UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
ANDRÉ ROBSON TRAJANO DA SILVA
PROPOSTA PARA A INCORPORAÇÃO DOS FATORES
SOCIOAMBIENTAIS NA AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE
EMPRESAS: UMA APLICAÇÃO AO SETOR DE PAPEL E CELULOSE
Rio de Janeiro
2013
André Robson Trajano da Silva
PROPOSTA PARA A INCORPORAÇÃO DOS FATORES
SOCIOAMBIENTAIS NA AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE
EMPRESAS: UMA APLICAÇÃO AO SETOR DE PAPEL E CELULOSE
Dissertação
de
Mestrado
apresentada
ao
Programa de Pós-Graduação em Administração,
Instituto
COPPEAD
de
Administração,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Administração.
Orientador: Prof. Celso Funcia Lemme, D. Sc.
Rio de Janeiro
2013
Trajano da Silva, André Robson.
Proposta para a incorporação dos fatores socioambientais na avaliação
econômica de empresas: uma aplicação ao setor de papel e celulose / André
Robson Trajano da Silva. -- Rio de Janeiro: UFRJ, 2013.
83 f.: il.; 31 cm.
Orientador: Celso Funcia Lemme
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Instituto COPPEAD de Administração, 2013.
1. Avaliação de Empresas. 2. Finanças. 3. Administração – Teses. I.
Lemme, Celso Funcia. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto
COPPEAD de Administração. III. Título.
André Robson Trajano da Silva
PROPOSTA PARA A INCORPORAÇÃO DOS FATORES
SOCIOAMBIENTAIS NA AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE
EMPRESAS: UMA APLICAÇÃO AO SETOR DE PAPEL E CELULOSE
Dissertação
de
Mestrado
apresentada
ao
Programa de Pós-Graduação em Administração,
Instituto
COPPEAD
de
Administração,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Administração.
Aprovada por:
_________________________________________________________________
Prof. Celso Funcia Lemme, D.Sc. - Orientador (COPPEAD/UFRJ)
_______________________________________________________________
Prof. Marcos Cohen, D.Sc. (IAG/PUC-RIO)
_______________________________________________________________
Prof. Carlos Eduardo Frickmann Young, Ph.D. (Instituto de Economia/UFRJ)
Rio de Janeiro
2013
Para Juliana,
Conceição, Antonio,
Arthur, Anderson,
Margarida e Ayrton.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela vida e pelas oportunidades de alcançar meus objetivos
como fruto de minha dedicação.
Agradeço a Jesus Cristo pelo exemplo e pelos ensinamentos que me confortaram
nos momentos difíceis.
Agradeço a minha esposa, Juliana Albuquerque Marques, pelo companheirismo
diário e por incentivar-me a lutar pelos meus sonhos.
Agradeço a meus pais, Maria da Conceição Trajano da Silva e Antonio Trajano da
Silva, pelo amor incondicional e por estimularem-me a buscar novos conhecimentos
desde minhas primeiras palavras.
Agradeço a meus irmãos, Arthur Vinícius Trajano da Silva e Anderson Felipe
Trajano da Silva, a Mariana Freitas Tacanho da Silva e a família Marques pelo apoio
durante o período em que me dediquei ao mestrado.
Agradeço ao meu professor, Celso Funcia Lemme, por seu formidável empenho
em orientar-me durante todas as etapas deste trabalho.
Agradeço a Clarissa Lins, a Israel Klabin e a Kyle Whitaker por suas valiosas
contribuições a esta pesquisa.
Por fim, agradeço sinceramente aos familiares e amigos que se dedicam com amor
ao trabalho, pois me inspiraram a empenhar meus melhores esforços nesta pesquisa.
RESUMO
TRAJANO DA SILVA, André Robson. Proposta para a incorporação dos fatores
socioambientais na avaliação econômica de empresas: uma aplicação ao setor de papel e
celulose. Dissertação (Mestrado em Administração) – COPPEAD, Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2013.
O presente trabalho teve por objetivo propor um modelo preliminar que incorpore os
fatores socioambientais à avaliação econômica de empresas, aplicando-o ao setor de
papel e celulose. Para a construção desse modelo foram identificados: os principais
aspectos socioambientais que merecem a atenção das empresas em geral, as questões
socioambientais mais significativas para o setor de papel e celulose, bem como práticas
socioambientais associadas a estas questões com reflexos econômicos para as empresas
do setor. O modelo proposto aponta quais informações são necessárias para que
investidores e analistas financeiros possam identificar o ganho ou perda de valor
decorrente de práticas socioambientais adotadas pelas empresas de papel e celulose.
Entretanto, no estágio atual, a aplicação do modelo é limitada pela qualidade das
informações divulgadas pelas empresas. Esta limitação do modelo reforça a sua
contribuição: o modelo proposto apresenta-se como um referencial para investidores e
analistas financeiros aperfeiçoarem sua demanda por informações e, com isso, gerar um
efeito indutor para o aprimoramento da qualidade das informações divulgadas pelas
empresas.
Palavras-chave: Avaliação de Empresas; Finanças; Relatórios de Sustentabilidade;
Sustentabilidade Corporativa.
ABSTRACT
TRAJANO DA SILVA, André Robson. Environmental and social factors in corporate
valuation: a model for the Brazilian pulp and paper industry. Master Thesis (Master of
Business Administration) – COPPEAD, Federal University of Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, 2013.
This study aimed to propose a preliminary model for incorporating social and
environmental factors to the economic valuation of companies, applying it to the pulp
and paper industry. To construct this model, were identified: the main social and
environmental aspects that deserve the attention of companies in general; the most
significant social and environmental issues for the pulp and paper sector; as well as
social and environmental practices associated with these issues with economic
consequences for companies acting in this sector. The proposed model shows which
information is needed so that investors and financial analysts can identify the gain or
loss in value due to social and environmental actions adopted by pulp and paper
companies. However, at the current stage, its application is limited by the quality of
information disclosed by companies. This limitation reinforces the contribution of the
model: investors and financial analysts can use it as a referential to improve their
demand for information and consequently lead to an improvement of the information
disclosed by companies.
Keywords: Business Evaluation; Corporate Sustainability; Finance; Sustainability
Reports.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Modelo de sistema de mensuração ............................................................. 34
Figura 2 - Sistema para a integração dos fatores socioambientais ao modelo de avaliação
econômica de empresas .............................................................................................. 43
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Amostra utilizada na terceira fase do estudo da SustainAbility ................. 30
Quadro 2 - Amostra das iniciativas de avaliação da sustentabilidade corporativa......... 31
Quadro 3 - Dados do setor de papel e celulose brasileiro............................................. 36
Quadro 4 - Nível de aplicação GRI ............................................................................. 39
Quadro 5 - Engajamento de stakeholders .................................................................... 40
Quadro 6 - Amostra de avaliações utilizadas para identificação das questões materiais
do setor de papel e celulose......................................................................................... 41
Quadro 7 - Amostra dos relatórios de sustentabilidade utilizados para identificação das
práticas socioambientais e seus impactos econômicos ................................................. 41
Quadro 8 - Cálculo do fluxo de caixa livre para a empresa ......................................... 42
Quadro 9 - Agrupamento das iniciativas selecionadas como amostra........................... 45
Quadro 10 - Principais fatores socioambientais abordados pelas iniciativas de avaliação
da sustentabilidade corporativa examinadas ................................................................ 46
Quadro 11 - Principais questões materiais identificadas e fatores socioambientais
associados................................................................................................................... 48
Quadro 12 - Manejo florestal e sua conexão com valor ............................................... 50
Quadro 13 - Impactos na biodiversidade e sua conexão com valor .............................. 52
Quadro 14 - Mudanças climáticas e sua conexão com valor ........................................ 53
Quadro 15 – Uso da água e sua conexão com valor ..................................................... 55
Quadro 16 - Emissões, efluentes e resíduos e sua conexão com valor.......................... 56
Quadro 17 – Consumo sustentável e sua conexão com valor ....................................... 57
Quadro 18 - Relacionamento com fornecedores e sua conexão com valor ................... 58
Quadro 19 - Relacionamento com comunidades e sua conexão com valor................... 60
Quadro 20 - Modelo preliminar de avaliação econômica dos fatores socioambientais
aplicado ao setor de papel e celulose ........................................................................... 61
Quadro 21 - Exemplos de retorno gerado por práticas socioambientais ....................... 62
Quadro 22 - Exemplos de dispêndios em práticas socioambientais .............................. 64
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABRAF - Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas
BRACELPA - Associação Brasileira de Celulose e Papel
DFC - Desempenho Financeiro Corporativo
DJSI - Dow Jones Sustainability Indexes
DSA - Desempenho Socioambiental
IFC - International Finance Corporation
FBDS - Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável
GEE - Gases de Efeito Estufa
GRI - Global Reporting Initiative
ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&F Bovespa
MDL - Mecanismos de Desenvolvimento Limpo
ONU - Organização das Nações Unidas
PRI – Principles for Responsible Investment
TBL - Triple Bottom Line
UNEP FI – United Nations Environment Programme Finance Initiative
WBCSD - World Business Council for Sustainable Development
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13
1.1
CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................ 13
1.2
PROBLEMA...................................................................................................... 14
1.3
OBJETIVO DA PESQUISA .............................................................................. 16
1.4
RELEVÂNCIA .................................................................................................. 16
1.5
DELIMITAÇÕES .............................................................................................. 17
2
REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 18
2.1 RELAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO FINANCEIRO CORPORATIVO E
SOCIOAMBIENTAL ................................................................................................. 18
2.2
MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO SOCIOAMBIENTAL E AVALIAÇÃO
DE MATERIALIDADE .................................................................................... 24
2.3
MÉTRICAS FINANCEIRAS DE DESEMPENHO SOCIOAMBIENTAL......... 27
3
MÉTODO DE PESQUISA............................................................................... 29
3.1
IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS FATORES SOCIOAMBIENTAIS ........ 29
3.1.1 Critérios para seleção da amostra........................................................................ 29
3.1.2 Descrição das iniciativas selecionadas para amostra ........................................... 32
3.1.3 Análise e categorização dos principais fatores socioambientais .......................... 33
3.2
ANÁLISE DAS QUESTÕES MATERIAIS SETORIAIS .................................. 35
3.2.1 Critérios para a seleção do setor de papel e celulose ........................................... 36
3.2.2 Análise da materialidade dos fatores socioambientais para o setor de papel e
celulose .............................................................................................................. 37
3.3
ANÁLISE DAS PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS E SUA CONEXÃO COM A
AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE EMPRESAS ................................................ 41
3.4
SELEÇÃO DA AMOSTRA DE EMPRESAS PARA TESTE DO MODELO .... 43
3.5
LIMITAÇÕES DO MÉTODO ........................................................................... 44
4
RESULTADOS................................................................................................. 45
4.1
PRINCIPAIS FATORES SOCIOAMBIENTAIS ............................................... 45
4.2
IDENTIFICAÇÃO DAS QUESTÕES MATERIAIS PARA O SETOR DE
PAPEL E CELULOSE ...................................................................................... 47
4.3
IDENTIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS ASSOCIADAS ÀS
QUESTÕES MATERIAIS E DE SEUS IMPACTOS NA AVALIAÇÃO
ECONÔMICA DE EMPRESAS DE PAPEL E CELULOSE ............................. 48
4.3.1 Manejo florestal ................................................................................................. 49
4.3.2 Impactos na biodiversidade ................................................................................ 51
4.3.3 Mudanças climáticas .......................................................................................... 53
4.3.4 Uso da água........................................................................................................ 54
4.3.5 Emissões, efluentes e resíduos............................................................................ 55
4.3.6 Consumo sustentável.......................................................................................... 57
4.3.7 Relacionamento com fornecedores ..................................................................... 58
4.3.8 Relacionamento com comunidades..................................................................... 58
4.4
APRESENTAÇÃO DO MODELO .................................................................... 60
4.5
TESTE DO MODELO ....................................................................................... 62
4.6
CONSIDERAÇÕES AO TESTE DO MODELO................................................ 65
5.
