PROCESSO SELETIVO 2015
LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA E REDAÇÃO
Este caderno contém as provas de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. A redação
deverá ser transcrita em folha própria e entregue junto com o cartão de resposta diretamente
aos fiscais. As questões de Língua Portuguesa e Literatura estão numeradas de 1 a 50 e
deverão ser respondidas no cartão de resposta oficial.
Ao receber o cartão de respostas oficial:
a) confira seu nome e número de inscrição.
b) assine-o, utilizando-se de caneta esferográfica, no espaço indicado.
Ao transferir as respostas para o cartão de respostas oficial, observe:
a) o uso de caneta esferográfica (preta ou azul), preenchendo toda a área do quadrado.
b) a escolha de apenas uma alternativa em cada questão. Duas ou mais alternativas assinaladas
anulam a questão.
c) a integridade do cartão, não amassando-o, rasurando-o ou dobrando-o.
ESTA PROVA TEM DURAÇÃO DE 4 HORAS
O candidato somente poderá ausentar-se do local da prova decorrida uma hora e trinta
minutos após seu início.
1
2
Língua Portuguesa e Literatura
INSTRUÇÃO: Leia o seguinte texto para responder às questões de 1 a 6.
Apenas 54,3% dos jovens concluem o ensino médio até os 19 anos, diz estudo
Yara Aquino
Da Agência Brasil, em Brasília
08/12/2014
Levantamento divulgado nesta segunda-feira (8) pelo movimento Todos pela Educação mostra que,
em 2013, apenas 54,3% dos jovens brasileiros conseguiram concluir o ensino médio até os 19 anos.
O indicador foi calculado com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
(Pnad) 2013. A idade considerada ideal para terminar o ensino médio é 17 anos.
Uma das metas propostas pelo Todos pela Educação para que se garanta educação de qualidade é que
até 2022 pelo menos 90% dos jovens concluam o ensino médio até os 19 anos.
O índice, no entanto, vem apresentando melhora ao longo dos anos. Em 2007, 46,6% dos jovens
concluíram o ensino médio até os 19 anos. Em 2009, foram 51,6% e, em 2012, 53%.
A coordenadora-geral do movimento, Alejandra Meraz Velasco, diz que os dados mostram que as
melhorias feitas no ensino fundamental não se traduziram em melhoria automática no ensino médio. Ela
defende a reformulação do ensino médio, de forma a tornar essa etapa mais atrativa aos jovens.
"Temos a necessidade de reformular o ensino médio, ter um ensino médio que converse mais com os
jovens. Temos hoje, na maioria dos Estados, um número exagerado de disciplinas", diz.
No ensino fundamental, a conclusão até os 16 anos foi alcançada por 71,7% dos jovens. A meta
definida pelo Todos pela Educação é que até 2022 pelo menos 95% dos jovens completem o ensino
fundamental até essa idade.
O levantamento mostra ainda que ao se levar em conta a raça, a parcela de jovens negros que
concluem os ensinos fundamental e médio mais tarde é maior que a dos jovens brancos.
Os declarados brancos que concluíram o ensino fundamental aos 16 anos são 81% e os que
concluíram o ensino médio aos 19 anos são 65,2%. Em relação aos negros, esses percentuais são 60% e
45%, respectivamente.
"O indicador tem grande impacto e mostra que ainda há grande disparidade. Vemos um abismo entre
raças, entre o meio urbano e o rural e de faixa de renda. Vemos a brecha do acesso se fechando", diz
Alejandra Velasco.
A distorção entre a idade e a série vem diminuindo gradualmente desde 2007. Apesar da redução
contínua, no ano passado 33,1% dos alunos do ensino médio estavam com atraso escolar já no 1° ano,
segundo o levantamento.
A diferença de dois anos entre a idade do aluno e idade prevista para a série em que ele deveria estar
matriculado é o parâmetro utilizado no cálculo da distorção idade-série.
"Essa distorção é provocada, em boa medida, pela reprovação. E esse histórico de fracasso escolar
vai, no longo prazo, contribuir para o abandono escolar", afirma Alejandra Velasco.
Uma alternativa para o problema, segundo ela, é o reforço escolar ao longo do ano letivo para que o
estudante chegue ao final da série com o conhecimento adequado e não seja reprovado.
(Disponível em: http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/12/08/apenas-543-dos-jovens-concluiram-ensinomedio-ate-os-19-anos-em-2013.htm. Acesso em 08.12.2014.)
1 – Marque a alternativa correta. De acordo com o texto,
a) cada vez mais os jovens têm concluído o ensino médio após os 19 anos de idade.
b) cada vez menos os jovens têm concluído o ensino médio após os 19 anos de idade.
c) mais da metade dos jovens concluiu o ensino médio após os 19 anos em 2012.
d) fatores sociais, étnicos e econômicos têm pouco impacto sobre a conclusão do ensino médio antes dos 19
anos.
e) mais da metade dos jovens ingressaram com atraso escolar no ensino médio em 2013.
3
2 – Entre os fatores e indicadores ligados ao atraso escolar no ensino médio, o texto NÃO menciona
a) a duração do ano letivo.
b) a reprovação.
c) a etnia.
d) a condição socioeconômica.
e) as diferenças entre campo e cidade.
3 – Com relação ao texto, considere as seguintes proposições:
I. Uma meta proposta pelo movimento Todos pela Educação é a de ampliar para 90%, até 2022, a
proporção de jovens que concluam o ensino médio sem atraso escolar.
II. A distorção entre idade e série vem sendo ampliada entre os alunos declarados negros desde 2007.
III. O reforço escolar é uma estratégia a ser considerada para a redução da distorção entre idade e série.
IV. As melhorias recentemente introduzidas no ensino fundamental tiveram repercussão positiva no ensino
médio.
