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OS EFEITOS DA RADIOFREQUÊNCIA NA FIBROSE NO PÓSOPERATÓRIO DE LIPOASPIRAÇÃO
Maria de Nazaré Lopes da Costa 1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-Graduação em Fisioterapia em Dermato-Funcional_ Faculdade Cambury
Resumo
Na atualidade, existe uma constante busca por um corpo perfeito. As cirurgias plásticas
podem propiciar esta transformação. Entretanto, uma das principais complicações que
ocorrem no pós-operatório é a fibrose, que é a formação ou o desenvolvimento em excesso de
tecido fibroso que ocorre como processo reparativo ou reativo após um trauma tecidual. O
intuito foi fazer uma análise bibliográfica, com o objetivo de evidenciar nesse contexto, os
efeitos da radiofrequência na fibrose no pós-operatório de lipoaspiração. Trata-se de uma
revisão literária de bibliografias publicadas nas bases de dados Scientific Electronic Library
Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs),
publicados entre 2004 a 2014 na língua portuguesa. Diante dos resultados, a atuação da
radiofrequência é eficaz na modulação da resposta inflamatório e cicatricial, permitindo uma
prevenção do acúmulo de colágeno excessivo na região da cirurgia. Esta modalidade
terapêutica tem como principal objetivo a modulação do processo inflamatório e controle da
disseminação da fibrose.
Palavras-chave: Radiofrequência; Fibrose; Lipoaspiração.
Introdução
Atualmente, para se alcançar um padrão de beleza moldado pela mídia, referente ao corpo
belo e magro, as mulheres, principalmente, submetem-se a exaustivos sacrifícios em busca
desse corpo considerado perfeito. Muitas vezes, para manter essa boa aparência estética,
utilizam de medicamentos, dietas, exercícios e até intervenções cirúrgicas nessa busca. A
fisioterapia dermato-funcional vem atuando de forma a auxiliar nessa busca pelo corpo
desejado, ampliando cada dia mais a sua aplicabilidade (CEOLIN, 2006).
Segundo Coutinho et al (2006), na atualidade, existe uma constante busca por um corpo
perfeito. As cirurgias plásticas podem propiciar esta transformação, levando as pessoas que se
submetem a tal procedimento a melhorarem sua auto-estima e bem-estar. É verdade que
possam existir as intercorrências, porém quando realizados cuidados como os pré-operatórios
(exameslaboratoriais, risco cirúrgico, dentre outros) e também os pós-operatórios (obedecer às
indicações e aos cuidados recomendados pelos cirurgiões), diminuem as possibilidades de
complicações e/ou resultados inestéticos.
Uma das intervenções cirúrgicas comumente realizadas é a lipoaspiração, que de acordo com
Martins et al (2007), logo se destacou entre os demais procedimentos cirúrgicos, pois extrai
uma grande quantidade de gordura, através de uma pequena incisão na pele, tornando-se um
procedimento revolucionário.
De acordo com Lopes et al (2006), uma das principais complicações que ocorrem no pósoperatório é a fibrose, que é a formação ou o desenvolvimento em excesso de tecido fibroso
que ocorre como processo reparativo ou reativo após um trauma tecidual. Como resposta a
agressão o tecido reage com inflamação, proliferação e remodelagem e à medida que o
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Pós graduanda em Fisioterapia em Dermato-Funcional e graduada em Fisioterapia.
Mestrando em Bioética e Direito em Saúde, Especialista em Metodologia do Ensino Superior e
graduada em Fisioterapia.
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processo cicatricial evolui, o tecido de granulação transforma-se em um tecido mais fibroso e
menos vascular até se tornar, tecido fibroso denso e posterior fibrose.
Diante disto Guirro e Guirro (2004), relatam que a Fisioterapia Dermato-Funcional
fundamentada em conceitos científicos sólidos, muito tem contribuído tanto no pré quanto no
pós-operatório, prevenindo e/ou tratando as respostas advindas das intervenções cirúrgicas,
possibilitando ainda a diminuição da ansiedade pós-operatória.
Meyer et al (2011), relata que a radiofrequência é um recurso novo que vem sendo usado nos
protocolos de pós-operatório. A base terapêutica desta modalidade é a conversão da energia
eletromagnética em efeito térmico. No pós-operatório de lipoaspiração este recurso está
ligado ao tratamento das fibroses tanto recente como tardia.
