ISSN 0104-3463
VETERINÁRIA
NOTÍCIAS
v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, jul./dez./2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
JOURNAL OF VETERINARY SCIENCE
FEDERAL UNIVERSITY OF UBERLÂNDIA
ISSN 0104-3463
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
REITOR
Alfredo Júlio Fernandes Neto
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
DIRETOR
Adriano Pirtouscheg
EDITOR CIENTÍFICO/Scientific editor
Renato Souto Severino
CONSELHO EDITORIAL/Associate editors
Adriano Pirtouscheg, Edmundo Benedetti, Ednaldo Carvalho Guimarães, Evandro de Abreu
Fernandes, Mara Regina Bueno Mattos Nascimento e Marcelo Tavares
REDATOR TÉCNICO INGLÊS /Proof reader
Anael Araujo Santos Júnior
SECRETÁRIOS/Secretaries
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(Veterinária Notícias, v.16, n.1, jan./jun. e n. 2, jul./dez./2010 - Journal of Veterinary Science, v.16, n.1,
jan./jun. e n. 2, jul./dez./2010)
André Luiz Quagliatto Santos, Ângelo João Stopiglia, Antônio João Scandolera, Aureo
Evangelista Santana, Carlos Alberto Hussni, Deise Carla Almeida Leite Dellova, Duvaldo
Eurides, Eduardo Mauricio Mendes de Lima, Francine Neves Calil, Frederico Ozanam
Carneiro e Silva, João Batista Kochenborger Fernandes, José Wilson dos Santos,Júlio
Roquete Cardoso, Maria das Graças Farias Pinto, Mirela Tinucci Costa, Noé Ribeiro da
Silva, Renato Souto Severino.
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(Index Veterinarius / Veterinary Bulletin) e PERIODICA
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(Index Veterinarius / Veterinary Bulletin) and PERIODICA
VETERINÁRIA
NOTÍCIAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
JOURNAL OF VETERINARY SCIENCE
FEDERAL UNIVERSITY OF UBERLÂNDIA
ISSN 0104-3463
Vet. Not.
Uberlândia
v.16
n.1 e n.2
p. 1-92
jan./jun. e jul./dez. 2010
COMITÊ AD HOC
Os artigos publicados em VETERINÁRIA NOTÍCIAS são submetidos a consultoria científica. A lista de
consultores está disponível no site: http://www.famev.ufu.br/vetnot/
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Ficha Catalográfica
Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UFU.
Veterinária notícias, v.16, n.1, jan./jun. e n. 2, jul./dez./2010, Uberlândia,
Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária.
Semestral.
ISSN 0104-3463
Notas: Anual (1995-1998) Semestral (1999)–
1. Veterinária – Periódicos. I. Universidade Federal de Uberlândia.
Faculdade de Medicina Veterinária.
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Destina-se à Publicações em Português e Inglês de temas sobre Medicina Veterinária, Zootecnia e Ciências
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SUMÁRIO
Diabetes melito em felino - Relato de caso
Feline Diabetes Mellitus – case report
Tais Maria Pinheiro Soares, Valéria Magro Octaviano Bernis, Philipi Coutinho de Souza ............................ 9
Efeito dos adsorventes sobre o desempenho de juvenis de jundiá (Rhamdia quelen) alimentados
com dietas contaminadas com aflatoxinas
Adsorbents effect on jundiá (Rhamdia quelen) juveniles fed diets contaminated with aflatoxins
Paulo Rodinei Soares Lopes, Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey, Dariane Beatriz Schoffen Enke, Carlos
Augusto Mallmann, Gladis Ferreira Correa, Michele Freitas Santiago, Marcela Soquetta ......................... 13
Estudo morfológico dos músculos do braço de mão-pelada (Procyon cancrivorus – Cuvier 1798)
Morphological study of arm muscle of crab-eating raccoon (Procyon cancrivorus - Cuvier 1798)
Kleber Fernando Pereira, Firmino Cardoso Pereira, Vanessa Morais Lima................................................ 23
Influence of sire line on carcass and meat quality in pigs
Influência da linhagem paterna nas qualidades da carcaça e carne de suínos
Robson Carlos Antunes, Mauricio Machaim Franco, Fausto Emíllio Capparelli, Eduardo Oliveira Melo, Luiz
Ricardo Goulart ........................................................................................................................................... 29
Influência da gestação sobre os constituintes bioquímicos do sangue de novilhas da raça holandês
preto e branco
Influence of pregnancy on the blood biochemical constituents in black and white holstein heifers
Antonio Vicente Mundim, Soliene Partata Ramos, Adair Tomaz Dutra, Marcelo Tavares, Mara Regina Bueno
Mattos Nascimento ...................................................................................................................................... 37
Influencia do uso de nitreto de magnésio e potássio (nmk) no crecimento de eucalipto (Eucalyptus
grandis) e cedro australiano (Toona ciliata)
Influence of potassium and magnesium nitrate (kmn) use in eucalyptus and cedar plants growth
Herbert Vilela, Adriana de Oliveira Vilela, Regina Maria Quintão Lana, Adriane de Andrade Silva ............ 45
Metrorragia por aneurisma da artéria ovárica esquerda em equino – Relato de caso
Metrorrhagia by aneurysm of the left ovarian artery in equine – case report
Venilton José Siqueira, Marilú Martins Gioso, Walter Octavíano Bernis Filho, Renata Marcon Zanellato
Bruzadelli, Maria Cristina Costa Resck, Aguinaldo Christian Siqueira, Raphael Ferreira Assumpção, Marina
Botrel Reis Nogueira ................................................................................................................................... 51
Origem e distribuição da artéria celíaca em marrecos (Anas platyrhynchos platyrhynchos)
Origins and distribution of celiac artery in teal (Anas platyrhynchos platyrhynchos)
Gabrielle Gonçalves Narciso Resende, Frederico Ozanam Carneiro e Silva, Bruno Gomes Vasconcelos, Danila Barreiro Campos, Alessandro Barreiro Campos, Fernando Antônio Ferreira, Flávia Cristina
Queiroz Rinaldi ..................................................................................................................................57
Origens e distribuições das artérias mesentéricas cranial e caudal em Gallus gallus da linhagem
dekalb white
Origin and distribution of the cranial and caudal mesenteric arteries in fowls (gallus gallus) of the dekalb
white lineage
Frederico Ozanam Carneiro e Silva, Bruno Gomes Vasconcelos, Renata Lima de Miranda, Cheston Cesar
Honorato Pereira, Angelita das Graças de Oliveira Honorato, Eduardo Maurício Mendes de Lima, Jordana
Almeida Santana, Gabriela Lúcia Bonato, Gabrielle Gonçalves Narciso Resende .................................... 63
Uso de medicamentos sem prescrição médico-veterinária-Comunicação
Use of medicines without veterinary prescription - communication
Ana Maria Quessada, Rubsauberes Leite de Carvalho, Roseli Pizzigatti Klein, Filipi Alexandre do Nascimento Silva, Luciano Santos da Fonseca, Dayane Francisca Higino Miranda, Severino Cavalcante de
Sousa Júnior .....................................................................................................................................69
Viabilidade da punção biópsia aspirativa por agulha fina, em testículos de cães (Canis familiarisLINNAEUS, 1758) como método auxiliar de diagnóstico
Study of the viability of puncture biopsy by fine needle aspiration in testicles of dogs (Canis familiaris- LINNAEUS, 1758) as an auxiliary diagnostic method
Guilherme Nascimento Cunha, Marcelo Emilio Beletti, Karine Pena Fayad, Wilter Ricardo Russiano
Vicente ..............................................................................................................................................73
9
DIABETES MELITO EM FELINO - RELATO DE CASO
Tais Maria Pinheiro Soares1, Valéria Magro Octaviano Bernis2, Philipi Coutinho de Souza3
RESUMO
O diabetes melito é um distúrbio metabólico que
resulta da diminuição na disponibilidade de insulina para a função normal de muitas células do
organismo. A doença em gatos geralmente está
relacionada com lesões degenerativas específicas, localizadas seletivamente nas ilhotas de
Langerhans. Os sintomas clínicos básicos incluem
poliúria, polidipsia, polifagia e em gatos raramente a
posição plantígrada. O tratamento convencional se
resume em dietas corretivas, aplicação de insulina
exógena e drogas hipoglicemiantes via oral. Este
relato trata-se do caso de um felino diabético cujo
tratamento homeopático foi realizado com sucesso,
atingindo os objetivos esperados.
Palavras-chave: homeopatia, diabetes melito,
felino.
O diagnóstico principal para diabetes
melito baseia-se em realizar a dosagem sérica
da glicemia do paciente, devendo para isto o
animal estar em jejum de 12 horas (BICHARD;
SHERDING,1998).
O tratamento inclui o uso de drogas hipoglicemiantes orais e de insulina exógena e refeições
fracionadas durante o dia (KIRK, 1980).
O Janbolanum tem ação antidiabética, diminui a poliúria e faz desaparecer o açúcar. Experimentalmente a semente do jambo opõe-se a transformação do amido em glicose (VANNIER; PORIER, 1987).
O uso da Aloxana 6 CH no tratamento da
diabete tem efeitos positivos, reduzindo a hiperglicemia em camundongos (SANTOS et al., 1993).
A principal queixa relatada pelo proprietário
é a dificuldade no controle da diabetes e a presença
de poliúria, polidipsia e polifagia apesar da insulinoterapia adequada (DANIEL et al., 2008).
RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A forma mais comumente diagnosticada de
diabetes melito no gato é o DMID (diabetes melito
insulino dependente). Os gatos com DMID falham
em responder as drogas hipoglicemiantes orais,
devendo ser tratados com insulina exógena para a
obtenção do controle da glicemia e prevenir a cetoacidose (BICHARD; SHERDING, 1998; NELSON;
COUTO, 2006).
Aproximadamente 20% dos gatos diabéticos tornam-se “diabéticos transitórios” geralmente
de 4 a 6 semanas após o estabelecimento do diagnóstico e de ser iniciado o tratamento. Nos animais
diabéticos os sinais clássicos de polidipsia, poliúria,
polifagia e perda de peso são notados na grande
maioria dos casos. Os gatos diabéticos podem
desenvolver postura plantígrada com os jarretes
tocando o solo quando o animal caminha. Acredita-se que esta postura seja causada por neuropatia
diabética (NELSON; COUTO, 2006).
1
2
3
Uma gata SRD, quatro anos, ovariectomizada há um ano aproximadamente, alimentando-se
com dieta específica (ração premium) para a espécie e idade, apresentou dificuldade de locomoção
nos membros pélvicos e de ascensão a bancos,
cadeiras ou outros mobiliários, poliúria, polidipsia,
polifagia, aumento do peso, da frequência de defecação e posição plantígrada (Figura 1).
Ao exame clínico o animal apresentava
sinais de dor nos membros posteriores, abdômen
distendido, com sensibilidade à palpação e som
timpânico à percussão. Mostrava-se em posição
plantígrada, quando em estação e em locomoção,
estando confortável somente em decúbito lateral.
Realizou-se exame radiográfico para avaliar possíveis deformidades ou alterações ósseas
(excluindo diagnósticos diferenciais) e a dosagem
da glicemia, pois os sintomas compatíveis com diabetes melito, incluindo a posição plantígrada, eram
bem evidenciados no animal. A análise radiográfica
Médica Veterinária. Doutora. Professora Titular. Faculdade Medicina Veterinária. Universidade José do Rosário Vellano. Rodovia
MG 179, Km 0. Alfenas-MG, 37130-000. (35) 3291-2496. [email protected].
Médica Veterinária. Mestre. Professora Auxiliar de Ensino. Faculdade Medicina Veterinária. Universidade José do Rosário Vellano.
Alfenas-MG.
Médico Veterinário. Mestrando. Faculdade de Ciências Médicas(UNICAMP), Campinas-SP.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 9-11, jul./dez. 2010
10
apresentou-se dentro dos padrões normais. A glicemia realizada em jejum em 19 de maio de 2008
constatou-se 300 mg/dL,sendo o valor normal para
a espécie de 70 a 110 mg/dL. Confirmou-se então
tratar-se de uma paciente diabética.
Optou-se pelo tratamento homeopático a
base de Szygium Jambolanum 6 CH, associado
a Aloxana 6 CH. Os medicamentos foram administrados em gotas por via oral 3 vezes ao dia.
Após 30 dias de tratamento os sintomas estavam
diminuídos e no dia 07 de agosto de 2008 o animal
estava assintomático e com a glicemia de 224,7
mg/dL. No dia 12 de dezembro de 2008 a glicemia
apresentou resultado de 123,4 mg/dL.
O tratamento estender-se-á até a normoglicemia, quando então as frequências de
administração serão diminuídas até cessar o
tratamento(Figura 1).
Figura 1. Fotografia de gata em posição plantígrada antes do inicio do tratamento homeopático. Na vista ventral direita observa-se
a mesma aos 30 dias de tratamento, já com a remissão dos sintomas e posição quadrupedal normal (Sony, 12.1 MP).
RESULTADO E DISCUSSÃO
Feline Diabetes Mellitus - Case report
Com o tratamento homeopático, um mês
após o início da administração do medicamento, o
animal apresentava-se com ausência dos sintomas,
inclusive com os membros pélvicos em posição
normal e com facilidade de ascensão. A glicemia
tende-se a valores normais.
O uso da homeopatia não causou nenhum
tipo de estresse ao paciente e isenta de efeitos colaterais. Além disso, com um custo extremamente
baixo em relação a tratamentos conservadores. A
remissão dos sinais clínicos foram restabelecidos
rapidamente pela paciente.
ABSTRACT
Diabetes mellitus is a metabolic disorder resulting
from the decrease in availability of insulin to the
normal function of many cells of the organism. The
disease in cats is usually associated with specific
degenerative lesions localized selectively in the islets
of Langerhans. The basic clinical symptoms include
polyuria, polydipsia, polyphagia, and rarely in cats
plantigrade position. Conventional treatments consist
in corrective diets, application of exogenous insulin
and oral hypoglycemic drugs. This report deals with
the case of a diabetic cat which homeopathic treatment was successful, achieving the expected goals.
Keywords: homeopathy, diabetes mellitus, feline
SOARES, T. M. P., BERNIS, V. M. O., SOUZA, P. C. DE.
11
REFERÊNCIAS
BICHARD,S.J.;SHERDING,R.G. Clínica de pequenos animais-Manual Saunders. 2.ed.São
Paulo,1998.
DANIEL,A.G.T.;PELLEGRINO,A.;KANAYAMA,K.
K.;KANAYAMA,L.M.;JUNIOR,A. R. Hiperadrenocotricismo em felino associada ao diabetes melito
insulino-resistente-relato de caso. Clínica veterinária, v.13, n.76, p.46-60, set e out 2008.
KIRK,R.W. Terapêutica veterinária: Prática clínica em pequenos animales. 2. ed. México,1980.
LORENZ,M.D.;CORNELIUS,L.M.;FERGUSON,D.C.
Terapêutica clínica em pequenos animais. Rio de
Janeiro,1996.
NELSON,R.W.;COUTO,C.G. Medicina interna de
pequenos animais. 3.ed. Rio de Janeiro,2006.
SANTOS,E.;CIER,A.;BOIRAN,J. Apostila de farmacologia homeopática. Instituto Homeopático
François Lamasson, Ribeirão Preto-SP, 1993.
VANNIER,L.;PORIER,J. Tratado matéria médica
homeopática. 9.ed. São Paulo,1987.
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13
EFEITO DOS ADSORVENTES SOBRE O DESEMPENHO DE JUVENIS DE JUNDIÁ
(Rhamdia quelen) ALIMENTADOS COM DIETAS CONTAMINADAS COM AFLATOXINAS
Paulo Rodinei Soares Lopes1, Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey2, Dariane Beatriz Schoffen Enke3,
Carlos Augusto Mallmann4, Gladis Ferreira Correa5, Michele Freitas Santiago6, Marcela Soquetta7
RESUMO
Avaliou-se os efeitos das aflatoxinas e de dois
adsorventes (Alumíniossilicato ASSCA e Glucomanano GM)) no desempenho zootécnico de
juvenis de jundiá (Rhamdia quelen). Utilizou-se
189 peixes com peso inicial de 43,13 g, criados em
sistema de recirculação de água termo regulada,
durante 60 dias As toxinas e os adsorventes foram
incluídos na ração nos seguintes níveis: ração sem
ADS: (T0 - controle; T1 - 50 μgAFkg-1; T2 - 100
μgAFkg-1); ração + 0,3% ASSCA: (T0- controle; T150 μgAFkg-1; T2- 100 μgAFkg-1); ração + 0,3% GM:
(T0- controle; T1- 50 μgAFkg-1; T2- 100 μgAFkg-1).
Os resultados demonstraram que a ação negativa
das aflatoxinas, reduziu significativamente o ganho
de peso, biomassa final, ganho médio diário e taxa
de crescimento específico dos juvenis de jundiá,
proporcionalmente aos níveis crescentes de aflatoxinas na dieta, em relação ao tratamento controle,
sem apresentar mortalidade. Concluiu-se que os
alevinos de jundiá, alimentados com aflatoxinas
na dieta foram susceptíveis aos efeitos negativos,
com grandes perdas no crescimento e ganho de
peso. A adição de 0,3% de glucomanano na dieta
neutralizou os efeitos negativos das aflatoxinas.
Palavras-chave: micotoxina, aluminosilicato, glucomanano, nutrição, jundiá.
INTRODUÇÃO
A piscicultura brasileira evoluiu muito na
última década e o seu crescimento é decorrente,
1
2
3
4
5
6
7
sobretudo, dos avanços nutricionais, genéticos e
de manejo nas diferentes fases de vida dos peixes.
Em um sistema que busca aprimoramento nas formulação e composição de uma dieta devidamente
equilibrada em energia e proteína, qualquer fator que
afete negativamente a produção, determina enormes
prejuízos. Desta forma, deve-se ressaltar a importância dos contaminantes naturais dos alimentos, como
as micotoxinas, as quais podem acarretar perdas
consideráveis na criação de peixes.
As micotoxinas são compostos quimicamente tóxicos produzidos por diversos fungos, particularmente por espécies de Aspergillus, Fusarium,
Penicillium, Claviceps e Alternaria. As mais comuns
são as aflatoxinas, ocratoxina A, tricotecenos,
zearalenona e fumonisinas. Foi verificado que a
contaminação por micotoxinas pode afetar cerca
de 25% da produção de grãos no mundo a cada
ano (CANOVI et al., 2003).
O consumo de dietas contaminadas por
micotoxinas pode induzir efeitos agudos e crônicos, resultando em teratogênese, carcinogênese,
impactos estrogênicos ou imunossupressivos, não
somente em animais, mas também no homem, ao
passo que usualmente os animais sofrem mais devido ao consumo de grãos de baixa qualidade. Nos
animais, as dietas contaminadas por micotoxinas
podem levar a outras consequências, como recusa
alimentar, piora na conversão alimentar, diminuição
de ganho de peso, aumento na incidência de doenças devido a imunossupressão e interferência na
capacidade reprodutiva, que são responsáveis por
grandes perdas econômicas.
As aflatoxinas (AFs) constituem um grupo
de toxinas produzidas pelo fungo Aspergillus flavus
Zootecnista. Doutor. Universidade Federal do Pampa. 21 de abril n 80, São Gregório. 96450-000 - Dom Pedrito-RS. (53) 32439539.
Ramal: 5550. [email protected].
Médico Veterinário. Doutor. Professor Adjunto. Departamento de Zootecnia(UFPel).
Engenheira de Alimentos. Doutoranda em Zootecnia(UFPel).
Medico Veterinário. Doutor. Professor Titular. Departamento de Medicina Preventiva(UFSM).
Medica Vetrinária. Doutora. Professora Adjunto. (UNIPAMPA).
Acadêmica de Agronomia.
Acadêmica de Química de Alimentos.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 13-21, jul./dez. 2010
14
e Aspergillus parasiticus e são identificadas como
B1, B2, G1 e G2. As letras B e G devem-se ao
fato destas apresentarem fluorescência azulada
e esverdeada, respectivamente, quando observadas sob luz ultravioleta. Conforme Mallmann et al.
(1994), existem atualmente mais de 400 micotoxinas que causam severos prejuízos.
Para evitar as micotoxicoses nos animais,
algumas estratégias são utilizadas, que podem ser
divididas em métodos químicos, físicos e biológicos.
Entretato, a melhor forma de evitar a contaminação
de micotoxinas nos grãos é a prevenção de sua formação, por exemplo: ceifar o grão em maturidade
e com baixa umidade e armazenar em condições
refrigeradas e secas. Porém, a execução de tais
medidas é difícil em países com clima úmido e
quente.
De acordo com Dilkin (2002) os consumos
em doses moderadas à baixas, causam aflatoxicose crônica, desencadeando graves problemas
imunossupressivos, perda de ganho de peso e de
crescimento.
Os efeitos tóxicos das aflatoxinas são
dependentes da dose e do tempo de exposição,
determinando assim intoxicações aguda e crônica. A síndrome tóxica aguda ocorre pela ingestão
de alimento com alta concentração de aflatoxina,
sendo os efeitos observados em curto espaço de
tempo, perda de apetite, hepatite aguda, hemorragias e morte (ROSMANINHO et al., 2001). Quando
as micotoxinas são ingeridas os diversos efeitos
devem as suas diferentes estruturas químicas,
influenciadas pelo fato de serem ingeridas por diferentes organismos animais superiores e também
pela diversidade de espécies, raça, sexo, idade,
fatores ambientais, manejo, condições nutricionais
e outras substâncias (DILKIN, 2002).
O processo físico, através do uso de adsorventes misturados a rações é o mais utilizado
atualmente. Os materiais adsorventes, não nutritivos, se unem à micotoxina no trato gastrintestinal,
diminuindo a biodisponibilidade da micotoxina e
associações tóxicas. Os adsorventes mais eficientes são aqueles que conseguem adsorver o maior
número de micotoxinas diferentes. Dentre todos
esses métodos de descontaminação, a utilização
de adsorventes ligados a micotoxina, é o caminho
mais aplicado para proteger animais contra os
efeitos prejudiciais das rações contaminadas com
as toxinas fúngicas (HUWIG et al., 2001).
Os compostos de aluminosilicato de sódio e
cálcio (ASSCA) na concentração de 0,5% na ração
têm apresentado um resultado positivo na diminuição
dos efeitos adversos de aflatoxinas em varias espé-
cies. Diversos experimentos demonstraram também
que a bentonita sódica é um ótimo adsorvente para
aflatoxinas em aves, da mesma maneira que os ASSCA (MALLMANN et al., 2007). O glucomanano (GM),
outro adsorvente bastante utilizado, é um polímero
extraído da parede celular de leveduras. Estudos
realizados por Swamy et al. (2002) investigaram os
efeitos do GM adicionado na dieta e observaram
um aumento na ingesta e redução da atividade da
gamaglutamil-transferase, um indicador de danos
hepáticos, reduzindo o efeito da toxina, favorecendo
o ganho de peso e crescimento. O cultivo do jundiá
(Rhamdia quelen) vem crescendo progressivamente
no sul do Brasil, devido ao interesse das instituições
de pesquisas. É uma espécie nativa de grande representatividade e interesse econômico, apresenta
excelente adaptabilidade a diferentes ambientes,
sendo amplamente utilizada na piscicultura. Além
disso, possui boa aceitação pelo mercado consumidor
(GOMES et al., 2000).
Muito são os efeitos negativos na produtividade de peixes causados por aflatoxinas no
desenvolvimento dos animais durante o período
de cultivo, sendo que a perda ao final é irreparável,
contribuindo para o insucesso da criação. Portanto
torna-se imperativo a continuidade a esse tipo de
investigação para buscar resultados mais conclusivos, principalmente pela ação do adsorvente no
desenvolvimento dos peixes.
Portanto, visando à utilização de uma espécie nativa e adaptada às condições climáticas
da região sul no estado do Rio Grande do Sul. O
presente trabalho teve como objetivo testar diferentes níveis de aflatoxinas (AFs) e dois tipos de
adsorvente (ASSCA e GM) em rações para juvenis
de jundiá (Rhamdia quelen) avaliando seu efeito no
desempenho zootécnico.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Ictiologia do Departamento de Zootecnia da Faculdade
de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal
de Pelotas. O experimento deu-se no período de outubro a dezembro de 2007, com duração de 60 dias.
Foram utilizadas 27 caixas de polipropileno
com capacidade de 250 L, abastecidas com 200 L
de água, num sistema de criação fechado e termo
regulado. O sistema tem capacidade de 20000 L
de água, abastecida através de um reservatório externo com água proveniente de um poço artesiano.
Manteve-se a circulação da água nas unidades experimentais com um volume de 1,3 L/min, durante
as 24 horas do dia.
LOPES, P. R. S., POUEY, J. L. O. F., ENKE, D. B. S., MALLMANN, C. A., CORREA, G. F., SANTIAGO, M. F., SOQUETTA, M.
15
Para o experimento utilizou-se 189 juvenis
de jundiá (Rhamdia quelen) com peso médio de
43,13 g, obtidos através de reprodução induzida
a partir de matrizes do próprio setor (UFPel), criadas em tanque de terra, alimentadas com ração
comercial contendo 45% de proteína bruta, além
do plâncton originado pela adubação.
Todos os peixes foram submetidos a um
jejum de 24 horas antes de iniciar o experimento.
Após este período selecionou-os, para que fossem
realizadas as biometrias iniciais (peso e comprimento). A densidade de estocagem foi de 7 juvenis
por unidade experimental.
A alimentação foi ministrada duas vezes ao
dia (9 e 16 horas), na proporção de 5% da biomassa.
Ajustou-se a taxa de arraçoamento quando da reali-
Tabela 1.
zação da biometria mensal por unidade experimental,
com reposição dos mesmos. Diariamente efetuou-se
a limpeza das caixas, através de sifão, retirando-se
os resíduos existentes nas mesmas, sendo contabilizada a eventual mortalidade. A troca diária de água
foi na ordem de 5%, observando-se a necessidade
de sifonagem dos dejetos e resíduos das rações.
Calculou-se a dieta dos peixes de acordo
com Coldebella; Radünz Neto (2002), na qual foram
incluídos os níveis de aflatoxinas (AFs) e dos adsorventes (ADS) comforme os tratamentos (Tabela
1). Os ADS adicionados nas dietas dos alevinos
foram: Aluminosilicato de cálcio e sódio (ASSCA)
e o Glucomanano (GM). As dietas experimentais
foram isoprotéicas e isocalóricas, contendo 35,2%
proteína bruta e 3444 kcal kg-1 de energia digestível.
Formulação e composição da ração experimental para jundiá (Rhamdia quelen), Pelotas-RS, 2007.
