SEPSE E CHOQUE SÉPTICO NO PERÍODO NEONATAL¹
SILVA, Mariana Moura da²; MORISSO, Tayane dos Santos³
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Resumo
A sepse neonatal e a síndrome da resposta inflamatória sistêmica, que antecede o choque
séptico, se manifestam como um estado não específico, o que pode retardar o diagnóstico
precoce do choque séptico, razão pela qual a mortalidade desta condição permanece
elevada. Abordar a temática no contexto infantil torna ainda mais difícil o entendimento
desta complexa rede. O presente estudo teve como objetivo descrever sepse e choque
séptico neonatal bem como suas causas e estabelecer os parâmetros para o
reconhecimento do quadro a partir da sintomatologia específica. Compreender e enfatizar o
papel da enfermagem e da mãe na prevenção e tratamento. Para o delinear metodológico
utilizou-se a pesquisa bibliográfica com a busca de dados atuais sobre a temática nos
bancos de dados referentes à enfermagem. Conclui-se ao término desta que o choque
séptico no recém-nascido diferencia-se de forma marcante do adulto, fazendo com que
expressões técnicas de entendimento sobre tal diferenciação sejam mais trabalhadas pelos
profissionais da saúde.
Palavras-chave: Sepse; Choque; Sepse Neonatal; Choque Séptico, SIRS.
Abstract
The neonatal sepsis and systemic inflammatory response syndrome, which precedes the
septic shock, manifested as a non-specific, which may delay the early diagnosis of septic
shock, which is why the mortality of this condition remains high. Addressing the issue in the
context child makes it even more difficult to understand this complex network. This study
aimed to describe neonatal sepsis and septic shock as well as its causes and establish the
parameters for the recognition of the frame from the specific symptoms. Understand and
emphasize the role of nursing and mother in the prevention and treatment.
To outline the methodology used to search literature with current data on the subject in the
databases related to nursing. It was concluded at the end of the septic shock in the newborn
1
differs markedly to the adult, making the technical understanding of this distinction are over
worked and by health professionals.
Keywords: Sepsis; Shock; Neonatal Sepsis; Septic Shock; SIRS.
__________________________________________________________________________
¹Trabalho desenvolvido no Curso Técnico em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano –
UNIFRA.
²Apresentador. Técnica em Enfermagem. Acadêmica do Curso de Enfermagem do Centro
Universitário Franciscano – UNIFRA.
³Enfermeira.Técnica em Enfermagem. Orientadora do trabalho.
making the technical understanding of this distinction are over worked and by health
professionals.
Keywords: Sepsis; Shock; Neonatal Sepsis; Septic Shock; SIRS.
1. INTRODUÇÃO
As infecções fazem parte da história da civilização, porém com a criação de locais de
atenção
aos
doentes,
posteriormente
denominados
hospitais,
os
microrganismos
encontraram um ambiente propício para a proliferação e grande facilidade de acesso aos
indivíduos enfermos.
A sepse caracteriza-se como uma resposta inflamatória sistêmica a uma infecção, a invasão
de patógenos na corrente sanguínea, sendo estes geralmente bactérias, enquanto a sepse
fungica é mais comum em pré-termos de muito baixo peso ou pré-termos extremos.
Mesmo com todos os avanços tecnológicos e das condições de higiene e de desinfecção a
sepse mantém-se com altos índices de morbidade e mortalidade, principalmente infantil.
Segundo Carvalho¹ et al (2010, p. 591) a sepse grave e sua evolução para choque séptico é
a causa mais frequente de óbitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) brasileiras.
Sendo por si uma patologia grave que envolve dificuldades de tratamento e na confirmação
de um diagnóstico preciso e precoce, ocorrendo em um organismo ainda sem um sistema
imunológico adequado e eficaz, oferece riscos ainda maiores.
2. OBJETIVO
Descrever sepse e choque séptico neonatal bem como suas causas e estabelecer os
parâmetros para o reconhecimento do quadro a partir da sintomatologia específica.
Compreender e enfatizar o papel da enfermagem e da mãe na prevenção e tratamento.