CONCLUSÃO .................................................................................................. 67
REFERÊNCIAS................................................................................................. 70
APÊNDICE 1 – PRINCIPAIS FATORES SOCIOAMBIENTAIS AVALIADOS
PELAS INICIATIVAS EXAMINADAS............................................................ 75
APÊNDICE 2 – QUESTÕES MATERIAIS IDENTIFICADAS PARA O SETOR
DE PAPEL E CELULOSE................................................................................. 76
ANEXO 1 – 108 INICIATIVAS GLOBAIS ANALISADAS PELO ESTUDO
“RATE THE RATERS” FASE TWO (SUSTAINABILITY, 2010b) .................. 77
ANEXO 2 – TOP 100 GLOBAL FOREST, PAPER & PACKAGING
INDUSTRY COMPANIES (PRICEWATERHOUSECOOPERS, 2011) ............ 81
ANEXO 3 – NÍVEIS DE APLICAÇÃO DA GRI VERSÃO 3.1 (GRI, 2000-2011)
........................................................................................................................... 83
13
1
INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTO HISTÓRICO
Nos anos 1970 já existiam iniciativas isoladas para a seleção de investimentos a
partir de fatores não financeiros. Alguns fundos de pensão na Europa e nos Estados
Unidos tinham a preocupação de que seus investimentos pudessem ser questionados sob
o ponto de vista ético, moral ou religioso. Dessa forma, investidores com esse perfil
passaram a aprovar ou reprovar a alocação e a manutenção de recursos em ativos com
base nestes critérios (CRAMER e KARABELL, 2010).
Algumas décadas depois, o lançamento dos Princípios do Equador contribuiu para
a incorporação da avaliação socioambiental em empreendimentos que captam recursos
por meio de project finance. Tradicionalmente, em operações dessa natureza, o
financiador analisa as receitas projetadas para um projeto específico, tanto como fonte
de pagamento quanto como garantia à sua exposição ao risco. Com a ratificação dos
Princípios do Equador, as instituições financeiras signatárias comprometeram-se em
analisar essas operações também em função dos impactos e riscos socioambientais
relevantes para o projeto financiado, de acordo com os critérios aplicados pela
International Finance Corporation (IFC).
A introdução destes critérios na avaliação destas operações financeiras teve por
objetivo assegurar que os projetos financiados sejam desenvolvidos de forma
socialmente responsável e mediante boas práticas de gestão ambiental. Dessa maneira,
reduz-se a exposição das entidades que utilizam este tipo de financiamento a eventuais
passivos socioambientais e, consequentemente, mitiga-se os riscos de crédito destes
financiamentos em favor das instituições financeiras signatárias. Até o mês de maio de
2012 os Princípios do Equador já tinham sido ratificados por setenta e sete instituições
financeiras de diversos países (EQUATOR PRINCIPLES, 2012).
Por sua vez, a proposição dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI,
do inglês Principles for Responsible Investment) pela Organização das Nações Unidas
(ONU) em 2006 foi uma importante iniciativa global que incorporou fatores
socioambientais e de governança à avaliação de investimentos. A elaboração destes
princípios teve a colaboração direta de alguns dos maiores investidores institucionais do
planeta, o que contribuiu para a difusão dos mesmos na comunidade financeira. Os
signatários do PRI fundamentam-se no entendimento de que fatores ambientais, sociais
e de governança corporativa têm impacto no desempenho financeiro dos portfólios de
14
investimentos, ainda que seus efeitos possam variar em função de outros fatores como o
setor econômico, as características da empresa e as localidades em que atua.
Até o mês de abril de 2012 o PRI já havia sido ratificado por mais de mil
investidores institucionais. Conjuntamente estes signatários eram responsáveis pela
gestão de aproximadamente trinta trilhões de dólares em ativos (PRI, 2012).
1.2 PROBLEMA
As iniciativas mencionadas fazem parte de uma tendência pela inclusão de
critérios de sustentabilidade corporativa nas análises efetuadas para o aporte de recursos
em empresas, seja na forma de financiamento ou de capital próprio. No entanto, há o
desafio de verificar, em última instância, como a sustentabilidade corporativa pode se
traduzir no resultado financeiro das corporações (YACHNIN & ASSOCIATES, 2006).
Para o propósito deste trabalho, a expressão sustentabilidade corporativa será tratada
como a incorporação de fatores socioambientais na definição da estratégia das
empresas, na operação do negócio e nas interações com stakeholders (LINS e
WAJNBERG, 2007).
Em uma série de seminários efetuados por duas entidades de influência
internacional, World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e
United Nations Environment Programme Finance Initiative (UNEP FI), constatou-se
que gestores de empresas e investidores têm o entendimento de que fatores
socioambientais podem gerar impactos no desempenho financeiro de longo prazo das
empresas, sejam estes positivos ou negativos. Entretanto, observou-se que há
divergências entre essas partes em relação à quais fatores socioambientais devem ser
tratados como relevantes para a mensuração de seus impactos na avaliação econômica
de empresas (UNEP FI e WBCSD, 2010).
Muitos investidores ainda têm o entendimento de que os fatores socioambientais
se limitam a questões relacionadas à reputação e à marca. Ao mesmo tempo, embora
dotados de um profundo entendimento do negócio em que operam, os gestores de
empresas têm dificuldade em comunicar adequadamente aos investidores quais fatores
socioambientais têm impactos relevantes no desempenho financeiro da companhia.
Consequentemente, os investidores frequentemente superestimam ou subavaliam o
valor das empresas no longo prazo porque não conseguem integrar de forma apropriada
os fatores socioambientais à suas análises e decisões de investimentos (UNEP FI e
WBCSD, 2010).
15
Na tentativa de orientar os investidores que buscam alocar seus recursos em
empresas que tenham um bom nível de sustentabilidade corporativa, surgiram nos
últimos anos diversas entidades com o objetivo de avaliar as empresas de capital aberto
sob esta ótica (SUSTAINABILITY, 2010a). Como resultado há diversos índices,
ratings, rankings e premiações que se propõem a atestar o desempenho socioambiental
de empresas em várias partes do globo.
Para tanto, um grande número de questionários tem sido encaminhado às
empresas por estas entidades especializadas, solicitando informações que permitam
avaliar seu nível de sustentabilidade corporativa. Este fato tem sido criticado pelas
empresas em função dos recursos empregados para a prestação de informações por
vezes pouco significativas no contexto de seus negócios (UNEP FI e WBCSD, 2010).
Além disso, poucas destas iniciativas para mensurar a sustentabilidade corporativa
efetuam uma análise integrada dos fatores econômicos, sociais e ambientais. Neste
esforço são utilizados diferentes indicadores para avaliar cada um destes fatores, bem
como adotados métodos distintos para ponderar e agregar os resultados obtidos. Dessa
forma, tais avaliações estão sujeitas a resultados subjetivos, ainda que possam ser
empregados vários critérios objetivos (SINGH et al., 2012).
Ao mesmo tempo, embora os índices, ratings, rankings e premiações tenham o
objetivo de auxiliar investidores em suas decisões de alocação de recursos, não lhes
permitem mensurar os impactos financeiros dos fatores socioambientais nas empresas
analisadas. Isoladamente, o resultado destas avaliações apenas permite aos investidores
distinguir as empresas de melhor desempenho socioambiental, como ocorre, por
exemplo, com os Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI) e os ratings da Oekom. Uma
vez identificadas quais são estas empresas, a prática de mercado consiste em verificar se
o desempenho financeiro das mesmas também é superior ao obtido pelas corporações
não tão bem avaliadas sob a ótica socioambiental, mediante a análise de séries históricas
das carteiras de ações.
Desta forma, os índices, ratings, rankings e premiações não atendem ao desafio
de elucidar aos investidores de forma clara e direta o retorno financeiro gerado pelos
recursos que são alocados pelas empresas em práticas socioambientais1. Uma forma de
estabelecer uma conexão direta entre o desempenho socioambiental e financeiro seria a
incorporação dos fatores socioambientais relevantes aos modelos de avaliação de
empresas.
1
Práticas associadas às atividades operacionais das empresas que impactem de forma positiva seus
stakeholders e/ou o meio ambiente, direta ou indiretamente.
16
De acordo com a literatura examinada, não foi encontrado um modelo genérico
que permita a mensuração dos efeitos financeiros gerados pelo desempenho
socioambiental das empresas. Ainda assim, conforme será apresentado a seguir, há
estudos que apontam alguns dos caminhos que podem ser desenvolvidos para a
identificação do valor econômico gerado pelas práticas socioambientais corporativas.
1.3 OBJETIVO DA PESQUISA
O presente trabalho tem por objetivo propor um modelo preliminar que incorpore
os fatores socioambientais à avaliação econômica de empresas. Este modelo visa
identificar o ganho ou perda de valor decorrente de um conjunto de práticas
corporativas que envolvem fatores sociais e/ou ambientais.
Para ilustrar a construção deste modelo, foi selecionado o setor de papel e celulose
tendo em vista a relevância socioeconômica do setor no Brasil e sua interferência no
meio ambiente. No intuito de testá-lo, sob a ótica de investidores e analistas financeiros,
foram utilizadas informações coletadas em fontes de acesso público referentes a uma
amostra de empresas brasileiras que atuam neste setor.
1.4
RELEVÂNCIA
A apresentação de uma estrutura sequencial que seja capaz integrar os fatores
socioambientais na avaliação econômica de empresas seria um método de análise útil
para investidores e analistas financeiros. O modelo de avaliação econômica resultante
da aplicação deste método lhes possibilitaria quantificar o retorno monetário dos
recursos empregados em ações corporativas que geram benefícios diretos ou indiretos
aos stakeholders e ao meio ambiente.
A proposta desta pesquisa coaduna-se com o alerta efetuado por Epstein e Roy
(2003) de que somente é possível integrar os fatores sociais e ambientais na estratégia
empresarial quando as empresas conseguem estabelecer uma justificativa de negócios
(business case) para um bom desempenho socioambiental. Um modelo capaz de
capturar os efeitos econômicos dos fatores socioambientais nas corporações auxiliaria
investidores e analistas financeiros em verificar se as empresas que integram tais fatores
à estratégia, às atividades operacionais e ao relacionamento com stakeholders geram um
retorno financeiro superior em relação àquelas que não adotam tais práticas.
17
1.5
DELIMITAÇÕES
É importante ressaltar que a construção do modelo proposto esteve sujeita a
delimitações espaciais e temporais. Neste trabalho, foram examinados os principais
fatores socioambientais relacionados ao setor de papel e celulose no contexto brasileiro
para o ano de 2010 e 2011.
