ISSN 2236-3335
A X I F O PA G I A D O A M O R E D O C I Ú M E E M
C A M Õ E S E D AV I D M O U R Ã O F E R R E I R A
Rafael S antos Silva [1]
Licenc iatura e m Le tras c om Inglê s
[email protected]
A lessandra Leila Borges G ome s (Orientadora/U E FS )
D ep arta ment o de Le tras e A rtes (D LA )
[email protected]
Res umo : O obj et i v o dest e t ra ba l ho é a na l i sar com o a uxí l i o de
v á ria s dis ci pl i nas e a t rav és de um es t udo l i t erá ri o a s l ei t uras
que o ci úme, e cons equent ement e a perda , sofrem dura nt e perí odos di ferent es em doi s poemas de a ut ores port ugues es : L ui z de Ca mões , s eis cent i s ta , e Dav i d Mourã o Ferre i ra , cont emporâ neo. Os doi s t ext os es col hi dos foram Soneto XXXII I , do pri mei ro, e Elegia do ciúme do s egundo. Os emprés t i mos t eóri cos
fora m fei t os de ci ênci a s ta i s como Soci ol ogia , Ps i ca ná l is e, Ps icol ogi a , Ant ropologi a e o vas t o uni v ers o das di s ci pl i nas humana s . D efende -s e o ci úme como a cont rapa rte da pa i xã o, e as
s uas pot enci a l i dades pa t ol ógi ca s, a l ém das rel a ções e dos efei t os exi st ent es ent re os a ma nt es .
Pa l av ras- chav e: L i t era t ura port ugues a . Ci úme. Eros . Cont empora nei da de. Perda .
Abs t ra ct : Thi s work a ims t o a na l yze, wi t h the a i d of s ev era l
s ubj ect s a nd t hrough a l i t era ry obl i qui t y, t he rea di ngs of
j ea l ous y and l oss of s omethi ng i n t wo poems wri t t en by
Port ugues e a ut hors from di fferent peri ods : L uis de Camões , a
1 5 t h cent ury poet, a nd t he cont empora ry a ut hor ― D av i d
Mourã o F errei ra . The two t exts chos en were Soneto XXXIII , by
t he fi rs t one, a nd Elegia do ciúme , by t he s econd one.
Theoret i ca l l oans hav e been ta ken from s ci ences s uch as
Soci ol ogy, Psychol ogy, ps ychoa na l ys i s, Anthropol ogy a nd t he
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l a rge uni v ers e of huma n subj ect s . J ea l ousy i s cl a i med a s t he
count erpa rt of amour passion , a nd i t s pa thol ogi ca l pot ent ia l i t y,
a nd a l s o the rel a t i ons hi ps a nd effect s exi s t i ng a mong t he
l ov ers .
K eywords: Port ugues e l i t era t ure. J ea l ous y. Eros . Cont emporanei t y. Loss .
D u r a n t e to d a a v i d a , e u n ã o p o d i a s e q u e r c o n ceb e r
e m me u í n t i mo o u t r o am o r , e c h eg u e i a t a l p o n t o q u e ,
a g o r a , c h eg o a p en s a r p o r v ez e s q u e o a mo r
c o n s i s t e j u s t a me n t e n o d i r e i t o q u e o o b j e t o a ma d o
v o l u n t a r i a m en t e n o s c o n ce d e d e e x e r ce r t i r a n i a s o b r e
ele.
( D o s t o i e v s ky )
INTRO DUÇÃO
Mui t o s e fa l a s obre o amor e rel a t iva ment e pouco s obre
o ci úme. O que nã o s e percebe é que fa l a r de um quas e s empre nos i nci t a a t ra ta r do out ro e es sa rel açã o es tá l onge de
s er um pa ra s i t i smo, ela é de mut ua l is mo. A ma rgi na l i za çã o do
ci úme e a es t i gma t i za ção des t e como o responsáv el pel a des t rui çã o de “bel os cont os de fa das ” é a t i t ude r ecorrent e des de
mui t o t empo e herda da pel a “fi l os ofia comum da cont emporanei da de”. O ci úme, fada do regul a rment e às s uas rel a ções com
os el ementos de mort e e de degra da ção, Thanatos , é frequent ement e ci t a do, mas , mui to a pa rent ement e, a borda do em s eu
ní v el ma i s s uperfi ci a l . Na drama t urgia , na l i tera t ura e em di ferent es mei os que ret ra t am as rel a ções humana s nos é expost o
qua s e s empre o “cl i chê do ci úme”, pa rt i ndo de um pont o de
coerênci a , o s ent iment o de poss e, mas s e encerra ndo em um
ca pri cho do a ma nt e. O que ess e t raba l ho v isa mos t ra r, ut i l i za ndo- s e da l i t era t ura como mei o de conta t o i nterdi s ci pl i na r e auxi l i a do des de o i ní ci o por es t udos de ps i caná l i s e, ps i col ogia e
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ci ênc i as s ocia i s , é que ent re es s e pri ncí pi o e es s e fi m exi st e
um a bi smo a s er percorri do, ma peado e percebi do com ca ut el a .