2
3. METODOLOGIA
Caracteriza-se como revisão bibliográfica temática e de atualização onde, a definição do
tema, as questões de pesquisa, objetivos e sua implementação são atividades a serem
desenvolvidas e estão concomitantemente ligadas ao trabalho cotidiano (Trentini² M; Paim²
L, 1999). Para tal, foi realizado um levantamento bibliográfico em periódicos de
Enfermagem, dispostos nos bancos de dados, bem como nos acervos da biblioteca do
Centro Universitário Franciscano – UNIFRA.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA OU SIRS
A Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS ou SIRS) é a resposta inflamatória
sistêmica do sistema imunológico a uma infecção caracterizada pelo aumento da frequência
cardíaca e respiratória, hipertermia (temperatura corporal acima de 37,2°C) ou hipotermia
(temperatura corporal abaixo de 35,2°C). Este conceito de SIRS nem sempre se aplica
dessa forma, existem outros fatores capazes de desencadear uma resposta inflamatória
sem a ocorrência de infecção prévia. Segundo Brierley³ et al (2009, p 37) e Meadow4 W,
Rudinsky4 B. (1995, p. 519) há diversos promotores da síndrome da resposta inflamatória
sistêmica (SIRS) no período neonatal imediato, tais como: parto traumático, asfixia perinatal
grave, erros inatos do metabolismo, procedimentos cirúrgicos, entre outras condições que
também são responsáveis pela liberação de mediadores inflamatórios, e estes orquestrarão
a cascata de eventos pró-inflamatórios, que culmina no choque séptico. A figura 1
apresentada abaixo representa a evolução da infecção prévia até seu estágio mais grave,
choque séptico.
Figura 1. Brilli5 RJ, Goldstein5 B. Pediatric sepsis definitions: past, present, and future.
Pediatr Crit Care Med. 2005:6(3 Suppl):S6-8.
4.2 SEPSE NEONATAL
3
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), nascem em média 130 milhões de
recém-nascidos anualmente e destes cerca de 4 milhões morrem, sendo a infecção a causa
de 36% desses óbitos (Lawn6 JE, Cousens6 S, Zupan6 J, 2005, p. 891).
Os altos índices de mortalidade em casos de sepse neonatal se deve muito a rápida
evolução da doença somada à dificuldade de diagnóstico e manejo adequado. A percepção
precoce dos sinais e sintomas através da observação principalmente pela que equipe de
enfermagem que está 24h em contato com o neonato é a forma mais importante e eficaz de
se realizar um diagnóstico preciso e precoce, devido ao fato de que a sepse ocorre como
um estado inespecífico, onde os sinais e sintomas são comuns a outras condições. Os
sinais e sintomas que chamam a atenção para a possibilidade de sepse e choque séptico se
manifestam subitamente e evoluem rapidamente, os mais frequentemente achados são
hipotermia ou hipertermia, desconforto respiratório, apnéias, letargia, icterícia, palidez,
distensão abdominal, taquicardia ou bradicardia e perfusão periférica reduzida, sinais como
nistagmo e coma indicam a extensão da sepse para o sistema nervoso central.
A sepse neonatal pode ser classificada como precoce ou tardia, sendo precoce por ocorrer
nos primeiros seis dias de vida podendo apresentar sinais no momento do parto ou nas
primeiras 48hs de vida e tardia ocorrendo após a primeira semana de vida relacionando-se
mais com um patógeno proveniente do próprio ambiente hospitalar.
Definimos os fatores de risco para a sepse precoce como sendo:
- sexo masculino: não há ainda estudos que comprovem o porquê, porém alguns artigos
trazem a possibilidade de haver um fator genético ligado ao sexo que o tornara mais
sensível a infecções;
- prematuridade: a prematuridade se faz um fator de risco pela imaturidade do sistema
imunológico que apresenta quimiotaxia lenta e também a própria pele, sendo mais
permeável menos ácida facilitando a invasão de bactérias.
- trabalho de parto prolongado: os repetidos exames de toque para verificar a dilatação
facilitam a ascensão dos microrganismos para a cavidade uterina;
- infecção urinária materna: infecções urinárias recorrentes causam um risco mais elevado
de prematuridade e sepse, pois o microrganismo pode atingir o líquido amniótico e invadir o
feto sendo as membranas íntegras ou não;
Muitos desses fatores de risco podem ser minimizados com uma assistência pré-natal
adequada, destaca-se a importância de orientar a gestante para comparecer nas consultas
4
e seguir os cuidados básicos necessários a uma boa evolução da gestação a fim de prevenir
complicações e dificuldades intra e pós-parto.
