TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DOUGLAS RENE ROCHA SILVA
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO DA
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM TRABALHADORES
EXPOSTOS ÀS EMISSÕES VEICULARES DA AV.
RADIAL LESTE, SÃO PAULO
São Paulo – SP
2014
S579a
SILVA, Douglas Rene Rocha.
Avaliação do potencial genotóxico da poluição atmosférica em
trabalhadores expostos às emissões veiculares da Av. Radial Leste,
São Paulo / Douglas Rene Rocha Silva. São Paulo: [s.n.], 2014.
84 f. : il.
Orientadora: Profª. Dra. Martha Cristina Motta Godinho Netto.
Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) - Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, IFSP, 2014.
1. Poluição do atmosférica
2. Biomonitoramento
3.Micronúcleos da mucosabucal
4. Amostradores passivo
I. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo
II Título
CDU 573.0
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DOUGLAS RENE ROCHA SILVA
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO DA
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM TRABALHADORES
EXPOSTOS ÀS EMISSÕES VEICULARES DA AV.
RADIAL LESTE, SÃO PAULO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Licenciatura
em Ciências Biológicas do Instituto
Federal de Educação Ciência e
Tecnologia, Campus São Paulo como
um dos requisitos à obtenção do título
de Licenciado em Ciências Biológicas
Orientadora: Martha Cristina Motta Godinho Netto
Co-orientadora: Regiani Carvalho de Oliveira
São Paulo – SP
2014
BANCA DE AVALIAÇÃO
____________________________________________
Orientador
Profa. Dra. Martha Cristina Motta Godinho Netto
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo
/Biologia/CTT/Biologia
____________________________________________
Membro Titular Externo
Dra. Nilsa Regina Damaceno Rodrigues
Universidade de São Paulo
/Investigação médica – HC - FMUSP
____________________________________________
Membro Titular Interno
Profa. Dra. Renata Duarte de Souza Rodrigues
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo
/Biologia/CTT/Biologia
____________________________________________
Suplente Externo
Dra. Mariângela Macchione
Universidade de São Paulo/Laboratório de Poluição Atmosférica
Experimental/Patologia
____________________________________________
Suplente Interno
Prof. Dr. Flávio Krzyzanowski Júnior
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo
/Biologia/CTT/Biologia
São Paulo, 21 de maio de 2014
Dedico esse trabalho:
As minhas orientadoras, Regiani Carvalho
e Martha Godinho, pelo empenho e
dedicação durante a execução do projeto
e de minha graduação.
Aos meus pais, minha companheira e
meus amigos, pelo apoio, carinho e
compreensão nos momentos mais difíceis
dessa caminhada.
AGRADECIMENTOS
Aos voluntários que participaram do estudo, por dedicar parte do seu tempo
de trabalho para colaborar com a pesquisa, mesmo sem receber nenhuma
gratificação.
Á equipe do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (Regiani Carvalho; Mariângela
Macchione; Tiana Moreira; Pâmela Almeida; Glauco Bonaldo; Bianca Garcia e Luiz
Amato), pelo apoio e dedicação na preparação do projeto, coleta e análise dos
materias aqui apresentado.
Aos professores do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de
São Paulo, em especial aos professores Flávio Krzyzanowski, Renata Duarte,
Audrey Paíva, Paulo Henrique, Fernanda Cangerana, Lucia Collet, Pedro Miranda e
Martha Godinho pelo empenho e dedicação à prática docente, mostrando aos
alunos que ensinar é mais do que transmitir o conhecimento.
Ao Centro de Física Atômica da Universidade de Lisboa, em especial à
Professora Maria Luisa de Carvalho e à professora Martha Manso, pelo apoio e
dedicação durante minha estada na instituição.
À Doutora Nilsa Regina Damaceno Rodrigues, pelo treinamento e subsídio À
execução do teste de micronúcleos na mucosa oral.
Á patologista Maria Eugenia Carretero, pelo treinamento e ajuda na leitura
dos micronúcleos.
As minhas grandes amigas, Eveline Duarte, Mayara Rosane, Pâmela Souza,
Bruna Domingues, Nathália Paris, Rita Imai, Jéssica Puerta, Carolina Espolaor,
Tiana Moreira, Sônia Soares e Selma Oliveira, pelo apoio durante essa caminhada.
Ao Professor Doutor Paulo Hilário do Nascimento Saldiva, por incentivar e
acreditar no desenvolvimento da ciência e em sua utilidade para melhorar a
qualidade de vida dos menos favorecidos.
Á Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo, pelo incentivo
financeiro concedido, por meio da bolsa de estudo regular, bolsa BEPE e reserva
técnica, que viabilizou a execução deste projeto.
“Que os vossos esforços desafiem
as impossibilidades; lembrai-vos de
que as grandes coisas do homem
foram conquistadas do que parecia
impossível.”
Charles Chaplin
RESUMO
Inúmeros estudos têm evidenciado que a exposição à poluição do ar está
associada ao aumento da morbidade e da mortalidade por doenças respiratórias,
cardiovasculares, infecciosas e câncer de pulmão. Em 2012, os poluentes
atmosféricos de origem externa foram responsáveis pela morte prematura de 2,6
milhões de pessoas no mundo. Diversos estudos epidemiológicos globais realizados
na última década atribuem à exposição crônica apenas ao material particulado fino
(MP2,5) cerca de 3% dos óbitos por doenças cardiopulmonares, 5% dos cânceres de
pulmão e 3% de óbitos em crianças com até cinco anos de idade. Neste estudo
objetivou-se avaliar os efeitos genotóxicos da poluição atmosférica de origem
veicular ao longo da Av. Radial Leste. Para essa avaliação, foi utilizado o teste de
micronúcleos em células da mucosa oral - MCN-oral, o teste de bioacumulação em
cascas de árvores e dados do monitoramento automático da poluição atmosférica,
realizado pela CETESB. A população de estudo foi composta por 60 voluntários de
ambos os sexos, com idade de 19 a 56 anos. Trabalhadores atuantes em ambientes
internos (escritórios, academias e escolas) e externos (comércio de rua), distribuídos
em três pontos ao longo da Av. Radial Leste, e um grupo controle, localizado no
Clube da Mooca. Resultados parciais não conclusivos, evidenciam que
independente do grupo estudado, a população está exposta a elevadas
concentrações de poluição atmosférica. Analisado os índices de MCN-oral, por
grupo, notou-se que os voluntários pertencentes aos grupos externos apresentam
índices de MCN-oral superior aos identificados nos voluntários de ambientes
internos. Verificou-se, uma tendência de aumento nos índices de MCN-oral nos
grupos mais próximos ao centro da cidade de São Paulo (Parque Dom Pedro e
Carrão), independente do grupo ser interno ou externo. O grupo controle (interno e
externo) apresentou índices de MCN-oral, mais baixos que os encontrados nos
grupos localizados, diretamente na Av. Radial Leste. Esses resultados reforçam a
necessidade de estudos que utilizem metodologias alternativas de monitoramento
ambiental para identificar os efeitos da poluição atmosférica em microescala, visto
que o monitoramento convencional da poluição atmosférica, não consegue
identificar tais efeitos.
ABSTRACT
Currently there are strong evidences that chronic exposure to air pollution is
associated with increased of mortality due to respiratory, cardiovascular, infectious
diseases, lung cancer, and morbidity with exacerbation in patients with chronic
diseases such as asthma, DPOC, cardiac, rhinitis and other. Epidemiological studies
have shown that the risk associated with traffic emissions are higher for people who
live or work near the highway vehicular traffic. So the objective was to evaluate the
genotoxic effects of air pollution from vehicular origin along the Radial Leste Avenue,
in a population of 60 volunteers directly and indirectly exposed to air pollutants. For
this evaluation, the MCN -oral test was used to test for bioaccumulation in tree barks,
and data from the automatic monitoring of air pollution, conducted by Cetesb. The
study population consisted of 60 volunteers of both sexes, aged 19-56 years. Active
workers in indoor environments (offices, gyms and schools) and external (street
vending), distributed in three points along the Radial Leste Avenue, and a control
group, located in the Mooca club. Partial results are not conclusive, they show that
independent of the group studied, the population is exposed to high concentrations of
air pollution. Examined the rates of MCN -oral, per group, it was noted that volunteers
belonging to foreign groups had rates of MCN -oral, superior to those identified in
volunteers for indoor environments. Also there was a trend of increased rates of MCN
-oral, the closest to the city of São Paulo (Parque Dom Pedro and Carrão) center
groups, whether the group be internal or external. The control (internal and external)
group showed lower oral MCN rates than found in the groups located directly on
Avenida Radial Leste. These results reinforce the need for studies that use
alternative methodologies for environmental monitoring, to identify the effects of air
pollution on micro - scale. Since the conventional atmospheric pollution monitoring,
cannot identify it.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 15
2.1 PRINCIPAIS FONTES E TIPOS DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ....................................... 15
2.2 HISTÓRICO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ................................................................. 16
2.3 DIRETRIZES MUNDIAIS PARA OS POLUENTES ATMOSFÉRICOS ................................... 17
2.3.1 Organização Mundial da Saúde ................................................................... 17
2.3.2 Estados Unidos - EUA ................................................................................... 18
2.3.3 Europa ............................................................................................................. 20
2.3.4 Brasil ............................................................................................................... 22
2.3.4.1 Monitoramento da qualidade do ar na cidade de São Paulo................... 23
2.4 EFEITOS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA SAÚDE HUMANA ....................................... 25
2.5 MONITORAMENTO DE DIÓXIDO DE NITROGÊNIO COM AMOSTRADORES PASSIVOS ........ 29
2.6 BIOMONITORAMENTO ............................................................................................. 29
2.6.1 Teste de Micronúcleo em Células da Mucosa Bucal – MCN-oral .............. 30
2.6.2 Teste de Bioacumulação em Folhas de Árvores ......................................... 32
3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 34
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................ 34
3.2 CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO DA POPULAÇÃO DE ESTUDO ......................................... 35
3.2.1 Aplicação dos Questionários de saúde ....................................................... 36
3.3 COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO – MCN-ORAL .................................................... 37
3.3.1 Método de Coloração PAS e contra coloração AB “Peridoc Acid Schiff e
Alcian Blue” ............................................................................................................ 37
3.3.2 Análise das lâminas de MCN-oral ................................................................. 39
3.4 ANÁLISE DE EESPECTROMETRIA DE FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X – FRXDE ............. 40
3.5 ANÁLISE QUANTITATIVA DE DIÓXIDO DE NITROGÊNIO POR AMOSTRAGEM PASSIVA ..... 44
3.6 MONITORAMENTO ANÁLITICO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ...................................... 46
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ......................................................................... 46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 48
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE ESTUDO ...................................................... 48
4.2 ÍNDICE DE MCN-ORAL EM CÉLULAS DA MUCOSA ORAL ............................................ 51
4.3 CONCENTRAÇÃO DE ELEMENTOS-TRAÇOS EM FOLHAS DE ÁRVORES ........................ 53
4.4 CONCENTRAÇÃO DE DIÓXIDO DE NITROGÊNIO POR AMOSTRAGEM PASSIVA ................ 59
4.5 DADOS DO MONITORAMENTO AUTOMÁTICO REALIZADO NA CIDADE DE SÃO PAULO ... 60
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 64
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 65
ANEXOS ...................................................................................................................... 76
ANEXOS A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.................. 77
ANEXOS B - CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA .......................... 80
ANEXOS C - AUTORIZAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ................... 81
ANEXOS D - PROTOCOLO EXPERIMENTAL DE NO2 PASSIVO............................. 83
11
INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, poluição
atmosférica é toda e qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em
quantidade suficiente para tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde (WHO,
2006). Desta forma, o controle de emissões atmosféricas é de extrema relevância
para garantir a qualidade de vida nas cidades (WHO, 2006). Estudos ratificam que a
exposição à poluição do ar está associada ao aumento da morbidade e da
mortalidade por doenças respiratórias, cardiovasculares, infecciosas e câncer de
pulmão (MARTINS et al., 2003; WHO, 2006; LOMBARDI et al., 2010). Em 2012,
segundo dados da WHO, os poluentes atmosféricos de origem externa foram
responsáveis pela morte prematura de 3,7 milhões de pessoas no mundo, o que
representa um acréscimo de 30% no número de óbitos registrados em 2011 quando
se contabilizou 2 milhões de óbitos prematuros associados diretamente aos
poluentes atmosféricos (WHO, 2014). Neste cenário, estimativas para 2050, colocam
os poluentes atmosféricos, principalmente o Ozônio (O3) e o Material Particulado
(MP), em posição de destaque, pois atribuem a esses poluentes elevados risco de
morte, superando as mortes por malária, consumo de água insalubre e falta de
saneamento
básico
(OECD,
2011;
VORMITTAG
et
al.,
2013).
Estudos
epidemiológicos globais realizados na última década atribuem à exposição crônica
apenas ao material particulado fino (PM2,5) cerca de 3% dos óbitos por doenças
cardiopulmonares, 5% dos cânceres de pulmão e 3% de óbitos em crianças com até
cinco anos de idade (COHEN et al., 2005; DANAEI et al., 2005 e LOMBARDI et al.,
2010).
No Brasil, apesar das limitações dos dados ambientais e de estudos que
incorporem variação do clima e da exposição em diferentes regiões do país, estimase em 13 mil o número de óbitos por ano associados ao material particulado
(PRUSS-USTUN, BONJOUR, CORVALAN, 2008). Entretanto, estudos recentes do
Instituto Saúde e Sustentabilidade estima que o número de óbitos seja ainda maior,
já que foram registrados apenas no estado de São Paulo 17.443 óbitos decorrentes
da poluição atmosférica, sendo 7.932 registrados na região metropolitana do estado
de São Paulo e 4.655 registrados na capital paulista (VORMITTAG et al., 2013).