18
2
REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura foi dividida em três tópicos. Primeiramente, buscou-se uma
melhor compreensão dos resultados obtidos por diversos pesquisadores na tentativa de
identificar a relação existente entre o desempenho financeiro das empresas e seu
desempenho socioambiental. Embora o conjunto de estudos examinados não indique
uma correlação positiva robusta entre os mesmos, constatou-se que os gestores de
empresas não destroem os recursos que lhes são confiados pelos acionistas ao
empregarem-nos em práticas socioambientais.
Em seguida, a literatura examinada revela a importância das informações
divulgadas pelas empresas para que os investidores e analistas financeiros sejam
capazes de integrar as práticas socioambientais às suas decisões de investimentos. Para
que as empresas possam aperfeiçoar a qualidade das informações divulgadas, observouse que devem ser direcionados esforços para a mensuração das práticas socioambientais
mais relevantes para o negócio, conforme a atividade econômica que desempenham.
Por fim, a literatura revisada propõe a divulgação do desempenho socioambiental
corporativo em métricas financeiras. Nesse sentido, constatou-se que a incorporação dos
fatores socioambientais na avaliação econômica de empresas pressupõe a expressão dos
impactos econômicos desses fatores em medidas que possam ser traduzidas em um
denominador comum monetário.
2.1
RELAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO FINANCEIRO CORPORATIVO E
SOCIOAMBIENTAL
O vencedor do Premio Nobel de Ciências Econômicas, Milton Friedman, defendia
nos anos 1970 a perspectiva de que os gestores corporativos não deveriam alocar os
recursos da empresa em causas sociais, pois estariam destruindo a riqueza dos acionistas
que representam (FRIEDMAN, 1970 apud HUMPHREY, LEE e SHEN, 2012). No
entanto, nos anos 1980, outros agentes começaram a influenciar as decisões dos
gestores de empresas, além dos acionistas. Neste novo contexto de negócios, uma
perspectiva mais ampla tornou-se mais adequada. Desta forma, fortaleceu-se o
entendimento de que os interesses de todos os grupos que afetam ou são afetados pelas
atividades empresariais devem ser analisados durante o processo decisório dos gestores
corporativos (FREEMAN e Mc VEA, 2001).
Três décadas depois, há uma grande pressão para que as empresas não apenas
aprimorem seu relacionamento com stakeholders, como também para que haja a
19
integração dos fatores ambientais, sociais e de governança às suas atividades. No
entanto, é preciso saber se os recursos empregados pelas corporações para aprimorar seu
desempenho socioambiental e de governança será traduzido em benefícios futuros, ou
seja, se aumentará o valor da empresa ou se o reduzirá. Do ponto de vista do investidor,
a questão que se apresenta atualmente é se a análise que leva em consideração tal
desempenho lhe permitirá identificar quais empresas representam bons investimentos
(HUMPHREY, LEE e SHEN, 2012).
Para Ruf et al. (2001), a incorporação das demandas de stakeholders nas ações
corporativas traduz-se em um inevitável custo para que as empresas possam operar.
Enquanto que o envolvimento com seus stakeholders confere legitimidade social às
atividades empresariais, ignorá-los pode resultar em eventuais confrontos que impactem
negativamente no valor de suas ações: greves, protestos, processos judiciais, boicotes a
seus produtos e serviços, entre outros. Por este motivo, sob esta perspectiva, ao
considerar os interesses de todos os grupos que são afetados pelas suas atividades, as
empresas também estão protegendo os interesses de seus acionistas.
A importância das empresas estabelecerem um bom relacionamento com os
stakeholders vem da percepção de que as transações com fornecedores, clientes,
empregados, governos e comunidades não se dão uma única vez, repetindo-se no longo
prazo. Quando as empresas agem de forma cooperativa, adotando ações voluntárias
socialmente responsáveis e comunicando-as a seus stakeholders fortalecem sua
reputação com seus parceiros e clientes (RUF et al., 2001).
As empresas que desfrutam de vantagens competitivas são aquelas que detêm
recursos valiosos, raros, inimitáveis e insubstituíveis (BARNEY, 1991). Desta forma,
aquelas que encaram como custos a satisfação de seus stakeholders tendem a minimizar
tais dispêndios, adotando o padrão mínimo requerido para a indústria. Por outro lado, as
empresas que incorporam o envolvimento com stakeholders à sua estratégia, podem
desenvolver ações específicas que satisfaçam as necessidades destes grupos de interesse
e, com isso, criar vantagens competitivas que podem lhe render um melhor desempenho
financeiro (RUF et al. 2001).
Diversos pesquisadores têm demonstrado interesse em explorar a relação entre o
desempenho financeiro corporativo (DFC) e socioambiental (DSA), como forma de
refutar ou corroborar a perspectiva proposta há algumas décadas por Friedman
(GRIFFIN e MAHON, 1997). De acordo com Salzmann, Steger e Ionescu-Somers
(2005a), os estudos acadêmicos que analisam a relação entre o DFC e DSA podem ser
agrupados em duas categorias: estudos teóricos, baseados em modelos que procuram
20
explicar a relação de causalidade entre o DFC e o DSA; e estudos empíricos que, por
sua vez, se subdividem em instrumentais e descritivos. Os estudos instrumentais buscam
testar as hipóteses dos estudos teóricos de forma qualitativa ou quantitativa, enquanto
que os estudos descritivos objetivam verificar como as empresas fazem a conexão entre
o DFC e o DSA na prática.
Entretanto, uma análise individualizada de algumas pesquisas instrumentais
quantitativas que estudam a relação entre o DFC e o DSA revela resultados mais ou
menos conclusivos, em favor de uma correlação positiva entre os mesmos, de acordo
com o conjunto de dados examinados em cada estudo. Um grande número de pesquisas
com este propósito tem sido efetuado a partir de informações extraídas de diversos
horizontes temporais, em diferentes localizações geográficas, dentre outras distinções de
parâmetros de análise. A título de ilustração, apresenta-se uma síntese de quatro destas
pesquisas nos parágrafos a seguir.
Como exemplo, observa-se o trabalho de Klassen e McLaughlin (1996) que, ao
analisarem o período de 1985 a 1991, verificaram a existência de retornos positivos
significativos no valor de mercado de empresas em função de premiações que atestavam
uma boa gestão ambiental, enquanto que retornos negativos significativos foram
observados quando empresas apresentavam problemas de gestão ambiental. Este
resultado seria um indicativo de percepção de valor quanto à variável ambiental, pois se
observou a existência de retornos anormais positivos de ações de empresas que se
destacam por seu desempenho ambiental.
Conclusão semelhante pode ser obtida a partir da pesquisa de Arx e Zigler (2008)
que, ao efetuarem análises econométricas em dados de empresas dos Estados Unidos e
da Europa entre 2003 e 2006, constataram a existência de reflexos no retorno mensal
das ações de empresas em função de suas atividades socioambientais quando
comparadas a outras dentro do mesmo setor de atividade econômica, muito embora
tenham sido identificadas diferenças na robustez dos resultados obtidos para os Estados
Unidos e a Europa. Assim, este estudo também aponta favoravelmente para a relevância
do DSA no DFC, embora destaque diferenças na intensidade dos resultados em função
da região geográfica examinada.
Em contrapartida, a relação entre DSA e DFC apresentou resultados distintos
quando Jacobs, Singhal e Subramarian (2008) analisaram o efeito no valor de mercado
de ações de empresas em decorrência de seu desempenho ambiental, tendo como
referência a divulgação de iniciativas corporativas para evitar, mitigar ou compensar os
impactos ambientais de seus produtos, bem como a divulgação de premiações e
21
certificações ambientais. Como resultado, constatou-se que não há uma reação do
mercado em função destes anúncios quando há uma análise conjunta dos mesmos.
Contudo, ao mesmo tempo, foram identificadas relações estatisticamente significativas
para algumas subcategorias de informações analisadas, como por exemplo: reações
negativas do mercado em função da redução das emissões voluntárias de empresas e
reações positivas do mercado diante da obtenção da certificação ISO 14001 por
empresas. Assim, os referidos autores concluíram que o mercado parece ter uma reação
seletiva diante de anúncios corporativos de desempenho ambiental.
Por sua vez, o trabalho de Cavalcante, Bruni e Costa (2009), ao analisar a relação
entre o DFC e o DSA no contexto brasileiro, encontrou resultados distintos sob o ponto
de vista temporal. Ao confrontarem o desempenho de uma carteira teórica formada
pelas ações que compõem o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da
BM&FBOVESPA com o das carteiras teóricas que formam o Índice Bovespa
(Ibovespa) e o Índice Brasil (IBrX), esses autores não identificaram um desempenho
superior do ISE ante os demais índices no período posterior a sua criação. Todavia, ao
retroagirem o ISE para o período anterior a sua criação, observou-se que a carteira
teórica associada a este índice apresentou melhor desempenho, o que poderia sugerir
que sua precificação teria ocorrido antes de sua divulgação oficial. Ainda assim, os
autores deste estudo enfatizam que não foi possível identificar um momento específico
capaz de marcar a elevação percebida nos preços das ações em questão.
O exame da literatura supramencionada fornece indícios de como é difícil concluir
quanto à existência de uma relação entre o DFC e o DSA mediante uma análise
individualizada de apenas alguns artigos acadêmicos. Por esse motivo, baseando-se no
grande número de estudos instrumentais quantitativos que tem explorado a relação entre
o DFC e o DSA, alguns autores têm realizado pesquisas que se propõem a analisar de
forma consolidada os resultados obtidos por vários destes estudos. Conforme se observa
na revisão de literatura apresentada a seguir, embora o resultado destas metanálises não
permita a identificação de evidências robustas de uma correlação positiva entre o DFC e
o DSA, fortalece-se a constatação de que as práticas socioambientais ao menos não
destroem valor para investidores e empresas.
Margolis, Elfenbein e Walsh (2007) examinaram 167 estudos entre 1972 e 2007
encontrando uma tênue correlação positiva entre DSA e DFC, ou seja, que haveria
alguma relação entre ambos. Contudo, para Herremans et al. (1993 apud BEURDEN e
GOSSLING, 2008) é preciso cuidado ao examinar resultados de estudos que envolvem
aspectos sociais quando abrangem períodos de tempo muito distintos. Por este motivo,
22
Beurden e Gossling (2008), ao efetuarem uma metanálise para analisar a relação entre
DSA e DFC, optaram por incluir em sua amostra apenas dados posteriores a 1990, pois
entendem que após a publicação do “Brundtland Report” (1987) deu-se maior
importância às questões socioambientais. Ainda assim, estes dois autores também
obtiveram como resultado evidências de que há uma correlação positiva entre DSA e
DSC.
Os resultados da pesquisa de Margolis, Elfenbein e Walsh (2007) lhes permitiram
afirmar que as empresas não destroem sistematicamente a riqueza de seus acionistas ao
investirem seus recursos para aprimorarem seu desempenho socioambiental, ao
contrário do temor manifestado por Friedman nos anos 1970. Para Beurden e Gossling
(2008), a visão atual sobre o tema permite distinguir a responsabilidade socioambiental
corporativa das práticas meramente filantrópicas, que era ao que Friedman se referia
quarenta anos atrás. Segundo estes autores, se Friedman analisasse o DFC como
consequência do DSA, provavelmente defenderia o pensamento de que organizações
socialmente responsáveis podem ser lucrativas.
