REVISTA
CENSO CTC
Safra 2013/14 - Brasil
Plante certezas.
Timeline CTC
Fundação do Centro de
Tecnologia Copersucar
....
Lançamento das primeiras
variedades desenvolvidas
no CTC com a sigla SP
1987
As variedades desenvolvidas
pelo CTC atingem 57% da
área cultivada no Brasil, com
destaque para SP70-1143
(variedade mais cultivada)
Criação do programa
Benchmarking do CTC
A cultura de cana ultrapassa
os 6 milhões de hectares
cultivados no Brasil
Criação do Censo
1993
Início das pesquisas em
cana geneticamente
modificada no CTC
O Censo CTC atinge uma
participação de 60% das
áreas recenseadas e se
consolida como o maior
levantamento do gênero
no Brasil
Lançamento da 1ª serie
de variedades com sigla
CTC: CTC1 a CTC5
A cultura da cana ultrapassa
os 7 milhões de hectares
cultivados no Brasil
A cultura da cana ultrapassa
os 9 milhões de hectares
cultivados no Brasil
Boom do setor
sucroenergético: atração
de muitos investimentos
e expansão para o Centro
Oeste
Lançamento da 1ª série de
variedades CTC totalmente
regionalizadas: Série 9000
2
Evolução do Censo CTC
O Censo CTC é o mais tradicional levantamento quantitativo
dos canaviais brasileiros. Realizado desde 1987 sua história
acompanha a evolução das atividades do Centro de
Tecnologia Canavieira sempre orientado a buscar inovações
que proporcionam a expansão do setor. Abaixo segue um
resumo dessa trajetória de sucesso:
ÁREA (mil ha)
Centro-Sul
Centro-Sul
censo CTC
CTC
Censo
Figura 1 – Evolução da área amostrada no Censo CTC.
Esta edição contém uma análise dos indicadores que
impactaram a produtividade dos canaviais na safra 2013/14
provenientes do programa de Benchmarking do CTC. Além
deste artigo, a Revista Censo CTC traz ainda outras análises
sobre a importância da renovação e diversificação dos
canaviais, ganhadores do Prêmio Inova além das variedades
CTC que mais crescem na preferência dos produtores
brasileiros.
Boa leitura!
3
INDICADORES E PERSPECTIVAS DO BENCHMARKING CTC
Elivelton Gobbo, Vanessa Nardy e Rubens Braga Jr.
O Programa de Benchmarking do CTC é caracterizado por ser
o mais completo banco de dados do mundo quando se trata
de informações do setor sucroenergético. Iniciado em 1988,
o Benchmarking conta hoje com aproximadamente 185
unidades produtoras participantes, presentes nas regiões
canavieiras de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo, proporcionando
assim dados representativos para a região Centro-Sul.
O Benchmarking fornece informações agrícolas e industriais
que possibilitam análises de mais de 200 índices para
elaboração de comparativos históricos e estimativas de safra.
Assim, este artigo analisa os principais indicadores agrícolas
da safra 2013/14 contidos no Benchmarking CTC discorrendo
sobre seus possíveis impactos na safra 2014/2015.
Precipitação
A análise da precipitação possui fundamental importância
para o acompanhamento da produtividade no setor
sucroenergético. O regime pluviométrico no final da Safra
2012/13 foi bastante favorável ao desenvolvimento da cana
no início da Safra 2013/14, contribuindo positivamente para
os bons resultados obtidos em toneladas de cana por hectare.
Porém, a partir de novembro de 2013 a situação começou a
se reverter. A falta de chuvas no final de 2013 e início de 2014
configurou uma das piores secas da história, prejudicando
severamente o desenvolvimento da cana de açúcar cultivada
em importantes áreas do Centro Sul. São Paulo e Minas
Gerais foram os Estados mais afetados pelo estresse hídrico
e em função disso, espera-se uma significativa redução da
produtividade média geral da Safra 2014/2015.
No gráfico abaixo é possível perceber que a ocorrência
mensal de chuvas esteve sempre muito próxima ou acima da
média histórica ao longo da Safra 2013/14, mas nos meses de
dezembro/2013 a fevereiro/2014 choveu apenas a metade do
volume esperado para o período, segundo a média histórica
de 10 anos na região Centro Sul.
