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Testemunhas do Apocalipse
Parte I
Márcio Santos
2004
(Ficção Baseada no Apocalipse)
Ilustrações: Daniela Santana
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução
parcial ou total sem a permissão por escrito por parte do
autor. Catalogado pela Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro sob número 321839/2004.
CDD 808.3 CDD236
SOUZA, Márcio Santos de
As Testemunhas do Apocalipse, 1a. Edição
Rio de Janeiro, 2004
50 p
1. Ficção Religiosa
2. Literatura Juvenil
I.Título
Pedidos:
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Uma Breve Palavra
Este é meu primeiro livro de ficção evangélica.
Ficção porque são fatos irreais. Entretanto, o leitor irá
perceber que tais fatos são baseados no Apocalipse. Por
isso, é importante ressaltar que pus neste livro a minha
visão do que poderia acontecer na Grande Tribulação e
não do que realmente vai acontecer, apesar de tais
acontecimentos escritos aqui estarem bem próximos do
que a Bíblia relata. Mas, o mais importante é que tenho
certeza que a estória contada falará ao coração de cada
um, alertando para os acontecimentos profetizados na
Bíblia Sagrada. Por isso, devemos a cada dia estar
vigiando! 1
“Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as
suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram
insensatas, e cinco prudentes. Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas,
não levaram azeite consigo. As prudentes, porém, levaram azeite em suas
vasilhas, juntamente com as lâmpadas. E tardando o noivo, cochilaram
todas, e dormiram. Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saílhe ao encontro! Então todas aquelas virgens se levantaram, e
prepararam as suas lâmpadas. E as insensatas disseram às prudentes:
Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando.
Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós
e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo
elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas
entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. Depois vieram
também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta.
Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço. Vigiai
pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.” (Mateus 25:1-13)
.
Capítulo 1
A Revelação
M
inha família estava em nossa casa de
campo comemorando o meu aniversário e
Mariana, minha esposa amada, falou aos
convidados:
- Tive um sonho muito terrível ontem à noite! Este
sonho está perturbando minha alma, desejando contá-lo a
todos vocês. Sei que muitos aqui são incrédulos no
tocante à fé em Jesus, mas se eu não contar eu vou
explodir dentro de mim. Por favor, tenham compreensão
e aceitem o que vou contar, pois me parece que este
sonho trata-se de uma revelação, pois por três dias o
tenho sonhado, como se fosse um filme passando dentro
de mim e na última noite foi o mais terrível de todos
esses sonhos.” - falou ela com lágrimas nos olhos.
Muitos, na verdade, estavam curiosos em ouvir o que
ela tinha para falar, mas outros não queriam nem ouvir e
logo torceram a cara. Acredito que isso se dava por causa
do preconceito. Mariana era um vaso nas mãos de Deus,
mas agia como uma pessoa comum, normal como as
outras. Ela gostava de brincar com as pessoas, sorrir. Mas
tudo isso é normal, pois muitos não olham para as
pessoas com olhos espirituais, mas sim carnais. Muitos
esperam que os vasos sejam como os anjos, mas na
verdade a perfeição só será encontrada lá na glória.
Somos imperfeitos e carentes da graça de Deus em nossa
vida.
Mariana era, sim, uma mulher prudente, que se vestia
descentemente, andava nos padrões bíblicos da
temperança e fugia do pecado. O interessante é que
aquelas pessoas que torceram a cara foram justamente
aquelas que se diziam santas, com suas roupas de
inverno, embora habitamos num país tropical, mas só
Deus sabe o que se passa em seus corações! Houve até
uma vez em que o Augusto, meu primo crente, não
aceitou que Juliana, minha cunhada, fosse batizada com o
Espírito Santo simplesmente porque ela usava calça
comprida. Ele, o santo, não podia passar um dia sem falar
mal de alguém. Tempo para falar mal ele tinha, só não
tinha tempo de ler a Bíblia. Certa vez, pedi para que
abrisse no Livro de Deuteronômio e observei que ele
estava lá perto de Apocalipse, procurando o versículo.
Ele, porém, era muito dedicado, vivia sempre no monte,
mas quando chegava em casa sempre arrumava uma
briga com a esposa. Mas em tudo, Deus nos olha com os
olhos espirituais e não com os de carne. Juliana sempre
serviu ao Senhor com alegria e sempre demonstrou ser
uma serva fiel. O interessante é que ela amava tanto ao
Senhor que não restou espaço em seu coração para
contrair um matrimônio. Às vezes acho que ela preferiu
ficar sozinha para servir melhor ao Senhor...
Estavam na sala, no sofá maior, o que ficava de frente
para a televisão, o meu tio Ilário junto com sua esposa,
minha tia Lia. Meu tio Ilário fazia juz ao nome pois ele
era barrigudinho, pés chatos e tinha prognatismo. Mas
não era só na aparência que ele era ilárico, mas em suas
conversas engraçadas e cômicas. Minha tia Lia já era o
oposto dele, sempre carrancuda, ou melhor dizendo,
iracunda... Em tudo ela via problemas. Eu acho que
quando tudo estava certo ela arrumava um jeitinho para
brigar com ele. Mas, apesar de tudo, os dois viviam bem.
Augusto estava sentado no sofá menor, ao lado da
televisão, com seu terno preto, camisa amarela e gravata
de personagens infantis. Que mau gosto ele tinha! E ele
afirmava que crente que era crente tinha que andar igual a
ele! Sua esposa Jurema, então, que era exagerada! Eu
fazia de tudo para ficar há metros de distância dela, pois
ela acreditava que crente não podia se depilar nem usar
desodorante. Imagine ela pregando para um incrédulo!
Eu acho que ele vai pensar várias vezes antes de se
converter!
Alfredo, meu irmão mais velho, que também estava
na sala, era incrédulo quanto à fé em Jesus, mas era muito
estudioso. Ele dizia que o motivo de pessoas entrarem
para igrejas rígidas daquela maneira era porque elas
possuíam um sentimento de culpa muito grande das
atrocidades cometidas no passado e, por isso, desejavam
o martírio com suas ações, como se isso fosse o suficiente
para a salvação. Eu até acho fundamento na explicação
dele, pois, na verdade, Jurema já havia sido prostituta no
passado e vivia à base de drogas para conseguir dormir.
Quando ela se converteu, tudo isso acabou e, quem olha
para ela nem diz que ela era assim. Mas, de tudo, eles
erram porque não compreendem as escrituras nem o
poder de Deus. 2
Luciana, minha prima, era espírita e só acreditava em
reencarnação. Gilberto, meu irmão mais novo, era
católico do pé roxo, não faltava à uma missa de domingo!
Meu tio Bruno era da seita Testemunha de Jeová,
acreditava num mundo terreno. Realmente éramos uma
família muito democrática.
Além deles, que eram meus parentes mais achegados,
estava na sala um de nossos amigos, Juarez, que já estava
famoso como cantor no mundo gospel, além do pastor
Sérgio e do pastor Felipe, ambos pregadores de renome.
Sérgio tinha muitas posses. De vez em quando nos
chamava para passear em sua ilha particular em Angra,
mas nunca tive vontade de ir lá.
O pastor Felipe, meu amigo de anos, era meio
parecido comigo, não gostava muito de ostentação,
embora fosse dono de uma fábrica de móveis de luxo. Ele
sim, posso dizer, tinha amor pelas almas! Uma vez ele
entrou numa favela para buscar uma ovelha perdida
dentro de uma boca de fumo. Que coragem! Os meninos
não fizeram nada com ele, mas com certeza o Senhor
fechou a boca dos leões naquele dia!
Sérgio, por sua vez, já era muito social e bem
diferente de Felipe, mas tinha um conhecimento da Bíblia
fora de sério. Além de nós, a propósito, meu nome é
Lúcio, estavam os jovens junto com nossos filhos,
Brenda e Bruno, lá no quintal. Brenda era linda, parecia
com a mãe, tinha treze anos. Bruno era mais parecido
comigo, exceto a gordura, é claro! Com seus vinte e
cinco anos já estavam doidos para casar. Ele dizia que
estava apaixonado pela Ester e Ester por ele. Na verdade
eles faziam um casal bonito e apaixonado. O carinho
entre eles era tremendo! Era, na verdade, um amor tão
puro e bonito, que muito me orgulhava. O filho de
Sérgio, o Serginho, era mundano e trocava mais de
namorada do que de roupa. O apelido dele era sabonete!
Mas, voltando ao sonho, Mariana mandou chamar os
jovens que estavam no quintal, porque ela considerava
importante que todos a escutassem. Depois que todos
entraram na sala, Mariana começou:
- Desde a primeira noite, sonhei como se não
estivesse sonhando, mas como se fosse realidade. Pois
bem, eu vi uma grande cratera em forma de abismo, no
meio da terra. Parecia uma guerra, pois via pessoas sendo
massacradas, outras gemendo, outras chorando... O
interessante é o que eu via na cratera: de um lado estavam
demônios sem qualquer disfarce e do outro, pessoas
comuns. Os demônios chamavam aquelas pessoas,
gesticulando as duas mãos, como se estivessem dizendo
vem, vem, vem... Aquelas pessoas, por sua vez,
caminhavam em direção ao abismo, sem se darem conta
de que exista tal abismo. Eles andavam como que
hipnotizados com os olhos arregalados, como zumbis. E
eu via eles caindo e não parava de vir pessoas para cair
naquele abismo.
As lágrimas começaram a rolar em Mariana e depois
de um silêncio de trinta segundos, ela continuou:
- Naquele instante, eu entendi que aquelas pessoas
eram pessoas comuns que estavam cegas, pois o deus
deste século cegou o entendimento de muitos para que
não vejam.3 Elas estavam mortas espiritualmente mas
vivas no corpo, como zumbis, realmente. Senti meu
coração chorar por aquelas almas naquele instante.
Depois, no segundo sonho, é como se eu havia sido
transportada para um outro cenário, onde vi a Avenida
Brasil (uma das principais do Rio) lotada de cadáveres
pelo chão. Comecei a andar e não havia como não pisar
neles! Havia muito sangue também. Era como se
houvesse tido uma grande guerra, mas logo entendi que
eram as pessoas que estavam mortas na Batalha da Vida
Eterna, pois amaram mais o mundo do que a Deus.
