ALTERNATIVAS PARA MELHORAR O DESEMPENHO
REPRODUTIVO DE VACAS LEITEIRAS REPETIDORAS DE CIO
RODRIGUES, Moraima Castro1; LEÃO, Karen Martins1; SILVA, Rossane Pereira1;
MARQUES, Thaisa Campos1; SILVA, Natália do Carmo1.
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Câmpus Rio Verde - GO.
[email protected].
RESUMO: O objetivo do presente estudo foi avaliar alternativas que possam melhorar o desempenho
reprodutivo de vacas leiteiras repetidoras de cio. Foram utilizadas 151 vacas lactantes repetidoras de
cio com mais de três inseminações, sendo os grupos: GRUPO I: IATF – Grupo controle. GRUPO II:
2 inseminações artificiais. GRUPO III: IATF + incremento de progesterona. O diagnóstico de
gestação foi realizado aos 30 dias após a IATF através de exame de ultrassonografia. Os resultados
obtidos no presente estudo, demonstram que no Grupo I foi encontrada uma taxa de concepção de
36,67%, no Grupo II foi encontrada uma taxa de concepção de 50,0%, e no Grupo III foi encontrada
uma taxa de concepção de 49,06%, não apresentando diferenças significativas entre os grupos.
Concluiu-se que a utilização de duas inseminações artificiais e a utilização de implante de
progesterona após a IATF não influenciou na taxa de concepção de vacas lactantes repetidoras de cio.
Palavras-chave adicionais: taxa de concepção, eficiência reprodutiva, lactação
INTRODUÇÃO
Para se obter
elevados índices
reprodutivos na pecuária leiteira, o ideal é que
sejam utilizadas técnicas avançadas, que reduzam
mão-de-obra, custos e aumentem a eficiência
reprodutiva dos rebanhos, um dos fatores que
mais influenciam o sucesso econômico do
empreendimento.
Devido a problemas cada vez mais
frequentes de detecção de cio e queda nas taxas
de concepção (TC) em vacas leiteiras, o intervalo
entre partos (IEP) tem sido cada vez mais
prolongado. Tem-se notado ao longo dos anos que
vacas, especialmente as de elevada produção
leiteira, têm apresentado um aumento gradativo
em problemas reprodutivos, aparentemente
devido a causas multifatoriais (LUCY, 2001).
A fêmea repetidora de estro é definida por
não se tornar gestante após três ou mais serviços
associados a estro verdadeiro, na ausência de
anormalidades detectáveis (ZEMJANIS, 1980).
De acordo com KUNZ et al. (2002) em
grandes rebanhos, fatores intrínsecos do animal
como metrites, endometrites, cervicites e
vaginites contribuem para 30% das causas de
repetição de estro, o meso autor afirma que em
sistemas intensivos de produção, onde existe um
bom monitoramento da detecção do estro,
qualidade do sêmen e a técnica de inseminação
artificial é bem conduzida, a falha na concepção
se deve principalmente aos fatores intrínsecos dos
animais, incluindo infecções uterinas.
Nas vacas repetidoras de cio a falha de
fertilização e a mortalidade embrionária ocorrem
em maior proporção do que em vacas normais
(HAFEZ & HAFEZ, 2004).
Diante disso, objetivou-se com o presente
estudo avaliar alternativas que possam melhorar o
desempenho reprodutivo de vacas leiteiras
repetidoras de cio como: duas inseminações
artificiais e incremento de progesterona após a
inseminação artificial.
MATERIAL E MÉTODOS
O projeto foi realizado em uma granja
leiteira na região do Sudoeste Goiano, com
produção média anual de 21,4 kg de leite por dia
por vaca.
Na propriedade, as lactantes permaneceram
alojadas em confinamento arborizado e
abastecido por bebedouros de água em concreto.
Essas fêmeas foram separadas nos confinamentos
de acordo com a produção média de leite, estádio
da lactação, categoria e peso corporal. Receberam
1
I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano.
06 e 07 de novembro de 2012.
dieta total contendo silagem de milho de
qualidade e ração concentrada balanceada
distribuída através de um vagão total mix quatro
vezes ao dia.
O experimento foi executado com 151
vacas lactantes repetidoras de cio com mais de
três inseminações, sendo os grupos:
 GRUPO I – Grupo controle (GC, n = 50):
Vacas inseminadas por inseminação artificial em
tempo fixo (IATF).
 GRUPO II – Grupo duas inseminações
artificiais (G2IA, n = 53): Vacas que receberam
uma segunda dose de sêmen oito horas após a
IATF.