300
250
mm
200
150
100
50
0
Safra 11/12
Safra 12/13
Figura 2 – Evolução da precipitação média no Centro-Sul - Fonte: Benchmarking CTC
4
Safra de 13/14
Estágio médio de corte,
produtividade agrícola e ATR
Após o estágio médio de corte (EMC) crescer 15,4% no
período de 2008 a 2011 devido à escassez de crédito, o que
causou uma diminuição no ritmo de plantio nas usinas, os
produtores retomaram os investimentos no processo de
renovação dos canaviais provocando uma ligeira melhora
no EMC em 2013. Diretamente relacionado à produtividade
agrícola, a renovação das lavouras fez com que o estágio
médio de corte finalizasse a Safra 2013/14 em 3,38 anos,
sendo um dos principais fatores que contribuíram para elevar
a tonelagem por hectare para 79,6 ou 7% acima do obtido na
Safra 2012/13.
3,7
100
3,6
90
3,5
80
T/ha
3,3
3,2
70
anos
3,4
3,1
3
60
2,9
2,8
Produtividade agrícola
13
20
12
20
11
20
10
20
09
20
08
20
07
20
06
20
05
20
04
20
20
03
50
EMC
Figura 3 – Estágio médio de corte (EMC) e a produtividade agrícola (TCH) - Média de região Centro-Sul Fonte: Benchmarking CTC
100
t cana/ha
100
1998
média TPH
100
2009
1999
100
100
média TCH
média THP
11,5
2010
2013
100
TPH = 14
TPH = 13
TPH = 12
2012
TPH = 11
100
100
2011
média POL
A figura ao lado compara os valores de
produtividade agrícola (t cana/ha) e qualidade
(pol% cana) da Safra 13/14 em relação às
anteriores. Os ganhos obtidos na Safra 2013/14
foram mais representativos em termos de
tonelagem de cana por hectare, justamente
pelo fato do ano de 2013 ter apresentado
um melhor volume pluviométrico que
favoreceu a vegetação da cana. Em termos de
concentração de açúcar, os resultados ficaram
um pouco abaixo daqueles obtidos em safras
anteriores seguindo a tendência de redução
da qualidade em função do aumento da
proporção de colheita mecanizada (Figura 5
página seguinte). Porém em termos gerais, a
melhora no estágio médio de corte associada
às condições climáticas favoráveis no decorrer
da safra elevaram a produtividade média total
(em açúcar por hectare) em comparação com os
dois anos anteriores, sugerindo uma retomada
aos níveis obtidos no cenário pré-crise.
TPH = 10
12,6 12,8 13,0 13,2 13,4 13,6 13,8 14,0 14,2 14,4 14,6 14,8 15,0
pol% cana
Figura 4 – Comparativo da entrega de pol% cana por hectare (TPH) nas últimas safras
(média da região Centro Sul) - Fonte: Benchmarking CTC
5
150
ATR (Kg/ton)
145
140
135
130
125
120
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Figura 5 – Evolução do ATR Consecana 2011 (cana própria) – média da região
Centro Sul
Fonte: Benchmarking CTC
Mecanização x impurezas
Segundo o Protocolo Agroambiental, o ano de 2014 é a
data limite para as usinas eliminarem a prática da queima
da palha em áreas passíveis de mecanização. De fato, são
inquestionáveis os benefícios que o Protocolo traz ao
setor sucroenergético no sentido de reduzir seus passivos
ambientais e trabalhistas. Contudo, sabe-se também que há
um longo caminho a ser percorrido até que o setor como um
todo esteja totalmente adaptado à contemporânea realidade
de colheita.
A adoção da colheita mecanizada por parte das usinas
ocorreu em um ritmo bastante acelerado. Na safra 2013/14,
89% da cana da região Centro-Sul foi colhida mecanicamente.
Contudo, usufruir tal tecnologia trouxe problemas notáveis
100
para dentro da indústria. A partir da Safra 2010, a prática da
colheita mecanizada apresentou uma evolução de 9% ao ano
no Centro-Sul, fator este que somado à pouca experiência das
usinas naquele momento, acabou por aumentar a entrega de
impurezas quase que na mesma proporção. Entre as safras
2010/11 e 2013/14 o nível de impurezas minerais aumentou
7% ao ano e no caso das impurezas vegetais o crescimento
foi de 9% ao ano e a consequência disso foi a redução no
ATR das últimas safras em função da piora da qualidade
da cana entregue às usinas. Na safra 2013/14 houve uma
desaceleração no carregamento de impureza mineral à
Indústria, demonstrando que o setor está se adaptando às
atuais condições de colheita.