Elegia do ciúme é um es cri t o de mui t o fôl ego na aborda gem des sa funçã o ps i col ógi ca . Sua es t rut ura nos a bre espa ços
pa ra pens a r a s i t ua ção do s uj ei t o em v is t a do a ma do e como,
de repent e, o ci úme pas sa de i mpres ci ndí v el pa ra a del i mi ta çã o
da s a ções bas ea das no a mor pa ra a l goz repres s iv o e doent i o
na evol uçã o e a ma dureciment o des t e. D av i d Mourã o a certa a o
pens a r na mort e como met á fora da t ra ns forma çã o de uma neces s i dade em uma ma l di çã o. Os es t í mul os de v i da e mort e, ou
pul s ões de Eros e Thanatos pa rt i ndo de uma l ei t ura freudi a na
do t ema , s e rel a ci ona m e s e compl ement am, t orna ndo ess e ema ra nha do de v í ncul os um compl exo eni gma a s er ent endi do.
Ambos os poema s ana l i sa dos nes t e t ra ba l ho re l a ci ona m di ret ament e amor e mort e, di feri ndo - s e apenas no pa pel que a mort e
des empenha pa ra ca da um dos eu - l í ri cos .
Pode- s e pensa r na pos s i bi l i dade de uma l ei t ura di a crôni ca
do s imbol i smo ca rrega do pel as pa lav ras - cha v e que nort ei am
es t e t ra ba l ho nos s eus momentos his t óri cos de produçã o, t ra ça ndo -s e, des ta forma , um pa ra l el o que nos a uxi l i e na compreens ã o de como ess es fa t ores de hi st ori ci da de i nfl uenci a ra m na
forma çã o des s es dis curs os . O que s e i ns i nua dura nt e es sas
l ei t ura s é que ca da época a ma de ma nei ra di fer ent e, mas que
a rel a çã o com o out ro s empre foi bas ea da na cons ol i da çã o da
exi s t ênci a do eu: t emos cons ci ênci a pl ena da neces s i da de de
out ro a l guém pa ra sermos . Pa rt i ndo -s e des ta premis sa , a cons equênci a da i nt erferênci a cronol ógi ca present e em cada uma
da s obras não pode s er a rbi t ra ria ment e i gnora da e o ma peament o des sa s i nfl uênci as nos aponta rá a t é onde Elegia do ciúme , de um poeta que v iv e a época em que o amor s e l i quefa z
e es corre pel os dedos , s e comport a como i nt erdi s curs o e rel ei t ura do Soneto XXXIII , da quel e que foi cons i dera do o ma i or
nome da poes ia port uguesa e que bas eou sua pers pect iv a na
ma nut ençã o do amor ima cul a do.
