Série: “FOME DE DEUS”
Grupos Pequenos Batista Gênesis
Autor: Pr. Harry Tenório
Lição 2 – Por que as pessoas deixam a igreja?
Texto:
(Lucas 24.13) - “E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém
sessenta estádios, cujo nome era Emaús”.
PONTO SALIENTE
Uma pessoa pode ir à igreja duas vezes por dia, participar da ceia do Senhor, orar em particular o máximo
que puder, assistir a todos os cultos e ouvir muitos sermões, ler todos os livros que existem sobre Cristo,
mas ainda assim, tem que nascer de novo (John Wesley).
OBJETIVOS DO ESTUDO
 Identificar as razões que levam uma pessoa a buscar a presença de Deus.
 Entender por que as pessoas mesmo depois de haverem se encontrado com Deus, ainda são
capazes de o abandonarem.
 Identificar por que as pessoas deixam a igreja ou não são atraídas a ela.
Comentário
A cada ano milhares de brasileiros se convertem e ingressam numa igreja evangélica. Mas, também, a cada
ano, muitos abandonam suas igrejas, fazendo-as parecer um imenso corredor: muitos entrando pela porta
da frente e uma boa quantidade saindo pelas portas dos fundos. As causas podem ser múltiplas, muitas ou
únicas, mas queremos tentar entender porque elas acontecem para ajudar aqueles que têm dificuldades
de firmarem a fé em Deus frutificando em uma comunidade cristã.
Se ousarmos fazer uma pesquisa com os distanciados da casa de Deus, iremos encontrar alguns sólidos
motivos para uma pessoa deixar a presença de Deus e por consequência a sua casa. Em Lucas 15 nós
temos a história de um deles. Estava muito bem, era jovem, tinha um futuro promissor, não sentia falta de
nada vivendo na presença do pai, mas uma inquietação, um desejo acelerado e não administrado de
conhecer o mundo o levou para longe da casa do pai. Muitos hoje sofrem os mesmos danos, por não
olharem para o final da história deste moço. Invariavelmente terminam de forma trágica os que trocam a
casa do pai pelo mundo.
Este fenômeno não é incomum, ele ocorre com muita frequência na vida daqueles que já nasceram em um
lar cristão, e que por causa disto desde criança foram crescendo na presença de Deus, desenvolvendo sua
fé em uma igreja. Tudo no mundo é desconhecido para ele, e exerce fascínio em sua mente. A parábola do
filho pródigo não está ali de graça, ela existe para contemplar a necessidade justamente desta classe de
cristãos. Este fenômeno, no entanto, não é novo. Se considerarmos que a igreja cristã foi fundamentada na
manhã da Páscoa, no dia da ressurreição de Jesus, então, à tarde daquele mesmo dia ela já tinha muitos
desviados. A bíblia fala de Dois deles no livro do evangelista Lucas 24.13-35. Quais as razões para eles
estarem desanimados? Aquilo que deveria tê-los animado era o que os desanimava, a morte substituta de
Cristo na cruz (aquele era o nosso lugar) e sua ressurreição. Eles estavam completamente decepcionados
com a morte de Jesus, justo naquilo que representava a maior de todas as vitórias para o cristão.
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O curioso é que o desvio quase custou não apenas a perda da fé, como também a oportunidade de ver o
maior milagre do cristianismo, a ressurreição de Cristo. E isto só não aconteceu porque Cristo cheio de
amor e misericórdia foi ao encontro deles reanimar a fé.
Aos que abandonaram suas igrejas ou estão pensando em fazê-lo, quero dizer-lhes as mesmas palavras de
Jesus àqueles dois discípulos a caminho de Emaús: Vocês são LOUCOS E DUROS DE CORAÇÃO! Sei que
estas palavras são pesadas, mas é exatamente isto que significa a frase de Jesus: “Néscios e tardos de
coração para crer”. É o que está escrito que Cristo disse acerca daqueles homens. Porque Jesus foi tão
severo com eles? Porque seus motivos para abandonar a igreja eram banais e fruto de corações
endurecidos. Inacreditavelmente, estes mesmos motivos podem ser encontrados nas conversas com os
“desviados”. As palavras de Cleopas e de seu companheiro de viagem revelam-nos toda a verdade de seus
corações. Vamos analisar o texto? Podemos através do exemplo destes dois estudar porque pessoas
perdem a fome de Deus, porque pessoas se distanciam da sua presença, das suas verdades, e da casa do
Pai. Quais motivos levaram estes dois a fazer tal loucura? Eles sendo estudados minuciosamente abaixo,
porque são os mesmos que produzem a queda ainda hoje de muitos.