1,4
100
70
1,2
60
1,1
50
40
1,0
30
20
2010
2011
% Colheita Mec.
2012
2013
0,9
Imp. Mineral
Figura 6.1 – Evolução da colheita mecanizada e das impurezas minerais –
média da região Centro Sul.
Fonte: Benchmarking CTC
6
8,5
80
70
8,0
60
7,5
50
40
7,0
30
20
2010
2011
% Colheita Mec.
2012
2013
6,5
Imp. Vegetal
Figura 6.2 – Evolução da colheita mecanizada e das impurezas vegetais –
média da região Centro Sul.
Fonte: Benchmarking CTC
% Impureza Vegetal
80
% Colheita Mecânica
90
1,3
% Impureza Mineral
% Colheita Mecânica
90
9,0
Outra técnica de manejo que está evoluindo muito
rapidamente na região Centro-Sul é o plantio mecanizado.
Nos últimos quatro anos essa técnica teve um crescimento
de 28% ao ano, atingindo 72% das áreas de plantio no ano
de 2013. Esse crescimento é motivado principalmente pelos
Estados de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, regiões
de topografia plana que favorecem esse tipo de atividade.
% Colheita Mecânica
80
70
60
50
40
30
20
2010
2011
2012
2013
% Plantio Mec.
Figura 7 – Evolução do plantio mecanizado – média da região Centro Sul
Fonte: Benchmarking CTC
Perspectivas para a
safra de 201415
Se os bons resultados obtidos na safra 2013/14 trouxeram um
suspiro de alívio para a produtividade, retomando os índices
para patamares próximos às médias históricas, para a safra
2014/15 a expectativa não é muito favorável.
O estresse hídrico no final de 2013 e início de 2014 deverá
provocar danos severos à produtividade. Apesar da
expectativa de um ATR mais concentrado, a entrega de
açúcar nesta safra deverá diminuir em virtude da menor
disponibilidade de cana por hectare. E essa quebra tende
a se acentuar ainda mais a partir do segundo semestre,
onde serão colhidas as áreas que mais sofreram danos à
brotação por conta da falta de chuvas no último verão. Os
indicadores de mecanização tanto de plantio como de
colheita demonstraram avanços significativos com relação à
safra passada, destacando o compromisso do setor com este
tema. O estágio médio de corte diminuiu, significando que
os esforços com a renovação foram relevantes e contribuíram
para que se tenham canaviais mais jovens e produtivos na
média do Centro Sul.
Estas são perspectivas iniciais que podem se modificar caso
o fenômeno climático conhecido como “El Niño” se confirme
trazendo chuvas abundantes a partir do segundo semestre
de 2014. Mas ainda assim a expectativa é que a Safra
2014/15 apresente um volume de cana muito próximo ou
inferior à safra anterior sugerindo a redução dos estoques e
a sustentação dos preços do açúcar e etanol nos mercados
interno e externo.
7
RENOVANDO PARA CRESCER - Os Impactos nos canaviais do
Centro-Sul
Rubens L. do C. Braga Jr. e Vanessa Nardy
A renovação dos canaviais é uma das principais estratégias
de manejo utilizadas pelos produtores para manutenção da
produtividade agrícola e sustentabilidade. Em contrapartida,
o plantio é uma das mais onerosas operações agrícolas,
impactando de maneira significativa o orçamento das
empresas.
Em função da crise financeira mundial de 2009 os
financiamentos para o plantio ficaram escassos e isso fez
com que as áreas de renovação fossem reduzidas nos anos
seguintes (ver Figura 1). Com um ritmo menor de substituição
das áreas com cortes mais avançados, o estágio médio dos
canaviais brasileiros aumentou. Associado a problemas
climáticos e redução de investimentos, o aumento do estágio
médio de corte resultou numa queda na produtividade da
região Centro-Sul, principalmente nos anos de 2011 e 2012.
