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USINA DE SABERES EM COMUNICAÇÃO
Desenho/Comunicação Visual
SILVA, Rafael Souza. Diagramação: o planejamento visual gráfico na
comunicação impressa. São Paulo: Summus, 1985.
1. Temática
O livro aborda questões de planejamento visual gráfico, percepção visual, fenômenos
estéticos na comunicação visual, artes gráficas. Trata também de como começou a imprensa,
problemas de legibilidade na comunicação impressa, discurso gráfico, diagramação em
jornalismo impresso, zonas de visualização da página, padronização gráfica e técnicas de
produção e planejamento gráfico (tipografia e sistemas de composição, processos de impressão,
medidas tipográficas, cálculo de textos, titulação, fotos e ilustrações).
2. Estilo do autor
A obra é conseqüência da Dissertação de Mestrado “Diagramação: recurso funcional e
estético no jornal moderno”, defendida pelo autor na Universidade de São Paulo. Por ser um
trabalho acadêmico, tem linguagem clara e simples, o que facilita a leitura. Pode ser utilizado até
mesmo para introduzir alguém à área de diagramação, tal sua simplicidade e didatismo.
Silva reproduz a diagramação de capa dos principais jornais e revistas e explica o tipo de
cada uma, o que facilita o entendimento prático. Várias ilustrações de “bonecos” de páginas,
também, exemplificam o que o autor quer dizer.
Alguns aspectos são abordados superficialmente, como a questão da percepção visual,
embora este não seja o foco da obra. O autor faz uma boa recapitulação histórica da
diagramação, sem, porém, contextualizar como o processo, modificado pelo uso do computador,
dá-se atualmente.
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3. Contextualização
O livro apresenta dados bem técnicos sobre diagramação. Mostra, por exemplo, como
ocorrem os problemas de legibilidade e como o diagramador deve utilizar o preto e o branco.
Traz, ainda, todos os elementos da diagramação, como títulos, texto, fotos, espaços em branco,
fios tipográficos e vinhetas.
O autor trata também das zonas de visualização da página impressa (principal, secundária,
morta, centro ótico e geométrico) e do que é preciso definir para padronizar uma peça gráfica e o
estilo de planejamento gráfico (simétrico ou assimétrico). Silva explica também sobre tipografia,
ordenação do arranjo gráfico (justificada, não-justificada, alinhada à esquerda ou à direita,
centralizada) e os tipos de composição ao longo da história (manual, mecânico e eletrônico).
Ensina como calcular as medidas tipográficas, a melhor colocação de títulos, a ampliação de
fotos ou ilustrações e o tamanho dos textos, além de como proceder na inserção de anúncios
publicitários.
Ao final do livro, há um glossário bem completo e interessante, que traz explicações sobre os
termos técnicos e jargões gráficos mais usados no meio jornalístico.
4. Referencial teórico
No campo da comunicação, de modo geral, o autor faz referências à obra “Os meios de
comunicação como extensões do homem”, de Marshall McLuhan, que também aborda as
questões da diagramação, quando diz que a página do jornal teria quebrado a linearidade do
livro.
As explicações sobre percepção visual baseiam-se na Psicologia da Gestalt e nas idéias de
Modesto Farina, pesquisador da área.
Para tratar de arte na comunicação, o autor utiliza as teorias de Celso Kelly, expostas no livro
“Arte e Comunicação”. Nesta obra, Kelly identifica três funções para a arte: a criativa, que seria
o impulso da exteriorização do artista; a lúdica, um processo de recriação; e a comunicativa,
decorrente da condição de que a arte também é linguagem.
Silva remete-se, ainda, a três outros autores: José Coelho Sobrinho, Allen Hurlburt e João
Rodolfo Prado.
A bibliografia utilizada pelo autor é bem extensa e passa não apenas por teorias a respeito da
diagramação, mas também da comunicação no jornalismo impresso, indústria cultural, história
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da imprensa, estética, editoração, conceitos de notícia e idéias sobre a profissão, além de teorias
da publicidade sobre design.
5. Conclusões
5.1 - Do autor
Rafael Souza Silva conclui que os avanços tecnológicos, ocorridos a partir da Primeira
Guerra Mundial e intensificados pela Segunda, modificaram muitas coisas na comunicação
impressa. Esta foi obrigada a adaptar-se à nova realidade sócio-industrial, encontrando, no
discurso gráfico, a resposta para as suas preocupações, através de um planejamento racional de
produção gráfica e a consciência de que hoje tudo tem significação, mesmo num discurso
gráfico. É possível, por exemplo, compreender um jornal sem lê-lo. Logo, para o autor, estamos
condicionados a duas leituras: textual e gráfica.
O diagramador precisa estar familiarizado a uma série de fatores psicossociais, que envolvem
a moderna sociedade de consumo, devido à carga de imagens visuais que nos rodeiam. O autor
afirma que, com o planejamento gráfico, a comunicação impressa tomou novos rumos diante da
concorrência agressiva dos veículos de comunicação de massa eletrônicos. A diagramação,
portanto, é um instrumento poderoso, que dita normas e padrões de um modelo gráfico a ser
seguido e impõe, de forma personalizada, a apresentação visual de uma publicação, em sintonia
com seu público.
5.2 - Próprias
O livro tem duas linhas, pois, além de apresentar as técnicas fundamentais para quem
pretende fazer diagramação, também reflete sobre esta prática, em um contexto comunicacional.
À primeira vista, o autor parece exagerar, quando fala da importância da diagramação.
Quem, porém, a conhece e a vivencia no dia-a-dia da profissão sabe que o jornal só estará na
banca no dia seguinte, se houver um processo de finalização. O leitor, talvez, só irá comprá-lo
para ver uma foto que está aliada ao texto, imagem que ele não pôde ver, quando a notícia foi
veiculada no rádio, ou apresentada superficialmente na televisão. No jornal, a situação é outra: lá
estão textos, fotos, box explicativos, infográficos, entre outros elementos visuais e textuais, que
enriquecem a matéria.
O livro é muito útil, pois tem várias explicações sobre como diagramar e que influência isto
traz para uma publicação e para a comunicação social como um todo.
Elaborado por Fernanda Souza da Silva.
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