4
Opinião - [email protected]
O Estado do Maranhão - São Luís, 3 de setembro de 2009 - quinta-feira
OESTADOMaranhão
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO: ADEMIR SANTOS - [email protected]
COORDENADOR DE REDAÇÃO: CLÓVIS CABALAU - [email protected]
FUNDADORES
José Sarney e
Bandeira Tribuzi
DIRETOR DE REDAÇÃO
Ribamar Corrêa
PRESIDENTE
Teresa Sarney
DIRETOR EXECUTIVO
Leonidas Escobar
DIRETOR COMERCIAL
Gustavo Assumpção
“O Maranhão é uma saudade que dói
e não passa. Não o esqueço um só dia,
um só instante. É amor demais.
Maranhão, minha terra, minha paixão.”
José Sarney
Editorial
Desespero à vista
A
decisão das operadoras de
planos de saúde de não
apresentar proposta para
tentar evitar a greve de médicos marcada para o próximo dia 9 deixou
milhares de usuários no Maranhão
à beira do desespero. Sem perspectiva de reajuste no valor das consultas, os profissionais, seguindo orientação do Conselho Regional de Medicina, tendem a radicalizar ainda
mais o movimento, o que fatalmente deixará o setor em colapso.
O mais dramático é que não se enxerga, em curto prazo, uma solução
para o impasse. Nenhuma das duas
partes envolvidas se mostra disposta
a recuar. Todas as tentativas de negociação vêm sendo frustradas pela intransigência e pela recusa de ambos
os lados em abdicar de parte dos seus ga- do religiosamente em dia as mensalinhos financeiros. Vista como mero negó- dades dos planos.
cio, a saúde é negligenciada, sem que neSe das duas vezes anteriores as paranhuma autoridade tenha se manifesta- lisações de médicos tiveram prazo de endo em contrário até o momento.
cerramento determinado, a próxima poO clima entre
derá se prolongar
médicos e emindefinidamente.
Todas as tentativas de
presas de planos
Tal situação será
negociação
vêm
sendo
de saúde é de
um ultraje para
guerra. A maioria frustradas pela
quem precisar fadas operadoras
zer uma consulta,
intransigência
e
pela
alega não ter conexame ou outro
dições de aumen- recusa de ambos os lados
procedimento
tar os honorários
que, embora não
dos profissionais. Estes, por sua vez, já pareça urgente, poderá retardar tratanão se contentam com o valor que re- mentos e, por fim, representar a diferencebem pelos serviços que prestam. No ça entre manter-se ou não saudável.
meio do conflito estão os usuários,
A busca por melhoria salarial é algo lesubmetidos ao desconforto de ter o gítimo a qualquer categoria de trabalhaatendimento suspenso, mesmo pagan- dores. Mas nessa luta, além de disposi-
Cabral
Sobe - Desce
A atriz Brigitte Bardot, que
comemora 75 anos, é o
tema de uma exposição em
Londres, que explora a
origem dos paparazzi. A
exposição mostra a
transição da fotografia de
celebridades, dos estúdios
e fotos posadas.
A governadora Yeda
Crusius anunciou ontem
três mudanças no primeiro
escalão de seu
secretariado, um dia após
a primeira sessão da CPI
da Corrupção da
Assembléia Legislativa, que
investiga o seu governo.
Um dia 1939
como hoje Hitler
3 de setembro
Dois dias após a Alemanha
invadir a Polônia, a GrãBretanha declara guerra contra
Hitler. Horas mais tarde, a
França, a Austrália, a Nova
Zelândia, a África do Sul e o
Canadá declaram guerra.
1942
1826
Frank Sinatra estréia a sua
carreira musical solo. Sinatra era
sucesso na música e no cinema,
mas sua vida pessoal era marcada
por escândalos. Em 1951,
casa-se com a atriz Ava Gardner.
Nicolau I (1796-1855) é coroado
czar da Rússia. Em 1830, foi
deposto do cargo de rei da
Polônia pelo Levante de
Novembro. Nicolau respondeu
esmagando os insurretos e
anexando a Polônia.