Encontram-se conforme o texto as proposições:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
4 – Releia o seguinte trecho:
―Uma das metas propostas pelo Todos pela Educação para que se garanta educação de qualidade é
que até 2022 pelo menos 90% dos jovens concluam o ensino médio até os 19 anos.‖
O conectivo em destaque estabelece na sentença uma relação semântica de
a) causa.
b) consequência.
c) finalidade.
d) proporcionalidade.
e) condição.
5 – Releia o seguinte trecho:
―A diferença de dois anos entre a idade do aluno e idade prevista para a série em que ele deveria
estar matriculado é o parâmetro utilizado no cálculo da distorção idade-série.‖
A expressão em destaque poderia ser corretamente substituída por
a) onde.
b) no qual.
c) na qual.
d) a qual.
e) da qual.
6 – Releia o seguinte trecho:
―A coordenadora-geral do movimento, Alejandra Meraz Velasco, diz que os dados mostram que as
melhorias feitas no ensino fundamental não se traduziram em melhoria automática no ensino médio‖.
A expressão em destaque encontra-se entre vírgulas porque é
a) um aposto.
b) um vocativo.
c) um adjunto adverbial intercalado na sentença.
d) uma oração subordinada adverbial intercalada na sentença.
e) uma oração subordinada adjetiva explicativa intercalada na sentença.
4
7 –Leia a seguinte tirinha:
Bill Watterson. Calvin e Haroldo. Disponível em: http://tiras-do-calvin.tumblr.com. Acesso em: 10.11.2014.
A respeito da tirinha acima, considere as seguintes proposições:
I. A paródia feita pelo garoto Calvin da linguagem utilizada no marketing político constitui um dos
elementos do humor da tirinha.
II. Ao dizer ―Minha cotação?‖, o pai de Calvin sugere que já entendeu perfeitamente a brincadeira do filho.
III. O pai de Calvin entra no jogo de linguagem do filho e refere-se ao menino quando usa a expressão
―grupos de interesses especiais‖.
IV. Os interesses dos ―entrevistados‖, referidos no quarto quadrinho, referem-se aos desejos do próprio
Calvin.
Encontram-se conforme o texto as proposições:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
INSTRUÇÃO: Leia o seguinte texto para responder às questões de 8 a 14.
RESOLUÇÃO N. 5/2013
REGULAMENTO PARA AS ATIVIDADES COMPLEMENTARES
DA FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS
Estabelece o novo regulamento das Atividades Complementares da
Faculdade de Direito do Sul de Minas – FDSM.
Em atendimento à Resolução n. 09/2004 da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de
Educação, em conjunto ao disposto nas diretrizes ministeriais, especialmente as que se destinam à
Regulamentação dos Cursos Presenciais de Graduação em Direito, a Direção da Faculdade de Direito do Sul
de Minas – FDSM, no uso de suas atribuições regimentais,
REGULAMENTA, por este ato, o procedimento referente às Atividades Complementares no âmbito do
Curso de Graduação em Direito, nos termos a seguir definidos.
5
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1°. As Atividades Complementares são componentes curriculares, inseridas no âmbito do Eixo de
Formação Prática do Curso de Direito, que possibilitam o reconhecimento, por avaliação, de habilidades,
conhecimentos e competências do acadêmico, inclusive as adquiridas fora do ambiente escolar, incluindo a
prática de estudos e atividades independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade,
especialmente nas relaçõescom o mundo do trabalho e com as ações de extensão junto à comunidade.
Art. 2°. A realização das Atividades Complementares não se confunde com as atividades referentes ao
Estágio Supervisionado, nem com as que dizem respeito ao Trabalho de Conclusão de Curso.
Art. 3°. A realização das Atividades Complementares deve se pautar, preferencialmente, pelos critérios da
diversidade das atividades, da aquisição do conhecimento de modo progressivo e das formas de
aproveitamento dessas atividades.
§ 1º. Pelo critério da diversidade das atividades, deve ser valorada, numa análise global e sistêmica, a
variação dos componentes que versam as atividades realizadas pelo acadêmico, tomando-se por base aquelas
que se encontram discriminadas na tabela destinada a essa regulamentação.
§ 2º. Pelo critério da aquisição do conhecimento de modo progressivo, deve ser valorada, numa
análise global e sistêmica, a realização das atividades de modo contínuo, progressivo, no sentido de ter-se
uma carga horária mínima e/ou máxima estabelecida para ser cumprida por período (semestre letivo) de
integralização do curso de graduação.
§ 3º. Pelo critério das formas de aproveitamento das atividades, devem ser estabelecidos, numa
análise global e sistêmica, os critérios aplicáveis ao acompanhamento das atividades, cômputo da carga
horária aproveitável e, ainda, da natureza e pertinência de tais atividades, tendo em vista as diretrizes
estabelecidas no presente Regulamento.
Art. 4°. As Atividades Complementares devem propiciar ao acadêmico a possibilidade de aprofundamento
temático, enriquecimento cultural, multidisciplinar e, ainda, a integraçãoentre cursos de diferentes campos
do conhecimento, além de incentivar o acadêmico a participar de projetos de extensão.
[...]
