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Economia
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O ESTADO DO MARANHAO · SÃO LUÍS, 6 de janeiro de 2015 - terça-feira
Panorama
econômico
Miriam Leitão
Com Valéria Maniero
As ligações de Joaquim
O
ministro Joaquim Levy liga a Universidade de Chicago ao PT,
que sempre abjurou as ideias daquela escola. Une o FMI,
no qual trabalhou sete anos, ao atual grupo no poder.
Junta os governos Fernando Henrique, Lula e Dilma. O mais importante é que ele ata o que nunca pode estar desatado: o equilíbrio fiscal e o desenvolvimento econômico e social do país.
Não há um sem o outro.
Foi esse o recado que ele passou ao montar o seu discurso em cima do
mantra de que é preciso ajuste fiscal. "Indispensável para continuarmos
no exitoso caminho de ampliar as oportunidades para nosso povo, especialmente para os mais jovens. A chave para a confiança e para o desenvolvimento do crédito que permite mais empreendedores levarem adiante seu projeto e, com isso, contribuírem para a geração de emprego, o
bem estar geral e a riqueza da nação. Fundamento do novo ciclo de crescimento."
O equilíbrio fiscal sustentou o discurso. Segundo ele, foi o ajuste das
contas que garantiu o Plano Real, e foi "a responsabilidade fiscal exercida
na primeira metade dos anos 2000" a condição indispensável para a inclusão de milhões de brasileiros e a política anticíclica logo após a crise
global de 2008.
Ao falar do momento atual, ele usou, mais de uma vez, a palavra "reequilíbrio" das finanças públicas. Ele assume num momento em que grande
parte desse fundamento foi desfeito pelas decisões dos últimos anos. Os
números que herda falam por si: sem superávit primário, com despesas
sendo jogadas para o segundo mandato, a dívida bruta em alta.
Ele mandou vários recados tentando ligar suas convicções às do novo
governo. Não haverá benefícios fiscais para setores. "Não podemos procurar atalhos e benefícios que impliquem em redução acentuada da tribu-
Os pontos-chave
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Ministro Joaquim Levy liga equilíbrio fiscal e desenvolvimento. Não há um sem o outro
Em seu discurso de posse, ele disse que o reequilíbrio
das contas será a base para o crescimento
Ele deu recados: aumentará impostos e não "haverá
atalhos" para benefícios a setores
tação para alguns segmentos". Isso levaria a um "baixo crescimento
endêmico", segundo ele.
Levy quer ligar o realismo de preço às tarifas. "É uma prioridade o realimento de preços", que segundo ele será tratado com energia. Avisou
que tentará manter mais altos os juros do BNDES e que isso será parte
fundamental do financiamento do banco. Ele anunciou também nova
etapa do controle dos gastos através do Siafi-Gerencial.
O ministro Joaquim terá um enorme trabalho em todas as frentes,
porque além de pôr ordem nas contas públicas, das quais nem se sabe se
os números estão corretos, ele terá que trabalhar num governo que, em
parte, o rejeita.
São toscas as críticas dos intelectuais e militantes do Partido dos Trabalhadores ao ministro da Fazenda. Eles criticam no ministério de Dilma
tanto os exemplos do mais descarado fisiologismo e loteamento do poder
quanto um ministro que tem formação técnica e dedicação a governos
de partidos diferentes. Eles criticam tanto o ministro dos Esportes que admite nada entender do tema, quanto uma pessoa como Levy que apresenta um currículo de excelência. São capazes de esquecer o que continha na mala que o ministro George Hilton carregava, mas não esquecerão
o que está registrado no currículo de Levy. Para eles, mérito é demérito.
Joaquim tentará também ligar a Federação, fazendo a reforma do ICMS
que até hoje tem dividido os estados. Missão difícil em que outros fracassaram. Avisou que elevará impostos e ligou os tributos a um aumento de
poupança. Pagar mais imposto ninguém quer, elevar a poupança é fundamental para que haja investimento sustentado e crescimento.
Ontem foi mais um dia horroroso no mercado financeiro, mas o novo
ministro agradeceu aos pais e aos irmãos por lhe inspirarem "otimismo".
