Shirley King & Banda
Não deve ser fácil ser filha do homem que mudou a história da música. Ainda mais quando
se resolve cobrir as pegadas do pai no mesmo ramo. Shirley King, filha de B.B. King, sempre
teve de conviver com isso. E se há um músico que merece a alcunha de lenda viva, esse
alguém é o velho B.B. O homem popularizou o blues pelo mundo.
Ela mesma reconhece que ser filha de uma lenda viva tem seu lado bom e seu lado ruim. Por
um lado, pagou o preço emocional por ter crescido com a constante ausência do pai e com
medo de cometer qualquer deslize que manchasse sua reputação. Talvez por isso Shirley
tenha decidido tarde se tornar cantora profissional, somente aos 41 anos.
Começou com o pé direito em Chicago, a cidade que é considerada a Meca do blues mundial.
Em 1990 tornou-se cantora regular no Kingston Mines, uma das principais casas da cidade.
Um ano depois gravou seu primeiro disco, JumpThroughMyKeyhole, o que a levou a
excursionar pela Islândia, Itália, França e Inglaterra. A lembrança que tem de Ruth Brown
também é a melhor possível: “Ela me ensinou sobre Bessie Smith e Dinah Washington, pois
ela fazia parte daquela dinastia. Era uma pessoa muito boa, passou mais de uma hora
falando sobre música e show business e eu nunca esqueci isso”.
A mais notável característica sobre a voz de King é que ela pode cantar em camadas. Ela
sabe mudar de timbre com facilidade. “Minha voz está entre Etta James e Tina Turner”. Seu
repertório inclui temas de Etta James, Proud Mary, HoochieCoochieWoman, e canções de
seu pai como Every Day I Havethe Blues, Rock Me Baby e LettheGood Times Roll, mas ela
tenta ficar longe das músicas de B.B. para evitar comparações.
Atuou com os maiores do gênero, entre eles B.B. King, Albert King, Bobby Bland, Little
Miton, Koko Taylor, Lonnie Brooks, Eddie Clearwater e Billy Branch. Shirley admite que ter
um pai ilustre ajudou em sua carreira, mas quem escuta essa verdadeira representante da
tradição musical norte americana. “Ser filha de B.B. King tem a vantagem de que todas as
pessoas o respeitam, admiram e amam. Mas eu sempre tive de lutar pelo que eu quero. Saio
todas as noites, se não estou cantando, estou em algum lugar tentando ganhar a aprovação
dos meus fãs”.
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Shirley King - Santos Jazz Festival