Depois, fui transportada para cima e voei pelo globo,
passando por alguns países e passei pelos Estados Unidos
o rodeando, do sudeste para o nordeste e depois para o
noroeste para então ir para o suldoeste e depois para o
Vaticano. Acreditei que eram os lugares onde o Senhor
ainda iria me enviar a pregar o Evangelho, mas podia ser
outra coisa. Depois disso, no sonho do terceiro dia, me vi
deitada no chão e, de repente, num instante apenas, me
levantei de maneira reta, como se estivesse levitando,
saindo da horizontal para a vertical. Entendi que estava
sendo arrebatada para o encontro do Senhor. 4 Depois
disso, entendi que o mundo ia passar por muita
tribulação, mas nós, os arrebatados, nem tomaríamos
conhecimento dos sofrimentos na terra. Após isso, vi o
céu sendo rasgado como uma folha de papel. 5 É
interessante, pois não consigo descrever com exatidão,
pois nem todos entenderiam, mas foi exatamente o que
vi: o céu havia sido rasgado de cima a baixo como se o
universo fosse apenas um quadro pintado e deixaram de
existir as estrelas e os astros; apenas a terra havia ficado
solitária no meio do nada. Então, fui transportada para
mais acima da terra e enxerguei ela como se ela fosse do
tamanho de uma bola. Nesse instante, vi um fogo com
suas labaredas que não subiam, mas entrelaçavam uma na
outra, cobrindo toda a terra.6 Depois disso, cessaram as
visões.
Naquele
instante,
começou
um
falatório
incompreensível naquela sala. O Pastor Felipe disse:
-Eu sinto, meus amados, que, com certeza, ela teve um
arrebatamento de sentidos e que o Senhor lhe mostrou as
coisas que estão para acontecer.
Gilberto, por sua vez, replicou:
- Bobagem, isso é sonho de barriga cheia. Deus só se
revelou no passado, na época dos apóstolos, hoje
ninguém tem essa capacidade. Ela quer ser a “Joana” do
Apocalipse?
Tio Bruno balançou a cabeça aceitando a explicação
do Gilberto, mas tio Ilário afirmou sua crença naquele
sonho.
A sala estava dividida. Até o pastor Sérgio
parecia desacreditar no sonho de Mariana. Alfredo, então
tentou explicar:
-Isso é apenas um reflexo da leitura bíblica que
Mariana faz diariamente. Ela sonhou aquilo que estava
em seu sub consciente.
Eu, por sua vez, balancei a cabeça como sinal de
negação e falei:
- Ora, gente, eu acredito em minha esposa, não
porque ela é minha esposa, mas porque eu conheço a voz
do Senhor. Só os espirituais conhecem as coisas
espirituais. Portanto, não vamos discutir, quem quiser
aceitar aceite e, quem não quiser, ignore.
Depois daquela discussão fomos à cozinha tomar um
cafezinho que Ana, nossa ajudadora do lar, havia
preparado. Que cafezinho gostoso ela preparou! Parecia
que ela havia moído o café naquele instante. O pão
caseiro, quentinho, o bolo de fubá, tudo era uma delícia
para todos nós! Ainda mais no agradável clima da
montanha! Itatiaia... ah que saudade! Aquele cheirinho da
montanha, da lenha queimada... Nunca vou esquecer
aquele dia!
À noite, partimos o bolo, recebi meus presentes e
cada um foi para o seu canto descansar. Fomos para a
varanda e tio Ilário pegou sua viola e começou a tocar
suas belas músicas. A parceria na música do tio Ilário
com o Juarez estava até engraçado, pois tio Ilário já não
tinha mais voz para cantar. Mas, apesar desses pequenos
detalhes, tio Ilário trouxe do fundo do baú as mais belas
canções, além de algumas canções que ele tinha
composto. Eram os clássicos evangélicos. Até Alfredo
gostou dos hinos! Já eram duas horas da manhã e
continuávamos cantando até que veio o sono e cada um
foi para o seu cantinho dormir.
No outro dia, o pastor Felipe chamou à todos para um
café espiritual. Comíamos o nosso pão e ao mesmo
tempo nos alimentávamos da Palavra. Aquela manhã foi
preciosa, pois o pastor Felipe deu um estudo em cima de
Mateus 24. Eu sabia, então, que ninguém ali tinha mais
desculpa de não acreditar no arrebatamento da igreja e na
grande tribulação. Infelizmente, muitos até não falaram
nem discutiram, mas não acreditaram naquelas palavras.
Até o pastor Sérgio falou:
- Religião e futebol é coisa que não se discute. Eu,
por exemplo, creio que Jesus virá, mas não agora. Eu
acredito que ainda falta muito tempo para ele vir. Ainda
tem muita coisa a ser feito nessa vida!
Juliana, nervosa em ouvir aquilo, reclamou:
- Que pastor é esse que não espera Jesus para agora?
O pastor Sérgio virou a cara como quem não havia
gostado daquele comentário e foi procurar um canto para
respirar melhor. No dia seguinte, já era quarta-feira de
cinzas e logo pela manhã, cada um fez sua mala e voltou
para a vida cotidiana.
Capítulo 2
A vida continua...
P
astor Felipe não conseguiu tirar aquela revelação
da cabeça e, assim, começou a visitar igrejas
pregando sobre a volta de Jesus e o
Arrebatamento. Pastor Sérgio, por sua vez, se mantinha
ocupado com seus negócios e quase não tinha tempo para
ir à igreja. Quase todo tempo estava viajando à negócios.
Ele até entrou para a política! A prosperidade estava
sobre sua vida, pois, além daquela ilha que ele possuía,
comprou ainda uma casa em Miami e todo mês ia passear
naquele lugar. Pastor Sérgio estava se sentindo um rei
com tantos empregados e bens materiais. Ele até dava o
seu dízimo lá na igreja. Às vezes eu ficava pensando:
“Estou a tanto tempo querendo ser pastor, tenho pregado
nas ruas, me aplicado na obra, mas não consigo. Como o
pastor Sérgio conseguiu ser pastor? Será que o dízimo
dele contou para isso? Não, é melhor eu não pensar nisso
e nem murmurar. É melhor ser servo sem cargo do que ter
cargo sem ser servo!”
Serginho, ao contrário de seu pai, não tirava aquele
dia precioso de seu coração. Parou até de ficar com uma e
outra! Depois daquele dia ele mudou muito! Quando o
seu pai viajava, ele preferia ficar no Brasil com a gente.
Fez até um cursinho de teclado para se unir ao grupo
jovem! O Bruno até disse para o Serginho:
- Cara! Se fosse eu não perdia uma viagem!
Mas Serginho explicou:
- Não, se Jesus voltar agora, eu quero ir e não quero
ficar!
Bruno, então concordou.
Bruno e Ester resolveram se casar e assim ficaram
noivos. Certo dia, porém, depois de receber mais
liberdade por causa do noivado, passaram a sair juntos e
sozinhos. No início, os dois recitavam versículos e
namoravam, como verdadeiros crentes. Mas, como a
carne é fraca, Bruno e Ester, após longo tempo se
beijando, começaram a sentir seus corpos inflamarem. 7
O Bruno me contou, certa vez, que Ester havia tocado
nele e ele nela. Então a voz da consciência, que ainda
falava entre eles, falou mais alto e cada um foi para sua
casa. Bruno, desesperado, não conseguiu dormir naquela
noite, pensando naqueles momentos. Ester sonhava com
o casamento e estava ansiosa para aquele dia. Assim, no
outro dia, os dois resolveram marcar o casamento.
Porém, Ester era sozinha, com apenas vinte anos de
idade, sem pai e sem mãe, não pôde casar na data
desejada e assim, teria que esperar completar os vinte e
um anos de idade. Depois dessa decepção, os dois
concordaram em cometer o ato sexual. “Ah! Vamos casar
mesmo né? Pra que esperar?”- disse Bruno. O que
poderia ser uma alegria passou a ser uma decepção. Após
os momentos de prazer Bruno e Ester ficaram com suas
consciências pesadas e os dois se arrependeram. O
problema é que os dois só se arrependiam depois do ato,
todas as vezes. Certa vez, era tão comum para eles aquilo
que 8, ao invés de ir à igreja, procuraram um “lugar” para
ficarem.
No demais, o mundo estava vivendo seu momento
normal. As coisas estavam caminhando. Tinha até um
maluco dizendo que a violência ia acabar se todos
mudassem de calendário!9 Onde já se viu isso? Ele
chamava de Calendário da Paz. Dizia que esse calendário
era proveitoso para todas as religiões e que o universo era
regido pelos números e que Deus era apenas um número.
Quanta heresia e blasfêmia! Tinha até uma estátua que ele
a chamava “A Pedra Que Fala”, uma tal de Tolektanon,
coisa da antiga civilização Asteca. Dizia que se todos
meditassem cada dia nas profecias de Tolektanon e
usassem o Calendário da Paz, que tinha treze meses de
trinta dias e um dia livre para celebrar a Paz Mundial, o
quinto Buda viria nos ensinar a ter Paz na Terra. Tinha até
um tal de Maytreia que se dizia o tal quinto Buda, com
genealogia supostamente comprovada em Abraão, Davi,
Maomé e outros, se dizendo o centro das religiões. Ele
dizia que ele era a Raiz de Davi e que todas as religiões
levavam a ele e que Buda e Jesus tinham sido instruídos
por ele, mas que agora ele mesmo havia vindo para trazer
mil anos de paz sobre a terra e que ele só precisava de
sete anos para realizar isso. 10 Ele dizia que todas as
coisas boas que acontecera no Mundo era influência dele,
coisas do tipo: a derrubada do muro de Berlim, os
acordos de paz entre Judeus e Palestinos. (Ele só não
falava das coisas ruins, como a queda das torres gêmeas!)
Seus seguidores até pregavam sobre sinais que ele havia
feito nos céus e na terra, aparições milagrosas etc. Ele
tinha até uma certa aparência de bonzinho e só falava de
coisas boas.
Naquela época eu achei tudo aquilo muito estranho e
procurei até estudar sobre essas falsas doutrinas. E o pior
é que o Vaticano era a favor do novo calendário, dizendo
que se isso era importante para a Paz, porque não adotálo? Afinal haveria até datas festivas para todas as
religiões!
