Universidade Federal de Juiz de Fora
Faculdade de Comunicação Social
ENSAIO SOBRE “JORNALISMO MODERNO”
Trabalho apresentado à disciplina Redação em
Língua Portuguesa III, ministrada pelo professor
Roberto Perobelli, pelo aluno Rodrigo Galdino.
Juiz de Fora
2007
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Fala, receptor!
A interatividade no jornalismo moderno.
Já foi assim: jornalistas fechavam suas edições diárias esperando receber, no dia
seguinte, uma infinidade de cartas dos leitores, com críticas, sugestões e elogios. Essa era a
interatividade máxima do jornalismo moderno, iniciado em meados do século XIX, na
Europa. Nessa época, assim como hoje, procurava-se dar espaço para esses leitores-escritores,
numa seção comumente chamada de “Cartas do Leitor”.
Muitas vezes, as críticas eram tão cruéis e contundentes que nem chegavam a ir para
as páginas do jornal – eram barradas de imediato, pelo editor-chefe. Aliás, essa figura servia
(e ainda serve, na atualidade!) para não deixar “vazar” tudo aquilo que denigra a imagem do
veículo. Logo, críticas em relação à política editorial e à provável parcialidade do periódico
jamais seriam publicadas.
Mas, ainda assim, o leitor-escritor se satisfazia com essa pseudo-interatividade dos
jornais. Ver seu nome e texto publicados na Folha de S.Paulo, mesmo que esporadicamente,
era “coisa para poucos”, diziam. Até porque, muitas vezes, as cartas traziam reivindicações
em relação à comunidade (problemas na rede esgoto, falta de calçamento) que eram
prontamente atendidas pelo políticos, preocupados em “manchar” suas imagens na mídia.
Mas surgiu o rádio. No início do século XX (aqui no Brasil, especificamente em 1922)
nasceu o veículo que, a partir das ondas sonoras, iria possibilitar um outro tipo de
interatividade ao seu receptor. Com o rádio, o ouvinte pôde participar ao vivo, pelo telefone.
Os locutores, espontâneos e muito populares, abriam espaço para que o público interagisse: a
dona de casa falasse, o “maridão” desse o seu palpite sobre o futebol.
Claro que, no início, o rádio era elitista. Óperas e concertos de música clássica
compunham, unicamente, a sua programação diária. Mas ele foi se democratizando. Com a
necessidade de atingir outros públicos e ser explorado comercialmente, o rádio aderiu às
massas, passando a ter, em sua grade, programas de auditório, radionovelas e musicais, com
espaço para a participação dos ouvintes.
Na atualidade, o rádio moderno continua sendo o “amigo da dona de casa”, o
“companheiro do trabalhador”. Aliado às novas tecnologias, o rádio do século XXI presta
serviço abrindo espaço para que os ouvintes reclamem, solicitem, cobrem do Poder Público.
As atuais emissoras all news possibilitam até mesmo que, do carro, o motorista transmita
informações sobre o trânsito da sua cidade, ao vivo. Existe interatividade maior que essa?
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Pois existe. Jornal, rádio e posteriormente a televisão, inaugurada em 1950, no Brasil,
não conseguiram alcançar o ápice da interatividade, proporcionado pelo desenvolvimento da
internet. O ambiente web possibilita a participação do receptor pelas vias escrita (como já
acontece no jornal, através das “Cartas do Leitor”), oral (assim como no rádio) e visual (como
na TV), de maneira instantânea e num único veículo.
Portanto, a internet convergiu para si todos os “tipos” de interatividade já
proporcionados pelas mídias anteriores, com a vantagem de ser eficiente, rápida e econômica.
Se considerarmos que o tempo é algo muito precioso para a sociedade moderna, tão apressada
e cheia de compromissos, veremos que a internet têm grande importância para as relações
humanas e, principalmente, para a interação entre a mídia e o seu receptor.
Para quê esperar dias para que uma carta chegue à redação de um jornal, se posso
enviar diretamente um e-mail para o jornalista, questionando sua reportagem? Para quê estar
sujeito à políticas editoriais (lembra-se? no jornal, nem todos os comentários são publicados)
se posso comentar, no jornalismo online, logo abaixo de cada artigo? Aliás: por quê ler
somente os textos dos grandes jornais, se posso escrever minhas noticias, num blog?
Dessa forma, o surgimento da internet alterou completamente a relação entre jornal e
leitor, rádio e ouvinte, TV e telespectador. Agora, as pessoas já não querem apenas consumir
o conteúdo desses meios de comunicação de massa. Elas querem (e exigem) o direito de
produzir seus próprios textos, imagens e áudios, interagindo cada vez mais com a “grande
mídia”.
Portanto, um novo cenário se vislumbra. Um cenário no qual as tecnologias de
interatividade (dentre elas, a internet) possibilitam que a produção das notícias, antes
monopólio da imprensa tradicional, seja democratizada. Nesse contexto, emissor e receptor se
confundem, pois ambos tem responsabilidade na produção de conteúdos. Viva o mundo
moderno! Viva o jornalismo moderno e a era da interatividade!
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Ensaio sobre "Jornalismo Moderno"