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DA CO MPLETU DE E DA TIRA NIA: A REA LIZAÇÃO DO A MO R,
O NA SCIMENTO DO CIÚ ME E OS ESTIGMA S DA MO RTE
Percebe- s e nas rel a ções i nt erpes soa is a l go ma is profundo
do que a mera i nt era çã o ent re i ndiv í duos: é a pa rt i r da exi s t ênci a do out ro, que um i ndi v í duo pa rece cons ol i da r s ua exi st ênci a e a fi rma r -s e como pa rt e de uma rea l i da de s uperi or e
ma is compl exa . Todos t emos uma es péci e de cons ci ênci a da
neces s i dade do out ro pa ra exi st i rmos e é com bas e nis s o que
a s rela ções s e aprofunda m e evol uem, não neces sa ri ament e
com denota ções pos i t iv as . Es s e di s curs o nã o é ori undo da s
ci ênc i as do comport ament o huma no, a o que pa rece j á s e encont ra no di s curs o rel i gi oso comum a vá ri as t radi ções . Prova
di s s o, t emos t rechos do Gênes is que t ra tam exa ta mente de
uma impos s i bi l i da de do v á cuo a fet i vo s er percebi do como na t ura l a o i ndi v í duo. N o ca pí t ul o doi s , no déci mo s ét i mo v ers í cul o
do l i v ro encont ra mos uma apol ogi a cla ra a es sa i dei a , a cons t a t a çã o de que a compreensã o do pa pel do out ro nã o é a l go
recent e:
O s e n h o r D eu s d i s s e : “ N ã o é b o m q u e o h o me m e s te j a
s ó ; v o u d a r - l h e u m a a j u d a q u e l h e s e j a a d eq u a d a . [ 2 ]
Segundo o ps i ca na l is t a Ant ôni o Mourão Cav a l ca nt e, “há
nes s e t ext o, uma primei ra i deia de que o homem preci sa do
out ro pa ra s er. N i nguém pode v iv er i s ola do. Ora , um bus ca no
out ro a cons ecuçã o de s eu exi s t i r” ( CAVALCAN TE, 1 994 , p. 23) .
O s exo e a repres enta çã o do out ro nes t e fenômeno des empenham um pa pel i ncomens urá v el no proces so de ci v i l i za çã o e
ev ol ução s oci a l da huma nida de des de o pri ncí pi o do us o da
ra zã o.
D a s mu i t a s t e n d ên c i a s , i n c l i n a ç õ e s e p r o p en sõ e s
‘ n a t u r a i s ’ d o s s e r e s h u m an o s , o d e s e j o s e x u a l f o i e
c o n t i n u a s en d o a m a i s ó b v i a , i n d u b i t á v e l e i n co n t e st a v e l m en t e s o c i a l . E l e s e e s t e n d e n a d i r e ç ão d e o u t r o
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s e r h u m a n o , e x i g e s u a p r e s en ç a e s e e s f o r ç a p a r a
t r a n s f o r m á - l a e m u n i ã o . E l e a n s e i a p o r co n v í v i o . T o r n a
q u a l q u er s e r h u m a n o ― a i n d a q u e r e a l i z ad o e , s o b
t o d o s o s o u t r o s a sp e c to s , a u t o - su f i c i e n t e ― i n co m p l e t o e i n s a t i s f e i t o , a m en o s q u e e s t e j a u n i d o a u m
o u t r o . ( B A UM A N , 2 0 0 4 , p . 2 7 ) .
É pa rt i ndo do press upos t o de que t emos cons ci ênci a de
que nã o cons egui rí a mos suporta r o a l heament o e a s ol i dã o, e
s em qua l quer i nt enção de ent ra r a fundo no univ ers o da ps icol ogi a ou qua l quer de s uas v ert ent es , que o ci úme a ca ba
s endo v is t o como o s ent iment o que a dv ém com a pers pect iv a
da perda do out ro, com a imi nênci a da s ol i dão.
Ci úme é t odo “s ent iment o dol oros o que as exi gênci a s de
um a mor i nqui et o, o des ej o de poss e da pess oa ama da , a s uspei t a ou a cert eza de sua i nfi del i da de fazem nas cer em a l guém” [ 3 ] . Es sa defi ni çã o a i nda é l i mi ta da, poi s s e dev e cons i dera r que ha j a “duas forma s de ci úme, uma norma l , a j uda ndo a
a va l i a r e res pei ta r s eu a mor, e out ra , defens i va , tort urando os
a ma nt es e enca mi nha ndo - os pa ra a des t rui ção do v í ncul o a moros o” (B YIN GTON , 200 5, p. 5) . Essa s fa cet as da repres enta ção
do ci úme i nt eress am a es sa pesqui sa com ma is urgênci a . Ent endê- l as a j uda -nos a defi ni r a qui l o que pode s er cons i derado
norma l e o que pode s er t i do por pa t ol ógico, concei t os que
s erã o fundament a is na l i da com o poema de D av i d Mourã o.
“O ci úme s egue o a mor como a sombra segue o homem” ( CAVALCAN TE, 19 94 , p. 23) . Est es dois s ent iment os s ão
i ndi s s ociá v eis , compl ementa res e t oma ndo -se um pouco ma is
de cui da do, podemos pens a r que s ão também s upl ement a res .