Atualmente, a principal fonte emissora de poluentes atmosféricos nos
grandes centros urbanos e amplamente relatada em artigos científicos nacionais,
internacionais e nos inventários de emissões atmosféricas é derivada do tráfego
12
veicular (CETESB, 2012). Porém, a poluição atmosférica não atinge a população de
forma homogênea, já que os poluentes, além de apresentarem diferentes níveis de
toxicidade, também apresentam grande variação temporal e espacial. A variedade é
determinada por fatores como: fonte emissora (se natural ou antropogênica),
qualidade do combustível e processos de combustão (JARRET et al., 2009). Outro
aspecto importante se refere aos processos de dispersão dos poluentes
atmosféricos, que são determinados por condições climáticas (temperatura,
velocidade e direção de ventos, intensidade luminosa, precipitação) e topográficas
da área (GAUDERMAN et al., 2004). Entretanto, os efeitos adversos dos poluentes
atmosféricos, de uma forma geral, manifestam-se com maior intensidade em
crianças, idosos e pessoas com alguma comorbidade (doenças respiratórias,
cardiovasculares etc.) ou baixa imunidade (LOMBARDI et al., 2010; VORMITTAG et
al., 2013).
Contudo os efeitos da poluição não estão restritos somente à esses grupos.
Pesquisas na área da saúde respiratória indicam que pessoas que residem ou
trabalhe próximas às fontes emissoras de poluentes atmosféricos, sejam elas
estacionárias ou móveis, incluindo as vias de intenso tráfego veicular, estão
expostas a um maior gradiente de poluentes atmosféricos e possuem maior risco
atribuído de desenvolver algum tipo de doença relacionado à poluição do ar (WHO,
2005; CARNEIRO et al., 2011; HALDERMANN et al., 2010).
Com 11 milhões de habitantes, a cidade de São Paulo é o maior centro
urbano do Brasil e o mais importante polo industrial e comercial da América Latina
(IBGE 2010). São Paulo é uma cidade de contrastes, possuindo bairros com
infraestrutura e condições socioeconômicas típicas de países desenvolvidos,
enquanto que em outros bairros, geralmente periféricos, há carência do mínimo em
infraestrutura para a sobrevivência (IBGE, 2010). Segundo a Companhia Ambiental
do Estado de São Paulo (CETESB), o município de São Paulo tem hoje o tráfego
veicular urbano como a principal fonte poluidora do ar. Anualmente são lançadas na
atmosfera da região metropolitana de São Paulo cerca de 33,78 mil toneladas de
CO; 26,75 mil toneladas de hidrocarbonetos (HC); 61,20 mil toneladas de NOX; 1,40
mil toneladas de MP; e 3,25 mil toneladas de SOX (CETESB, 2012).
Diante dessa carga de poluição, diversos autores afirmam que o aumento de
10ug/m3 de MP2,5 é responsável por elevar a mortalidade e aumentar o numero de
internações por problemas respiratórios e cardiovasculares, particularmente em
populações sensíveis como crianças, idosos e pessoas com alguma comorbidade,
(PEREIRA et al., 1998; BRAGA et al., 2001; MARTINS et al., 2002; LIN et al., 2004;
GOUVEIA et al., 2006; MENDES et al., 2011; SALDIVA et al., 2010; VORMITTAG et
al., 2013).
A qualidade do ar no município de São Paulo é monitorada pela CETESB,
que conta com 16 estações de monitoramento automático de qualidade do ar,
distribuídas principalmente na região central da cidade, o que deixa grande parte da
cidade desprovida de monitoramento ambiental. Desta forma, o monitoramento da
qualidade do ar no município de São Paulo não consegue atender toda a faixa
territorial urbana e, com isso, grande parte da população fica desprovida de
monitoramento ambiental (SALDIVA et al., 2010 e VORMITTAG et al., 2013). Assim,
a busca por metodologias alternativas ao monitoramento da qualidade atmosférica,
realizado por estações de monitoramento automáticas, para identificar os efeitos
desses poluentes na saúde, tem sido feita com o uso de organismos vivos, que
respondem ao estresse a que são encontram submetido, por modificações nos ciclos
vitais ou pela acumulação de poluentes em seus sistemas (CARNEIRO et al., 2011).
A vantagem dessas metodologias baseia-se no baixo custo de instalação e
acompanhamento, ausência, em geral, de aparelhagem sofisticada de medição,
eficiência no monitoramento de áreas amplas e períodos longos de tempo; e
viabilidade de se avaliar elementos químicos presentes em baixas concentrações no
ambiente em estudo (CARRERAS; PIGNATA, 2001; HIATT, 1999; SUMITA, 2003).
Com população de aproximadamente três milhões de habitantes distribuídos
em diversos bairros e apenas três estações de monitoramento ambiental, a região
leste da cidade de São Paulo está caracterizada como uma das regiões onde mais
se registra problemas de saúde respiratória (VORMITTAG et al., 2013). A população
residente na região conecta ao centro da cidade diariamente por uma importante via
axial a av. Radial Leste. A av. Radial Leste possui 22,17 km de extensão e é
responsável por interligar a região extremo leste da cidade ao centro, atravessando
bairros com características socioeconômicas muito diferentes. Esta avenida suporta
intenso fluxo veicular, principalmente nos horários de pico (manhã e fim da tarde),
quando, segundo as últimas estimativas disponíveis da Companhia de Engenharia
de Tráfego (CET), trafegam por suas vias aproximadamente 40.992 veículos (CET,
2007).
A hipótese deste estudo é que a população que trabalha e/ou reside no
entorno da av. Radial Leste está exposta a maiores concentrações de poluição
atmosférica se comparada à população que trabalha e/ou reside mais distante desta
via e que não possua características similares.
Assim este projeto teve como objetivo avaliar os efeitos genotóxicos dos
poluentes atmosféricos, em uma população de 60 voluntários expostos diretamente
e indiretamente aos poluentes ao longo da av. Radial Leste, utilizando metodologias
alternativas de monitoramento ambiental.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 PRINCIPAIS FONTES E TIPOS DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Uma versão não poluída da atmosfera terrestre é composta principalmente
por 78% de nitrogênio diatômico (N2), 21% de oxigênio diatômico (O2), 1% de
argônio (Ar) e cerca de 0,04% de gás carbônico (CO2). Essa mistura de gases
permite que muitas reações de importância ambiental ocorram na atmosfera,
independentemente da atmosfera estar limpa ou poluída (BAIRD e CANN, 2011;
MOZETO, 2001). Entretanto, uma série de poluentes oriundos de diversas fontes
poluidoras podem contaminar a atmosfera, tornando o ambiente inadequado para os
seres humanos, além de impedir reações químicas importantes, e/ou acelerar
diversas reações químicas na atmosfera (BAIRD; CANN, 2011).
Segundo Baird e Cann (2011), as fontes de poluição atmosféricas podem ser
naturais, se as emissões ocorrerem por erupções vulcânicas ou qualquer outra fonte
natural, ou antropogênicas, quando a emissão ocorre a partir de indústrias ou de
veículos automotores, conforme ilustrado na figura 1 (BAIRD; CANN, 2011).
Figura 1 – Fontes naturais e antropogênica de poluição, e Características de poluentes primários e
secundários. Fonte: www.brookscole.com
A capacidade de regeneração da atmosfera reduz consideravelmente à
medida que a quantidade de emissões de poluentes cresce, seja com a
industrialização ou com o aumento do número de veículos automotores no planeta
(MOZETO; ANTONIO, 2001). Atualmente, inúmeros são os poluentes da atmosfera,
e de acordo com a CETESB (2013) podem ser distinguidos em dois tipos:
a) Poluentes primários - aqueles emitidos diretamente pelas fontes para a
atmosfera (por exemplo, os gases que provêm do tubo de escape de um
veículo automóvel ou de uma chaminé de uma fábrica) CO; NOx; NO 2; SO2
e partículas em suspensão;
b) Poluentes secundários - resultado de reações químicas que ocorrem na
atmosfera e onde participam alguns poluentes primários. Exemplo: O 3, o
qual resulta de reações fotoquímicas. (CETESB, 2013).
Entre os inúmeros poluentes lançados atualmente na atmosfera, os mais
preocupantes para os órgãos de saúde são os emitidos diretamente por fontes
móveis, visto que a poluição oriunda de fontes fixas, na maioria dos centros urbanos,
encontra-se praticamente controlada (CETESB, 2013).
2.2 HISTÓRICO DA POLUIÇÃO DO ATMOSFÉRICA
Com uma população mundial cada vez maior e a busca crescente da
população por bens e serviços, o homem foi obrigado a aumentar sua capacidade
de produção para atender às demandas de uma população em crescimento. Assim,
por volta de 1750, na Inglaterra, surgiram às primeiras fábricas, e com elas nasceu a
Revolução Industrial, que ocorreu entre 1750-1860 (OLIVEIRA, 2006). Esta
revolução trouxe diversas mudanças para o ambiente urbano local, no início
sufocando as cidades pela fumaça das máquinas a vapor que usavam o carvão
como combustível e, posteriormente, aquecendo as cidades pela queima de
combustíveis derivados do petróleo (OLIVEIRA, 2006). Entretanto, a preocupação
com os efeitos da poluição atmosférica na saúde começou em meados do século
XVIII e os efeitos dos poluentes atmosféricos na saúde humana só foram
amplamente descritos a partir da segunda metade do século XX (OLIVEIRA, 2006).
O primeiro registro ocorreu no Vale Meuse, na Bélgica. Essa região concentrava
muitas indústrias em 1930 e no inverno as condições meteorológicas sempre foram
desfavoráveis. Neste período foram registradas 60 mortes por doenças respiratórias,
número que foi considerado muito alto quando comparado aos dados dos anos
anteriores (FIRKET, 1931). Em 1948, a cidade de Donora, Pensilvânia, EUA, passou
por uma inversão térmica (presença do ar frio retido na camada inferior devido ao
seu maior peso de densidade) e 20 mortes por problemas respiratórios,
influenciados pela poluição gerada por indústrias locais, foram registrados nos
documentos oficiais (CIOCCO, 1961). Durante o inverno Londrino de 1952, também
pela ação de uma inversão térmica, os poluentes gerados pelas indústrias e pelos
aquecedores domésticos (que utilizavam carvão como combustível) formaram uma
nuvem, composta principalmente por material particulado e enxofre (com
concentração até nove vezes maiores que a média, para ambos os poluentes), que
permaneceu estacionada sobre a cidade por aproximadamente três dias. O
resultado foi o aumento de 4 mil, mortes em relação à média de óbitos em períodos
semelhantes (LOGAN, 1952).
No Brasil, o caso mais marcante dos efeitos sobre a saúde humana e dos
custos econômicos, sociais e ambientais da poluição atmosférica, ocorreu na cidade
de Cubatão, São Paulo. Nos anos 80, Cubatão era considerada uma das cidades
mais poluídas do mundo, chegando a ser conhecida como "Vale da Morte". Onde na
década de 80, 23 indústrias lançavam diariamente na atmosfera da região mais de
mil toneladas de gases e partículas tóxicas, e como consequência, verificou-se o
prejuízo na saúde respiratória e na qualidade de vida de seus habitantes (CETESB,
2012; OLIVEIRA, 2006).
A partir das descrições de episódios demonstrando a correlação entre
poluição atmosférica e problemas médicos ou ambientais, as autoridades de saúde
foram mobilizadas para regulamentar e controlar as emissões de poluentes
atmosféricos. Vários países estabeleceram diretrizes específicas sobre o assunto e,
junto com a Organização Mundial de Saúde (OMS), definiram padrões de emissão
de poluentes. Merecem destaque, neste trabalho, as diretrizes estabelecidas pelos
EUA, Europa, Brasil.
2.3 DIRETRIZES MUNDIAIS PARA OS POLUENTES ATMOSFÉRICOS
2.3.1 Organização Mundial da Saúde
Desde 1975 a OMS mantém um programa de apoio técnico aos países em
desenvolvimento para a implantação de programas de monitoramento de poluentes
atmosféricos (WHO, 1997). Esse programa define uma agenda de pesquisa em
saúde, responsável por estabelecer normas e padrões, articular as opções políticas
baseadas em evidências e fornecer apoio técnico aos países (WHO, 2005). Para a
OMS, a poluição atmosférica é um grave risco à saúde ambiental sendo responsável
por 3,2 milhões de mortes prematuras no mundo. Esses dados alarmantes reforçam
a urgente intervenção das autoridades públicas a nível nacional, regional e mesmo
internacional, pois, segundo a própria OMS, a redução dos níveis de poluição do ar
promoverá uma redução das doenças respiratórias, cardíacas e de câncer de
pulmão (WHO, 2014). Segundo a organização ar puro é considerado uma exigência
básica de saúde e bem estar. Neste cenário, novos dados sobre os efeitos adversos
da poluição atmosférica têm sido publicados na literatura científica e a OMS trabalha
para se certificar de que as evidências disponíveis são usadas no debate público e
na formulação de políticas públicas (WHO, 2014). A OMS estabelece metas
intermediárias para os países que têm níveis elevados de poluição atmosférica,
incentivando a redução gradual das emissões (WHO, 2005). A legislação atual
publicada pela OMS em seu Guideline de 2005 está apresentada na tabela 1.