Diante disto, o objetivo do presente estudo é descrever os efeitos da radiofrequência na
fibrose no pós-operatório de lipoaspiração.
2. Fundamentação teórica
2.1 Tecido epitelial
A pele é uma complexa estrutura que tem como função principal o revestimento do
organismo, protegendo assim as estruturas internas do corpo humano. A pele desempenha as
seguintes funções:
Proteção– a queratina, proteína cuja síntese você irá estudar ainda nesta aula,
protege a pele contra o atrito e contra a perda de água por evaporação. O
pigmento melanina protege a pele contra a ação lesiva dos raios ultravioleta;
as células de Langerhans presentes na epiderme e outras células de defesa
presentes na derme protegem a pele contra a invasão de microorganismos.
Termorregulação– a pele apresenta importante função na regulação da
temperatura corpórea através da sua extensa rede vascular, das suas glândulas
sudoríparas e do tecido adiposo nela presente. Excreção– além da importante
função na termorregulação, as glândulas sudoríparas eliminam vários
produtos tóxicos do metabolismo celular, como uréia, amônia e ácido úrico.
Sensorial– através das células de Merkel e das terminações nervosas livres
presentes na epiderme e também de vários tipos de terminações nervosas
sensitivas presentes na derme, a pele recebe informações do meio ambiente e
as envia para o sistema nervoso central. Metabólica– a vitamina D, essencial
para a fixação do cálcio nos ossos, é produzida na pele sob a ação dos raios
solares. O tecido adiposo da hipoderme constitui uma importante reserva de
energia para o corpo (CEDERJ, 2014; BRAVIM e KIMURA, 2007).
A pele é dividida em três camadas. A primeira composta por células epiteliais escamosas estratificadas, a
segunda pela derme subjacente coriácea e a terceira por um coxim de gordura subcutânea (SODRÉ e AZULAY,
2004; BRAVIM E KIMURA, 2007).
2.1.1 Epiderme
A epiderme é altamente resistente ao desgaste e as infecções, suas camadas superficiais são
virtualmente impermeáveis à água, prevenindo contra a dessecação e também contra a
passagem de água através da superfície corporal externa (DALSASSO, 2007).
2.1.2 Derme
Segundo Mertz (2007); Pravatto (2007); Mendonça e Rodrigues (2011), a derme é a camada
da pele, composta por fibras de colágeno e de elastina e por uma matriz extracelular, que
colaboram para a força e elasticidade da pele. As fibras de colágeno atribuem à pele sua força
e determinam as características físicas da pele.
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A derme é composta de duas camadas de tecido conjuntivo: a derme papilar, camada mais
externa, é composta de fibras de colágeno e fibras reticulares que são importantes no processo
de cicatrização das lesões. Os capilares da derme papilar trazem a nutrição necessária para a
atividade metabólica (AZEVEDO, 2005).
2.1.3 Hipoderme
A hipoderme é formada por tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira pouco firme a
derme e aos órgãos subjacentes. Funcionalmente, a hipoderme além de depósito nutritivo de
reserva, participa no isolamento térmico [...]
[...] e na proteção mecânica no organismo às pressões e traumatismos
externos e facilita a mobilidade da pele em relação às estruturas subjacentes.
Dependendo da região e do grau de nutrição do organismo, poderá ter uma
camada variável de tecido adiposo, constituindo o panículo adiposo
(DALSASSO, 2007).
Fonte: http://www.reginaambar.com.br/cursos/artigo_anatomia_da_pele.html
Figura 1: Pele
2.2 Tecido adiposo
O tecido adiposo, também denominado panículo adiposo ou tela subcutânea, é um tipo
especial de tecido conjuntivo onde se observa a predominância de células adiposas, os
adipócitos. A disposição e acúmulo de adipócitos variam conforme idade e sexo do indivíduo,
bem como pela ação de hormônios sexuais e adrenocorticais [...]
