GRUP O
de Estudo
e Partilha de Vida
T EMA 5
A liberdade
1. SENSIBILIZAÇÃO
Francisco renuncia aos bens paternos, Giotto (?), c.
1290, afresco, 230 x 270 cm, Basílica Superior de São
Francisco, Assis, Itália.
2. LECTIO DIVINA
Jo 13, 34-35
O ambiente do texto é da última Ceia de Jesus Com liberdade total Jesus se despede dos seus amigos e, no
gesto do lava-pés, num clima de muita amorosidade, humildade e serviço, deixa sua recomendação. Com liberdade de coração profere o testamento espiritual: para ser seu discípulo é fundamental o amor... Assim, ser
livre só por meio do amor que ele ensinou....
⬢ O que o texto me diz: o amor é a essência da vida. Se desejo ser livre, preciso amar incondicionalmente.
A liberdade tem a ver com os outros. O ser cristão não é ser livre sozinho, mas com os outros e para os
outros. Somos livres porque amamos.
⬢ O que o texto me faz mudar: atitudes de amorosidade em relação aos outros – nunca julgar. No amor não
há julgamento e nem “achismos”. “Achar” é uma forma de julgar. Amar é não achar nada, apenas acolher.
⬢ O gesto concreto que o texto me solicita: nessa semana, ao me encontrar com as pessoas, seja criança,
jovem, adultos, vou com a consciência de amá-los como Jesus amou; sem fingir, sem julgar, apenas
com gratuidade.
A liberdade
3. ÁGUA DA ROCHA
Eu vos peço, meus queridos Irmãos, com toda a afeição de minha alma e por toda afeição que tendes por mim,
que procedais sempre de tal modo que a santa caridade se mantenha sempre entre vós. [...]. Que não haja entre
vós senão um mesmo coração e um mesmo espírito. Que se possa dizer dos Irmãozinhos de Maria como dos
primeiros cristãos: “Vede como eles se amam”... É o mais ardente voto de meu coração, neste último momento
de minha vida. Sim, meus caríssimos Irmãos, escutai as últimas palavras de vosso pai, pois são aquelas de
nosso amado Salvador: “Amai-vos uns aos outros”. (Água da Rocha, n. 112)
4. REFLEXÃO PASTORAL
Jesus, homem livre1
Os teólogos latino-americanos apresentam Jesus como “homem livre e libertador”. O tema é central na pesquisa cristológica dos últimos decênios. A liberdade e a bondade são os traços mais característicos da personalidade do homem Jesus de Nazaré. Embora inserido no contexto do seu tempo, Jesus age com liberdade,
frente às estruturas que enquadravam rigidamente pessoas e classes sociais. Segue a Lei do Senhor (YHWH,
Adonai), mas não a interpretação minuciosa que dela faziam os escribas e fariseus. A eles dirige as palavras mais
duras recolhidas pelos evangelistas: “Ai de vocês, escribas e fariseus hipócritas!” (Mt 23,13-36). Senta-se à mesa
com pecadores e cobradores de impostos (Mt 9,10-13) e defende os discípulos por não jejuarem e arrancarem
espigas no sábado: “o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado” (Mc 2,27). Por respeito
ao Templo, como lugar privilegiado da presença divina, expulsa dele, indignado, os vendilhões (Mt 21,12-13).
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Jesus é livre diante dos laços familiares e da rígida separação dos sexos: “Por que me procuráveis? Não
sabíeis que eu devo estar naquilo que é de meu Pai?” (Lc 2,49); “Quem é minha mãe? Quem são meus
irmãos?... Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3,33-35). Os
discípulos se surpreendem ao vê-lo conversar com a mulher samaritana (Jo 4,27) e o fariseu se escandaliza vendo Jesus ser tocado por uma pecadora (Lc 7,39). Maria de Betânia adota a atitude típica dos
discípulos: sentada aos pés do Mestre, escuta sua palavra (Lc 10,39).
Jesus é livre para expressar seus sentimentos, em uma época e contexto cultural em que isso era inaudito: João se chama de “o discípulo a quem Jesus amava” (Jo 19,26); Marta e Maria mandam este recado
ao Senhor: “aquele a quem amas está doente” (Jo 11,3, cf. 11,5). Com a mesma liberdade Jesus diz a Pedro:
“Fica longe de mim, satanás! Pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim as dos homens” (Mc 8,33).
Jesus é livre diante dos temores, pressões e ambições materiais. Não é um asceta, como João Batista.
Usa os bens desta terra com liberdade, ao ponto de ser chamado de “comilão e beberrão” (Mt 11,18-19).
Não acumula riquezas (Mt 6,19-21), nem constrói casa própria (Lc 9,58). Não sonega os impostos da
época (Mt 17,24-27; 22,15-22). Exorta seus discípulos a confiarem na providência divina (Mt 6,25-34).
Jesus é livre diante do poder político. A liberdade de Jesus se manifesta, também, na sua relação com
o poder político: não o teme, nem o ambiciona. Não se filia a nenhum grupo ou partido político da época. Não busca o favor das autoridades, nem bajula os poderosos. Dialoga com Pilatos, sem temor ou
acanhamento (Jo 18,33-38; 19,8-11). Fica em silêncio diante de Herodes, a quem chamara de “raposa”
(Lc 13,31-32).
Síntese do artigo de Luiz Gonzáles, da Revista de Espiritualidade Inaciana, nº 37, 1999
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Jesus é livre diante da própria morte, supremo temor dos mortais. A caminho de Jerusalém, os discípulos “assombrados, seguiam com medo” (Mc 10,32). Mas Jesus tinha tomado “a firme decisão de partir
para Jerusalém” (Lc 9,51). É coerente com o que ensina: “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo,
mas são incapazes de acabar com a vida (ou a alma, psyché)!” (Mt 10,28). “Pois quem quiser salvar sua
vida perdê-la-á; e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará” (Mt 16,25). Morre perdoando
os que o crucificavam (Lc 23,34).
1. Qual o “segredo” da liberdade de Jesus?
2. Percebo-me livre diante dos meus familiares?
3. Sou livre para expressar meus sentimentos?
4. Percebo-me livre diante das adversidades da vida?
5. Sou livre diante da morte?
6. Sinto que sou um tanto mais livre quando...
5. ORAÇÃO
Graças sejam dadas a Deus, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, porque, Nele, somos filhos e, portanto,
herdeiros de Deus, junto com Cristo. Se participarmos dos sofrimentos do Crucificado, temos a firme esperança
de que participaremos também da glória do Senhor ressuscitado, isto é, da inteira e definitiva Liberdade (cf.
Rm 7,25; 8,16-17).
Preces espontâneas
6. COMPROMISSO SEMANAL
Que compromisso podemos elencar, a partir desse encontro, para vivenciar o que partilhamos?
7. DICA DE LEITURA
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Caminhar com Jesus para a Liberdade. José Antonio Pagola.
Disponível em: www.servicioskoinonia.org
O problema da liberdade. Fulton Sheen. Disponível em www.veritatis.com.br
A liberdade
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