D i z-s e i ss o pel o s impl es fa t o de que o ci úme a di ci ona a o amor
o es t ado de a l erta que nã o é i nerent e a o apa i xona do.
O c i ú m e é u m a f u n ç ã o e s t r u tu r an t e q u e , q u an d o o p e r a n o r m a l m en t e , g u i a a f u n ç ão e s t r u tu r a n t e d o a mo r e
d e l i m i t a o s e u t e r r i t ó r io . N e s s e c a s o , o c i ú me é o
g u a r d i ã o é t i co d o a mo r . O c i ú m e e s c l a r e ce p a r a a
C o n s c i ên c i a a t é o n d e o amo r t em d i r e i t o s e d ev e r es e
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mo s t r a q u an d o e l e t r a n sg r i d e s u a s f r o n t e i r a s e t o r n a s e d e f en s i v o , o u s e j a , i n ad eq u ad o , p o s s e s s i v o e d e s t r u t i v o . ( B Y I N GT O N , 2 0 0 5 , p . 5 ) .
Sponv i l l e ( 1 99 5, p. 124 ) sa nci ona o el o que exi s t e ent re
a mor e ci úme. Cons i derando que “o a mor é des ej o, e o des ej o
é fa l t a ” e rel a ci ona ndo ess a i deia com a de que o ci úme “é o
medo de perder o obj et o a ma do, des ej o de cons erva r a cois a
que s ó queremos pa ra nós ” ( CAVALCAN TE, 1 9 94 , p. 23) ent endemos, a pri ncí pi o, em qua l ní v el s e est a bel ece es s e v í ncul o. A
pa i xão ( Eros ) é o “amor” que es got a , que t em como pa rt e de
s ua es s ência um i mpul s o de des t rui çã o e de a ut odes t rui ção
( B AUMAN, 2004 , p. 27 ) , a nt es que s e perca o a ma do, que a pris i ona e que ama na fa l t a . B auma n, embora s e ut i l i ze de t ermi nol ogi as di s t i nta s , ent ende a s duas fa cet as que podem s er i dent i fi ca da s numa rel a çã o a morosa : a de ani qui l a çã o e a de
perpet ua ção, a i nda que es ta cul mi ne em escra v i za çã o. A pres ença do out ro é o mot i vo s ufi ci ent e pa ra dis pa ra r o ga t i l ho de
ev ent os rel a ci ona dos a o des ej o.
E s s a p r e s en ç a é d e sd e s e mp r e u m a a f r o n t a e u m a
h u m i l h a ç ão . O d e s e jo é o í mp e to d e v i n g a r a a f r o n ta e
e v i t a r a h u m i l h a ç ão . É u m a c o mp u l s ã o a p r e en ch er a
l a c u n a q u e s e p a r a d a a l t e r i d a d e , n a me d i d a em q u e
e s t a a c en a e r e p e l e , e m q u e s e d u z c o m a p r o m es s a
d o i n e x p l o r ad o e i r r i t a p o r s u a o b s t i n a d a e ev a si v a
d i f e r e n ç a . ( B A UM AN , 2 0 0 4 , p . 1 2 ) .
Em cont ra pa rt i da , o ci úme é a pa rt e que s ofre com a
pers pect i va da a us ênci a e da perda. Em out ra s pa lav ras é o
ci úme equi l i brado com a s proporções do Eros quem l imi t a e
condi ci ona a s a úde do amor. A rel a çã o ent re amor e ci úme
nã o pode s er v is t a inicialmente como a nt a gôni ca uma v ez que
“o c i úme é, de cert o modo j us t o e ra zoáv el , poi s v is a a cons erva r uma coi sa que nos pert ence ou que j ul ga mos pert encer
- nos ” (BY ING TO N , 2 005 , p . 5 ) . Sendo a ss im, a ps i col ogi a a na l í t i ca
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pens a no ci úme como uma funçã o es t rut ura nt e norma l , que
cont ri bui como qua l quer out ra função pa ra a forma çã o e a nut ri çã o da Cons ci ênci a . A stigmatização que o ci úme s ofre é
cons equênci a de uma di s crimi na çã o “preconcei t uos a e mora l i s t a ” ( BY ING TO N , 20 05 , p . 3 ) cont ra a quel a s funções que a s oci eda de e a cul t ura oci denta l rot ul a ram de peri gos as e a mea ça dora s à ordem e a o bem es ta r do i ndiv í duo e cons equent ement e
da s oci eda de. Como resul t a do des s e process o de ma rgi na l i za çã o, es t as funções , ent re el as o ci úme, pas sa m a agi r na s ombra do inconsciente reprimido, convertendo -se em
“i na dequadas e des t rut iv as , e s ã o expres sas por defes as que
i nferni za m a v i da ” ( Idem) .