Essa tendência só se inverteu com o estabelecimento do
ProRenova - Programa de apoio à renovação e implantação
t cana/ha
25
% Plantio
84
2013/2014
2012/2013
2011/2012
2010/2011
2009/2010
2008/2009
2007/2008
2006/2007
2005/2006
2004/2005
2003/2004
2002/2003
2001/2002
2000/2001
1999/2000
1998/1999
1997/1998
1996/1997
1995/1996
76
1994/1995
5
1993/1994
78
1992/1993
10
1991/1992
80
1990/1991
15
1989/1990
82
1988/1989
20
Figura 8 – Porcentagem de área plantada em relação à área total cultivada e produtividade (t cana/ha), nas últimas 26
safras, da Região Centro-Sul. Fonte: Censo e Benchmarking do CTC.
8
t cana/ha
% Plantio
de novos canaviais - pelo BNDES, que incentivou os
produtores a voltarem a renovar seus canaviais por meio de
concessão de financiamentos especiais para esta atividade. A
renovação dos canaviais tem um impacto bastante positivo
sobre a produtividade, uma vez que cortes mais antigos e
menos produtivos podem ser substituídos trazendo mais
vigor às áreas cultivadas. Além disso, com essa prática
ainda é possível substituir variedades doentes e que não
estejam apresentando bom desempenho por materiais mais
modernos e com ganhos genéticos advindos de programas
de melhoramento, como as variedades CTC.
Analisando dados contidos na Figura 8 pode-se notar que o
aumento da renovação dos canaviais aqui representado pelo
aumento na proporção de plantio reflete num acréscimo
de produtividade na safra posterior a esse crescimento,
sugerindo uma correlação entre essas variáveis.
Para validar essa percepção, as informações históricas das
duas grandes bases de dados do CTC (Censo e Benchmarking)
foram analisadas com a intenção de verificar o grau dessa
correlação. Com um coeficiente de determinação de 66%, que
equivale a uma correção linear de 82%, é possível afirmar a
existência de forte relação entre o aumento de produtividade
agrícola e a proporção de área plantada na safra anterior,
conforme demonstrado na Figura 9.
Acréscimo/decréscimo de produtividade na safra seguinte
4%
3%
2%
y=0,4478x - 0,0795
R²=0,6647
1%
0%
-1%
-2%
-3%
-4%
-5%
-6%
5%
10%
15%
20%
25%
Proporção da área plantada em relação à área total cultivada
Figura 9 – Proporção da área plantada em relação à área total cultivada e acréscimo ou decréscimo de produtividade na safra
seguinte, nos estados da Região Centro-Sul. Fonte: Censo e Benchmarking CTC.
Por esses dados pode-se estimar que um aumento de dez
pontos porcentuais na proporção de área plantada provoca
um acréscimo de 4,5 t cana/ha na produtividade da safra
seguinte. Essa relação precisa ser intensamente considerada
pelos produtores para o correto dimensionamento da sua
área de renovação.
Novas tecnologias de plantio estão em estudo no CTC para
tornar a operação de plantio mais rápida e eficiente sem
elevar o seu custo. O uso da mecanização e as mudas prébrotadas são algumas das tecnologias disponíveis hoje para
aumentar essa eficiência, seja reduzindo o tempo gasto no
plantio ou aumentando a brotação. Além disso, o uso de
VANTs (veículo aéreo não tripulado) na detecção de falhas
no plantio também é uma opção interessante para elevar a
efetividade da operação, reduzindo seu custo por hectare.
A safra 2013/14 apresentou sensível melhora na produtividade
advinda da renovação dos canaviais, com uma diminuição
de 5% no estágio médio de corte que, dentre outros fatores,
trouxe um incremento de 7% na produtividade. Assim, fica
aqui o alerta da importância dessa prática ser ainda mais
necessária em momentos de crise, para que se tenha canaviais
produtivos com pleno uso da tecnologia diluindo o custo
por tonelada devido às maiores quantidades produzidas por
hectare.
9
ICV e IAV: índices CTC para otimização do canavial
Rubens L. do C. Braga Jr. e Vanessa Nardy
Inúmeros estudos já demostraram a importância de não se
restringir a área total plantada com uma só variedade em uma
unidade produtora, em função do alto risco associado a este
tipo de estratégia. Os bons resultados de uma variedade não
podem ser os únicos parâmetros a serem considerados, pois
em função da cana-de-açúcar ser uma cultura semi perene
e permanecer em média por 5 anos nas áreas cultivadas, o
aparecimento de uma nova praga ou doença pode provocar
enormes prejuízos ao produtor.