CAPÍTULO III
DOS DEVERES DO ACADÊMICO
Art. 8°. São deveres do acadêmico, com relação às Atividades Complementares:
I – cumprir, em sua integralidade, a carga horária total destinada às Atividades Complementares, as
quais estão previstas e totalizadas no Projeto Pedagógico de Curso,com observância às tabelas dispostas no
Núcleo de Atividades Complementares;
II – zelar, em todos os termos, pelo fiel cumprimento do presente Regulamento, bemcomo fazer
cumprir as demais previsões decorrentes deste, principalmente às tabelas, grupos e atividades anexas a este
instrumento regulatório;
III – entregar na Secretaria do Núcleo de Atividades Complementares o comprovanteda atividade
realizada, devidamente preenchido, no prazo máximo de 08 (oito) diascorridos, a partir do primeiro dia útil
após a data da emissão do comprovante de realizaçãoda referida atividade;
IV – responsabilizar-se pela autenticidade, veracidade e pelo conteúdo do documentoprotocolizado
na Secretaria do Núcleo de Atividades Complementares, assumindo osencargos e sanções administrativas
oriundas do descumprimento da presente exigência;
V – cumprir a carga horária prevista para as atividades complementares, por períodoletivo, em seu
máximo, observando os princípios aludidos no presente Regulamento; e
VI – informar-se acerca de todos os termos do presente Regulamento, para o seu fielcumprimento.
[...]
Disponível em: http://www.fdsm.edu.br/site/graduacao/atividadescomplementares/02.pdf. Acesso em
08.12.2014.
6
8 – De acordo com o regulamento acima, as atividades complementares são
a) um componente obrigatório do currículo do curso de graduação em Direito, que valoriza as atividades
educativas desenvolvidas pelo aluno fora do ambiente da Faculdade.
b) um componente opcional do currículo do curso de Direito, que envolve a participação em atividades de
extensão acadêmica.
c) um conjunto de atividades pedagógicas que podem ser substituídas pelo estágio supervisionado ou pelo
trabalho de conclusão de curso.
d) um conjunto de atividades acadêmicas obrigatórias que o Ministério da Educação determinou apenas para
a Faculdade de Direito do Sul de Minas.
e) um conjunto de atividades acadêmicas de realização facultativa, voltadas para a formação prática do
estudante de Direito.
9 – No início do artigo 8.° do regulamento, onde se diz que―São deveres do acadêmico, com relação às
Atividades Complementares‖, a palavra acadêmico pode ser, sem prejuízo de seu significado no contexto
em que se encontra, substituída por
a) estudante de ensino superior.
b) professor de ensino superior.
c) funcionário da secretaria da Faculdade de Direito do Sul de Minas.
d) diretor da Faculdade de Direito do Sul de Minas.
e) regulamento acadêmico das atividades complementares.
10 – Quanto ao registro de linguagem utilizado, o texto encontra-se
a) em português coloquial, para facilitar o entendimento dos alunos.
b) em português coloquial, para evitar ambiguidades de compreensão.
c) em português padrão, por se tratar de um documento destinado a um leitor universal.
d) em português padrão, como exige a Resolução n. 09/2004 da Câmara de Educação Superior do Conselho
Nacional de Educação.
e) em português padrão, para tornar a compreensão do texto restrita a profissionais do Direito.
11 – Com relação ao regulamento em questão, considere as seguintes proposições:
I.
As atividades complementares devem ser variadas para aprofundar o enriquecimento cultural e
incentivar a participação do estudante em projetos de extensão.
II. As orientações para o cumprimento das diferentes formas de realizar as atividades complementares
encontram-se indicadas em uma tabela específica.
III. O estudante pode responder administrativamente junto à Faculdade caso falsifique os comprovantes de
realização de suas atividades complementares.
IV. Após realizada uma atividade complementar, o estudante pode entregá-la em qualquer dia do mês à
Secretaria do Núcleo de Atividades Complementares.
Encontram-se corretas as proposições:
a) I e II, apenas.
b) I, II e III, apenas.
c) I, III e IV, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
7
12 – Releia o seguinte excerto do texto em questão:
―I – cumprir, em sua integralidade, a carga horária total destinada às AtividadesComplementares, as
quais estão previstas e totalizadas no Projeto Pedagógico de Curso,com observância às tabelas dispostas no
Núcleo de Atividades Complementares;‖
A expressão em destaque encontra-se entre vírgulas porque é
a) um aposto.
b) um vocativo.
c) um adjunto adverbial intercalado na sentença.
d) uma oração subordinada adverbial intercalada na sentença.
e) uma oração subordinada adjetiva explicativa intercalada na sentença.
13 – Considere a seguinte sentença:
___ atividades complementares ___ cumprir devem ser comprovadas mediante documentação ___
ser entregue ___ respectiva Secretaria.
Respectivamente, as lacunas ficam preenchidas de modo correto com a seguinte sequência:
a) As – à – à – a
b) Às – à – à – à
c) As – à – à – à
d) As – a – a – à
e) As – a – a – a
14 – Considere a seguinte sentença:
______ tanto atividades que ______ o enriquecimento cultural do estudante quanto outras que o
______ a ______ em projetos de extensão.
Respectivamente, as lacunas ficam preenchidas de modo correto com a seguinte sequência:
a) Devem haver – contemplem – incentivem – engajar-se
b) Devem haver – contemplem – incentivem – engajarem
c) Devem haver – contemplem – incentivem – engajar
d) Deve haver – contemple – incentive – engajar
e) Deve haver – contemplem – incentivem – engajar-se
15 – Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus
ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, ―seus olhos se
abriram‖. Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em Operário em construção: ―De forma que, certo dia, à
mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo
naquela mesa - garrafa, prato, facão era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em
construção‖ (Rubem Alves).