Ingredientes
%
%
%
Farinhas de carne e osso
35,00
35,00
35,00
Farelo de soja
24,01
24,01
24,01
Milho triturado (grãos)
19,21
19,21
19,21
Farelo de trigo
6,70
6,70
7,00
Óleo de canola
13,03
13,03
13,03
Sal comum iodado1
1,00
1,00
1,00
Premix vitamínico e mineral2
0,75
0,75
0,75
Adsorvente®
(GM1)
0,3
(ASSCA )
2
Total
Composição bromatológica da ração experimental
100
0,3
100
100
(%)
Proteína bruta
35,22
Materia seca
90,73
Cinzas
10,65
Extrato etéreo
16,16
Fibra bruta
2,54
Cálcio
3,2
Fósforo
1,87
Energia digestível kcal kg-1
-
3444,4
1- Segundo LUCHINI (1990);
2- Composição do premix vitamínico (por kg): Vit.A: 6.000.000 UI; Vit. D: 1.000.000 UI; Vit. E: 100.000; Vit. K: 5.000 UI; Riboflavina: 10.000 mg; Ác.
Pantotênico: 30.000 mg; Niacina: 60.000 mg; Vit. B12: 20.000mcg; Biotina: 600 mcg; Ác. Fólico: 2.500 mg; Tiamina: 10.000 mg; Piridoxina: 20.000 mg;
Cobre: 12.001 mg; Ferro: 75.000 mg; Manganês: 99.974 mg; Iodo: 998 mg; Selênio: 250 mg; Zinco: 90.001 mg.
®1 (Mycosorb) doado pela empresa Altech
®2 ASSCA doada pela empresa Vulgel.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 13-21, jul./dez. 2010
16
As rações eram preparadas no laboratório
de Ictiologia do Departamento de Zootecnia. Os
tratamentos avaliados incluíam diferentes níveis de
aflatoxinas, as quais foram produzidas no Laboratório de Análises Micotoxicológicas - LAMIC-UFSM,
certificado pelo INMETRO e pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da
fermentação de arroz parbolizado com uma cepa do
fungo Aspergillus parasiticus. O arroz previamente
esterilizado, e após ter sido inoculado era adicionado a um erlenmayer e colocado em agitador orbital
com controle de temperatura pelo período de 6 dias.
Os ingredientes utilizados na ração experimental estavam isentos de contaminação natural e
analisados no LAMIC-UFSM, somente após rigoroso teste por cromatografia líquida de alta eficiência
(CLAE). Esse cuidado se explica por tratar-se de
inclusão artificial de aflatoxinas na dieta, sem que haja
interferência de toxinas do próprio alimento. O pó de
arroz fermentado (contendo aflatoxinas) foi acrescido
à ração dos peixes, após uma prévia mistura com farelo de milho, que em seguida misturou-se aos demais
ingredientes da ração em um misturador mecânico
com capacidade para 5 kg, após este procedimento
a ração foi peletizada e levada a estufa a 50ºC (48
h), após o processamento manteve-se em lugar seco,
escuro e resfriado para evitar qualquer tipo de aparecimento e proliferação de outros fungos. Uma fração de
cada tratamento enviou-se para o LAMIC -UFSM para
nova análise, após obter a confirmação da quantidade
de toxina, acrescentadas nas dietas. As aflatoxinas e
os adsorventes na ração nos seguintes níveis: ração
sem ADS: (T0 - controle; T1 - 50 μgAFkg-1; T2 - 100
μgAFkg-1); ração + 0,3% ASSCA: (T0- controle; T150 μgAFkg-1; T2- 100 μgAFkg-1); ração + 0,3% GM:
(T0- controle; T1- 50 μgAFkg-1; T2- 100 μgAFkg-1).
Ao final do período experimental, após jejum de 24 h, submeteram-se os peixes à biometria
para determinação das seguintes variáveis: - Peso
médio final, crescimento (comprimento total e
padrão), ganho de peso diário (peso final - peso
inicial/período experimental), biomassa (peso
médio final - peso médio inicial x número de final
de peixes), rendimento de carcaça (peso do peixe
eviscerado x 100/peso final), taxa de crescimento
especifico (100 x ((In peso final – In peso inicial)/
dias)) e sobrevivência.
Para a avaliação do rendimento de carcaça
retirou-se uma amostra de 10 peixes de cada tra-
tamento ao final do experimento. Para esta determinação utilizou-se bisturi e tesoura, sendo que o
corte para a retirada das vísceras foi feito em toda
linha ventral, retirando-se as vísceras e brânquias.
Determinou-se o rendimento da carcaça, através
do cálculo do peso total dos peixes menos o peso
das vísceras, expresso em percentagem, conforme
descrito por Melo et al. (2002).
Também monitorou-se diariamente (09:00
e às 16:00 h) os parâmetros da qualidade da água
nas unidades experimentais (O2D, amônia total,
alcalinidade, pH e temperatura) com auxílio de um
oxímetro digital e kit colorimétrico.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três níveis de aflatoxinas,
dois adsorventes distintos (ASSCA e GM), e três
repetições cada. Os resultados foram submetidos à
ANOVA, para comparação entre as médias o teste
de Tukey (5%) e análise de contrastes. Utilizou-se
o programa estatístico SAS (1997) para analises
dos resultados observados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As condições ambientais foram uniformes
entre os tratamentos, tendo em vista a utilização
do sistema de recirculação fechado termo-regulado,
não interferindo nos resultados. Os valores obtidos
para temperatura da água: (23,6±3,5ºC), oxigênio
dissolvido: (5,4±1,5 mgL-1), amônia total: (0,5±0,1
mgL-1), alcalinidade: (55±6,2 mgL-1) e pH (7,7±0,8),
estão adequados para o desenvolvimento do jundiá
Piedras et al. (2004). Os resultados de desempenho de crescimento dos juvenis de jundiá, com a
inclusão de diferentes níveis de aflatoxinas e de
adsorventes (ASSCA e GM), estão apresentados
na tabela 2. Os resultados da análise estatística
indicam que houve diferença significativa dentro
dos tratamentos, para peso final (P=0,0001) e TCE
(P=0,0004) em relação ao tratamento controle.
Os juvenis de jundiá alimentados com uma dieta
contendo aflatoxinas (50 e 100 μgAFkg-1) sem
ADS, apresentaram redução gradual do ganho de
peso conforme o aumento nos níveis de aflatoxinas
com redução em torno de 26,6% no maior nível
de inclusão das aflatoxinas (100 μgAFkg-1). Não
apresentando mortalidade dos peixes ao longo do
período experimental.
LOPES, P. R. S., POUEY, J. L. O. F., ENKE, D. B. S., MALLMANN, C. A., CORREA, G. F., SANTIAGO, M. F., SOQUETTA, M.
17
Tabela 2.
Resultados de crescimento aos 60 dias, dos juvenis de jundiá (Rhamdia quelen) alimentados com
rações contendo diferentes níveis de aflatoxinas, aluminosilicato e glucomanano, Pelotas-RS, 2007.
Tratamentos (μg AFkg-1)
Aflatoxina
Aflatoxina + 0,3%
GM
Aflatoxina + 0,3%
ASSCA
CV (%)
Peso inicial (g)
Peso final (g)
TCE
T0
0
42,45±5,65ªA
70,01±4,11ªA
1,71±0,13ªA
T1
50
43,29±5,49ªA
54,76±8,19bB
1,48±0,34bB
T2
100
43,26±5,01ªA
51,39±11,58bB
1,43±0,38bB
T0
0
40,70±5,66ªA
66,94±3,64ªA
1,57±0,22ªA
T1
50
44,66±5,81ªA
63,62±4,12ªA
1,66±0,28ªA
T2
100
45,83±4,99ªA
59,79±5,32bA
1,65±0,34ªA
T0
0
41,80±0,40ªA
56,91±5,41ªB
1,36±0,22ªB
T1
50
43,48±5,65ªA
49,53±5,85bC
1,50±0,26ªB
T2
100
42,90±5,96ªA
50,70±7,20bB
1,40±0,28aB
12,52
11,66
18,9
-
TCE: taxa de crescimento específico
Letras minúsculas diferentes nas colunas, dentro de cada tratamento, apresentam diferença significativa (P<0,05).
Letras maiúsculas diferentes nas colunas, para cada nível entre os tratamentos, apresentam diferença significativa (P<0,05).
A redução observada de crescimento dos
animais alimentados com 50 e 100 μgAFkg-1 na
ração nesse experimento, está de acordo com
Roberts; Sommerville (1982 apud CONROY, 2000),
quando descreveram que tilápias alimentadas com
níveis acima de 100ppb de aflatoxinas B1 e B2
apresentaram crescimento reduzido. Resultados
semelhantes também foram encontrados por Tuan
et al. (2002) com níveis de inclusão de 100 ppm de
aflatoxina B1 kg-1 na dieta de alevinos de tilápias
(Oreochromis niloticus), observaram acentuada
redução do ganho de peso, porém, apresentaram
mortalidade. Aranas et al. (2002), também notaram redução de ganho de peso em alevinos de
tilápias (Oreochromis niloticus), com níveis de 80
μgAFkg-1 na dieta. Entretanto, Lopes et al. (2005)
ao conduzirem um experimento com alevinos de
jundiá (Rhamdia quelen) verificaram a diminuição
de ganho de peso, com inclusão de 204 μgAFkg-1
na dieta, por 45 dias experimentais.
Os resultados de biomassa e ganho de
peso diário também apresentaram diferença significativa (P=0,0001) quando alimentados com dietas
contendo aflatoxinas (50 e 100 μgAFkg-1), comparados com o tratamento controle. Entretanto, não
ocorreu diferença significativa para rendimento de
carcaça, e sobrevivência, dentro dos tratamentos
(Tabela 3). Resultados semelhantes foram encon-
trados em alevinos de jundiá (Rhamdia quelen) por
Lopes et al. (2005), que verificaram a diminuição
de ganho médio diário, com nível de inclusão de
204 μgAFkg-1 na dieta experimental. Estes autores
relatam que não houve diferença significativa para
rendimento de carcaça e sobrevivência. Para alevinos de tilápia dose menor de aflatoxinas na dieta (5
μg) apresentou efeito negativo sobre o desempenho
zootécnico de alevinos de tilápia (CONROY, 2000).
Manning et al. (2005) ao alimentarem alevinos
de channel catfish (Ictalurus punctatus) com 20
μgAFkg-1 numa dieta prática, observaram que não
houve diminuição no ganho de peso, consumo alimentar e demonstrando ser uma espécie resistente
a toxina. Resistência à intoxicação por aflatoxina,
também foram relatados por Sahoo; Mukherjee
(2002) ao injetarem aflatoxinas intramuscular (1,25
mgAfkg-1 em cada peixe) por 60 dias em alevinos
de carpa indiana (Labeo rohita), não observaram
mortalidade, entretanto, verificaram redução do
ganho de peso. A biomassa também apresentou
diferença significativa (P=0,0001) em relação
ao tratamento controle sem aflatoxina e quando
adicionado o ADS com glucomanano na dieta dos
juvenis, foi possível observar que houve uma ligeira
melhora no desempenho zootécnico dos animais
em relação ao ASSCA (Tabela 3). Resultados da
diminuição de biomassa foram encontrados por
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 13-21, jul./dez. 2010
18
Chávez-Sánchez et al. (1994), que observaram
durante os primeiros 25 dias, o efeito da inclusão
de aflatoxinas (7,52, 15 e 30 mgAFB1 kg-1) na dieta
de alevinos de tilápia (Oreochromis niloticus) uma
diminuição no consumo alimentar, onde biomassa
Tabela 3.
Desempenho zootécnico dos juvenis de jundiá (Rhamdia quelen) após 60 dias experimentais alimentados com dieta contendo aflatoxinas, aluminosilicato e glucomanano, Pelotas-RS, 2007.
Tratamentos (μg AFkg-1)
Aflatoxina
Aflatoxina + 0,3
ADSGM
Aflatoxina + 0,3%
ASSCA
CV (%)
do tratamento controle representa 20 vezes mais
do que o peso inicial (P<0,01). Lopes et al. (2005)
também observaram queda acentuada na biomassa
quando submeteram os alevinos de jundiá a dieta
com altos níveis de aflatoxinas.
Rendcar (%)
Biomassa (g)
GPD (g)
T0
Controle
82,82±7,03ªA
578,8±130,8ªA
0,46±0,10ªA
T1
50
78,75±5,28ªA
240,8±176,5bB
0,19±0,11bB
T2
100
78,78±3,59ªA
170,8±278,4bB
0,13±0,22bB
T0
Controle
82,68±5,16ªA
550,9±128,4ªA
0,43±0,10ªA
T1
50
78,04±6,05ªA
398,1±155,4bA
0,31±0,12bA
T2
100
75,36±10,07ªA
293,2±152,3cA
0,23±0,12bA
T0
Controle
82,14±4,72ªA
312,3±140,2ªB
0,24±0,11ªB
T1
50
78,78±3,59ªA
127,0±136,5bC
0,10±0,10bC
T2
100
78,48±4,93ªA
164,1±155,5bB
0,13±0,12bB
-
7,49
54,39
54,89
Rendcar: Rendimento de carcaça; GPD: ganho de peso diário;
Letras minúsculas diferentes nas colunas, dentro de cada tratamento, apresentam diferença significativa (P<0,05).
Letras maiúsculas diferentes nas colunas, para cada nível entre os tratamentos, apresentam diferença significativa (P<0,05).
Os valores observados para rendimento de
carcaça entre os tratamentos não apresentaram
diferença significativa (P>0,05) para todos os tratamentos propostos, ficando em torno de 79,46%.
Semelhantes resultados foram descritos por Lopes
et al. (2005) com valores de 204 μgAFkg-1 para alevinos de jundiá num sistema semelhante de criação,
encontrando 82,16% no rendimento de carcaça.
Em relação à sobrevivência nesse experimento, pode-se afirmar que os alevinos de jundiás
apresentam uma alta resistência a intoxicação por
aflatoxinas. Resultado semelhante foram encontrados por Lopes et al. (2005), com jundiá intoxicados
por 45 dias experimentais, com níveis entre 41 a
204 μgAFkg-1, obtendo 100% de sobrevivência.
Entretanto, Chavez-Sanchez et al. (1994), com
inclusão de aflatoxina até 20 mgAFkg-1 na dieta de
alevinos de tilápias após 25 dias experimentais, observaram elevada mortalidade. Tuan et al. (2002),
também notaram mortalidade de 60% em alevinos
de tilápias alimentados por 8 semanas com 100
mgAFkg-1. Entretanto Farabi et al. (2006) observaram mortalidade de 8,6% quando alimentaram
juvenis de Huso huso com dieta contaminada com
10 μgAFkg-1, num período de 40 dias.
Os tratamentos com aflatoxinas e com
inclusão do adsorvente glucomanano (GM) nas
dietas dos juvenis de jundiá, apresentaram diferença significativa para peso final, TCE, biomassa e
ganho de peso diário entre os tratamentos quando
contrastados por níveis de inclusão semelhante
(Tabela 3).
Os resultados observados indicam que os
tratamentos que continham o adsorvente glucomanano melhorou os índices zootécnicos dos animais
em relação aos tratamentos que apresentavam o
adsorvente aluminosilicato de sódio e cálcio e também
aos tratamentos sem adsorventes, não diferindo com
os tratamentos controle (sem AFs e ADS) na dieta. Os
tratamentos com 50 μgAFkg-1 e 0,3% de GM foi 28,4%
LOPES, P. R. S., POUEY, J. L. O. F., ENKE, D. B. S., MALLMANN, C. A., CORREA, G. F., SANTIAGO, M. F., SOQUETTA, M.
19
(P<0,05) melhor do que o que continha ASSCA para
peso final, TCE, GPD e biomassa dos animais. Os
tratamentos com 100 μgAFkg-1 e 0,3% de GM também demonstrou-se 17,9% melhor na adsorção das
aflatoxinas, contribuindo no desempenho satisfatório
dos animais intoxicados (P<0,05), para peso final,
TCE, GPD e biomassa em relação aos tratamentos
com ASSCA, não diferindo do tratamento controle
(sem AFs e ADS).
Resultados semelhantes foram encontrados por Swamy et al. (2002) com adição de
0,2% de GM na dieta de suínos contaminadas
com micotoxinas do genero Fusarium, para peso
corporal e crescimento. Ellis et al. (2000) testando
adsorvente (bentonita sódica) em juvenis de truta
(Oncorhynchus mykiss) alimentadas com dietas
contendo 20 μgAFkg-1, afirmaram que a inclusão
de 2% de ADS na dieta reduz significativamente
a absorção da aflatoxina pelo organismo animal.
Segundo Uhida et al. (2000) os benefícios
da utilização do adsorvente na ração em relação
ao ganho de peso e conversão alimentar ainda
não são bem definidos, sendo que a necessidade
de utilizar nível de inclusão alto (6%) e que para
outros organismos monogástricos, nível de 2% de
bentonita sódica na dieta não foram o suficiente
para adsorver as micotoxinas. Embora, Tomasevic-Canovic et al. (2003) afirmaram que a preparação e
o processo de elaboração e inclusão do adsorvente
na dieta, influência na absorção das micotoxinas.
Ao longo dos 60 dias do experimento
observou-se algumas características morfológicas
nos juvenis que receberam dieta contaminada (50
e 100 μgAFkg-1) como despigmentação parcial da
pele, próximo ao pedúnculo caudal. Sinais de aflatoxicose também foram observados por Farabi et
al. (2006) com juvenil de Huso huso em dietas contaminadas com aflatoxinas. Entretanto, alevinos de
tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) alimentados
com uma dieta contaminada com aflatoxinas (75 e
100 μgAF kg-1), não apresentaram anormalidade
morfológica e não ocorreu mortalidade ao final
de 12 semanas experimentais (LIM et al., 2001).
Embora, podem aparecer sinais clínicos, sintomas
e um quadro patológico específico, dependendo
da micotoxina ingerida, da susceptibilidade das
espécies, das condições individuais do organismo e
interações ou não com outros fatores (MALLMANN
et al., 2007).
CONCLUSÕES
A ingestão de aflatoxinas influenciou negativamente o crescimento dos juvenis de jundiá;
o adsorvente a base de glucomanano reduziu satisfatoriamente a ação das aflatoxinas contribuindo
com o desenvolvimento peixes estudados.
Adsorbents effect on jundiá (Rhamdia quelen)
juveniles fed diets contaminated with aflatoxins
ABSTRACT
The effects of aflatoxins(AF) and two adsorbents(ADS:
Aluminiossilicato ASSCA and Glucomane GM) on
jundiá (Rhamdia quelen) juveniles performance were
evaluated. One hundred and eighty nine (189) fishes
were used, with average initial weight of 43.13 g,
raised in thermo-regulated recirculation water system
during 60 days Toxins and adsorbents were included
in the ration at the following levels: diet without ADS:
(T0 - control, T1 - 50 μgAFkg-1, T2 - 100 μgAFkg-1);
Diet with 0.3% ASSCA: (T0-control; μgAFkg T1-50-1,
T2-100 μgAFkg-1); Diet with 0.3% GM: (T0-control;
μgAFkg T1-50-1, T2-100 μgAFkg-1). Negative effect of
aflatoxins significantly (P<0,05) reduced weight gain,
final biomass, daily average gain and specific growth
of jundiá juveniles, proportionately to increasing levels
of aflatoxins in diet, compared to the control treatment,
withou mortality occurrence. Additon of 0.3% of glucomane in diet counteracts the negative effects of
aflatoxins on jundiá juveniles.
Keywords:
micotoxin, aluminum silicate, glucomane, nutrition, fish.
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Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 13-21, jul./dez. 2010
23
ESTUDO MORFOLÓGICO DOS MÚSCULOS DO BRAÇO DE MÃO-PELADA
(Procyon cancrivorus – Cuvier 1798)
Kleber Fernando Pereira1, Firmino Cardoso Pereira2, Vanessa Morais Lima3
RESUMO
O mão-pelada é um mamífero carnívoro da família
Procyonidae, de ampla distribuição geográfica,
ocupando todos os biomas nacionais. A anatomia
do Procyon cancrivorus é uma lacuna entre os
vários carnívoros silvestres existentes e pode ser
comparada com os carnívoros domésticos, como
o cão e o gato. O que objetivou o presente estudo
na caracterização dos músculos do braço desse
animal pouco estudado. Para tanto utilizou-se
cinco animais mortos por acidentes em rodovias.
Os músculos foram dissecados e observaram-se
suas inserções proximais e distais: M. bíceps do
braço, M. tríceps do braço, M. ancôneo e M. tensor
da fáscia do antebraço. Eles são inervados pelo
nervo radial e irrigados pela artéria braquial e seus
ramos. Há grande similaridade entre os músculos
do braço do carnívoro silvestre (mão-pelada) e dos
carnívoros domésticos (cão e gato).
Palavras-chave:músculos, braço, mão-pelada.
INTRODUÇÃO
O cerrado brasileiro está entre as 25 áreas
prioritárias para a conservação da biodiversidade
mundial. Esse bioma é a segunda maior formação
vegetal do Brasil, presente no planalto central e
ocupando quase 25% do território nacional. Apresenta uma flora rica e sua fauna é bem diversificada, composta por muitas espécies endêmicas,
raras e/ou ameaçadas de extinção. Dentre os
mamíferos destacam-se o lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga
tricactyla), o tatu-canastra (Priodontes maximus),
a jaguatirica (Leopardus pardalis) e o mão-pelada
(Procyon cancrivorus).
1
2
3
Segundo Câmara; Murta (2003) os mamíferos exercem um grande fascínio sobre todos nós,
talvez por sermos também mamíferos. Nossa empatia por esses animais nos faz buscar conhecê-los
melhor. Sua diversidade, especialmente no Brasil,
é muito rica, oferecendo-nos um vasto campo para
estudos.
O Procyon cancrivorus, popularmente
conhecido como mão-pelada, guaxinim ou jaguacinim, possui uma distribuição geográfica ampla,
estendendo-se desde a América Central (Costa
Rica e Panamá) até o Uruguai, nordeste da Argentina e Brasil. No território brasileiro habita todos os
biomas: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal,
Mata Atlântica e Campos Sulinos (VIEIRA, 1955;
CARVALHO, 1983; FONSECA et al., 1996; EMMONS; FEER, 1997; CÂMARA; MURTA, 2003;
SILVA et al., 2004; LIM et al., 2006; CUBAS et al.,
2006). Está entre as espécies de carnívoros brasileiros menos estudados (MORATO et al., 2004).
Investigações científicas na área de sanidade animal não poderiam se desenvolver se
não fossem os animais experimentais utilizados
como modelos em protocolos de pesquisa cujos
resultados são extrapolados para outras espécies
(AVERSI-FERREIRA et al., 2005). Tendo em vista a
diversidade de mamíferos existentes, o objetivo do
presente trabalho é o estudo do arranjo morfológico apresentado pelos músculos do braço, e, além
disso, acrescentar informações indispensáveis ao
desenvolvimento da anatomia comparativa entre
os mamíferos, neste caso, os carnívoros.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados cinco espécimes recolhidos pós-morte, vítimas de atropelamentos em
rodovias, cujos critérios obedeceram ao Comitê de
Ética Institucional e a Lei vigente (1.153/95).
Educador Físico. Doutor. Professor Assistente. Curso de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Goiás(UFG). Rua 21, n.261,
quadra 34, lote 27, setor Residencial das Brisas. 75803-505. [email protected].
Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas(UFG).
Bióloga. Mestranda em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Faculdade Medicina Veterinária e Zootecnia(FMVZ).
Universidade de São Paulo(USP).
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 23-28, jul./dez. 2010
24
Inicialmente fez-se uma abertura abdominal, realizando-se a identificação, isolamento e
canulação da artéria aorta abdominal, perfusão com
água aquecida (40 ºC) e injeção de látex corado
(Neoprene 450, Dupont do Brasil e Suvinil Corante,
Glasurit S.A), seguido de fixação em formaldeído
(10%) dos espécimes. E o armazenamento dos
animais deu-se em cubas opacas tampadas para
evitar a penetração da luz e a evaporação do formol.
Realizou-se a dissecação para que fosse
possível o estudo da musculatura do braço dos
animais, visualizando suas inserções proximais e
distais, suas localizações, irrigações e inervações.
Posteriormente, os resultados obtidos foram documentados com câmera fotográfica digital (Sony
Cyber-shot, 8.1 megapixels) e comparados com
dados da literatura de animais domésticos, como
cão e gato, e adotados, sempre que possível, as
respectivas designações anatômicas para o grupo
muscular em ênfase, obedecendo a Nomina Anatômica Veterinária.
RESULTADOS
Em Procyon cancrivorus o músculo bíceps
do braço possui apenas uma cabeça, tem inserção proximal, por um tendão no tubérculo supraglenóide, é um músculo fusiforme que se insere
distalmente, por intermédio de dois tendões, nas
tuberosidades ulnar e radial (Figura 1).
*
1
3
2
Figura 1. Fotografia da face cranial do braço direito do Procyon cancrivorus, onde evidenciam os músculos: 1) tríceps do braço (cabeça
lateral); 2) braquial; 3) bíceps do braço e deltóide (asterisco).
Ainda na figura 1 podemos notar os músculos braquial e deltóide. O músculo braquial possui
inserção proximal no terço proximal da superfície
lateral do úmero e inserção distal na tuberosidade
do rádio. Tem a função de flexionar o cotovelo. O
músculo deltóide compõe-se de dois ventres musculares que se fundem, um que possui inserção
proximal na espinha da escápula e outro no acrômio
PEREIRA, K. F., PEREIRA, F. C., LIMA, V. M.
da escápula, mas inserem-se distalmente, juntos,
na tuberosidade deltóidea.
O músculo tríceps do braço consiste em
quatro cabeças: longa, lateral, acessória e medial.
Com um tendão único que se insere distalmente no
olécrano. Somente a cabeça longa insere-se proximalmente na escápula, todas as outras três cabeças
possui inserção proximal no úmero (Figuras 1 e 2).
25
4
1
2
3
Figura 2. Fotografia da face medial esquerda do braço do Procyon cancrivorus, onde se observa os músculos: 1) cabeça lateral do
músculo tríceps do braço, após remoção do músculo tensor da fáscia do antebraço (seta); 2) cabeça medial do músculo
tríceps do braço; 3) bíceps do braço; e ainda 4) nervo ulnar.
O músculo ancôneo possui inserção proximal
na crista epicondilar lateral e no epicôndilo lateral do
úmero, inserindo-se distalmente ao longo da superfície lateral da extremidade proximal da ulna (Figura 3).
2
1
Figura 3. Fotografia da face lateral do braço esquerdo do Procyon cancrivorus, onde se destaca os músculos (1) ancôneo e o (2)
tríceps do braço (cabeça lateral), para a observação desses músculos removeu-se o músculo tensor da fáscia do antebraço
(seta).
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 23-28, jul./dez. 2010
26
O músculo tensor da fáscia do antebraço
localiza-se ao longo da superfície caudomedial da
porção longa do músculo tríceps do braço e insere-se distalmente no olécrano e também na fáscia
antebraquial.
São inervados por nervos oriundos do plexo braquial, mais especificamente por ramos dos
nervos mediano e ulnar. E são vascularizados pela
artéria e veia braquiais (Figura 4).