Outro aspecto importante que deve ser considerado pelos
produtores na escolha de seu plantel de variedades está
relacionado à velocidade da adoção de novas cultivares.
Várias teses acadêmicas já comprovaram os excelentes
resultados obtidos pelos programas de melhoramento de
variedades nas mais diversas culturas. E para medir esses
dois conceitos de manejo agronômico, o CTC criou índices
que possibilitam mensurar e comparar unidades produtoras,
regiões ou estados entre si.
O primeiro deles é o Índice de Concentração Varietal (ICV),
usado para medir o nível de concentração das variedades
utilizadas por uma unidade produtora, estado ou região. Ele
é obtido pela soma das porcentagens de área cultivada das
três principais variedades, usando a seguinte fórmula:
ICV = % da variedade mais cultivada + % da segunda variedade mais cultivada + % da terceira
variedade mais cultivada
Historicamente o CTC recomenda que uma unidade
produtora não tenha mais do que 15% de sua área cultivada
com uma única variedade. Considerando um ciclo de cana
com distribuição média normal de 5,5 anos (plantio mais cinco
anos de colheita), o ideal é que todos os anos sejam renovadas
aproximadamente 20% das áreas cultivadas, sendo possível
dessa forma erradicar uma variedade que tenha apresentado
problemas. A partir dessa premissa criou-se um critério para
a classificação desse índice:
ICV
menor que 40%
satisfatório
entre 40% e 50%
intermediário
maior que 50%
não recomendado
Já o Índice de Atualização Varietal (IAV) é usado para medir a
velocidade de adoção das variedades liberadas nos últimos
anos por uma unidade produtora, estado ou região. Ele
é obtido pela somatória das diferenças entre o ano atual
IAV
menor que 5 anos
satisfatório
entre 5 e 7 anos
intermediário
maior que 7 anos não recomendado
e o ano do cruzamento das variedades, ponderado pela
porcentagem de utilização dessas variedades subtraindo-se
20 anos, conforme demonstrado na seguinte fórmula:
IAV = ∑i [(ano atual – ano de cruzamento da variedade i) x % da área cultivada da variedade
i] – 20, onde i varia de 1 até o número de variedades cultivadas no plantel.
10
Esse índice representa a média da idade do plantel varietal,
de modo que quanto maior o valor do IAV, mais antigas são
as variedades adotadas na unidade produtora ou região
estudada. Optou-se por extrair vinte anos do valor obtido
pela somatória em função desse ser o número de anos
ICV
que, em média, uma variedade percorre entre o seu ano de
cruzamento e sua participação máxima de área cultivada no
censo varietal do Brasil. E analisando os resultados históricos
de IAV entre as unidades produtoras brasileiras chegou-se à
seguinte classificação:
IAV
menor que 40%
satisfatório
entre 40% e 50%
intermediário
maior que 50%
não recomendado
menor que 5 anos
satisfatório
entre 5 e 7 anos
intermediário
maior que 7 anos não recomendado
A partir desses índices é possível comparar os principais Estados produtores de cana no Brasil. A Figura 10 apresenta o ICV e IAV
dos Estados produtores na safra 13/14.
ICV - (%)
70
ES
60
MA
AL
PE
NE
PR
GO
MT
50
CS
SP
MS
MG
IAV
(anos)
40
4
5
6
7
8
9
Figura - 10 Índices de Atualização e Concentração Varietal para os Estados produtores do Brasil.
Fonte: Censo CTC
Com relação ao ICV nenhum Estado se encontra na faixa
satisfatória. Os Estados de São Paulo, Minas Gerais e
Mato Grosso do Sul e a Região Centro-Sul estão na faixa
intermediária, enquanto os demais Estados se encontram na
faixa de risco, pois concentram os seus plantéis em poucas
variedades.
Já com relação ao IAV, apenas o Estado de Alagoas se
encontra na faixa satisfatória mostrando aptidão para uso
de materiais recém-lançados, enquanto que os Estados de
São Paulo e Mato Grosso ficaram na faixa intermediária. Os
demais Estados se concentraram na região não recomendada,
demonstrando certo conservadorismo quanto à utilização
de novas variedades restringindo o acesso da tecnologia no
campo. Em termos macro, a Região Centro-Sul se encontra no
limite da faixa intermediária, enquanto que a Região Nordeste
tem o posicionamento um pouco menos conservador usando
variedades mais modernas.