Ainda, eu ficava pasmado em ver quantos queriam ser
o anticristo. Eram muitos em vários lugares do mundo.
Ainda havia um homem que fundou uma igreja que
adorava o número seiscentos e sessenta e seis, dizendo
que esse número atraía riquezas. Aquele homem, que se
dizia o Cristo, pregava a liberdade sexual e a depravação
era coisa comum. E o pior, eram muitos que entravam
para a seita dele.
Mas o que mais me assustava era ver a inércia
espiritual de muitos crentes. Parecia que as coisas
materiais eram mais importantes do que as espirituais!
Estava difícil ouvir dizer que alguém havia sido batizado
pelo Espírito Santo. Tinha igreja que só abria as portas
aos domingos e nos outros dias funcionava com outras
atividades. A falta de amor à Deus e aos homens, a
terrível violência nas grandes cidades, o grande número
de desviados, homens casando com homens e mulheres
com mulheres, praças livres para qualquer tipo de
pecado, a televisão mostrando tudo com normalidade... 11
Do outro lado, uma coisa que eu sempre observava era
a política internacional. Todos estavam ligados através de
acordos.12 O mundo já parecia um só bloco antes de tudo
acontecer. Até o Brasil despertou para a globalização e
foi conhecido como o país que trouxe luz à Nova
Ordem.13
Mas, apesar de tudo isso, ainda existiam igrejas,
poucas, que se preocupavam em manter-se fiéis às
doutrinas dos apóstolos e viviam pregando a palavra com
ousadia. Apesar do grande número de igrejas apóstatas,
parecia que o Senhor havia levantado para a última
colheita homens e mulheres preciosos que lutavam para
pregar a Palavra com ousadia. Os irmãos da China eram
os mais fervorosos. Aqueles até morriam por amor à
Cristo nos países muçulmanos, sem temor. Tudo isso me
fazia acreditar que algo estava para acontecer. O Brasil se
destacava pelas explosões de cura, pelo avivamento
precioso do Espírito, pelos missionários que cada vez
mais iam para os campos não alcançados.
Capítulo 3
O arrebatamento
N
aquele dia, após passarem a noite no motel,
Bruno ficou preocupado com a desculpa que ele
me daria por ter dormido fora e nem me avisado.
É claro que fiquei preocupado, mas pensei que ele estava
em alguma vigília. Assim, Bruno ligou para minha casa e
ninguém respondeu. Bruno, então, achando que eu estava
na igreja, se despreocupou e ligou o rádio daquele motel.
Sem ele esperar, ouviu uma notícia que amargou dentro
dele:
-Até agora, as autoridades não têm resposta para o que
aconteceu no mundo, pois sabe-se que desapareceram
milhões de pessoas. A ONU convocou reunião
extraordinária com os líderes dos países. Sabe-se, porém,
que três aviões caíram e em vários lugares sucedeu um
engarrafamento onde foram encontrados vários carros
abandonados pela rua. Houve tragédias, ônibus
desgovernados. O mais preocupante é que foi dado
queixa de desaparecimento de milhares de crianças de
colo. Médicos estão espantados pois faziam ultra
sonografia e os fetos desapareceram de repente. Mulheres
estão chorando pelas ruas. Homens que parecem fortes
não cessam de chorar, como se fossem crianças. Até os
mais fortes homens caíram em choro pelas ruas. Ninguém
até agora está entendendo o que aconteceu. Ainda, o mais
curioso acontecido foi no Rio de Janeiro, no Cemitério de
Irajá, onde uma família evangélica estava cortejando o
seu morto e de repente o caixão ficou leve como uma
pena. Abriram o caixão e não havia mais corpo. As
autoridades ainda não se pronunciaram quanto aos fatos,
mas existem muitos boatos de que eles foram abduzidos
pelos ETs. Voltaremos logo, logo com mais notícias...
Naquele instante, Bruno olhou para Ester e os dois
ficaram pálidos e com os olhos arregalados. Os dois
entenderam que o arrebatamento de que Mariana falara
havia acontecido naquele dia.
- Senhor, tem misericórdia de mim! Eu me arrependo
do que fiz. Prometo que não vou pecar mais! Abre-me a
porta para eu entrar. - Clamou Bruno, arrependido.
Ester, por sua vez, com a voz sem esperança,
soluçando, falou:
-Bruno, não adianta mais... (soluçou) Eu até li uma
passagem a esse respeito. Agora, só nos resta a bênção de
Deus de nós sermos mortos por amor a Cristo ou
conseguirmos permanecer vivos até a volta do Senhor,
daqui há sete anos.
Bruno aceita:
- Você tem razão... Devemos permanecermos fiéis ao
Senhor a todo custo!
Ester, então, pede para Bruno sairem daquele lugar e
ir até a igreja, para ver quem mais havia ficado na terra.
Quando os dois chegaram na igreja, como por um
espanto, nos achou lá, com os olhos cheios de lágrimas e
com nossas cabeças inclinadas para o chão, desanimados
e atônitos com aquela situação. A experiência do
arrebatamento para mim foi terrível, pois eu estava de
mãos dadas com minha amada esposa Mariana quando,
de repente,4 deixo de sentir suas mãos e somem de
minhas vistas o Pastor Felipe e o Gastão, tecladista da
igreja. Quando me dei conta, notei que apenas seis
irmãos estavam comigo na igreja. Naquele momento, me
perguntavam porque eu não fui achado digno de subir
com o Senhor, já que eu estava na igreja naquele instante.
Foi um golpe muito duro para mim. Foi aí que me dei
conta de que havia me afastado do Senhor.
Não sei quando isso aconteceu, mas sei que
aconteceu, pois antes, eu era tão ativo na obra, mas
depois que eu comecei a deixar a igreja por causa do
trabalho, já que a situação estava difícil e precisava
ganhar algumas horas extras, eu fui me esfriando. Na
verdade, quando estava no culto, não cultuava ao Senhor,
mas estava sempre pensando nas dívidas que se
acumulavam. Parece até que quanto mais eu trabalhava,
mais dinheiro eu gastava e nunca minhas finanças se
equilibravam. Eu não conseguia dar o dízimo! Hoje, eu
sei que tudo aquilo era em vão, pois o devorador estava
assolando minha vida para eu não ter mais tempo para
Deus e eu caí nessa armadilha. Mas, logo naquele dia que
tive um tempinho para ir à igreja aconteceu o
arrebatamento. Não deu tempo de encher a candeia, só
pode ser isso!
O mundo, naquele dia, estava um cáos. Muitas
pessoas morreram nos acidentes, um medo pairava no
coração da humanidade. Muitos se mataram. Eu me
lembro, numa reportagem, assim que aconteceu o
arrebatamento, que um repórter entrevistava ao vivo um
senhor evangélico, chorando, dizendo que os fiéis
subiram e que o fim estava próximo. A transmissão foi
cortada na hora. Talvez o pessoal da televisão estava
preocupado em causar mais medo do que as pessoas já
estavam se sentindo.
A verdade é que só os fiéis é que subiram. Me lembro
que vi pessoas quebrando alguns salões dos Testemunhas
de Jeová e gritando: “Vocês nos ensinaram tudo errado!
Os crentes estavam certos! Jesus voltou agora e não em
1948!” Os padres explicavam nas igrejas que os extraterrenos é que haviam raptado os crentes, para fazer um
mundo melhor sem diferença de crença e por isso
levaram eles, para que não atrapalhasse o plano da
religião única e a instituição da paz. Eles diziam que
Elias também havia sido levado por eles no passado e que
o mundo é regido por eles, que Nossa Senhora de
Fátima, que havia aparecido em maio de 1917, era, na
verdade, uma mensagem dos Extra-terrenos. Eles diziam
que em breve tudo ia ficar calmo, pois o Vaticano havia
falado que isso tudo já estava planejado.
Chegou a noite e ninguém conseguiu dormir, com os
olhos fixos na televisão, aguardando qualquer
pronunciamento.
Capítulo 4
O novo governo
N
o dia seguinte, a WZNN, em cadeia mundial,
televisionou o pronunciamento do presidente da
ONU. Este, reuniu os dez países mais ricos da
terra com seus líderes e começou o pronunciamento:
– Devido aos fatos que tem ocorrido, decidimos unir
os dez países mais ricos do mundo para que achemos
uma solução para o problema. Queremos pôr ordem na
situação, pois as últimas horas têm sido de grande alarme
e desespero, onde pessoas estão saqueando lojas,
aumentou o número de roubos de carros, pessoas estão
matando umas as outras por desconfiarem da culpa de
cada um, brigas religiosas estão trazendo várias mortes
em vários países. O mundo está um cáos e se nós não
nos organizarmos para solucionar esses problemas, não
sabemos o que mais poderá acontecer. Desse modo, as
nações unidas, junto com os demais órgãos existentes,
chegamos a um consenso em que façamos de todo mundo
um só bloco político e econômico, formado pelos dez
países mais ricos do mundo, por estarem melhores
preparados para esse assunto. Assim, poderemos acabar
com o problema atual e também aproveitar e acabar com
a pobreza e a miséria daqueles países mais pobres. Vamos
lutar para um mundo melhor... Sendo assim, assinamos
um tratado entre os líderes dos povos da terra passando o
governo mundial para esses países mais ricos, fundando a
“Nova Ordem Mundial”, em inglês, “New World Order NWO”. Com isso, todos os países estarão sujeitos às leis
que serão escritas mais adiante.14
“ Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda
não receberam o reino, mas receberão autoridade, como
reis, por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm
um mesmo intento, e entregarão o seu poder e
autoridade à besta.” (Ap 17.12,13)
Os líderes, um a um, desesperados e atônitos com
os acontecimentos, convencidos pela liderança desse
novo governo, inclusive com o apoio do Vaticano,
assinaram o tratado passando a direção de seus países e
reinos para esses dez presidentes dos dez países mais
ricos. E, aqueles que não entendiam, aplaudiram aquele
feito e se sentiram aliviados com tal decisão. Muitos
festejaram naquela hora, muitos idealistas acharam que
aquela era a atitude que já deveria ter sido tomada há
muito tempo, pois isso traria justiça social ao mundo e
todos seriam tratados como um só povo e com dignidade.
