ARTIGO DE MONOGRAFIA APRESENTADO COMO CONCLUSÃO DA
RESIDÊNCIA MÉDICA EM PEDIATRIA DO HOSPITAL REGIONAL DA
ASA SUL(HRAS)/HOSPITAL MATERNO INFANTIL DE BRASÍLIA (HMIB)
RELATO DE CASO
ORIENTADORA:
Dra Mariana Gadelha
RESIDENTE:
Moabe Saraiva Moutinho
Brasília, 28 de novembro de 2012
www.paulomargotto.com.br
INTRODUÇÃO
 Definição;
 Forma grave de abuso infantil;
 Altas morbidade e mortalidade;
 Poucos estudos científicos;
 Objetivos:
 Apresentar um caso de Síndrome de Munchausen por
Procuração (SMP) correlacionando com novas evidências
clínicas;
 Contribuir para que sua identificação seja realizada de forma
cada vez mais precoce.
HISTÓRICO
 Primeiro relato de Síndrome de Munchausen: 1951;
 Karl Friedrich Hieronymus von Munchausen;
 Meadow (2002).
EPIDEMIOLOGIA
 Raro? Subdiagnóstico?
 Scheirer (2004): hospital cubano (1990)- 200 crianças
vítimas de abuso- 1.995% eram SMP;
 Davis (2009): um pediatra em sua carreira- 1 a 2 casos.
MATERIAIS E MÉTODOS
 Relato de caso observado no Hospital Materno Infantil de
Brasília;
 Prontuário eletrônico da paciente e relatório da equipe da
saúde mental (Psicologia e Psiquiatria);
 Busca de artigos: Pubmed, Bireme, ScienceDirect;
 Palavras-chaves: síndrome de munchausen; munchausen;
munchausen syndrome.
RELATO DE CASO
- Marina1, 3 anos e 11 meses, acompanhante (mãe).
HDA:
- Sonolência excessiva há 24 horas associada a vômitos,
febre e oligúria. História de gengivoestomatite há 5 dias.
A mãe relatava que a babá fazia uso de antidepressivo e
era a pessoa que passava tempo integral com a menor.
Negava veementemente ingestão de qualquer medicação
ou substâncias pela criança.
1
Nome fictício, para preservar identidade da paciente.
ANTECEDENTES:
 Nasceu de parto normal, prematura de 31 semanas, sem
intercorrências no pré-natal e perinatal.
 G2P1A1. Mãe relata um aborto anterior com 4 meses de
gestação, sem causa aparente.
 Revisão de Prontuário: internação há 4 meses da atual com
quadro clínico semelhante- Intoxicação Exógena ?
EXAME FÍSICO DA CHEGADA:
 REG, sonolenta, sem abertura ocular espontânea, porém
responsiva aos comandos verbais com Glasgow 11,
desidratada e taquicárdica. Não apresentava rigidez de
nuca, pupilas mióticas.
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS:
 Intoxicação exógena e Meningoencefalite.
EVOLUÇÃO:
 Quadro oscilante (sonolência x vigília).
 Ataxia importante até a perda total do equilíbrio.
 Disartria, episódios de cefaléia, desorientação, alucinações
visuais e agitação psicomotora .
 Seguia apresentando febre alta e diária.
 Teste terapêutico com Metilprednisolona: ADEM?;
 Cefepima por sete dias. Rastreio negativo para infecção.
A “PIORA”:
 Hemiparesia, desvio da rima labial e intensificação da




sonolência.
*Redução da dose do corticóide para 0,5mg/kg/dia?
Realizada Imunoglogulina 2g/kg 1 vez
Apresentou-se cushingóide e com hipertensão: febre de
origem central? Esclerose múltipla? Doença
neurodegenerativa?
Recebeu alta após 2 meses em acompanhamento
ambulatorial: erro inato do metabolismo?
OBSERVAÇÕES:
 Nove reinternações na mesma unidade;
 Relato de traumas e descrições de hematomas e escoriações;
 Apresentação de sangramentos inexplicáveis (Figura 1);
 Avaliação por otorrinolaringologista após possível otorragia
(Figura 2).
 Em acompanhamento com Hematologia;
 Divulgação do caso nas redes sociais.
A MÃE
Cuidadosa com a menor e tinha excelente relação com a
equipe médica;
Dominava termos médicos e sabia relatar os próximos passos
da programação da equipe;
Demonstrava irritação quando a hidratação venosa da filha
era suspensa;
Raramente outros parentes eram acompanhantes;
Em tratamento psiquiátrico na Rede Pública.
ATENDIMENTOS PSICOLÓGICOS À CRIANÇA
 Foram estruturados a partir da suspeita de SMP;
 “Era geladinho” (sic);
 “Minha mãe me dá uns sustos e eu sangro. Como na vez que
eu estava no banheiro, ela me deu um susto e eu
sangrei”(sic);
 Acreditava que o sangue saía do soro.
APÓS SUSPEITA DE SMP:
 Mudança no comportamento da criança;
 Notificação do caso, acompanhamento psicoterápico e
psicológico;
 Retirado o acesso venoso e intensificação dos sintomas;
 Contato com o Conselho Tutelar e com a família da mãe;
 Exames toxicológicos: clonazepam
 TCE/ Lesão corporal por mordida humana: encaminhada à
UTI pediátrica;
 Confissão inconsciente da mãe à sua psiquiatra.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Segundo caso na literatura com divulgação ao público;
 Ineditismo: associação de sangramentos inexplicáveis com
intoxicação por clonazepan;
 Necessidade de UTI;
 Confirmação laboratorial da fraude;
 Possibilidade de desenvolvimento de novo protocolo de
diagnóstico.
PRINCIPAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 Davis P, Fabricated or induced illness in children: The
paediatrician’s role. Paediatrics and child health, 2009, pg
498-508.
 Meadow, R. (2002). Different interpretation of
munchausen syndrome by proxy. Child Abuse & Neglect, 26
(5), 501-508.
 Rosenberg DA. Web of deceit: a literature review of
Munchausen Syndrome by proxy. Child Abuse Negl 1987;
11:547-563.
 Schreier, H.A. (2004). Munchausen by proxy. Currents
Problems in Pediatric and Adolescent Health Care, 34 (3),
126-143.
Obrigada!
A dor física e o trauma corporal são observados tanto no
físico quanto na mente”. (Autor desconhecido)
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Síndrome de Munchausen por procuração