Há duas variedades de tecido adiposo que apresentam distribuição pelo
organismo, estrutura celular e fisiologia diferentes. Uma delas é o tecido
adiposo unilocular, também denominado comum ou “amarelo”. Os adipócitos
que constituem o tecido adiposo amarelo, quando totalmente desenvolvidos,
contém apenas uma gotícula de gordura, que ocupa quase todo o citoplasma,
cerca de 95% do volume total celular. Apresenta septos de tecido conjuntivo
que contêm vasos e nervos, e destes septos partem fibras reticulares que
sustentarão as células adiposas. A outra variedade é o tecido adiposo
multilocular ou “pardo”. Este é formado por células que contém numerosas
gotículas lipídicas e muitas mitocôndrias. Em humanos o tecido multilocular
está presente na região dorsal do tronco do recém nascido. No entanto, como
este tecido não se desenvolve, sua quantidade é extremamente reduzida no
homem adulto. Assim, praticamente todo o tecido adiposo presente no
indivíduo adulto é do tipo unilocula (LATRONICO et al, 2010).
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Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/283/gordura-do-bem
Figura 2: Tecido adiposo
2.3 Lipoaspiração
Segundo Silva et al (2013), a sociedade atual busca incessantemente o fenômeno do “corpo
perfeito”, gerando grandes expectativas e modificações nos padrões de beleza. Fazendo uma
análise retrospectiva, observou-se que o crescimento do número das cirurgias plásticas
estéticas deu-se desde o século XIX e no Brasil dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica evidenciou-se que no período de Setembro de 2007 a Agosto de 2008 foram
realizados 457 mil cirurgias plásticas estética, sendo as mais realizadas a Mamaplastia de
Aumento (21%) e a Lipoaspiração (20%).
Fonte: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/lipoaspiracao
Figura 3: Lipoaspiração
A lipoaspiração foi descrita por Gerard Illouz, em 1977, com o objetivo de tratar as
lipodistrofias. A lipoaspiração foi integrada ao arsenal terapêutico do cirurgião plástico por
meio de estudos e prática cirúrgica. Trabalhos científicos certificaram as indicações,
limitações e complicações desta técnica, tornando-a segura para uso (ALMEIDA et al, 2011).
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Entretanto, o autor supracitado relata que a amplitude das áreas a serem tratadas muitas vezes
dificulta a análise dos resultados perioperatórios:
Transformar em números essa avaliação não acaba com as interpretações
pessoais por parte dos cirurgiões e dos pacientes, mas permite demonstração
menos subjetiva. O tecido subcutâneo é dividido em camada areolar,
superficial e camada lamelar ou reticular, profunda. A camada lamelar é mais
susceptível ao aumento de sua espessura nos casos de acúmulo de
adiposidade. O número de células adiposas presentes na camada lamelar é o
principal responsável pela hipertrofia e aumento da espessura do panículo
adiposo, podendo uma célula adiposa vir a ter até cem vezes o seu volume
original. O tecido celular subcutâneo apresenta comportamento diferente em
determinadas áreas corporais. Regiões corporais onde a pele é mais espessa e
firme, por exemplo, no tórax, apresentam maior desenvolvimento da camada
areolar em detrimento da lamelar.
De acordo com franco et al (2012), a lipoaspiração realizada como procedimento estético para
retirada de gordura em pacientes saudáveis tem como finalidade reduzir o acúmulo de gordura
localizada, a chamada lipo distrofia, levando à melhora no contorno corporal. Nas últimas três
décadas, a lipoaspiração vem sendo aperfeiçoada, reduzindo a invasão da cirurgia e
preservando a circulação local [...]
[...] Segundo estatísticas da American Society of Plastic Surgeons (ASPS),
cerca de 198 mil indivíduos foram submetidos a lipoaspiração em 2009, nos
Estados Unidos, ficando em quarto lugar entre os cinco procedimentos
estéticos mais comuns. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP),
que está entre as maiores entidades de cirurgia plástica do mundo, relata, em
conjunto com a pesquisa do Instituto Datafolha, que são realizadas 629 mil
cirurgias plásticas por ano no Brasil, sendo 73% delas estéticas e 27%,
reparadoras. Dentre esses procedimentos cirúrgicos estéticos, 20% são
representados pela lipoaspiração, ficando atrás apenas da mamoplastia de
aumento, ou seja, são realizadas mais de 90 mil cirurgias de lipoaspiração no
País por ano.