Os espíritas diziam que tinha chegado o tempo da justiça
e da igualdade. Aqueles, porém, que conheceram o
evangelho e eram sábios, entendiam o que estava para
acontecer e ficaram calados, aguardando.
Depois dos dez homens tomarem posse, assinando o
tratado, passou uma hora e a WZNN voltou a focalizálos. E aconteceu conforme estava previsto em Apocalipse
17:12,13. Sim, aqueles dez governantes, em
pronunciamento ao mundo disse:
-Pareceu-nos por bem, instituir um líder dentre nós,
para centralizar o governo da Nova Ordem, pois assim
estaremos evitando problemas futuros que poderiam
acontecer. Por isso, o Governo da Nova Ordem ficará sob
comando e autoridade do Sr. Mytra, que em breve
revelará o seu plano de governo que trará paz à terra. Ele
é um homem bom que só faz o bem. Temos presenciado
suas ações e conhecemos suas idéias de paz...
O mundo passou à mão de um só homem, na
esperança de alcançar a paz mundial. Quem era entendido
sabia que ele era o que a Bíblia revelava: O Anticristo. E
então, cada um respirou atônito com o que poderia
acontecer. O mundo, diferentemente, estava sentindo um
alívio por verem as coisas se encaminhando para um
mundo melhor e, por isso, todos estavam ansiosos por
saber das novas leis e prontos para cumprirem pelo bem
da paz mundial.
“ Olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava
montado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e
saiu vencendo, e para vencer.” (Apocalipse 6:2)
- O anticristo receberá autoridade para trazer a
aparente paz à terra, simbolizado pelo branco.
Capítulo 5
A nova lei
N
o dia seguinte, o anticristo (somente os sábios
sabiam quem ele era), em cadeia mundial,
decretou suas leis:
-Para o bem de todos e da Paz mundial entre as
nações, no futuro bem próximo não haverá mais
circulação do dinheiro vivo entre os povos. Cada cidadão
deverá ter um cartão pessoal, que será validado pelo
polegar ou pelas córneas, que irá controlar suas
movimentações financeiras, suas compras e seus
negócios. A moeda será apenas uma, que converterá as
outras para o mesmo valor. Esta é a maneira mais
confiável de acabar com o roubo. Também, cada um
receberá um chips, contendo sua identificação mundial,
poderá funcionar como localizador, de maneira que, caso
haja algum crime, nossos satélites identificarão quem
estavam e onde estão as pessoas que participaram do
evento. Sendo assim, meu intuito será o de aniquilar o
crime e, para isso, fica instituído a pena de morte para
todos os criminosos e ficará sobre a terra somente aqueles
que forem de bem. Por isso, todo cidadão será obrigado a
se cadastrar e receber o chips, que será colocado na mão
direita ou na testa, caso a pessoa seja defeituosa e não
tenha a sua mão direita para se cadastrar. E, todo aquele
que não receber a identificação no prazo máximo de um
ano, será levado a julgamento e será tratado como
criminoso, pois somente os criminosos não quererão
receber o identificador, para não serem apanhados e, para
o bem de todo o Governo e de todos os povos da terra, tal
identificação é obrigatória. Meu outro decreto é que não
podemos mais tolerar o que chamamos de intolerância
religiosa, por isso, todos devem se esforçar e terão que se
unirem à Comunidade da Luz e, para isso, decreto que
todo templo ou igreja sejam fechadas ou deverão aderir à
convenção, onde líderes do meu governo fiscalizará a
cada uma para que cumpram os regulamentos. Para isso,
escolho o Vaticano para liderar essa Comunidade, uma
vez que ela é a mais numerosa em adeptos da Terra e é
conhecida como a mais antiga. Decreto que todas as
instituições comerciais e financeiras deverão seguir as
ordens da Nova Ordem e, por isso, deverão se organizar
pois não haverá emissão de papel moeda num prazo
máximo de quatro anos, mas toda operação será realizada
através do chips de identificação. Para isso, durante os
três primeiros anos, o Governo Mundial fornecerá todo
equipamento necessário para esse fim. Para enfatizar o
início de um novo mundo, decreto que hoje, senhoras e
senhores, é uma nova era. Por isso, hoje é o primeiro dia
do reinado do Novo Mundo e as datas serão agora
contadas a partir de hoje. Usaremos o Calendário da Paz,
orientado pelo meu estudioso Gurú, o grande profeta de
todos os tempos, Pacal Votan, conhecedor do mistério
dos números e do universo. Hoje é o dia livre, o dia da
Paz. Festejemos esse dia!...
Com aquela notícia, encheu dentro de mim um desejo
ardente de acabar com aquele homem, pois eu sabia
quem ele era. Foi aí que tomei a decisão que me faria
parar aqui nesse corredor da morte: decidi pregar contra
ele. Fui para Atlanta, na Geórgia e me uni com os crentes
de lá. Havia alguns irmãos que tinha conhecido numa
missão na cidade de Americus que por descuido também
ficaram.
Formamos um grupo de sete irmãos e saimos
anunciando o Evangelho e desmascarando o sr. Mytra.
Recebemos apoio de muitos. Iniciamos nossa jornada em
Miami mas depois de três dias tivemos que fugir dali.
Nos dirigimos para a estação do Amtrak e pegamos o
trem para a Carolina do Norte.
Na Carolina do Norte conseguimos alguns adeptos ao
nosso movimento. Foi então que seguimos de carro em
direção a Washington. Passamos por uma cidadela que
nem o nome se via no mapa, mas lá todos já estavam
endemoniados e chegaram a sequestrar um de nós. Foi
terrível, mas a unção de Deus veio sobre nós e com
ousadia pregamos e anunciamos a Ira de Deus contra
aquela cidade. Perdemos o Derek e agora éramos apenas
seis. Saímos daquela cidade, limpamos nossos pés 15 e
seguimos para Washington.
Lá, não conseguimos nem falar com ninguém,
tamanha a batalha espiritual que tivemos que enfrentar.
Era comum ver os demônios nos seguindo e os agentes
nos vigiando. Seguimos então para Nova Iorque.
Em Nova Iorque, a Grande Maçã, observamos no
meio da Times Square a depravação que os jovens
cometiam. Eram jovens do mundo inteiro, japoneses,
franceses, ingleses, portugueses... Pregar já não fazia
mais efeito. Todos estavam com seus ouvidos e
entendimentos fechados. Ninguém nos ouvia. Decidimos,
então, pegar o trem até Chicago.
Em Chicago as coisas ficaram piores. A violência
contra os que se diziam crentes era tanta que foi difícil
encontrarmos alguém para se unir a nós. O povo daquele
lugar dizia que era necessário lutar contra todos que se
opunham ao Calendário da Paz. Não nos restou outra
saída a não ser irmos para Seatle.
Em Seatle conseguimos encontrar um grupo de
resistência que tinha um plano para acabar com o
anticristo. Mas alguém tinha que ser o voluntário. Daí eu
aceitei fazer parte daquele plano.
Eu teria que
simplesmente me infiltrar no Vaticano no dia da Missa do
Galo, que fora substituída pela Missa da Paz, e atirar nele
no meio da multidão. Assim, segui para Los Angeles para
pegar o vôo para Milão.
Quando cheguei ao Vaticano, na praça da Paz, esperei
ele sair para a janela. Ele estava ao lado do Papa e
começou a falar no microfone. Peguei minha arma e
atirei em sua testa. Foi um tiro certeiro. É claro que
pensei muito antes de aceitar essa missão. Nunca tinha
tirado a vida de ninguém, mas, afinal, era o anticristo e
eu, na minha igenuidade e falta de entendimento das
escrituras, pensei que poderia abreviar as coisas. Que tolo
que fui! Não sei onde estava com a cabeça. Se tivesse
lido mais as Escrituras eu ia ver que só Jesus terá o poder
de aniquilá-lo. E, na mesma hora, os seguranças me
prenderam e fui condenado mesmo sem julgamento. O
interessante é que, após eu ter feito aquilo, a notícia
correu rapidamente, as televisões filmaram ele. Quando
todos estavam assistindo atônitos, ele declarou:
- Não se preocupem, pois nada poderá me derrotar.
Sou aquele que deveria vir para trazer Paz na Terra e
nada poderá me subsistir. O mundo está seguro comigo!
Eu sou aquele que tem o poder de restaurar o Reino de
Israel.
Tudo isso parecia mostrar que ele era o Messias, pois
além de tudo o que aconteceu, ele se reuniu com o
governo Israelita e prometeu, através de um acordo de
paz, conseguir reconstruir o Templo de Jerusalém sobre a
Mesquita Muçulmana. Ele falava com eles que a paz
Muldial dependia disso. Surpreendentemente, os líderes
mulçumanos e israelitas assinaram um acordo de paz e
iniciaram a reconstrução iniciando sobre o Muro das
Lamentações, ao lado da Mesquita Mulçumana. Eles
diziam que os judeus e mulçumanos poderiam viver em
harmonia, uma vez que a bondade e a misericórdia
deveriam prevalecer aos descendentes de Abraão. Alguns
judeus até creram que aquele homem era diferente. Criam
até que ele poderia ser o Messias enviado por D´us e até
acreditavam que ao fazer esse acordo de paz estariam
fazendo a vontade do Eterno. E, com isso, ele decretou
que ninguém mais poderia lutar nem contra Mulçumanos
nem contra Israelitas, pois eram povos de boas práticas e
que amavam fazer o bem e condenou de uma vez por
todas todo ataque terrorista ou de qualquer natureza entre
todos os povos. Israel, assim, fez aliança com ele e
permitiu que ele construísse lá o Palácio do Governo
Mundial. Meu amigo, acredite, ele é o anticristo, e fique
sabendo que virá ainda uma outra besta que fará sinais
nos céus e na terra.
Nesse instante, Lúcio, após ter contado sua estória
para seu colega de cela, Carlos, suspirou e começou a
chorar, pois faltavam apenas alguns dias para sua
execução. Ele lembrou da época que era crente fiel, da
felicidade que sentia ao ir à igreja e se arrependeu por
não ter ficado firme com Jesus.
- Ah! Como eu queria ter sido arrebatado também.
Não estaria sofrendo como estou! Carlos, a nossa única
esperança é não negar a Jesus e morrer por amor a ele!