A Voz
Coroação
Saída para fotos
BRUNO PERON LOUREIRO
Enquanto conversávamos pela internet, perguntei a
um amigo o que faria no fim de semana. Abordagem
básica. A resposta, porém, fugiu do convencional.
Disse que participaria de uma “saída para fotos”.
Quando não entendo, pergunto. Para que carregar
a dúvida? Ele não daria entrevista, não era modelo
nem fotógrafo, e não estava de brincadeira. Trata-se
de atividade e expressão novas.
Logo que lhe questionei o significado da expressão,
adiantou-me o endereço de uma página eletrônica
que continha várias fotos tomadas por lazer de objetos e lugares ordinários. Gansos no lago da cidade e
paisagens sobre a linha do trem. Em poucas delas,
saíram pessoas.
Deduzi que “saída para fotos” se refere a um encontro entre amigos que se reúnem para fazer passeios com a finalidade de tomar fotos para colecionálas em albuns ou portais na internet. O detalhe é que
são fotos de cenários, objetos e paisagens.
Bom passatempo. Antigamente as câmeras fotográficas eram caras, de proporções enormes, não
tinham tantas opções como as atuais para editar
as imagens, o tripé tinha que estar junto para apoiar
o peso, e demandavam um profissional para tomar
as fotos.
Hoje é assim: a posse de uma câmera fotográfica
é muito mais acessível, ela é mais compacta que em
décadas anteriores, pode até servir de filmadora, é um
bem imprescindível para muitos viajantes, e a imagem que não ficar boa pode ser apagada num clique.
A câmera tornou-se uma parceira indispensável
quando saio a passeio a outras cidades e para flagrar
momentos familiares que mais adiante terei vontade
de reviver em imagens. Fotos que podem armazenar-
Este é um fenômeno
que a psicologia e os
profissionais de
relações humanas
gostam de avaliar
se em pastas no disco rígido do computador se não
se as revela.
Desde as fotos amadoras até as de finalidades
ocupacionais, a tecnologia fotográfica tem sido
profícua. Já vi gente usando câmera profissional
para fotografar aranha de estimação e câmera comum para gerar imagem de pessoas famosas para
reportagem. Tem de tudo.
Tem os que são “fotogênicos” e adoram posar até
no segundo plano de imagens feitas por câmeras de
terceiros. Tem os que procuram primeiramente a si
mesmos numa foto tomada entre uma coletividade
de amigos ou familiares.
Este é um fenômeno que a psicologia e os profissionais de relações humanas gostam de avaliar. Não
é curioso que a maioria das pessoas busque a si mesma numa foto em primeiro lugar e se apresse a apontá-la antes de comentar a presença de outrem?
O eclipse solar que escureceu em julho por alguns
minutos países da Ásia também foi capturado pelo
diletantismo e outras câmeras que traduziram as imagens à linguagem da internet para os espectadores
que estavam em áreas não cobertas pelo fenômeno.
Flash, edição, digital, visor, memória, bateria
são palavras que aterrissaram no vocabulário de
quem não precisa ser profissional da área fotográfica para captar, manter e transferir imagens com
facilidade e qualidade.
Qual será a expressão que vai pegar daqui a algumas décadas? Já não duvido de nada nem hesito em
fazer previsões. Esta semana mesmo vi uma notícia
sobre uma empresa estadunidense que planeja construir estações de férias na Lua.
Será então “saída para fotos” na Lua?
Bacharel em Relações Internacionais
O ESTADO DO MARANHÃO não se responsabiliza por opiniões emitidas nesta seção. Os comentários, análises e pontos de vista expressos pelos colaboradores são de sua inteira responsabilidade. As cartas para esta seção devem ser enviadas com nome, número da carteira de identidade, endereço e, se possível, telefone de contato. Os textos devem ser encaminhados para a Redação em nome do editor
de Opinião, avenida Ana Jansen, 200 - Bairro São Francisco - São Luís-MA - CEP 65.076-902 ou para os e-mails: [email protected] ou [email protected], ou ainda pelo fax (098) 3215-5054.
ção e argumentos justos, é preciso ter
bom senso para não ferir direitos de
quem usufrui os serviços dos profissionais em litígio. Envolvidos em um
conflito que parece não ter fim, médicos e operadoras de planos de saúde deixam no ar a impressão de que
desprezam princípios.