1
3
2
4
Figura 4. Fotografia da face medial direita do braço do Procyon cancrivorus, onde constata-se: 1) nervo ulnar; 2) veia braquial; 3) nervo
mediano e 4) artéria braquial.
DISCUSSÃO
Os músculos estabelecem o contorno
morfológico característico de cada espécie e são
os órgãos ativos do movimento (DI DIO et al.,
2003). A forma e disposição de cada músculo têm
uma relação direta com a natureza de sua ação e
a força por ele executada (AVERSI-FERREIRA et
al., 2006).
Em Procyon cancrivorus a diáfise do úmero
fica encoberta lateralmente pela cabeça lateral do
músculo tríceps do braço, cranialmente pelo bíceps
do braço e caudalmente pelas demais cabeças
do tríceps braquial (DYCE et al., 1997). Segundo
Sisson; Grossman (1986) o músculo bíceps do
braço possui uma única cabeça e tem inserção
proximal, por um tendão longo, e forte, no tubérculo
supraglenóide. O tendão dá origem a um músculo
fusiforme que se insere distalmente, por intermédio
de dois tendões, nas tuberosidades ulnar e radial,
na presente investigação são similares as citações
dos autores anteriormente mencionados. Esse
músculo estende a articulação do ombro e flexiona
a articulação do cotovelo.
O músculo tríceps do braço consiste em
quatro cabeças que se situam caudalmente à
PEREIRA, K. F., PEREIRA, F. C., LIMA, V. M.
articulação do ombro e inserem-se no olécrano. A
cabeça longa é a maior e tem inserção proximal
na borda caudal da escápula (estende o cotovelo
e flexiona o ombro); a cabeça lateral insere proximalmente por uma aponeurose na crista lateral do
úmero (estende o cotovelo); a cabeça medial possui
inserção proximal na área da tuberosidade redonda
do úmero (estende o cotovelo); e a cabeça acessória insere-se proximalmente no colo do úmero
(estende o cotovelo) (SISSON; GROSSMAN, 1986;
POPESKO, 1990; EVANS; de LAHUNTA, 1994;
DYCE et al., 1997).
O músculo anconeu (SISSON; GROSSMAN, 1986) ou ancôneo (DYCE et al., 1997;
AVERSI-FERREIRA et al., 2006; POPESKO, 1990;
EVANS; de LAHUNTA, 1994; BOYD et al., 1998;
SCHALLER, 1999) possui inserção proximal na
crista epicondilar lateral e no epicôndilo lateral do
úmero, inserindo-se distalmente ao longo da superfície lateral da extremidade proximal da ulna. Sua
ação é estender o cotovelo.
De acordo com Sisson; Grossman (1986),
Evans; de Lahunta (1994) e Dyce et al. (1997)
o músculo tensor da fáscia do antebraço é uma
fina lamina, que se situa ao longo da superfície
caudomedial da cabeça longa do músculo tríceps
27
do braço e estende-se da escápula até inserir-se
distalmente no olécrano, assim como encontrado
nos animais analisados. Este músculo flexiona a
articulação do ombro, tensiona a fáscia antebraquial
e estende o cotovelo.
Evans; de Lahunta (1994) informam que o
plexo braquial é formado pelos ramos ventrais dos
nervos espinhais cervicais (C6 C7 e C8) e nervos
espinhais torácicos (T1 e T2). Esses ramos passam
entre as vértebras, emergem junto à borda ventral
do músculo escaleno e se estendem, através do
espaço axilar, para o membro torácico. Do plexo
emergem nervos, de origens mistas, que inervam
as estruturas do membro torácico, como os músculos adjacentes e a pele.
Os nervos mediano e ulnar surgem do
plexo braquial de um tronco comum do nervo espinhal cervical (C7) e espinhais torácicos (T1 e T2).
O tronco comum localiza-se na cabeça medial do
músculo tríceps do braço, entre a veia e a artéria
braquiais. O nervo mediano direciona-se para o
antebraço em contato com a superfície caudal da
artéria braquial. O nervo ulnar cruza a articulação
do cotovelo caudalmente ao epicôndilo medial do
úmero (POPESKO, 1990; EVANS; de LAHUNTA,
1994).
CONCLUSÃO
Há grande similaridade entre os músculos
do braço do carnívoro silvestre (mão-pelada Procyon cancrivorus) e dos carnívoros domésticos
(cão e gato), especificamente no que diz respeito a
sua morfologia, inervação e vascularização.
Morphological study of arm muscle of crabeating raccoon (Procyon cancrivorus - Cuvier
1798)
ABSTRACT
The crab-eating raccoon is a carnivorous mammal of the family Procyonidae, geographically
widespread, occupying all national biomes. The
anatomy of Procyon cancrivorus is a gap between
the existing wild carnivores and can be compared
with the domestic carnivores such as dog and
cat. There is little scientific data on the anatomy
of these animals. Thus, the objective of this study was to characterize the muscles of the arms
of Procyon cancrivorus. Five animals killed by
accidents on highways were used. The muscles
were dissected and observed at the proximal and
distal insertions of muscles: M. biceps, M. triceps
brachii, M. anconeus and M. tensor fascia of the
forearm. They are innervated by radial nerve and
irrigated by the brachial artery and its branches.
There are great similarities between the muscles
of the arm of wild carnivorous (crab-eating raccoon) and domestic carnivores (dogs and cats).
Keywords: muscles, arm, Crab-eating raccoon.
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29
INFLUENCE OF SIRE LINE ON CARCASS AND MEAT QUALITY IN PIGS
Robson Carlos Antunes1, Mauricio Machaim Franco2, Fausto Emíllio Capparelli3, Eduardo Oliveira Melo4,
Luiz Ricardo Goulart5
ABSTRACT
Investigations about the effect of paternal lines on
carcass and meat quality traits are very important in
order to explore the maximum potential of available
breeds. To evaluate the effect of breed on carcass
composition and meat quality, 109 castrated males
and females from the cross between (Piétrain x Large White) x (Large White x Landrace), 120 castrated
males and females from the cross between (Piétrain
x German Landrace) x (Large White x Landrace),
and 141 castrated males and females from the cross
between (Danish Duroc) x (Large White x Landrace)
were used. For all of these animals, characteristics
such as pH 24 hours, drip loss (DL), water holding
capacity (WHC), intramuscular fat, and color patterns of the meat were evaluated. All animals were
Halothane gene free, genotyped by PCR-RFLP. No
significant difference for pH 24 hours, intramuscular
fat, and carcass quality were found among the three
lines. However, differences related to DL, color,
and WHC were found. Concluding, the inclusion
of the Duroc breed in the paternal line composition
improved the meat quality, and German Landrace
breed is a good alternative regarding meat color.
Keywords:
genetics, Halotane gene, PCR-RFLP,
carcass, meat, pig.
INTRODUCTION
The swine genetic improvement is responsible for the current development of the pig industry.
However, only a small proportsyon of all the swine
breeds known are used in genetic improvement
programs. The pig breeds which are mostly used as
paternal lines by the industry are: Landrace, Large
White, Duroc, Piétrain and Hampshire. Several trials
have been made in order to compare the meat quality
traits of the crossbreeds from these lines. Kolstad,
(2000) compared three types of crossbreeds produced
from the Norwegian Landrace x Duroc line, selected
1
2
3
4
5
for high percentage of lean meat, and Norwegian
Landrace selected for high backfat. This work showed
that, despite no difference among them at the weaning, there was a significant variation in subcutaneous,
intramuscular, and internal fat deposition at slaughter.
Another experiment with several commercial and Czechoslovakian local breeds concluded
that the best parental line, regarding meat quality
traits, was the Large White (ADAMEC et al., 2000).
These results were corroborated by Becková;
David (2000). On the other hand Nowachowicz et
al. (2000) using Duroc, Poland Large White, and
Hampshire, showed low capacity of water retention
in Poland Large White x Hampshire pigs when compared to the other breeds. The effects of Belgian
Large White and Duroc on pH, color patterns, and
protein solvability showed the advantage of using
the Duroc line to select some meat quality parameters (MICHALSKA et al., 2000).
The variations observed in the principal
traits among distinct parental lines from several
countries are probably due to the differences
between breeding lines and, in a particular line,
due to the selection applied. For example, Tribout;
Bidanel (2000) published genetic parameters from
French Landrace and Large White, showing that
the genetic correlations among the growing rate
and meat quality are practically inexistent. However,
the meat quality traits were negatively correlated to
feed conversion and lean meat percentage. On the
other hand, distinct results were found with Piétrain
breed (GEYSEN et al., 2000). It is very important
to measure carcass performance (CP) in tests for
the evaluation of male lines (FARIAS et al., 1990).
In the present study, a mating strategy was
outlined to produce offspring from three different
male lines, free of the Halothane gene. These paternal lines were crossed with Rezende® maternal
lines, in order to determine the carcass and meat
quality of their offspring.
Médico Veterinário. Doutor. Professor Adjunto III. Faculdade de Medicina Veterinária. (FAMEV). Universidade Federal de
Uberlândia(UFU). Rua Ceará s/n Bloco 2T Campus Umuarama, Uberlândia - MG, 38400-092. (34)32182228. [email protected].
Médico Veterinário. Doutor. Pesquisador. EMBRAPA - Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN). Brasília-DF.
Biólogo. Doutor. Pós-Doutorando Instituto de Genética e Bioquímica (INGEB). Universidade Federal de Uberlândia(UFU).
Biólogo. Doutor. Pesquisador. EMBRAPA - Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN). Brasília-DF.
Engenheiro Agrônomo. Doutor. Professor Titular. Instituto de Genética e Bioquímica (INGEB). Universidade Federal de Uberlândia(UFU).
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 29-35, jul./dez. 2010
30
MATERIAL AND METHODS
To evaluate carcass and meat quality
parameters, 175 and 195 animals were used, respectively. Three boar paternal lines, ½Piétrain
and ½Large White - PILW; ½Piétrain and German
Landrace - PIGLD; and pure Danish Duroc DD,
were mated with ½Large White and ½Landrace LWLD females (Rezende®) in order to produce the
experimental animals. Sixteen matings were done
for each distinct crossbreed, with eight different
boars of each paternal line, and two mates per boar.
At least one male and one female of each litter, were
sent to slaughter by the end of the finishing phase
for meat quality evaluation. The experimental animals were: 48 castrated males and females (PILW
x LWLD); 62 castrated males and females (PIGLD
x LWLD); 85 castrated males and females (DD x
(LWLD). For carcass quality evaluation, 34 males
and 27 females, 28 males and 30 females, and 28
males and 28 females from the three lines were
dissected accordingly to Antunes et al. (2001). At
least one animal of each litter, all of them Halothane
free, were used.
The animals were slaughtered in accordance to the Brazilian legislation. The fasting period adopted was 15 hours and the resting period
at the slaughter plant was 10 hours. The animals
were conducted to the restrainer without the use
of electric drivers. The process of insensibilization
was performed manually with two points for the
electric shock, being one in the chest and the other
in the head. After the electric insensibilization the
animals were bled in a horizontal platform, hanged
by the foot, driven to the scalding tank, conducted
to the depilation equipment, and then driven to
the AUTOFOM to carcass evaluation. After the
sniggering process, evisceration, Official Meat
Inspection Services (SIF), longitudinal carcass cut,
weighing (SCANVET balance), and pH measurement, the carcasses were conduced to the chilling
chamber (thermal shock). The total period between
electric insensibilization and carcass freezing was
48 minutes.
Since the main objective of the meat processing sector of Rezende Alimentos® was the production of ham, all the meat quality measurements
were applied to the semimembranosus muscle,
which was collected from the shank 24 hours after
the slaughter. The following meat quality parameters
were determined: pH 24 hours, using an industrial
pHmeter (pH-starTM, SFK); Drip Loss (DL) according to Honikel (1987); and Water Holding Capacity
(WHC), by the method of compression (GRAU and
HAMM, 1953). The color pattern was evaluated in a
subjective way, using the Japanese Standard for the
Swine Meat (JSSM) as wax standard, varying from
1 to 6 (being 1 the clearest, 6 the darkest), and the
intramuscular fat (IMF) was evaluated accordingly
to Franco, (1999).
The DNA extraction was carried out by the
salting out method (BIASE et al., 2002), and the
samples were stocked at –20 C. The Hal gene genotyping was conducted under the following conditions: 2mM of Mg Cl2, 1 U of Taq DNA polymerase, 8
nmoles of dNTPs, 10 pmoles of each primer, 50-150
ng of DNA, in a final volume of 20 l, using a PCR
program with: 95C for 5 minutes; 35 cycles at 94C
for 30 seconds; 56C for 35 seconds; 72C for 30
seconds; and a final extension at 72C for 4 minutes.
The amplicons were submitted to an enzymatic digestion using Hha I or BsiHka I enzymes.
After digestion, the products were verified in agarose gel (2%) electrophoresis stained with ethidium
bromide (0.5 μg/ml) and visualized under UV light.
The experiment outline was entirely casual.
The sex effect was not considered in the analysis of
meat quality or carcass composition. The data were
analyzed through the method of minimum squares,
using the GLM (General Linear Models) procedures
of the computer software SAS (1985), according to
the following model:
Yij =  + li + bzij + eij
where:
Yij is the observed value of the jth animal,
that belongs to the ith male genetic line (i = 1, 2, 3);
 is the general mean;
li is the effect of the ith male genetic line;
b is the coefficient of the linear regression
for the covariable weight of hot carcass;
zij is the observed carcass weight for each
animal; and
eij is the residual effect associated to the jth
animal (repetition).
To analyze the percentage of lean meat,
we consider the effects of sex and its interaction
with line.
The data were analyzed according to the
following model:
Yijk =  + li + Sj + lsij + bzijk + eijk
where:
Yijk is the observed value of the kth animal,
that belongs to the ith line (i=1,2, 3), and to the jth
sex (j=1, 2);
 is the general mean;
li is the effect of the ith line;
sj is the effect of the ith sex;
ANTUNES, R. C., FRANCO, M. M., CAPPARELLI, F. E., MELO, E. O., GOULART, L. R.
31
lsij is the effect of the interaction between
line and sex;
b is the coefficient of the linear regression
for the covariable weight of carcass;
zijk is the observed carcass weight for each
animal; and
eijk is the residual effect associated to the
jth animal (repetition).
The carcass weight was used as covariable
for all traits analyzed and the comparison between
the means was obtained through the Tukey test.
RESULTS AND DISCUSSION
It is important to comment that the current
study have used a paternal line developed by the
Rezende® Company, consisting in a crossbreed
from Piétrain and Landrace, which is distinct from
the current commercial lines. This crossbreed was
outlined in 1998, after the conclusion of a study
where the purebred Landrace animals showed very
good lean meat production in the shank, despite
of its lower total lean meat in the carcass. When
compared to Large White, the Rezende line had
high production of lean meat in pestle (ANTUNES
et al., 1998; FRANCO et al., 1998). Another relevant
aspect is the lack of consideration of the sex effect
on meat quality in the statistic model; this strategy
was taken based on the results obtained by Pommier et al. (1998). Their evaluation has considered
Table 1.
only the meat quality of Halothane free animals.
Originally, the genetic improvement program of
Rezende Alimentos® aimed the replacement of
Halothane positive animals for Halothane free pigs.
Much has been discussed about the eradication or
not of the Halothane gene from the swine herds
(IRGANG, 2001). Gibson et al. (2001), as well as
Nurnberg et al. (2000) recommended its elimination
from the swine population of Canada and Germany,
respectively. In Brazil, some trials were conducted
showing the benefits of the Halothane gene for lean
meat production (ANTUNES, 1997; FÁVERO et al.,
1997). Recent studies showed that the Halothane
free Piétrain, under selection for lean meat, presented a good carcass performance and matched
the actual yearnings of the pig industry (LEROY;
VERLEYEN, 2000; KORTZ et al., 2000).
There were no significant differences for
pH 24 hours (P0.05) among the crossbreeds, as
shown in Table 1. However, despite not being significant, this result is consistent with the results of color
pattern and DL. The DD x LWLD showed higher DL
than the PILW x LWLD and PIGLD x LWLD (P 
0.01), the same color parameter of PILW x LWLD,
but worse than the PIGLD x LWLD (P  0.05). Our
results present consistence regarding pH data, but
not color data, when compared to the results obtained by Nowachowicz et al. (2000), even though
the latter researchers did not find differences in color
for the lines using Duroc.
Least square means (LSMEANS) and standard deviations (S.D) observed for the evaluated traits, related
to the different variables considered, Uberlândia-MG, 2001.
PILW x LWLD
PIGLD x LWLD
DD x LWLD
Traits
N1
LSMEANS
S.D
LSMEANS
S.D
LSMEANS
S.D
pH 24 hours
113
5.78a
0.12
5.80a
0.09
5.69a
0.17
Drip loss (DL)
195
2.15a
1.04
1.82a
0.42
3.11b
1.78
Color (Japanese method)
195
2.84a,b
0.54
3.05 b
0.82
2.71a
0.68
Water holding capacity (WHC)
195
0.41a
0.05
0.42a
0.05
0.45b
0.05
Intramuscular fat (IMF)
104
2.11a
0.96
1.98a
1.08
2.5a
0.91
Carcass yeld (%)
195
75.1a
1.99
74.7a
3.22
74.1a
3.09
Lean meat percentage (LM%)
175
56.6a
3.3
56.4a
3.5
56.0a
3.0
* Means in the line that do not have a common superscript differ, P < 0.05.
1
N - number of animals evaluated
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 29-35, jul./dez. 2010
32
Regarding the discrepancy observed between WHC, and DL in DD x LWLD, it can be explained by the differences in the parameters evaluated by each methodological approach. While the
DL measures only the free water lost spontaneously
by gravity, the WHC measures all loss, including the
water associated to the myofibers and sarcoplasmic
proteins. Although the positive correlation between
the WHC and DL is the standard expectation,
discrepancies between both methodologies is not
uncommonly found in the pig industry evaluations.
For intramuscular fat it is interesting to observe that
the frequent use of the same male lines is responsible for better meat quality (BAULAIN et al., 2000;
BLANCHARD et al., 1999; HERMESH et al., 2000;
SCHWORER et al., 2000), moreover, Puigvert et al.
(2000) found higher levels of intramuscular fat in the
offspring of Duroc compared to Landrace and Large
White. However, in the present research we did not
find any significant difference for these characteristics (P0.05). Regarding the carcass quality, there
were no statistically significant differences among
the three lines considering carcass performance
and lean meat percentage (P0.05), corroborating
the results obtained by Irgang et al. (1997a). Cardoso et al. (1990) observed superior carcass quality in crossbreeds without the presence of Duroc.
However, in another trial with these same lines, the
crossbreeds with Duroc components showed better
growing rates (SOUZA et al., 1990). As to the lean
meat percentage, Fávero et al. (1990a,b) showed
that Duroc animals with 90 kg and 20.7 mm of backfat, had the worst lean meat percentage compared
to Large White and Landrace animals. Some trials in
the USA evaluated nine paternal lines showed that
the Duroc breeders were the worst in terms of lean
meat percentage compared to other meat production lines (JONES, 1998). Furthermore, there was
no advantage in including Duroc in the composition
of paternal lines (BUSK et al., 2000; IRGANG et al.,
1997b; SOUZA et al., 1997). In our experiment the
use of Duroc in the finishing crossbreed improved
the meat quality in terms of water retention capacity,
but showed unsatisfactory results regarding water
loss by dripping, which is an undesirable trait in pig
industry. However, the carcass performance and
lean meat percentage observed in this study were
compatible with the demand of pig industry.
CONCLUSIONS
The inclusion of Duroc in the paternal line
improved water holding capacity, but worsen drip
loss and color the meat. And it did not negatively
affect the carcass performance or lean meat percentage. The use of German Landrace breed has
proven also to be a good alternative for the paternal
line composition, particularly regarding meat color.
Influência da linhagem paterna nas qualidades
da carcaça e carne de suínos
RESUMO
As investigações sobre o efeito de linhas paternas
em características de qualidade da carcaça e de
carne são muito importantes no intuito de explorar
o potencial máximo das raças disponíveis. Para
avaliar o efeito da raça na qualidade da carcaça
e da carne, foram comparadas as características
de 109 machos castrados e fêmeas do cruzamento entre (Piétrain x Large White) x (Large
White x Landrace), 120 machos castrados e
fêmeas do cruzamento entre (Piétrain x German
Landrace) x (Large White x Landrace) e 141
machos castrados e as fêmeas do cruzamento
entre (Danish Duroc) x (Large White x Landrace).
Foram analisados: pH 24 horas após abate, a
perda por gotejamento (PG), a capacidade de
retenção de líquido (CRL), gordura intramuscular
e cor da carne. Todos os animais eram livres do
gene Halotano, genotipados por PCR-RFLP. Nenhuma diferença significativa para pH 24 horas,
gordura intramuscular e qualidade de carcaça
foi encontrada entre as três linhas. Entretanto,
observou-se diferenças relacionadas à PG, cor,
e CRL. Pode-se perceber que a inclusão da raça
Duroc na composição da linha paternal melhorou
a qualidade da carne e a raça German Landrace
mostrou-se como uma alternativa favorável em
relação à cor da carne.
Palavras-chave:genética, gene Halotano, PCR-RFLP,
carcaça, carne, suíno.
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37
INFLUÊNCIA DA GESTAÇÃO SOBRE OS CONSTITUINTES BIOQUÍMICOS DO SANGUE
DE NOVILHAS DA RAÇA HOLANDÊS PRETO E BRANCO
Antonio Vicente Mundim1, Soliene Partata Ramos2, Adair Tomaz Dutra3, Marcelo Tavares4, Mara Regina
Bueno Mattos Nascimento5
RESUMO
Com o objetivo de avaliar a influência da gestação
sobre o perfil de alguns constituintes bioquímicos sanguíneo, foram analisadas 144 amostras de sangue de
novilhas da raça Holandês Preto e Branco, gestantes
e não gestantes. Os valores médios e desvios padrão
observados foram: proteínas totais 7,44  0,69 g/dL;
albumina 3,16  0,41 g/dL; globulinas 4,28  0,83 g/
dL; razão A/G 0,78  0,24; cálcio total 8,94  0,97 mg/
dL; cálcio ionizado 4,93  0,58 mg/dL; fósforo 6,24 
1,00 mg/dL; razão Ca/P 1,47  0,32; magnésio 2,33 
0,38 mg/dL; glicose 64,25  8,02 mg/dL; uréia 17,51 
6,97 mg/dL; creatinina 1,62  0,32 mg/dL; AST 26,60
 7,62 U/L e fosfatase alcalina 85,95  25,62 U/L.
Observou-se diferenças significativas entre novilhas
gestantes e não gestantes na concentração de magnésio e AST. Com relação aos estádios da gestação,
verificou-se diferenças nos valores de fósforo, relação
Ca/P, magnésio, creatinina e AST entre o terço inicial
e médio da gestação; de proteínas totais, albumina,
fósforo, razão Ca/P, uréia, creatinina, AST e fosfatase
alcalina entre o terço médio e final da gestação, e de
creatinina e AST entre os estádios inicial e final da
gestação. Concluiu-se que a gestação influencia nos
valores de magnésio e AST, e os estádios da gestação
nas proteínas totais, albumina, fósforo, razão Ca/P,
magnésio, uréia, creatinina, AST e fosfatase alcalina.
Palavras-chave: perfil bioquímico, sangue, novilha
Holandesa.
INTRODUÇÃO
É notória a importância que a bioquímica
do sangue vem assumindo na Medicina Veterinária. Conhecendo-se os valores padrões de alguns
elementos do soro sanguíneo dos animais, o pro1
2
3
4
5
fissional tem um auxílio no diagnóstico, prognóstico
e conduta terapêutica de determinadas doenças,
principalmente as de caráteres metabólico e nutricional. Além disso, constitui-se um vasto campo
para pesquisas, pois as variáveis como sexo,
raça, fase reprodutiva, idade, estádio de lactação
e estação do ano podem refletir em alterações na
bioquímica sem significar presença de patologia
(BOGIN, 1988).
O estudo do perfil bioquímico sanguíneo
foi iniciado por Payne at al. (1970). O conhecimento desse assunto é de grande importância na
compreensão da relação entre os componentes
metabólicos e nutricionais, especialmente em gado
de leite, nos quais as exigências alimentares para
garantir a produtividade e o bem estar do animal
são maiores (GONZÁLEZ; SILVA, 2003).
De acordo com Carlson (1994), os seguintes valores de referência podem ser considerados
para bovinos: proteínas totais (6,7 – 7,5 d/dL);
albumina (3,0 – 3,6 g/dL); globulinas (3,0 – 3,5 g/
dL); relação A/G (0,8 – 0,9); cálcio total (9,7 – 12,4
mg/dL); fósforo (5,6 – 6,5 mg/dL); magnésio (1,8
– 2,3 mg/dL); glicose (45,0 – 75,0 mg/dL); uréia
(20,0 – 30,0 mg/dL); creatinina (1,0 – 2,0 mg/dL);
AST (78,0 – 132,0 U/L) e fosfatase alcalina (0,0
– 488,0 U/L).
Kaneko et al. (1997) citam valores padrões
para elementos bioquímicos sanguíneos variando
de 6,6 – 7,5 g/dL proteínas totais; 2,7 – 3,8 g/dL
albumina; 3,0 – 5,2 g/dL globulinas; 8,0 – 12,4 mg/
dL cálcio total; 3,4 – 7,1 mg/dL fósforo; 1,7 – 3,0 mg/
dL magnésio; 45,0 – 75,0 mg/dL glicose; 23,0 – 58,0
mg/dL uréia; 1,0 – 2,0 mg/dL creatinina; 0,0 – 132,0
U/L aspartato aminotransferase (AST) e 0,0 – 196,0
U/L fosfatase alcalina.
Variações na proteína sérica de bovinos
gestantes foram encontrados por D’Angelino et al.
(1975), após estudo realizado com 75 novilhas da
Médico Veterinário. Doutor. Professor Adjunto. Faculdade de Medicina Veterinária. (FAMEV) Universidade Federal de Uberlândia(UFU).
Av. Pará, 1720 - Bairro Umuarama. Uberlândia-MG. 38400-902. (34) 3218 2228. [email protected].
Médica Veterinária. Mestre.
Médico Veterinário. Autônomo.
Agrônomo. Doutor. Professor Associado. Faculdade de Matemática(FAMAT). Universidade Federal de Uberlândia(UFU).
Médica Veterinária. Doutora. Professora Associada. Faculdade Medicina Veterinária(FAMEV). Universidade Federal de
Uberlândia(UFU).
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 37-43, jul./dez. 2010
38
raça Holandês Preto e Branco. No final da gestação observaram aumento significativo dos teores
de albumina e da razão albumina/globulina. Os
autores verificaram também decréscimo nos valores de proteína total, globulinas e gama globulina.
Em pesquisa desenvolvida com vacas gestantes
no Chile, Wittwer et al. (1987) detectaram redução
nos valores séricos de magnésio. Nos estudos de
Rao et al. (1981), Mulei (1991) e Mundim et al.