Carlos, então, abaixou a cabeça, ficou pensando por
alguns instantes e declarou: “Lúcio, você não precisa
dizer isso. Eu já sei. Eu era fervoroso na igreja também,
mas dei vazão à minha carne. Havia uma irmã na igreja,
Maria, que declarou seu amor por mim. Eu sabia que
aquilo era uma atuação maligna contra mim, pois era
casado e, por isso, resisti à tentação. Mas parece uma
coisa! Tudo veio para me enfraquecer: minha esposa não
me queria mais, vivia me atormentando. Ela dizia que
sexo era pecado e tínhamos que nos santificar. Meu
apetite sexual crescia, meu casamento estava um cáos e
aquilo me enfraquecia espiritualmente e, como já estava
na carne, cheio de desejos carnais e carente por afeto, não
resisti. Foi aí que caí. Pedi separação, saí da igreja e
estraguei a minha vida. Não muito tempo depois, eu caí
num estado de miséria tão grande que caí nas drogas e na
bebida. Na verdade, esses acontecimentos de agora foram
a razão de eu voltar a si. Nem sei se sou digno de morrer
por amor a Cristo. Sinto minha fé enfraquecida.” Lúcio,
então, replicou: “Deixa disso! Essa é a sua única
oportunidade de voltar para Cristo. Se Ele não nos
amasse, certamente já estaríamos mortos sem esperança.
Mas, se estamos aqui, é uma oportunidade única de
voltarmos para ele. Não desanime. Em breve estaremos
com Ele. Veja: por que nós não cantamos hinos para ele?”
Naquele instante, Lúcio começou a cantar o Hino 15 da
harpa. Carlos, então, começou a chorar e depois de duas
estrofes, ele acompanhou Lúcio com o Hino.
Naquele instante, o guarda superior estava passando
e, ouvindo, se irritou amargamente e, sem mais nem
menos, colocou cada um na solitária e disse: “Vocês só
sairão daí quando negar a esse Jesus que vocês estão
cantarolando!” Passado, então, os trinta dias de solitária,
o guarda superior ainda ouvia aquela canção e, por isso
disse: “É, vocês não têm jeito mesmo. Vou tirar vocês
daí, mas para que morram!”
Carlos e Lúcio ficaram um olhando para o outro,
debaixo da guilhotina. Parece que aquela solitária serviu
para aumentar a fé de cada um. Um olhou para o outro,
sorridentes e muito, mas muito felizes, pois sabiam que
toda aquela dor seria transformada em alegria dentro de
instantes. 16 O Oficial Executor ficou curioso em ver o
rosto deles alegres e não entendeu, mas, ao soar do apito,
ele liberou a guilhotina e suas cabeças caíram, mas ainda
com aquele sorriso estampado nos lábios!
Chegou, dessa maneira, não o fim de Lúcio, nem de
Carlos, mas o início de uma vida com Cristo!
Quando Bruno ficou sabendo da morte de seu pai ele
até ficou triste, mas logo ele se lembrou que o seu pai
agora, sim, estava salvo! Assim, Bruno e Ester
resolveram se casar para passarem juntos por aquela
tribulação. O problema é que eles não poderiam fazer
isso no cartório, pois teriam de se identificar e eles
sabiam que essa identificação seria para início da
perseguição. “Você se lembra dos judeus que, após se
identificarem como tais, foram levados aos campos de
concentração?” - disse Bruno. “É mesmo, e eu ouvi dizer
há algum tempo atrás que existiam vários campos de
concentração clandestinos espalhados pelo mundo e
ainda com guilhotinas!” - replicou Ester. . Por isso,
fizeram de tudo para encontrarem algum pastor pela
região deles. Bruno disse: “Nunca pensei que seria raro
encontrar um pastor!”
Capítulo 6
A ilha dos anjos
B
runo e Ester, por não quererem se identificar e
não encontrarem mais nehum pastor, resolveram
fugir para a ilha do Pastor Sérgio e pedí-lo para
casar os dois. Chegando em sua ilha, o pastor Sérgio lhes
cumprimenta: “Olá, meus irmãos, graças a Deus vocês
vieram. Já estava preocupado com vocês. Como é? Vocês
já se identificaram perante a lei?” Na mesma hora, Bruno
se indigna e lhe responde: “Ora, pastor, o senhor acha que
somos loucos? É certo que erramos, mas conhecemos a
Palavra e sabemos que não podemos fazer assim.” Nesse
momento, o Pastor Sérgio sorri e lhes fala: “Não se
preocupem, meus irmãos, eu só estava tentando verificar
se vocês eram espiões. Sabem, depois do arrebatamento,
analisei melhor minha vida espiritual e descobri que
estava errado. Para amenizar minha situação com Deus,
eu criei em minha ilha uma comunidade para passarmos
bem por essa trribulação. Vocês gostariam de se juntar a
nós?” Na mesma hora, Bruno e Ester olharam um para o
outro sorridente e balançaram a cabeça dizendo que sim.
Bruno acrescentou: “Pastor, eu gostaria que o senhor nos
casasse ainda hoje!” O Pastor Sérgio, então, sorriu e
disse: “Tudo bem, vamos para a aldeia. Aliás, batizei o
nome da ilha como Ilha dos Anjos...” Caminharam, então,
conversando e falando dos irmãos que ainda estavam na
terra.
Ao chegar na Ilha dos Anjos, o Pastor Sérgio
chamou a todos e apresentou os mais novos membros e
disse: “Se preparem porque hoje vai ter casamento!”
Todos, então cantaram ao Senhor hinos de alegria. As
irmães trataram de cuidar de Ester, alisou seu cabelo,
ornamentaram-na com flores do campo. Os irmãos
pegara Bruno e o levaram para a praia para fazer-lhe a
despedida de solteiro. Bruno teve que pescar peixes com
as mãos como parte da brincadeira.
Bruno então observou junto às pedras um canal onde
os peixes passavam. Tapou o lugar com galhos e logo
então encurralou os pobres peixes. Conseguiu pescar
setenta peixes e logo pensou: “Isso me faz lembrar de
Jesus! Ele disse a Pedro que ele seria pescadores de
homens. E eu aqui, me divertindo, enquanto muitos
caminham para a perdição eterna!” 17
Chegando a noite, Bruno e Ester se casaram e se
amaram durante toda a noite. Os dois se amavam muito!
Ao amanhecer, foram para o culto matinal e se
alegraram com todos. O culto foi uma bênção. Cantaram
hinos de vitória e relembraram o quanto os cristãos da
igreja primitiva também sofreram. Ao entardecer, o
Pastor Sérgio convocou uma reunião com todos e lhes
expôs sua idéia: “Meus filhos, sinto que é necessário
convocar alguns para buscar outros irmãos antes que eles
sejam pegos pela NWOP (New World Order Police Polícia da Nova Ordem Mundial) Por isso, gostaria de
voluntários, um de cada igreja diferente para buscar os
irmãos de vossa respectivas igrejas. Será uma bênção!”
Na mesma hora todos disseram amém e muitos foram os
voluntários. Depois de selecionar, o Pastor Sérgio levou-
os em seu hiate até Angra dos Reis.
Não levou nem uma semana para juntar os irmãos
dispersos de cada igreja. Em duas semanas já estavam
chegando na ilha cerca de 200 pessoas para se agregar na
comunidade. Passado um mês, a ilha já estava com mil
duzentos e sessenta irmãos. Os cultos eram repletos, os
irmãos estavam orando a cada dia, a igreja estava cheia
de pessoas arrependidas por não terem subido. O pastor
Sérgio estava a cada dia surpreendendo os dois.
Após dois meses de bênçãos, três irmãos se reuniram
e decidiram convocar uma reunião dizendo: “Estamos
todos aqui, aguardando os acontecimentos, longe do
mundo e das notícias. Acho que essa atitude nossa é
puramente egoísta. Deveríamos nos reunir e sair desta
ilha para pregar o evangelho àqueles que ainda não
aceitaram.” O Pastor Sérgio ficou indignado, chamou-os
de rebeldes e decidiu que eles deveriam deixar a ilha,
para evitar problemas. Entretanto, parece que já era tarde,
pois o povo estava dividido. A maioria queria deixar a
ilha junto com eles e pretendiam pregar o evangelho e
resistir até à morte, pois sabiam que essa era a vontade de
Deus. Foi aí que o Pastor Sérgio pediu que todos
tivessem compreensão e esperassem mais um dia, pois
ele iria providenciar as embarcações. O povo, então,
concordou em esperar e aproveitaram para buscar a Deus.
Bruno falou para Ester: “Que saudade tenho daqueles
dias em que íamos para o Retiro de Carnaval! O Poder de
Deus caía! Agora buscamos, buscamos, mas onde está o
Espírito do Senhor? Só consigo sentir alegria no coração
lendo a Palavra.”
Ester então lhe falou: “Verdade! Mas agora só nos
resta viver da Palavra!” 18
Capítulo 7
O espião
N
aquele instante, pastor Sérgio foi para seu
gabinete, pegou seu telefone, ligou para o
DIBOM
(Departamento
de
Inteligência
Brasileira da Ordem Mundial) e disse: “Alô, águia mãe,
aqui é águia solitária em apuros.” Nesse instante, Ester
passa pelo gabinete e, ao escutar aqueles dizeres,
silenciosamente parou para escutar. O pastor Sérgio
continuou: “Não estou conseguindo mais reter o ninho de
cobra longe dos seus ovos.” Do outro lado, o agente
responde: “Não tem problema, estaremos mandando
ajuda hoje à noite. Leve-os para o campo central e fique
longe por 300 metros de raio.” O pastor Sérgio, então,
responde: “Entendido águia mãe. Águia Solitária
desligando.” Ao ouvir aquelas palavras, Ester se
desespera dentro de si e descuidadosamente, deixa cair o
copo d’água que ela estava carregando. Imediatamente, o
pastor Sérgio corre e pega-a pelo braço, tampando sua
boca. Ester era fraquinha, magrinha, não conseguiu
resistir. Sérgio, então, lacra sua boca e exclama: “Você
não pode mais sair daqui! O meu plano tem que se
cumprir.” Naquele instante, Sérgio conta para Ester os
seus planos: “Recebi muito dinheiro para manter vocês
longe das outras pessoas. Elas não podem associar o
sumisso dos crentes ao que eles pregavam sobre
arrebatamento.” Ester, naquele instante, olha bem para os
olhos de Sérgio e ainda sem entender o que estava
acontecendo, olha para ele como quem olha pergutando.