Penalizar o usuário com a suspensão dos atendimentos médicos é a
maneira menos adequada de pressionar por reajuste. Seria mais sensato estimular o diálogo, mesmo
que o desgaste entre as partes pareça insuperável. Quem paga por um
serviço quer tê-lo à disposição a hora que quiser ou precisar. E quando
se trata de saúde, a questão passa de
simples relação de consumo para
um caso de vida ou morte.
Um novo mundo,
uma nova
contabilidade
ENIO DE BIASI
Acompanhar a evolução do mundo nos últimos tempos não tem sido uma tarefa fácil. Smartphones, blogs,
twitter, audiobook, TV digital. As notícias giram com a
velocidade da luz, literalmente. Mas como digerir e
processar toda essa enorme quantidade de informação?
Informação é sinônimo de conhecimento? Será que a
sensação de cansaço e falta de tempo não é resultado
desse bombardeio?
Você pode se perguntar o que essa divagação tem a
ver com contabilidade. Essa reflexão fará todo o sentido
do mundo quando lembrarmos que a evolução também
chegou à nossa velha e querida contabilidade. Um novo mundo está também surgindo na contabilidade, com
a edição, no Brasil, de uma gama enorme de Pronunciamentos Contábeis, elaborados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que estão mudando a forma com que as empresas e os contadores deverão elaborar suas demonstrações financeiras.
O que se procura, com essa nova estrutura, é produzir
demonstrações que sejam globais. Estamos alinhando
nossas normas com as práticas internacionais adotadas
na imensa maioria dos países desenvolvidos. Essa consolidação das normas contábeis acontece a partir das
IFRS (International Financial Reporting Standards). O
principal argumento a favor da implantação dessa nova maneira de fazer a contabilidade é o de permitir uma
padronização das demonstrações financeiras ao redor
do mundo. Com um único padrão de normas, será possível comparar as demonstrações das empresas de um
mesmo setor, não importa se elas estão na China, na Alemanha, no Chile ou no Brasil. Também permitirá a avali-
Um novo mundo surge na
contabilidade, com a
edição de uma gama de
Pronunciamentos
Contábeis
ação, por parte dos analistas e dos investidores, de diversos setores econômicos. Será uma evolução e tanto.
Há quem não dê real importância aos pronunciamentos do CPC, alegando que as normas somente se
aplicam às sociedades anônimas e às grandes empresas, com ativos de R$ 240 milhões ou faturamento de R$
300 milhões. Trata-se de um argumento inadequado. É
fato que a Lei n° 11.638/07, também chamada de Nova
Lei das SAs, obrigou somente as grandes empresas a observar as regras de convergência aos padrões internacionais de contabilidade. Também é fato que o CPC não
tem poder de exigir o cumprimento de normas por ele
divulgadas. Acontece que, até por não ter força normativa, o CPC necessita que os diversos órgãos reguladores
dos diversos setores econômicos aprovem e adotem seus
pronunciamentos.
O Conselho Federal de Contabilidade também tem
adotado como Norma Brasileira de Contabilidade (NBC)
os pronunciamentos do CPC. Isso exige que todos os
profissionais observem essas regras, sob pena de ter seu
registro suspenso ou cancelado. Em resumo, pode até
ser que as médias e pequenas empresas não estejam
obrigadas a cumprir as regras do CPC. No entanto, é
inegável que seus contabilistas estão, sim, obrigados a
cumpri-las - o que nos coloca diante, não de um problema, mas de uma oportunidade.
A evolução é inevitável. Temos que nos adaptar. Saemse melhor aqueles que superam os desafios e tiram
proveito das oportunidades. As pequenas e médias empresas que adotarem o quanto antes as normas do CPC
estarão um passo à frente dos concorrentes. Essa é uma
prática de governança corporativa. As empresas que
saírem na frente vão ter melhor avaliação do mercado
de crédito e atrair mais investidores, ávidos por aplicar
seu capital em organizações promissoras e bem administradas. Um novo mundo, uma nova contabilidade.
Sócio-diretor da De Biasi Auditores Independentes
Download

Saída para fotos Desespero à vista