(2001), não foi observada alteração significativa do
magnésio em bovinos gestantes e não gestantes.
Conforme constatado por Nayak et al.
(1991), entre os terços médio e final da gestação
há uma diminuição dos valores de fósforo em cabras. Tainturier et al. (1984) verificaram em vacas
Holandês Preto e Branco que a uréia se manteve
estável durante as fases gestacionais. Ao estudarem cabras leiteiras, Mbassa; Poulsen (1991)
encontraram uma redução da atividade sérica
da aspartato aminotransferase (AST) no final da
gestação.
Devido à escassez de informações sobre parâmetros bioquímicos de bovinos da raça
Holandês, gestantes e não gestantes, torna-se
fundamental estudos mais detalhados sobre o
assunto. Assim, objetivou-se estudar a influência
de diferentes estádios da gestação sobre alguns
constituintes bioquímicos do sangue, em novilhas
da raça Holandês Preto e Branco (HPB).
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas 18 novilhas HPB, gestantes e não gestantes escolhidas aleatoriamente no
plantel da Fazenda Skalada, município de Monte
Alegre-MG, sendo mantidas em regime de pasto no
verão (Brachiaria brizanta) e confinadas no inverno
recebendo silagem de milho e ração farelada e
submetidas a um criterioso programa de vacinação
e desvermifugação.
Coletou-se duas amostras de sangue de
cada animal, uma vez por mês, através de venopunção (epigástrica caudal superficial). Na primeira,
10 mL de sangue foi colhido em tubo (vacutainer
de 15 mL), sem anticoagulante, para obtenção de
soro, totalizando 8 coletas por animal. Na segunda,
aproximadamente 3 mL foi depositado em tubo
(vacutainer) contendo três gotas de fluoreto de
sódio, para obtenção de plasma fluoretado e de-
terminação das concentrações de glicose. Após às
coletas as amostras de sangue foram transportadas
para o Laboratório Clínico Veterinário do Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia.
A seguir, centrifugou-as a 720 x g, durante cinco
minutos, obtendo-se o soro e o plasma, os quais
foram transferidos para microtubos (eppendorf),
previamente identificados, e armazenados -20°C
durante uma semana até o processamento das
análises bioquímicas. Refrigerou-se o plasma durante 24 horas, utilizado para dosagens de glicose.
Determinou-se, em cada amostra de soro,
a concentração de proteína total (método de biureto), albumina (método verde de bromocresol), cálcio
total (método cresolftaleina complexona), fósforo
(método do fosfomolibdato), magnésio (método
magon sulfonado), creatinina (método do picrato
alcalino), uréia (método urease colorimétrico), fosfatase alcalina (método Roy modificado) e aspartato
aminotransferase (método Reitman; Frankel). Todas as análises foram realizadas colorimetricamente em espectrofotômetro (Micronal B-280) utilizando
kits da Labtest Diagnóstica . Na amostra de plasma
fluoretado determinou-se as concentrações de glicose (método glicose-oxidase), utilizando o mesmo
equipamento e kit da Labtest Diagnóstica®. Os
valores das globulinas obtiveram-se pela diferença
entre a proteína total e a albumina. A razão albumina/globulina e cálcio/fósforo foram calculadas e o
cálcio ionizável estimado segundo recomendação
da Analisa Diagnóstico [2000].
Utilizou-se um delineamento inteiramente
casualizado. Os valores dos elementos bioquímicos analisados foram agrupados conforme procedentes de novilhas gestantes e não gestantes,
terços inicial, médio e final da gestação. Para cada
constituinte bioquímico calculou-se a média, desvio
padrão e intervalo de confiança da média. Para
comparação das médias adotou-se o teste de Tukey
com 5% de probabilidade por meio do programa
Statistical Analysis Sistem (1985).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores da média, desvio padrão e
valores máximo e mínimo de 144 amostras de
sangue de novilhas HPB referentes a 14 elementos
bioquímicos são mostrados nas tabelas 1, 2 e 3.
MUNDIM, A. V., RAMOS, S. P., DUTRA, A. T., TAVARES, M., NASCIMENTO M. R. B. M.
39
Tabela 1.
Médias, desvio-padrão, valores mínimo e máximo dos elementos bioquímicos de 144 amostras de
sangue de novilhas da raça Holandês Preto e Branco, gestantes e não gestantes, Uberlândia-MG, 2005.
Valores
Elemento
Unidade
Média
Desvio
padrão
Mínimo
Máximo
Proteína total
g/dL
7,44
0,69
5,69
9,20
Albumina
g/dL
3,16
0,41
2,29
4,50
Globulina
g/dL
4,28
0,83
2,04
6,49
0,78
0,24
0,37
1,79
Relação A/G
Cálcio total
mg/dL
8,94
0,97
5,41
11,12
Cálcio ionizado
mg/dL
4,93
0,58
2,83
6,51
Fósforo
mg/dL
6,24
1,00
3,72
8,84
1,47
0,32
0,70
2,75
Magnésio
mg/dL
2,33
0,38
1,51
3,48
Glicose
mg/dL
64,25
8,02
40,00
80,44
Uréia
mg/dL
17,51
6,97
7,16
44,90
Creatinina
mg/dL
1,62
0,32
0,97
2,51
Relação Ca/P
AST
U/L
26,60
7,62
10,12
47,72
F. alcalina
U/L
85,95
20,62
40,33
174,82
Tabela 2.
Médias e desvio-padrão dos elementos bioquímicos em 144 amostras de sangue de novilhas da raça
Holandês Preto e Branco, gestantes e não gestantes, Uberlândia-MG, 2005.
Gestante (112)
Elemento
Unidade
Média
Desvio
padrão
Não gestante (32)
Média
Desvio
padrão
Proteínas totais
g/dL
7,49a
0,70
7,28a
0,63
Albuminas
g/dL
3,17a
0,38
3,12a
0,53
Globulinas
g/dL
4,32a
0,85
4,16a
0,78
0,78a
0,24
0,79a
0,25
Cálcio total
mg/dL
8,93a
0,99
8,96a
0,95
Cálcio ionizado
mg/dL
4,92a
0,56
4,98a
0,63
Fósforo
mg/dL
6,23a
1,05
6,27a
0,78
1,48a
0,33
1,45a
0,26
mg/dL
2,37a
0,39
2,17b
0,35
Relação A/G
Relação Ca/P
Magnésio
Glicose
mg/dL
64,54a
7,84
63,24a
8,66
Uréia
mg/dL
17,61a
6,69
17,16a
7,98
Creatinina
mg/dL
1,62a
0,31
1,59a
0,36
AST
U/L
27,23a
7,68
24,39b
7,07
F. alcalina
U/L
86,39a
20,32
84,41a
21,89
(a, b) Médias na mesma linha seguida de letras iguais não diferem estatisticamente (Teste de Tukey para diferença entre médias, 5%).
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 37-43, jul./dez. 2010
40
Tabela 3.
Médias e desvio-padrão dos elementos bioquímicos em 112 amostras de sangue de novilhas da raça
Holandês Preto e Branco, durante os estádios inicial, médio e final da gestação, Uberlândia-MG, 2005.
Terço inicial (57)
Terço médio (45)
Terço final (10)
Unidade
Média
Desvio padrão
Média
Desvio
padrão
Média
Desvio
padrão
Proteínas totais
g/dL
7,45b
0,77
7,45ab
0,66
7,87a
0,32
Albuminas
g/dL
3,09b
0,37
3,23a
0,39
3,33a
0,26
Globulinas
g/dL
4,36a
0,89
4,21a
0,86
4,54a
0,44
0,75a
0,23
0,82a
0,27
0,75a
0,12
Elemento
Relação A/G
Cálcio total
mg/dL
8,89a
0,98
8,96a
1,07
9,02a
0,58
Cálcio ionizado
mg/dL
4,94a
0,57
4,91a
0,60
4,85a
0,36
Fósforo
mg/dL
6,50a
1,00
5,98b
1,14
5,90b
0,50
1,41b
0,32
1,56a
0,35
1,54a
0,17
Relação Ca/P
Magnésio
mg/dL
2,27b
0,33
2,45a
0,44
2,55a
0,28
Glicose
mg/dL
63,92a
8,46
64,93a
7,73
66,37a
3,72
Uréia
mg/dL
17,13b
7,67
17,56ab
5,36
20,57a
5,82
Creatinina
mg/dL
1,58b
0,31
1,62b
0,30
1,87a
0,16
AST
U/L
27,16a
6,94
29,08a
8,24
19,28b
2,93
F. alcalina
U/L
88,90a
19,11
85,47ab
22,64
76,28b
12,53
(a, b) Médias na mesma linha seguida de letras iguais não difere estatisticamente (Teste de Tukey para a diferença entre médias, 5%).
Confrontando os valores médios dos
elementos bioquímicos sanguíneos deste estudo
com os citados por Carlson (1994) e Kaneko et al.
(1997), observa-se que a maioria dos valores dos
elementos analisados ficou próxima ou dentro dos
intervalos fisiológicos. Exceção são as globulinas
e o magnésio os quais tiveram valores superiores,
enquanto o cálcio total e a aspartato aminotransferase (AST) apresentaram valores inferiores aos
de Carlson (1994). A uréia apresentou valores
inferiores aos dos pesquisadores anteriormente
referidos. Acredita-se que essas divergências em
relação aos autores mencionados sejam devido
às diferentes metodologias adotadas, variações
fisiológicas individuais, manejo e faixa etária dos
animais utilizados em cada estudo.
A maior concentração sérica de magnésio observada nas novilhas gestantes difere dos
achados de Wittwer et al. (1987) que observaram
redução nos valores deste mineral em vacas gestantes. Resultados diferentes também foram obtidos por Rao et. al. (1981), Mulei (1991) e Mundim
et al. (2001), que não observaram alteração do
magnésio entre vacas gestantes e não gestantes.
Esta maior concentração é provavelmente devido a
um maior aporte do mineral na alimentação durante
os estádios finais da gestação, período em que as
pastagens estavam com melhor qualidade.
A maior atividade de AST nas novilhas
gestantes parece ser de pouca importância, uma
vez que em ambas as categorias de animais seus
valores foram baixos, quando comparados aos
valores de referência. Postula ser o maior valor
observado para a enzima nas novilhas gestantes
devido ao aumento da permeabilidade da membrana dos hepatócitos em decorrência de lipidose
hepática. Rukkwamsuk et al. (1999) afirmaram que
suave ou moderada lipidose hepática pode resultar em aumento da atividade sérica das enzimas
hepato-específicas sem destruição de hepatócitos.
Segundo Bobe et al. (2004), a infiltração de gordura
no fígado propicia lesão na membrana dos hepatócitos e consequentemente aumento da atividade
sérica da AST.
A maior concentração de proteína total e a
diferença estatisticamente significativa, observa-
MUNDIM, A. V., RAMOS, S. P., DUTRA, A. T., TAVARES, M., NASCIMENTO M. R. B. M.
41
da nos terços inicial e final da gestação pode ser
justificada pelo aumento significativo da albumina
sérica e pela elevação, embora não significativa,
das concentrações séricas das globulinas nas novilhas no terço final da gestação, o que é condizente
com os achados de D’Angelino et al. (1975), que
observaram aumento significativo da albumina sérica durante a gestação em novilhas. Marcos (1982)
observou elevação paulatina das concentrações de
albumina em vacas leiteiras durante o período seco
até alcançar o pico máximo um mês antes do parto.
Acredita-se que o aumento observado nos
valores de proteína total, albumina, magnésio e
uréia no estádio final da gestação é decorrente de
um maior aporte de proteína e magnésio na dieta.
Normalmente neste período (2 meses antes do
parto) os animais recebem melhor alimentação e
cuidados especiais, com o objetivo de suprir suas
necessidades vitais e as exigências nutricionais do
feto que se encontra em fase de intenso crescimento. Outro fator importante que pode ter contribuído
para esta diferença é a época do ano, uma vez
que a maioria das novilhas atingiu o estádio final
da gestação durante o período das chuvas (outubro, novembro e dezembro), época de pastagens
melhores e mais abundantes.
A redução da concentração sérica de fósforo observada nos terços médio e final da gestação,
condiz com o achado de Nayak et al. (1991), que
ao estudarem a influência dos estádios da gestação
sobre alguns constituintes bioquímicos sanguíneos
em cabras, também observaram redução significativa do fósforo nos terços médio e final da gestação.
Esta redução pode ser explicada pelo aumento da
captação de fósforo pelo útero para o crescimento
do feto nestes estádios da gestação. A razão cálcio/
fósforo acompanhou as variações ocorridas com o
fósforo sérico.
O aumento observado na uréia sérica
das novilhas durante o terço final da gestação,
comparadas ao terço inicial, possivelmente seja
decorrente do aumento no metabolismo protéico
durante esta fase da gestação. Este aumento
da concentração de uréia no final da gestação,
contradiz os achados de Tainturier et al. (1984),
que observaram valores semelhantes para a uréia
durante as fases da gestação. Rodriguez et al.
(1996) atribuíram o aumento da uréia plasmática
em ovelhas Corriedale no final da gestação a uma
significativa redução na filtração glomerular e no
clearance da uréia.
A maior concentração sérica de creatinina, observada no terço final da gestação, é
justificado pela produção desse elemento pela
musculatura fetal. No final da gestação a filtração
glomerular geralmente fica comprometida, colaborando com este aumento. Para El-Sherif; Assad
(2001) o aumento nas concentrações sérica de
uréia e creatinina durante a segunda metade da
gestação nas ovelhas Barki é decorrente do maior
catabolismo protéico.
A redução da atividade sérica da aspastarto
aminotransferase no terço final da gestação, corrobora com os achados de Mbassa; Poulsen (1991),
que observaram redução da atividade sérica desta
enzima no estádio final da gestação em cabras
leiteiras, com Milinković-Tur et al. (2005) que relataram redução da atividade sérica da AST em éguas
durante o terço final da gestação. Acredita ser esta
redução observada no presente estudo, devida às
variações fisiológicas individuais, pois seus valores
permaneceram bastante baixos durante todo o período de gestação. Segundo Tainturier et al. (1984)
a atividade da AST mostra pequenas e ocasionais
alterações durante a gestação.
A maior atividade da fosfatase alcalina nos
terços inicial e médio da gestação é justificada pelo
aumento sérico das isoenzimas ósseas oriundas
do feto, decorrente do intenso crescimento esquelético do feto nestes estádios da gestação (SILVA
et al., 2007).
Devido à escassez de estudos sobre a influência dos estádios da gestação nos parâmetros
bioquímicos sanguíneos em novilhas, os achados
do presente estudo poderão servir de orientação
em futuros estudos com novilhas gestantes.
CONCLUSÕES
Com base na análise dos resultados,
concluiu-se que a gestação influencia nos valores
séricos de magnésio e aspartato aminotransferase
(AST), enquanto os estádios da gestação na concentração de proteínas totais, albumina, fósforo,
razão Ca/P, magnésio, uréia, creatinina, AST e
fosfatase alcalina nas novilhas da raça Holandês
Preto e Branco.
Influence of pregnancy on the blood biochemical
constituents in black and white holstein heifers
ABSTRACT
A total of 144 blood samples from black and white
Holstein heifers, was analyzed in order to evaluate
the influence of the pregnancy, on the profile of se-
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 37-43, jul./dez. 2010
42
veral blood biochemical constituents. The average
biochemical values and their standard deviations
were: 7.44 ± 0.69 g/dL for total protein; 3.16 ± 0.41
g/dL for albumin; 4.28 ± 0.83 g/dL for globulins;
0.78 ± 0.24 for A/G rate; 8.94 ± 0.97 mg/dL for total
calcium; 4.93 ± 0.58 mg/dL for ionized calcium;
6.24 ± 1.00 mg/dL for phosphorous; 1.47 ± 0.32
for Ca/P rate; 2.33 ± 0.38 mg/dL for magnesium;
64.25 ± 8.02 mg/dL for glucose; 17.51 ± 6.97 mg/dL
for urea; 1.62 ± 0.32 mg/dL for creatinine; 26.60 ±
7.62 U/L for AST and 85.95 ± 25.62 U/L for alkaline
phosphatase. Statistically significant differences
were found between pregnant and nonpregnant
heifers for magnesium and AST. Regarding the
pregnancy stages, significant differences were
found for total protein, albumin, phosphorous, Ca/P
rate, magnesium, urea, creatinine, AST and alkaline
phosphatase. In conclusion, pregnancy influences
the magnesium and AST values, and the stage of
gestation in the total protein, albumin, phosphorus,
Ca/P rate, magnesium, urea, creatinine, AST, and
alkaline phosphatase concentrations.
keywords:
biochemical profile, blood, Holstein
heifers.
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Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 37-43, jul./dez. 2010
45
INFLUENCIA DO USO DE NITRETO DE MAGNÉSIO E POTÁSSIO (NMK) NO CRECIMENTO
DE EUCALIPTO (Eucalyptus grandis) E CEDRO AUSTRALIANO (Toona ciliata)
Herbert Vilela1, Adriana de Oliveira Vilela2, Regina Maria Quintão Lana3, Adriane de Andrade Silva4
RESUMO
INTRODUÇÃO
Com o objetivo de avaliar o efeito do nitreto de
magnésio e potássio (NMK) no crescimento do
eucalipto e cedro cultivados em solos de diferentes fertilidades, sendo um de baixa fertilidade, o
neossolo quartizarênico e um de alta fertilidade o
latossolo amarelo eutrófico, no município de Campo
Belo-MG. Inicialmente realizou-se a correção da
acidez e alumínio do solo, com a aplicação de 2,0
t de calcário por hectare. O delineamento experimental usado foi o de blocos casualizados com
três tratamentos e quatro repetições. Realizou-se
uma adubação básica, em todas as plantas, com o
uso de um formulado comercial 08-28-16 (NPK) na
mistura nas covas de plantio na quantidade de 500
kg ha-1. Os tratamentos avaliados foram: aplicação
de doses de nitreto de magnésio e potássio (0,00,
200,00 e 400,00 kg ha-1), a aplicação foi realizada
através de incorporação nas covas de plantio em
duas idades distintas aos seis e 12 meses após
o plantio. Verificou-se no eucalipto aumento no
diâmetro dos caules de 70 e 100% nos solos com
alto nível de fertilidade inicial respectivamente,
para os níveis de 200 e 400 kg ha-1. Porém para
as plantas estabelecidas em solos com baixo nível
inicial de fertilidade observou-se aumentos de 82
e 40% nos caules, respectivamente para estes
mesmos níveis de NMK. Em relação ao cedro o
aumento dos caules foi de 100 e 130% no solo
de alta fertilidade, respectivamente para o menor
e maior nível de NMK. Com esta espécie e com
estes mesmos níveis de NMK os acréscimos nos
caules eram de 56 e 76% respectivamente, no solo
de baixa fertilidade.
O nitreto de magnésio e potássio (NMK)
é um subproduto da fabricação de Mg primário da
Rima Industrial SA. O NMK, nitreto de magnésio
e potássio, contém cerca de 40-60% de Mg, 0,5
-10% de Mg3N2, 10 - 15% de KCl, 5% de Óxidos e
30% de H2O. A granulometria é baixa (95% abaixo
de 2 mm), O poder de neutralização (PN) é de 80%
e o poder relativo de neutralização total (PRNT) é
de 70%, sendo o Mg 80% solúvel em ácido cítrico.
O conteúdo de magnésio nos solos varia
de 0,1% naqueles de textura grossa, arenosos em
regiões úmidas até 4% em solos de textura fina,
em regiões áridas ou semi-áridas formados a partir
de rochas com alto teor de Mg. O magnésio do
solo naturalmente origina-se da decomposição de
rochas contendo minerais primários, sendo estes:
dolomita e silicatos com Mg (hornblenda, olivina,
serpentina e biotita), Malavolta (2006).
Altos níveis de Potássio (K) trocável no
solo podem interferir na absorção de Magnésio
(Mg) pelas culturas. A relação entre K/ Mg deve
ser: < 5:1 para grandes culturas, 3:1 para legumes
e beterraba doce e 2:1 para frutíferas e hortícolas,
Marschner (1993).
Entre os íons de Mg2+ e os íons de NH4+, →
antagonismo indireto: Quando o NH4+ é absorvido
pelas raízes, há uma troca de íons amônio e hidrogênio (H+) → o H+ exercerá influência antagônica
na absorção de Mg pela planta. Quanto mais ácido
o solo e maior a quantidade de fertilizante nitrogenado (com íons amônio), mais intenso é o efeito
antagônico. Absorção máxima de Fósforo (P) na
presença de Mg, também é facilitada (MENGEL;
KIRKBY, 1987), uma vez que o Mg é carregador de
P → na presença de Mg a absorção de P é aumentada. O Mg também tem participação importante na
Palavras-chave: níveis de nitreto, idade da planta,
diâmetros de eucalipto e cedro.
1
2
3
4
Engenheiro Agrônomo. Pós-Doutorado. Pesquisador do CNPq. Av. Brasil. 1949. Aparecida. 38400716. (34)3218 2228. UberlândiaMG. [email protected].
Engenheira Química. Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da RIMA Industrial S.A. Belo Horizonte-MG.
Engenheira Agrônoma. Pós-Doutorada. Professora Titular. Instituto de Ciências Agrarias(ICIAG). Universidade Federal de
Uberlândia(UFU), Uberlândia-MG.
Zootecnista. Doutora. Professora Substituta. ICIAG. UFU.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 45-50, jul./dez. 2010
46
ativação de Atpases que atuam na absorção de P e
nas reações de fosforização, Tedesco et al. (1985).
O magnésio diminui o efeito tóxico do Al
e também assegura uma alta eficiência no crescimento das culturas em condições de solos ácidos,
Silva (1986), Rosalem et al. (1984) e Silva (2000)
concluem que o magnésio é absorvido pelas plantas como íon Mg2+ e é transportado até a superfície
das raízes preferencialmente pelo mecanismo de
fluxo de massa. O Mg é retido como íon trocável
por atração eletrostática em torno dos colóides
negativamente carregados. Uma alta concentração de Ca no complexo de troca pode suprimir a
absorção de Mg pelas plantas, altos níveis de K
trocável podem interferir na absorção de Mg pelas
plantas. O Mg é constituinte da célula vegetal e
participa de reações essenciais no desenvolvimento
da planta, e sua falta traz prejuízos antes mesmo
da visualização dos sintomas na folha. Para uma
correta disponibilidade de Mg para as plantas ele
deve estar disponível no solo na época em que há
necessidade destes.
Entre as espécies de grande importância
hoje no Brasil encontra-se o eucalipto e o cedro, o
eucalipto é a essência florestal mais plantada no
mundo, inclusive no Brasil, onde ocupa maciços
gigantescos, que correspondem quase à metade
da área mundial plantada (LEÃO, 2000). O cedro
Australiano (Toona ciliata) é uma espécie de crescimento rápido, com propriedades físico-mecânicas
e de grande valor para a indústria moveleira. Assim,
o eucalipto e o cedro se apresentam com grande
potencial de plantios para fins comerciais com
rápido retorno econômico considerando o ciclo de
desenvolvimento das espécies (PAIVA et al., 2007).
O uso de adubações podem favorecer a
melhoria nesses cultivos. Em relação ao conteúdo
de nutrientes, verificaram que os elementos N, P,
Ca, Mg, S, Zn, Cu, Fe e Mn tiveram um incremento
linear de acúmulo na brotação durante a avaliação.
VILELA, H., VILELA, A. DE O., LANA, R. M. Q., SILVA, A. DE A.
E as avaliações, dos nutrientes que apresentaram
maior acúmulo relativo, em ordem decrescente
foram: Ca>Fe>S>Mg>N>B>P>Mn>K>Zn>Cu (SILVEIRA et al., 2001). Existe uma grande demanda
de N e K pelas culturas estudadas de acordo com
a relação nitrogênio-potássio nas adubações de
cobertura varia em função da idade das mudas.
Na fase de crescimento (entre 30 – 60 dias de
idade), a razão N/K deverá ficar na faixa de 1,5 a
3, é nesta fase que ocorre o aumento da área foliar
proporcionando uma maior atividade fotossintética.
Porém, na fase de rustificação, recomenda-se que
a quantidade de potássio aplicada seja superior
a de nitrogênio (3K/1N), favorecendo, com isso,
o engrossamento do caule e o aumento à resistência da muda ao estresse do plantio (HIGASHI;
SILVEIRA, 2000).
Sendo assim, a união do estudo de fontes
de fertilizantes em sistemas de cultivo de importância pode contribuir para a melhoria do estado
nutricional de plantas. Objetivou-se avaliar o efeito
da aplicação de diferentes doses de nitreto de
magnésio e potássio no crescimento de plantas de
Eucalyptus grandis e Toona ciliata, em duas idades
distintas de avaliação.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no município de
Campo Belo, Estado de Minas Gerais, que possui
como coordenadas: latitude sul-20º 53 30” e longitude 45º 16 15”, clima Tropical de altitude (Cwa)
e precipitação pluviométrica de 1.250mm, no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, de
acordo com estação meteorológica instalada na
área experimental. Os solos foram classificados
como neossolo quartizarênico e latossolo amarelo
eutrófico (EMBRAPA, 1999), cujas características
químicas e físicas iniciais são apresentadas na
tabela 1.
47
Tabela 1.
Caracterização química e de textura dos solos, neossolo quartizarênico e latossolo amarelo eutrófico,
que foram submetidos a aplicação de nitreto de magnésio e potássio (NMK), Campo Belo-MG, 2007.
pH
CaCl21
pH
H2O2
H+Al
Ca3
Mg3
K3
P3
----------------- cmolc dm-3 ----------------
*
-------------g dm-3----------areia
silte
argila
Solo 1*
5,20
5,02
29
4
2
0,70
2
798,2
374,1
127,6
Solo2
6,02
6,80
15
30
8
6,12
79
86,2
75,2
837
Extrator cloreto de cálcio 0,01 mol dm ; - Extrato água 1:2,5 -Extrator Mehlich
solo 1 = neossolo quartizarênico e solo 2 = Latossolo Amarelo Eutroférico
1-
Textura
-3 2
3
Na tabela 1 observa-se que foram selecionados dois solos distintos, um com características
arenosas (solo 1, neossolo quartizarênico) e um
solo com características muito argilosas (solo 2,
latossolo amarelo eutroférico), realizou-se a calagem para manter ambos com acidez ativa (pH
CaCl2) equivalente, e ambos encontram-se com
acidez média de acordo com a CFSEMG (1999).
Em relação aos nutrientes em função da maior
CTC de solos argilosos esses tem maiores teores
de nutrientes adsorvidos.