Precisará desse combustível porque vai se deparar com uma situação de
baixo crescimento, inflação alta, tarifas desalinhadas, dólar subindo, contínua volatilidade das ações da maior estatal do país. Se conseguir, vai
provar que existe uma ligação direta entre contas públicas ajustadas e o
progresso social. As duas questões sempre estiveram unidas, mas no atual governo ainda há gente que acha que equilíbrio fiscal é aquela ideia
neoliberal que existe para defender o sistema financeiro internacional. A
ligação entre o pensamento neandertal na economia e a visão atualizada
ele não poderá fazer. Mas, pelo discurso de ontem, ele tem um lado. O
mesmo ao qual sempre esteve ligado.
Rápida
Posse Levy
BRASÍLIA - O ministro da
Fazenda, Joaquim Levy,
tomou posse ontem, numa das
cerimônias mais concorridas
da Esplanada dos Ministérios.
Em seu discurso, ele voltou a
defender disciplina nos gastos
públicos. "A disciplina fiscal é
a chave para a confiança e
desenvolvimento do crédito,
que permite mais
empreendedores levarem à
frente seus projetos e com
isso contribuírem para a
criação de empregos”,
afirmou.
BOVESPA
-1,16%
NASDAQ
-0,56%
A bolsa
encerrou o dia
em 50,07
pontos
A bolsa fechou
com a marca
4.780
pontos
OURO
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A commoditie
foi vendida a
R$ 103,20
DÓLAR
-1,69%%
A moeda
americana foi
cotada em
R$ 2,6620
EURO
-0,97%
A moeda
europeia foi
cotada em
R$ 3,2329
Confiança do empresário
tem queda pelo segundo
mês consecutivo no MA
Redução do índice de confiança do setor industrial no estado foi apontada
em pesquisa da Fiema, que identificou 48,8 pontos no mês de dezembro
O
Índice de Confiança do
Empresário Industrial
do Maranhão (IceiMA) teve nova queda em dezembro de 2014, marcando
48,8 pontos e, pela primeira
vez na série histórica, ficou
abaixo da linha divisória dos
50 pontos. Apesar disso, demonstra estabilidade por estar dentro da margem de erro
de 2 pontos.
O estudo é elaborado mensalmente pela Federação das
Indústrias do Estado do
Maranhão (Fiema), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O
Icei varia de 0 a 100. Valores
acima dos 50 pontos indicam
empresário confiante, abaixo
dos 50 pontos indicam pessimismo.
De acordo com a pesquisa
de dezembro de 2014, em relação ao mesmo período de
2013, houve expressiva redução, visto que o índice apontava 63,4 pontos. Por setor, os
índices também caíram em
comparação com os do mês
passado. O da indústria extrativa e de transformação obteve
49,4 pontos e o da construção
civil marcou 48,2 pontos.
Tendo em vista o porte, a
pesquisa mostrou que as empresas de pequeno porte atingiram 51,1 pontos, contrastando com as empresas de médio
e grande porte, que oscilaram
abaixo da marca dos 50 pontos, marcando 48,2 pontos.
O índice brasileiro apresentou uma pequena melhora,
em relação a novembro, marcando 45,2 pontos. O do Nordeste também cresceu sensivelmente, saindo de 48,3 pontos para 49,2. O indicador do
Brasil permanece com uma
tendência pessimista, enquanto o nordestino segue estável.
Piora - Ainda segundo o estudo, as condições atuais das
Variação do Icei
empresas pioraram de novembro para dezembro de 2014 no
Maranhão. O industrial recuou para 40 pontos, acompanhado do da construção civil,
que seguiu a mesma tendência, caindo para 37,9 pontos.
Já relacionado com as condições da economia brasileira e
maranhense, os índices continuaram em queda marcando 31,8 pontos e 35,2 pontos,
respectivamente.
Em relação às expectativas
para os próximos seis meses,
o índice geral marcou 53,6
pontos, com os empresários
permanecendo confiantes.
Setorialmente, destaca-se a
retomada de confiança dos empresários da construção civil,
uma vez que os índices da economia brasileira (48,3 pontos) e
maranhense (51,7 pontos) apresentaram crescimento. Pelo lado da indústria extrativa e de
transformação, os indicadores
de expectativa continuam demonstrando confiança com apenas o índice da economia brasileira oscilando negativamente,
marcando 47,4 pontos.
Icei de dezembro
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