Tabela 1 – Padrões de Qualidade do Ar da OMS
2.3.2 Estados Unidos - EUA
Na década de 1970, foi criada, nos Estados Unidos, a "Environmental
Protection Angency" (EPA), agência ambiental nacional responsável pelo controle da
qualidade do ar e pelo estabelecimento de padrões de concentração máxima para
seis poluentes atmosféricos (Material Particulado - MP, Dióxido de Enxofre – SO2,
Monóxido de Carbono - CO, Dióxido de Nitrogênio – NO2, Ozônio – O3 e Chumbo Pb). Posteriormente, estudos epidemiológicos realizados entre 1989 e 1996
indicaram
que
a
exposição
a
poluentes
atmosféricos
nas
concentrações
estabelecidas pela EPA continuava aumentando a morbidade e mortalidade de
pessoas com doenças respiratórias. Esses dados promoveram a revisão dos
padrões previamente estabelecidos para o material particulado. Em 1997, foram
propostos novos padrões para a qualidade do ar e novos limites para a
concentração de partículas finas (com diâmetro aerodinâmico menor que 2,5 µm)
(POPE et al., 2004). Atualmente, observa-se uma tendência dos Estados Unidos a
atualizar constantemente suas diretrizes a respeito das emissões de poluentes
atmosféricos considerando os estudos científicos realizados ao redor do mundo.
Desta forma, as atualizações referentes aos padrões de emissão atmosférica
ocorrem de cinco em cinco anos. Os atuais padrões de emissão atmosférica
publicados pela EPA para monóxido de carbono, chumbo, dióxido de nitrogênio,
material particulado, ozônio e dióxido de enxofre estão apresentados na tabela 2.
Tabela 2 – Padrões Estadunidenses de Qualidade do Ar
2.3.3 Europa
Em 1956, o Parlamento Inglês atribuiu às autoridades locais o controle das
áreas de maior risco de ocorrência e acúmulo de fumaça preta emitida pelas
chaminés das residências, obrigando e financiando a troca do sistema a carvão por
eletricidade, gás ou óleo diesel, além de regulamentar as emissões de enxofre e
fumaça preta pela indústria (BRAGA et al., 2002). No início dos anos 70, a União
Europeia (UE) reconheceu que vários danos à saúde humana eram causados pelas
altas concentrações de poluentes lançados na atmosfera (BRAGA et al., 2002). Em
1976, a Comossion of the European Communities (CEC) estabeleceu padrões para
a emissão de SO2, CO, NO2, PM e oxidantes fotoquímicos. Desde então a UE vem
adotando padrões cada vez mais rígidos para emissões atmosféricas, que subsidia
as atualizações das legislações dos diversos países europeus (BRAGA et al., 2002).
Em 1993, a União Europeia iniciou a implantação de uma série de ações visando à
melhoria da qualidade dos combustíveis utilizados em indústrias, veículos e
aquecimento doméstico (EUROPA, 2009). Uma das medidas adotadas pela União
Europeia propõe que os próprios postos de abastecimento colaborem na campanha
por um consumo consciente e alertem os consumidores que mudanças de hábitos
farão a diferença no uso eficiente dos combustíveis (EUROPA, 2009). Na tabela 3
estão apresentados os atuais padrões de emissão adotados pela União Europeia.
Tabela 3 – Padrões Europeus de Qualidade do Ar
2.3.4. Brasil
Com o progressivo aumento da frota veicular no Brasil, motivado pelo
incentivo à compra de veículos motorizados e o aumento da renda dos brasileiros, o
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) regulamentou os limites de
emissão veicular para carros novos, através da Resolução Nacional CONAMA N°18,
em 6 de maio de 1986. Essa resolução criou o Programa de Controle de Poluição do
Ar por Veículos Automotores (PROCONVE). O PROCONVE foi considerado um
marco regulatório no país por estabelecer limites máximos de emissão para veículos
novos, a partir de experiências iniciadas no estado de São Paulo, envolvendo a
indústria automobilística e a CETESB. O PROCONVE estabeleceu limites para: CO,
CHx, NOx, e teor de CO (OLIVEIRA, 2006; OLMO, 2011).
Com a implantação do PROCONVE houve uma redução na emissão de
diversos poluentes no município de São Paulo, entre 1998 e 2007, pelos veículos
novos (CETESB, 2005). Neste mesmo período, a CETESB relata que os índices de
ultrapassagens dos padrões de emissão dos poluentes monitorados foram
praticamente controlados no estado de São Paulo (CETESB, 2005). Na figura 2
observa-se o número de ultrapassagens dos padrões de PM10 na RMSP nos últimos
nove anos, onde é possível notar uma queda significativa no número de
ultrapassagens, especialmente em 2005 (CETESB, 2005).
Figura 2 – Número de ultrapassagens do PM10 em relação aos padrão de emissão na RMSP –
CETESB
2005.Fonte:<http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/qualidade-do-ar/31-publicacoes-e-relatorios
Atualmente os padrões brasileiros de emissão de poluentes atmosféricos
estão definidos na RESOLUÇÃO/CONAMA/N.º 003 de 28 de junho de 1990 estão
apresentados na tabela 4.
Tabela 4 – Padrões Brasileiros de Qualidade do Ar - CONAMA 03/1990
2.3.4.1 Monitoramento da qualidade do ar na Cidade de São Paulo
No estado de São Paulo a CETESB é o órgão responsável por monitorar a
qualidade atmosférica (CETESB, 2013). A CETESB possui estações medidoras
automáticas na região metropolitana da cidade de São Paulo, interior e litoral do
estado, além de estações móveis, que são utilizadas em estudos temporários. Essa
rede está ligada a uma central de computadores através do sistema de telemetria,
que registra ininterruptamente as concentrações dos poluentes na atmosfera. Esses
dados são disponibilizados de hora em hora na internet, e em boletim diário,
elaborado às 16 horas, apresentando a situação das últimas 24 horas (CETESB,
2013).
Em 2013, o Decreto Estadual nº 59113 estabeleceu a implantação dos
novos níveis de emissão veicular para o estado de São Paulo, implantados em
medidas gradativas conforme o observado na tabela 5.
Tabela 5 – A tabela a seguir apresenta os padrões de qualidade do ar estabelecidos no DE
nº 59113/2013, sendo que os padrões vigentes estão assinalados em vermelho.
Fonte: <http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-B?sicas/22-Padr?es-e-?ndices>
1 - Média aritmética anual.
2 - Média geométrica anual.
* Fumaça e Partículas Totais em Suspensão - parâmetros auxiliares a serem utilizados apenas em
situações específicas, a critério da CETESB.
** Chumbo - a ser monitorado apenas em áreas específicas, a critério da CETESB.
As Metas Intermediárias devem ser obedecidas em 3 (três) etapas, assim
determinadas:
a) Meta Intermediária Etapa 1 - (MI1) - Valores de concentração de
poluentes atmosféricos que devem ser respeitados a partir de 24/04/2013;
b) Meta Intermediária Etapa 2 - (MI2) - Valores de concentração de
poluentes atmosféricos que devem ser respeitados subsequentemente à
MI1, que entrará em vigor após avaliações realizadas na Etapa 1, reveladas
por estudos técnicos apresentados pelo órgão ambiental estadual,
convalidados pelo CONSEMA;
c) Meta Intermediária Etapa 3 - (MI3) - Valores de concentração de
poluentes atmosféricos que devem ser respeitados nos anos subsequentes
à MI2, sendo que o seu prazo de duração será definido pelo CONSEMA, a
partir do início da sua vigência, com base nas avaliações realizadas na
Etapa 2 (CETESB, 2013).
Segundo a CETESB, os índices de qualidade do ar são obtidos por
ferramenta matemática desenvolvida para simplificar o processo de divulgação da
qualidade do ar para a população. Para cada poluente medido é calculado um
índice, que é um valor adimensional. Dependendo do índice obtido, o ar recebe uma
qualificação, que é uma nota para a qualidade do ar, além de uma cor, conforme
apresentado na tabela 6.
Tabela 6 – Classificação da qualidade do ar (CETESB – 2013).
Fonte: <http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-B?sicas/22-Padr?es-e-?ndices>
2.4 EFEITOS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA SAÚDE HUMANA
Já se sabe que os efeitos agudos da polução atmosférica estão relacionados
à redução da expectativa de vida, a um maior risco de arritmias e infarto agudo do
miocárdio, bronquite crônica, asma, obesidade, câncer de pulmão e à depressão
(WHO, 2005). E os efeitos atribuídos à exposição crônica estão relacionados
principalmente ao câncer de pulmão (YANG; OMAYE, 2009).
Os efeitos deletérios dos poluentes atmosféricos dependem de diversas
características, dentre elas: características físico-químicas, concentração, tempo de
permanência exposto, e, no caso do MP, da dimensão das partículas, sendo que
quanto menor maior é sua toxidade e capacidade de levar o indivíduo a desenvolver
problemas respiratórios (LOMBARDI et al., 2010).
Fisiologicamente, diversos mecanismos estão envolvidos e explicam os
efeitos adversos provocados pela exposição aos poluentes atmosféricos na saúde
humana (ARBEX et al., 2012). O mecanismo mais aceito pelos especialistas em
saúde respiratória está relacionado ao estresse oxidativo, provocado por elevadas
concentrações de oxidantes e pró-oxidantes contidos nos poluentes ambientais
(ARBEX et al., 2012). A formação de radicais livres induz uma resposta inflamatória
com a liberação de células e mediadores inflamatórios (citocinas, quimiocinas e
moléculas de adesão) que atingem a circulação sistêmica, levando a uma
inflamação subclínica com repercussão não somente no sistema respiratório, mas
também causando efeitos sistêmicos (WHO, 2005; KÜNZLI, PEREZ, RAPP, 2010;
ARBEX et al., 2012; DREHER, 2000).
Outro mecanismo que explica a ação dos poluentes atmosféricos na saúde
está relacionado à capacidade genotóxica do MP. A composição química das
partículas ambiente pode induzir uma resposta mutagênica ou genotóxica a
moderados níveis de exposição in vitro, aumentando assim a incidência
principalmente de câncer de pulmão (DOCKEY et al., 1993).
Apesar dos avanços no conhecimento sobre os efeitos adversos dos
poluentes atmosféricos na saúde e o maior rigor nos níveis de emissão de poluentes
permitidos na atualidade, muitas metrópoles continuam registrando mortes em
decorrência da poluição atmosférica, principalmente poluição de origem veicular.
Diante desta perspectiva, diversos grupos de pesquisas espalhados pelo
mundo vêm constatando que a situação das crianças é ainda pior que a dos adultos,
visto que mesmo antes de nascerem já sofrem consequências da poluição
atmosférica. Estes mesmos estudos descreveram os principais sintomas decorrentes
da poluição do ar, e a OMS publicou os efeitos agudos e crônicos que estão
apresentados na figura 3.
Figura 3 – Evidencias atuais sobre os efeitos da poluição do ar na saúde, de forma aguda e crônica
Nos Estados Unidos, um estudo envolvendo 1,8 milhões de habitantes e dez
cidades revelou um aumento de 2,5% nas admissões hospitalares por Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), e um aumento de 1,95% por pneumonia para
cada aumento de 10 µg/m³ na concentração de material particulado de dez
micrômetros MP10 (ZANOBETTI et al.,2000). Já na Europa, um estudo procurando
correlacionar poluição atmosférica e admissões hospitalares estudou 38 milhões de
habitantes de oito cidades e identificou que para cada aumento de 10 µg/m³ de PM10,
ocorria 1% de aumento nas internações por asma e por DPOC e 0,9% de aumento
no número de internações na população acima de 65 anos (ATKINSON et al.,2001).
Um estudo publicado em 2013, realizado em 12 cidades europeias,
demonstra que o aumento de 10 μg/m³ de material particulado com dois micrômetros
(MP2,5) eleva o risco do desenvolvimento de câncer de pulmão em 40% em
moradores mais predispostos ao desenvolvimento da doença, e que a taxa de
letalidade do câncer de pulmão é de 60%. Registrando-se um aumento no número
de internação hospitalar em crianças de 10 a 40%, em adultos com doenças
respiratórias de 10 a 22%, e o aumento de internação de adultos com doença
cardiovascular em 18%. (LEPEULE et al., 2012; CAREY et al., 2013).
Ao estudar a exposição de pessoas ao NO2, pesquisadores noruegueses
identificaram mortalidade em 17% de indivíduos com DPOC com 50 anos ou mais,
expostos a concentrações de NO2, inferiores a 60 µg/m³, que corresponde ao limite
brasileiro (NAESS et al., 2007); na Califórnia, um aumento do risco em 29% para a
incidência de asma quando a concentração de NO2 é aumentada em 6,2ppb
(JERRET et al., 2009). Na Alemanha, observou-se que mulheres que moravam até
100 metros de distância de vias de grande fluxo veicular apresentaram um risco 1,8
vezes maior de desenvolver DPOC, em comparação com aquelas que moravam em
áreas mais distantes (SCHIKOWSKI et al., 2005).