Utilizaram-se o eucalipto (Eucalyptus grandis) e cedro (Toona ciliata CV. Australis) como plantas testes. Empregaram o delineamento de blocos
casualizados com três tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos consistiram na aplicação de
NMK nas covas de plantio de eucalipto e cedro. As
doses empregadas foram uma testemunha (Zero
NMK), 200 kg ha-1 e 400 kg ha-1. Aplicou-se na linha
de plantio, em todas as parcelas 500 kg ha-1 da
formulação 08-28-16 de NPK. Para o cedro utilizou-se sementes e para o eucalipto mudas, quando
as plantas apresentavam o mesmo porte, o cedro
com aproximadamente vinte dias após emergência
das sementes e o eucalipto com aproximadamente 30 cm, realizou-se uma cobertura nitrogenada
com 150 kg ha-1 de sulfato de amônio. As parcelas
-1
foram constituídas por dez linhas de plantas de
eucalipto e dez linhas de plantas de cedro, com 20
m de comprimento por 9 m de largura. As plantas
foram espaçadas com 2 x 3 m. Para a avaliação
dos resultados, com o fim de eliminar os efeitos
adversos ocasionados pelas bordas das parcelas,
utilizou-se para avaliação 15 x 6 m de cada parcela.
A variável avaliada foi o diâmetro do caule, com o
uso de trena, tomado à 0,75 m de altura do solo em
função dos níveis de fertilidade inicial e dos níveis
de NMK usados.
Submeteram-se os dados à análise de
variância e teste de F e as médias dos tratamentos
foram comparadas pelo teste de F, para os
contrastes entre as quantidades de NMK aplicados
com a testemunha, ambos a 5% de probabilidade,
e para as doses de NMK.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 2 representa os resultados dos
diâmetros dos caules obtidos para as duas espécies avaliadas, nos dois solos e em dois estádios
de desenvolvimento (aos seis e doze meses após
o plantio).
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 45-50, jul./dez. 2010
48
Tabela 2.
Diâmetros dos caules de eucalipto (Eucalyptus grandis) e cedro (Toona ciliata) em função das quantidades usadas de NMK, da fertilidade inicial e idade da planta e análises de variância.
Eucalipto (E. grandis)
Diâmetro do caule à 0,75 m ao plantio (cm)
SOLO DE ALTA FERTILIDADE
SOLO DE BAIXA FERTILIDADE
(latossolo amarelo eutroférico)
(neossolo quartizarênico)
Níveis de NMK (kg ha-1)
ZERO
200
2,17aA
400
2,20aA
ZERO
2,16aA
200
400
2,15aA
2,14aA
2,16aA
Diâmetro do caule à 0,75m com 6 meses após plantio
3,53bA
3,57bA
3,42bA
2,39aA
3,15bA
3,14bB
2,45aA
3,02bB
3,89cC
Diâmetro do caule à 0,75m com 12 meses após plantio
3,70bA
3,73bA
4,40cB
Cedro (Toona ciliata Var.australis )
SOLO DE ALTA FERTILIDADE
SOLO DE BAIXA FERTILIDADE
(latossolo amarelo eutroférico)
(neossolo quartizarênico)
Níveis de NMK (kg ha )
-1
ZERO
200
400
ZERO
200
400
Diâmetro do caule à 0,75m,ao plantio (cm)
1,95aA
2,00aA
2,05aA
2,00aA
2,02aA
2,05aA
2,15aA
2,81bA
2,80bA
3,00bA
3,15cB
3,62cC
Diâmetro do caule à 0,75m, com seis meses após plantio
2,80bA
3,02bA
3,01bA
Diâmetro do caule à 0,75m com 12 meses após plantio
3,75cA
4,10cB
4,68cC
Números seguidos com letras minúsculas iguais na vertical são iguais (P<0,05); Números seguidos com letras maiúsculas iguais na horizontal são iguais.
(P<0,05);
Para o eucalipto em solos de alta fertilidade
a quantidade de NMK afetou o diâmetro (P> 0,05),
somente à idade de 12 meses. Enquanto a idade afetou o diâmetro do caule das plantas aos seis e aos 12
meses após o plantio, em relação à testemunha. Apenas o nível de 400 kg ha-1, aos 12 meses, aumentou
o diâmetro do caule. Em solos de baixa fertilidade as
respostas foram as mesmas em relação às anteriores
exceto na idade de seis e 12 meses, no tratamento
sem NMK, cujos diâmetros foram iguais. Esse comportamento indica que a adubação com NMK favorece
o aumento do diâmetro do caule, o que propicia maior
crescimento das plantas resultando em plantas que
devem ter seu tempo de cultivo aumentado.
Para o cedro em solos de alta fertilidade a
idade afetou o diâmetro do caule independentemente da quantidade de NMK usada, enquanto que aos
12 meses os diâmetros foram maiores nos níveis
de 200 e 400 kg de NMK ha-1. Em solos de baixa
fertilidade a idade afetou o diâmetro da planta aos
seis e aos 12 meses após plantio, exceto a idade
VILELA, H., VILELA, A. DE O., LANA, R. M. Q., SILVA, A. DE A.
de seis meses e sem NMK. O NMK afetou o diâmetro do caule só aos 12 meses após plantio. Tanto
para o cultivo do eucalipto quanto para o cedro a
adubação promoveu resposta na ultima avaliação,
aos 12 meses, esse comportamento indica que
deve-se promover o fornecimento de adubação de
manutenção para esses cultivos.
O eucalipto, em solo fértil apresentou um
crescimento de 84,09% sob o nível de NMK de 400
kg ha-1 no primeiro ano de cultivo, enquanto sob
o nível de 200 kg ha-1 promoveu aumento de 1%
em relação à testemunha. O diâmetro do caule do
eucalipto em solos de baixa fertilidade mostrou um
crescimento de 62,98% sob o nível de 400 kg ha-1
e 11,25% sob o nível de 200 kg há1.
Para o cedro, em solos baixa fertilidade o
crescimento foi de 82,87% para o nível de 400 kg
ha-1 e 9,52% para o nível de 200 kg ha-1, em relação
à testemunha. Enquanto, em solos férteis os acréscimos eram de 80,13 e 9,15%, respectivamente nos
tratamentos com 400 kg e 200 kg ha1.
49
Observações de Novais et al. (1986) e
Neves (1983), indicam que há uma maior influencia da adubação em função do crescimento do
sistema radicular, que explora um maior volume
de solo e consequentemente consegue absorver
mais nutrientes, e esse crescimento ocorre com o
aumento da idade.
CONCLUSÕES
Os dados obtidos nesse estudo permitem
concluir que para a espécie Eucalyptus grandis o
melhor tratamento a ser utilizado é a dosagem de
400 kg ha-1 de NMK, sendo essa mesma dosagem
também recomendada para Toona ciliata.
Influence of potassium and magnesium nitrate
(kmn) use in eucalyptus and cedar plants growth
ABSTRACT
In order to evaluate the effect of magnesium and potassium nitride (NMK) in eucalyptus and cedar growth
in different kinds of soil and different fertilities. The soil
used in this experiment were characterized as typic
quartizarênico fertility (low fertility) and oxisol eutrophic
(high fertility). The correction of the soil acidity was
done before experiment installation, where 2.0 t of
lime were used per hectare. The experimental design
was a randomized block design with three treatments
and four replications. Fertilization (500 kg ha-1) with
a commercial fertilizer 08-28-16 (NPK) was done in
planting pits. The treatments were the application of
different doses of magnesium and potassium nitride
(0.00, 200.00 and 400.00 kg ha-1), and the application
was made through incorporation into the planting
pits at two different ages of six and 12 months after
planting. The results allow to conclude that there was
an increase in eucalyptus stem diameters of 70 and
100% in soils with high initial fertility respectively, for
the 200 and 400 kg ha-1. However, for plants grown on
low fertility soil, there was an increase of 82 and 40%
of the eucalyptus stem diameters, respectively for the
same levels of NMK. For cedar stems diameter measurements, there was an increase of 100 and 130%
in high fertility soil, respectively for lowest and highest
doses of NMK; where the stems showed increase of
56 and 76% respectively, in low fertility soils.
Keywords: levels of nitrate, age of plant, diameters of eucalyptus and cedar.
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51
METRORRAGIA POR ANEURISMA DA ARTÉRIA OVÁRICA ESQUERDA EM
EQUINO – RELATO DE CASO
Venilton José Siqueira1, Marilú Martins Gioso1, Walter Octavíano Bernis Filho1, Renata Marcon Zanellato
Bruzadelli2, Maria Cristina Costa Resck1, Aguinaldo Christian Siqueira3, Raphael Ferreira Assumpção4,
Marina Botrel Reis Nogueira5
RESUMO
O presente relato apresenta um caso clínico de
um animal, espécie equina, fêmea com idade de
5 anos, proveniente de Carmo do Rio Claro-MG,
internada no Hospital Veterinário da UNIFENAS,
com história de metrorragia há 2 meses. Realizados
exames clínicos de rotina e laboratoriais de apoio
foi solicitado ultrassonografia transretal e indicado
terapia de suporte. Com a persistência do quadro
indicou-se histerectomia total. Submetida a celiotomia exploratória, sob anestesia geral inalatória,
observou-se dilatação irregular dos vasos do ovário
direito, sendo, realizada a histerectomia total. A
hemorragia foi controlada, tendo ocorrido o óbito
da paciente 40 minutos do pós operatório imediato.
Palavras-chave: metrorragia, aneurisma, equino.
INTRODUÇÃO
A menorragia ou metrorragia é uma condição patológica que requer rápido atendimento e
atenção por parte do profissional. O trato reprodutivo das fêmeas pode ser alvo de infecções severas,
ou mesmo hemorragias abundantes e profusas,
levando a perda sanguínea de caráter relevante,
expondo o animal a riscos de morte.
RELATO DE CASO
Relata-se o caso clínico de um animal da
espécie equina, raça Campolina, fêmea, com idade
de 5 anos, peso 420 kg, proveniente da cidade de
Carmo do Rio Claro-MG, internada no dia 25 de
maio de 2009, com história clínica de metrorragia
contínua há pelos menos 60 dias, causada por
1
2
3
4
5
varizes uterinas, segundo relatos do proprietário.
Após a internação da paciente, procedeu-se o
exame clínico, onde evidenciou-se mucosas aparentes hipocoradas, turgor epitelial aumentado,
atitude anti-álgica, debilidade evidente, apatia e
metrorragia intensa. À admissão, a temperatura
corporal era de 40ºC, frequência respiratória 20
epm, frequência cardíaca 60 bpm, pressão arterial
sistólica de 80 mm/Hg. Solicitado hemograma,
eletrocardiograma, exame coprológico, dosagem de
plaquetas, uréia, creatinina, AST e ALT e urinálise.
O hemograma revelou anemia macrocítica normocrômica acentuada, com leucocitose moderada,
eosinopenia e hiproproteinemia, níveis de uréia
e creatinina, AST e ALT normais para a espécie e
raça. O eletrocardiograma nas derivações bipolares
de extremidades apenas evidenciou redução do
intervalo PR, taquicardia sinusal com infradesnivelamento do segmento ST. A densidade urinária
estava elevada. Inicialmente, conforme protocolo de
atendimento do Hospital Veterinário foi implantado
e fixado na pele com sutura em padrão bailarina,
um intracatéter calibre 19 de 30,4 cm pela veia
jugular externa, até o ventrículo direito, para a
mensuração da pressão venosa central (P.V.C.),
que estava em 3,5 cm/H2O, com a paciente em
estação. Utilizou-se, para hidratação parenteral
90 ml/kg/hora de solução de ringer com lactato de
sódio, solução fisiológica 0,97% e glicose 5%, até
a ascensão da PVC para 6 cm/H2O. Concomitante
à hidratação realizou-se a aplicação de gelatina
3,5% e transfusão de sangue total fresco. Foram
administrados 100 mL de gluconato de cálcio 10%,
cloreto de potássio 10% na dose de 2 mEq/l/kg,
Ceftiofur na dose de 3 mg/kg e fitanomenadiona
na dose de 1 mg/kg, via endovenosa. Solicitou-se
ainda, ultrassonografia transretal e exame ginecológico, evidenciando, ao primeiro exame que
Médico(a) Veterinário(a). Doutor(a). Professor(a) Titular. Faculdade de Medicina Veterinária. UNIFENAS. Rodovia MG 179, Km 0
Câmpus da UNIFENAS. 37130 000. (35) 32993223. [email protected].
Médica Veterinária. Mestre. Professora Auxiliar. Faculdade de Medicina Veterinária(UNIFENAS).
Médico Veterinário. Autônomo. Alfenas-MG.
Médico Veterinário. Doutorando. UNESP.Jaboticabal-SP.
Médica Veterinária. Mestre. Professora. Curso de Medicina Veterinária. Campinas-SP.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 51-55, jul./dez. 2010
52
os ovários mediam 4 cm de comprimento, com
folículos menores que 1 cm com formatos normais;
próximo ao ovário esquerdo, constatou-se uma
estrutura anecóica, medindo 2 cm de comprimento
por 5 cm de largura, com pulso regular. Útero com
aumento de volume, apresentando em seu interior
trabéculas com pontos anecóicos e presença de
conteúdo líquido. Ao toque vaginal, caracterizou-se
o cérvix aberto, flácido, com metrorragia acentuada
e contínua.
A paciente foi internada, sendo oferecida alimentação ad libitun com ração e feno.
Administrou-se o tratamento por 48 horas, com o
acompanhamento do quadro hematimétrico e do
estado geral, que se agravou devido ao aumento
da metrorragia. Indicou-se histerectomia para a
remissão do quadro. Avaliado o risco anestésico
como ASA IV e encaminhada ao centro cirúrgico
dia 30/05/2009 às 18:00 hs, a paciente recebeu,
via endovenosa, como medicação pré-anestésica,
detomidina na dose de 30μ kg. Instalou-se um cateter transtraqueal percutâneo, calibre 20 para a
suplementação de oxigênio para que se procedesse
a desnitrogenização, haja visto o risco anestésico.
A indução anestésica deu-se com hidrocloreto de
ketamina na dose de 2 mg/Kg, via endovenosa e
0,5 mg/kg de hidrocloreto de succinilcolina, quando,
ato contínuo, procedeu-se a intubação orotraqueal
com um tubo calibre 24, conectado à um ventilador
tipo Bird Mark 14, estabelecendo-se uma ventilação
controlada sob VPPI, com um fluxo de oxigênio e
de óxido nitroso 30/70%, frequência de 12 epm e
pressão inspiratória de +10 cm/H2O, sensibilidade
ajustada ao máximo, volatilizando halotano a 2,5
V% com um vaporizador calibrado do tipo multi
agente. Monitorou-se a função hemodinâmica com
um monitor de frequência cardíaca de 3 canais,
ajustada na derivação DII, esfigmomanometria
por Doppler e P.V.C.. O ato cirúrgico iniciou-se às
18:35 hs, sendo realizada celiototomia exploratória infra-umbelical de aproximadamente 30 cm
de comprimento, realizou-se subsequentemente
o inventário cuidadoso das alças intestinais, que
apresentaram-se pálidas e normoperistálticas.
Foram evidenciados e isolados o útero e os ovários, com o auxílio de campos operatórios, para
facilitar tal procedimento. Após a inspeção do útero,
procedeu-se histerectomia na linha mediana ventral
do corpo do útero, para que se pudesse averiguar
a sua integridade, sendo notado apenas sangramento em massa na mucosa. No ovário esquerdo
observou-se a presença de dilatação irregular dos
vasos sanguíneos ovarianos, provável causa do
sangramento.
Após o pinçamento do vaso em questão
com uma pinça de Carmalt, todo o sangramento
uterino foi estancado, sendo observado diretamente
e por meio de infusão de solução fisiológica constante por via intra vaginal. Uma vez que estava
detectado a origem da metrorragia, por cautela,
optou-se pela histerectomia total e ovariectomia
esquerda. Após a ligadura tripla do ligamento
suspensor ovariano, caudal e proximal ao corno
uterino correspondente, o mesmo foi transecçionado, sendo observado a ausência de sangramento
no sítio da operação. Procedeu-se em seguida, a
ligadura da região entre o corno uterino e o ovário
direito, sendo preservado o ovário, isolando-se o
corno uterino. O corpo do útero foi isolado, com
o auxílio de duas pinças de Carmalt, sendo, em
seguida, removido com o auxílio de um eletrobisturí
bipolar de alta frequência. Após a remoção do útero,
o corpo do mesmo foi suturado com sutura em
padrão (PARKER; KERR) com fio absorvível sintético calibre 0. Após a inspeção da região operada,
procedeu-se o fechamento por planos da cavidade
abdominal, com fio absorvível sintético calibre 1,
sendo, a dermorrafia realizada com fio de nylon
calibre 0, em pontos padrão simples separados.
Ainda sob ventilação controlada, a anestesia foi
descontinuada, até a normoventilação, que ocorreu
10 minutos após o término da laparorrafia. Após a
desnitrogenização, com a saturação de oxihemoglobina em 100%, a paciente foi conduzida à sala
de recuperação anestésica, onde ocorreu o óbito
40 minutos após o procedimento, sendo então
enviada ao setor de patologia para a verificação
da causa mortis.
SIQUEIRA, V. J., GIOSO, M. M., FILHO, W. O. B., BRUZADELLI, R. M. Z., RESCK, M. C. C., SIQUEIRA, A. C., A. C., ASSUMPÇÃO, R. F., NOGUEIRA M. B. R.
53
Figura 1. Fotografia de celiotomia exploratória infra-umbilical em égua evidenciando a exposição de vísceras abdominais e pelvinas.
Figura 2. Fotografia de um campo cirúrgico em égua, mostrando o isolamento e a exteriorização do útero
Figura 3. Fotografia da região perineal de égua, notando-se que após o clampeamento do pedículo ovariano esquerdo, a metrorragia
cessou.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 51-55, jul./dez. 2010
54
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A circulação ovariana influencia sobremaneira o útero e seus acessórios. Segundo Nickel et
al. (1981) o útero é irrigado por ramos colaterais da
artéria pudenda interna, de onde emergem as artérias uterinas e umbilical. Na égua, a artéria uterina é
um ramo da artéria ilíaca externa que percorre todo
o mesométrio, onde emite colaterais direcionados
cranialmente e caudalmente. Os ramos craniais se
anastomosam com o ramo uterino da artéria ovárica
e os caudais, com os ramos da artéria vaginal. A
artéria ovárica, normalmente flexuosa e calibrosa,
origina-se da artéria aorta descendente abdominal
e, na proximidade do ovário, emite o ramo ovárico.
Dois ramos principais são dai originados: o ramo
tubárico e o ramo uterino, sendo que o ramo uterino
alcança a extremidade do corno uterino e anastomosa-se com a artéria uterina. Todos estes vasos
entram na zona vascular de inserção do mesovário.
Afim de se estudar a relação útero-ovário, Prado
et al. (2007) verificaram que o peso do útero de
ratas não sofreu alteração significante, quando se
interrompia definitivamente a irrigação dos ovários,
no ramo proveniente de colaterais ováricos dos
vasos do úterinos. Neste relato, em especial, a paciente apresentava um quadro hematimétrico com
grandes e profundas alterações, o que repercutiu
sistematicamente, inclusive não havendo resposta
à terapia de suporte. A carência de informações
literárias, não possibilitou o confronto de dados que
pudessem esclarecer sobremaneira esta discussão.
A hemorragia uterina nas fêmeas mamíferas tem seu comportamento similar quanto a
fisiopatogenia, diferindo apenas sob o ponto de
vista das linhas de tratamento clínico ou cirúrgico. Isto deve-se ao fato, de que as espécies tem
funções diferentes e condições de vida próprias.
Rooney (1964) relatou 10 casos de hemorragias
fatais oriundas dos ovários, do útero ou da artéria
ilíaca externa no puerpério mediato e em animais
gestantes, bovinos ou equinos. O mesmo autor,
cita ainda, os aneurismas ou processos degenerativos das artérias, como principal etiologia destas
hemorragias, bem como pressão do feto no canal
do parto, pelas vias fetais moles ou lacerações.
Na mulher, a menorragia tem causas semelhantes às dos demais mamíferos, ou seja, podem
ter como fisiopatogenia os distúrbios da gestação
e distocias, causas endócrinas, metabólicas e
hematógenas, atingindo aproximadamente 30%
da população, conforme Agudelo (2007). As metrorragias ou menorragias, devem ter seu manejo
pré estabelecido, bem como a avaliação clínica da
paciente e a terapia de suporte, uma vez que longos períodos de sangramento podem comprometer
seriamente as funções orgânicas, como neste caso
relatado. Melki et al. (2003) chamaram atenção para
a simplificação dos procedimentos e protocolos de
atendimento, bem como o pronto atendimento e os
exames de imagenologia que são indicados afim
de se estabelecer o diagnóstico e o tratamento
clínico ou mesmo cirúrgico. Figueiredo et al. (2004)
citaram as lacerações perineais e vaginais como
causas de sangramento vulvar inespecíficos em
éguas, sempre relacionado com o parto distócico,
concordam ainda, que tecnicamente, a abordagem
e o diagnóstico e o tratamento em mulheres e
em fêmeas de animais domésticos ou silvestres,
parecem ter os mesmos aspectos, sob o ponto de
vista clínico ou cirúrgico. Distúrbios hormonais em
grandes animais, a depender da idade, da raça e
das condições do proprietário, não são tratados.
Metrorrhagia by aneurysm of the left ovarian
artery in equine – case report
ABSTRACT
The present paper is a case clinical report of a 5
years old mare brought to the Veterinary Teaching
Hospital with the history of a metrorrhagia for the
last 2 months. After clinical examination, laboratory
tests, transrectal ultrassonography and supportive
therapy, the clinical signs still persisted. An exploratory celiotomy was made, under general inhalator
anesthesia. An irregular dilatation of blood vessels
of right ovary was found, so an hysterectomy was
indicated. The metrorrhagia was then controlled,
but the patient did not resist, after 40 minutes of
pos-surgery.
Keywords: metrorrhagya, aneurysm, equine.
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enfoque baseado em evidencias. Revision sistemática. Revista Médicina, v.15, n.1, p. 68-79, 2007.
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Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 51-55, jul./dez. 2010
57
ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO DA ARTÉRIA CELÍACA EM MARRECOS
(Anas platyrhynchos platyrhynchos)
Gabrielle Gonçalves Narciso Resende1, Frederico Ozanam Carneiro e Silva2, Bruno Gomes Vasconcelos3,
Danila Barreiro Campos4, Alessandro Barreiro Campos5, Fernando Antônio Ferreira2, Flávia Cristina
Queiroz Rinaldi1
RESUMO
Com o avanço na criação e comercialização da
carne de marreco, verificou-se a necessidade de
estudos que abordem a irrigação do aparelho digestório e dentre os importantes vasos responsáveis
pela sua nutrição destaca-se a artéria celíaca, a
qual foi estudada em 30 exemplares de marrecos
(Anas platyrhynchos platyrhynchos), machos e fêmeas, a sua origem e distribuição. Após as mortes
naturais das aves, injetou-se solução marcadora de
vasos sanguíneos, via artéria isquiática esquerda
de Neoprene latex “450”, corada com pigmento
específico e em seguida fixou-as em solução de
formol a 10%, com posteriores dissecações. A
artéria celíaca foi o primeiro ramo ventral da aorta
descendente e distribuiu-se no esôfago, proventrículo, ventrículo, fígado, vesícula biliar, pericárdio,
transição gastroduodenal, baço, duodeno, pâncreas, ceco esquerdo, íleo e jejuno.
Palavras-chave: irrigação, artéria celíaca, aves.
INTRODUÇÃO
A popularização do hábito de comer carne
de marreco no país está promovendo um avanço
médio de 10% ao ano nas vendas de matrizes,
filhotes, ovos e animais vivos e por consequência,
já existem frigoríficos produzindo em escala internacional. O seu sistema de criação é praticamente
idêntico ao frango tradicional (CENTRO..., 2010).
Existem raças mistas de marrecos, que
fornecem carne de boa qualidade, enquanto outras
são mais direcionadas à postura (FABICHAK, 1999).
1
2
3
4
5
Intimamente relacionado com a produtividade está o aparelho digestório, pois é nele que
ocorre o processamento e absorção dos alimentos.
O conhecimento de suas estruturas e fisiologia é
inevitável para se estabelecer uma nutrição mais
adequada, voltada às particularidades digestivas,
visando à obtenção de uma ração de alta digestibilidade, melhor aproveitamento pelo animal,
proporcionando melhor conversão alimentar e
consequentemente aumentando a sua produção
(MIRANDA et al., 2009).
Sendo assim, a escassez de estudos
específicos sobre a vascularização dos órgãos
do aparelho digestório nesta espécie, objetivou o
presente o estudo, que visa determinar a origem e
distribuição da artéria celíaca em marrecos.
MATERIAL E MÉTODOS
Para este trabalho foram utilizados 30 exemplares de marrecos Anas platyrhynchos platyrhynchos, machos e fêmeas, cedidos após mortes naturais
por núcleos criatórios do estado de São Paulo.
A artéria isquiática esquerda foi canulada,
para injeção de solução aquosa a 50% de Neoprene látex “450” (Du pont do Brasil. Indústrias
Químicas. São Paulo – SP), corada com pigmento
específico (Globo S/A Tintas e Pigmentos). Em
seguida, as aves foram fixadas em solução aquosa
de formol 10%, mediante aplicações intramuscular,
subcutânea e intracavitária, sendo posteriormente,
mantidas submersas na mesma solução, tendo
como intervalo mínimo para dissecação o período
de 48 horas.
Para dissecação da artéria celíaca utilizou-se
instrumentos cirúrgicos adequados, auxiliados,
Acadêmica. Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV). Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Av. Ceará, s/n, Bloco 2T,
Jardim Umuarama, Uberlândia-MG. 38.400-902. (34) 3218 2197. [email protected].
Médico Veterinário. Doutor. Professor Titular. FAMEV-UFU.
Médico Veterinário. Doutorando do Programa de Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia.(FMVZ) Universidade de São Paulo (USP).
Médica Veterinária. Doutora. Professora Adjunto. Universidade Federal da Paraíba.
Médico Veterinário. Autônomo.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 57-61, jul./dez. 2010
58
quando necessário, pelo campo visual de uma lupa
monocular tipo Wild (l0X). Subsequentemente às
dissecações registrou-se esquematicamente sua
origem, número e distribuição. Os achados foram
submetidos a análise descritiva visando verificar
diferenças entre eles.
A nomenclatura adotada para descrição
dos resultados esteve de acordo com Baumel
(1979).
RESULTADOS
A artéria celíaca originou-se da aorta descendente, sendo o seu primeiro ramo ventral. Ao
longo do seu trajeto enviou ramos para o esôfago,
proventrículo, ventrículo, fígado, vesícula biliar, pericárdio, transição gastroduodenal, baço, duodeno,
pâncreas, ceco esquerdo, íleo e jejuno.
A artéria proventricular dorsal foi o primeiro ramo a emergir da artéria celíaca, fornecendo
posteriormente de dez a 20 ramos, sendo que 13
(26,6%), 18 (13,3%), 17, 20 (10%), dez, 12, 14, 15,
16 e 19 (6,6%). Em 26,6% das aves, esta artéria
cedeu um ramo ao esôfago.
Em 3,3% dos animais, a artéria celíaca
enviou um ramo à vesícula biliar e dividiu-se em
ramos direito e esquerdo. O ramo esquerdo emitiu
as artérias proventricular ventral, gástricas ventral e
esquerda, hepática esquerda, pericárdicas e ramos
para transição gastroduodenal.