Alimentaram conversas fúteis – vs. 13-14
A mente é uma esponja, ela absorve tudo que colocamos ali. Por isto não gosto nem de passar perto de um
depressivo, de um desanimado. Por trás de pessoas assim existe um espírito maligno de desânimo e
desistência. Você pensa que são poucos os que esfriam na fé porque começaram a andar com um crente
morno, sem vida com Deus? Milhares caem aqui. É triste observar que Satanás usa alguém de dentro da
igreja para afastar outros do caminho de Deus. Vou mostrar isto acontecendo na bíblia. Quando Jesus
estava por sair da terra e voltar à casa do Pai, Pedro manifestou suas incorreções, negando Jesus três
vezes. Horas depois da sua morte, perdido nos seus erros, sem se dedicar por um tempo a restauração, já
abandonou as redes de um pescador de almas, para pegar as redes de um pescador de peixes. E veja, com
ele levou outros nos seus erros: (João 21.3) - “Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles:
Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam”.
Pedro representa aqui alguém que conversa muito, que tem potencial de liderança, mas ao invés de
encorajá-lo, como recomendam as escrituras, leva-o a se distanciar. O final desta pescaria nós
conhecemos, Jesus ressurreto estava esperando na praia este grupo de desviados para ensiná-los que uma
vez conquistador de almas, conquistador para sempre.
Veja comigo agora outro texto bíblico, o dos dois desviados a caminho de Emaús: “Naquele mesmo dia,
dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta
estádios. E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas”. Esta conversa deles expressava a fé
claudicante que desenvolveram. Mesmo o Cristo havendo anunciado exaustivamente que sua morte e o
sacrifício eram inevitáveis, pois ali ele conquistaria a última e mais significativa vitória, a vitória sobre a
morte, eles não perceberam o que Ele estava construindo na cruz. Apressados em desenvolver conclusões
erradas, pensaram: Morreu o Cristo, isto significa a morte do cristianismo. Foi justamente o contrário, em
sua morte ele mostrou o seu amor por nós, e na sua ressurreição ele nos proporcionou a leitura de que de
fato ele era o filho de Deus.
O que havia em Emaús? Nada! Emaús era uma aldeia tão pequena e inexpressiva, em termos históricos,
que só sabemos que ela existiu por causa deste relato bíblico. Mesmo que Emaús fosse uma grande
cidade, o quê poderia haver lá que fosse mais importante que a notícia da ressurreição? Nada!
Absolutamente, nada! A verdade é que, enquanto a igreja estava reunida lá em Jerusalém, tentando
assimilar os últimos acontecimentos e esclarecer o sumiço do corpo de Jesus, estes dois discípulos estavam
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voltando para sua antiga vidinha, lá em Emaús. Abandonaram a igreja, e por pouco, se não fosse à paixão
de Jesus pelos desviados, eles terminariam sem jamais saber que Jesus ao terceiro dia ressuscitou.
Alguém conversa com você pelo caminho? Estas conversas desanimam você e o distanciam da casa de
Deus? O texto bíblico não diz quem desviou quem, mas, como a repreensão de Jesus foi muito severa e
somente o nome de um deles é citado. Não corremos muito risco em afirmar que Cleopas era o crente
morno que desviou o amigo. Embora a bíblia não afirme isto, bem que isto era possível.
Ter amigos na igreja é muito saudável e recomendável, mas, cuide-se, há muitos “Cleopas” em nosso meio.
Pessoas mal resolvidas em sua fé em Nosso Senhor Jesus, pessoas que querem sair da igreja, mas, como
seus motivos são fúteis, precisam de alguém que lhe dê ouvidos, alguém que concorde com ele e, de
preferência, que saiam da igreja junto com ele, para que ele não se sinta o único dos culpados.