Fonte: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/lipoaspiracao
Figura 4: Incisão de Lipoaspiração
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2.4 Pós-operatório de Lipoaspiração
Apesar de que complicações são esperadas em qualquer cirurgia, em se tratando das cirurgias
plásticas estéticas é algo difícil de lidar, principalmente por se tratar de um procedimento
eletivo na ausência de enfermidades prévias e de gerar uma grande expectativa no paciente,
dentre as complicações mais frequentes encontra-se: edema, seroma, equimose, hematoma,
fibrose e deiscência (BALBINO et al, 2005).
Fonte: http://tetegandolfi.blogspot.com.br/2011/08/pos-operatorio-abdominoplastia-lipo.html
Figura 5: Pós operatório de Lipoaspiração
2.4.1 Fibrose
De acordo com Altomare e Machado (2006), a formação da fibrose está relacionada a um
processo cicatricial que ocorre a partir de um evento cirúrgico, que se inicia através de um
complexo de respostas defensivas, que existem para manter a homeostasia do organismo. O
processo de restauração se inicia logo após o sangramento causado pela ruptura dos vasos
sanguíneos, onde plaquetas formam um coágulo inicial, que atrai células inflamatórias e
outras substâncias responsáveis pelo processo de reparação tecidual.
Fonte: http://tetegandolfi.blogspot.com.br/2011/08/pos-operatorio-abdominoplastia-lipo.html
Figura 6: Fibrose Pós Lipoaspiração
Assim, pode-se estabelecer que a intervenção cirúrgica lesiona as células, estimulando uma
resposta fisiológica de reação inflamatória. As células lesionadas são substituídas por tecido
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cicatricial, composto fundamentalmente por fibras de colágeno. De acordo com Guirro e
Guirro (2004), o colágeno é a proteína mais abundante do corpo humano, representando 30%
do total dessas proteínas, sendo que esta representa aproximadamente 70% do peso da pele
seca. Tem como função fornecer resistência e integridade estrutural a diversos tecidos e
órgãos. As fibras de colágeno são reabsorvidas durante o crescimento, remodelação,
involução, inflamação e reparo dos tecidos. A reabsorção é iniciada por colagenases
específicas que podem digerir as moléculas de tropocolágeno da fibra.
Fonte: http://www.shayla.com.br/ecommerce_site/produto
Figura 7: Fibrose Pós Lipoaspiração
2.5 Tratamento
De acordo com Silva et al (2013), o fisioterapeuta atuante em pós-operatório de cirurgia
plástica utiliza de vários recursos fisioterapêuticos como a radiofrequência, ultrassom de
3MHz, TENS, LED, Laser de baixa frequência, a mobilização tecidual e a cinesioterapia para
prevenir e minimizar os eventos que ocorrem nos tecidos.
Fonte: http://dralucianahitomi.blogspot.com.br/2012_03_01_archive.html
Figura 8: Aparelho de Radiofrequência
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2.5.1 Radiofrequência
Aparelho de alta frequência que com corrente alternada com mais de 3.000 Hz promove
diatermia, ou seja, aquecimento por calor profundo. Trata-se de um tratamento não invasivo
que melhora a circulação de nutrientes, hidratação tecidual, aumento da oxigenação, lipólise e
promove a reorganização das fibras de colágeno. Deve-se salientar que pacientes portadores
de marcapasso, desfibriladores, qualquer implante metálico e neoplasias são contra indicados
de realizar esse tratamento (BORGES, 2006).
Fonte: http://www.esteticabelaforma.com.br/spectra.php
Figura 9: Radiofrequência
3. Metodologia
O presente estudo caracterizou-se por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica. A
seleção dos artigos ocorreu a partir de busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LiLacs) e Scientific Eletronic Library Online ScieLo,
publicados entre 2004 a 2012.
Foi realizado um levantamento e análise em materiais bibliográficos em artigos científicos,
monografias, dissertações e livros no idioma Português. Os descritores utilizados para a busca
das referências foram: “Radiofrequência”; “Fibrose”; “Lipoaspiração”.
Como critério de inclusão as referências deveriam abordar a fisioterapia Dermato-Funcional
com os efeitos da radiofrequência na fibrose no pós-operatório de lipoaspiração, ou que
contribuíssem para o objetivo da pesquisa. Foram excluídas as referências publicadas antes de
2004 e que não se enquadraram no ponto de vista do presente estudo.