Tais resultados soam como um alerta, pois demonstram que
os canaviais brasileiros são suscetíveis a riscos fitossanitários
por estarem concentrados em um número pequeno de
variedades. Além disso, essas variedades mais utilizadas
foram desenvolvidas utilizando um padrão de cultivo que não
reflete a realidade atual do setor (ex.: não foram adaptadas
à colheita mecânica), diminuindo seu potencial produtivo.
Assim evidencia-se a necessidade de diversificação e da
utilização de cultivares mais modernas para ampliar a
produtividade da cana-de-açúcar.
11
PRÊMIO INOVA
Com a intenção de destacar as unidades produtoras que
adotam as variedades mais modernas acreditando no futuro
promissor do setor sucroenergético, o CTC criou em 2012 o
prêmio INOVA. Para a criação deste prêmio o CTC analisou
o mercado buscando usinas com perfil inovador, que
investem em novas tecnologias, melhoramento genético,
sustentabilidade e que possuem foco na qualidade e na
produtividade.
O INOVA premia a unidade produtora com menor Índice
de Atualização Varietal (IAV) em cada uma das seis regiões
produtoras do Estado de São Paulo e, também, nos principais
Estados da região Centro-Sul.
Os critérios para a premiação são:
1. Ter enviado o censo de variedades para o CTC;
2. Possuir área superior a 10 mil hectares;
3. Ter o menor Índice de Atualização Varietal da Região;
4. Ter IAV inferior a cinco anos;
Assim, considerando os critérios adotados, as usinas selecionadas para receberem o Prêmio INOVA referente ao ano
de 2013 foram:
Unidades ganhadoras do prêmio INOVA em 2013
Região
Unidade Produtora
I.A.V.
SP-Araçatuba
Raízen - Destivale
3,31
SP-Assis
Raísen - Ipaussu
3,61
SP-Piracicaba
Santa Maria
1,70
SP-Ribeirão Preto
Pedra - da Pedra
3,43
SP-São Carlos
Santa Fé
3,58
SP-S. J. do Rio Preto
Guaraní - Olímpia
4,51
GO
Jalles Machado - Otávio Lage
3,12
MG e ES
Coruripe - Iturama
3,71
PR
Santa Terezinha 1 - Iguatemi
3,84
12
No último ano, nenhuma unidade dos Estados de
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul alcançou um IAV
menor que cinco anos, não sendo possível contemplar
nenhuma unidade desses Estados.
Na maioria das regiões, as unidades ganhadoras do
prêmio foram as mesmas nos dois anos analisados,
mostrando a preocupação dessas unidades em estar
sempre inovando com o uso de variedades cada
vez mais modernas, produtivas e ajustadas aos seus
ambientes de produção. A Raízen Ipaussu e a Santa
Fé passaram a figurar o quadro a partir desta safra. O
destaque dessa seleção fica por conta da unidade Santa
Maria que apresentou o menor IAV do Brasil tanto em
2012 como em 2013. O CTC parabeniza a todos os
ganhadores desta edição do prêmio INOVA reforçando
a importância do uso de material genético moderno,
produtivo e adaptado às atuais operações agrícolas
do canavial, colaborando assim para a redução de
riscos no canavial e para um futuro promissor do setor
sucroenergético do país.
Variedades CTC: soluções tecnológicas para incremento em
produtividade
As variedades CTC vêm apresentando reconhecidos ganhos
em market share desde que foram oficialmente lançadas
ao mercado em 2005. Com diferentes características de
adaptação para cobrir as principais áreas de produção
canavieira do País, elas são fruto das mais avançadas
pesquisas e da experiência acumulada nesses 45 anos de
existência do Centro de Tecnologia Canavieira. Por serem
testadas ao longo de seu processo de seleção, as variedades
CTC têm ótima adaptação à mecanização e são excelentes
opções na substituição de variedades antigas, que têm
apresentado problemas de longevidade, sanidade e brotação
de soqueiras.