No Brasil, estudos que correlacionam a mortalidade em crianças menores de
cinco anos e poluição atmosférica identificaram um aumento médio de 1,7% da
mortalidade, associado à elevação de 10 μg/m³ de PM10 (OSTRO et al 2004). Já na
cidade de São Paulo, Braga et al (2001b), verificaram um aumento de 2,7% e de
1,5% nas internações de menores de dois anos, e jovens na faixa etária de 14 e 19
anos, respectivamente associado a cada elevação de 10 μg/m³ na concentração de
PM10. Silveira et al, (2013) identificou na cidade de Barretos (SP) que a frequência
de micronúcleos tanto em linfócitos (8,22% grupo exposto e 1,27% no grupo
controle) quanto em células da mucosa oral (22,75% grupo exposto e 9,70% grupo
controle) foi maior nos trabalhadores rurais. Admitindo que a frequência de
micronúcleos na mucosa bucal está diretamente relacionado ao câncer de boca, os
indivíduos que apresentaram maior frequência de micronúcleo possuem maior risco
associado ao desenvolvimento da doença (Silveira et al., 2013)
Recentemente, o Instituto Saúde e Sustentabilidade divulgou que, no estado
de São Paulo, o número de óbitos registrados decorrentes da poluição atmosférica é
o dobro do número de óbitos registrados por acidentes de trânsito. Quase cinco
vezes mais mortes por poluição atmosférica do que por câncer de mama. Quase 6,5
vezes mais mortes por poluição atmosférica do que por AIDS ou câncer de próstata
(VORMITTAG et al., 2013). Entretanto a exposição aos poluentes atmosféricos não
recebem a mesma atenção dos órgãos de saúde, comparado às patologias citadas
(VORMITTAG et al., 2013).
Esses dados reforçam a importância dos estudos que procuram identificar os
efeitos dos poluentes atmosféricos na saúde, visto que dentre os riscos evitáveis, a
poluição atmosférica e o trânsito são, juntas, a primeira ameaça para infarto do
miocárdio, e sozinhos explicam 15% dos casos de infarto na cidade (NAWROT et al.,
2011).
Bell et al., (2005), estima que uma redução de 10% na emissão de poluentes
atmosféricos na cidade de São Paulo, entre 2000 e 2020, poderiam impedir 114 mil
mortes, 138 mil visitas de crianças e jovens ao consultório médico, 103 mil visitas a
pronto socorros por doenças respiratórias, 817 mil ataques de asma, 50 mil crises de
bronquite, 7 milhões de dias restritivos de atividades, além de 2,5 milhões de
absenteísmo em trabalho no mesmo período (BELL et al., 2005).
2.5 MONITORAMENTO DE DIÓXIDO DE NITROGÊNIO COM AMOSTRADORES PASSIVOS DE NO2
O Dióxido de Nitrogênio é produzido a partir da reação dos óxidos nítricos
atmosféricos com o ozônio e o oxigênio molecular. As principais fontes de óxidos
nítricos são os veículos a motor e as usinas de energia que utilizam combustíveis
fósseis. Aquecedores a gás, fogões e fumaça derivada do tabaco também geram
óxidos nítricos nos ambientes internos (SAMOLI et al., 2011). O Dióxido de
Nitrogênio é um gás extremamente reativo, pouco solúvel em água e que no corpo
humano se deposita na periferia dos pulmões. O NO2 é absorvido ao longo de todo o
trato respiratório, mas estudos de exposição indicam que o principal local alvo para a
ação do NO2 são os bronquíolos terminais (SAMOLI et al., 2011; NAESS et al.,
2007). Apesar de diversos trabalhos correlacionarem mortes diárias ao NOx, poucos
estudos têm abordado a questão da suscetibilidade ao NOx através da realização de
análises por faixa etária, sexo e outros fatores, incluindo o nível socioeconômico e
morbidade crônica (LAURENT et al., 2,007; CHIUSOLO et al., 2011).
A derterminação de NO2 por amostradores passivos permite identificar
concentrações desse poluente em micro escala e em regiões desprovidas de
monitoramento ambiental (CHIUSOLO et al., 2011 SAMOLI et al., 2006).
2.6 BIOMONITORAMENTO
A qualidade de vida da população nos grandes centros urbanos é afetada
constantemente por diversos agentes com potencial danoso à saúde humana e aos
demais organismos vivos (SALDIVA et al., 2010). Isso tem despertado a busca por
medidas e alternativas estratégicas destinadas à identificação precoce dos efeitos e
processos poluidores, assim como de metodologias de intervenção em áreas com
exposição humana a poluentes (CARNEIRO, 2004).
O monitoramento da qualidade do ar pode ser realizado por meio de
medidas físico-química, por modelos matemáticos de análise de dados, como é
realizado pela CETESB e pela maioria das agências de monitoramento ambiental.
Entretanto, o monitoramento ambiental pode ser complementado com a utilização de
metodologias alternativas, de baixo custo, onde os efeitos negativos causados pela
contaminação atmosférica (mesmo em baixas concentrações) são detectados em
espécies animais e/ou vegetais (KLUMPP et al. ,2001).
Essas metodologias começaram a ser utilizadas em meados do século
passado, com o processo de utilização de organismos vivos como método auxiliar de
detecção de alterações perigosas da qualidade do ar ambiente, que foi denominado
de biomonitoramento (AKSOY; OZTURK, 1997; GARTY; KLOOG; COHEN, 1998;
XIÃO et al., 1998). Os organismos são normalmente denominados de bioindicadores
quando reagem ao estresse pela acumulação de substâncias nos tecidos, que
funcionam como bioindicadores de acumulação (KLUMPP et al., 2001). Entretanto,
quando sofrem alterações morfológicas, fisiológicas, genéticas e etológicas, são
considerados organismos sensíveis e denominados de bioindicadores de reação
(KLUMPP et al., 2001; NIMIS et al., 2000; SILVA et al., 2000).
2.6.1 Bioensaios de Micronúcleos de Mucosa Oral (MCN-oral)
Um dos parâmetros de avaliação dos efeitos genotóxicos provocados pela
poluição atmosférica nas células está relacionado à existência de danos
citogenéticos observáveis (NERSESYAN et al., 2000). O teste de micronúcleo em
células esfoliadas provenientes da mucosa oral é utilizado como ferramenta na
detecção de danos genéticos causados por exposição ambiental, estilo de vida e
procedimentos médicos (KIRSCH-VOLDERS et al., 2003; SUHAS, 2004; SPEIT et
al., 2007).
A primeira tentativa de utilizar os micronúcleos como indicadores de dano
citogenéticos foi feita por Evans (1959), que utilizou a frequência de micronúcleos
para medir os danos induzidos em raiz de cebola por raios-gama (EVANS, 1959).
Trabalhos subsequentes postularam a relação entre o tamanho dos micronúcleos e
o tipo de alterações cromossômicas (EVANS, 1997), concluindo que os
micronúcleos menores seriam formados por fragmentos cromossômicos, enquanto
os maiores por cromossomos inteiros (EVANS, 1997). Tal associação contribuiu
para a classificação de agentes mutagênicos em clastogênicos ou aneugênicos,
conforme a figura 4 (VANDERKERKEN et al., 2003; SOUTO et al., 2010).
Figura 4 – Divisão Celular com formação de Micronúcleos.
Fonte: <http://bioafgj.wordpress.com/projeto/>
Assim, os MCNs são classificados e caracterizados como estruturas
constituídas por material genético cromatínico contido por um envoltório nuclear,
menor que o núcleo principal, e resultam de fragmentos cromossômicos que se
comportam independentemente dos outros cromossomos do cariótipo durante a
divisão celular (SOUTO et al., 2010). Os micronúcleos aparecem ao redor do
envoltório nuclear ou no citoplasma de células expostas a agentes genotóxicos e
podem ser detectados em células esfoliativas dos epitélios. São utilizados como
importante parâmetro para análise e avaliação do potencial de agentes ambientais,
ocupacionais, farmacológicos, etc. (CONFORTH, 1991). Portanto, a determinação
da taxa de micronúcleos, mediante análise microscópica, proporcionou à ciência
uma forma simples e rápida na estimativa da presença de alterações cromossômicas
nas células (MARTINS et al.,2003).
A avaliação de micronúcleos pode ser realizada em diferentes tipos de
tecidos, entretanto pode apresentar frequências distintas de micronúcleos, ainda que
a avaliação seja realizada em um mesmo organismo (TUCKER, 1996). O epitélio
bucal constitui um tecido pavimentoso estratificado não queratinizado, o que significa
uma maior permeabilidade aos poluentes atmosféricos. Essa característica do
epitélio bucal se torna interessante do ponto de vista de saúde, visto que 90% dos
cânceres reportados têm origem epitelial (ROSIN, 1990). As agressões ao DNA das
células ocorrem constantemente, mesmo em indivíduos saudáveis, entretanto é
intensificada por diversos agentes ambientais que causam oxidação. A evolução do
estágio de oxidação de uma célula normal para uma célula com alto poder mitótico é
um processo longo e subsequente ao acúmulo de exposições sucessivas (SETÚBAL
et al., 2005). Porém o aumento do dano genético no epitélio é um fator de risco
associado ao aparecimento de tumores da cavidade oral (KAYAL et al., 1993; NAIR
et al., 1991; SARTO et al., 1987). Dentre as várias alterações celulares possíveis, a
formação de micronúcleos é um bom indicador de ação clastogênica sobre o
material genético e, consequentemente, este marcador pode ser usado para
investigar a ação de agentes genotóxicos sobre o epitélio (GHOSE; PARIDA, 1995;
TOLBERT et al., 1991).
A vantagem desse teste é sua capacidade de verificar, in vivo, o estado de
uma
mucosa
que
é
simultaneamente
exposta
a
poluentes
atmosféricos,
carcinógenos, co-carcinógenos e antioxidantes uma condição de difícil reprodução in
vitro (SETÚBAL et al., 2005).
2.6.2 Teste de Bioacumulação em Folhas de Árvore
O uso de plantas como biomonitoras da poluição atmosférica tem sido
considerado uma alternativa bastante promissora para o monitoramento ambiental,
visto que plantas geralmente necessitam de pouco ou nenhum cuidado, além do
baixo custo atribuído a esse tipo de metodologia (KLUMPP et al., 2001). Essa
metodologia é de fácil avaliação, o que proporciona uma medida da exposição
ambiental ao longo de um determinado período de forma simples e com baixo custo
(FERREIRA, 2009 e JUSTOS, 2007). A identificação de alterações causadas pelos
poluentes ao vegetal bioindicador, serve como alarme para a possível ocorrência de
efeitos danosos na saúde da população (JUSTOS, 2007). Essa metodologia tem
sido muito utilizada para a avaliação quali-quantitativa da composição química em
vários tipos de amostras biológicas.
Em resumo, quando os átomos acumulados em uma amostra são irradiados
com raios X ou raios gama, os átomos ganham energia a ponto de realizar um salto
quântico para preencher a vacância seguinte. Essa transição consome energia, e a
dispersão dessa energia é registrada. Desse modo, ao se considerar a intensidade
(número de raios X detectados por unidade de tempo) dos raios X característicos
emitidos pela amostra, obtemos linhas espectrais com energias características de
cada elemento, cuja intensidade está relacionada à concentração do elemento na
amostra Figura 5.
Figura 5 – Excitação dos átomos por Florescência de Raios X e dispersão de Energia na forma de
Ondas.
3 MATERIAL E MÉTODOS
Para essa avaliação, fizemos uso do teste de MCN-oral,
verificamos a
bioacumulação em folhas de árvores e determinou-se a concentração de dióxido de
nitrogênio passivo.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A região leste da cidade de São Paulo, hoje ocupada por cerca de 3.620.494
habitantes, possui área total de 298,8 km2 (SÃO PAULO, 2014). Na década de 60,
foi construída uma grande avenida com o objetivo de conectar a região central aos
bairros mais distantes da região leste da cidade, como Itaquera e Guaianases. Esta
via, conhecida popularmente como Radial Leste (Av. Alcântara Machado), é uma
importante via axial da cidade de São Paulo que com seus 22,17 km cruza todo o
eixo leste da cidade até o centro, servindo às subprefeituras da Mooca, Penha,
Itaquera e Guaianases. A Av. Radial Leste tem início na região central, na Rua da
Figueira (Parque Dom Pedro II), e termina nas proximidades da estação Guaianases
da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Essa avenida suporta
diariamente intenso fluxo de veículos, principalmente nos horários de pico (manhã,
final da tarde e início da noite), quando, segundo estimativas da Companhia de
Engenharia de Tráfego, trafegam por suas vias aproximadamente 40.992 veículos
(CET/BTO37, 2007). A Avenida Radial Leste possibilitou o crescimento da cidade
em direção à periferia leste da cidade de São Paulo sendo a grande responsável
pelo desenvolvimento econômico nos bairros periféricos da região.
Neste estudo foram selecionados três pontos de coletas de material
biológico (MCN-oral) ao longo da av. Radial Leste, distantes entre si no máximo 6
km, e um ponto controle localizado no Clube da Mooca. O Clube da Mooca é um
refúgio de área verde próximo à região de estudo. Os locais de estudo são: Ponto
“1” Avenida Radial Leste 0 km; Ponto “2” Metrô Carrão; Ponto “3” Av. José Pinheiro
Borges e grupo controle (Figura 6). Cada local de estudo possui características
distintas, como: micro-clima, arborização urbana, frota veicular, uso e ocupação do
solo, além do fluxo de veicular.
Ao longo da av. Radial Leste estão instaladas duas estações automáticas de
monitoramento ambiental da CETESB, sendo que uma dessas estações monitora o
ponto 1 e a segunda estação monitora o ponto 2 e o grupo controle.
Figura 6 – Localização e extensão da av. Radial Leste, com a marcação dos pontos a serem
estudados. Ponto 1: Avenida Radial Leste 0 km (Parque D. Pedro); Ponto 2: Entre o Metrô Tatuapé e
Carrão; Ponto 3: Avenida Radial Leste, Guaianases e Ponto 4: Ponto controle
3.2 CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO DA POPULAÇÃO DE ESTUDO
A população de estudo é composta por 60 voluntários de ambos os sexos,
trabalhadores atuantes em ambientes internos (escritórios, academias e escolas) e
externos (comércio de rua), ao longo da Avenida Radial Leste, selecionados nos
pontos indicados no item anterior.