Foi encontrado um total de 45 referências, onde 20 foram excluídas por não se enquadrarem
no enfoque do estudo, sendo assim selecionadas 25 referências.
4. Resultados e Discussão
De acordo com Meyer et al (2011), a lipoaspiração não constitui método de emagrecimento, e
sim de remodelagem corporal, melhorando a forma e eliminando certas gorduras localizadas
que são difíceis de serem corrigidas apenas com exercício físico e dieta, além de restituir a
função psicológica favorecendo uma melhor auto-imagem e auto-estima. Quase todas as áreas
do corpo podem ser aspiradas, desde que o paciente não apresente intercorrências clínicas,
como diabetes, coagulopatias ou qualquer outra que possa limitar um ato cirúrgico.
Entretanto, desde que começou a utilização deste procedimento cirúrgico, tem-se descrito
várias complicações, dentre elas a fibrose.
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Diante do exposto acima, os artigos escolhidos foram criteriosamente analisados extraindo
informações primordiais relacionados aos efeitos da radiofrequência na fibrose no pósoperatório de lipoaspiração.
O autor supracitado relata que a radiofrequência é um recurso novo que vem sendo usado nos
protocolos de pós-operatório das cirurgias plásticas. A base terapêutica desta modalidade é a
conversão da energia eletromagnética em efeito térmico. Este tipo de calor alcança tecidos a
vários centímetros de profundidade, sendo mais intenso nas camadas internas da pele,
causando contração das fibras de colágeno existentes, tornando-as mais eficiente na
sustentação da pele, e estimulando a formação de outras, além disso a corrente, ao passar
pelos tecidos, gera ligeira fricção ou resistência destes produzindo elevação térmica detectada
pelo organismo, que para compensar aumenta a vasodilatação no local buscando refrigeração,
melhorando o trofismo muscular e a reabsorção de líquidos intercelulares excessivos. No pós
operatório de lipoaspiração este recurso está ligado ao tratamento das fibroses tanto recente
como tardia, podendo ser aplicada precocemente desde que a sensibilidade térmica do
paciente seja perfeitamente mensurável e que o edema não seja acentuado. A temperatura
atingida, medida pelo termômetro, não deve ultrapassar 36ºC para qualquer tipo de fibrose.
Silva et al (2011), relata em seu estudo que a energia da radiofrequência penetra em nível
celular em epiderme, derme e hipoderme e alcança inclusive as células musculares. Quando
passa pelos tecidos, a corrente gera uma ligeira fricção ou resistência dos tecidos com
passagem da radiofrequência, produzindo uma elevação térmica da temperatura tissular. No
momento que o organismo detecta uma maior temperatura que o fisiológico, aumenta a
vasodilatação com abertura dos capilares, o que melhora o trofismo tissular, a reabsorção dos
líquidos intercelulares excessivos e o aumento da circulação. Com isso, ocorre um ganho
nutricional de oxigênio, nutrientes e oligoelementos para o tecido, influenciado pela
radiofrequência, com uma melhora no sistema de drenagem dos resíduos celulares (toxinas e
radicais livres). Estes efeitos proporcionam a possibilidade de fortalecer a qualidade dos
adipócitos, provocando lipólise homeostática e produção de fibras elásticas de melhor
qualidade, atuando nos fibroblastos e em outras células.
De acordo com Araújo e Velasco (2006), quanto maior a frequência menor o comprimento de
onda e maior a capacidade de gerar bioefeitos em condições naturais. Nessa condição, a
radiofrequência não costuma apresentar efeitos biológicos, mas quando concentrada e
aplicada a áreas restritas, produz ablação tecidual termogênica empregadas em terapias de
tumores, por exemplo: mamários, prostáticos e hepáticos. Os efeitos biológicos da
radiofrequência constituem no aumento da circulação arterial, vasodilatação, melhorando
assim a oxigenação e a acidez dos tecidos aumento da drenagem venosa, aumentando a
reabsorção de catabólitos e diminuindo edemas nas áreas com processos inflamatórios
aumento da permeabilidade da membrana celular, permitindo uma melhor transferência de
metabólitos através desta estimulação do sistema imunológico e diminuição dos radicais
livres. O efeito Joule é o principal efeito térmico da radiofrequência ao atravessar o organismo
efetuando a produção de calor. Do efeito térmico ocorre outro efeito que é a vasodilatação
periférica local. Devido ao calor gerado, consegue-se um aumento do fluxo sanguíneo e,
portanto se produz uma melhora do trofismo, da oxigenação e do metabolismo celular.