Ademais, ao constatarem uma tênue correlação positiva entre DSA e DFC,
Margolis, Elfebein e Walsh (2007) verificaram que parece haver menos sustentação
para impactos financeiros positivos em decorrência do DSA do que quando se tratam de
impactos financeiros negativos decorrentes de atitudes irresponsáveis por parte das
empresas. Isso significa dizer que há uma maior tendência de que o valor do acionista
decresça em função de impactos negativos socioambientais do que aumente em
decorrência de impactos positivos de mesma natureza.
Por sua vez, Van der Laan, Van Ees e Van Witteloostuijn (2008) obtiveram
evidências de que o reflexo do DSA no DFC tende a ser assimétrico, de modo que os
efeitos no DFC de uma reputação positiva de DSA são menores do que uma reputação
negativa de DSA de mesma magnitude. Segundo estes autores tal comportamento
justifica-se pela teoria dos prospectos de Kahneman e Tversky (1979 apud Van der
Laan, Van Ees e Van Witteloostuijn, 2008), de acordo com a qual a perda de valor para
um investidor diante de um prejuízo é percebida de forma mais marcante do que o
acréscimo de valor face um ganho na mesma proporção.
Em um estudo mais recente, Humphrey, Lee e Shen (2012) concluíram que os
gestores de empresas podem incorporar os fatores socioambientais à estratégia
corporativa sem preocuparem-se em incorrer em custos financeiros significativos (ou
benefícios) em termos de risco e retorno. Isso porque, ao confrontarem o DSA de 256
empresas do Reino Unido com o desempenho financeiro de suas ações no período de
23
2002 a 2010, observaram que o DSA não tem um efeito sistemático, positivo ou
negativo, no valor de mercado destas empresas.
Ainda assim, conforme destacado no relatório “Translating ESG into sustainable
business value” (UNEP e WBCSD, 2010), diversas empresas tem o entendimento de
que fatores socioambientais tem um impacto significativo em seu valor intrínseco.
Consequentemente, segundo esta ótica, tal impacto deveria gerar um efeito
correspondente no valor de mercado de suas ações. No entanto, segundo o referido
relatório, para que investidores e analistas financeiros tenham percepção semelhante,
compete às empresas aprimorarem sua comunicação interna, aproximando profissionais
das áreas de Sustentabilidade e de Relacionamento com Investidores, e externa,
divulgando claramente quais fatores socioambientais lhes impactam financeiramente de
modo significativo.
A perspectiva de que as empresas devam ser analisadas não apenas em função da
ótica econômica, como também pelo valor social e ambiental que adicionam ou
destroem, está consubstanciada no conceito de Triple Bottom Line (TBL) proposto por
Elkington (2005). Frequentemente associado ao termo sustentabilidade corporativa, em
linhas gerais, o TBL refere-se à prosperidade econômica, qualidade ambiental,
progresso social e a elaboração de métricas que possibilitem a mensuração do
desempenho de uma empresa não apenas na esfera econômica, como também nas
esferas social e ambiental (LINS e WAJNBERG, 2007).
Neste sentido, a UNEP FI (2006) elaborou um relatório destinado aos investidores
a partir de alguns estudos efetuados por analistas financeiros, majoritariamente sob uma
ótica setorial, que buscaram identificar o impacto dos fatores sociais, ambientais e de
governança no valor econômico das empresas. Neste relatório, foram apresentadas as
seguintes conclusões:
1º) Há evidências robustas de que tais fatores podem afetar de forma positiva ou
negativa o valor gerado para o acionista no curto e longo prazo;
2º) O impacto destes fatores pode ser avaliado economicamente, tendo em vista a
quantificação apresentada em seis dos onze estudos analisados;
3º) A relevância destes fatores varia em função do setor econômico analisado.
Após esta breve descrição de alguns estudos que têm buscado identificar os
efeitos dos fatores socioambientais no desempenho financeiro das corporações, será
dada ênfase aos mecanismos que podem ser adotados pelas empresas para mensurar o
desempenho de suas práticas socioambientais, bem como para avaliar a relevância
destas iniciativas em seu resultado financeiro.
24
2.2 MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO SOCIOAMBIENTAL E AVALIAÇÃO
DE MATERIALIDADE
Para que investidores e analistas financeiros sejam capazes efetuar a avaliação
econômica de fatores socioambientais, é fundamental que as empresas sejam capazes de
transmitir-lhes com clareza a relação destes fatores com o desempenho financeiro da
companhia (UNEP FI e WBCSD, 2010). De acordo com o World Economic Forum e a
AccountAbility (ZADEK, MERME e SAMANS 2005), as empresas podem aprimorar
sua comunicação com investidores e analistas financeiros mediante a adoção das
seguintes medidas:

Aperfeiçoamento do processo de coleta de informações materiais não
financeiras, divulgando-as de forma consistente e precisa;

Estabelecimento de critérios para a definição dos assuntos mais
significativos, utilizando-os como referência para a divulgação de
informações
que
evidenciem
a
conexão
entre
o
desempenho
socioambiental e financeiro.
Segundo Epstein e Roy (2001), cada elemento das ações corporativas relacionadas
aos fatores socioambientais deve ser traduzido em uma métrica que eventualmente será
relacionada ao desempenho socioambiental. Em primeiro lugar, a estratégia voltada para
a sustentabilidade corporativa deve ser associada a um objetivo mensurável, como a
meta de redução do número de dias em que os trabalhadores ficaram impossibilitados de
exercer suas atividades, por exemplo. Em seguida, os planos e programas de ação para
atingir estes objetivos também devem estar associados a dispêndios, como os programas
de treinamento para reduzir acidentes que resultem na perda de dias de trabalho. E por
fim, também deve haver medidas para aferir os sistemas de gestão, como o número de
gestores responsáveis pela supervisão de medidas de saúde e segurança, certificações
internacionais obtidas pela empresa, entre outros.
Contudo, os referidos autores reconhecem que o estabelecimento de mecanismos
capazes de mensurar as práticas socioambientais corporativas é uma tarefa
particularmente difícil, pois muitas vezes tais ações estão relacionadas a horizontes de
longo prazo, a um grande nível de incertezas e, geralmente, seus impactos são de difícil
quantificação (EPSTEIN e ROY, 2001). Ainda assim, a UNEP FI e WBCSD (2010)
destacam que este último obstáculo pode ser superado por meio de reuniões regulares
entre os gestores da empresa e seus investidores, pois se tratam de informações que
requerem julgamento e a visão destes atores é complementar.
25
No intuito de avaliar a qualidade das métricas de desempenho socioambiental
adotadas pelas empresas, Epstein e Roy (2003) sugeriram a classificação das
informações divulgadas em quatro níveis. Quão mais claramente tais métricas possam
ser associadas ao desempenho financeiro da empresa, maior é o nível em que são
classificadas.
Primeiro nível: informação descritiva, não relacionada ao desempenho financeiro.
Segundo nível: informação quantitativa mensurada de forma física, não
relacionada ao desempenho financeiro.
Terceiro nível: informação traduzida em valor monetário, mas parcialmente
relacionada ao desempenho financeiro, na medida em que apresenta apenas os
dispêndios efetuados.
Quarto nível: informação traduzida em valor monetário estando integralmente
relacionada ao desempenho financeiro, pois corresponde aos dispêndios efetuados e
benefícios financeiros gerados.
Ao mesmo tempo, no tocante às diversas iniciativas efetuadas por entidades
especializadas para mensuração do desempenho socioambiental de empresas, Delai e
Takahashi (2008) destacam a falta de um conjunto de medidas padronizadas de
sustentabilidade corporativa amplamente aceitas. Em sua pesquisa, apresentam um
modelo de referência para mensuração da sustentabilidade corporativa com base na
análise de complementaridade de oito iniciativas de mundialmente conhecidas: Global
Reporting Initiative (GRI), Métricas de Sustentabilidade do IChemE, Índice Dow Jones
de Sustentabilidade, Índice Triple Bottom Line, Indicadores de Desenvolvimento
Sustentável da Organização das Nações Unidas, Barômetro de Sustentabilidade,
Dashboard de Sustentabilidade e Indicadores Ethos de Responsabilidade Social
Empresarial.
O modelo proposto por estes autores apresenta uma hierarquia de quatro níveis:
dimensões, temas, subtemas e indicadores de desempenho. As dimensões estão em
consonância com o conceito do Triple Bottom Line, destacando separadamente os
aspectos sociais, ambientais e econômicos. Os temas caracterizam-se por serem os
assuntos prioritários de cada uma destas dimensões e os subtemas um desmembramento
mais específico destes. Segundo os autores, a proposta de um modelo de três níveis de
abstração mais seus respectivos indicadores justifica-se por ser uma característica
comum à maioria dos sistemas por eles analisados.
Ademais, a avaliação do desempenho socioambiental varia conforme as
especificidades de cada setor (UNEP FI 2006, UNEP FI e WBCSD 2010). Por este
26
motivo, é preciso estabelecer com clareza a materialidade dos fatores socioambientais.
Com isso, evita-se a mensuração e a divulgação de informações que tenham pouca
relevância para o contexto da empresa analisada. Vários autores também apontam em
suas pesquisas que a definição dos fatores socioambientais materiais deve considerar as
características da indústria analisada (HESS, 2003; SALZMANN, IONESCUSOMERS, STEGER, 2005a; LYDENBERG, ROGERS, WOOD, 2010).
O termo materialidade tem sua origem nas ciências contábeis, sendo uma questão
dita material quando esta impacta de maneira significativa o resultado financeiro ou
desempenho de uma empresa. No contexto da sustentabilidade corporativa, Lins e
Lomonaco (2012) destacam que uma questão é material quando esta tem impacto
relevante na reputação de uma empresa e/ou em seu desempenho, tendo em vista a ótica
da empresa e de seus principais stakeholders. Desta maneira, segundo estas autoras, o
processo de definição da materialidade deve envolver tanto os executivos de uma
empresa quanto seus principais stakeholders. Para tanto, compete às empresas a adoção
de práticas de engajamento do público interno e das principais partes interessadas, com
o objetivo de captar, de modo estruturado, suas expectativas e percepções.
Para avaliar a materialidade dos fatores socioambientais, Lydenberg, Rogers e
Wood (2010) propõem um teste composto de cinco filtros:
1º) Fatores que tenham impactos financeiros ou possam representar risco para o
setor no curto, médio e longo prazo;
2º) Assuntos setoriais que envolvam políticas governamentais ou aspectos
regulatórios;
3º) Assuntos que as empresas do setor costumam reportar em seus relatórios ou
reconhecem como fatores relevantes em suas linhas de negócios;
4º) Assuntos que são de grande importância para stakeholders e/ou reflitam
tendências de consumo e sociais;
5º) Áreas em que há potencial para explorar soluções inovadoras que beneficiem o
meio ambiente e stakeholders, como forma de criar vantagem competitiva.
Depois, os referidos autores sugerem aplicar uma escala de quatro pontos (0-3)
para cada um destes cinco categorias ao analisar cada um dos fatores socioambientais
capturados para o setor em análise. Em seguida, sugerem ordenar estes fatores conforme
o somatório dos pontos obtidos por cada um dos fatores, estabelecendo ainda uma linha
de corte que defina a partir de qual pontuação os mesmos devem ser considerados como
significativos.