N o pa rá gra fo a cima , o t ermo “i ni ci a lment e” é a dota do porque o ci úme t a mbém pode ext ra pol a r os l i mi tes da sa úde e s ua
na t ureza de cons erv a çã o a l heia s e conv ert er em cons erv a çã o
própri a , encerra ndo-s e na a nula çã o e “dest rui çã o” do out ro.
Es s e s ent i ment o t em s eu a dv ento quando as confi gura ções do
rel a ci onament o t êm por bas e a pos s e, uma v ez que “a pes s oa
s ent e ci úme qua ndo i ma gi na que s eu pa rcei ro é uma pa rt e s ua ” [ 4 ] . Al ém do ma is, o processo de idealização pode cola bora r, e
a parent emente col abora na ma ioria das v ezes , com o des encadeament o da i nsegura nça, que por s ua vez, resul ta no ciúme. [ 5 ]
S upõe- s e que es s a ins egu ra nça te r ia po r ba s e o
p roc es s o d e idea l iza çã o . O a moros o c r ia r ia uma
ima g em do a ma do , nem s emp r e f unda men ta da no
r ea l. S e começa a nã o ex is t ir uma co r res pondênc ia
des s a idea l iza çã o , a des conf ia nça s e ins ta la . Na s c e o c iúme . (C AVA LCA NTE , 19 9 4 , p . 24 ) .
Al ém dis s o, a correspondência plena do amor t ambém pode di s pa ra r o ga t i l ho do ci úme, uma v ez que corres pondi do,
i ns t a ura -s e no amant e o medo de i ma gi na r -se em aba ndono ou
em perda.
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O poema Elegia do ciúme t raz em s ua compos i çã o i ndi ca t i v os de pat ol ogi a nas ma ni fes ta ções de ci úme: E se adormeço
novamente/vou, tão feliz!, sem azedume/ ― agradecer -te, sua-
vemente, /a tua morte que consente/tranquilidade ao meu ciúme” . Es sa es t rofe nos dá uma v is ã o do des es pero que conduz
a rel a çã o do eu - l í ri co com a a ma da , já morta . A i mpres sã o de
pa t ol ogia quant o a o ci úme s ent i do pel o primei ro é ra t i fi ca da pel a preferênci a de v ê - la mort a e i na ces s ív el aos out ros , e i ncl us i v e a s i mesmo em s i t ua ções não - oní ri cas , do que a o s eu l ado, e, a o mesmo t empo, t endo que l i da r com a pos s i bi l i da de de
s ofrer um a ba ndono.
Ma is uma v ez, s omos remet i dos à Sponv i l l e (1 9 9 5) em s ua
rel e i t ura do s is t ema pl a t ôni co em rel a çã o a o a mor: “ A tua morte, que me importa/se o meu desejo não morreu?”. É o des ej o
que i na ugura es s es ev ent os , e é o mesmo des ej o o que ma nt ém ama ndo- a : a fa l ta é o combus t ív el des s e a mor.
N ess e cas o o ci úme não é o el emento nortea dor, nã o a
pri ncí pi o. A fa l t a o é. O ci úme s ó s e a t iv a qua ndo é cons i dera da a i dei a de expor a pes s oa amada às pos s i bi l i dades de es col ha s que poderiam conduzi r ao a ba ndono do amant e. N ess e
ca s o, é mel hor v ê - la morta , é o preço que s e pa ga pela pa z
que es s e es t ado da amada o confere.
