notas: 1. Discordo totalmente
2. Discordo
3. Concordo
1
2
3
4
-
16%
64%
20%
-
24%
60%
16%
-
-
60%
40%
-
16%
44%
40%
4. Concordo totalmente
Tabela 1 - Responsabilidade social para a sua empresa é (em %).
Surpreendentemente, 10 entrevistados afirmaram concordar total com a assertiva
responsabilidade social é “gerar novos empregos, pagar salários justos e melhorar as
condições de trabalho, além de contribuir para o bem público ao pagar seus impostos”. Na
verdade, isto reflete de forma mais precisa as expectativas dos consumidores e da sociedade
em relação às empresas, do que propriamente o papel da responsabilidade social empresarial.
No caso do Brasil, por exemplo, os consumidores imaginam que a missão das empresas é
gerar emprego e apoiar projetos sociais (GUROVITZ & BLECHER, 2005).
Tratando do ambiente sócio-político da empresa, os entrevistados classificaram, numa escala
decrescente, a importância de cada um dos participantes desse ambiente. Foi atribuído 10
pontos ao participante mais importante, 9 pontos ao segundo participante em importância e
assim por diante. Os resultados estão relacionados no quadro 1.
Classificação:
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Participantes do ambiente sócio-político:
Associações comunitárias.
Funcionários.
Governo (municipal, estadual ou federal).
Clientes.
Acionistas.
Sindicatos ou associações de empregados.
Organizações não-governamentais (ONG’s)
Fornecedores.
Sindicatos ou outras associações patronais.
Universidades.
Quadro 1. – Participantes do ambiente sócio-político consultados.
Os resultados indicam que os atores principais são as associações comunitárias, os
ENEGEP 2006
ABEPRO
5
XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
funcionários e o poder público (governo municipal, estadual ou federal). Já os sindicatos e
outras associações patronais e as universidades foram considerados pelos entrevistados como
as fontes de menor importância na definição das ações sociais empresariais.
O fato dos entrevistados apontarem as associações comunitárias, os funcionários e o poder
público como fontes principais de definição das ações sociais é revelador, de um lado, da
importância atribuída à participação da comunidade e, de outro, é coerente com o propósito
das ações de responsabilidade social, que é organizar e modificar a sociedade.
No que diz respeito às expectativas das empresas em relação às ações sociais, a assertiva com
maior grau de concordância por parte dos entrevistados foi aquela que dizia que a expectativa
da ação empresarial é contribuir para melhoria da qualidade de vida da comunidade em que a
empresa está inserida. Ao mesmo tempo, as maiores rejeições foram relativas às afirmações
que diziam respeito à responsabilidade social empresarial ser um instrumento para derrotar a
concorrência, ou então, que a expectativa da empresa é ampliar suas vendas e os seus lucros
(tabela 2).
A empresa não deve limitar suas ações às exigências legais. Ela deve agir por decisão própria,
tornando a preocupação social parte integrante de suas crenças e valores. Por conseguinte, as
ações de responsabilidade social dirigidas ao público interno, bem como, ao público externo,
devem, entre outras coisas, elevar a qualidade de vida no trabalho, promover o respeito às
minorias, assegurar a igualdade de oportunidades, enfim, promover o bem comum e estimular
a cidadania.
A expectativa da empresa é:
1
Ampliar a aceitação dos produtos e dos serviços da empresa junto à sociedade.
4%
Contribuir para a melhoria da qualidade de vida da comunidade em que a empresa está
instalada.
Sem ferir a ética, derrotar a concorrência.
20%
4%
Promover o desenvolvimento social com o propósito de criar um mundo melhor para
as futuras gerações.
8%
48% 44%
Aumentar o valor da empresa, uma vez que as empresas responsáveis socialmente são
mais valorizadas pelo mercado.
8%
52% 40%
Ampliar as vendas e o lucro da empresa.