 GRUPO III – Grupo progesterona (GP4, n
= 48): Vacas que receberam implante de um
dispositivo intravaginal de progesterona de
primeiro uso três dias após a IATF, sendo retirado
sete dias após a IATF.
As vacas dos grupos GC, GP e G2IA
foram inseminadas de acordo com o protocolo de
inseminação artificial em tempo fixo (IATF)
utilizado por PEREIRA et al. (2011): Dia (D0) –
implante intravaginal de progesterona e 2 mg de
benzoato de estradiol, Dia (D7) – aplicação de
0,15 mg de cloprostenol sódico; Dia (D8) –
retirada do implante de progesterona e aplicação
de 300 UI de gonadotrofina coriônica equina e 1
mg de cipionato de estradiol; Dia (D10) –
aplicação de 0,004 mg de acetato de buserelina e
inseminação artificial após 48 horas da retirada
do implante (Figura 1).
FIGURA 1 – Protocolo de IATF (Pereira et al.,
2011).
O diagnóstico de gestação foi realizado
aos 30 e 60 dias após a IATF através de exame de
ultrassonografia.
O experimento foi conduzido em
delineamento inteiramente casualizado. A
freqüência de vacas gestantes ou não, foi
submetida ao estudo de dispersão de freqüência
pelo teste do Qui Quadrado (x2), obtidos por meio
do procedimento FREQ pelo programa SAEG,
(9.5) de 2007.
RESULTADO E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos no
presente estudo, observou-se uma taxa de
concepção de 36,67% no grupo controle, no
grupo em que vacas receberam duas inseminações
artificiais foi encontrada uma taxa de concepção
de 50,0%, e no grupo em que as vacas receberam
incremento de progesterona foi encontrada uma
taxa de concepção de 49,06%, não apresentando
diferenças significativas entre os grupos (Tabela
1).
Tabela 1: Taxa de concepção de vacas lactantes
repetidoras de cio submetidas a diferentes
tratamentos.
GRUPOS
TAXA DE CONCEPÇÃO (%)
Grupo controle
36,67 a
Grupo 2IA
50,00 a
Grupo P4
49,06 a
*Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si, a 5% de
probabilidade.
Embora não tenha sido observado
diferença estatística entre os grupos, podemos
observar que o grupo que recebeu duas
inseminações artificiais terá uma redução de
intervalo entre partos em 13,33% das vacas
quando comparadas com o grupo controle, bem
como o grupo que recebeu incremento de
progesterona terá uma redução do intervalo entre
partos em 12,39% das vacas quando comparado
com o grupo controle. Resultado que torna
vantajosa a prática da segunda dose de IA bem
como o incremento de P4 objetivando elevar os
indicies reprodutivos na bovinocultura leiteira
com redução do intervalo entre partos.
Em
um
estudo
realizado
por
VILLARROEL et al. (2004) no qual os
pesquisadores induziram com progesterona
exógena por 14 dias após a IATF, os autores
observaram que a indução de progesterona não
teve efeito significativo na taxa de concepção de
vacas lactantes repetidoras de cio, estes resultados
corroboram com os encontrados no presente
trabalho.
Não pode-se dizer ao certo as causas de as
vacas tornarem repetidoras de cio, segundo
WASHBURN et al. (2002), há correlação
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I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano.
06 e 07 de novembro de 2012.
negativa entre o aumento da produção de leite
e a eficiência reprodutiva em vacas leiteiras,
outro fator de extrema importância que pode
influenciar na taxa de concepção em vacas é a
incidência de mastite clínica (SILVA, 2003).
Vacas com endometrite apresentam
menor taxa de concepção ao primeiro serviço
e maior intervalo parto-concepção do que
vacas normais, podendo estas serem possíveis
causas de torná-las repetidoras de cio
(LEBLANC et al., 2002).
Segundo ROURA et al. (2000), a
fertilidade em vacas pode ser influenciada pelo
desbalanceamento metabólico, as vacas de alta
produção geralmente se mantém em balanço
energético negativo durante os 70 a 80 dias pós
parto o que afeta a secreção de LH pulsátil
(CANFIELD
&
BUTLER,
1990),
o
desenvolvimento folicular (DOMINGUEZ, 1995),
a função do corpo lúteo e possivelmente as
características do ovócito (VILLA-GODOY et al.,
1988).
CONCLUSÃO
A utilização de duas inseminações
artificiais e a utilização de implante de
progesterona após a IATF não influenciou na taxa
de concepção de vacas lactantes repetidoras de
cio.
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