Os fatores de risco para a sepse tardia são diferenciados e dependem do manejo com o
neonato, são eles:
- ventilação mecânica prolongada;
- contaminação de nutrição parenteral;
- cateter venoso central;
Quando há risco ou já uma suspeita de sepse no neonato são feitos exames laboratoriais de
triagem, como hemograma, proteína C reativa, RX de tórax, exame de líquor completo,
parcial de urina e cultura, devido ao tempo de espera para os resultados ser maior que o
desejado ou possível de aguardar é necessário que se comece com antibióticoterapia
empírica. Segundo Amorim7 M(2009) faixa etária e grau de desnutrição foram fatores de
risco e de pior prognóstico nos quadros de sepse. Ressalta-se também a importância de
prestar uma assistência não somente clínica e restrita ao paciente, mas também prestar
suporte emocional aos familiares. A partir disto enfatizamos a importância da humanização
na enfermagem.
4.3 CHOQUE SÉPTICO
O choque séptico caracteriza-se por sepse grave somada a disfunção cardiovascular que se
mantém apesar da infusão de volume, hipotensão, resistência vascular periférica bastante
elevada e hipoperfusão das extremidades.
O tempo é extremamente importante no tratamento do choque séptico, é necessário haver
uma conduta previamente planejada de medidas a serem instituídas nos casos de choque
séptico neonatal. O tratamento do choque séptico se dá com reposição volêmica de solução
fisiológica ou Ringer Lactato, concentrado de hemácias conforme os níveis de hemoglobina,
solução glicosada, respeitando os limites de infusão conforme a idade gestacional do
neonato além do tratamento medicamentoso feito através de vasopressores e inotrópicos
associados para restaurar a perfusão periférica. Os fármacos mais usados são Dopamina,
Naxolona, Epinefrina, Dobutamina e Milrinona.
5. CONCLUSÃO
Neste estudo constata-se que devido à rápida da evolução da patologia para choque séptico
torna-se imprescindível o adequado preparo e treinamento dos profissionais responsáveis
5
pelo tratamento e cuidados com o neonato doente, bem como incentivar estudos e
pesquisas de forma a tentar desenvolver uma série de medidas a serem tomadas o mais
rápido possível quando constatados sinais de sepse e choque séptico. Algumas instituições
hospitalares adotaram uma campanha chamada Sobrevivendo a Sepse desenvolvida pelo
Instituo Latino Americano para Estudos da Sepse (ILAS) que visa criar indicadores de
qualidade assistencial, dentro da adoção desta campanha há uma ficha de triagem a ser
preenchida pelos profissionais da enfermagem e medicina identificando sintomatologia e a
evolução da doença, o que é um ponto a ser estudado para adoção nas instituições
hospitalares.
O campo de pesquisa em neonatologia é vasto, porém os dados e fontes de pesquisa são
menos abundantes em relação ao tratamento medicamentoso e manejo adequado com o
neonato.
REFERENCIAL
1. Carvalho RH, Vieira JF, Filho PPG, Ribas RM. Sepse, sepse grave e choque séptico:
aspectos clínicos, epidemiológicos e prognósticos em pacientes de Unidade de Terapia
Intensiva de um Hospital Universitário. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical. 2010, 43(5): 591-593.
2. Trentini M, Paim L. Pesquisa em Enfermagem: uma modalidade convergente assistencial.
1ª ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999.
3. Brierley J, Carcillo JA, Choong K, Cornell T, Decaen A, Deymann A et al. Clinical practice
parameters for hemodynamic support of pediatric and neonatal septic shock: 2007 update
from the American College Of Critical Care Medicine. Crit Care Med. 2009; 37(2): 666-88.
Erratum in: Crit Care Med. 2009; 37(4):1536. Skache, Sara [corrected to Kache, Saraswati];
Irazusta, Jose [corrected to Irazuzta, Jose].
4. Meadow W, Rudinsky B. Inflammatory mediators and neonatal sepsis. Rarely has so little
been known by so many about so much. Clin Perinatol. 1995; 22(2): 519-36.
5. Brilli RJ, Goldstein B. Pediatric sepsis definitions: past, present, and future. Pediatr Crit
Care Med. 2005:6(3 Suppl):S6-8.
6. Lawn JE, Cousens S, Zupan J. Lancent Neonatal Survival Steering Team. 4 million
neonatal deaths: When? Where? Why Lancent. 2005:365(9462):891-900.
7. Amorim MS. Sepse. Pediatria, Hospital Regional da Asa Sul 2009.
6
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