A t er ce i ra es t ro f e a nun ci a o qu e es t á p or v i r. O t om de
d es es p er o, es t a be l ec i do por pa l a v ra s como so br essalto e fur or , s a l i en t a dos p or l ívido , s ã o ra p i da me nt e a pl a ca dos pe l a
c ons c i ênc i a súb ita da i mpos s i bi l i da de dos p ens a men t os a nt er i o res [ 6 ] s er em r ea i s , ca us a da pe l a i n exi s t ên ci a ca rna l da a ma da . Is s o p rop or ci o na uma pa z, i ncômo da , ma s a l i v i a nt e, a o eu
l í ri co qu e con cl u i com mui t a v e emên ci a a qui l o qu e a i nda é t ema dos s eus t orm ent os : c om mais n ingu ém/r epa rti rás o te u
amor .
O s egundo poema foi es col hi do pa ra fi xa r uma rela çã o
com o primei ro por a l guns mot iv os . A na t ureza oní ri ca que a pa rece nos doi s t ext os é uma da s ca us as que fez com que
es t es foss em ent endi dos como s emel ha nt es pa ra o fi m de a na -
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l i s á - l os . A ques tã o es t rut ura l no t ocant e à orga ni za çã o do dis curs o t ambém é um el emento que aproxima as dua s obras .
O gra nde amor a t ri buí do a L ui z de Camões foi uma chi nes a com o nome de D i namene. A hi st óri a nos di z que es s a pers onagem da v i da camoni ana morreu dura nt e um naufrá gi o, de
uma emba rca çã o conheci da por Na u de Prat a , que s eguia da
Chi na a t é Goa de um modo um t a nto i nus i ta do. Vendo o s eu
ma nus cri t o ori gi na l de Os lusíadas amea ça do “repous a r” pa ra
s empre no fundo do ocea no dura nt e a t ra gédi a , o a ut or t ev e
de es col her aqui l o que prov av el ment e s eri a ma is fav oráv el de
s er sa l vo: aba ndona r D i namene e resga ta r a compi l a çã o da obra . D es de entã o, ess a fi gura pecul i a r apa rece na s obra s de
Camões , rat i fi ca ndo as ca ra ct erí st i ca s que impregna m o concei t o a moros o pres ent e nes t a .
O pl a t onis mo perde um pouco do fôl ego para a s ma rca s
do a mor cort ês e a nã o rea l i za çã o des s e a mor, “pl eni fi ca do
pel a a us ênci a e t ra ns fi gura do em sa uda de” ( B ORGES, p. 3) , do
moment o da mort e da ama da em di a nt e, t orna a poes i a camoni a na dedi cada à es t a fi gura um t a nt o i nt eres s ant e. Segundo
F a uri el ( 1 846 , p. 512 a pud ROUGEMON T, 1 94 5, p. 35) a o defi ni r
es s e t i po de amor, lo que se hace realidad ya no es amor , e
es t a a fi rma çã o defi ne mui t o bem a forma de amor que est á
cont i da em es peci a l nos poema s em a ná l is e.
A mort e é a gra nde repres ent ant e da imposs i bi l i da de nos
doi s ca s os . O que a fas ta uma obra da out ra em dado moment o
é a s i gni fi ca çã o que es sa condi çã o a dqui re pa ra os a ma nt es
que s obrev iv eram à perda dos s eus a ma dos . Em D av i d Mourã o,
o f i m da exis t ênci a t errena i mpl i ca no a l í v i o do c i úme s ent i do
pel o eu - l í ri co, o que es t a pes quis a prefere def i ni r dent ro do
ca mpo da ps iqui a t ria como pa t ol ógi co, j us tament e pel a rel a ção
que es t a es t rutura ment a l es ta bel ece com as pul s ões de mort e. Por out ro l a do, em Ca mões , o eu l í ri co rea ge nega t iv ament e
à mort e, e, di ferent ement e do primei ro cas o, enxerga - a como
um obs t á cul o pa ra a cons uma çã o ou a cont i nui da de do s eu
rel a ci onament o a moros o.
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Se a na l i s a rmos com o mí nimo de cui da do a s es t rut ura ções di s curs i va s de ambos os poema s , podemos encami nha r
a l gumas deduções que a pont em pa ra a exist ênci a de uma i nt ert ext ua l i dade fort e ent re os doi s t ext os . At ent a ndo pa ra a
pri mei ra es t rofe, percebemos que em amba s o eu - l í ri co s e encont ra em um es t a do de oni ri s mo, a mbos a inda cons ci ent es e
a t a dos a o s ens o de rea l i dade.