27
Como se pode observar, a análise de materialidade não é uma ciência exata, tendo
em vista a subjetividade do julgamento para cada um dos cinco filtros e a linha de corte.
Por este motivo, os autores propõem esta análise dentro de um modelo ainda a ser
criado, mas capaz de estabelecer de forma padronizada quais são os fatores
socioambientais relevantes que devem ser divulgados por todas as empresas,
respeitando as características de seu setor econômico, a localização espacial e o fator
temporal (LYDENBERG, ROGERS, WOOD, 2010).
2.3 MÉTRICAS FINANCEIRAS DE DESEMPENHO SOCIOAMBIENTAL
Para que investidores e analistas financeiros possam verificar de que maneira o
desempenho socioambiental afeta a lucratividade da empresa no longo prazo, cabe aos
gestores de empresas destacarem a importância do mesmo em uma linguagem de fácil
compreensão. Alguns autores destacam que a melhor forma de executar tal tarefa é por
meio da linguagem monetária (EPSTEIN E ROY, 2001; YACHNIN & ASSOCIATES,
2006).
Salzmann, Steger e Ionescu-Somers (2005b) destacam três formas pelas quais
medidas não financeiras e financeiras decorrentes das práticas socioambientais
corporativas podem ser refletidas na avaliação econômica das empresas: redução de
custos, aumento de receitas e efeitos positivos em ativos intangíveis. No entanto, os
referidos autores reconhecem que a conversão das ações de sustentabilidade corporativa
para métricas monetárias é difícil pelos seguintes motivos: especificidades inerentes ao
setor e ao país; tempo decorrente entre estas ações e seus efeitos; necessidade de aplicálas a diversos fatores socioambientais com características distintas; necessidade de
julgamento que requer habilidades e intuição.
Ao mesmo tempo, a incorporação dos fatores socioambientais ao modelo de
avaliação financeira não se refere apenas à geração de benefícios monetários, mas
também à identificação de riscos. Neste sentido, merece destaque a abordagem efetuada
por Stern (2006) em um trabalho voltado para a análise dos impactos econômicos das
mudanças climáticas em nível global. Em uma de suas abordagens, a referida pesquisa
avaliou os efeitos negativos nos agregados monetários para um determinado horizonte
de tempo com base no cenário business as usual, ou seja, caso mantenha-se o volume
atual de emissões de gases de efeito estufa. Para tanto, estimou-se os prejuízos
financeiros decorrentes da elevação da temperatura global por conta de desastres
naturais e de outros impactos no meio ambiente capazes de afetar a saúde humana
28
(exemplo: epidemia de novas doenças), a produtividade global (exemplo: perda de
terras agrícolas) e os instrumentos financeiros (exemplo: encarecimento de seguros).
Yachnin & Associates (2006) sugerem que as práticas socioambientais
corporativas sejam traduzidas na mesma linguagem que é adotada para todos os outros
aspectos de finanças corporativas. Para tanto, propõem que os impactos de cada uma
destas ações sejam isolados e convertidos em meios monetários. Isso permitiria que
gestores de empresas e investidores pudessem comparar os resultados obtidos com os
estimados para avaliar oportunidades específicas segundo a magnitude do valor gerado
ou dos riscos minimizados.
Tendo por base os dados apresentados por algumas empresas do setor de
mineração em seus relatórios de sustentabilidade, os referidos autores sugerem a
aplicação de cinco ferramentas de avaliação financeira para converter indicadores
socioambientais em um denominador comum monetário: análise de indicadores
financeiros; fluxo de caixa descontado; análise de viabilidade financeira; análise do
valor econômico adicionado e opções reais. Para tanto, conforme qualquer modelo de
avaliação financeira, estes autores enfatizam que algumas premissas precisam ser
assumidas, por se tratarem de métodos que podem envolver diversas questões
subjetivas.
Como exemplo, destacam o engajamento de comunidades locais nas atividades
desempenhadas pelas empresas como forma de acelerar a implementação de
determinados projetos. Na prática, este ganho temporal corresponde a uma antecipação
do retorno do fluxo financeiro a ser gerado pelo projeto. Assim, caso seja possível
estima-lo, será possível determinar o valor gerado para a empresa em meio monetário
(YACHNIN & ASSOCIATES, 2006).
29
3
MÉTODO DE PESQUISA
O presente trabalho tem por objetivo propor um modelo preliminar que incorpore
fatores socioambientais à avaliação econômica de empresas. A construção deste modelo
foi efetuada em três etapas.
Primeiramente buscou-se uma análise genérica para melhor compreensão dos
fatores socioambientais no contexto empresarial. Embora a revisão de literatura
destaque a existência de diferenças setoriais quanto à relevância dos fatores
socioambientais para as corporações, faz-se necessário uma apuração prévia do universo
desses fatores. Desta forma, o objetivo desta etapa inicial traduz-se em uma tentativa de
identificar os principais fatores socioambientais que merecem a atenção das empresas
de modo geral.
Na segunda etapa, os fatores socioambientais foram selecionados de acordo com
sua relevância para o setor de papel e celulose. Esta análise baseou-se nas avaliações
efetuadas para o setor na publicação Rumo à Credibilidade 2010 (FBDS e
SUSTAINABILITY, 2010) e nos relatórios de sustentabilidade da Associação
Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA) e de algumas empresas de papel e
celulose.
Na última etapa, foram estabelecidos critérios para identificar as práticas
socioambientais associadas às questões identificadas como materiais para o setor
analisado e seus impactos econômicos.
Por fim, no intuito de testar a aplicação do modelo proposto, sob a ótica de
investidores e analistas financeiros, foi selecionada uma amostra de empresas brasileiras
de papel e celulose com base em critérios explicados mais adiante. Para tanto, foram
coletadas informações divulgadas pelas empresas selecionadas em fonte de acesso
público.
3.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS FATORES SOCIOAMBIENTAIS
3.1.1 Critérios para seleção da amostra
Para a identificação dos principais fatores socioambientais, foram examinadas
algumas iniciativas representativas de avaliações da sustentabilidade corporativa a partir
das constatações apresentadas na pesquisa efetuada por Delai e Takahashi (2008). Como
resultado, elaborou-se uma matriz destacando os principais fatores socioambientais
inerentes às empresas em geral, independentemente de seu contexto operacional.
30
Adotou-se como ponto de partida a amostra empregada na terceira fase do estudo
“Rate the Raters” (SUSTAINABILITY, 2011), o qual teve por objetivo analisar um
universo de iniciativas que avaliam a sustentabilidade corporativa de empresas para
então sugerir quais aspectos deveriam ser aprimorados em favor da qualidade e
transparência dessas iniciativas. Este estudo foi efetuado em quatro fases, cada uma
apresentada em um relatório distinto, publicados sequencialmente entre 2010 e 2011.
Na segunda etapa deste estudo, a SustainAbility (2010b) efetuou uma análise preliminar
de 108 iniciativas globais cujos nomes estão transcritos no Anexo 1. Por sua vez, a
amostra empregada na terceira fase deste estudo foi composta por 21 iniciativas
selecionadas dentre as 108 analisadas na fase anterior, as quais estão destacadas no
Quadro 1. Segundo a SustainAbility, estas 21 iniciativas são representativas sob o ponto
de vista geográfico, dos assuntos abordados e do público ao qual se destinam.
Quadro 1 – Amostra utilizada na terceira fase do estudo da SustainAbility
1) Access to Medicine Index 2010
2) ASSET4 (Thomson Reuters)
3) Bloomberg ESG Disclosure Scores
4) Carbon Disclosure Project
5) Climate Counts
6) Corporate Reporting on Water Risk
7) CR Magazine 100 Best Corporate Citizens
8) CSRHub
9) Dow Jones Sustainability
10) EIRIS
11) Ethisphere’s World’s Most Ethical Companies
12) FTSE4Good Index Series
13) Global 100 Most Sustainable Corporations in the World
14) GoodGuide
15) GS Sustain
16) Maplecroft Climate Innovation Indexes (CIIs)
17) Newsweek Green Rankings
18) Oekom Corporate Ratings
19) Sustainalytics
20) Trucost Environmental Impact Assessment
21) Vigeo
Fonte: SustainAbility (2011)
31
A partir da análise das 21 iniciativas selecionadas pela SustainAbility, constatouse que algumas destas não permitem livre acesso aos indicadores de desempenho
socioambiental avaliados. Esta restrição foi um fator determinante para a definição da
amostra desta pesquisa, pois é a partir destes indicadores que se espera identificar quais
fatores sociais e ambientais merecem ser considerados no modelo de avaliação
econômica de empresas. Por este motivo, foram descartadas da amostra todas as
avaliações de sustentabilidade corporativa que, no momento da elaboração do presente
trabalho, não disponibilizavam acesso gratuito pela internet aos indicadores de
desempenho socioambiental examinados. Assim, eliminou-se 10 das 21 iniciativas.
Adicionalmente, optou-se por eliminar as avaliações que estivessem direcionadas
exclusivamente para um único setor econômico, pois se trata de uma abordagem que
destoa da análise genérica desejada para esta etapa da pesquisa. Assim, foi excluído da
amostra o Acess to Medicine Index, por restringir sua avaliação ao setor farmacêutico.
Em contrapartida, foi adicionada à amostra a análise efetuada para a elaboração do
Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE. A inclusão do ISE justifica-se por ser
uma avaliação direcionada para as empresas mais negociadas na BMF&BOVESPA, que
é a única bolsa de valores, mercadorias e futuros em operação atualmente no Brasil.
Ademais, há acesso gratuito pela internet aos questionários utilizados como base para a
avaliação dos fatores socioambientais dessas empresas.
O Quadro 2 apresenta as iniciativas de avaliação da sustentabilidade corporativa
que compõem a amostra utilizada para a identificação dos principais fatores
socioambientais que estão relacionados às atividades das empresas em geral.
Quadro 2 – Amostra das iniciativas de avaliação da sustentabilidade corporativa
1) Carbon Disclosure Project
2) Corporate Reporting on Water Risk
3) Climate Counts
4) CR Magazine 100 Best Corporate Citizens
5) Dow Jones Sustainability Indexes
6) Ethisphere’s World’s Most Ethical Companies
7) FTSE4Good Index Series
8) Global 100 Most Sustainable Corporations in the World
9) GS Sustain
10) Índice de Sustentabilidade Empresarial
11) Oekom Corporate Ratings
32
3.1.2 Descrição das iniciativas selecionadas para amostra
No intuito de possibilitar um entendimento das 11 iniciativas selecionadas para
análise, apresenta-se a seguir uma breve descrição das mesmas.
 Carbon Disclosure Project – organização sem fins lucrativos fundada em 2000
que disponibiliza questionários para as empresas divulgarem informações
referentes às suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e ao uso de água,
bem como os riscos e oportunidades identificadas em relação aos impactos das
mudanças climáticas em suas operações.
 Corporate Reporting on Water Risk – relatório elaborado em 2010 pela Ceres
com o objetivo de avaliar informações relacionadas à água divulgadas por 100
empresas de capital aberto que atuam em setores considerados expostos a
riscos decorrentes da disponibilidade de água: bebidas, alimentação, energia
elétrica, construção civil, petróleo e gás, mineração e semicondutores.
 Climate Counts – entidade que, desde 2007, avalia anualmente as ações e
políticas adotadas por empresas de diferentes setores para reduzir os impactos
de suas atividades no aquecimento global.