Nesse instante, Sérgio revela a sua verdadeira intenção:
“Eu queria poupar vocês, mas agora todos deverão
morrer ainda esta noite. Se eu não fizer isso, eu é que
morrerei. Você deve estar pensando o porquê de um
pastor agir assim. Ora, eu amo minha vida, meus bens.
Ainda tenho muita vida pela frente. Não quero perder
tudo isso. Quando esse cáos passar vou me dar bem nos
negócios.” Ester lhe faz sinal de que gostaria de falar.
Sérgio, então, pega sua arma, aponta para ela e diz que se
ela gritasse ele a mataria. Após ela balançar a cabeça
concordando, Sérgio tira o tampão de sua boca. Ela fala:
“Jesus disse: aquele que amar a sua vida perde-la-á e
aquele que a perder por amor a mim acha-la-á. Por isso,
desista do seu intento enquanto há tempo!” 19 Sérgio
então replica: “Não, eu não consigo. Já estou muito
compromissado com eles. Já até aceitei a identificação.
Onde eu for, eles me acharão!” Ester, então, baixa a
cabeça e perde as esperanças em convencê-lo. Segundos
depois, Ester pede a Sérgio para poupar Bruno, mas ele
estava determinado a acabar com todos.
Naquele instante, porém, Bruno sente a falta de Ester
e pergunta a todos sobre ela. Ana, a cozinheira, revela
que viu Ester entrando no Gabinete do pastor. Foi aí que
Bruno correu até lá, pressentindo como se alguma coisa
ruim estivesse para acontecer. Ao chegar no gabinete, ele
o encontra trancado. Bruno bate à porta desesperado.
Sérgio, então, resolve abrir a porta, mas apontando uma
arma para a cabeça de Bruno. “O que é isso?” - Pergunta
Bruno, muito assustado. “Entra e fique calado.” - ordenou
Sérgio. Bruno, semelhante à Ester, ficou sem saber o que
estava acontecendo. Nesse instante, Sérgio tranca-os
dentro do banheiro e sai do gabinete.
“Ester, o que deu nesse pastor?” - pergunta Bruno
muito assustado. Ester, então, lhe explica que o pastor, na
verdade, era um agente do DIBOM, que já havia recebido
a identificação e que ele foi corrompido pelo dinheiro.
Ainda, Ester lhe revela o plano de Sérgio. Na mesma
hora, Bruno olha para todos os lados, para ver se
encontrava algum jeito de sair daquele lugar. Sem ter
como escapar, resolvem gritar por socorro. O grito foi em
vão, pois o banheiro ficava na parte mais funda da casa e
longe de quem pudesse ouvir.
Capítulo 8
O massacre e a fuga
C
hegando à noite, os agentes do DIBOM chegaram
com seus helicópteros Comanche, doados pelo
governo americano. Lançaram bombas, foguetes,
mísseis e tiros. Parecia uma guerra. No outro dia, ao
amanhecer, aquele campo estava inundado de sangue. As
pessoas amontoadas umas sobre a outras. Era uma cena
terrível. Até os adolescentes não escaparam. Era,
realmente, uma cena de guerra. Ainda pela manhã, os
guardas chegaram perto de cada pessoa caída para
assegurar que estavam mortas. Após a contagem dos
corpos, descobriram que tinham escapado cento e
quarenta e quatro pessoas e, por isso, resolveram fazer as
buscas pelo mato. Aonde eles encontrassem alguém vivo,
sem a marca de identificação, eles matavam, seja velho,
novo, homem, mulher ou até mesmo adolescentes. Ainda
conseguiram matar mais setenta e quatro pessoas e
descobriram que setenta tinham fugido pelo mar. Assim,
passaram o rádio para a guarda costeira, que passaram a
patrulhar as praias. Foram encontrados quarenta corpos
na areia vítimas de afogamento. Trinta aparentemente
escaparam do massacre. Era difícil ter certeza, uma vez
que o mar estava revolto naqueles dias.
Chegou a vez de Bruno e Ester saírem do cativeiro.
Eles esperavam morrer assim que abrissem a porta. Mas
Sérgio diz que lhes daria mais uma chance: “Vou levá-los
à Angra, onde vocês serão julgados. Mas, lembrem-se:
Negue a Jesus e receba a identificação, pois senão eles
irão cortar a cabeça de vocês!” Bruno e Ester, então, são
levados pelos guardas até à barca, onde ficam
aprisionados no porão. Bruno, então, teve uma idéia:
“Ester, vamos fugir enquanto é tempo!” Ester, então, lhe
responde: “Como? Além do mais, acho que agora é o fim.
E isso para mim acredito que é até bom. Iremos morrer
como mártires!” Bruno, então replica: “Tudo bem, mas
acho que devemos lutar por nossas vidas para podermos
prosseguir com nosso plano de pregar o evangelho. Ou
será que toda aquela gente morreu em vão?” Ester, então,
continua: “Pense, Bruno. Eles não morreram em vão, eles
morreram como mártires. Pra quê continuar sofrendo
assim? Você está amando sua vida?” Bruno respira fundo
e fala: “Não sei se o que vou fazer será o certo, mas
quero lutar contra o governo do anticristo. Quero revelar
a todos quem ele é. Vou quebrar o casco dessa barca.
Assim que ele estiver afundando, com certeza eles terão
que vir aqui e é aí que vamos fugir. Vamos pular na água.
A essa hora já estamos perto da praia. Cada um deve
fugir para um lado diferente.” Ester, então, chora: “E nós,
como vamos nos encontrar depois disso?” Daí Bruno
responde: “Vamos nos encontrar no Cemitério de Irajá.
De lá vamos ver o que faremos!” Após ditas aquelas
palavras, Bruno pega o machado e fura o casco, que
começa a vazar. Em poucos minutos, os marinheiros se
aproximam desesperadamente da porta e abre-a. Olhando
o vazamento, correram para consertar o casco. Foi aí que
Bruno e Ester, silenciosamente, sem ninguém perceber,
fogem e pulam no mar.
Quando a barca chegou em terra firme, perceberam
que eles tinham fugido e logo passaram o rádio para as
autoridades, dando a descrição de cada um.
Capítulo 9
O desencontro
A
o chegar na praia, Bruno e Ester deitaram na
areia para descansar. Eram duas da tarde quando
se deram conta de que o perigo tinha passado.
Bruno, então, fala com Ester: “Meu amor, estamos bem.
Por que não vamos comer alguma coisa? Eu conheço um
restaurante aqui perto.” Ester, então, chorando, lhe
responde: “Meu amor, com que dinheiro? Você se
esqueceu que não temos dinheiro, nem como usar o que
foi guardado no banco, uma vez que somos fugitivos?”
Bruno abaixa a cabeça e começa a pensar. “Já sei! Vamos
para o porto e lá acharemos trabalho. Você vai para o
Cemitério de Irajá e fica me esperando lá.” Bruno, então,
se levanta e caminha até o porto.
- “Vocês estão precisando de mão-de-obra aí?”
Pergunta Bruno, esperançoso.
- “Estamos sim! Você chegou bem na hora! São doze
por hora.” Diz o encarregado.
Nesse momento, Bruno acompanha o encarregado e
começa a trabalhar duro, esperando receber no fim da
noite. Quando o trabalho parou, Bruno vai à sala do
encarregado receber seu salário. Chegando lá, Bruno não
recebe seu salário, mas recebe uma notícia desagradável:
“Qual a sua conta corrente?” - Perguntou o encarregado.
Bruno, então, arregala os olhos e pergunta: “Ué, pensei
que ia receber dinheiro vivo”. O encarregado sorri e fala:
“Você andou afastado do mundo, meu jovem? Ninguém
mais usa dinheiro vivo. Essa era já passou.” Então
Bruno coça a cabeça e fala: “Meu senhor, eu vim de
longe, onde não tem energia elétrica nem civilização.
Inclusive, estou com fome e tenho que levar comida para
minha esposa.” O encarregado, então, olha espantado e
diz: “Cara, você tem que se identificar no CMPF
(Cadastro Mundial de Pessoas Físicas) que eles vão abrir
uma conta pra você. Hoje, nós só podemos comprar,
vender, pagar, negociar pela identificação única. Sem
essa identificação, não posso fazer nada por você! Fique
aqui que eu vou explicar o seu caso para o oficial e ele te
levará para se identificar.”
Quando o encarregado saiu, Bruno foge daquele
lugar. Ele já estava fraco e nem se aguentando mais.
Porém, como um milagre, ele encontra um irmão do
grupo jovem. “E aí Romero, como você está?” Romero
sorri e fala: “Cara, eu estou
bem, apesar
das
dificuldades que tenho encontrado.” Bruno lhe pede:
“Você podia me fazer um favor: poderia me levar até a
praça de Irajá?” Romero convida: “Claro, entre no
carro!” Durante o caminho, Bruno lhe fala o que
aconteceu na ilha, como ele conseguiu escapar e que
havia se casado com Ester. Passado 15 minutos, Bruno
estranha o caminho e pergunta: “Ué, não estávamos indo
para Irajá? Que caminho é esse?” Romero explica: “Não,
é que eu tenho que resolver um assunto rápido em Água
Santa.” Passado alguns instantes Bruno percebe que algo
estava errado, pois estavam se aproximando do Presídio
de Água Santa. Bruno, então, golpea a cabeça de Romero
e o carro fica desgovernado, batendo no poste da esquina
com o presídio. Na mesma hora, os guardas vieram e
perguntaram: “O que foi que aconteceu?” Bruno tenta
explicar: “Não sei! Acho que ele pegou no sono! Levemno para o hospital que eu aviso à família.” O policial
concordou e Bruno consegue escapar mais uma vez.
Foi aí que começou a caminhar. Chegando no Méier,
Bruno, sem aguentar mais e aproveitando que já era
madrugada, começou a futucar as latas de lixo dos
restaurantes. Ele fez a festa! Comeu sobra de pizza, pão
e bolo e o resto dos refrigerantes. De dez copos ele
conseguiu fazer meio copo. Parecia até que ele já estava
por dentro de como se virar por aí, mas tudo aquilo ele
aprendeu observando os moleques da favela que faziam
aquilo por não terem o que comer em casa.