De acordo com Borges et al (2007), a vasodilatação e a hiperemia surgem como consequência
do efeito térmico, em que a vasodilatação promove um aumento da circulação periférica local,
gerando a hiperemia na pele. Assim como no efeito térmico, a hiperemia apenas ocorre com o
uso de intensidade alta, por um tempo maior de aplicação, portanto este efeito não é
verificado. A oxigenação celular está ligada à vasodilatação e ao consequente aumento do
fluxo sanguíneo, aumentando desta forma, o aporte de oxigênio por intermédio da corrente
sanguínea. A radiofrequência é aplicada com êxito em tratamentos da pele na flacidez facial e
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remodelador corporal. Também é recomendado nos tratamentos de queda excessiva ou
alopecia, olheiras, adiposidades, estrias, flacidez, rugas, manchas e fibroses.
Por fim, pode-se observar os efeitos da Fisioterapia no pós-operatório de lipoaspiração, pois
Silva et al (2014), relata em seu estudo que a Fisioterapia Dermato-funcional desempenha um
papel fundamental no pós-operatório. Diante disto realizou um estudo com 23 prontuários de
pacientes femininas submetidas ao tratamento fisioterápico de pós--operatório de
lipoaspiração, que apresentaram fibrose tecidual, que foram avaliadas mediante protocolo
fisioterapêutico PANFIC. O autor pode concluir que a intervenção precoce da Fisioterapia
Dermatofuncional no pós-operatório favorece a reabilitação, promovendo uma modulação da
resposta inflamatória, com gradual redução da fibrose na última avaliação. Acredita-se que a
atuação dos diferentes recursos da Fisioterapia tenha sido eficaz na modulação da resposta
inflamatório e cicatricial, o que permitiu uma prevenção do acúmulo de colágeno excessivo
na região da cirurgia. Os recursos fisioterapêuticos mais utilizados no pós-operatório de
cirurgias plásticas foram a drenagem linfática manual, endermoterapia, massagem de tecido
conjuntivo e a radiofrequência. Essas modalidades terapêuticas têm como principal objetivo a
modulação do processo inflamatório e controle da disseminação da fibrose.
5. Conclusão
A radiofrequência é um recurso novo que vem sendo usado nos protocolos de pós-operatório
das cirurgias plásticas, pois converte a energia eletromagnética em efeito térmico. Este tipo de
calor causa contração das fibras de colágeno existentes, dando sustentação à pele, quando
passa pelos tecidos, a corrente gera uma ligeira fricção ou resistência dos tecidos, produzindo
uma elevação térmica da temperatura tissular. Com isso, ocorre um ganho nutricional de
oxigênio, nutrientes e oligoelementos para o tecido.
Os efeitos biológicos da radiofrequência constituem no aumento da circulação arterial,
vasodilatação, melhorando assim a oxigenação e a acidez dos tecidos. O efeito Joule é o
principal efeito térmico da radiofrequência ao atravessar o organismo efetuando a produção
de calor. A oxigenação celular está ligada à vasodilatação e ao consequente aumento do fluxo
sanguíneo, aumentando desta forma, o aporte de oxigênio por intermédio da corrente
sanguínea. A radiofrequência é aplicada com êxito em tratamentos de fibroses.
Diante dos resultados, a atuação da radiofrequência é eficaz na modulação da resposta
inflamatório e cicatricial, permitindo uma prevenção do acúmulo de colágeno excessivo na
região da cirurgia. Esta modalidade terapêutica tem como principal objetivo a modulação do
processo inflamatório e controle da disseminação da fibrose.
Por tanto, esta pesquisa de revisão da literatura foi importante para mostrar e buscar cada vez
mais os efeitos da radiofrequência na fibrose no pós-operatório de lipoaspiração. Sugere-se
assim, por meio deste, que outras pesquisas sejam realizadas, podendo utilizar este como
fonte para o desenvolvimento de novas pesquisas.
6. Referências
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