A artéria proventricular ventral forneceu de
sete a 15 ramos, sendo oito (23,3%), 11 (20%), 12
(16,6%), dez, 15 (10%), sete, 13 e 14 (6,6%).
A artéria gástrica ventral oscilou cedendo
de um a oito ramos, sendo que dois (43,3%), quatro (23,3%), três (10%), cinco, seis, oito (6,6%) e
um (3,3%). Em 10% dos exemplares foi verificado
ainda a emissão de ramos hepáticos, sendo dois
(66,6%) e um (33,3%).
Notou-se de dois a cinco ramos da artéria
gástrica esquerda, sendo que dois (43,3%), três
(26,6%), quatro (16,6%) e cinco (13,3%). Em 3,3%
dos animais observou-se um ramo hepático.
A artéria hepática esquerda enviou de um
a dois ramos, sendo um (76,6%) e dois (23,3%).
A artéria pericárdica foi encontrada em
73,3% das aves, com um a dois ramos, sendo um
(95,4%) e dois (4,5%).
Os ramos para transição gastroduodenal
estiveram presentes em 60% dos espécimes, cedeu
de um a quatro ramos, sendo dois (72,2%), um, três
(11,1%) e quatro (5,5%).
O ramo direito dividiu-se em artérias esplênica, hepática direita, gástrica dorsal, pancreaticaduodenal, ileocecal e ramo cístico.
Os ramos da artéria esplênica variaram de
dois a quatro ramos, sendo três (56,6%), dois (40%)
e quatro (3,3%).
A artéria hepática direita enviou de um a
dois ramos para o fígado, sendo um (96,6%) e dois
(3,3%); além dos ramos hepáticos ela originou a artéria da vesícula biliar, que esteve presente através
de um ramo em todas as aves.
A artéria gástrica dorsal emitiu de dois a
seis ramos, sendo que dois (43,3%), três (23,3%),
cinco (20%), quatro e seis (6,6%).
A artéria pancreaticoduodenal irrigou o
pâncreas e o duodeno, para o primeiro enviou de
sete a 16 ramos, sendo que 11 e 12 (16,6%), oito
e 13 (13,3%), nove, 14 e 16 (10%), sete (6,6%) e
dez (3,3%); e para o segundo de 12 a 22 ramos,
sendo que 15 (20%), 14 (16,6%), 20 (13,3%), 13,
16, 17 e 18 (10%), 12, 21 e 22 (3,3%).
Encontrou-se de uma (90%) a duas (10%)
artérias ileocecais, as quais distribuiram-se no ceco
esquerdo e íleo, em relação a primeira observou-se de quatro a 13 ramos, sendo que oito (33,3%),
sete (23,3%), seis (13,3%), dez (10%), nove (6,6%),
quatro, cinco, 11 e 13 (3,3%); e para o segundo de
quatro a 14, sendo que oito (20%), sete (16,6%),
seis (13,3%), cinco, dez, 11, 12 (10%), quatro, nove
e 14 (3,3%). Enviou também ramos ao pâncreas
em 10% das aves, sendo um (66,6%) e dois ramos
(33,3%) e para o jejuno dois ramos em 3,3% dos
espécimes.
A caracterização da origem e distribuição
da artéria celíaca foi representada por meio de
desenho esquemático (Figura 1).
RESENDE, G. G. N., SILVA, F. O. C. E, VASCONCELOS, B. G., CAMPOS, D. B., CAMPOS, A. B., FERREIRA, F. A., RINALDI, F. C. Q.
59
Figura 1. Representação esquemática da origem e distribuição da artéria celíaca em marrecos, sendo A – aorta descendente, B – artéria.
celíaca, C – artéria proventricular dorsal, D – ramo para a vesícula biliar, E – ramo esquerdo, F – ramo direito, G – artéria
hepática esquerda, H – ramo para transição gastroduodenal, I – artéria proventricular ventral, J – ramos para o pericárdio,
L – artéria gástrica ventral, M – artéria gástrica esquerda, N – ramo hepático, O – artéria esplênica, P - artéria hepática
direita, Q – artéria da vesícula biliar, R – artéria gástrica dorsal, S – artéria pancreaticoduodenal e T – artéria ileocecal.
DISCUSSÃO
Na galinha doméstica (Gallus gallus), Sisson; Grossman (1975) citaram que a artéria celíaca
é um vaso impar originário da aorta, Ede (1965) a
descreveu tendo origem no extremo anterior da cavidade peritonial, Nickel et al. (1977) consideraram-na como sendo o primeiro grande ramo ventral da
aorta e Baumel (1979) a referiu como sendo um
vaso originário da aorta descendente. Nas aves da
linhagem Hubbard, Silva et al. (1996) relataram que
o referido vaso originou-se da face ventral da aorta
descendente, o que coaduna com os achados da
presente investigação.
O ramo esofágico, originário da artéria celíaca, logo após a sua origem foi citada por Bhaduri et
al. (1957), Schwarze; Schröder (1972) e Nickel et al.
(1977), em G. gallus; Drummond et al. (2000) em G.
gallus domesticus e Silva et al. (2001) na linhagem
Avian Farms. Nas aves da linhagem Redbro Plumé,
Miranda et al. (2005) complementaram que esse
arranjo foi encontrado em 80% do exemplares. No
entanto Baumel (1979) em G. gallus, afirmou que
estes ramos foram derivados da artéria proventricu-
lar, complementamos que nos marrecos esse ramo
esofágico derivo-se da artéria proventricular dorsal,
presente em 26,6% dos exemplares.
A irrigação do proventrículo, referidos por
Bhaduri et al. (1957), Schwarze; Schröder (1972),
Sisson; Grossman (1975), Baumel (1979) e Getty
(1981), em G. gallus; Drummond et al. (1997) na
linhagem Petterson; Drummond et al. (2000) no
G. gallus domesticus e Silva et al. (2001) na Avian
Farms, foi constatada em 100% das aves. Para
Miranda et al. (2005) nas aves da linhagem Redbro
Plumé, esses vasos foram emitidos pela artéria proventricular dorsal e pelo ramo esquerdo da artéria
celíaca através da artéria proventricular ventral,
notado com uma variação de sete a 20 ramos.
Silva et al. (2001) na linhagem Avian Farms,
descreveram que a artéria celíaca enviou ramos
para o coração, porém nos animais, ora pesquisados estes ramos surgiram do ramo esquerdo da
celíaca encontrada em 73,3% das aves.
Posteriormente a artéria celíaca dividiu-se
em dois ramos, esquerdo e direito, oque foi notado em todos os espécimes avaliados, coincidindo
assim com o informes de Bhaduri et al. (1957),
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 57-61, jul./dez. 2010
60
Schwarze; Schröder (1972), Baumel (1979) e Getty
(1981) em G. gallus; Silva et al. (1996) na linhagem
Hubbard; Drummond et al (1997) na Petterson;
Silva et al. (2001) na Avian Farms e Miranda et al.
(2005) na Redbro Plumé.
Para Getty (1981) em G. gallus, o fígado e
o proventrículo mostraram-se irrigados pelo ramo
esquerdo através da artéria hepática esquerda e as
artérias proventriculares dorsal e ventral, já o ramo
direito emitiu as calibrosas artérias esplênicas e
hepática direita, verificando a irrigação da vesícula
biliar através da artéria hepática direita, à semelhança do que observou-se nos marrecos. Com
o acréscimo de que o fígado recebeu suprimento
arterial ainda da artéria gástrica ventral (10%) e da
gástrica esquerda (3,3%).
A vascularização do ventrículo da galinha
doméstica ocorreu a partir do ramo esquerdo da
artéria celíaca, denominada por Baumel (1979) de
artéria gástrica ventral, além de uma artéria para
face esquerda do ventrículo (EDE, 1965), nominada
por Bhaduri (1957) como artéria gástrica esquerda,
estas artérias estiveram presentes em 100% das
aves. Na linhagem Redbro Plumé, Miranda et al.
(2005) acrescentaram ainda, as artérias gástricas
dorsal e direita, emitidas pelo ramo direito da artéria
celíaca e variaram de seis a 12 colaterais. Como o
observado, de forma menos acentuada nos marrecos, apresentando de um a oito colaterais.
O baço em G. gallus, segundo Bhaduri
(1957), recebeu apenas uma delgada artéria esplênica, enquanto que Nickel et al. (1977) citaram
que vários pequenos vasos alcançaram este órgão.
Já Schwarze; Schröder (1972) relataram duas a
três artérias e Getty (1981) descreveu a irrigação
do baço, como sendo efetuada pelas calibrosas
artérias esplênicas cranial e caudal, não se atendo
a numerá-las. Miranda et al. (2005) na linhagem
Redbro Plumé verificaram que o ramo direito irrigou
o baço variando de dois a cinco, nos espécimes
estudados estes vasos variaram de dois a quatro.
Em relação à artéria pancreaticoduodenal, Getty (1981) na G.gallus; Silva et al. (1996)
na linhagem Hubbard; Drummond et al. (1997) na
Petterson; Silva et al. (1997) na Ross; Drummond
et al. (2000) G. gallus domesticus; Silva et al.
(2001) na Avian Farms e Miranda et al. (2005) na
Redbro Plumé, observaram que esse vaso é uma
continuação final do ramo direito da artéria celíaca,
e que enviou ramos ao pâncreas e ao duodeno, à
semelhança dos marrecos, que emitiu de sete a 22
colaterais.
As artérias ileocecais na galinha doméstica originaram-se a partir da pancreaticoduodenal,
foram citadas por Ede (1965) como ramos secundários; Schwarze; Schröder (1972) relataram à
emissão de uma artéria ileocecal após o envio das
artérias esplênicas, antes do surgimento da pancreaticoduodenal, com o que somos concordantes,
porém observou-se a presença de uma a duas artérias, 90% a 10% respectivamente. Miranda et al.
(2005) na linhagem Redbro Plumé, acrescentaram
que houve uma variação de dois a quatro, porém
nas aves em estudo constatou-se a contribuição
destes vasos para cada órgão, sendo que o íleo
recebeu de quatro a 14 ramos e o ceco esquerdo
de quatro a 13, caracterizando assim um arranjo
próprio destes vasos nos marrecos.
CONCLUSÕES
A artéria celíaca foi o primeiro ramo ventral da aorta descendente e enviou vasos para o
esôfago, proventrículo, ventrículo, fígado, vesícula
biliar, pericárdio, transição gastroduodenal, baço,
duodeno, pâncreas, ceco esquerdo, íleo e jejuno.
Origins and distribution of celiac artery in teal
(Anas platyrhynchos platyrhynchos)
ABSTRACT
With the advancement in the goose raising and
marketing for its meat, there is a need studies that
address the irrigation of the digestive tract and
among the major vessels responsible for its nutrition is the celiac artery, 30 specimens of mallard
(Anas platyrhynchos platyrhynchos) were studied
to evaluate the origin and distribution of the celiac
artery. Following the natural death of the birds, the
animals were injected with tracer solution of blood
vessels, through left sciatic artery, constituted of
50% neoprene latex “450”, stained with specific
pigment and then the entire animal fixed in 10%
formalin for later dissection. The celiac artery was
the first ventral branch of the descending aorta and
vessels sent to: esophagus, proventriculus, gizzard,
liver, gallbladder, pericardium, gastroduodenal
transition, spleen, duodenum, pancreas, left cecum,
ileum and jejunum.
Keywords: irrigation, celiac artery, birds.
RESENDE, G. G. N., SILVA, F. O. C. E, VASCONCELOS, B. G., CAMPOS, D. B., CAMPOS, A. B., FERREIRA, F. A., RINALDI, F. C. Q.
61
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Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 57-61, jul./dez. 2010
63
ORIGENS E DISTRIBUIÇÕES DAS ARTÉRIAS MESENTÉRICAS CRANIAL E CAUDAL
EM Gallus gallus DA LINHAGEM DEKALB WHITE
Frederico Ozanam Carneiro e Silva1, Bruno Gomes Vasconcelos2, Renata Lima de Miranda3, Cheston
Cesar Honorato Pereira4, Angelita das Graças de Oliveira Honorato5, Eduardo Maurício Mendes de Lima6,
Jordana Almeida Santana7, Gabriela Lúcia Bonato8, Gabrielle Gonçalves Narciso Resende9
RESUMO
Estudaram-se 30 exemplares da espécie Gallus
gallus da linhagem Dekalb White que foram obtidos de mortes naturais, com idades aproximadas
de sete a oito semanas provenientes de criatórios
do município de Uberlândia-MG, com o objetivo
de verificar as origens e distribuições das artérias
mesetntéricas cranial e caudal. No sistema vascular
arterial foi injetada solução aquosa de Neoprene
Látex “450” a 50%, via artéria isquiática esquerda
e as aves dissecadas após 48 horas de fixação em
formol a 10%. A artéria mesentérica cranial originou-se ventralmente da aorta descendente, caudalmente à emissão da artéria celíaca e distribuiu-se
no jejuno, íleo e cecos. A artéria mesentérica caudal
originou-se do terço caudal da aorta descendente
e dividiu-se em ramos cranial e caudal, o primeiro
distribuiu-se no reto e o segundo no reto, íleo, cloaca e bolsa cloacal. Ocorreram anastomoses entre
as artérias mesentérica cranial e o ramo cranial da
mesentérica caudal.
Palavras-chave: vascularização, artérias mesentéricas, aves.
INTRODUÇÃO
O vigor da economia brasileira, pautado
nos ganhos de massa salarial real, sugere a sustentação do consumo interno de carnes e derivados.
E o mercado internacional começa a se recuperar,
1
2
3
4
5
6
7
8
9
o que permite prever um crescimento das exportações da carne de frango. A expectativa é de um
crescimento próximo de 4% no consumo mundial
de carnes em 2010 (ANUALPEC, 2010).
Intimamente relacionado com a produtividade está o aparelho digestório, pois é nele
que ocorre o processamento dos alimentos. O
reconhecimento de suas estruturas e fisiologia é
inevitável para se estabelecer uma nutrição mais
adequada, voltada às particularidades digestivas,
visando à obtenção de uma ração de alta digestibilidade, melhor aproveitamento pelo animal,
proporcionando uma melhor conversão alimentar
e consequentemente aumentando a sua produção
(MIRANDA et al., 2009).
As artérias mesentéricas são importantes
vasos responsáveis pela nutrição de grande parte
do aparelho digestório. Nas aves essas artérias
são responsáveis principalmente pela irrigação dos
intestinos e estão intimamente ligadas ao ganho de
peso e conversão alimentar (PERES et al., 2005).
No referente à origem da artéria mesentérica cranial, Sisson; Grossman (1975) e Baumel
et al. (1979) confirmaram que este vaso origina-se
da aorta descendente. Autores como Ede (1965),
Schwarze; Schröder (1970), Nickel et al.(1977),
Getty (1986), Dyce et al. (1997), Santana et al.
(2000), Campos et al. (2000/2001), Severino et al.
(2001) e Silva et al. (2001), citaram que a mesma
surgiu da artéria aorta descendente, caudalmente
à origem da artéria celíaca.
Em relação às regiões irrigadas pela mesma artéria, Getty (1986), Pinto et al. (1998), Silva et
Médico Veterinário. Doutor. Professor Titular. Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV). Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). Av. Ceára, s/n, Bloco 2T. Jardim Umuarama. 38.400-902. (34)3218 2197. [email protected].
Médico Veterinário. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres.Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). Universidade de São Paulo (USP).
Médica Veterinária. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicada da UFU.
Médico Veterinário. Mestre. Professor. Faculdade de Medicina Veterinária de Rio Verde-GO.
Médica Veterinária. Mestre. Autônoma.
Médico Veterinário. Doutor. Professor Adjunto. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Universidade de Brasília (UnB).
Médica Veterinária. Mestranda. Universidade Federal de Minas Gerais.
Médica Veterinária. Mestranda em Ciências Veterinárias. FAMEV-UFU.
Médica Veterinária. Autônoma.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 63-68, jul./dez. 2010
64
al. (1999) e Campos (2002) mencionaram que ela
irriga a maior parte do intestino delgado e cecos.
Koch (1973) detalhou que esta supre apenas o
jejuno, íleo e parte proximal dos cecos.
Logo após sua origem, de acordo com
Nickel et al. (1977), ela emite a artéria ileocecal,
o que também é relatado por Araújo et al. (1997),
Silva et al. (1999) e Campos et al. (2000/2001).
Getty (1986) acrescentou ainda a possibilidade de
haver a emissão de uma ou mais artérias ileocecais.
Pinto et al. (1998) constataram que nas proximidades da junção ileocecocólica, ela subdivide em 3
ramos, o primeiro destinado a mesma junção, as
porções craniais dos cecos e segmento final do íleo,
o segundo ao jejuno e o terceiro irriga as porções
média e caudal do ceco direito e íleo. Enquanto
que Baumel et al. (1979) mecionaram que a mesma
fornece as artérias jejunais, ileais e ileocecal.
Em relação à origem da artéria mesentérica
caudal, Schwarze; Schröder (1970) e Sisson; Grossman (1975) citaram que é o último ramo ímpar da
artéria aorta, sendo que Schwarze; Schröder (1970)
e Pinto et al. (1998) ainda complementaram que a
sua origem se dá ao nível do extremo caudal dos
rins. Baumel et al. (1979), Getty (1986), Campos
et al. (2001), Severino et al. (2001) e Silva et al.
(2001) relataram que logo após sua origem, esta
se divide em dois ramos, denominados de cranial
e caudal.
No que diz respeito à distribuição da artéria
mesentérica caudal, Schwarze; Schröder (1970)
relataram que os seus ramos irrigam o terço caudal
do intestino grosso, a cloaca e a bolsa cloacal. Para
Sisson; Grossman (1975), ela vasculariza o cólon,
cecos e a cloaca. Baumel et al. (1979) descreveram-na cedendo através de seu ramo cranial, os
ileais; e do ramo caudal os retais, os cloacais e a
artéria bursal. Getty (1986) afirmou que a mesma
divide-se em dois ramos iguais; o cranial segue o
mesorreto, emitindo ramos para a parte cranial do
reto, raízes dos cecos, parte distal do íleo e o ramo
caudal estende-se até a metade caudal do reto.
Segundo Dyce et al. (1997), a artéria mesentérica caudal cede ramos para a bolsa cloacal
e intestinos. Santana et al. (2000) citaram que o
vaso envia um ramo cranial para o cólon e o reto,
e um ramo caudal para o reto e a cloaca. Silva et
al. (2001) informaram que irriga o reto e a cloaca,
sendo que em alguns casos tambem a porção final
do íleo, cecos direito e esquerdo e a bolsa cloacal.
Campos et al. (2000/2001) e Severino et al. (2001)
acrescentaram que a artéria citada emite ramos
para o íleo, ceco, reto e cloaca, podendo ainda
irrigar a bolsa cloacal. Pinto et al. (1998) afirmaram
que o referido vaso divide-se em dois ramos, um
cranial que, por sua vez, emite dois vasos menores
para o mesorreto e um ramo que se anastomosa
com o vaso destinado ao cólonreto, originado da
artéria mesentérica cranial. Além do ramo cranial, a
artéria mesentérica caudal origina um ramo caudal
que vasculariza a porção terminal do reto, a bolsa
cloacal e a cloaca.
A presença de anastomoses entre ramos
da artéria mesentérica cranial é destacada por
Schwarze; Schröder (1970), Baumel et al. (1979),
Pinto et al. (1998), Severino et al. (2001) e Silva
et al. (2001).
Santana et al. (2000) verificaram a presença de anastomoses entre as artérias mesentéricas
cranial e caudal, as mesmas foram descritas por
Schwarze; Schröder (1970), Baumel et al. (1979),
Pinto et al. (1998), Sampaio et al. (2001), Silva et
al. (2001) e Campos (2002).
Objetiva-se assim, pesquisar as origens e
distribuições das artérias mesentéricas cranial e
caudal em aves (Gallus gallus) da linhagem Dekalb
White.
MATERIAL E MÉTODOS
Para realização deste trabalho utilizou-se
30 exemplares da espécie Gallus gallus, linhagem
Dekalb White, obtidos após mortes naturais, com
idades aproximadas de sete a oito semanas em
criatórios do município de Uberlândia-MG.
Após o óbito natural das aves, a artéria
isquiádica esquerda foi canulada para injeção de
solução marcadora de vasos sanguíneos, a 50% de
Neoprene látex “450” (Du pont do Brasil. Indústrias
Químicas. São Paulo – SP), corada com pigmento
específico (Globo S/A Tintas e Pigmentos). Em
seguida, fixou-as em solução aquosa de formol a
10%, mediante aplicações intramusculares, subcutâneas e intracavitárias, sendo posteriormente,
mantidas submersas na mesma solução, tendo
como intervalo mínimo para dissecação o período
de 48 horas.
Na dissecação das artérias mesentéricas
cranial e caudal utilizou-se instrumentos cirúrgicos
adequados, auxiliados, quando necessário, pelo
campo visual de uma lupa monocular tipo Wild (l0X).
Subsequentemente às dissecações,
registraram-se a origem, o número e a distribuição
das artérias mesentéricas cranial e caudal em esquemas representativos de cada espécime.
Análises descritivas dos dados foram utilizadas com o intuito de verificar diferenças entre
eles.
SILVA, F. O. C. E, VASCONCELOS, B. G., MIRANDA, R. L. DE, PEREIRA, C. C. H., HONORATO, A. DAS G. DE O., LIMA, E. M. M.
DE, SANTANA, J. A., BONATO, G. L., RESENDE, G. G. N.
65
A nomenclatura adotada para descrição
dos resultados foi a Nomina anatomica avium
(1979).
RESULTADOS
A artéria mesentérica cranial originou-se
ventralmente da aorta descendente, caudalmente
à artéria celíaca em 96,66% das aves. Em um caso
(3,33%) ela surgiu do tronco celíacomesentérico.
A artéria ileocecal foi o primeiro ramo emitido pela mesentérica cranial que distribuiu-se no íleo
e cecos direito e esquerdo, variou numericamente
de dois a 14 ramos, sendo que três (16,66%), quatro, cinco e seis (13,33%), dois e oito (10%), nove
e dez (6,66%), 11, 12 e 14 (3,33%). Em 3,33%
das aves, os ramos ileais e cecais foram emitidos
diretamente da artéria mesentérica cranial.
A seguir a artéria mesentérica cranial enviou ao longo de sua face lateral direita as artérias
jejunais, que variaram de seis a 19, sendo nove
(20%), 14 (16,66%), 12 (13,33%), 11, 17 (10%),
seis, oito (6,66%), sete, dez, 13, 15 e 19 ramos
(3,33%).
As artérias ileais surgiram da face lateral
esquerda da mesentérica cranial e variaram de um
a cinco ramos, sendo três (53,33%), dois (30%),
um, cinco (6,66%) e quatro (3,33%).
A artéria mesentérica caudal emergiu do
terço caudal da aorta descendente e dividiu-se em
ramos cranial e caudal. O primeiro ramo emitiu
vasos ao reto, que variaram de um a cinco, sendo
um (66,66%), cinco (16,66%), quatro (13,33%) e
três (3,33%). O ramo caudal enviou os seguintes
colaterais: retal (100%), cloacal (90%) e bursocloacal (10%). O primeiro irrigou o reto, que variou
de um a três ramos, sendo que um (56,66%), dois
(30%) e três (13,33%); o segundo distribuiu-se na
cloaca e oscilou de um a três ramos, sendo que
um (51,85%), dois (29,62%) e três (18,51%); e o
terceiro enviou ramos à bolsa cloacal em três casos,
sendo variaram de um a dois, sendo dois (66,6%)
e um (33,3%).
Encontrou-se em 33,33% dos exemplares,
anastomoses entre as artérias mesentérica cranial
e o ramo cranial da mesentérica caudal.
Figura 1. Esquema representativo das origens e distribuições das artérias mesentéricas cranial e caudal em Gallus gallus da Linhagem
Dekalb White, sendo A – aorta descendente, B – artéria tronco celíacomesentérico, C – artéria mesentérica cranial, D – artéria
ileocecal, E – artéria ileal, F - artérias jejunais, G – artéria mesentérica caudal, H – ramo cranial, I – ramo caudal, J – ramo
retal, L – ramo cloacal, M – ramo bursocloacal e N – anastomose entre a artéria mesentérica cranial e o ramo cranial da
artéria mesentérica caudal.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 63-68, jul./dez. 2010
66
DISCUSSÃO
A origem da artéria mesentérica cranial
deu-se ventralmente à aorta descendente, logo
após a origem da artéria celíaca, em 96,66% das
aves, o que coaduna com as observações feitas por
Ede (1965), Schwarze; Schröder (1970), Nickel et
al. (1977), Getty (1986), Dyce et al. (1997), Santana
et al. (2000), Campos et al. (2000/2001), Severino
et al. (2001) e Silva et al. (2001). Na presente investigação constatou-se ainda a sua origem do tronco
celíacomesentérico em 3,33% das aves estudadas.
Em relação às regiões irrigadas pela referida
artéria, Getty (1986), Pinto et al. (1998), Silva et al.
(1999) e Campos (2002) mencionaram que a mesma
irrigou a maior parte do intestino delgado e cecos,
não dando ênfase às respectivas regiões do intestino
delgado. Sobre este aspecto, concordamos com os
relatos de Koch (1973) que citou o jejuno, íleo e parte
proximal dos cecos por ela irrigados.
Logo após sua origem, de acordo com
Nickel et al. (1977), ela emitiu a artéria ileocecal,
sendo relatada por Araújo et al. (1997), Silva et al.
(1999) e Campos et al. (2000/2001) o que está em
acordo com nossos achados. Getty (1986) mencionou ainda, a possibilidade de haver a emissão
de mais de uma artéria ileocecal, fato este não
encontrado nas aves estudadas. Acrescentamos
ainda, o fato de haver uma irrigação para o íleo e
cecos diretamente da artéria mesentérica cranial, o
que verificou-se em 3,33% dos exemplares.
Pinto et al. (1998) relataram que nas proximidades da junção ileocecocólica, a artéria mesentérica cranial subdivide-se em 3 ramos, o primeiro
destinado a esta junção, as porções craniais dos
cecos e segmento final do íleo, o segundo ao jejuno
e o terceiro às porções média e caudal do ceco
direito e íleo. Enquanto que Baumel et al. (1979)
mencionaram que as mesmas fornecem as artérias
jejunais, ileais e ileocecal, com o que concordamos.
Quanto à origem da artéria mesentérica
caudal, Schwarze; Schröder (1970) e Sisson; Grossman (1975) citaram que é o último ramo ímpar da
artéria aorta, sendo que Schwarze; Schröder (1970)
e Pinto et al. (1998) ainda complementaram que a
sua origem se dá no nível do extremo caudal dos
rins no terço caudal da artéria aorta descendente.
Baumel et al. (1979), Getty (1986), Campos et al.
(2000/2001), Severino et al. (2001) e Silva et al.