O frio da noite fez com que a sua angústia
aumentasse. Mas tudo o que ele queria era descansar o
suficiente para prosseguir caminho. Então, quando o sol
nasceu, Bruno se levantou e começou sua jornada. Afinal,
ainda faltavam 15 kilômetros de caminhada. Quando a
tarde chegou, Bruno conseguiu alcançar o cemitério, mas,
ao chegar lá, o seu coração gelou, pois não encontrou
Ester. Nesse instante, Bruno decide esperar. “Possa ser
que ela tenha ido buscar alimento, quem sabe?” - pensa
Bruno. Naquele lugar, Bruno encontrou um pé de abacate
e fez a festa. Já haviam passado três dias e Ester ainda
não havia aparecido. Bruno, então, começa a chorar e
entende que alguma coisa poderia ter acontecido com ela.
Foi aí que ele decide sair do cemitério. Ele estava
fedendo, descabelado, sua roupa amarrotada e suja.
Bruno tinha virado mendigo. O problema é que a polícia
não permitia mais que os mendigos andassem pela rua.
No início, o novo governo tinha prometido restaurar
aquelas pessoas que moravam nas ruas, mas, não muito
depois, eles começaram a executá-los, para limpar a
cidade. Por isso, Bruno corria sério perigo em ficar
andando por ali. Quando ele percebeu isso, resolveu sair
da cidade, pela ferrovia, pensando que as coisas iam ficar
mais fáceis para ele. O problema é que ele só podia andar
à noite e bem sutilmente e a pé. Durante o dia, Bruno
passou a se esconder em boeiros para dormir. Tudo era
um risco. Pior ainda ficava quando chovia. E o pior é que
Bruno falou tanto em pregar o Evangelho, mas não sentia
coragem de fazê-lo. As coisas estavam difíceis para
Bruno. E à cada noite que passava, Bruno ficava a
imaginar onde estaria o seu amor.
Capítulo 10
A procura
A
angústia apertou no coração dele. O amor se
misturava com a saudade e, a cada dia que
passava, Bruno temia não encontrar mais o amor
de sua vida. “O que devo fazer?” - se perguntou Bruno.
Bruno pensou tanto que doeu sua cabeça. Cançado de
pensar, Bruno começa a caçar seu almoço quando, de
repente, passa um trem cargueiro, o qual ele chamava de
milheiro, pois carregava carvão e outros minérios para o
porto de Sepetiba. Foi aí que ele se lembrou que ela tinha
família na praia Grande e, quem sabe se ela tivesse ido
para lá! Tudo é uma questão de tempo para descobrir
-pensou ele. Quando o cargueiro passou sua velocidade
era pequena, pois estava carregado. Foi aí que ele pulou e
se deitou na caçamba de carvão. Chegando no Porto de
Sepetiba, ele pulou e se escondeu no mato, à espera do
cargueiro que ia para Angra. Quando este passou, pulou e
entrou dentro da caçamba que, por sorte dele, estava
vazia.
Mais tarde, quando passava pela Praia Grande, ele
saltou do trem, correu para o mar e, aliviado, tomou o
seu banho tão sonhado. A noite estava chegando e ele não
queria perder mais tempo naquele lugar.
Ele continuou andando pela linha do trem, pois a
família dela morava bem na beirinha. Quando ele avistou
a casa de seus tios o seu coração palpitou. Estava certo de
que encontraria Ester naquele lugar. Foi aí que ele correu
e correu e, quando chegou, encontrou a casa aberta.
Gritou: “Olá! Tem alguém em casa! É o Bruno!” Quando
percebeu que não tinha ninguém, as lágrimas começaram
a cair e seu coração parecia que tinha virado cera. Entrou
pela casa, olhou os quartos, o banheiro, a cozinha...
Parecia que aquela família havia também sido arrebatada.
Naquele instante, Bruno parece ter perdido a
esperança e se deitou naquela cama. Ele queria dormir e
não mais acordar. A depressão havia tomado conta dele e
dormiu.
Pela manhã, logo após o nascer do sol, uma voz doce
e suave vinha lá de fora. Parecia a voz de um anjo a
cantar. E aquela melodia começou a fluir dentro do
coração dele: “Manso e suave Jesus lhe chamando vem já
vem já... Alma cançada vem já!” Será que estou no céu? pensou ele. Quando ele abriu seus olhos viu que ainda
estava naquela casa. Na mesma hora ele deu um pulo da
cama e correu para ver quem cantava. Era apenas a
vizinha, uma jovem que Bruno já não via desde pequeno.
“Cintia, é você?” - perguntou Bruno. Então Cintia lhe
responde: “Sou eu mesma. E você quem é?” Ela já não se
lembrava mais dele, pois Bruno tinha apenas nove anos
quando eles se conheceram e ela, apenas três. “Eu sou
Bruno, marido de Ester, sobrinha do Henrique, que
morava nesta casa.”
“Você disse marido de Ester?” - se espantou ela.
“Sim, mas isso nem o tios dela sabiam, mas casamos
e ela sumiu. Por isso estou aqui tentando achá-la.”
“Você não vai acreditar” -disse ela. “Ester esteve
aqui há dois dias atrás.”
“Onde está ela?!” - perguntou Bruno alegre.
“Ela me disse que esperou pelo marido em Irajá, no
caso, você, mas como você não apareceu ela decidiu não
esperar mais, pois já estava com fome e teve medo de ser
pega pelos guardas. Aliás, eu sei para onde ela foi!”
“Bruno, então, revigorou o seu ânimo e lhe pediu:
“Por favor, me diga logo para que eu vá ao seu
encontro!”
Cintia coçou a cabeça e lhe disse: “Olha, ela foi para
Santo Eduardo, perto de Bom Jesus, fronteira com o
Espírito Santo. Ela disse que ia te procurar lá, na casa de
seus parentes.”
“Meu Deus!” - se espantou Bruno. “Lá não é um bom
lugar para ela ir. Há parentes lá que faziam parte da
guarda municipal e nunca aceitaram a Jesus! Tenho que ir
lá depressa! Mas como?”
“Ela foi de carona com Edu, meu irmão. Ele é
caminhoneiro. Nesse instante ele já deve ter chegado lá.”
- replicou Cintia. “Mas, se você sabe dirigir, o carro do
Henrique está na garagem e já havia verificado antes que
o tanque está cheio. Acho que dá para chegar lá sem
precisar comprar gasolina.”
“Vou agora mesmo!”
“Espere! Não vai se alimentar antes? Assim você não
vai nem conseguir chegar lá!”
“Tem razão!” - respondeu Bruno.
“Deixa que eu faço uma gororoba pra você!”
Enquanto ela fazia a comida os dois conversavam
sobre o arrebatamento, sobre as pessoas que subiram e as
que ficaram. Entretanto, nem um nem outro tinha
coragem de perguntar o porquê de cada um ter ficado.
Cintia até sabia, pois Ester havia lhe contado, mas Bruno
nada sabia sobre Cintia. Ele até se indagava e relutava
dentro de si desejando perguntar. Mas, se perguntasse e
ela ficasse ofendida como iria receber sua ajuda? Ela,
naquele momento, era a chance dele encontrar Ester, sua
amada. Assim, ele ficou em silêncio quanto a esse
assunto.
Após o almoço, Cintia tentou convencê-lo em ficar
mais um dia para que ele pudesse descansar. Mas Bruno
estava convicto do que queria e começou a arrumar o
carro, colocar mantimentos, roupas etc. Quando ele
estava quase saindo Cintia lhe fala:
“Deixa eu ir com você? Estou sozinha mesmo, sem
companhia e tenho até mesmo medo de ficar aqui sem
ninguém. Eu sei que posso ajudá-lo, de alguma maneira!”
“Não sei não.” - relutou Bruno. “Talvez não seja uma
boa idéia. E se Ester pensar mal de nós dois juntos? Ela
nunca me perdoaria e eu a amo muito.”
“Não seja bobo! Se nós sairmos agora chegaremos lá
em seis horas. E, além do mais, chegando lá eu saio e
você encontra ela. Só não quero ficar aqui. Depois, se
vocês não se importarem, gostaria de me unir a vocês.
Melhor ficarmos juntos do que separados!” - replicou
Cintia.
“Tem razão. Vamos então...”
Seguiram viagem por Teresópolis, pois julgaram ser
mais fácil ficar longe da Polícia Federal. Quando
chegaram em Além Paraíba, pararam para almoçar.
Foram até um lugar escondido, conzinharam a comida no
mini fogão que eles trouxeram. Olhando para a estrada,
viram um comboio da Polícia Federal indo adiante.
“Será que vamos passar por eles?” - perguntou
Bruno.
Então Cintia decide: “É melhor ficarmos aqui mais
meia hora por via das dúvidas.”
Passado meia hora, seguiram viagem. Quando
chegaram em Piratininga o engarrafamento era grande.
Um senhor passou perto do carro e perguntaram: “O que
aconteceu lá na frente?” O velho respondeu: “Eles estão
fazendo blitz na saída da cidade para ver se todos estão
identificados.” Assim, antes de chegar na praça, Bruno
virou na primeira rua à direita e estacionou.
“E agora?” - perguntou Bruno.
“É melhor deixar o carro aqui e se esconder em
algum lugar até eles irem embora.” - Cintia respondeu.
Assim, eles sairam do carro e, calmamente, para não
levantar surpresa, saíram da cidade e caminharam para a
roça. Encontraram lá uma senhora, sozinha naquela
pequena casa de madeira e pediram para beber água.
Aquela senhora se alegrou com eles ali e convidou-os a
entrar. A hospitalidade era grande.
Capítulo 11
Bruno chega em Santo
Eduardo
Q
uando chegaram no carro, viram que a blitz havia
terminado e seguiram viagem. Passaram em Santo
Antônio de Pádua, desconfiados e preocupados,
esperando para ver se haveria mais alguma blitz pelo
caminho. Mas, felizmente, estava tudo calmo e Bruno
segue caminho. “Agora falta menos de uma hora para
chegarmos!” - disse ele, com o coração alegre.