Sobre o parágrafo, só não é correto afirmar:
a) O pronome após o verbo em reconheceram-no é pronome pessoal do caso oblíquo – o - e assume a forma
no porque o verbo termina em nasal.
b) O autor do texto estabelece uma intertextualidade entre uma passagem do Novo Testamento e uma letra
de música de Vinícius de Moraes.
c) Tanto o Novo Testamento como a letra da música de Vinícius de Morais nos mostram as pessoas
tomando consciência de fatos e de seu estar no mundo.
d) O autor do texto estabelece uma analogia entre uma passagem do Novo Testamento e uma letra de música
de Vinícius de Moraes.
e) Nas expressões ―Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada...‖ e ―garrafa, prato, facão
era ele quem fazia‖ existem dois pronomes realtivos.
8
INSTRUÇÃO: Asquestões de 16 a 20 tomam por base uma passagem do romance Memórias póstumas de
Brás Cubas(1881), de Machado de Assis.
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poderia em
primeiro lugar o meu nascimento ou minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas
considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor
defunto, mas um defunto autor, para que a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim
mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: a
diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às 2 horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela
chácara de Catumbi. Tinha uns 64 anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de 300 contos e fui
acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios.
Acresce que chovia — peneirava — uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que
levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de
minha cova: — "Vós que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar
sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a
dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso
ilustre finado".
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que cheguei
à cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de Hamlet, sem as
ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego, como quem se retira tarde do espetáculo.
Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três senhoras, minha irmã Sabina,
casada com Cotrim, a filha — um lírio do vale — e... Tenham paciência! daqui a pouco lhes direi quem era
a terceira senhora. Contentem-se de saber que essa anônima, ainda que não parenta, padeceu mais do que as
parentas. É verdade, padeceu mais. Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão,
convulsa. Nem o meu óbito era coisa altamente dramática... Um solteirão que expira aos 64 anos não parece
que reúna em si todos os elementos de uma tragédia. E dado que sim, o que menos convinha a essa anônima
era apresentá-lo. De pé, à cabeceira da cama, com os olhos estúpidos, a boca entreaberta, a triste senhora
mal podia crer na minha extinção.
— "Morto! morto!", dizia consigo.
E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o voo desde o Ilisso às
ribas africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos — a imaginação dessa senhora também voou sobre os
destroços pressentes até às ribas de uma África juvenil... Deixá-la ir; iremos mais tarde; lá iremos quando eu
me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrer tranquilamente, metodicamente, ouvindo os soluços
das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão da chácara, e o som
estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta de um correeiro. Juro-lhes que essa
orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer. De certo ponto em diante chegou a ser
deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, com uns ímpetos de vaga marinha, esvaía-se-me a consciência,
eu descia à imobilidade física e moral, e o corpo fazia-se-me planta, e pedra, e lodo, e coisa nenhuma.
Morri de uma pneumonia; mas se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma ideia grandiosa
e útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou expor-lhe
sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo.
MACHADO DE ASSIS. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1999. p. 17-18.
16 –É INADEQUADO dizer, com base no excerto acima, que
a) Brás Cubas se serve da sutileza semântica entre as expressões ―autor defunto‖ e ―defunto autor‖ para
apresentar a originalidade de sua narrativa.
b) o narrador destila sua ironia quando afirma ser sua obra, quanto à construção do enredo, mais original
que a própria Bíblia.
c) o ―defunto autor‖ presta homenagem sincera ao amigo que recitou o seu discurso à beira de sua cova.
d) o narrador realista faz uma sátira ao sentimentalismo romântico ao transcrever as palavras proferidas em
seu sepultamento.
e) a morte, para Brás Cubas, não significou apenas o fim da vida, mas o nascimento do escritor.
9
17 – Dentre as características peculiares ao realismo machadiano, NÃO se pode identificar no trecho em
questão
a) o diálogo com o leitor.
b) a intertextualidade.
c) a metalinguagem.
d) a ironia.
e) a idealização da mulher.
18 – Releia o seguinte trecho:
―A vida estrebuchava-me no peito, com uns ímpetos de vaga marinha, esvaía-se-me a consciência, eu
descia à imobilidade física e moral, e o corpo fazia-se-me planta, e pedra, e lodo, e coisa nenhuma.‖
Podem ser identificados, no trecho em destaque, os seguintes recursos de estilo:
a) comparação e antonomásia.
b) sinestesia e hipérbato.
c) gradação e polissíndeto.
d) ironia e quiasmo.
e) eufemismo e zoomorfização.
19 – Releia o seguinte trecho:
―Morri de uma pneumonia; mas se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma ideia
grandiosa e útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou
expor-lhe sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo.‖
A ―ideia grandiosa e útil‖ a que o narrador se refere, no contexto do romance, diz respeito
a) ao Emplasto Brás Cubas.
b) ao projeto de ser ministro de Estado.
c) ao desejo de ter filhos.
d) à inspiração de escrever um romance.
e) à filosofia do Humanitismo.
20 – Releia o seguinte trecho:
―Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três senhoras, minha irmã Sabina, casada com
Cotrim, a filha — um lírio do vale — e... Tenham paciência! daqui a pouco lhes direi quem era a terceira
senhora. Contentem-se de saber que essa anônima, ainda que não parenta, padeceu mais do que as parentas.
É verdade, padeceu mais. [...] De pé, à cabeceira da cama, com os olhos estúpidos, a boca entreaberta, a
triste senhora mal podia crer na minha extinção.
— "Morto! morto!", dizia consigo‖.
A senhora anônima a que Brás Cubas se refere é
a) Marcela.
b) Eugênia.
c) Virgília.
d) Dona Plácida.
e) Nhã-loló.
10
INSTRUÇÃO: As questões de números 21 a 25 baseiam-se no seguinte excerto da novela Vidassecas, de
Graciliano Ramos.