As variedades CTC15, CTC4 e CTC2 são hoje as mais
cultivadas dentre o portfólio CTC assumindo destaques em
produtividade no meio da safra (Figura 11). Quando bem
posicionadas em seus respectivos ambientes de produção,
chegam a entregar em média, duas toneladas a mais de açúcar
por hectare. Elas também figuram dentre as mais plantadas
em diversas regiões (Figura 12), demonstrando a grande
aceitação e satisfação do mercado com seus resultados.
Outra variedade que tem se destacado na colheita de meio
de safra é a CTC20, com excelentes resultados em ambientes
de média a alta fertilidade.
25%
25%
20%
20%
15%
15%
10%
10%
5%
5%
0%
15
C
CT
4
C
CT
2
C
CT
9
C
CT
17
C
CT
7
C
CT
20
C
CT
14
C
CT
11
C
CT
6
C
CT
AS
O
R
UT
0%
5
C1
CT
C4
CT
C2
CT
7
C1
CT
C9
CT
0
C2
CT
1
C1
CT
4
C1
CT
C7
CT
AS
TR
OU
Figura 11 – Porcentagem de área cultivada entre as principais variedades CTC
no Brasil.
Fonte: Censo CTC
Figura 12 – Porcentagem de área plantada entre as principais variedades CTC
no Brasil.
Fonte: Censo CTC
Presentes também no ranking das variedades CTC mais
plantadas e cultivadas estão as CTC7, CTC9 e CTC17. Elas se
destacam pela precocidade e riqueza sendo indicadas para
solos de fertilidade média a alta. Lançada há cinco anos, a
CTC17 já ocupa a 4º posição na lista das variedades CTC mais
plantadas.
Para finalizar a safra, o portfólio conta ainda com a CTC6,
CTC11, CTC14, CTC23 e CTC24. Essas duas últimas variedades,
devido ao seu lançamento recente, ainda não figuram nos
rankings com grande representatividade em área, mas
a CTC23 já surpreende em regiões de déficit hídrico e a
CTC24 se destaca pela ótima brotação de soqueira. Mais
consolidadas, a CTC6 chega a produzir até 200 toneladas de
cana por hectare em ambientes favoráveis e a CTC14 destacase pela longevidade e rápido crescimento.
Além dessas variedades mais difundidas nas principais
regiões produtoras do Centro Sul, o CTC conta ainda com
lançamentos regionalizados, desenvolvidos para atender às
necessidades locais. A Série 9000 e a CTC25 foram as primeiras
variedades lançadas desenvolvidas usando-se o conceito de
melhoramento genético regional e que, após grande sucesso
em seu lançamento, estão sendo testadas também em
outras regiões. A Série 9000 foi desenvolvida para ocupar os
ambientes mais restritivos do cerrado brasileiro enquanto a
CTC25 foi concebida a partir do posicionamento nos solos de
baixa fertilidade do Paraná. Ambas estão sendo testadas em
regiões como Araçatuba, Piracicaba e Ribeirão permitindo a
ampliação de opções para essas regiões.
13
As figuras de 13 a 16 mostram a distribuição das variedades
CTC nos quatro principais Estados produtores do Brasil.
Algumas variedades como CTC15, CTC4, CTC2 e CTC9 já
estão disseminadas em todos os Estados, mas é interessante
destacar alguns materiais com aproveitamento específico
para cada Estado. Nesse caso podemos citar a CTC20 em São
Paulo, CTC18 em Goiás e a CTC14 em Minas Gerais.
São Paulo
CTC15
CTC2
CTC4
CTC4
CTC9
CTC9
13%
CTC17
CTC7
37%
CTC15
16%
25%
CTC2
Goiás
16%
CTC17
16%
8%
3%
CTC7
CTC20
11%
4%
Outras
6%
3%
CTC20
6%
Outras
9%
Figura 13 – Porcentagem de área plantada entre as principais variedades CTC
no Estado de São Paulo. Fonte: Censo CTC
12%
Figura 14 – Porcentagem de área plantada entre as principais variedades CTC
no Estado de Goiás. Fonte: Censo CTC.
Minas Gerais
CTC15
Paraná
CTC15
30%
CTC2
25%
CTC9
CTC7
CTC20
Outras
35%
CTC2
CTC4
CTC17
15%
CTC4
20%
CTC9
10%
CTC17
CTC7
3%
CTC20
4%
4%
14%
9%
Outras
8%
4%
4%
5%
13%
11%
Figura 15 – Porcentagem de área plantada entre as principais variedades CTC
no Estado de Minas Gerais. Fonte: Censo CTC.