Após todas essa dificuldades, chegaram na antiga
usina de cana-de-açúcar. Bruno deixou Cintia no carro e
seguiu a pé. Já estava de noite, o breu era muito grande.
Quando estava chegando perto ele escutou: “Mas rapaz, o
José ganhô uma medaia de honra hoje! Esse negócio de
capturar crente tá sendo um bom negócio mesmo. Eu é
que vou ficar de olho pra ver se encontro alguém.”- falou
um matuto. “Ora, cumpade, se eu fosse o zé eu tinha
ficado é na minha. Essa tal de Ester lá do Rio é danada de
bonita mesmo. Se fosse eu... Eu ia preferir é namorar
com ela!” - falou o outro. Então o matuto respondeu:
“Deixa de ser bobo, ela era casada com um tal de Bruno,
sobrinho do zé. Ele até falô que se ele chegá lá ele
entregue ele também.”
Ouvindo aquilo, Bruno chorou, pois sabia que ela
estava em apuros. Foi aí que ele correu para a delegacia e
estava decidido a se entregar. “Quem sabe se assim não
encontro Ester?” - suspirava ele. Mas, quando ele chegou
ouviu o delegado falando: “Rapaz, aquela mulher que foi
levada para o Rio fugiu no caminho. Eles fizeram até
blitz em Piratininga pra ver se capturava ela mas ela
fugiu.”
Ouvindo isso, Bruno saiu de fininho. Voltou, então,
para o vilarejo da Usina, mas não viu sua amada. “Onde
estaria Ester nessa hora?”, indagou Bruno. A chuva
começou a cair e o desespero de Bruno aumentou.
“Senhor. Até agora não lhe pedi, mas lhe peço, que
proteja minha amada Ester. Proteja-a da chuva, dos
homens maus. Ajude-me a achá-la! Meu sofrimento tem
sido notório aos teus olhos. Ajuda-me, Senhor...” Bruno
ora pela sua amada e sente em seu coração uma
esperança que o levanta.
Capítulo 12
A sedução
N
a mesma hora Bruno correu de volta para onde o
carro estava e contou para Cintia tudo o que
havia acontecido. Então ele disse: “Vamos logo
para lá. Quem sabe se não alcançamos ela?” Assim,
tomaram rumo à Piratininga. Chegando lá, andaram
perguntando a um e a outro se por acaso eles não viram
uma jovem perdida por ali. Mas, ninguém a viu nem
mesmo ouviu dizer algo a respeito. Assim, não restava
outro jeito senão passar aquela noite ali. Foram então
para a casa daquela senhora que havia lhes oferecido
abrigo naquele dia.
Ao chegar lá, aquela senhora lhes preparou uma janta
bem gostosa: quiabo com agú. O quiabo, fresquinho, e o
angú feito à sal e água, junto com o cheiro do forno à
lenha trouxeram boas lembraças a Bruno. Quando ele era
pequeno seu pai o levava para roça e juntos pescavam e
almoçavam na casa de sua tia. Mas, onde estava Ester?
Será que ela estava numa casa quentinha como aquela,
com comida boa? Será que ela havia sido recapturada?
Ou será que ela estava em perigo? Bruno não conseguia
parar de pensar nisso.
Mais tarde, quando chegou a hora de dormir, aquela
senhora colocou os dois no mesmo quarto, pois achava
que se tratava de uma casal e eles ficaram sem jeito de
falar diferente, para não atrapalhar a chance de dormir
bem aquela noite.
Quando era lá para meia-noite Bruno acorda e
percebe que Cintia está dormindo abraçada a ele. Bruno
se espantou, acordou Cintia e lhe disse: “O que é isso?
Não sabe que sou casado e que amo minha esposa?”
Cintia, calmamente lhe diz: “Me desculpe, é que estava
muito frio e pensei se não poderia me aquecer em seu
corpo.” - falou Cintia demonstrando uma certa inocência.
Então Bruno pegou o seu cobertor, colocou nela e se
afastou para dormir cheio de frio. Mas Cintia replicou:
“Ora Bruno. Por que você está com medo. Se você ama
Ester então não tem problema se você dormir aqui
comigo. Eu sei que você vai me respeitar e não fará nada
que te leve ao pecado. Sua mente é que é suja.”
Bruno pensou e sentiu a obrigação de demonstrar que
nada poderia fazer ele pecar, uma vez que Ester era o seu
amor. Mas, ao mesmo tempo, estava com medo de se
sentir atraído pela Cíntia, pois ela era uma jovem muito
bonita. De tanto Cintia insistir ele falou: “Tudo bem, mas
vamos deitar um de costas para o outro.” Passados cinco
minutos e Bruno não conseguia dormir, nem Cintia. Algo
estava acontecendo, parecia que algo estava envolvendo
os dois num romance. Cintia se vira e beija a nuca de
Bruno. Bruno finge que dorme, mas começa a suspirar
fundo, com medo, ou confuso. Cintia lhe declara:
“Bruno, meu amor. Você nunca mais vai ver Ester outra
vez.Talvez ela esteja até morta, quem sabe? Eu estou aqui
e preciso de você. Estou sozinha. Vai, tenta esquecer ela
comigo. Eu te amo desde o primeiro dia que te vi. Então
ela começou a acariciar os seus cabelos com suas mãos
macias. Ela começou a beijá-lo, querendo que ele virasse
e a beijasse também. Suas mãos escorregavam pelo corpo
de Bruno. Nesse instante, a tentação o cercou de tal
maneira que parecia não ter escape. A sua carne já
começou a despertar para o pecado, o seu coração
começou a ficar fraco, começou a sentir uma forte
atração por ela. Talvez Ester já não exista mesmo! pensou ele. Além do mais, eu não estou agüentando
mais... Mas, naquele instante, ele lembrou do José do
Egito e rapidamente se levantou e disse: “Cintia, é
melhor nos separarmos por aqui. Essa nossa amizade não
vai dar em coisa boa. Já não subi porque estava fora da
comunhão. Agora eu quero fazer a coisa certa. Eu quero,
na verdade, é morrer por Jesus.” Então Cintia, com raiva
disse: “Esquece isso, fica comigo. Eu quero você. Você é
meu”. Quando ela falava ele viu o seu rosto se
transformar. Foi aí que ele percebeu que ela estava
possessa e quem estava dizendo aquelas palavras era o
próprio inimigo das almas. Ele repreendeu, saiu correndo,
deixando ela no quarto, pegou o carro e fugiu. “Nunca
mais quero ver essa mulher novamente!” Pensou Bruno,
desesperado.
Capítulo 13
O reencontro
Q
uando Bruno estava indo para Além Paraíba, ele
pensou em Ester, começou a chorar e seus olhos se
encheram de lágrimas. Naquele instante viu uma
pessoa andando a pé e pensou: “Dou ou não dou carona a
esse matuto?” Estava muito escuro; era lua nova. Pensou
e pensou e decidiu conceder a carona. Mas, quando ele
foi parando o carro, aquele matuto correu para o mato.
Bruno parou, ficou sem entender e decidiu prosseguir
viagem. Quando ele ligou o carro e ia acelerar ele escuta
um grito vindo do mato e pensou: “Ora, esse grito parece
o de Ester!” Na mesma hora ele saiu do carro e correu e
deparou com o matuto parado e uma cobra perto dele.
Então ele ficou sem entender e disse:“Moço, vem para cá
bem devagarzinho que a cobra não vai te morder. Então
aquele matuto se vira bem lentamente e um olha para o
outro e, como um milagre, não era um matuto qualquer,
era Ester disfarçada de matuto. Os dois correram um para
o braço do outro, choraram e choraram, se beijaram. Um
esfregou as mãos no rosto do outro e ambos soluçavam
de alegria. Parecia um sonho! Bruno leva Ester para o
carro e os dois falam sobre o que cada um passou. Após
longas horas de conversas e beijos, dormiram ali naquela
noite e os dois se amaram. Por volta da manhã, quando o
galo cantou, Bruno e Ester acordaram, sorrindo um para o
outro como dois apaixonados. Finalmente estavam juntos
novamente e parecia que nada podia lhes separar. Os dois
fizeram uma oração a Deus agradecendo pela grande
vitória.
Capítulo 14
O Meteoro
De repente, apareceu um clarão no céu e logo depois um
grande barulho e um grande terremoto. O céu ficou
escuro, não se via mais o sol. Havia muita fumaça ali.
Então Ester lembrou: “É o absinto! Está no livro de
Apocalipse!” O temor tomou conta dos seus corações e
ambos se abraçaram. Eles sabiam que a partir dali muita
coisa ruim ia acontecer.
Tomaram rumo para o Rio e Ester lhe falou: “Vamos
para Sepetiba. Lá eu encontrei uma jovem muito legal.
Ela é muito prestativa.” Bruno arregalou os olhos e disse:
“Não, lá é muito perigoso. No caminho eu conto o que
aconteceu. Aquela mulher não é flor que se cheire!
Vamos para minha casa. Talvez encontremos alguém
lá.Ah, quando chegarmos lá é momento de decidirmos
algo!”
“ O quê?” - perguntou Ester.
“A coisa certa...”
Continua...
REFERÊNCIAS
1 Este livro foi escrito em três volumes para aguçar a curiosidade do
leitor e o apetite pela leitura.
2 Mt 22.29;Mc 12.24; Mt 5.15; Mt 6.22; Lc 8.16
3 2 Co 4.4
4 Mt 24.40
5 Mt 24.29
6 2 Pe 3.7
7 1 Co 7.9;
8 Ef 4.18
9 Dn 7.25
10 Vide google: calendário paz e maytreya; Mt 24.24; 2 Ts 2.7-10
11 1 Tm 4.1; 2 Tm 4.3
12 Dn2.41
13 ref. entrega do plano da Nova Ordem pelo Lula.
14 em 2004, quando escrevi, não me lembro de ter ouvido falar de
governos fazerem a Nova Ordem Mundial, hoje esse nome já é
comum. (vers. 10 chifres ) Dn 7.24; Ap 12.3; 17.12
15 Jo 13.10
16 Rm 8.18; Sl 34.19;
17 Mt 4.19
18 Jo 6.63
19 Mc 8.35,36
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PDF - Pedra de Ajuda