Contas
Fabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça dos cabritos. Mas como não tinha
roçae apenas se limitava a semear na vazante uns punhados de feijão e milho, comia da feira, desfazia-se dos
animais,não chegava a ferrar um bezerro ou assinar a orelha de um cabrito.
Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do
chãonão se trepa. Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por
preçobaixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos
minguados,engasgava-se, engolia em seco. Transigindo com outro, não seria roubado tão descaradamente.
Mas receavaser expulso da fazenda. E rendia-se. Aceitava o cobre e ouvia conselhos. Era bom pensar no
futuro, criar juízo.Ficava de boca aberta, vermelho, o pescoço inchando. De repente estourava:
— Conversa. Dinheiro anda num cavalo e ninguém pode viver sem comer. Quem é do chão não se
trepa.
Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano. E quando não tinha mais nada
paravender, o sertanejo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davamlheuma ninharia.
Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transação
meioapalavrada e foi consultar a mulher. Sinha Vitória mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na
cozinha,concentrou-se, distribuiu no chão sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições. No dia
seguinteFabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de Sinha Vitória, como de
costume,diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era proveniente de
juros.
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto,
masa mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e
Fabiano perdeuos estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada!
Estava direitoaquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra
fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito
palavraà toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um
cabra.Ia lá puxar questão com gente rica? Bruto, sim senhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser
ignorância damulher, provavelmente devia ser ignorância da mulher. Até estranhara as contas dela. Enfim,
como não sabialer (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair
noutra.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 93-95.
21 –O excerto acima focaliza as relações de trabalho entre Fabiano e o dono da fazenda para quem trabalha.
Assinale a alternativa que NÃO traduz adequadamente a relação entre eles.
a) Fabiano não questiona a remuneração que recebe, pois a considera justa.
b) O patrão explorava Fabiano, levando vantagem na partilha do gado e encurralando o vaqueiro em
dívidas.
c) Fabiano aceita a remuneração porque não quer ser expulso da fazenda.
d) Fabiano não se considera em condições de argumentar com gente rica.
e) Fabiano, com a ajuda de sinha Vitória, reconhece estar sendo explorado pelo dono da fazenda.
11
22 –O discurso indireto livre é um recurso de estilo amplamente empregado por Graciliano Ramos em Vidas
secas para revelar a interioridade de suas personagens tão linguisticamente miseráveis. Considerado o
excerto acima, assinale a alternativa em que NÃO ocorre o discurso indireto livre.
a) ―Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do
chãonão se trepa.‖
b) ―No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de Sinha
Vitória, como de costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença
era proveniente de juros.‖
c) ―Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto,
masa mulher tinha miolo.‖
d) ―Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito
palavraà toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado.‖
e) ―Enfim, como não sabialer (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava
não cair noutra.‖
23 –Uma das ideias fulcrais de Vidas secas, obra inspirada no pensamento socialista, é apresentar as causas
sociológicas da miséria sertaneja, identificadas com a submissão do trabalhador a um sistema econômico e
político que só faz por explorá-lo. Essa submissão apenas NÃO fica sugerida nas seguintes palavras:
a) ―Tolice, quem é do chãonão se trepa.‖
b) ―Mas receavaser expulso da fazenda. E rendia-se.‖
c) ―Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão
beijada! Estava direito aquilo?‖
d) ―Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não.‖
e) ―Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra.Ia lá puxar questão com gente rica?‖
24 – A desumanização a que a seca submete Fabiano e sua família fica realçada pelo emprego recorrente da
zoomorfização ao longo do texto de Vidas secas. Assinale a alternativa em que ocorre esse recurso
estilístico:
a) ―Dinheiro anda num cavalo e ninguém pode viver sem comer.‖
b) ―Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano. E quando não tinha mais nada
paravender, o sertanejo endividava-se.‖
c) ―Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transação
meioapalavrada e foi consultar a mulher.‖
d) ―Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo?
Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!‖
e) ―Se havia dito palavra à toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha,
conhecia o seu lugar. Um cabra. Ia lá puxar questão com gente rica? Bruto, sim senhor, mas sabia
respeitar os homens.‖
25 – Releia o seguinte trecho, observando os destaques:
―Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito
palavraà toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um
cabra.Ia lá puxar questão com gente rica? Bruto, sim senhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser
ignorância damulher, provavelmente devia ser ignorância da mulher. Até estranhara as contas dela. Enfim,
como não sabialer (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair
noutra.‖
Os conectivos em destaque estabelecem, respectivamente, as seguintes relações semânticas:
a) condição – concessão – conformidade – oposição
b) condição – oposição – causa – adição
c) tempo – oposição – consequência – conclusão
d) causa – conclusão – comparação – adição
e) tempo – concessão – causa – conclusão
12
INSTRUÇÃO: Leia o seguinte poema de Carlos Drummond de Andrade para responder às questões 26 e
27.
Poema da necessidade
É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbedo,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar o FIM DO MUNDO.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Record, 2006.
26 – O poema em questão põe em evidência as necessidades artificiais que a frenética vida moderna impõe
às pessoas. A rotina e a repetição dessas atividades vazias fica sugerida nos versos acima particularmente
pela figura de linguagem chamada
a) hipérbole.
b) sinestesia.
c) anáfora.
d) símile.
e) antítese.