4%
2
3
4
16% 44% 36%
52% 44%
32% 32% 16%
20% 52% 24%
Melhorar a imagem da empresa como uma organização útil para o desenvolvimento da
4%
sociedade.
8%
Posicionar a empresa no mercado de forma diferenciada. Resultando daí, identificação
com a empresa e lealdade dos consumidores.
20% 48% 32%
Obter a aprovação por parte das entidades governamentais e da sociedade para o
4%
desenvolvimento das atividades da empresa.
16% 52% 28%
Notas: 1. Discordo totalmente
2. Discordo
3. Concordo
48% 40%
4. Concordo totalmente
Tabela 2. – Expectativas da empresa ao desenvolver ações de responsabilidade social. Em %.
Nas ações de responsabilidade social dirigidas ao público interno (funcionários e
terceirizados), os entrevistados afirmaram que as principais ações são oferecer assistência
médica e odontológica, estabelecer programas de treinamento e oferecer aos empregados
participação no lucro das empresas. Já o auxílio-educação para a família dos empregados e a
igualdade de tratamento entre funcionários da empresa e terceirizados foram as ações de
responsabilidade social com menor utilização da parte das empresas da região de Campinas
ENEGEP 2006
ABEPRO
6
XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
(tabela 3). Os resultados indicam que as empresas, ao oferecerem tratamento diferenciado
para seus funcionários, em relação aos terceirizados, se afastam de um dos propósitos básicos
das ações de responsabilidade social que é promover a justiça.
Ações de Responsabilidade Social dirigidas ao público interno:
Em %:
Oferecer assistência médica e odontológica para os funcionários.
100%
Estabelecer um programa de treinamento profissional e de educação continuada.
96%
Auxílio-educação para a família dos empregados.
Adotar políticas claras de não-discriminação com relação a negros, mulheres e portadores de
deficiência.
Propiciar condições de igualdade de tratamento (salários e benefícios) entre os funcionários da
empresa e terceirizados.
Não utilizar e nem adquirir bens e serviços de empresas que utilizam mão de obra infantil ou
trabalho escravo.
Oferecer aos empregados participação nos lucros da empresa.
24%
60%
32%
68%
80%
Tabela 3. - Ações de responsabilidade social dirigidas ao público interno (funcionários e terceirizados). Em %.
No que diz respeito às ações sociais dirigidas ao público externo, 88% dos entrevistados
declararam que as suas empresas priorizam atividades de proteção ao meio ambiente (tabela
4). Outras ações de responsabilidade social que foram mencionadas com destaque são:
investir em projetos de apoio ao esporte; desenvolver programas de apoio à arte e à cultura.
Embora se condene a utilização das ações de responsabilidade social como um instrumento
para superar a concorrência, os resultados indicam que essas ações possibilitam excelente
exposição da empresa junto à comunidade. Todavia, ações de responsabilidade social que
proporcionam reduzida exposição como, por exemplo, prestar serviços de apoio psicológico e
de aconselhamento à comunidade em geral, ou ainda, de custo elevado como, desenvolver
produtos de utilidade pública são pouco valorizados pelas empresas pesquisadas (tabela 4).
Ações de Responsabilidade Social dirigidas ao público externo:
Em %
Investir em infra-estrutura para o desenvolvimento de projetos sociais (construção de centros de 20%
lazer).
72%
Desenvolver programas de apoio à arte e à cultura.
16%
Prestar serviços apoio psicológico e aconselhamento à comunidade em geral.
Adotar políticas de proteção ao meio ambiente.
88%
Pesquisar e desenvolver produtos de utilidade pública.
8%
Apoiar projetos de ensino e treinamento.
60%
Desenvolver fornecedores ou empregar pessoas das comunidades onde a empresa está instalada.
64%
Investir em projetos de apoio ao esporte e ao lazer.
76%
Tabela 4. - Ações de responsabilidade social dirigidas ao público externo. Em %.
Considerações Finais
A preocupação empresarial, entre outras coisas, com as desigualdades sociais, com a miséria,
com o meio ambiente, com a qualidade de vida da população, com as condições de trabalho
de seus funcionários, impulsionou as empresas no rumo da responsabilidade social.