A seleção dos voluntários atendeu aos critérios de inclusão propostos para
a realização do estudo, conforme descrito abaixo, a partir das respostas obtidas nos
questionários de avaliação de hábitos e condições médicas específicas. Os
voluntários foram divididos em grupos de trabalhadores internos e grupo de
trabalhadores externos.
Todos os indivíduos que concordaram em participar voluntariamente do
estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, previamente
aprovado pelo comitê de ética da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo, conforme modelo apresentado no ANEXO A.
Os critérios de inclusão dos voluntários no estudo são sugeridos por CRUZ
et al., (1994) e HOLLAND et al., (2008) e apresentados abaixo:
a) Faixa etária entre 20 a 40 anos;
b) Não tabagista;
c) Não ter consumido álcool há no mínimo 5 dias antes da coleta das amostras;
d) Não fazer uso de drogas ilícitas;
e) Não ser portador de doença respiratória;
f) Não ser portador de doenças cardiovasculares;
g) Não apresentar lesões visíveis na mucosa oral no momento da coleta das
amostras;
h) O período diário de permanência dos voluntários “indoor” deve ser no máximo
duas horas menor ao dos voluntários “outdoor”.
3.2.1 Aplicação dos Questionário de Saúde
O projeto de pesquisa, questionários e termos de consentimento foram
aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo conforme protocolo de pesquisa 240/12 (ANEXO B). A
primeira fase da seleção dos voluntários ocorreu por meio da aplicação de 113
questionários elaborados pela International Study of Asthma and Allergies in
Childhood, já traduzidos e validados para o português (ANEXO C). Cada
questionário respondido recebeu numeração específica e passou a ser processado
de forma codificada. Os questionários foram aplicados em julho de 2013 e foram
respondidos pelos voluntários sem a interferência de entrevistador.
O questionário é composto por 25 perguntas, cada uma admitindo duas ou
mais respostas, o que permite a formação de um escore global (SOLÈ et al., 1998).
A primeira parte do questionário tem por objetivo obter dados pessoais, endereço,
nível de escolaridade, local e regime de trabalho, forma de deslocamento e hábitos
tabagistas. Já a segunda parte coleta informações sobre os problemas atuais de
saúde, doenças pré-existentes, tratamentos médicos e uso de medicamentos. A
última parte do questionário tem por objetivo identificar a prevalência de asma e
alergias.
3.3 COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO MCN-ORAL
Durante o inverno de 2013 ocorreram quatro coletas de mucosa oral
durante. As coletas seguiram o protocolo sugerido por HOLLAND et al., (2008). Os
voluntários realizaram enxágue bucal com água potável para a retirada de possíveis
restos de alimentos, posteriormente foram questionadas sobre a presença de
alteração na mucosa (aftas, machucados etc.).
As amostras foram coletas com o auxílio de uma espátula de madeira,
retirando-se por raspagem algumas células do epitélio jugal tanto do lado direito
quanto do lado esquerdo (figura 7). Em seguida foi realizada a técnica de esfregaço
(técnica de preparação a fresco) para espalhar o material coletado sobre a superfície
de duas lâminas. Após esse procedimento as lâminas foram fixadas em ácido
acético 3%, por três minutos, e armazenadas até o momento de coloração.
Figura 7 – Coleta de mucosa bucal
Fonte: do autor
3.3.1 Método de Coloração PAS e contra coloração AB “Peridoc Acid Schiff e
Alcian Blue”
Após fixar as lâminas em ácido ácético 3% por 3 minutos, as amostras foram
lavadas em água corrente ou mili-Q por três vezes, e submergidas no corante Alcien
Blue 1%, ph 2,5 (Gurr cod. 74240), por 15 minutos. Posteriormente, as amostras
foram lavadas em água corrente ou mili-Q por três vezes e submergidas em Ácido
Periódico 0,5% por 10 minutos. Novamente as lâminas foram lavadas por três vezes
em água corrente ou mili-Q e submergidas por 10 minutos no reagente Schiff (Merck
cod. 100524), em ambiente livre de luz. Foram lavadas novamente por três vezes
com água corrente de torneira ou mili-Q e submergido em Hematoxilina de Harris (o
suficiente para cobrir a lâmina) por 2 minutos (Merck cod. 109254). Por fim, foram
lavadas por três vezes em água corrente de torneira ou mili-Q, e colocadas para
secar em local ao abrigo de poeira por no mínimo 24 horas. Em seguida, colocou-se
com Entellan (Merck cod. 107960) as lamínulas.
3.3.2 Análise das Lâminas de MCN-oral
As células e os micronúcleos (figura 8) foram avaliados de acordo com os
critérios sugeridos por HOLLAND et al., (2008) e CRUZ et al., (1994).
a) Perímetro redondo que sugere uma membrana;
b) Ter menos que um terço do diâmetro do núcleo principal, mas grande o
suficiente para discernir a forma e a cor;
c) Feulgen positivo (coloração rosa em um campo iluminado);
d) Intensidade de coloração similar do núcleo;
e) Textura similar ao do núcleo;
f) Mesmo plano focal que o núcleo;
g) Ausência de sobreposição, ou ligação com o núcleo.
Figura 8 – Célula epitelial de mucosa bucal, com dois micronúcleos.
Fonte:http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S198456852011000200010&lng=es&nrm=iso
A padronização das leituras e contagem das células com micronúcleos
foram realizadas no microscópio Nikon Eclipse E4000 (Figura 9). Após a
padronização, com o auxílio de um pesquisador mais experiente, as leituras foram
realizadas com o auxílio de microscópio óptico em aumento de 400 vezes, sendo
que eventuais dúvidas foram sanadas utilizando o aumento de 1000 vezes.
As análises foram realizadas em duplo-cego, onde dois pesquisadores
analisaram todas as lâminas individualmente e compararam os resultados
posteriormente. As lâminas foram numeradas para que a origem do material não
fosse conhecida pelo analisador, garantindo assim uma contagem imparcial.
No total foram contadas 1000 células por voluntário, entretanto para facilitar
a contagem das 1000 células, coletou-se fluido oral para a confecção de duas
lâminas por voluntário. Assim em cada lâmina foram contadas 500 células,
totalizando 1000 células por voluntario em cada campanha.
Figura 9 – Microscópio utilizado para padronizar a leitura das lâminas de MCN-oral.
Fonte: do autor
3.4 ANÁLISE DE EESPECTROMETRIA DE FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X – FRXDE
A caracterização e concentração dos poluentes atmosféricos bioacumulados
na espécie arbórea B. blakeana (Pata de Vaca) foi realizada no Centro de Física
Atômica da Universidade de Lisboa. A figura 10 apresenta os locais de coleta de
mucosa oral e a figura 11 apresenta a localização dos 14 pontos de coletas de
folhas, distribuídos de forma a contemplar toda a extensão da av. Radial Leste. As
amostras de cascas e folhas de árvores para o presente estudo representam agosto
e setembro de 2013.
Figura 10 – Localização dos grupos de estudo ao longo da av. Radial Leste
Figura 11 – Pontos de coleta de folhas de árvores ao longo da Avenida Radial Leste, partindo do
ponto 1 que se localiza no Parque Dom Pedro, até o ponto 6 localizado no final na Avenida Radial
Leste (Guaianases). Os pontos 7 e 8 correspondem à área controle, localizado próximo a Avenida
Radial Leste.
Os ensaios de Espectrometria de fluorescência de Raios x (FRXDE) foram
realizados segundo o protocolo definido por Carvalho et al. (2005) e Custódio et al.
(2005). O primeiro passo foi selecionar a espécie arbórea para ser utilizada no
estudo, e optou-se pela espécie B. blakeana, já que a mesma se encontra
distribuída, ao longo de toda a extensão da Av. Radial Leste. Em cada árvore, foram
coletadas em média 10 folhas, com tamanho de aproximadamente 8,5cm. A coleta
ocorreu em todas as partes da copa, para que houvesse homogeneidade na análise
(Figura 12) e contou com o auxílio de uma tesoura de poda, higienizada com álcool.
Após a coleta, cada amostra era identificada e acondicionada em sacos de papel
encerado.
Figura 12 – Exemplar de Bauhinia blakeana, coletado para ser analisado no FRXDE
Fonte: do autor
No laboratório, todas as amostras, foram registras no caderno controle e
receberam um código (Exemplo: EDX14 001 “técnica; ano; número da amostra”). Em
seguida, as amostras foram lavadas em água deionizada, para remoção de poeira,
fungos e demais materiais que pudessem causar interferência na análise. Após esse
procedimento, todas as amostras foram desidratadas em estufa a 40 °C até ficarem
secas (figura 13). Em seguida as amostras foram trituradas no moinho de ágata,
para que atingissem a uniformização do tamanho das partículas (figura 14).
O material foi colocado dentro de um envelope, identificado e acondicionado
em dessecador contendo sílica até o momento das análises pelo FRXDE no
Laboratório de Física Atômica da Universidade de Lisboa. O transporte desse
material até a Universidade de Lisboa foi realizado em uma caixa previamente
higienizada e livre de contaminantes.
Figura – 13 Estágios de processamento do material bioacumulado na Av. Radial Leste.
Primeiramente coletaram-se as folhas, que foram trituradas, para a confecção de pastilhas a serem
levadas ao EDXRF.
Fonte: do autor
Figura – 14 Pastilhas contendo o material coletado na Av. Radial Leste, para ser analisados
no FRXDE.
Fonte: do autor
Por fim, as amostras forma acopladas no equipamento de FRXDE CFA e
cada ensaio foi conduzido utilizando-se 20mA de corrente e tensão 50 kV por 1000
segundos. Os espectros obtidos foram analisados pelo software Quantum MCA e
traduzidos em dados numéricos (Figura 15).
Figura 15 – Equipamento de FRXDE do Laboratório de Física Atómica da Universidade de
Lisboa. É possível notar o acoplamento da pastilha a ser analisada, e os tubos de raios X.
Fonte: do autor
3.5 ANÁLISE QUANTITATIVA DE DIÓXIDO DE NITROGÊNIO POR AMOSTRAGEM PASSIVA
O monitoramento do NO2 ocorreu concomitantemente com às coletas de
MCN-oral, utilizando tubos passivos desenvolvidos no Laboratório de Poluição
Atmosférica Experimental do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo. O protocolo seguido para esta metodologia foi
proposto por Novaes et al., (2007). Inicialmente, os filtros de celulose (Energética,
Rio de110 Janeiro, Brasil) foram identificados e impregnados com 200 μL de solução
absorvente Trietanolamina. Em seguida os filtros foram mantido em estufa a 37°C
por 24 horas.
Após esse procedimento, os filtros foram então inseridos em tubos de
plástico pretos e expostos nos pontos de estudo a uma altura de dois metros do
solo, por um período de sete dias (figura 16 e 17) (NOVAES et al.,2007).
De forma resumida, pelo processo de difusão, o gás NO2 reage com solução
específica impregnada em filtros de celulose. Quando o NO 2 reage com a
Trietanolamina, é convertido em íons nitrito e extraído em laboratório (LODGE,
1989).
Figura 16 – Filtros de celulose a ser impregnados com a solução absorvente, e os tubos
para fixarem os filtros por sete dias.
Fonte: do autor
Figura 17 – Suporte desenvolvido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,
para a exposição dos filtros de NO2.
Fonte: do autor
Após o período de exposição, os íons nitrito foram extraídos em 50 mL de
metanol, pelo método de ultrassonicação. Os íons nitrito produzidos durante a
amostragem foram determinados por calorimetria (LODGE, 1989) em um
espectrofotômetro com comprimento de onda de 550 nm (Ultrospec 4000 UV/visible, Pharmacia Biotech, Allerod, Denmark).
Os valores foram convertidos em microgramas por metros cúbicos de NO2
por meio da equação de correlação entre os valores do monitoramento passivo e o
monitoramento ativo feito em estações de monitoramento da CETESB encontradas
previamente (NOVAES et al., 2007). O protocolo completo encontra-se no ANEXO
D.
3.6 MONITORAMENTO ANALÍTICO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
A região metropolitana da cidade de São Paulo conta hoje com 18 estações
de monitoramento automático da CETESB. A região de estudo possui três estações
de monitoramento ambiental que diariamente fornecem dados da qualidade
atmosférica. A estação Parque Dom Pedro – MP10 fornece dados referente aos
poluentes: NO, NOX, NO2, CO e O3; e a estação Mooca fornece dados referente aos
poluentes: MP10, CO, O3, VV e DV; Itaquera – O3 e P. Esses dados foram acessados
por meio do portal da CETESB na página do Qualar, e utilizados para correlacionar
com o índice de micronúcleos encontrados em cada ponto de estudo e
correlacionados com as concentrações de NO2 passivo monitorados ao longo da av.
Radial Leste.
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS
Os dados obtidos pelo questionário foram primeiramente tratados para
verificar sua distribuição. As variáveis qualitativas nominais ou ordenadas da
população (se faz ou não tratamento de saúde, tipo de doenças, sintomas de
desconforto respiratório, sexo, idade, etc.) são apresentadas em forma de
frequências.
As
variáveis
quantitativas,
resultantes
dos
questionários
de
caracterização da população (horas de trabalho diário, tempo de trabalho no mesmo
local, distancia que percorre até o trabalho, número de maços/ano), são
apresentadas de forma descritiva, onde é possível observar as médias, desvio
padrão e valores mínimos e máximos.
Para comparar as diferenças dos resultados de MCN-oral entre os grupos,
observou-se distribuição normal não homogênea, sendo então considerados não
paramétricos e com isso foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis Test.