27 – Considerado o contexto temático mais amplo de Sentimento do mundo, Drummond estabelece um
contraste entre as vãs obrigações ditadas pela contemporaneidade e as necessidades mais reais e básicas do
gênero humano, essas últimas explicitadas nos seguintes versos:
a) ―é preciso odiar Melquíades / é preciso substituir nós todos‖.
b) ―é preciso comprar um rádio, / é preciso esquecer fulana‖.
c) ―é preciso colher as flores / de que rezam velhos autores‖.
d) ―É preciso estudar volapuque, / é preciso estar sempre bêbado‖.
e) ―É preciso viver com os homens, / é preciso não assassiná-los‖.
INSTRUÇÃO: Leia o seguinte poema de Carlos Drummond de Andrade para responder às questões de 28 a
30.
Dentaduras duplas
Inda não sou bem velho
para merecer-vos...
Há que contentar-me
13
com uma ponte móvel
e esparsas coroas.
(Coroas sem reino,
os reinos protéticos
de onde proviestes
quando produzirão
a tripla dentadura,
dentadura múltipla,
a serra mecânica,
sempre desejada,
jamais possuída,
que acabará
com o tédio da boca,
a boca que beija,
a boca romântica?...)
Resovin! Hecolite!
Nomes de países?
Fantasmas femininos?
Nunca: dentaduras,
engenhos modernos,
práticos, higiênicos,
a vida habitável:
a boca mordendo,
os delirantes lábios
apenas entreabertos
num sorriso técnico,
e a língua especiosa
através dos dentes
buscando outra língua,
afinal sossegada...
A serra mecânica
não tritura amor.
E todos os dentes
extraídos sem dor.
E a boca liberta
das funções poéticosofístico-dramáticas
de que rezam filmes
e velhos autores.
Dentaduras duplas:
dai-me enfim a calma
que Bilac não teve
para envelhecer.
Desfibrarei convosco
doces alimentos,
serei casto, sóbrio,
não vos aplicando
na deleitação convulsa
de uma carne triste
em que tantas vezes
me eu perdi.
14
Largas dentaduras,
vosso riso largo
me consolará
não sei quantas fomes
ferozes,secretas
no fundo de mim.
Não sei quantas fomes
jamais compensadas.
Dentaduras alvas,
antes amarelas
e por que não cromadas
e por que não de âmbar?
de âmbar! de âmbar!
feéricas dentaduras,
admiráveis presas,
mastigando lestas
e indiferentes
a carne da vida!
ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Record, 2006.
28 – Pode-se identificar como a inquietação motivadora básica do eu lírico neste poema
a) o drama do envelhecimento.
b) a frustração amorosa.
c) o apetite por doces.
d) o engajamento social.
e) o efeito estético negativo das dentaduras.
29 – ―Dentaduras alvas, / antes amarelas/ [...] mastigando lestas/ e indiferentes/ a carne da vida!‖
As dentaduras que mastigam indiferentes a carne da vida, no contexto do poema, funcionam como uma
metáfora
a) do tempo.
b) do amor.
c) da tristeza.
d) da miséria.
e) da dor.
30 – ―Largas dentaduras,/ vosso riso largo/ me consolará/ não sei quantas fomes/ ferozes,secretas/ no fundo
de mim‖.
Chama a atenção, nesse poema de Drummond, o cuidado com a musicalidade dos versos. Assim como nos
versos transcritos no enunciado, nota-se, quanto à métrica, ao longo de todo o poema, uma presença
expressiva de
a) pentassílabos ou redondilhas menores.
b) heptassílabos ou redondilhas maiores.
c) decassílabos.
d) hendecassílabos.
e) dodecassílabos ou alexandrinos.
15
INSTRUÇÃO: Leia o seguinte poema de Manoel de Barros para responder às questões de 31 a 34
Retrato do artista quando coisa
A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.
31- ―Perdoai/Mas eu preciso ser Outros‖.
O verso ―perdoai‖ está na segunda pessoa do plural do imperativo afirmativo. Se o quisermos na primeira
pessoa do plural e no mesmo tempo, teremos:
a) Perdoemos.
b) Perdoamos.
c) Perdoávamos.
d) Perdoaremos.
e) Nenhuma das alternativas.
32 -Na questão 1, a mudança de pessoa gramatical é
a) Indiferente, o sentido não sofre nada com esta mudança.
b) Igual, pois o sentido permanece o mesmo.
c) Altera-se o sentido profundamente
d) Altera-se o sentido porque quando o autor diz ―perdoai‖, ele pede que se perdoe a ele que não consegue
ser um só.
e) Altera-se o sentido porque o autor não quer ser uma pessoa que vive de repetições. Ele quer viver de
outros modos.
33-Analise a presença de pronomes relativos na segunda estrofe e marque a alternativa correta.
a) Sequência de ações que, pela repetição da mesma estrutura sintática, acentuam a rotina.
b) Todos os pronomes relativos exercem a função sintática de sujeitos e objetos dos verbos das orações
adjetivas
c) Entre os pronomes relativos dois deles exercem a função de objeto direto.
d) O pronome relativo nesta sequência ―Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas‖ traz implícita a
ideia de consequência.
e) Não há alternativa correta.
34 - No texto o verbo perdoar (perdoai)
a) Apresenta a regência do verbo perdoar de forma incorreta.
b) Deixa implícito o complemento do verbo perdoar.
c) Deixa implícito o complemento (objeto indireto) do verbo perdoar.
d) Deixa implícito o complemento do verbo que seria um objeto indireto ―perdoar a mim‖ ou ―perdoar-me‖
e) Deixa implícito o complemento do verbo que seria um objeto direto ―perdoar a mim‖ ou ―perdoar-me‖.
16
35 -Observe os seguintes comentários sobre diferentes elementos linguísticos
I.
Na frase: ―Na viagem perderam-se os passaportes, os dólares e a bagagem‖, o sujeito é composto e o
se é um pronome apassivador.