Figura 16 – Porcentagem de área plantada entre as principais variedades CTC
no Estado do Paraná. Fonte: Censo CTC.
Ainda destacam-se neste portfólio algumas variedades
de nicho que, quando bem manejadas e posicionadas,
apresentam resultados expressivos configurando verdadeiros
casos de sucesso, como pode ser verificado na página ao lado.
Para os próximos anos são esperados novos materiais
provenientes do melhoramento regionalizado e a partir de
2017 os lançamentos comerciais de variedades desenvolvidas
com uso de biotecnologia, por meio de marcadores
moleculares que facilitam e aumentam ainda mais a precisão
da seleção de características desejáveis e a utilização de genes
modificados para conferir resistência à insetos, à seca e uma
altíssima produção de açúcares. Com esses lançamentos o
CTC espera contribuir de maneira muito significativa para os
ganhos produtivos do setor, estando sempre na vanguarda
da tecnologia para entregar retornos cada vez maiores ao
mercado mundial de açúcar e etanol.
14
CTC 19 é variedade destaque na região do Vale do
Paranapanema e Paraná
“Reconhecida pelo seu porte ereto e alto teor de açúcar, a variedade apresentou altos
índices de produtividade quando comparada às demais.”
“Para nós foi uma boa surpresa checar os indicadores da
CTC19 nas últimas safras”. Foi com essa afirmação que Carlos
Arruda, gerente agrícola da Usina Dacalda, localizada em
Jacarezinho/SP, na divisa entre São Paulo e Paraná, iniciou a
conversa. O profissional, com anos de experiência no setor,
se surpreendeu com os altos índices de ATR que a variedade
tem entregado.
“Chegamos a observar no terceiro corte um valor de 4,9
toneladas de ATR (açúcar) por hectare superior à
outra variedade plantada na usina”, completa o gerente.
Esse indicador pode significar ganhos aproximados de
R$ 4.500,00/ha considerando o preço do kg do açúcar.
Constatando que o investimento vale a pena, Arruda planeja
aumentar o percentual de plantio da variedade na Usina
Dacalda. “Ela é uma cana que facilita a colheita, por ter porte
ereto e está provando seu investimento. Há a possibilidade
de ser uma das canas mais produtivas da usina”, finaliza.
POSICIONAMENTO DA VARIEDADE E MANEJO ADEQUADO FAZEM A DIFERENÇA
Posicionada corretamente para ambientes de alto potencial
produtivo, com aplicação de adubação adequada e torta
de filtro, a variedade tem se mostrado bem adaptada às
condições do clima local (frio e úmido). “No caso específico
dessa safra, com a seca atípica que tivemos, todas as
variedades sofreram impacto. Contudo, a CTC19 ainda se
manteve acima da média com relação à produtividade”,
comenta Arruda.
Outro ponto importante é o período de colheita observado.
“No caso dessa variedade, o indicado é fazer a colheita do
meio para o final de safra, como variedade tardia”, explica
Felipe Andrade, representante técnico de vendas do CTC na
região.
Andrade lembra ainda que a produtividade e crescimento
da usina são consequências de um bom planejamento.
“Variedade de cana-de-açúcar é tecnologia e, como tal, deve
ser bem aproveitada para obter os melhores resultados.
E isso só é possível cuidando de todos os pontos do tripé:
manejo adequado, variedade moderna e responsiva, e bem
posicionada. Esse é o segredo do sucesso.”
Comparativo de TAH (toneladas de açúcar por hectare) por estágio de corte
Safra 11/12 a 14/15
25
20
15
22,0
18,0
16,0
14,0
15,0
13,0
12,0
10,0
10
5
0
2011/2012
2012/2013
2013/2014
2014/2015
Ano/ 1/2
2c
3c
4c
CTC19
Fonte: Relatório PIMS Dacalda
SP80-3280
15
CTC - CENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA
+55 19 3429-8199
[email protected]
www.ctc.com.br
facebook.com.br/ctcanavieiraTCANAVIEIRA
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REVISTA Safra 2013/14 - Brasil