Os dados de concentração de NO2 passivo apresentaram distribuição
paramétrica e por isso foi utilizado o teste ANOVA para avaliar as diferenças entre
grupos de ambiente (interno e externo), e também entre os períodos de
monitoramento.
O teste de bioacumulação apresentou distribuição de concentração não
paramétrica, e foi utilizado teste Kruskal-wallis para comparar as diferenças entre os
grupos.
Para todo o tratamento estatístico foi utilizado o programa computacional
SPSS (“Statistical Package for Social Sciences”) v17.0, sendo estabelecido o
intervalo de confiança de 95% e α de 0,05.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO EM ESTUDO
A população de estudo foi composta por 60 voluntários de ambos os sexos,
com faixa etária entre 19 a 56 anos. Na população estudada, 30 voluntários são
trabalhadores de ambientes internos e compõem três grupos de estudo ao longo da
av. Radial Leste (Guaianases, Carrão e Parque Dom Pedro), e um grupo controle
(Mooca) localizado em um refúgio verde próximo à avenida de estudo. Já os 30
voluntários restantes formaram respectivamente três grupos de trabalhadores de
ambientes externos ao longo da avenida, e um grupo controle externo nos mesmos
locais dos grupos internos (Figura 18).
Figura 18 – Fluxograma da seleção dos voluntários
Quanto ao gênero, a população de estudo é composta por 41 indivíduos do
sexo masculino e 19 indivíduos do sexo feminino. Entretanto, segundo Bonassi et
al., (2011), a variável sexo não influencia na frequência de MCN-Oral.
A tabela 7 apresenta uma análise sobre as condições de trabalho dos
voluntários, por ponto de estudo. Porém, de forma global o tempo médio de
permanência da população estudada no local de trabalho é de 8,47 horas diárias,
cinco dias por semana. No percurso de casa para o trabalho os voluntários
percorrem em média 9,49Km. Ambas as variáveis são importantes, visto que
independente do grupo de estudo, todos os voluntários já estão expostos ao ar
atmosférico local.
Tabela 7 – Descritiva dos dados obtidos com os questionários de caracterização da população para a
variável idade, horas de trabalho, tempo de serviço, e distancia que percorre de casa ao trabalho.
N
14
14
16
16
Local
Mínimo
Pq. Dom Pedro
25
Carrão
19
Guaianases
25
Controle
21
Horas de
trabalho por dia
14
14
16
16
Pq. Dom Pedro
Carrão
Guaianases
Controle
Tempo trabalha
no local (meses)
14
14
16
16
Distância que
percorre até o
trabalho (Km)
14
14
16
15
Idade
Maximo
56
49
52
50
Média
38.21
29.86
38.75
33.19
DP
9.537
9.371
8.866
11.143
12
12
9
10
1
8
6
8
8.79
8.93
8.38
8.19
2.940
1.685
0.806
0.544
Pq. Dom Pedro
Carrão
Guaianases
Controle
336
96
84
312
1
2
9
1
55.79
30.64
32.13
83.88
85.412
27.748
21.509
114.550
Pq. Dom Pedro
Carrão
Guaianases
Controle
1
0
2
1
33
36
10.5
30.2
8.970
6.421
3.025
8.113
11.770
10.147
3.6
9.03
N: número de voluntários que responderam a esta pergunta/questionário; Mínimo: valor mínimo
encontrado na resposta para a pergunta; Máximo: valor máximo encontrado na resposta para essa
pergunta; Média: valor médio encontrado na resposta para a pergunta e DP: variabilidade dos valores
ao redor da média.
Em relação ao meio de transporte utilizado para locomoção até o local de
trabalho, o que predomina na população de estudo é a utilização do ônibus (16%),
seguido por caminhada (9%) e pelo metrô e trem (6,5%). Esses dados são
interessantes, visto que o meio de transporte utilizado está diretamente associado à
quantidade de poluição ventilada individualmente por cada voluntário (figuras 18).
Assim, independe da quantidade de poluentes ventilados no local de
trabalho, a população que utiliza principalmente ônibus, moto e caminha estão
expostos a maior quantidade de poluentes.
Figura 19 – Meio de transporte utilizado pela população estudada, para ir ao trabalho.
Em relação às questões de saúde dos 60 voluntários estudados, apenas 11
pessoas afirmaram realizar algum tipo de tratamento médico. Destas, nove
realizaram tratamento para pressão arterial, um fez tratamento psiquiátrico e um
realizou tratamento para o câncer. Contudo, todos os voluntários relatam crises de
sibilos (chiado no peito) recentes, e 29 pessoas relatam ter sofrido essas crises nos
últimos 12 meses.
Sete pessoas apresentam crises de asmas ou bronquite quando o clima esta
muito seco ou com ar muito poluído.
Outros dez voluntários relataram sofrer
constantemente com coriza, e 24 voluntários apresentam sintomas de olhos secos
quando o clima está muito seco e com excesso de poluição.
Outros voluntários apresentam espirros frequentes, mesmo sem estarem
resfriados, em dias com ar muito seco, e relataram ficar irritados quando estão no
trânsito e no trabalho. Também se queixam de sentir a pele exageradamente seca,
toda vez que o ar fica muito poluído ou com umidade muito baixa (figura 20).
Estes dados reforçam a importância da variável tempo de exposição aos
poluentes atmosféricos e meio de transporte utilizado para chegar ao local de
trabalho, visto que a grande maioria dos voluntários não realiza nenhum tratamento
de saúde, mas todos os voluntários apresentam sintomas de prejuízo na saúde
respiratória.
Figura 20 – Queixas de saúde relatada pelos voluntários.
Também investigamos o hábito dos voluntários em frequentar o dentista,
para assim evitar a inclusão de voluntários com problemas de saúde bucal grave, o
que está de acordo com o proposto por Reis et al., (2006). Cabe ressaltar que a
maioria dos voluntários frequenta o dentista regularmente, o que garante maior
confiabilidade na frequência de MCN-oral avaliada.
4.2 ÍNDICE DE MCN-ORAL EM CÉLULAS DA MUCOSA ORAL
Nota-se que, independentemente do local de estudo, toda a população
apresentou índices de MCN-oral superior aos preconizados por Bonassi et al.,
(2011) como basal em uma população não contaminada (tabela 8). A saber, a
frequência esperada de MCN-oral em uma população não contaminada é de 0,3 a
1,7% (Bonassi et al., 2011).
Tabela 8 – Frequência de MCN-oral por grupo na população estudada.
95% Confidence Interval for Mean
Controle Interno
Controle Externo
Pq. Dom Pedro Interno
Pq. Dom Pedro Externo
Carrão Interno
Carrão Externo
Guaianases Interno
Guaianases Externo
Sig. 0.001
N
25
44
32
33
39
34
37
43
Mean
1.77
2
2.82
2.75
1.94
2.13
2.04
1.69
Std. Deviation
0.9717
0.9488
1.235
1.145
1.485
1.013
0.777
0.783
Lower Bound
1
1
2
2
1
2
1.78
1.44
N of MCN-oral
Upper Bound Minimum Maximum
2.16
0
3.32
2.04
0.2
5.04
3.27
0.72
5.71
3.15
0.75
4.6
2.42
0
7.09
2.48
0.26
3.95
2.3
0
3.62
1.93
0
3.52
É importante salientar que nos grupos de ambientes externos, e localizados
mais próximos ao centro (Pq. Dom Pedro), o índice de MCN-oral tende a ser maior
do que os índices encontrados nos grupos mais distantes do centro da cidade
(Guaianases). Já nos grupos de ambientes internos, nota-se a mesma tendência,
porém não tão evidente quanto aos índices encontrados nos grupos externos. O
grupo controle, tanto externo quanto interno, apresentaram índices de MCN-oral
inferior aos respectivos grupos testes internos e externos, expostos aos poluentes
ambientais ao longo da avenida (Figura 21).
Figura 21 – Índice de micronúcleos encontrado nos grupos de ambientes internos e
externos.
Nossos resultados demonstram que a diferença no índice de MCN-oral entre
os grupos estudados é estatisticamente significante (p>0, 001).
Um dado importante é que individualmente não ocorre grande variação nos
índices de MCN-oral por pessoa, independente do grupo e local em que o voluntário
esteja inserido, demonstrando assim um elevado risco de exposição a agentes
genotóxicos na região (Figura 22).
Figura 22 índices de MCN-oral na população estuda, distribuídos por idade.
4.3 CONCENTRAÇÃO DE ELEMENTOS-TRAÇOS EM FOLHAS DE ÁRVORES
A técnica FRXDE foi sensível o suficiente para quantificar 13 elementos
químicos acumulados em folhas de B. blakeana. A concentração dos elementos
bioacumulados nos seis pontos de estudo, mais o ponto controle, varia de forma não
homogênea, ou seja, cada local possui concentrações diferenciadas para cada
elemento, sendo que os pontos mais próximos ao centro (Pq. Dom Pedro, Carrão e
Bresser) concentram as maiores diferenças estatísticas em relação aos demais
pontos de estudo para os elementos Fe, Cu, Zn e S (Tabela 9).
Tabela 9 – Elementos detectados pela técnica FRXDE com expressos em ug
1
g- .
P
S
K
Ca
Mn
Fe
Local
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
N
4
3
4
4
4
4
4
3
3
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
Mean
35425.7
18256.4
38947.4
48937.8
59136.6
47214.9
23046.6
2462.3
1405.9
2699.8
2707.6
4571.3
2821.3
1808.8
9167.1
5534.1
6172.3
5301.9
3709.7
9060.5
10278.9
26189.5
15137.3
27234.6
38150.7
48197.9
37941.2
18091.4
25.1
26.7
31.7
33.6
52.0
34.3
19.3
497.2
640.3
653.2
500.2
296.8
382.6
363.8
95% Confidence Interval for Mean
Std. Error Lower Bound Upper Bound Minimum Maximum
2760.9
26639.2
44212.3
27713.2
40820.7
5673.5
-6154.7
42667.4
8832.5
28441.8
3038.8
29276.6
48618.3
32344.5
46134.4
2062.0
42375.5
55500.0
45296.2
54861.9
4762.5
43980.3
74292.9
50687.4
71508.6
7400.5
23663.1
70766.8
32874.6
63130.6
6176.1
3391.5
427016897.0
11521.2
35894.7
514.1
250.4
4674.1
1489.7
3237.2
128.3
853.9
1957.9
1164.3
1601.6
251.8
1898.5
3501.1
2231.4
3254.6
329.7
1658.3
3756.9
1862.8
3404.2
537.0
2862.3
6280.2
3812.7
6099.7
467.6
1333.3
4309.3
1801.7
3638.2
395.4
550.5
3067.1
1233.3
2968.9
1502.1
4386.6
13947.5
6474.7
11791.9
1248.8
1560.0
9508.3
2534.7
8624.6
540.6
4451.8
7892.8
5141.4
7506.0
463.9
3825.6
6778.1
4417.2
6228.1
198.4
3078.3
4341.2
3356.3
4063.5
1581.9
4026.1
14094.9
6298.0
12971.3
1230.7
6362.3
14195.4
7606.5
12986.2
1385.0
21781.8
30597.3
22911.3
29543.5
3312.7
4595.0
25679.7
6280.3
22275.4
1901.1
21184.4
33284.8
22679.0
31952.8
1898.2
32109.7
44191.6
33646.1
41999.0
4606.4
33538.1
62857.7
38913.9
57048.2
7345.3
14565.2
61317.3
23640.6
54235.7
3874.7
5760.5
30422.2
9375.4
26315.0
4.0
12.4
37.7
18.0
33.8
5.1
10.4
43.1
13.3
38.3
4.0
19.1
44.4
22.5
40.9
4.7
18.6
48.7
25.3
46.3
13.0
10.7
93.2
28.0
77.6
8.5
7.2
61.4
18.6
54.9
2.3
11.9
26.8
13.7
23.9
41.8
364.3
630.1
390.2
583.1
106.5
301.4
979.1
328.3
795.5
25.1
573.3
733.1
625.2
728.4
93.1
204.0
796.3
326.4
666.2
16.9
243.2
350.5
261.3
332.0
55.8
205.0
560.2
287.6
504.0
42.4
229.0
498.7
264.5
436.5
sig
0.014
0.215
0.006
0.006
0.423
0.03
Cu
Zn
As
Br
Rb
Sr
Pb
Local
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
PDP
Bresser
Carrão
V. Matilde
Patriarca
Guaianases
Controle
N
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
Mean
15.6
18.3
16.1
14.2
10.4
11.3
13.1
42.2
62.7
38.0
44.7
38.0
32.1
34.3
6.9
6.2
4.8
4.3
3.5
5.2
4.3
49.9
9.4
5.4
4.3
4.6
6.8
5.5
12.8
15.5
17.4
14.3
10.7
17.5
24.8
126.1
71.5
141.0
230.5
242.9
331.8
74.1
8.9
9.3
9.4
8.8
8.5
8.1
8.7
95% Confidence Interval for Mean
Std. Error Lower Bound Upper Bound Minimum Maximum
1.2
11.8
19.4
13.6
19.0
2.3
11.1
25.5
12.2
22.0
0.7
13.7
18.4
14.8
18.2
1.2
10.4
18.0
12.0
16.3
0.1
10.1
10.8
10.2
10.7
0.6
9.5
13.1
9.8
12.6
0.5
11.5
14.8
11.7
14.1
0.9
39.2
45.3
39.6
44.1
4.8
47.3
78.0
51.1
74.6
2.6
29.9
46.1
33.3
44.2
9.1
15.6
73.7
28.0
62.4
1.2
34.3
41.7
34.8
40.2
2.3
24.8
39.4
26.5
36.4
1.1
30.7
37.9
32.3
37.4
1.2
3.3
10.6
5.4
10.4
0.6
4.4
8.0
4.7
7.3
0.4
3.4
6.2
3.9
5.8
0.5
2.6
6.0
3.3
5.7
0.8
1.0
6.1
1.5
5.4
0.6
3.4
7.0
4.1
6.3
0.3
3.4
5.3
3.6
4.8
20.4
-15.1
114.9
13.9
91.6
1.9
3.4
15.5
5.9
13.3
0.1
5.1
5.6
5.2
5.6
0.5
2.9
5.8
3.3
5.4
0.8
2.1
7.1
3.1
6.0
0.6
5.0
8.7
5.6
8.3
0.9
2.6
8.4
3.7
7.4
1.7
7.4
18.1
8.9
15.7
3.1
5.8
25.2
9.7
21.2
0.4
15.9
18.8
16.2
18.4
0.8
11.6
16.9
12.2
15.7
0.9
7.8
13.7
8.2
12.4
3.7
5.8
29.2
10.0
24.6
2.1
18.0
31.6
21.4
30.5
12.1
87.4
164.7
97.1
146.7
4.1
58.6
84.4
59.6
77.4
4.7
126.2
155.9
131.6
153.4
4.5
216.0
244.9
223.2
243.8
14.2
197.8
287.9
218.7
283.7
30.9
233.5
430.2
275.8
393.4
13.7
30.5
117.8
48.7
107.4
0.4
7.6
10.2
8.2
9.8
0.2
8.5
10.0
8.8
9.9
0.5
7.8
11.0
8.3
10.4
0.7
6.5
11.2
7.0
10.5
0.5
7.0
9.9
7.4
9.4
0.6
6.1
10.1
6.6
9.6
0.5
7.2
10.2
7.8
9.9
sig
0.006
0.014
0.238
0.03
0.03
0.001
0.92
Entre os marcadores de poluição veicular, o enxofre apresentou diferença
significativa entre as concentrações do ponto 5 (Patriarca) e do ponto 2 (Bresser),
com médias de 1,50 ug g-1 e 3,92 ug g-1. Já o zinco apresenta elevada concentração
no ponto 3 (carrão), com média de 64,94 ug g-1 e diferença significativa entre os
pontos 6 (Guaianases), 4 (Vila Matilde), 2 (Bresser), 1 (PDP), e 7 (Controle).