(2001) relataram que ela se divide-se em dois ramos cranial e caudal, o que também foi observado
na presente investicação.
No que diz respeito à distribuição da artéria
mesentérica caudal, Schwarze; Schröder (1970)
relataram que os seus ramos irrigam o terço caudal do intestino grosso, a cloaca e a bolsa cloacal.
Para Sisson; Grossman (1975), ela irriga o cólon,
cecos e a cloaca. Dyce et al. (1997) relataram que
a artéria mesentérica caudal cede ramos para a
bolsa cloacal e intestinos. Baumel et al. (1979)
mencionaram-na fornecendo através de seu ramo
cranial, os ramos ileais; e do ramo caudal os ramos
retais, cloacais e a artéria bursal. Getty (1986)
afirmou que ela divide-se em dois ramos; o cranial
segue o mesorreto, emitindo ramos para a parte
cranial do reto, raízes dos cecos, parte distal do íleo
e o ramo caudal estendeu-se até a metade caudal
do reto. Não constatamos ramos para o íleo, cólon
e cecos nos animais estudados.
Segundo Santana et al. (2000), a artéria
mesentérica caudal enviou um ramo cranial para
o cólon e o reto, e um ramo caudal para o reto e a
cloaca. Silva et al. (2001) informaram que a mesma irriga o reto e a cloaca, sendo que em alguns
casos também a porção final do íleo, cecos direito
e esquerdo e a bolsa cloacal. Para Campos et al.
(2000/2001) e Severino et al. (2001), a referida
artéria emite ramos para o íleo, ceco, reto e cloaca, podendo ainda, irrigar a bolsa cloacal. Pinto et
al. (1998) afirmaram que este vaso divide-se em
dois ramos, um cranial que, por sua vez, emite
dois vasos menores para o mesorreto e ainda, um
ramo que se anastomosa com o vaso destinado ao
cólonreto, originado da artéria mesentérica cranial e
o ramo caudal que vasculariza a porção terminal do
reto, a bolsa cloacal e a cloaca. Em nosso estudo
foi observado que o ramo cranial irriga apenas o
reto, já o caudal mostra-se com um comportamento
semelhante ao descrito por Pinto et al. (1998), que
envia ramos retal (100%), cloacal (90%) e bursocloacal (10%).
A presença de anastomoses entre ramos
da artéria mesentérica cranial foi destacada por
Schwarze; Schröder (1970), Baumel et al. (1979),
Pinto et al. (1998), Severino et al. (2001) e Silva
et al. (2001). Santana et al. (2000) especificaram
a presença de anastomoses entre as artérias mesentéricas cranial e caudal, as quais também foram
descritas por Schwarze; Schröder (1970), Baumel
et al. (1979), Pinto et al. (1998), Sampaio et al.
(2001), Silva et al. (2001) e Campos (2002), o que
também foi constatado nos exemplares estudados
em 33,33%.
CONCLUSÕES
A artéria mesentérica cranial originou-se
ventralmente da aorta descendente, caudalmente à
SILVA, F. O. C. E, VASCONCELOS, B. G., MIRANDA, R. L. DE, PEREIRA, C. C. H., HONORATO, A. DAS G. DE O., LIMA, E. M. M.
DE, SANTANA, J. A., BONATO, G. L., RESENDE, G. G. N.
67
emissão da artéria celíaca e distribuiu-se no jejuno,
íleo e cecos;
a artéria mesentérica caudal originou-se
do terço caudal da aorta descendente e dividiu-se
em ramos cranial e caudal, o primeiro direcionado
ao reto e o segundo ao reto, íleo, cloaca e bolsa
cloacal;
ocorreram anastomoses entre a artéria
mesentérica cranial e o ramo cranial da mesentérica caudal.
Origin and distribution of the cranial and caudal
mesenteric arteries in fowls (gallus gallus) of
the dekalb white lineage
ABSTRACT
This study evaluated 30 specimens of the species
Gallus gallus of the Dekalb White lineage of seven
to eight weeks of age, obtained from natural deaths
and from farms in the municipality of Uberlândia-MG, in order to describe the origins and distributions of the cranial and caudal mesenteric arteries.
The arterial vascular system was injected with
aqueous solution 50% of Neoprene Latex “450”,
via left sciatic artery and the fowls were dissected
after 48 hours fixation in 10% formalin. The cranial
mesenteric artery originated from the ventral aorta,
caudal to the origin of the celiac artery and distributed in the jejunum, ileum and cecum. The caudal
mesenteric artery originated from the caudal third
of the descending aorta and divided into cranial and
caudal branches. The first distributed on the rectum
and the second in the rectum, ileum, cloaca and
cloacal bursa. Anastomoses occurred between the
cranial mesenteric artery and the cranial branch of
the caudal mesenteric artery.
Keywords:
vascularization, mesenteric arteries,
birds.
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69
USO DE MEDICAMENTOS SEM PRESCRIÇÃO MÉDICO-VETERINÁRIA-COMUNICAÇÃO
Ana Maria Quessada1, Rubsauberes Leite de Carvalho2, Roseli Pizzigatti Klein3, Filipi Alexandre do
Nascimento Silva4, Luciano Santos da Fonseca5, Dayane Francisca Higino Miranda6,
Severino Cavalcante de Sousa Júnior7
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo diagnosticar a ocorrência de medicação sem prescrição
médico-veterinária em animais pela população do
bairro Buenos Aires em Teresina-PI. Foram realizadas 94 entrevistas com proprietários de cães e
gatos observando-se que 75,33% dos proprietários nunca levou o animal ao médico veterinário.
Todas as pessoas entrevistadas consideraram o
seu animal como membro da família, e 86,17%
afirmaram acreditar que os animais compartilham
os mesmos sentimentos dos seres humanos. Em
relação à administração de medicamentos, 37,23%
dos animais nunca haviam recebido medicamentos,
seja por conta do proprietário, seja por indicação de
médico veterinário. Dos 62,76% animais medicados, 86,44% receberam medicação sem orientação
profissional e apenas 13,56% foram medicados
com prescrição veterinária. Conclui-se que no bairro
Buenos Aires (zona norte de Teresina-PI) há um
grande índice de uso indiscriminado de medicamentos, sem orientação médico-veterinário. Desta
forma, verifica-se necessidade de implantação de
programas educacionais no bairro e no município.
Palavras-chave: médico veterinário, medicamento,
pequenos animais.
TEXTO
A automedicação é um procedimento
caracterizado fundamentalmente pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em
obter ou produzir e utilizar um produto que
acredita lhe trará benefícios no tratamento de
1
2
3
4
5
6
7
doenças ou alívio de sintomas (PAULO; ZANINE, 1988). O uso inadequado de medicamento
pode ter como consequência efeitos indesejáveis,
enfermidades iatrogênicas e mascaramento de
doenças evolutivas, representando, portanto,
problema a ser prevenido. O risco dessa prática
está correlacionado com o grau de instrução e
informação dos usuários sobre medicamentos
(CAMPOS et al., 1985).
Os prejuízos mais frequentes decorrentes
da prática da administração de medicamentos
sem prescrição são gastos supérfluos, atraso no
diagnóstico e na implementação de terapêutica
adequada, reações adversas, intoxicações e confusão entre sintomatologias que ficam mascaradas,
criando novos
A situação da utilização de medicamentos
sem orientação profissional em Medicina Veterinária
é praticamente desconhecida e com poucos relatos
(LEITE et al., 2006; MELLO et al., 2008). No entanto, infere-se que a administração de medicamentos
aos animais, sem prescrição médico-veterinária,
pelos proprietários também é um problema comum,
já que a automedicação é praticada frequentemente
pela população humana de maneira geral (AQUINO, 2008). Objetivou-se com este trabalho registrar
a ocorrência da administração de medicamentos
sem orientação profissional em cães e gatos em
um bairro carente do município de Teresina-PI.
Durante uma Ação Social em Medicina Veterinária
no bairro Buenos Aires, localizado na zona norte
do Município de Teresina-PI, no dia 21 de abril de
2009, procedeu-se à aplicação de um questionário
(Figura 1) a 94 proprietários de caninos e felinos,
bem como atendimento clínico e orientação sobre
os cuidados necessários à criação de animais de
estimação.
Médica Veterinária. Doutora. Professora Associada. Departamento de clínica e cirurgia veterinária (DCCV). Centro de Ciências
Agrárias(CCA). Universidade Federal do Piauí (UFPI). 64049550, Teresina, PI. [email protected].
Médico Veterinário. Autônomo.
Médica Veterinária. Doutora. Professora Adjunta. DCCV. CCA-UFPI.
Médico Veterinário. Mestrando. Programa de Pós-graduação em Ciência Animal-UFPI.
Médico Veterinário. Doutorando. Programa de Pós-graduação em Ciência Animal-UFPI.
Médica Veterinária. Residente. Hospital Veterinário-UFPI.
Zootecnista. Professor Adjunto-UFPI.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 69-71, jul./dez. 2010
70
1. O senhor considera seu animal como membro da família?
SIM
NÃO
2. O senhor acha que seu animal tem sentimentos parecidos com os seus?
SIM
NÃO
3. Seu animal já foi consultado por médico veterinário?
SIM
NÃO
4.O seu animal já tomou remédio caseiro?
SIM
NÃO
5. Quem indicou?
Médico veterinário
Outros
6. O seu animal já tomou algum medicamento de laboratório?
SIM
NÃO
7. Quem indicou?
Médico veterinário
Outros
O senhor medica ou medicou seu animal por conta própria?
SIM
NÃO
Figura 1. Questionário sobre o uso de medicamentos sem prescrição médico-veterinária em cães e gatos no bairro Buenos Aires em
Teresina-PI, no dia 21 de abril de 2009.
A análise estatística dos dados coletados
constou de estatística descritiva mediante determinação das frequências percentuais observadas
das categorias das variáveis.
Dos noventa e quatro entrevistados apenas
23 (24,46%) haviam levado seu animal ao médico
veterinário. Deste dado infere-se que os moradores
do bairro não consideram importante consultar um
profissional para criar o seu animal de estimação
ou não possuem condições financeiras para tal.
Embora não tenham o hábito de consultar
o médico veterinário, a população do bairro Buenos
Aires em Teresina-PI considera que o seu animal de
estimação faz parte da família e 86,17% afirmam
que os animais compartilham os mesmos sentimentos dos seres humanos. Esta postura introduz mudanças no cotidiano das pessoas criando-se novos
conceitos familiares com os animais de estimação
inseridos na concepção moderna de família. Desta
forma, os serviços médicos veterinários deverão
rever suas abordagens para se ajustar aos novos
tempos (FARACO; SEMINOTTI, 2004).
Em relação à administração de medicamentos, seja caseiro ou laboratorial, 62,76% dos
animais já tinham sido medicados e 37,23% nunca
receberam medicamentos seja por conta do proprietário ou por indicação de um médico veterinário.
Dentre estes medicamentos estão incluídos vacinas
e vermífugos. Desta forma, observa-se que muitos
moradores do bairro não estão informados a respeito de zoonoses, grave problema de saúde pública,
especialmente em Teresina onde são alarmantes
os índices de ocorrência deste tipo de enfermidade. Por isso, considera-se urgente a adoção
de medidas de vigilâncias sanitária e ambiental,
planejamento urbano e programa de educação
em saúde voltados para a posse responsável de
animais (OLIVEIRA et al., 2008.).
Dos animais medicados, 86,44% receberam medicação sem orientação profissional,
demonstrando que o problema é comum não só
na medicina humana (AQUINO, 2008), mas também na veterinária (LEITE et al., 2006; MELLO et
al., 2008), reforçando a idéia de que os animais,
considerados membros da família, estão sujeitos ao
mesmo tratamento destinado aos seres humanos
(AQUINO, 2008). O fato de que apenas 13,56%
dos animais medicados tiveram indicação veterinária demonstra o descaso com a saúde animal,
seja por questão cultural ou financeira. Como a
saúde animal reflete na saúde humana, reforça-se
a necessidade de campanhas educacionais para
melhorar a situação da saúde pública em Teresina
(OLIVEIRA et al., 2008).
Diante dos resultados obtidos com o
questionamento dos proprietários de animais de
estimação, e dos riscos da administração de medicamentos sem prescrição médico-veterinária,
verifica-se que há necessidade de implantação
de programas educacionais, de saúde animal e
de saúde pública com acesso a informações e
serviços pela população do bairro e do município,
melhorando os indicadores de saúde pública em
Teresina-PI.
QUESSADA, A. M., CARVALHO, R. L. DE, KLEIN, R. P., SILVA, F. A. DO N., FONSECA, L. S. DA, MIRANDA, D. F. H., JÚNIOR, S.
C. DE S.
71
Use of medicines without veterinary prescription
- communication
ABSTRACT
This study aimed to diagnose the occurrence of the
use of medication without a veterinary prescription
in animals by the population of Buenos Aires district,
Teresina-PI. 94 interviews were conducted with owners of dogs and cats. It was observed that 75.33%
of owners never took the animal to the veterinarian.
All respondents considered their pet as a family
member, and 86.17% said they believe the animals
share the same feelings of human beings. In relation
to the administration of medicines, 37.23% of the
animals had never received medication, both on
its own owner, whether an indication of veterinary
practitioner. 62.76% of the treated animals, 86.44%
received medication without professional guidance
and only 13.56% were treated with veterinary prescription. It was concluded that the Buenos Aires
district (north of Teresina-PI) has a high rate of
indiscriminate use of medication without guidance
from veterinary practitioner. Thus, there is a need
to implement educational programs in the district
and the city.
Keywords: veterinary, medicine, small animals.
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Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 69-71, jul./dez. 2010
73
VIABILIDADE DA PUNÇÃO BIÓPSIA ASPIRATIVA POR AGULHA FINA, EM TESTÍCULOS DE
CÃES (Canis familiaris- LINNAEUS, 1758) COMO MÉTODO AUXILIAR DE DIAGNÓSTICO
Guilherme Nascimento Cunha1, Marcelo Emilio Beletti2, Karine Pena Fayad3, Wilter Ricardo Russiano
Vicente4
RESUMO
Objetivou-se avaliar a viabilidade do uso de biópsia
por punção aspirativa por agulha fina (PAAF) em
testículos de cães, como técnica auxiliar na realização de diagnóstico.Foram utilizados 20 cães
machos, adultos, hígidos, distribuidos em 4 grupos
com 5 animais cada: Ga, Gb, Gc e Gd sendo orquiequitocmizados respectivamente 3, 7, 14 e 62
dias após a biópsia. Submeteu-se o material colhido
pela PAAF à avaliação citológica, e o parênquima
testicular proveniente da orquiectomia submetido
à histopatologia. Foi identificado os seguintes tipos
celulares: espermatogônias (4,74%), espermatócitos (5,57%), espermátides (42,10%), espermatozóides (7,00%), células de Sertoli (11,23%) e células
não identificadas (5,73%). Na histopatologia a
PAAF revelou pequena área de lesão hemorrágica
e reação inflamatória com degeneração testicular
nos primeiros dias, seguido de cicatrização tecidual
aos 62 dias. A amostra direcionada para citologia
e histologia, demonstrou ser quantitativamente
e qualitativamente suficiente para o diagnóstico.
As alterações histopatológicas encontradas nos
diferentes momentos mostraram uma evolução
transitória, finalizando com cicatrização e recuperação do parênquima testicular. O uso da biópsia
por agulha fina demostrou ser pouco traumática,
sendo pois recomendada em procedimentos de
rotina na clínica médica veterinária.
Palavras-chave: punção, biópsia por agulha fina,
testículo, cão.
INTRODUÇÃO
glândulas hipófise e adrenais, obstruções dos ductos deferentes, podendo esta ser congênita, pós-cirúrgica ou inflamatória (JOHNSTON et al., 2001).
A avaliação da fertilidade no homem e
nos animais domésticos pode ser realizada por
exame clínico, características sexuais secundárias,
avaliação seminal, determinação de anticorpos,
dosagens hormonais, ultra-sonografia e biópsia
testicular (AL-JITAWI et al., 1997; CRAFT et al.,
1997; MANSOUR et al., 1999).
Segundo Pianton et al. (1985) uma alternativa a biópsia testicular na investigação das
afecções reprodutivas é a biópsia por punção aspirativa com agulha fina (PAAF), porém tem sido
pouco utilizada desde sua publicação original por
Huhner (1928).
A biópsia aspirativa, considerada como
excelente procedimento para diagnóstico de infertilidade no homem, é pouco difundida na prática
veterinária (MANSOUR et al.,
1999; ZAHN et al., 1999). Nota-se que as
investigações clínicas na infertilidade de machos
caninos são limitadas, não sendo possível ao
clínico realizar diagnóstico preciso (DAHLBOM et
al., 1997).
Mais recentemente a citologia testicular
obtida por aspiração tem sido utilizada como
método auxiliar no diagnóstico clínico em casos
de azoospermia e afecções testiculares em cães
(DAHLBOM et al., 1997; LEME; PAPA, 1997),
equinos (MANSOUR et al., 1999), lhamas (HEATH
et al., 2000) e em onça pintada (PAZ et al., 2003).
O presente estudo visa avaliar como método auxiliar de diagnóstico, em testículos de cães,
a biópsia por punção aspirativa com agulha fina
(PAAF).
A infertilidade no cão pode ser devida a
etiologias testiculares ou não. As que não tem
origem gonodal podem decorrer de alterações nas
1
2
3
4
Médico Veterinário. Doutorando. Professor. Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM, Rua Diógenes de Morais, 190, Bairro
Cazeca, Uberlândia- MG. [email protected].
Médico Veterinário. Doutor. Professor Associado. Instituto de Ciências Biomédicas(ICB). Universidade Federal de Uberlândia(UFU).
Acadêmica. Faculdade de Medicina Veterinária(FAMEV) Univesidade Federal de Uberlândia (UFU).
Médico Veterinário. Doutor. Professor Titular. UNESP-Campus de Jaboticabal.
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 73-79, jul./dez. 2010
74
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 20 cães machos, adultos,
da espécie canina, sem predileção por raça, provenientes da Associação de Proteção aos Animais
de Uberlândia (APA), sendo considerados hígidos
após exames clínico e laboratorial (hemograma,
bioquímica e urinálise). Realizaram-se todos os
procedimentos (biópsia e orquiectomia) nas dependências do Hospital Veterinário da Universidade
Federal de Uberlândia (UFU). Distribuíram-se os
cães em quatro grupos experimentais, com cinco
animais em cada: Ga, Gb, Gc e Gd sendo orquiequitocmizados respectivamente 3, 7, 14 e 62 dias
após a biópsia.
Utilizou-se como medicação pré-anestésica
a acepromazina e buprenorfina, por via intramuscular, nas doses de 0,025/Kg e 0,01mg/Kg, respectivamente. Todos os animais foram submetidos à
anestesia dissociativa, pela aplicação de 5mg/Kg
de tiletamina associado a 5 mg/Kg de zolazepam
(Zoletil®50), por via intramuscular.
Manteve-se o testículo entre os dedos indicador e polegar. Foi utilizada agulha (BD, Curitiba-PR) de 22G (0,70X25mm) adaptada a uma seringa
(Industrias Cirúrgicas Ltda, Ourinhos-SP) de 20mL,
perfurando a cútis do escroto e demais lâminas até
atingir o parênquima testicular. Fez-se a punção no
terço médio da borda livre do testículo. A agulha
acoplada a seringa foi movimentada cranialmente e
caudalmente, com o êmbolo tracionado, promovendo a formação de vácuo, perfazendo cinco punções.
Ao final do procedimento fez-se uma pressão digital
suave no local da aspiração (ROSENLUND et al.,
1998; LEME; PAPA, 1999).
A técnica cirúrgica da orquiectomia foi a
descrita por Crane (1996). Após a cirurgia, retirou-se
com bisturi as extremidades capitata e caudata, bem
como as faces lateral, medial e borda epididimária
dos testículos. Estes foram então devidamente identificados, seguido de sua imersão em solução de Buin
por 24 horas, e processados para análise histológica.
Dividiu-se o material aspirado em três lâminas, para microscópio 26x76mm, devidamente
CUNHA, G. N., BELETTI, M. E., FAYAD, K. P., VICENTE, W. R. R.
identificadas, e secas à temperatura ambiente.
Sendo fixadas e coradas pela técnica de May-Grunwald-Giensa.
As três lâminas foram avaliadas contando-se randomicamente um total de 100 células em
cada, utilizando-se para leitura a mesma microscopia de luz na objetiva de 100x. Avaliou-se a
presença de hemácias e leucócitos utilizando-se
um escore de zero a três cruzes, conforme a quantidade presente nas mesmas.
Depois de fixado seguiu-se os processos
de desidratação em álcool, diafanização por xilol
e inclusão em parafina. Posteriormente, fez-se
cortes de 5μm e coloração com HE para avaliação
do processo inflamatório.
As lâminas foram submetidas a avaliação
descritiva observando-se os seguintes parâmetros:
área de lesão, hemorragia, células mononucleares,
células polimorfonucleares, destruição mecânica de
túbulos seminíferos, presença de fibras colágenas
(fibrose) e degeneração testicular. Para tal, utilizou-se microscopia de luz na objetiva de 10x e 40x.
Para a análise estatística aplicou-se o teste
paramétrico T de Student e não paramétrico de
Kruskal-Wallis para encontrar possíveis diferenças
significativas (p<0,05) (FLEMING; HARRINGTON,
1991).
RESULTADOS
A média percentual da contagem de células
obtidas na PAAF foi: espermatogônias (4,74%),
espermatócitos (5,57%), espermátides (42,10%),
espermatozóides (7,00%), Sertolis (11,23%) e
células não identificadas (5,73%) (Figura 1). Das
120 lâminas obtidas 51 (42,5%) observou-se a cor
vermelho intenso, devido à presença de eritrócitos
(contaminação), o que dificultou a avaliação. Não foi
possível realizar a leitura em 24 (20%) destas por
terem poucas células; 18 (15%) por contaminação
e 5 (4,1%) por não estarem coradas.
75
Figura 1. Fotomicrografia de células obtidas por biópsia, com agulha fina (PAAF) em testículos de cães. A- nota-se: espermatócito
(Es); espermátide primária (S1) B- espermatozóide (Sptz) C- espermatogônia (Sg); espermátide primária (S1); espermátide
secundária (S2); hemácia (Hm) D- espermatogônia (Sg); células de Sertoli (Sc) E- campo repleto de hemácias (A a D - barra
corresponde a 30 μm; E – barra corresponde a 75μm).
Após a punção, o material coletado foi
dividido em três lâminas. Quando se comparou a
quantidade de células encontradas para verificar a
homogeneidade da amostra, não foi observada diferença significativa (p>0,05) para os tipos celulares
espermatogônias, espermátides, espermatozóides,
Sertolis e células não identificadas. Já referente aos
espermatócitos foi observado diferença (p<0,05) na
distribuição do material celular colhido apenas entre
a primeira e última lâmina (Tabela 1) e em relação
às hemácias e leucócitos não houve diferenças
estatísticas (p>0,05).
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 73-79, jul./dez. 2010
76
Tabela 1. Médias e desvios padrão do número de células da linhagem germinativa e de Sertoli obtidas por punção biópsia com agulha
fina em testículos de cães, Jaboticabal-SP, 2008.
*
Células
Lâmina 1
Lâmina 2
Lâmina 3
Espermatogônia
6,14 ± 7,08ª
8,15 ± 17,30a
8,99 ± 18,57ª
Espermatócito
6,74 ± 1 0,42ª
13,45 ± 9,29 a,b
4,91 ± 9,29b
Espermátide
54,39 ± 14,97a
53,73 ± 19,75ª
54,72 ± 17,89 a
Espermatozóide
9,08 ± 9,50ª
7,64 ± 7,94ª
9,98 ± 11,15ª
Sertoli
14,43 ± 9,20ª
15,93 ± 11,99ª
14,34 ± 8,63ª
Células não identificadas
8,21 ± 4,84ª
7,05 ± 5,34a
7,03 ± 5,94a
Valores seguidos de letras minúsculas diferentes na mesma linha são estatisticamente diferentes (p<0,05).
Nos achados histológicos do grupo 1,
grupo Ga (3 dias pós biópsia) observou-se lesões
mecânicas não bem delimitadas provocadas pela
introdução da agulha, onde as áreas destruídas
e adjacentes mostraram-se hemorrágicas (Figura
2B), com destruição de túbulos seminíferos e li-
beração de células germinativas para o interstício
testicular em 70% dos testículos avaliados (Figura
2B). Observou-se infiltrado de células inflamatórias
mono e polimorfo nucleares, no local da lesão e
adjacente a esta.
Figura 2. Corte histológico transversal (HE) de testículo de cão coletado no sétimo dias após a biópsia com agulha fina. A - nota-se processo
degenerativo testicular por presença de células gigantes multinucleadas no interior dos túbulos seminíferos (Gi), B – presença
de células germinativas no interstício (Ge), devido destruição dos túbulos seminíferos com hemorragia (h). C - área hemorrágica
(h) com destruição e degeneração dos túbulos seminíferos (T). D - área de infiltrado de células mono e polimorfonucleares (A e
B - barra corresponde a 75 μm. C e D - barra corresponde a 300 μm).
CUNHA, G. N., BELETTI, M. E., FAYAD, K. P., VICENTE, W. R. R.
77
Já referentes ao grupo Gb (7 dias pós biópsia) notou-se que 30% dos testículos revelaram
a presença de fibroblastos na área de lesão, com
início de formação de tecido conjuntivo e processo
de cicatrização. Observaram-se neste local túbulos
seminíferos destruídos (Figura 2C), sendo que 10%
dos casos com degeneração testicular (Figura 2A).
Já as células germinativas no interstício mostraram-se reduzidas, cerca de 10%, decorrentes do processo de cicatrização e reorganização tecidual.
Hemorragia facilmente observada, devido a sua
extensão, presente em 50% dos casos; e o infiltrado
de células inflamatórias (Figura 2D) manteve-se
constante.
No grupo Gc (14 dias pós biópsia) não
verificou-se áreas hemorrágicas, e processo de
cicatrização, com aumento na quantidade de fibroblastos levando a formação de fibras colágenas
(cicatriz), estando este em processo de reorganização. Evidenciou-se ainda, presença de túbulos
seminíferos lesionados mecanicamente, mostrando
em apenas um caso alterações características de
processo degenerativo. Na região da lesão e adjacente a esta registrou-se discreta presença de
células germinativas no interstício, bem como de
células inflamatórias, ambas em 30% dos casos.
Já o grupo Gd (62 dias pós biópsia) os
locais biopsados encontraram-se já cicatrizados
com fibras colágenas organizadas, e poucos fibroblastos. Os túbulos seminíferos destruídos remanescentes revelaram alterações de degeneração
testicular, em 10% dos testículos avaliados, estando
os túbulos envolvidos por fibras colágenas. Notou-se em um caso, área de reabsorção do coágulo
com formação de fibrina e fibras colágenas (fibrose), com grande infiltrado de células inflamatórias.