 CR Magazine 100 Best Corporate Citzens – avaliação anual elaborada pela
Corporate Responsability Magazine desde 2009, a partir de informações
públicas divulgadas por um grupo pré-definido de empresas2, tem por objetivo
estabelecer um ranking das 100 melhores segundo critérios socioambientais e
de governança corporativa.
 Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI) – índices compostos por empresas de
capital aberto selecionadas de acordo com critérios sociais, ambientais e
econômicos, dentro de um universo de análise global, continental ou nacional.
Lançado em 1999 como a primeira iniciativa do gênero, atualmente estes
índices são elaborados com a colaboração da Sustainability Investing.
 Ethisphere’s World’s Most Ethical Companies – sistema de avaliação
elaborado pelo Ethisphere Institute, desde 2007, que aponta as melhores
empresas com base em critérios relacionados à ética, governança corporativa,
cidadania e responsabilidade corporativa.
 FTSE4Good Index Series – índices elaborados pela FTSE desde 2001 para
destacar empresas de capital aberto selecionadas de acordo com critérios
2
O universo de empresas examinadas pela CR Magazine na edição de 2010-2011 teve como base o
Russell 1000 Index. Pode-se obter maiores detalhes em relação às empresas que compõem este índice em:
http://www.russell.com/indexes/data/fact_sheets/us/russell_1000_index.asp#membership
33
sociais, ambientais e de governança, dentro de um universo de análise global,
continental ou nacional.
 Global 100 Most Sustainable Corporations in the World – lançado em 2005, é
um projeto iniciado pela Corporate Knights, com a colaboração de informações
fornecidas pela Global Currents, Inflection Point Capital Management e
Phoenix Global Advisors LLC, que tem por objetivo a divulgação de cem
empresas, dentre as maiores do mundo em valor de capital, com melhor
desempenho em indicadores sociais, ambientais e econômicos.
 GS Sustain – avaliação de empresas de diversos setores lançada em 2007 pela
Goldman Sachs, que tem por objetivo identificar aquelas que mais se destacam
em seu segmento de atuação segundo aspectos econômicos, sociais, ambientais
e de governança corporativa.
 Índice de Sustentabilidade Empresarial – iniciado em 2005, é um índice cujo
método de avaliação é elaborado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade
(GVCes) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação
Getúlio Vargas (FGV-EAESP) e que tem por objetivo avaliar o desempenho de
empresas brasileiras com papéis negociados na BM&FBOVESPA segundo
critérios econômicos, sociais, ambientais e de governança corporativa.
 Oekom – agência de rating internacional fundada em 1993 que, entre outras
atividades, elabora avaliações de empresas de diversos setores com base em
critérios sociais e ambientais.
3.1.3 Análise e categorização dos principais fatores socioambientais
O exame das iniciativas selecionadas para a amostra revelou a mesma carência de
padronização de informações mencionada por Delai e Takahashi (2008). Verificou-se
que cada entidade opta por um sistema próprio de categorização dos fatores de
sustentabilidade corporativa examinados. Por este motivo, quando as iniciativas foram
comparadas, em uma primeira tentativa de identificar os principais fatores
socioambientais abordados, observou-se que a nomenclatura utilizada e os graus
hierárquicos de análise apresentam diversas distinções e semelhanças entre si.
Devido a esta heterogeneidade de informações, verificou-se a necessidade de
examinar individualmente as iniciativas integrantes da amostra. Neste esforço, cada
iniciativa foi examinada a partir da premissa de que se encontraria um sistema
estruturado, de forma semelhante, embora não exatamente igual, ao modelo de sistema
34
proposto por Delai e Takahashi (2008) com hierarquia em quatro níveis de análise:
dimensão, tema, subtema e indicador de desempenho. Desta forma, para identificar os
principais fatores socioambientais abordados por cada iniciativa, partiu-se dos níveis
mais abrangentes de seu sistema e, sempre que necessário, deslocava-se a análise para o
nível imediatamente inferior, no intuito de capturá-los.
Figura 1 – Modelo de sistema de mensuração
Fonte: Delai e Takahashi (2008)
Por exemplo, se a iniciativa examinada apresentasse expressamente, no primeiro
nível do sistema, uma nomenclatura que possibilitasse a identificação do fator social
e/ou ambiental abrangido, este era adicionado ao conjunto de principais fatores
socioambientais mapeados. Caso fosse uma nomenclatura imprecisa, eram examinados
os níveis seguintes até que a análise permitisse identificar quais eram os fatores
socioambientais abordados.
Entretanto,
as
iniciativas
examinadas
não
abordam
apenas
fatores
socioambientais. Neste ponto, é importante ressaltar que a categorização efetuada no
presente trabalho não contemplou aspectos relacionados à governança corporativa,
éticos ou econômicos. A importância dos mesmos é notória tendo em vista a recorrência
destes na maioria das iniciativas examinadas. Entretanto, não constituem o objeto de
análise desta pesquisa.
Para possibilitar um melhor entendimento desses fatores que não foram abordados
na referida categorização, são elencados a seguir alguns exemplos de tópicos que foram
identificados nos questionários, mas destoam do propósito desta pesquisa.
35
Governança Corporativa3: assuntos relacionados ao relacionamento com
acionistas em investidores, transparência, Conselho de Administração, prestação de
contas e auditoria, conflitos de interesse, entre outros;
Ética4: assuntos relacionados a regras antitrustes, concorrência desleal, conflitos
de interesse, aceitação de presentes, contribuições políticas e lobby, corrupção e
suborno, confidencialidade de informações (empregados, clientes e consumidores),
fraudes, lavagem de dinheiro, entre outros;
Econômicos5: defesa do direito à concorrência, inovação, reposicionamento,
novos produtos e serviços, entre outros.
Ademais, é importante ressaltar que o pesquisador optou por utilizar uma dentre
as denominações identificadas nas iniciativas examinadas quando observado que duas
ou mais nomenclaturas diferentes tinham por objetivo expressar o mesmo fator
socioambiental. Exemplo: água e recursos hídricos. Desta forma, o julgamento do autor
foi empregado unicamente para padronizar a nomenclatura que expressa os fatores
socioambientais identificados nas iniciativas examinadas.
Por fim, a identificação dos principais fatores socioambientais foi efetuada de
maneira complementar. Dessa forma, a partir da segunda avaliação examinada, caso
fosse identificado um fator socioambiental que não havia sido contemplado pela(s)
iniciativa(s) analisada(s) anteriormente, este era adicionado à relação de fatores apurada.
Em síntese, adotou-se o seguinte método de pesquisa para a identificação dos
principais fatores socioambientais inerentes às empresas em geral: 1) exame de cada
iniciativa selecionada individualmente; 2) identificação dos fatores a partir dos níveis de
abstração mais abrangentes para os mais específicos; 3) eliminação dos fatores
relacionados à governança corporativa, ética e/ou econômicos; 4) categorização dos
fatores socioambientais identificados; e 5) análise complementar das iniciativas.
3.2 ANÁLISE DAS QUESTÕES MATERIAIS SETORIAIS
Após a definição dos procedimentos para a identificação dos principais fatores
socioambientais, também foi estabelecido um método para determinar as questões mais
relevantes do setor de papel e celulose, o qual será explicado mais adiante. Isso porque,
conforme observado na revisão de literatura, as questões materiais diferem conforme o
3
Os exemplos citados tiveram por base questionário da dimensão de Governança Corporativa do Índice
de Sustentabilidade Empresarial (ISE).
4
Os exemplos citados tiveram por base os assuntos que devem integrar o código de conduta corporativo
de acordo com o questionário Ethisphere.
5
Os exemplos citados tiveram por base o questionário da dimensão Econômico-Financeira do Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE).
36
setor econômico analisado. Desta forma, a avaliação da materialidade é essencial para
assegurar que o modelo de avaliação dos fatores socioambientais capture os aspectos
mais relevantes.
Como resultado deste processo, elaborou-se uma matriz que permite a
identificação das questões materiais relacionadas à atividade de papel e celulose, bem
como associação destas com aos principais fatores socioambientais previamente
identificados.
3.2.1 Critérios para a seleção do setor de papel e celulose
A escolha do setor de papel e celulose como objeto desta pesquisa foi efetuada em
função da relevância socioeconômica do setor e de suas interferências no meio
ambiente. No Quadro 3 estão apresentados alguns dados publicados pela Bracelpa que
ratificam esta afirmação.
Quadro 3 – Dados do setor de papel e celulose brasileiro
 Número de empresas: 222
 Florestas preservadas: 2,9 milhões ha
 Distribuição geográfica: 18 estados e  Florestas
539 municípios
 4º maior produtor mundial de celulose
 10º maior produtor mundial de papel
plantadas
para
fins
industriais (2010): 2,2 milhões ha
 Área florestal total certificada: 2,7
milhões ha
 Investimentos no setor nos últimos 10  Empregos diretos: 115 mil; sendo 68
anos: US$ 12 bilhões
mil na indústria e 47 mil em florestas
 Exportações: US$ 7,2 bilhões
 Empregos indiretos: 575 mil
 Saldo Comercial: US$ 5,1 bilhões
 Participação no PIB: 0,9%
Fonte: BRACELPA (2012)
No tocante aos aspectos socioeconômicos, Lins e Ouchi (2007) apontam ainda a
relevância das atividades de papel e celulose para as comunidades existentes no entorno
das operações florestais e industriais de empresas do setor. Tendo em vista a
indisponibilidade espacial para o plantio de floresta próximo a áreas mais urbanizadas,
os autores destacam que as empresas são compelidas a instalar suas florestas e fábricas
em localidades menos urbanizadas e desenvolvidas, geralmente com índices inferiores
de desenvolvimento humano. Por este motivo, ressaltam que as empresas do setor
investem em infraestrutura e na capacitação da mão de obra local para assegurar a
eficiência de suas operações.
37
Ao mesmo tempo, Ferraz e Seroa da Motta (2002) ressaltam que este é um dos
setores de maior impacto ambiental, tanto em função da atividade extrativa quanto
industrial. O Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose elaborado pela
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (2008) enumera diversos destes
impactos, como por exemplo: manejo de florestas, consumo de água e energia, emissões
de atmosféricas, efluentes e resíduos sólidos; potenciais efeitos dos produtos químicos
utilizados no processo produtivo à saúde humana e ao meio ambiente, dentre outros.
Por fim, é importante ressaltar que a totalidade da celulose fabricada no Brasil
provém de florestas plantadas, ou seja, não há a extração de madeira de árvores nativas
para a produção de celulose e, por conseguinte, de papel (BRACELPA, 2011). As
florestas plantadas no Brasil para este fim são basicamente do gênero Pinus, que tem
predomínio nos Estados do Sul, e do gênero Eucalyptus, nas demais regiões (ABRAF,
2012).
3.2.2 Análise da materialidade dos fatores socioambientais para o setor de papel e
celulose
A análise das questões socioambientais relevantes associadas a papel e celulose
baseou-se nas avaliações efetuadas para o setor na publicação Rumo à Credibilidade
2010 (FBDS e SUSTAINABILITY, 2010) e nos relatórios de sustentabilidade da
Bracelpa e de algumas empresas de papel e celulose.