Ausência de visão espiritual – vs. 15-16
O texto fala de uma espécie de “cegueira espiritual”. Seus olhos estavam impedidos de ver, mas impedidos
por quem? Pela cegueira. Como eles existem muitos, que mesmo estando na casa de Deus, padecem de
falta de visão. Eles estavam tão compenetrados nos últimos acontecimentos que perderam a visão
espiritual para colocar a visão no momento que passavam. Estes dois representam uma multidão de
caídos. Não são poucos os que perderam a visão por ficarem olhando para o problema quando deveriam
estar olhando para o que Deus estava fazendo.
A história da cegueira destes dois me lembra da história do moço que andava auxiliando o profeta Elizeu.
Eles estavam diante de uma situação de risco. O exército do Rei procurava matar o profeta, e quando o
exército encontrou o profeta, quem primeiro viu sua chegada foi o auxiliar, e vejam seu desespero: (II Reis
6.15-16) – “E o servo do homem de Deus se levantou muito cedo e saiu, e eis que um exército tinha
cercado a cidade com cavalos e carros; então o seu servo lhe disse: Ai, meu senhor! Que faremos? E ele
disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”. Embora o
profeta houvesse liberado uma palavra de fé, nada havia mudado na visão do moço. O que fez mudar foi a
oração: (II Reis 6.17) – “E orou Eliseu, e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o
SENHOR abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em
redor de Eliseu”.
Sem visão espiritual, estes dois a caminho de Emaús estavam como o moço do profeta, em profunda crise
de convicção. Imaginem o ridículo da situação. Iremos ver, logo adiante, que eles não aceitaram a notícia
da ressurreição. Provavelmente estavam dizendo: Esta coisa de ressurreição é coisa de louco! Só um
maluco pode crer nisto. Não podemos deixar de lembrar que (Hebreus 11.1) - “a fé é o firme fundamento
das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem”. Para crer na ressurreição, a maior
vitória do cristianismo, o próprio Cristo teve que andar com eles alguns quilômetros, teve que pousar com
eles em sua casa.
Um fato curioso: eles julgaram-se mais informados que o próprio Cristo: “És o único, porventura, que,
tendo estado em Jerusalém, ignora as ocorrências destes últimos dias?”. Estes dois são legítimos
representantes de uma multidão de pessoas cegas, que acreditam que são as únicas que enxergam.
Tristeza – vs. 17
Sabe, tristeza é um sentimento que também rouba do crente a visão de Deus. Deus é um ser alegre, a
bíblia diz que na sua presença até a tristeza salta de alegria. Estes dois absorveram a tristeza, e foram
abatidos na fé. O apóstolo Paulo deixou um registro importante em sua carta de II Coríntios 2.1: - “Mas
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deliberei isto comigo mesmo: não ir mais ter convosco em tristeza”. Maduro, sendo afligido por algumas
tristezas, não queria passar este sentimento a ninguém. Os dois a caminho de Emaús eram uma fonte de
transferência de tristeza um para o outro, e isto está revelado na pergunta de Jesus: “Então, lhes
perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ide tratando à medida que caminhais? E eles
pararam entristecidos”.
Porque eles estavam tristes? Pela morte de Jesus, pela injustiça praticada pelas autoridades, por terem-no
trocado por um ladrão, pela ingratidão de Israel, pela morte daquele que era filho de Deus e, portanto, não
deveria nem poderia morrer. Talvez estivessem tristes também pela negação de Pedro, pela traição de
Judas, pela visão desfigurada do Cristo na cruz. E as mulheres, então, que na hora da crucificação até que
foram valentes, mas, agora, vem com esta história de que viram e conversaram com anjos, parecendo
loucas, alucinadas? Tudo parecia tão irracional para eles, que foram tomados de tristeza.
Você não sabe quantos já acompanhei que estavam claudicando na fé por causa de tristeza. Uma decepção
com o namorado e a pessoa já fica triste com Deus. Um dia uma velhinha me procurou e disse: “Admiro
muito sua fé, porém acho que o senhor está enganado”. Ela queria tentar me convencer na sua tristeza
que Deus não existe, porque o Mimo havia morrido. Mimo era seu gato, depois que ficou viúva e seus
filhos casaram, o Mimo era seu companheiro de jornada. Como alguém pode achar que Deus não existe
por causa da morte de um gato? Tristeza, a tristeza tem esta capacidade de atrofiar a fé, de produzir
cegueira nas pessoas.