DISCUSSÃO
Referente às células encontradas no
aspirado observaram-se espermatogônias, espermatócitos, espermátides, espermatozóides, Sertolis e células não identificadas. Estes resultados
mostram similares aos de Gottschalk-Sabag et al.
(1993) em humanos, Leme; Papa (1997) em cães
e Leme; Papa (1999) em equinos, no entanto estes
autores subdividiram os espermatócitos e espermátides em primários e secundários, o que não foi
por nós adotado. Conforme Leme; Papa (1997) os
espermatócitos secundários são muito difíceis de
serem identificados devido à curta duração desta
fase celular.
Quanto a morfologia celular as espermatogônias mostraram-se com citoplasmas basófilos e
núcleos acidófilos arredondados. Nos espermatócitos primários observaram-se cordões de cromatina
fazendo o contorno do núcleo de forma irregular,
porém fortemente corado e acidófilo. Quanto às espermátides observou-se que as iniciais mostraram
núcleos e citoplasmas pouco densos sendo estes
levemente acidófilos e basófilos respectivamente.
Já as espermátides finais apresentaram núcleos
fortemente corados e alongados. Os espermatozóides presentes coraram-se em fraco tom roxo,
sendo que suas caudas em muitos casos não se
apresentaram-se coradas. As células de Sertolis
caracterizaram-se com núcleos isolados arredondados com cromatina granular e nucléolo bastante
visível. Achados estes similares aos de Gottschalk-Sabag et al. (1993) em humanos, Dahlbom et al.
(1997) e Leme; Papa (1999) em cães, Leme; Papa
(1999) e Mansour et al. (1999) em garanhões.
As células não identificadas no presente estudo
referem-se àquelas rompidas durante a produção
dos esfregaços, ou devido a aglomerado celular
intenso, não sendo possível a diferenciação celular.
Referente à análise quantitativa do esfregaço citológico, este mostrou-se viável por ser
possível identificar as linhagens celulares da espermatogênese. Quanto à distribuição celular nas
três laminas, os espermatócitos foram o único tipo
celular diferente, provavelmente decorrente de uma
possível distribuição desigual destas células, bem
como de sua identificação, sendo esta dificuldade
um dos fatores limitantes ao uso da citologia. De
acordo com Foresta et al. (1992), Mansour et al.
(1999) e Batra et al. (1999) o aumento do número
de células de Sertoli acima de um terço da linhagem
espermatogênica está relacionado a síndrome de
Sertoli, onde observa-se diminuição das células
espermatogênicas. Fato este não constatado na
presente investigação, o que se traduz na condição
normal de espermiogênese dos animais estudados.
Achados histopatológicos tais como hemorragia local, ruptura de túbulos seminíferos com
liberação de células germinativas para o interstício
foram observados também por Craft et al. (1997)
em humanos imediatamente após a biopsia. Leme;
Papa (1999) avaliando garanhões observaram que
em 35 dias pós biópsia apenas uma pequena região
de lesão com túbulos seminíferos irregulares e desorganizados compatíveis com degeneração, bem como
infiltrado de células inflamatórias mononucleares.
Já Mansour et al. (1999) encontraram uma semana
após o procedimento as mesmas alterações em garanhões, acrescido de fibrose tecidual; também nós
encontrada. Uma importante alteração verificada no
presente estudo foi que no período de 14 a 62 dias
Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 73-79, jul./dez. 2010
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após a biópsia, observou-se a presença de tecido
conjuntivo, que inicialmente estava desorganizado,
finalizando em um tecido organizado (cicatriz). Todas
essas modificações histopatológicas notadas nos diferentes grupos em momentos diferentes, mostraram
uma evolução transitória finalizando em cicatrização
e recuperação do parênquima testicular.
CONCLUSÕES
Conclui-se que a biópsia PAAF é uma técnica viável, pouco invasiva, de fácil execução, que
fornece material suficiente para análise e diagnóstico de doenças testiculares em cães.
Study of the viability of puncture biopsy by fine
needle aspiration in testicles of dogs (Canis
familiaris- LINNAEUS, 1758) as an auxiliary
diagnostic method
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the
viability of the use of the biopsies by fine needle
aspiration (PAAF) in testicles of dogs as an auxiliary
diagnostic method. Twenty healthy adult male dogs
were used in this study. They were distributed in
4 groups with 5 animals each (Ga, Gb, Gc e Gd)
and orchidectomized at 3, 7, 14 and 62 days after
biopsy, respectively. The sample collected by PAAF
was submitted to cytological evaluation, and the
testicular parenchyma samples from the orchiectomy subjected to histopathology. The following
cell types were identified: spermatogonia (4.74%),
spermatocytes (5.57%), spermatids (42.10%),
sperm (7.00%), Sertoli cells (11.23%) and unidentified cells (5.73%). Histopathology PAAF showed
small area of hemorrhagic lesion and inflammatory
reaction with testicular degeneration in the first days
followed by tissue healing at 62 days. The samples
obtained by the studied technique for cytology and
histology showed to be quantitatively and qualitatively sufficient to diagnostic. The histopathological
changes found throughout the case study showed
a transient evolution ending with healing and recovery of testicular parenchyma. The use of fine
needle biopsy has shown to be less traumatic and
is therefore recommended for routine procedures
in veterinary medicine.
Keywords:
puncture, biopsy by fine needle, testicle, dog.
CUNHA, G. N., BELETTI, M. E., FAYAD, K. P., VICENTE, W. R. R.
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Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 73-79, jul./dez. 2010
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forma:
Conforme Nigro (1972), a integração do tecido...
Fontes e Moreira (1988) observaram que...
Segundo Souza; Silva; Diniz (2002)...
Foi indicado por Campbell et al. (1973) o uso...
... reparo de tendões flexores de eqüinos (MOREIRA, 1970; FERNANDES et al., 1972; SCHIVER, 1980).
Até três autores é obrigatório a citação de todos eles. Quando mais de três autores citar o primeiro
seguido de et al.
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e Smelser (1980 citado por MORRINS et al., 1982) ou (IWAMOTO; SMELSER citado por MORRINS et al.,
1982). O trabalho onde foi retirada a citação: MORRINS et al. (1982), deverá constar na lista de referências
bibliográficas.
Toda citação feita no decorrer do texto deverá ser incluída na referência bibliográfica e todo item
referenciado deverá ser citado no texto.
REFERÊNCIAS
As referências bibliográficas incluídas no final de cada artigo devem estar em ordem alfabética de
autore0s, os títulos de periódicos devem ser mencionados todos por extenso e estar de acordo com normas
da ABNT – NBR6023: ago de 2002. Apenas nas entradas das referências mencionar todos os autores
(excluir et al.).
a) Citação de livro no todo
COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL (CBRA). Manual para exame andrológico e avaliação
de sêmen animal. 2. ed. Belo Horizonte, 1998. 49p.
SCHEBITZ, H.; BRASS, W. Cirurgia general veterinária. Buenos Aires: Hemisferio Sur, 1979. 530p.
CARVALHO, F. A. N.; BARBOSA, F. A., , McDOWELL, L. R. Nutrição de Bovinos a Pasto. Belo Horizonte:
Papelform, 2003. 428 p.
b) Capítulo de livro com autoria própria
GINGERICH, D. A. Pathophysiologic basis for fluid therapy. In: AMSTUTZ, H. E. Bovine medicine & surgery.
Santa Barbara: American Veterinary Publication, 1980. cap. 16, p. 805-816.
c) Capítulo de livro sem autoria própria
COSBY, P. C. Ética na pesquisa. In: ______. Métodos de pesquisa em ciências do comportamento.
Tradução de Paula Inez Cunha; Emma Otta. São Paulo: Atlas, 2003. p.51-79.
d) Artigo de periódico
PAHLAVANI, M. A.; VARGAS, D. A. Action-induced apoptosis in T cell from young and old fisher 344 rats.
International Archives of Allergy and Immunology, Basel, v. 22, n. 3, p. 182-189, July 2000.
e) Trabalhos apresentados em eventos (congressos, reuniões, etc)
BRANDÃO, A. C. F.; BARBOSA, G. V. S.; DE MIRANDA, E. C. Programas de luz no desempenho de frangos
de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41., 2004, Campo Grande.
Anais... Campo Grande: SBZ, 2004. CD-ROM.
f) Tese e dissertação
RODRIGUES, M. A. M. Resposta imune e modificações morfológicas de vilosidades intestinais de
leitões suplementados com probióticos. 2002. 96f. Tese (Doutorado em Alimentos e Nutrição) – Faculdade
de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
g) Boletim
MARUS, F. A. Produção de enlatados. São Paulo: Departamento de Produção Animal, 1962. 22p. (Boletim
técnico, 15).
h) Livro on-line
PARRISH, T. J. Teaching of the new testament on slavey. New York: J. H. Ladd, 1856. Disponível em: <
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i) Artigo de revista on-line
OLIVEIRA, M. M. N. F. de; TORRES, C. A. A.; VALADARES FILHO, S. C.; SANTOS, A. D. F.; PROPERI,
C. P. Uréia para vacas leiteiras no pós-parto: desempenhos produtivo e reprodutivo. Revista Brasileira de
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j) Citação de citação
Referir-se ao documento consultado, onde foi retirada a citação. (Ver: Citação dos autores no texto).
MORRINS, L. A.; WARRING, G. O.; SPANGLER, W. Oval lipid corneal opacities in Beagles: ultrastructure of
normal Beagle cornea. American Journal of Veterinary Research, Chicago, v. 43, n. 3, p. 443-453, 1982.
NOTAS
Explicativas (Tipo especificação do produto)
Devem ser reduzidas ao mínimo e colocadas em rodapé.
No texto:
Para fotografar foi utilizada câmera de formato pequeno1 para maior agilidade.
No rodapé:
__________
1
câmera Nikon F2 Photomic (35mm).
Bibliográficas (Comunicação pessoal)
No texto:
O medicamento estará disponível até o final do semestre (informação verbal)2
No rodapé:
__________
2
Notícia fornecida por John Smith no Congresso Internacional de Engenharia Genética, em Londres,
em outubro de 2001.
ILUSTRAÇÕES
1. Gráficos, desenhos e fotografias deverão ser citadas como Figuras e numeradas consecutivamente em
algarismos arábicos, ex: Figura 2, e apresentados em folha à parte, cada uma sendo considerada uma
lauda. Os desenhos deverão ser a nanquim, em papel vegetal, ou em editor gráfico impresso a laser,
nas dimensões de 11x17cm. As fotografias devem ser bem nítidas, no tamanho de 9x12cm contendo no
verso o nome do autor, orientação de borda superior e a legenda.
2. As tabelas deverão ser representadas pela palavra Tabela, seguida do número de ordem em algarismos
arábicos e encabeçadas pelo título, ex: Tabela 3, não exceder uma lauda. Toda tabela deverá ser citada
no texto. Na montagem das tabelas seguir: IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro:
IBGE,1993. 61p.
3. O limite de ilustrações por trabalho deverá ser de 6 (seis), incluindo gráficos, desenhos e fotografias.
DISPOSIÇÕES FINAIS
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É proibida a reprodução e tradução de qualquer artigo para fins comerciais.
As dúvidas e questões omissas serão resolvidas pelo Conselho Editorial.
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8.
9.
The information contained in the submitted articles is of entire responsibility of the author(s).
Corrections in grammar will be made after consultation with the author(s).
Articles not accepted for publication will be returned to the author(s).
Articles accepted and published become property or the journal.
Articles must be typed in 3 ½ – inch floppy disk, identified with the title(s) of the article(s) and name(s) of
the author(s).
Articles must be typed on single sided A4 size paper (21 x 29,7 cm). The typing should use font Times
New Roman, size 12, with line spacing 1.5, leaving a minimum margin of three centimeters on all sides.
Pages should be numbered and three copies submitted.
The principal author should submit, together with the article, a cover letter requesting publication.
The complete names of the authors should be placed below the title in English, side by side, and identified
by addressed arabic numbers, which will be repeated in a footnote on the first page to detail the profession,
qualification and address of the author(s).
The associate editors will determine the number of case reports, research communications and thesis
summaries published in each journal.
CONTRIBUTIONS FOR PUBLICATION:
1. Scientific articles should include a title (in Portuguese and English); name(s) of the author(s);
an abstract; keywords; introduction; material and methods; results; discussion; ( or results and discussion);
conclusions; acknowledgments (if any) and references. The complete article must not exceed 16 pages.
2. Case reports should include a title (in Portuguese and English); name(s) of the author(s); abstract;
keywords; introduction; results and discussion; acknowledgments (if any) and references. The complete
article must not exceed 8 pages.
4. Research communications may involve original articles referring to teaching, research, extension,
public health or other professional activities. The communication should contain a title (in Portuguese and
English); name(s) of the author(s); an abstract, keywords; text; discussion; acknowledgments (if any) and
references. The complete report must not exceed 6 pages.
4. Thesis abstracts will include a title (in Portuguese and English); name of the author; an abstract;
keywords. The complete report should not be more than 2 pages.
The keywords, limited to five, correspond to words or expressions which identify the content of the
article, and should be written in a capital and small letter form.
Citation of Author(s) in the Text
The citations in the text must be done in a capital and small letter form, and when between parenthesis,
must be only in capital letters followed by the year of publication, as shown below:
In conformity to Nigro (1972) the integration of the tissue...
Fontes and Moreira (1988) observed that...
According to Souza; Silva; Diniz (2002)...
It was indicated by Campbell et al. (1973) the use of...
... the repair of equine flexor tendons (MOREIRA, 1970; FERNANDES et al., 1972; SCHIVER, 1980).
Up to three authors, all of them should be quoted. When more than three, quote only the first one,
followed by et al.
Citation from another citation: Make use of this resource only when it is impossible to access the
original document. The text must indicate the author’s last name from the original document, followed by the
expression apud. For instance: Iwamoto and Smelser (1980 apud MORRINS et al., 1982) or (IWAMOTO;
SMELSER apud MORRINS et al., 1982). The article from where the citation was taken: MORRINS et al.
(1982), must be evident in the list of bibliographic references.
Every citation made during the text must be included in the list of bibliographic references, and every
item indicated must be quoted in the text.
A BIBLIOGRAPHY WILL BE PRESENTED ACCORDING TO THE FOLLOWING EXAMPLES:
Citations of articles:
MILFORD, R; HAYDOCK, K. P. The nutritive value of protein in sub-tropical pasture species in Southeast
Queensland. Australian Journal of Experimental Agriculture Animal Husbandry, Melbourne, v. 5, p.
13-17, 1965.
Citations of books:
COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL (CBRA). Manual para exame andrológico e avaliação
de sêmen animal. 2. ed. Belo Horizonte, 1998. 49p.
HALL, L. W. Anestesia y analgesia veterinária. 2. ed. Zaragoza: Acribia, 1970. 407 p. or SCHEBITS, H.,
BRASS, W. Cirurgia general veterinária. Buenos Aires: Hemisfério Sur, 1979. 530p.
Chapters in books:
COSBY, P. C. Ética na pesquisa. In: ______. Métodos de pesquisa em ciências do comportamento.
Tradução de Paula Inez Cunha; Emma Otta. São Paulo: Atlas, 2003. p.51-79.
Authored chapters in books:
GINGERICH, D. A. Pathophysiologic basis for fluid therapy. In: AMSTUTZ, H. E. Bovine medicine & surgery.
Santa Barbara: American Veterinary Publication, 1980. cap. 16, p. 805-816.
Articles presented in events (congresses, seminars, meetings, etc)
BRANDÃO, A. C. F.; BARBOSA, G. V. S.; DE MIRANDA, E. C. Programas de luz no desempenho de frangos
de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41., 2004, Campo Grande.
Anais... Campo Grande: SBZ, 2004. CD-ROM.
Thesis and dissertations:
RODRIGUES, M. A. M. Resposta imune e modificações morfológicas de vilosidades intestinais de
leitões suplementados com probióticos. 2002. 96f. Tese (Doutorado em Alimentos e Nutrição) – Faculdade
de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
Bulletins:
MARUS, F.A. Produção de enlatados. São Paulo: Departamento de Produção Animal, 1962. 22p. (Boletim
técnico 15)
Internet citations:
COWEN, B.S. Inclusion body hepatitis: a re-emerging disease. [On line]. Disponível: http://vs247.cas.
psu.edu/poultry/COWEN.html. [Data de acesso: 23 out 1996].
NOTES
Explaining:
Should be reduced to minimum and written as footnote.
In the text:
A small camera1 was used to take pictures.
In the footnote:
______________
1
camera Nikon F2 Photomic (35mm).
Þ Bibliographic (Personal Communication)
In the text:
The medicine will be available by end of this semester. (Personal communication)2.
In the footnote:
__________
2
Information provided by John Smith in International Congress of Genetic Engineering, London,
October 2001.
Illustrations: graphics, drawings and photographs should be labeled “Figure” and numbered using
arabic numbers. Example: Figure 2. Drawings should be done using India ink, and submitted on separate
pages of 11x17cm. Photographs must be distinct and suitable for rephotographing. They should be 9x12cm.
with the figure number, legend and name of the author on the back. Tables should be presented with the word
“Table”, followed by their numbers, using Arabic numbers, example: Table 3. They must not exceed one page.
FINAL CONSIDERATIONS
Articles will be published in the order that they are approved.
The reproduction and/or translation of articles for commercial purposes is prohibited. The Scientific
Council of VETERINÁRIA NOTÍCIAS will decide questions pertaining material to be published.
REGULAMENTO DA REVISTA VETERINÁRIA NOTÍCIAS
CAPÍTULO I
Da definição, objetivos, constituição, atribuições e serviços
Art. 1º – A Revista Veterinária Notícias é um órgão de divulgação científica da Faculdade de Medicina
Veterinária – FAMEV, da Universidade Federal de Uberlândia – UFU.
Art. 2º – O Conselho Editorial da Revista Veterinária Notícias da FAMEV – UFU é um órgão assessor desta
Faculdade, à qual se encontra administrativamente subordinado.
Art. 3º – O Conselho Editorial tem como objetivo:
I.
promover publicações de caráter acadêmico-científico;
II.
definir, implantar e implementar a política editorial da FAMEV – UFU; e
III.
divulgar, junto à comunidade científica, a produção acadêmico-científica da FAMEV – UFU ou a de
pesquisadores vinculados a outras instituições de ensino e pesquisa.
Art. 4° – O Conselho Editorial será constituído de no máximo 10 (Dez) e, no mínimo 05 (cinco) professores
doutores, com produção científica regular e vínculo direto com o curso de graduação em Medicina Veterinária
e/ou no Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, sendo no máximo 02 (dois) docentes de
cada Núcleo da FAMEV e, no máximo 02 (dois) docentes lotados em outras unidades.
§ 1 º – O Conselho da FAMEV homologará os nomes dos 10 (dez) professores titulares do Conselho
Editorial mais votados, por voto direto, em ordem decrescente, pelos docentes da FAMEV, após realização
de pleito divulgado através de Edital, com prazo de 30 (trinta) dias para inscrição dos interessados.
§ 2 º – O Conselho da FAMEV, órgão máximo deliberativo da FAMEV, elegerá em reunião, dentre os
membros eleitos para comporem o Conselho Editorial, um presidente, que será o Editor Científico da
Revista e um Vice-presidente, seu substituto natural nos casos de vacância, impedimento ou afastamento.
§ 3 º – O mandato do Conselho Editorial será de 02 (dois) anos.
Art. 5 º – O Conselho Editorial tem as seguintes atribuições de caráter executivo:
I.
estabelecer as modalidades de publicações acadêmico-científicas;
II.
definir diretrizes para a criação e orientação de um Conselho Científico;
III.
definir normas para apresentação dos trabalhos por parte dos autores;
IV.
indicar consultores ad hoc, internos e/ou externos à Faculdade, para a avaliação dos trabalhos
recebidos para apreciação;
V.
receber, analisar preliminarmente e encaminhar aos consultores ad hoc os trabalhos recebidos para
apreciação;
VI.
deliberar sobre a possibilidade e pertinência da publicação dos trabalhos que receberam pareceres;
VII. estabelecer o cronograma das publicações sob sua responsabilidade;
VIII. zelar pela qualidade acadêmica e editorial das publicações sob sua responsabilidade, mediante acompanhamento direto do recebimento dos trabalhos e seu encaminhamento aos consultores ad hoc;
IX.
zelar pela qualidade dos serviços de revisão, projeto gráfico, editoração, diagramação, impressão,
distribuição, armazenamento e comercialização das publicações.
X.
Parágrafo Único – para receberem o logotipo da Revista Veterinária Notícias, as publicações de que
trata este Regulamento deverão ser obrigatoriamente submetidas à apreciação do Conselho Editorial.
Art. 6 º – Para o desenvolvimento de suas atividades, o Conselho Editorial deverá contar com o apoio:
I.
de um funcionário técnico-administrativo para exercer as funções de secretaria, subordinado à Diretoria
da FAMEV;
II.
dos órgãos de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão da UFU, sob cuja responsabilidade estará a
execução dos serviços de editoração e de diagramação das publicações deste Conselho;
do Serviço Técnico de Biblioteca da UFU, sob cuja responsabilidade estarão as revisões documentárias;
de terceiros, quando for o caso, sob cuja responsabilidade estará a execução dos serviços de revisão
técnica-editorial, lingüistica, de projeto gráfico, de distribuição e de comercialização das publicações
sob a responsabilidade deste Conselho;
V.
os serviços de revisão técnica-editorial e de projeto gráfico deverão ser contratados de acordo com
as normas vigentes na UFU, ou, ainda, por meio de recursos provenientes de auxílio à publicação
obtido junto a agências de fomento à pesquisa ou da iniciativa privada;
VI.
da gráfica da UFU, sob cuja responsabilidade estarão os serviços de impressão das publicações deste
Conselho;
Parágrafo Único – a fim de obter subsídios para o exercício de suas atribuições, o Conselho Editorial deverá
ser periodicamente informado pelo Editor Científico sobre o andamento dos serviços acima descritos.
III.
IV.
CAPÍTULO II
Das modalidades de publicações e do idioma
Art. 7º – ARTIGO ORIGINAL: Textos contendo resultados inéditos e consolidados de pesquisa experimental
ou teórica, não publicados em periódicos nacionais ou estrangeiros, apresentados de maneira abrangente e
discutidos nas suas implicações. Os originais deverão ter até 16 laudas, incluindo-se nesse total o espaço
ocupado por resumos, figuras, tabelas, notas e referências. O autor dividirá o texto de acordo com os usos
do domínio de pesquisa em que se situa o artigo, para a definição dos materiais e métodos utilizados. Os
subtítulos Introdução; Material e Métodos; Resultados e Discussão; Conclusão(ões) e Referências são
obrigatórios.
Art. 8º – RELATO DE CASO: Contempla principalmente as áreas médicas, em que o resultado é anterior ao
interesse de sua divulgação ou a ocorrência dos resultados não é planejada. Elementos do corpo do texto:
Introdução, Casuística, Discussão, Conclusão(ões) e Referências.
Art. 9º – COMUNICAÇÃO: É o relato sucinto de resultados parciais de um trabalho experimental, dignos de
publicação, embora insuficientes ou inconsistentes para constituírem um artigo científico. Levantamentos
de dados (ocorrência, diagnósticos, etc.) também se enquadram aqui. Deve ser compacto, com no máximo
quatro páginas impressas, sem distinção dos elementos do corpo do texto especificados para “Artigo
Original”, embora seguindo aquela ordem. Quando a comunicação for redigida em português deve conter
um “Abstract” e quando redigida em inglês deve conter um “Resumo”.
Art. 10º – NOTA PRÉVIA: É o relato sucinto de um achado excepcional, de um invento ou de uma descoberta
que requer publicação rápida para garantir a originalidade ou autoria.
Art. 11º – EDITORIAL: Nessa modalidade serão publicados análise de um tema da atualidade de áreas
afins, solicitado pelo Conselho Editorial.
Art. 12º – RESUMO DE TESE ou DISSERTAÇÃO.
Art. 13º – O idioma oficial de publicação é o Português, porém serão publicados em Português/Inglês ou
Português/Espanhol os artigos do exterior nacionais desde que enviados nas duas línguas. Quando for o
caso de autores estrangeiros, estes deverão enviar carta autorizando a tradução e isentando a revista de
qualquer erro ou prejuízo que possam resultar da tradução.
CAPÍTULO III
Das normas para apresentação de trabalhos por parte dos autores
Art. 18º – Os trabalhos destinados à apreciação com fins de publicação em qualquer uma das modalidades
de que trata o Capítulo II deste Regulamento, deverão ser encaminhados, digitados em disquete e em 3
(três) cópias impressas, ao Conselho Editorial e apresentados em conformidade com as normas vigentes
da ABNT cabíveis para cada modalidade de publicação, a saber:
I.
Normas para elaboração de trabalhos acadêmicos;
II.
Normas para elaboração de referências;
III.
Normas para apresentação de citações em documentos;
IV.
Normas para elaboração de resumos;
V.
Normas para numeração em documentos;
VI.
Normas para elaboração de sumário;
VII. Normas para apresentação dos dados de catalogação na publicação;
VIII. Normas para apresentação de tabelas;
IX.
Normas para abreviação de títulos de publicações periódicas;
X.
Normas para apresentação de legenda bibliográfica;
XI.
Normas para apresentação de artigos em publicações periódicas;
XII. Normas para apresentação de publicações periódicas;
XIII. Todas as unidades de medida devem ser do sistema internacional de medidas (SI) ou aquelas
oficialmente aceitas para uso com o SI, de modo permanente ou temporário.
§ 1 º – Os trabalhos recebidos para apreciação serão, preliminarmente, analisados pelo Conselho Editorial
que verificará a observância às normas citadas no caput deste artigo.
§ 2 º – Os trabalhos cuja apresentação estiver em desacordo com as normas citadas no caput deste
artigo serão devolvidos aos respectivos autores.
§ 3 º – Os trabalhos serão apreciados por dois consultores ad hoc e caso um deles dê parecer desfavorável,
o artigo não será publicado na revista Veterinária Notícias
Art. 19º – Todos os autores principais de publicações em Veterinária Notícias terão direito a 01(um) exemplar
da revista.
CAPÍTULO IV
Dos direitos autorais e do contrato de publicação
Art. 20º – No caso de trabalhos aprovados para publicação na Revista Veterinária Notícias, de que tratam
os Artigos 7º a 18 do Capítulo II deste Regulamento, seus autores deverão assinar Termo de Cessão de
Direitos Autorais à Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
CAPÍTULO V
Dos casos omissos
Art. 21º – Os casos não constantes deste Regulamento serão resolvidos pelo Conselho Editorial da Revista
Veterinária Notícias.
CAPÍTULO VI
Disposições Finais
Art. 22º – Questões relevantes e de interesse da revista Veterinária Notícias, não previstas expressamente
neste Regulamento, ou superveniente ao mesmo, serão objeto de inserção no corpo da presente norma,
por decisão do Conselho Editorial, mediante aprovação do Conselho da FAMEV.
Art. 23º – Este Regulamento entra em vigor nesta data.
Imprensa Universitária/Gráfica UFU
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