A publicação Rumo à Credibilidade 2010 (FBDS e SUSTAINABILITY, 2010)
teve como um de seus objetivos a classificação dos 10 melhores relatórios de
sustentabilidade a partir de uma amostra inicial de 137 empresas brasileiras. Para tanto,
a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e a SustainAbility
efetuaram uma avaliação das questões materiais esperadas nestes relatórios para alguns
setores, dentre eles o setor de papel e celulose. O resultado desta avaliação foi
incorporado à análise de materialidade do presente trabalho.
Ademais, foram selecionados preliminarmente como amostra os relatórios de
sustentabilidade da Bracelpa e de quatro empresas brasileiras que se destacam segundo
critérios econômicos ou de prestação de contas, sendo este último baseado na
publicação Rumo à Credibilidade 2010. É importante ressaltar que para fins deste
trabalho foram utilizados os relatórios de sustentabilidade disponíveis na internet até 17
de junho de 2012.
A escolha da Bracelpa justifica-se pelo fato desta associação representar no País e
no exterior as indústrias brasileiras de papel e celulose, sendo composta por 37
38
associadas que representam 100% da produção de nacional de celulose e 85% de papéis.
Por se tratar de uma associação setorial, sem operações próprias a serem divulgadas, o
relatório de sustentabilidade da Bracelpa é composto pelos dados socioambientais das
empresas associadas. Porém, conforme destacado pela Bracelpa, o relatório de 2010
teve a participação de apenas 22 associadas, uma vez que nem todas forneceram
informações para os indicadores sociais e ambientais apresentados.
Ao mesmo tempo, a seleção das empresas brasileiras teve como referência a 14ª
edição da Global Forest, Paper & Packaging Industry Survey elaborada pela
PricewaterhouseCoopers (2011). Esta publicação destaca as 100 maiores empresas do
mundo no setor analisado, ranqueando-as em função de seu faturamento (a lista
completa foi transcrita no Anexo 2). Apenas 3 empresas brasileiras produtoras de papel
e celulose configuram nesta lista: Fibria, Suzano e Klabin. Além disso, observou-se que
a estrutura de capital destas empresas destaca-se por sua exposição internacional, uma
vez que as mesmas são emissoras de American Depositary Receipts (ADRs).
Por fim, adicionou-se a Celulose Irani a amostra. Trata-se da única empresa do
setor de papel e celulose cujo relatório foi classificado entre os 10 melhores do País pela
publicação Rumo à Credibilidade 2010 (FBDS e SUSTAINABILITY, 2010).
A decisão de extrair a avaliação das questões materiais para o setor de papel e
celulose
dos
relatórios
de
sustentabilidade
da
Bracelpa
e
das
empresas
supramencionadas partiu da premissa de que os mesmos foram elaborados segundo as
recomendações da GRI. Esta instituição tem como missão tornar os relatórios de
sustentabilidade corporativa uma prática padronizada nas empresas a nível global,
fornecendo apoio e orientação às mesmas (GRI, 2012). E a GRI (2000-2011) recomenda
que tais relatórios abordem questões que reflitam os impactos econômicos, ambientais e
sociais significativos das empresas ou possam influenciar substancialmente as
avaliações e decisões de stakeholders.
Um exame preliminar dos relatórios de sustentabilidade selecionados confirmou a
premissa de que os mesmos efetivamente adotaram como referência a estrutura de
relatório proposta pela GRI6, pois apresentam um sumário ou índice remissivo onde
estão correlacionadas as informações divulgadas com o conteúdo básico recomendado
6
A Estrutura de Relatórios da GRI visa servir como um modelo amplamente aceito para a elaboração de
relatórios sobre o desempenho econômico, ambiental e social de uma organização. Segundo a publicação
Sustainability Reporting Guidelines (GRI, 2000-2011), esta estrutura foi concebida para ser utilizada por
organizações de qualquer porte, setor ou localidade, bem como considera as questões práticas enfrentadas
por uma série de organizações, desde pequenas empresas até grupos com operações variadas e
geograficamente dispersas. O conteúdo da Estrutura de Relatórios da GRI é aplicável às organizações em
geral e há, inclusive, algumas disposições setorialmente específicas, acordadas com vários stakeholders a
nível global como aplicáveis na divulgação do desempenho de sustentabilidade das organizações.
39
pela publicação Sustainability Reporting Guidelines (GRI, 2000-2011). Entretanto,
verificou-se que apenas a Bracelpa, a Celulose Irani e a Fibria destacaram
expressamente em seus respectivos relatórios quais questões foram avaliadas como
materiais enquanto que as demais empresas não indicaram claramente quais eram os
assuntos mais relevantes em sua opinião. Esta diferença na qualidade das informações
divulgadas é explicável, pois, ainda que duas ou mais organizações optem por publicar
seus relatórios de sustentabilidade seguindo as recomendações da GRI, o nível de
aplicação pode ser mais ou menos próximo das melhores práticas propostas7. No
Quadro 4 apresenta-se o nível de aplicação dos relatórios de sustentabilidade
examinados8.
Quadro 4 – Nível de aplicação GRI
Organização
Nível de aplicação GRI
Bracelpa
C
Celulose Irani
A+
Fibria
A+
Klabin
C+
Suzano
B+
Ao mesmo tempo, o exame preliminar dos relatórios de sustentabilidade
selecionados revelou que, à exceção do relatório da Klabin, os demais relatórios
apresentam também uma análise dos principais assuntos de interesse de seus
stakeholders. Conforme observado na revisão de literatura, trata-se de um procedimento
importante para a identificação das questões materiais, pois estas são definidas em
função de uma combinação de fatores internos e externos à empresa (GRI, 2010-2011).
Destacamos no Quadro 5 os principais atores consultados pelas organizações
examinadas, conforme divulgado em seus relatórios de sustentabilidade.
7
Cada organização que adota a estrutura de relatórios da GRI deve declarar em qual grau esta estrutura
foi utilizada. Para atender às necessidades de relatores iniciantes, intermediários e avançados, o sistema
apresenta três níveis: C, B e A. O Anexo 3 apresenta os requerimentos para o enquadramento nestes três
níveis. Uma organização poderá autodeclarar um ponto a mais (+) em cada nível, por exemplo, C+, B+,
A+), caso tenha sido utilizada verificação externa. Desta forma, o nível A+ corresponde a melhor prática.
8
Apenas a informação quanto ao nível de aplicação da estrutura de relatórios da GRI não permite
constatar se a organização efetuou a avaliação das questões materiais (exceto aquelas com nível de
aplicação A ou A+), pois, hipoteticamente, uma empresa de nível C poderia efetuar tal avaliação e não
atender outros critérios que são determinantes para atingir níveis de aplicação mais elevados.
40
Quadro 5 – Engajamento de stakeholders
Organização
Stakeholders
Bracelpa
Avaliadores9
Empresas do Setor10
Especialistas11
Membros do Conselho Deliberativo
Acionistas
Fornecedores
Clientes
Colaboradores
Comunidades
Governo
Sociedade
Clientes
Fornecedores
Investidores
ONGs
Trabalhadores diretos e indiretos
N/A
Celulose Irani
Fibria
Klabin
Suzano
Comunidades
Clientes
Fornecedores
Colaboradores
Fonte: Relatórios de Sustentabilidade Bracelpa 2010, Celulose Irani 2010, Fibria 2011, Klabin
2010 e Suzano 2011.
Esta segunda análise possibilitou constatar que, embora o relatório de
sustentabilidade da Suzano não indique expressamente quais questões foram avaliadas
como materiais pela empresa, o mesmo destaca com clareza as questões que foram
identificadas como relevantes por seus stakeholders. Neste sentido, para fins desta etapa
do trabalho, a análise dos stakeholders da Suzano foi interpretada como a avaliação das
questões materiais efetuada pela empresa para o setor de papel e celulose.
Por fim, como não foram identificados indícios da avaliação das questões
materiais pela Klabin em seu relatório de sustentabilidade, esta empresa foi excluída da
amostra selecionada para esta etapa do trabalho. No Quadro 6, são apresentadas as
fontes de informação para a análise das questões socioambientais materiais para o setor.
9
Foram analisados os requisitos exigidos pelo ISE e pelo DJSI
Foram analisados os relatórios de sustentabilidade das empresas do setor
11
Foram consultados os seguinte especialistas: ABRE – Associação Brasileira de Embalagem, Abigraf –
Associação Brasileira da Indústria Gráfica, ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel,
FSC – Forest Stewardship Council, Imaflora – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola,
Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, Jornal Valor Econômico, Key Associados,
TNC – The Nature Conservancy no Brasil, WWF – World Wildlife Fund do Brasil
10
41
Quadro 6 – Amostra de avaliações utilizadas para identificação das questões
materiais do setor de papel e celulose

Rumo à Credibilidade 2010

Bracelpa 2010

Celulose Irani 2010

Fibria 2011

Suzano 2011
No intuito de analisar as questões materiais identificadas para o setor de papel e
celulose foi elaborada uma matriz correlacionando-as com cada avaliador disponível no
Apêndice 2. Por fim, considerou-se como questões materiais para o propósito da
presente pesquisa aquelas identificadas em mais de uma fonte de informação.
3.3 ANÁLISE DAS PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS E SUA CONEXÃO COM A
AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE EMPRESAS
Esta etapa da pesquisa buscou analisar de que maneira o desempenho
socioambiental pode impactar na avaliação econômica das empresas de papel e celulose
brasileiras. Para tanto, foram selecionados como fonte de informação os relatórios de
sustentabilidade das quatro empresas que integraram o exame preliminar para a seleção
da amostra utilizada na etapa anterior. O Quadro 7 apresenta a relação destes relatórios.
Quadro 7 – Amostra dos relatórios de sustentabilidade utilizados para
identificação das práticas socioambientais e seus impactos econômicos

Celulose Irani 2010

Fibria 2011

Klabin 2010

Suzano 2011
Nestes relatórios, procurou-se identificar quais práticas adotadas pelas empresas
selecionadas integram fatores socioambientais às atividades operacionais. Esta tarefa
restringiu-se às práticas identificadas como relacionadas às questões relevantes para o
setor de papel e celulose, a partir da análise de materialidade efetuada na etapa anterior
desta pesquisa.
42
Conforme já mencionado, as informações divulgadas nos relatórios de
sustentabilidade da Celulose Irani, Fibria, Klabin e Suzano têm como referência a
estrutura de relatórios proposta pela GRI, ainda que com níveis de aplicações distintos.
Como o nível C foi o menor nível observado dentre estas quatro empresas (Quadro 4),
teve-se a certeza de que um número mínimo12 de informações associadas a práticas
socioambientais corporativas poderia ser identificado nos relatórios examinados.
Ao mesmo tempo também se buscou informações, nos referidos relatórios, que
evidenciassem
os impactos econômicos decorrentes da adoção de práticas
socioambientais. Quando identificada esta associação, a despeito de sua natureza
descritiva ou quantitativa, traduziu-se seu efeito econômico para o método de fluxo de
caixa. Desta forma, procurou-se expressar os impactos das práticas socioambientais em
três categorias: recebimentos, dispêndios e investimentos corporativos13. Para tanto, foi
adotado como referência o modelo de fluxo de caixa apresentado no Quadro 8.