O zinco também apresenta diferença de concentração estatística entre o
ponto 5 (Patriarca) e o ponto 7 (Controle). O elemento bromo apresentou valores de
concentração elevados no ponto 6 (Guaianases), com média de 35,95 ug/g-1 em
relação ao ponto 3 (Carrão), e no ponto 6 (Guaianases), com média de média de
49,16 ug/g-1 em relação aos pontos 5 (Patriarca), 4 (Vila Matilde), 3 (Carrão), 3
(Bresser), 1 (PDP), e 7 (Controle).
Nossos resultados apresentaram uma ampla variação na concentração de
cada elemento químico por ponto amostrado. Entretanto, nota-se que poluentes
mais relacionados ao MP10 (ferro, zinco, cobre e enxofre) são identificados em
regiões com maior fluxo veicular (Grupo Parque Dom Pedro e Carrão) (figuras
23,24,25 e 26).
Já em Guaianases, a quantidade de elementos químicos marcadores de
poluição veicular é reduzido, porém, foram identificados contaminantes não
relacionados ao tráfego veicular, como o Rubídio. Provavelmente, a presença desse
contaminante se deve a uma fonte pontual de contaminação na região.
Nossos resultados são similares aos descritos por Carneiro et al., (2011),
que identificou diferenças de concentração de poluentes a partir de 60 metros de
distância da
via de tráfego; a técnica FRXDE foi sensível o suficiente para
quantificar elementos acumulados em folhas de B. blakeana, com maior destaque
para os elementos químicos relacionados ao tráfego veicular em micro-escala.
Imagem 23 – Concentrações de Cobre bioacumulado em folhas de árvores ao
longo da av. Radial Leste.
Imagem 24 – Concentrações de Cobre bioacumulado em folhas de árvores ao longo
da av. Radial Leste.
Imagem 25 – Concentrações de Cobre bioacumulado em folhas de árvores ao longo
da av. Radial Leste.
Imagem 26 – Concentrações de Cobre bioacumulado em folhas de árvores ao longo
da av. Radial Leste.
4.4 CONCENTRAÇÕES DE DIÓXIDO DE NITROGÊNIO POR AMOSTRADORES PASSIVOS
A figura 30 apresenta a distribuição dos valores de concentração do NO 2
determinados por amostragem passiva nos 4 pontos monitorados, em ambientes
internos e externos, durante o período de agosto e setembro de 2013 (Tabela 10).
Tabela 10 – Descritiva estatística das concentrações de Dióxido de Nitrogênio, nos pontos de estudo.
Descritiva Estatística
N
mean
indoor
outdoor
8
12
68,5079
41,42599
14,64630
95% Confidence
Interval for Mean
Lower
Upper
Bound
Bound
33,8749 103,1409
,00
120,09
70,0660
36,52431
10,54366
46,8596
93,2725
15,33
121,12
Carrão
Carrão
indoor
outdoor
12
12
62,8160
36,20908
10,45266
39,8098
85,8221
14,56
110,80
54,1305
31,87734
9,20220
33,8766
74,3844
6,83
97,39
Guaianases
Guaianases
indoor
outdoor
12
12
53,3361
33,38298
9,63684
32,1256
74,5467
12,50
105,90
75,4750
39,59666
11,43057
50,3165
100,6335
29,23
132,47
Controle
Controle
indoor
outdoor
12
12
63,7347
31,83859
9,19101
43,5054
83,9640
15,07
103,33
59,5168
47,61147
13,74425
29,2659
89,7677
4,52
121,12
Ponto de Exposição
In/out
Pq. Dom Pedro
Pq. Dom Pedro
Std. Deviation Std. Error
Mininum Maximum
É possível observar notável diferença entre as concentrações de NO2
passivo monitorados em ambientes interno e externo. O que está de acordo com a
revisão de literatura, que indica que quanto mais próximos à via de tráfego, maior o
efeito na saúde (figura 27).
A maior concentração de NO2 foi registrada no ponto Pq. Dom Pedro
externo, seguido pelo ponto Guaianases. E as menores concentrações foram
registradas no ponto Carrão e Controle.
Por ser um gás muito reativo, o NO2 geralmente é detectado próximo a sua
fonte emissora, logo, essa metodologia nos permite detectar a presença desse
poluente em micro escala e assim traçar medidas de controle mais eficazes
(Carneiro, 2011).
Figura 27 – Concentração de Dióxido de Nitrogênio nos ambientes de estudo, internos e externos.
4.5 DADOS DO MONITORAMENTO AUTOMÁTICO REALIZADO NA CIDADE DE SÃO PAULO
Mesmo não explicando os índices de MCN-oral, os dados ambientais
monitorados pela CETESB e pelo INMET no estado de São Paulo são uma
importante ferramenta para correlacionar os índices de MCN-oral nos voluntários e
os poluentes atmosféricos na região estudada.
Segundo
o
Instituto
Nacional
de
Meteorologia
(INMET),
o
índice
pluviométrico mensal da cidade de São Paulo nos meses de agosto e setembro de
2013 não ultrapassou os 20 mm (Figura 28). Essas medidas são importantes, pois
as chuvas são consideradas um importante mecanismo natural de dispersão de
poluentes presentes na atmosfera, e a variação de sua frequência altera
significativamente os índices de doenças nos grandes centros urbanos (Saldiva et
al., 2009).
Figura 28 – Índice pluviométrico da Cidade de São Paulo, no período de janeiro a Setembro de 2013.
A figura 29 apresenta concentrações de PM10 monitoradas pela estação de
medição da CETESB nos pontos Pq. Dom Pedro e Mooca ao longo de agosto e
setembro de 2013. Essas estações são responsáveis pelo monitoramento em toda a
área de estudo, e os picos de concentração média, dia a dia do PM10, no período
analisado atinge níveis próximos aos permitidos pela legislação atual 120 ug/m 3.
Entretanto, são níveis bem maiores do que os permitidos pela OMS.
Figura 29 – Concentração de PM10 monitorado pela CETESB, durante os meses de agosto e
setembro de 2013.
Na figura 30 apresenta, concentrações de CO monitoradas ao longo de
agosto e setembro de 2013. Nota-se que a grande variação na concentração desse
poluente na atmosfera ocorre no início de agosto e final de setembro.
Figura 30 – Concentração de CO monitorado pela CETESB, durante os meses de agosto e
setembro de 2013.
Na figura 31 são apresentados concentrações de O3 durante o período de
estudo. A maior concentração foi registrada no mês de agosto de 2013. Entretanto, o
O3 não ultrapassou o limite máximo preconizado pela legislação vigente.
Figura 31 – Concentração de O3 monitorado pela CETESB, durante os meses de agosto e setembro
de 2013.
As concentrações monitoradas pela CETESB para o MP, CO e O3 não
explicam os elevados índices de MCN-oral. Entretanto, não se pode deixar de
observar as concentrações desses poluentes são aparentemente constantes ao
longo dos meses avaliados.
Nota-se também que o O3 apresenta concentrações mais elevadas, quando
a concentração de CO é menor. Já o MP se mantém praticamente constante ao
longo do estudo.
Apesar do relativo controle na emissão de poluentes atmosféricos, e a
revisão de limites máximos desses poluentes emitidos na cidade São Paulo, a região
de estudo registra níveis de concentração de poluentes atmosféricos (MP, CO e O3)
superiores aos índices preconizados na Europa e nos EUA, além de estar muito
acima dos sugeridos pela OMS (WHO, 2006). Reforçando assim a necessidade de
estudos que utilizam metodologias alternativas de monitoramento ambiental, para
identificar, os efeitos da poluição atmosférica em microescala. Visto que o
monitoramento convencional da poluição atmosférica, não consegue identificar o
mesmo.
5 CONCLUSÃO
Com o presente estudo, apresentamos resultados parciais não conclusivos
sobre os efeitos negativos da poluição atmosférica na saúde de pessoas expostas
diretamente a elevados gradientes de concentração de poluentes ao longo da av.
Radial Leste.
Concluímos com os resultados de MCN-oral que a população estudada nos
dois ambientes (interno e externo), apresenta elevados índices de micronúcleo na
mucosa oral.
Nossos dados apontam que a população do grupo controle, tanto no
ambiente interno quanto no ambiente externo, sofre em menor grau com a exposição
aos poluentes atmosféricos, apresentando os menores índices de MCN-oral, sendo
estes resultados indicativos do elevado potencial genotóxico da exposição aos
poluentes atmosféricos ao longo da av. Radial Leste.
Por fim, os grupos que apresentaram os maiores índices de MCN-oral
estiveram expostos a maiores concentrações de NO2 passivo, e apresentaram
maiores concentrações de Fe, Zn, Cu e S bioacumulados em folhas de árvores.
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ANEXOS
ANEXOS A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE
DE SÃO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL
LEGAL
1. NOME: .:............................................................................. ...........................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................ SEXO : .M □ F □
DATA NASCIMENTO: ......../......../......
ENDEREÇO ................................................. Nº ........................... APTO:.... ..................
BAIRRO:...................................CIDADE .............................CEP:....................
. TELEFONE: DDD (............) ..............................
2.RESPONSÁVEL
LEGAL
..............................................................................................................................
NATUREZA
(grau
de
parentesco,
tutor,
curador
etc.)
..................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE :....................................SEXO: M □ F □
DATA NASCIMENTO.: ....../......./......
ENDEREÇO: ......................................... Nº ................... APTO: .............................
BAIRRO: ............................CIDADE: ...................CEP: .....................
TELEFONE:(....).....................................
_______________________________________________________________________________
DADOS SOBRE A PESQUISA
TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Avaliação do potencial genotóxico da
poluição atmosférica em trabalhadores expostos a emissões veiculares da Av. Radial
Leste, São Paulo.
PESQUISADOR: Dra. REGIANI CARVALHO DE OLIVEIRA.
CARGO/FUNÇÃO: Pesquisador
INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL Nº ...............................
UNIDADE DO HCFMUSP: Laboratório de Poluição Atmosférica – Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo
3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:
x
RISCO MÍNIMO
O MÉDIO
RISC
□
O BAIXO
RISC
□
O MAIOR
RISC
□
4.DURAÇÃO DA PESQUISA : 06 Meses
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO
PAULO-HCFMUSP
O Senhor (a) está sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa cientifica,
sobre a qualidade do ar na região metropolitana de São Paulo. Neste estudo os
pesquisadores terão como objetivo investigar os efeitos da poluição do ar sobre as pessoas.
Para isso será preciso que o pesquisador colete uma amostra de saliva utilizando uma
espátula de madeira. Essa coleta será realizada por você com a orientação do pesquisador
garantindo um maior conforto aos participantes.
Também, será necessário que o
pesquisador mantenha no local de estudo dois equipamentos. Um deles são seis tubos de
plástico, parecidos com aqueles utilizados para guardar filmes fotográficos, colados em um
suporte de madeira que ficará pendurado durante todo o período da pesquisa em algum
local combinado com você. Este equipamento serve para medir a poluição presente na sua
região. Estes tubos não exalam nenhum cheiro e não são tóxicos, mas não devem ser
manuseados ou retirados do local. O outro equipamento a ser instalado são floreiras com
uma planta muito comum nos nossos jardins, conhecida como “coração roxo” (o nome
científico é Tradescantia pallida). Esta planta é sensível à poluição os pesquisadores irão
coletar as flores destas plantas para análise no laboratório. Estas plantas não exalam
nenhum cheiro e não são tóxicas, mas não devem ser manuseados ou retirados do local.