ENEGEP 2006
ABEPRO
7
XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
Os resultados da pesquisa indicam que as empresas da região possuem políticas de
responsabilidade social, muito embora revelem dificuldades para conceituar responsabilidade
social. As empresas da região, preocupadas em melhorar o bem estar dos funcionários
oferecem benefícios como assistência médica e odontológica, e programas de treinamento e
qualificação da mão-de-obra.
Para o público externo as ações de responsabilidade social mais valorizadas são aquelas
capazes de contribuir para um mundo mais justo e menos degradado. Os dados da pesquisa
indicam também, que as empresas da região condenam a utilização das ações de
responsabilidade social como um instrumento para superar a concorrência.
No que diz respeito às expectativas das empresas que realizam ações sociais, os resultados
indicam que as maiores pretensões das empresas são contribuir para melhoria da qualidade de
vida da comunidade e aumentar o valor da empresa, uma vez que as empresas responsáveis
socialmente são mais valorizadas pelo mercado. Logo, os resultados apontam para o
reconhecimento da importância da responsabilidade social empresarial na construção de uma
imagem satisfatória para a empresa.
Os entrevistados reconhecem que o seu crescimento e a sobrevivência da empresa depende da
delimitação de uma posição competitiva no mercado. Para tanto, a empresa deve estreitar seu
relacionamento com consumidores, governo, sindicatos, funcionários e outros. Isto reforça,
mais uma vez, a necessidade das empresas empreenderem ações que afirmem seu
compromisso social.
Referências
ARANTES, N. Sistemas de Gestão Empresarial. São Paulo, Atlas, 1994.
ANSOFF, H. I.; DECLERCK, R. P. & HAYES, R. L. Do Planejamento Estratégico à Administração
Estratégica. São Paulo, Atlas, 1987.
BENEDICTO, S. C. A Responsabilidade Social nas Empresas: uma relação estreita com a educação.
Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação da Universidade Federal de
Lavras. Lavras, 2002.
CERTO, S. C.; PETER, J. P. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. São Paulo,
Makron Books, 1993.
DUARTE, G. D. & DIAS, J. M. A. M. Responsabilidade Social: a empresa hoje. Rio de Janeiro, Livros
Técnicos e Científicos Editora, 1986.
FERREL, O. C.; FRAEDRICH, J. & FERREL, L. Ética Empresarial: dilemas, tomada de decisões e casos.
4. ed. Rio de Janeiro, Reichmann & Affonso editores, 2000.
GIBSON, J. L.; IVANCEVICH, J. M. & DONNELLY, J. H. Organizações: comportamento, estrutura e
processos. São Paulo, Atlas, 1998.
GUROVITZ, H. & BLECHER, N. Para os brasileiros, chegar ao lucro não é a principal missão das empresas.
Revista Exame. São Paulo, Abril, p. 20-25, 30/março/2005.
INSTITUTO ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL. Disponível em http://ethos.org.br, acesso em
10/set/2005.
MELO NETO, F. P. & BRENNAND, J. M. Empresas Socialmente Sustentáveis: o novo desafio da gestão
moderna. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2004.
SROUR, R. H. Poder, cultura e ética nas organizações: o desafio das formas de gestão. Rio de Janeiro,
Elsevier, 2005.
STEINER, G. A. & MINER, J. B. Política e Estratégia Administrativa. São Paulo, Editora da Universidade de
São Paulo, 1981.
ENEGEP 2006
ABEPRO
8
XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
WERLANG, P. O papel do gestor de recursos humanos na construção da responsabilidade social empresarial.
In. Responsabilidade social das empresas: a contribuição das universidades, v. 2. São Paulo, Peirópolis-Instituto
Ethos, 2003, p. 313-349.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2a ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
ENEGEP 2006
ABEPRO
9
Download

Responsabilidade social empresarial na região de