II.
A concordância do verbo intransitivo na frase: ―Precisa-se de novos ideais para alimentar nossos
jovens‖ está correta porque o sujeito é indeterminado o se é índice de indeterminação do sujeito.
III.
Na frase ―Alcançou o capanga um casal de velhinhos‖, o verbo deve vir no plural porque o sujeito é
um casal de velhinhos.
IV.
Em ―Não existem mais homens galanteadores como antigamente‖, o sujeito é homens galanteadores.
Está correto o que se afirma em
a)
b)
c)
d)
e)
Apenas em I e II
Apenas em III
Apenas em I, II, IV
Apenas em II e III
Apenas em III e IV
36-Indique o conjunto de palavras que preencha de forma correta as lacunas do texto dado.
É pouco provável que o diretor se __________ a polemizar com o secretário que ___ era _________.
Principalmente, como era o caso, se a razão não ____ do seu lado.
a) puzesse - lhe - subordinado – tivesse;
b) dispusesse - dele - submisso – tivesse;
c) dispusesse - lhe - subalterno – estivesse;
d) pusesse - dele - inferior - teria estado;
e) dispuzesse - a ele - subserviente – tivesse estado.
37-Observe o texto abaixo
A alma se desespera
Mas o corpo é humilde;
Ainda que demore,
Mesmo que não coma,
Dorme (Adélia Prado).
Nele predomina a seguinte função da linguagem:
a) Emotiva
b) Fática
c) Referencial
d) Metalinguística
e) Poética
38-―Se a queremos legítima.‖
Das alterações feitas na passagem acima, a que tem erro de flexão verbal é:
a) se virmos sua legitimidade;
b) se propormos sua legitimidade;
c) se reouvermos sua legitimidade;
d) se mantivermos sua legitimidade;
e) se requerermos sua legitimidade.
39 -Assinale a frase que apresenta correto emprego do verbo
a) Eu me precavenho contra os dias frios porque tenho bronquite.
b) Eu me precavo contra os dias frios porque tenho bronquite.
c) Eu já reavi todos os documentos que havia perdido.
d) Ele reouve todos os documentos que havia perdido.
e) Quando eu ver o seu amigo, digo-lhe toda a verdade.
17
40 -Assinale a frase que apresenta regência incorreta
a) Prefiro as estações amenas ao calor infernal
b) Há aproximadamente uns 10 anos, ele mora à rua Adolfo Olinto.
c) Ninguém simpatizou com este jovem casal que chegou à festa sem ser convidado.
d) Cláudia namora o Joãozinho desde quando eram crianças.
e) Nunca assisti a um filme tão cruel.
41-Assinale a alternativa que não apresenta desvios em relação à norma padrão
a) Algumas ideias vinham de encontro às reinvindicações dos funcionários, contentando-os; outras não.
b) Na sessão em que eu trabalhava, todos aspiravam uma promoção funcional, entretanto poucos se
dedicavam àquele trabalho, por ser desgastante.
c) Chegaram à Faculdade cedo demais e tiveram que esperar muito tempo.
d) Não sei porque ele age de forma tão arrogante
e) Informamos à V.S. sobre os prazos de entrega das novas propostas, as quais devem ser respondidas com
urgência.
42 -Marque a sequência que completa corretamente as lacunas para que o trecho a seguir seja coerente e
tenha coesão.
A visão sistêmica exclui o diálogo, de resto necessário numa sociedade ________ forma de codificação das
relações sociais encontrou no dinheiro uma linguagem universal. A validade dessa linguagem não precisa
ser questionada, ________ o sistema funciona na base de imperativos automáticos que jamais foram objeto
de discussão dos interessados.
a) em que – posto que
b) onde – em que
c) cuja – já que
d) na qual – todavia
e) já que – porque
43 -Observe os versos de Adélia Prado
“Os açúcares das frutas
me arrombaram um jardim
a meio caminho de trincar nos dentes
a doce areia, seus cristais de mel”.
Nesses versos, encontramos a seguinte figura de linguagem:
a) Eufemismo
b) Metonímia
c) Comparação
d) Metáfora
e) Antítese
18
INSTRUÇÃO: Para responder à 44ª questão, leia o texto e observe abaixo os seguintes comentários sobre
ele.
Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é o meu neto. Ele foi estudar
no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu.
Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha Vó entendia de
regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer
da informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor.
E pode ser um instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse,
Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa
quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar da
palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas
entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudades: Ai morena, não
me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do
vaqueiro.(BARROS, Manuel de. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Editora Planeta, 2003).
Comentários:
I. Há um significado diferente quando dizemos de modo diferente.
II. Criar palavras por analogia, prefixação dão um sentido novo às palavras.
III. Em disilimina temos um processo denominado neologismo
IV. Em ―Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler” há um alteração da regência do verbo ler.
44 -Está correto o que se afirma em
a) Apenas em I e II
b) Apenas em III
c) Apenas em I, II, III, IV
d) Apenas em II e III
e) Apenas em III e IV
45 -Observe a frase: ―Ela falava de sério. Mas todo mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia
fazer da informação um chiste”.
A conjunção porque, que se liga à segunda oração, estabelece uma relação de
a) Concessão
b) Causa
c) Adversidade
d) Finalidade
e) Explicação
46 -Observe as afirmações abaixo
I.
II.
III.
IV.
Absolver é uma palavra parônima de absorver.
Na última apresentação da peça, houve flagrante descriminações entre os convidados.
Sem conserto, não há concerto.