As coletas de saliva, tubos plásticos e das flores serão feitas, pelo próprio voluntário, sob a
supervisão do pesquisador responsável pela coleta do material.
Caso o senhor concorde em participar desta pesquisa o senhor (a) será convidado a
responder um questionário sobre problemas de saúde que o senhor (a) possa apresentar e
que possa estar relacionado com a poluição do ar. O pesquisador será responsável pela
instalação e retirada dos tubos plásticos e das floreiras como também pela manutenção das
mesmas em dia e horário agendado com o (a) senhor (a). Ao passo que as amostras forem
avaliadas, os resultados encontrados serão informados ao senhor (a). Neste estudo nenhum
participante terá qualquer despesa, como também não receberá nenhum valor pela
participação na pesquisa.
Por ser um estudo experimental onde a hipótese de que a
poluição do ar afeta de forma diferenciada as pessoas que vivem ou trabalham próximos a
vias com grande fluxo veicular, só poderemos apresentar um resultado conclusivo ao final
do estudo. Porém fica garantido ao voluntário acesso e esclarecimento de eventuais dúvidas
referentes ao projeto.
O principal investigador é a Dra. REGIANI CARVALHO DE OLIVEIRA que pode ser
encontrado no endereço Av. Dr. Arnaldo, 455 – sala 1150 Telefone(s) 11 3061.8520 e-mail:
[email protected]. A pesquisa será executada pelo graduando DOUGLAS RENE ROCHA
SILVA tels e email
Se o senhor (a) tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre
em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Ovídio Pires de Campos, 225
– 5º andar – tel: 3069-6442 ramais 16, 17, 18 ou 20 – e-mail: [email protected].
Por fim, é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e
deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na
Instituição. Assim como fica garantido a confidencialidade das informações obtidas.
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO
PAULO-HCFMUSP
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para
mim, descrevendo o estudo “Biomonitoramento da poluição atmosférica, em populações super expostas
a emissões veiculares na Cidade de São Paulo” Eu discuti com os pesquisadores Dra. REGIANI
CARVALHO DE OLIVEIRA e DOUGLAS RENE ROCHA SILVA sobre a minha decisão em participar
deste estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem
realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos
permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do
acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo
e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem
penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu
atendimento neste Serviço.
------------------------------------------------Assinatura do paciente/representante legal
Data
/
/
/
/
------------------------------------------------------------------------Assinatura da testemunha
Data
para casos de pacientes menores de 18 anos, analfabetos, semi-analfabetos ou portadores
de deficiência auditiva ou visual.
(Somente para o responsável do projeto)
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido
deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
------------------------------------------------------------------------Assinatura do responsável pelo estudo
Data
/
/
ANEXOS B – AUTORIZAÇÃO DO COMITE DE ÉTICA EM PESQUISA DA
FACULDADE DE MEDICINA DA USP
ANEXOS C – CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA
Nº QUESTIONÁRIO:________
CARACTERÍSTICAS DAS POPULAÇÕES ESTUDADAS
NOME:
Data de
Nascimento:
Endereço Residencial:
Bairro:
Cidade:
Estado:
1) Escolaridade:
( ) Analfabeto
( ) Fundamental (1º grau) completo; ( ) Fundamental (1º grau) incompleto
( ) Ensino médio (2º grau) completo; ( ) Ensino médio (2º grau) incompleto
( ) Superior completo ( ) Superior incompleto
( ) Pós-graduação (especialização)
2) Trabalha? ( ) Sim ( ) Não;
Ocupação:_________________________________
3) Endereço Profissional:R.
Bairro:
4) Qual a distância do seu trabalho?
5) Quantas horas por dia você trabalha?
6) Qual o meio de transporte utilizado?
7) A Quanto tempo reside ou trabalha nesta local? anos: meses:
dias:
8) Você já fumou? ( ) Não ( ) Sim, no passado mas não atualmente; vá para
questão 9
( ) Sim, e ainda fumo vá para questão 10.
9) Quantos anos tinha quando parou de fumar?
10) Em média, quantos cigarros você fuma/fumava/dia?
11) Quantos anos você tinha quando começou a fumar regularmente?
12) Em que local da casa costuma fumar?
13) Convive com fumantes? ( ) Sim ( ) Não
Se SIM, quanto tempo, por dia:
QUEIXAS DE SAÚDE
14) Faz algum tratamento de saúde? ( ) Sim ( ) Não
15) Para que doença?
( ) Pressão Alta (HAS) ( ) Diabetes ( ) outros
( ) Coração Qual:
( ) Rins Qual:
( ) Pulmão Qual:
( ) Psiquiatria Qual:
( ) Câncer Qual:
( ) Outras Quais:
16) Usa algum medicamento: ( ) Sim ( ) Não Quais:
17) Assinale com x as queixas apresentadas:
( ) Olhos secos, irritados ou dolorosos Quando?
( ) Dor ou irritação na garganta. Quando?
( ) Coriza. Quando?
( ) Espirros. Quando?
( ) Tensão, irritabilidade e nervosismo. Quando?
( ) Dor no peito. Quando?
( ) Dificuldade de memória e concentração. Quando?
( ) Tontura. Quando?
( ) Cefaléia. Quando?
( ) Cansaço. Quando?
( ) Taquicardia. Quando?
( ) Náusea. Quando?
( ) Vômito. Quando?
( ) Diarréia. Quando?
( ) Pele seca, coceira ou descamação. Quando?
( ) Aumento de pressão arterial. Quando?
Ultima visita ao dentista: 1a 2 mês ( ); 3 a 6 meses ( ); Mais de 6 meses ( )
Apresentou: Afta ( ) Dor de dente ( ) Dor de Garganta ( )
Outros sintomas? ( ) Sim ( ) Não
Quais:____________________________________________________________
QUEIXAS RESPIRATÓRIAS
1) Alguma vez na vida teve sibilos (chiado no peito) ? ( )Sim ( )Não.
Se responder não, passe para a questão número 6.
2) Nos últimos 12 meses, você teve sibilos (chiado no peito)? ( )Sim ( )Não
3) Nos últimos 12 meses, quantas crises de sibilos (chiado no peito) você teve?
( ) Nenhuma crise; ( ) 1 a 3 crises; ( ) 4 a 12 crises;( ) Mais de 12 crises;
4) Nos últimos 12 meses, com que frequência você teve o sono perturbado por
chiado no peito? ( ) nunca acordou com chiado;( ) menos de 1 noite por
semana;( ) uma ou mais vezes por semana.
5) Nos últimos 12 meses, seu chiado foi tão forte a ponto de impedir que você
conseguisse dizer mais de 2 palavras entre cada respiração?
( ) Sim
( ) Não
6) Alguma vez na vida você teve asma ou bronquite? ( ) Sim ( ) Não
7) Nos últimos 12 meses, teve chiado no peito após exercícios físicos?
( ) Sim ( ) Não
8) Nos últimos 12 meses, você teve tosse seca à noite, sem estar gripado ou com
infecções respiratórias? ( ) Sim ( ) Não
OBS: Fez uso de algum medicamento durante essas crises? ( ) Sim ( ) Não
Quais?_________________________________
ASSINAURA DO VOLUNTÁRIO OU RESPONSÁVEL:
ANEXOS D – PROTOCOLO EXPERIMENTAL DE NO2 PASSIVO
Para a amostragem do NO2 será utilizado tubos passivos desenvolvidos no
Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental do Departamento de Patologia da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Novaes e cols., 2007). As
medidas de poluentes por tubos passivos têm sido amplamente utilizadas na Europa
como uma alternativa eficiente para a avaliação ambiental em áreas desprovidas de
monitoramento convencional (Krupa e Legge 2000; Bytnerowicz e cols, 2002). Para
a determinação da concentração do NO2, filtros de celulose de 37 mm de diâmetro
(Energética, Rio de Janeiro, Brasil) serão impregnados com 200uL (2mL) de solução
absorvente de Trietanolamina (Lodge, 1989) e secados em estufa a 37°C por 24
horas. Os filtros serão então inseridos em tubos abertos e colocados nas regiões de
estudo a uma altura de 2 metros do solo, onde permanecerão por um período de
sete dias. Os tubos abertos permitem que o ar contendo NO2 criem uma atmosfera
que permitirá a impregnação do filtro pelo processo de difusão. Quando o NO2
reage com a trietanolamina, o gás é convertido em íons nitrito. Após o período de
exposição os íons nitrito serão extraídos em volume conhecido de metanol através
de ultrassonicação. Os íons nitrito produzidos durante a amostragem serão
determinados por calorimetria (Lodge, 1989) em um espectrofotômetro em um
comprimento de onde de 550nm (Ultrospec 4000 - UV/visible, Pharmacia Biotech,
Allerod, Denmark). Os valores encontrados desta análise serão transformados em
concentração em microgramas por metros cúbicos de NO2 por uma equação de
correlação entre os valores do monitoramento passivo e o monitoramento ativo feito
em estações de monitoramento da CETESB encontrada previamente (Novaes E
cols., 2007).
Análise laboratorial_ Preparo de soluções:
SOLUÇÃO ABSORVENTE _ para preparo de 1.000mL de solução final, dissolver
consecutivamente 20g de Trietanolamina, 0,5g Guaiacol (o-methophenol) e 0,25g de
metabisulfito de sódio em 500mL de água destilada sem cloro. Diluir para 1000mL e
misturar. Está solução é estável por 21 dias.
SOLUÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO_ preparo de 250mL de solução final
Diluir 0,2 mL de Peróxido de Hidrogênio 30% em 200 mL de água destilada sem
cloro, agitar bem e completar com água destilada sem cloro para o volume de 250
mL. Esta solução é estável por 30 dias se mantida sob refrigeração de 4ºC e
protegida da luz.
SOLUÇÃO DE SULFANILAMIDA_ preparo de 100 mL de solução final
(2% em 4 N HCl) Dissolver 2,0g de sulfanilamida em 33 mL de HCl. Em um balão
volumétrico calibrado, diluir para 100mL com água destilada sem cloro, misturar.
Esta solução é estável por 15 dias se mantida sob refrigeração de 4ºC.
SOLUÇÃO DE ANSA_ preparo de 100ml de solução final (0,1% w/v) Dissolver 0.1g
de ANSA em 50mL de metanol absoluto. Completar para 100mL de metanol
absoluto em balão volumétrico. Mantenha o frasco fechado para evitar evaporação.
Solução deve ser preparada no dia da análise.
SOLUÇÃO STANDARD DE NITRITO _ solução estoque Dissolver 1,5151 g de
Nitrito de Sódio, pré seco em a 105°C por 1 hora, em 200mL de águas destilada sem
cloro e agitar. Completar para o volume de 1.000mL com água destilada sem cloro.
Esta solução é estável por 90 dias em temperatura ambiente.
PROCEDIMENTO PARA PREPARO DOS FILTROS PASSIVOS:
1. Identificar numericamente filtros de celulose de 37mm de diâmetro;
2. Impregnar os filtros de celulose com 200uL (2mL) de Sol. Absorvente;
3. Manter os filtros impregnados em estufa a 37°C por 24 horas;
4. Montagem dos filtros nos tubos de amostragem;
5. Expor por sete dias;
PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DOS FILTROS PASSIVOS:
6. Extrair os dos filtros em 50mL de Metanol absoluto _ usar copos Becker de
100mL identificados;
7. Colocar 5mL da solução extraída em tubos;
8. Proceder a análise no espectrofotômetro seguindo o mesmo protocolo da análise
da Curva de Calibração.
SOLUÇÃO DE NITRITO – SOLUÇÃO DE TRABALHO
SOLUÇÃO A (20ug NO2/mL):
Diluir: 5mL de Solução Standard de Nitrito em 200mL de Solução
Absorvente e completar para 250mL.
SOLUÇÃO B (0,5ug NO2/mL):
Diluir: 5mL da Solução A em 150mL de Solução Absorvente e completar para 200mL
com Solução Absorvente.
Solução A e Solução B devem ser preparadas no dia da análise.
PREPARO DOS PONTOS DA CURVA DE CALIBRAÇÃO
Pipetar em balões volumétricos de 100mL: Ponto:
1 . 10mL da SOLUÇÃO B e completar para 100mL com SOL. ABSORVENTE 0,05
2. 20mL de SOLUÇÃO B e completar para 100mL com SOL. ABSORVENTE 0,10
3. 40mL de SOLUÇÃO B e completar para 100mL com SOL. ABSORVENTE 0,20
4. 100mL da SOLUÇÃO B 0,50
5. 5 mL de SOLUÇÃO A e completar para 100mL com SOL. ABSORVENTE 1,0
6. 10mL de SOLUÇÃO A e completar para 100mL com SOL. ABSORVENTE 2,0
7. 5 mL da SOL. ABSORVENTE BRANCO
PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DA CURVA DE CALIBRAÇÃO
Pipetar em tubos de vidros com capacidade para 15 mL:
1. Pipetar 5mL das soluções de análise (pontos 1 a 6 e o branco);
2. Acrescentar 0,5mL da Sol. De Peróxido de Hidrogênio – agitar; Após 15
segundos, acrescentar:
3. 2,7mL de sol. De Sulfanilamida e agitar de 30 seg. a 6 min. e;
4. 3,0mL de sol. ANSA agitar.
5. Colocar aproximadamente 1mL das soluções nas Cubetas e levar ao
Espectrofotômetro – ler em 550nm.
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Douglas_Rene - Licenciatura em Ciências Biológicas