Crente triste é crente fraco! Veja o que nos ensinou Salomão: (Provérbios 24.10) - “Se te mostrares tristes
no dia da angústia, é que a tua força será pequena”. Cuide-se, irmão! Não se entristeça! Nem com as
autoridades, nem com a ingratidão do povo e, muito menos com sua igreja, pois todas as igrejas do mundo
são iguais: são formadas por seres humanos fracos e frágeis; valentes numa hora, covardes noutra;
maravilhosos num instante, desprezíveis noutro; inspiradores em um momento, desastrosos em outras.
Se o inimigo sente que nos toca com facilidade na tristeza, ele vai produzir muitas situações tristes todo dia
para nos fazer pecar, para nos fazer parar. Paulo e Silas foram presos por estarem anunciando o evangelho,
apanharam, poderiam estar revoltados, tristes: (Atos 16.25) - “E, perto da meia-noite, Paulo e Silas
oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam”.
Senso crítico muito aguçado – vs. 19
É lógico que o senso crítico quando bem administrado pode servir de um agente auxiliar de combate ao
erro. Porém, o que é crítico em demasia termina se tornando amargo, azedo. Estes aqui agora resolveram
criticar Jesus por não saber das últimas notícias do que ocorreu em Jerusalém. Perceba, ele próprio
vivenciara as cenas, mas o senso crítico ativado em alto nível impediu de perceberem que aquele que
conversava com ele, era o próprio morto que ressuscitara. “És o único, porventura, que, tendo estado em
Jerusalém, ignora as ocorrências destes últimos dias? Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O que
aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras”.
Quando Jesus nos entregou o dom do senso crítico, nos entregou para que nós pudéssemos ver problemas
e orar por eles, contribuir para sua correção. Aquele que, no entanto, não sabe frear os limites do senso
crítico, se torna amargo e deixa de contribuir com sua parcela importante de ajuda na construção de um
mundo melhor, de um cristianismo mais equilibrado, de uma igreja forte. Muitos se desviam porque
consegue enxergar defeito em tudo. Como é difícil a convivência com pessoas assim.
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Perda da esperança – vs. 20-21
A esperança é o que nos mantém de pé nas horas difíceis, se perdermos a esperança teremos perdido a fé.
Estes dois perderam a esperança porque criaram perspectivas pessoais erradas em relação a filho de Deus.
Perspectivas que inclusive não eram as de Deus para Ele. Formar perspectivas erradas em relação a uma
pessoa ou a algo pode se transformar em um ladrão de esperança. “Ora, nós esperávamos que fosse ele
quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas
sucederam”.
Naquela época os defuntos eram colocados em cavernas e não enterrados, como fazemos hoje em dia, e a
morte era oficialmente confirmada somente após três dias do sepultamento. Tudo isso para evitar que
alguém fosse enterrado vivo, pois não tinham como diagnosticar os casos de morte aparente. Mas, depois
de três dias, a morte era decretada e acabava-se qualquer raio de esperança dos amigos e parentes.
Cleopas e seu amigo haviam depositado todas as suas esperanças em Jesus, mas ele morreu. E, após três
dias do seu sepultamento, suas esperanças se foram.
A volta para Emaús, era também a volta para o mundo fora da presença de Deus. Mas glória a Deus que
foram socorridos pelo próprio Cristo, que ouviu suas queixas, relembrou suas falas, partiu o pão de uma
maneira que identificou que era Ele.
(Lucas 24.31) – “Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes”.
Foi então que perceberam que o coração ardia com sua presença enquanto conversavam pelo caminho.
Voltaram imediatamente para Jerusalém, onde anunciaram aos discípulos o que havia acontecido com
eles, e enquanto estavam contando, Jesus apareceu para eles:
(Lucas 24.36-39) – “E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes:
Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes
disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as
minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem
ossos, como vedes que eu tenho”.
Conclusão
Muitos não se firmam em Deus, muitos não se firmam em uma igreja onde podem frutificar, trabalhar na
implantação do reino de Deus, porque não têm visão do Cristo ressurreto, daquele que morreu e ao
terceiro dia ressuscitou.
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