O ex-diretor da Petrobrás está sob delação premiada
Está correto o que se afirma em
a) Apenas em I e II
b) Apenas em III
c) Apenas em I, II, III, IV
d) Apenas em II e III
e) Apenas em I, III e IV
19
47 -A concordância verbal não está de acordo com os parâmetros da norma padrão na alternativa:
a) Chegaram os turistas; trata-se de bons alpinistas.
b) Infelizmente, houve muitos distúrbios naquela sessão do senado.
c) Não deve existir pessoas que ainda pensam desse modo.
d) Há de haver alguém nesta sala que pode me emprestar cinco reais.
e) Derrubam-se barreiras apenas com um sorriso franco e aberto.
48 -Assinale a alternativa que apresenta concordância nominal não aceita pela norma padrão.
a) Elas responderam áspero.
b) Mantenha as crianças o mais distante possível deste produto.
c) É necessária atenção redobrada ao dirigir veículos à noite.
d) O primeiro e segundo andares do edifício estão com problemas no encanamento.
e) Água é bom para a saúde.
49 -Observe as frases abaixo e assinale aquela que apresenta palavra empregada inadequadamente.
a) Não se aceitam mais reinvindicações deste tipo.
b) Ninguém nesta escola tem privilégios.
c) Minha sobrancelha está muito grossa.
d) A prateleira ainda está vazia?
e) Ele se adequa perfeitamente bem ao nosso grupo de trabalho
50. Assinale a alternativa que não apresenta emprego adequado do verbo.
a) Nós vimos mais cedo hoje, porque o ônibus adiantou.
b) Ninguém deteve aquele bandido enfurecido.
c) Se vocês mantesse a postura inicial, a situação seria mais favorável.
d) O texto, que contiver mais informações, será mais avaliado.
e) Quando vocês propuserem o pagamento, começaremos a discussão.
20
REDAÇÃO
INSTRUÇÃO: Leia os seguintes textos motivadores para preparar a sua redação.
Texto 1
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 08.12.2014.
Texto 2
Votar: dever ou direito?
Gaudêncio Torquato
Jornalista e professor (USP)
O voto é um dever cívico ou um direito subjetivo? A instigante questão diz muito a respeito da
qualidade de um sistema democrático. No nosso caso, a resposta é dada pela Constituição, que torna o voto
compulsório. Quem deixar de votar está sujeito a sanções.
Que implicações haveria para a democracia brasileira caso o voto fosse facultativo? O primeiro
efeito seria a quebra de 35% na participação da população nas eleições. Tomando como referência o
conjunto deste ano - 135.804.433 eleitores -, iriam para as urnas entre 85 e 90 milhões de eleitores.
Esse volume menor não significaria, porém, enfraquecimento da democracia representativa sob o
argumento de que o país ainda não alcançou grau elevado de institucionalização política.
Há um dado irrefutável que precisa ser levado em consideração: com o somatório de abstenções,
votos nulos e em branco, ocorre uma quebra de 25% no resultado geral. O voto, apesar de obrigatório,
queima parcela da votação, sendo razoável projetar para este ano algo como 33 milhões de votos que não
entrariam na planilha da apuração.
Já o voto facultativo, significando a liberdade de participar ou não do processo eleitoral, abriga a
decisão da consciência. Se milhões de eleitores poderiam abster-se, outros milhões compareceriam às urnas
para sufragar nomes e partidos. O processo registraria índices bem menores de votos nulos e em branco, eis
que a comunidade política, ativa e participativa, afluiria em peso à votação.
É falaciosa a tese de que a obrigatoriedade do voto fortalece a instituição política. Fosse assim, os
Estados Unidos ou os países europeus adotariam o voto compulsório. O fato de se ter, em algumas eleições
norte-americanas, participação de menos de 50% do eleitorado não significa que a democracia ali seja mais
frágil que a de nações onde a votação alcança dados expressivos.
Como observa Paulo Henrique Soares em estudo sobre a diferença entre os sistemas de voto na GrãBretanha, que adota o sufrágio facultativo, a participação eleitoral pode chegar a 70% nos pleitos para a
Câmara dos Comuns, enquanto na França a votação para renovação da Assembleia Nacional alcança cerca
de 80% dos eleitores.
Não é o voto por obrigação que melhorará os padrões políticos. A elevação moral e espiritual de um
povo decorre dos níveis de desenvolvimento econômico do país e seus reflexos na estrutura educacional. Na
21
lista do voto obrigatório, está a América do Sul, com exceção do Paraguai, enquanto a do voto facultativo é
integrada pelo Primeiro Mundo, países de língua inglesa e quase toda a América Central.
A facultatividade do voto animaria a política, engajando os grupos mais participativos e vivificando a
democracia. John Stuart Mill, em "Considerações sobre o Governo Representativo", em que divide os
cidadãos em ativos e passivos, diz: "Os governantes preferem os segundos, pois é mais fácil dominar súditos
dóceis ou indiferentes, mas a democracia necessita dos primeiros".
Disponível em: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/gaud%C3%AAncio-torquato/votar-dever-oudireito-1.217730. Acesso em 08.12.2014.
Texto 3
GILMAR. Disponível em: http://midiaeducacao.com.br/wp-content/uploads/2010/08/charge_politica211.jpg. Acesso em 08.12.2014.
Com base nos textos 1 , 2 e 3, e nos conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo em prosa de 20 a 30 linhas, na variedade padrão da língua portuguesa,
defendendo com clareza seu ponto de vista, mediante uma argumentação coesa e coerente, a respeito do
seguinte tema: O voto: dever cívico ou direito subjetivo?
Crie um título para seu texto.
RASCUNHO
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
22
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
23
Download

lingua portuguesa