N o t ext o ca moni a no o eu - l í ri co pa rece nos apont a r pa ra o
fa t o de que o s eu rel a ci onament o com D i namene nunca foi rea l ment e cons umado enqua nt o es ta v i v ia . N os v ersos Em sonho
aquela alma me aparece/Que pra mim foi sonho nesta vida
( gri fos noss os ) ema na uma s ens a çã o de i rrea l i da de, de nã o fa t o, e as col oca ções da pa l av ra sonho nos doi s v ers os l i gam
s ema nt i cament e a a çã o ( de s onha r) à pess oa de quem s e fa l a
( uma es péci e de pers oni fi ca ção do s onho ― t ra ço a t ri buí do,
mui t o prov av elment e, pel a ca ra ct erí s t i ca de fa nt as i a repres ent a da na ama da ) .
As s egunda s est rofes s e enca rregam de a profunda r o
oni ri s mo t ra zi do na pri mei ra . Sã o na rra da s as rea ções do eu l í r i co dura nt e os encont ros que sã o o ei xo pri nci pa l des s e moment o. N os dois t ext os , a amada morta apres ent a um comport a ment o eva s iv o, fugi di o. Em Da v i d Mourã o, o eu - l í ri co a v is a
não vás fugir -me como outrora , enqua nt o em Camões o pedi do
é s emel ha nt e, mas merece a t ençã o, quando o eu - l í ri co confus o
confes s a que Corro para ela; e ela então parece/Que mas de
mim se alonga, compelida . Uma pa l av ra que des pert a a a t enção
e col oca em dúv ida a t é que pont o es t es dois t recho sã o rea l ment e s emel ha nt es é compelida . O di ci oná rio defi ne o v erbo
compelir como obrigar, forçar, coagir, constranger , o que nos
remet e a pensa r nas v ont a des das ama da s nos doi s poemas .
N o pri mei ro ela é quem pra t i ca a a çã o de fuga , a impress ã o
que s e t em é que nã o é cont ra a v ont a de des t a , ma s fa z di s s o uma es péci e de j ogo onde s eduz e s e va i . É pl a us í v el pens a r nes ta primeira interpretação . Se a cei t a , a bre -s e uma brecha pa ra que s e pens e que as duas ama da s s e encont ram em
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condi ções de deci sã o compl et ament e di ferentes : a primei ra t em
cont rol e s obre suas a ções e foge propos i t al ment e do ama nt e,
enqua nt o a s egunda , é força da a ma nt er ess a di s tâ nci a do ama do, por es ta rem em condi ções de exi s t ênci a des i gua i s . Is so
nos obri ga a pensa r na mort e como uma met á fora do enfra queci ment o i dea l i za ção do amor cort ês e da cons uma çã o des t e
a mor a t rav és da rel a çã o s exua l , como pa rece nos propor J orge de Sena em s eu poema A morte de Isolda. A s egunda poss i bi l i da de de i nt erpret a çã o é pens a r na fuga da a ma da como
um eufemi smo pa ra o a cont eciment o de s ua mort e. Essa poss i bi l i da de a pa rece at rav és de recurs os de l i ngua gem, com os
qua i s o a utor es t a bel ece uma s ua v i za ção dos t ermos com fi ns
mui t o prov av el ment e es t ét i cos . É va l i do s a li ent a r ta mbém em
a mbas s egunda s est rofes o es t a do i ni ci a l de a gi ta çã o do eu l í r i co, pel a ut i l i za çã o de v erbos como correr e turbar .
N as t ercei ras es t rofes há muda nça no ní vel di s curs iv o.
D ei xamos de t er um es boço da forma i ndi ret a de di s curs o e
pa ss amos pa ra uma es péci e de di s curs o di ret o. O eu - l í ri co as s ume a enuncia çã o e o s eu es t ado de es pí rit o s ugeri do na es t rofe a nt eri or de ca da poema ga nha forma s e t orna -s e express i va pel o uso de v erbos cui da dos ament e s el ec i onados e pont ua ções a l ocadas de ma nei ra recurs iv a e elabora da .
Há uma gra nde di s pa ri dade ent re es sa s duas es t rofes . No
poema de Da v i d Mourã o, o eu - l í ri co j á nã o es t á dormi ndo, j á
nã o é ma is um ev ent o oní ri co, mas , em Ca mões , t oda a a gi t açã o s e dá a i nda dura nt e o sono.
A úl t i ma es t rofe de ca da poema encerra a percepçã o que
ca da eu -l í ri co t em do pa pel que a mort e desempenhou em s eus
rel a ci onament os e cons equent ement e na forma çã o de s ua s i dent i da des , uma v ez que es ta “s e forma por experi ênc i as de
a pego e des apego, uni ã o e s epa ra çã o” (B YINGTON , 200 5, p. 9 ) .
A mort e que l i bert a e a que res t ri nge, que tra nqui l i za e a que
des es pera , que a ss egura e a que des i l ude.
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CONCLUSÃO
O que s e percebe na s duas s i t ua ções cont i da s nos poemas é o a mor eri gi do e es ta bel eci do no proces s o de forma çã o
da cons ci ênci a s obre doi s pi la res dís pa res : no pri mei ro cas o,
em Da v i d Mourã o, t emos o a mor cons t ruí do s obre a funçã o
es t rut ura l do poder , enqua nt o no s egundo, na obra camonia na ,
no amor que s e pa rece com o que Sponv il l e ( 1 9 9 5) nos fa l a
qua nt o a o Eros , um amor na fa l ta , um des ej o.
O a mo r e o p o d e r s ã o a s d u a s p r i n c i p a i s f u n çõ e s e s t r u t u r an t e s n a c r i a t i v i d ad e e o r g an i z a ç ão d o A r q u é ti p o
C en t r a l , p o r q u e e l a s f a z em p a r t e d a e s s ê n c i a d o p r o c e s s o d e u n i ã o - s ep a r a ç ão d o s s í mb o l o s p a r a f o r m ar a
C o n s c i ên c i a . O a m o r p r o p i c i a a u n i ã o e o p o d e r p r o mo v e a se p a r a ç ão , f o r m a n d o a s s i m a p o l a r i d a d e b á s i c a d o d e s e n v o l v i m en to d o S e r . [ . . . ] o p o d e r p r o p i c i a o
f e c h am en t o d o S e r n a e n t r e g a p a r a o O u t r o d e v i d o à
s u a a u to - a f i r m a ç ão e à i mp o s i ç ã o d o se u p r ó p r i o d e s e j o s o b r e o d e se j o d o Ou t r o , p a r a a s s e g u r a r s u a
i n d ep en d ên c i a .
O que foi des cri t o a ci ma é s imi l a r a o comport a ment o que
encont ramos no eu- l í ri co do pri mei ro poema. Nã o há ent rega ,
há um fecha ment o egoí s ta , a ut opres erva t iv o, que culmi na na s
prefer ênci a s do s uj ei t o t ra t ado. Sã o as rel a ções com o Thanatos freudia no s ob uma pers pect i va erót i ca , a rel ei t ura do Eros
e L ogos de Pl a tã o e a ra t i fi ca çã o da defes a de J ung sobre a
i mposs i bi l i da de e co - ha bi t a çã o ent re a mor e poder num mes mo
moment o dos proces s os s ubj et i vos .
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NOTAS
[1]
B o l s i s t a d e I n i c i a ç ã o C i en t í f i c a
[2]
B í b l i a S a g r a d a . E d . P a s t o r a l - C a t e q u é t i c a . S ã o P a u lo : A v e - M a r i a , s / d . p .
50.
[3]
F E R R E I R A , A u r é l i o B u a r q u e D e H o l a n d a . D i c i o n á r i o Au r é l i o . 3 . e d . ,
2004.
[4]
“ S u p õ e - s e q u e e s s a i n s e g u r an ç a t e r i a p o r b a s e o p r o c e s s o d e i d e a l i z a ç ã o . O a m o r o so c r i a r i a u m a i m ag em d o a m a d o , n e m s e mp r e f u n d a m en t a d a n o r e a l . S e c o m eç a a n ã o e x i s t i r u m a c o r r e s p o n d ê n c i a d e s s a
i d e a l i z a ç ão , a d e s co n f i a ç a s e i n s t a l a . N a s c e o c i ú m e . ” ( C A V AL C A N T E ,
1994 , p. 24)
[5]
“ O n d e e s t i v e s t e? O n d e? Co m q u em? ”
[6]
F E R R E I R A , A u r é l i o B u a r q u e D e H o l a n d a . D i c i o n á r i o Au r é l i o . 3 . e d . ,
2004.
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