Quadro 8 – Cálculo do fluxo de caixa livre para a empresa
(+) Receitas
(-) Custos
(-) Depreciação
(-) Despesas operacionais
(-) Imposto de Renda sobre operações
(=) Lucro operacional após Imposto de Renda
(+) Depreciação
(-) Imobilizações
(-) Aumento do capital de giro
(=) Fluxo de caixa livre para a empresa
Fonte: MARTELANC, PASIN e PEREIRA (2010)
Espera-se que a adoção do método supramencionado nos relatórios de
sustentabilidade da amostra possibilite a construção de um modelo teórico capaz de
incorporar fatores socioambientais na avaliação econômica de empresas de papel e
12
Os relatórios de sustentabilidade de nível de aplicação C devem apresentar, no mínimo, informações
associadas a dez indicadores de desempenho ambiental, econômico e social (GRI, 2000-2011).
13
Optou-se pelo agrupamento dos itens que resultam no cálculo do fluxo de caixa livre em apenas três
categorias para facilitar a apresentação do modelo. Em síntese, este cálculo permite estimar os recursos
disponíveis para os proprietários e financiadores da empresa. Ademais, é importante ressaltar que há
diferenças entre o lucro líquido e o fluxo de caixa, tais como eventuais diferenças temporais entre receitas
e recebimentos, bem como entre custos e despesas e desembolsos. Uma fonte de consulta para o
aprofundamento do assunto é o livro “Avaliação de Empresas” de Roy Martelanc, Rodrigo Pasin e
Fernando Pereira (2010).
43
celulose. Nesse sentido, este modelo preliminar consiste na consolidação das
informações divulgadas por quatro empresas do setor que claramente expressam uma
conexão entre práticas socioambientais e seus respectivos impactos econômicos para as
empresas, no tocante aos recursos empregados e ao retorno obtido.
No intuito de sintetizar as etapas percorridas até a construção do modelo proposto,
foi elaborado o sistema apresentado na Figura 2:
Figura 2 – Sistema para a integração dos fatores socioambientais ao modelo de
avaliação econômica de empresas
3.4
SELEÇÃO DA AMOSTRA DE EMPRESAS PARA TESTE DO MODELO
A amostra de empresas selecionada para o teste do modelo proposto foi a mesma
que contribuiu para a construção do modelo. Desta forma, esta amostra resulta da
adoção de critérios econômicos e de qualidade de informação. Sob o ponto de vista
econômico, a Fibria, Klabin e Suzano são as únicas empresas de papel e celulose
brasileiras que integraram o ranking das 100 maiores do setor, segundo a publicação
Global Forest, Paper & Packaging Industry Survey de 2011 elaborada pela
PricewaterhouseCoopers (2011). Observou-se que as empresas que atendem a este
critério obtiveram faturamento superior a 2 bilhões de dólares em 2010. Sob o ponto de
vista de qualidade de informação, a Celulose Irani é a única empresa do setor de papel e
celulose cujo relatório foi classificado entre os 10 melhores do País pela publicação
Rumo à Credibilidade 2010 (FBDS e SUSTAINABILITY, 2010).
Aplicou-se o modelo proposto na Celulose Irani, Fibria, Klabin e Suzano,
individualmente, no intuito de apurar o ganho ou perda de valor para cada uma destas
empresas em decorrência da adoção de práticas socioambientais. Nesta tarefa, buscou-se
a identificação de informações monetárias capazes de compor as linhas do modelo
44
proposto em fontes de acesso público. Entretanto, é importante ressaltar que, na prática,
apenas os relatórios de sustentabilidade foram utilizados como fonte de informação para
teste do modelo.
Há duas razões para tanto. O primeiro motivo decorre da expectativa de que os
relatórios de sustentabilidade concentrem as informações referentes às práticas
socioambientais, uma vez que as empresas analisadas seguem a estrutura de relatórios
da GRI conforme constatado durante a construção do modelo. Desta forma, em teoria,
se poderia dizer que caso fosse identificada alguma informação associada às práticas
socioambientais em outra fonte de acesso público, esta também deveria estar refletida
no relatório de sustentabilidade. O segundo motivo deve-se a uma análise preliminar das
demonstrações financeiras das empresas selecionadas como amostra, a qual foi efetuada
posteriormente à tentativa de composição do modelo proposto com base nas
informações divulgadas nos relatórios de sustentabilidade. Em linhas gerais, não foi
possível identificar nenhuma informação monetária adicional que pudesse alterar
significativamente o resultado obtido em função apenas do exame dos relatórios de
sustentabilidade.
3.5
LIMITAÇÕES DO MÉTODO
O mapeamento das práticas socioambientais e a identificação de seus respectivos
impactos econômicos envolveram o julgamento do autor ao examinar as informações
apresentadas nos relatórios de sustentabilidade integrantes da amostra selecionada.
45
4
RESULTADOS
4.1
PRINCIPAIS FATORES SOCIOAMBIENTAIS
O exame individual das iniciativas de avaliação da sustentabilidade corporativa
selecionadas revelou que estas poderiam ser agrupadas segundo sua abrangência. O
primeiro grupo é composto pelas iniciativas cuja avaliação está direcionada para um
tópico central. O segundo grupo é formado pelas iniciativas que avaliam diversos
tópicos socioambientais simultaneamente. O Quadro 9 sintetiza estas informações.
Quadro 9 – Agrupamento das iniciativas selecionadas como amostra
Carbon Disclosure Project
Grupo 1
Climate Counts
Corporate Reporting on Water Risk
CR Magazine 100 Best Corporate Citizens
Dow Jones Sustainability Indexes
Ethisphere’s World’s Most Ethical Companies
Grupo 2
FTSE4Good Index Series
GS Sustain
Índice de Sustentabilidade Empresarial
Oekom
The Global 100 Most Sustainable Corporations in the World
Apesar de as iniciativas do primeiro grupo estarem direcionadas para um tópico
específico, foi observado que as mesmas abordam alguns fatores sociais e/ou ambientais
adjacentes a este tema central. Por exemplo, embora o Carbon Disclosure Project esteja
direcionado para as mudanças climáticas, são abordadas questões relacionadas à cadeia
de valor. Dessa maneira, a análise destas iniciativas possibilitou a identificação de
outros fatores além de seu principal objeto de avaliação.
O resultado conjunto do exame das iniciativas selecionadas indicou que os
principais fatores sociais poderiam ser categorizados a partir de um grupo de
stakeholders: pessoas, comunidades, fornecedores, clientes e governo. Por sua vez, os
principais fatores ambientais poderiam ser categorizados em função de alguns recursos
naturais: energia, água, biodiversidade; mais os resíduos decorrentes das atividades
corporativas.
46
Ademais, constatou-se a recorrência de outros três fatores nas avaliações
selecionadas: mudanças climáticas, direitos humanos, saúde e segurança. Embora estes
fatores possam ser relacionados a um ou mais fatores sociais e/ou ambientais
anteriormente mencionados, observou-se que são tratados com destaque em algumas
iniciativas. Por este motivo, foram adicionados aos demais fatores socioambientais
identificados, não se estabelecendo qualquer relação hierárquica entre os mesmos.
Outra constatação da análise efetuada está relacionada ao enquadramento dos
fatores identificados como sociais ou ambientais. Observou-se que alguns destes
poderiam ser enquadrados simultaneamente em ambas as dimensões. Por este motivo, o
produto final da análise consistiu na categorização dos fatores identificados como
socioambientais, ou seja, sem a segregação dos mesmos em um âmbito social ou
ambiental. No Apêndice 1 foi elaborada uma matriz correlacionando as iniciativas
selecionadas na amostra com os aspectos socioambientais avaliados pelas mesmas.
Dessa forma, verificou-se que há doze fatores que deveriam ser avaliados pelas
corporações em geral no tocante à sustentabilidade corporativa. No Quadro 10 são
apresentados exemplos de alguns tópicos abordados pelos questionários das iniciativas
selecionadas ao lado da nomenclatura escolhida para categorizar os fatores
socioambientais que representam.
Quadro 10 – Principais fatores socioambientais abordados pelas iniciativas de
avaliação da sustentabilidade corporativa examinadas
Fatores
Descrição de alguns tópicos abordados
Água
Programas para redução do consumo e reaproveitamento.
Biodiversidade
Ações para a proteção e restauração de habitats.
Cadeia de Valor
Avaliação de fornecedores e relacionamento com clientes.
Comunidades
Engajamento de comunidades nas localidades de atuação
e ações de cidadania corporativa.
Direitos Humanos
Medidas para impedir o trabalho infantil ou escravo e
proteção dos direitos das minorias.
Energia
Programas de conservação e redução do consumo.
Mudanças Climáticas
Redução das emissões diretas e indiretas de GEE e ações
para a captura de carbono.
Pessoas
Ações
voltadas
terceirizados,
para
incluindo
empregados
medidas
e
para
funcionários
assegurar
preservação do direito a livre associação sindical.
a
47
Fatores
Descrição de alguns tópicos abordados
Reguladores
Monitoramento de multas e sanções não monetárias
resultantes da inobservância de normas legais.
Resíduos e Reciclados
Medidas
adotadas
reaproveitar
resíduos
para
mensurar,
sólidos,
reduzir
líquidos
e
e/ou
gasosos
decorrentes do processo produtivo, bem como o uso de
materiais reciclados.
Saúde e Segurança
Fatalidades, lesões ocupacionais, impactos de produtos no
meio ambiente e na saúde de consumidores.
Território
Manejo do solo, exploração de recursos florestais e
minerais.
Por fim, é importante ressaltar que não há a pretensão em afirmar que todos os
fatores socioambientais podem ser agrupados nas categorias apresentadas. Ainda assim,
tomando por base as iniciativas examinadas nesta pesquisa, acredita-se que as doze
categorias apresentadas abrangem os principais fatores socioambientais inerentes às
atividades das organizações em geral.
Ao mesmo tempo, conforme observado na revisão de literatura, as empresas
devem avaliar a relevância de cada uma das categorias propostas conforme o setor
econômico em que atuam. Por este motivo, na segunda etapa da presente pesquisa
avaliou-se a materialidade dos fatores socioambientais especificamente para o setor de
papel e celulose.
4.2
IDENTIFICAÇÃO DAS QUESTÕES MATERIAIS PARA O SETOR DE
PAPEL E CELULOSE
A análise da amostra selecionada de avaliações da materialidade dos fatores
socioambientais para o setor de papel e celulose resultou em uma relação de questões
socioambientais apontadas como relevantes para o setor. No Apêndice 2 foi elaborada
uma matriz correlacionando as questões materiais identificadas com seu respectivo
avaliador.
Conforme mencionado anteriormente, foram consideradas como materiais as
questões assim identificadas por dois ou mais avaliadores examinados. Nesta análise,
quando observados tópicos com nomenclaturas semelhantes, foi aplicado o juízo do
autor com base nas informações públicas disponíveis para verificar se estes abordavam
48
os mesmos assuntos. Como resultado, estão apresentadas no Quadro 11 as questões
identificadas como relevantes para o setor, associadas a alguns dos fatores
socioambientais identificados na primeira etapa deste trabalho como aplicáveis às
empresas em geral.
Quadro 11 – Principais questões materiais identificadas e fatores socioambientais
associados
Questões materiais
Fatores socioambientais
Impactos na Biodiversidade
Biodiversidade
Manejo Florestal
Biodiversidade e Território
Mudanças Climáticas
Mudanças Climáticas
Uso da Água
Água
Emissões, efluentes e resíduos
Resíduos e Reciclados
Consumo Sustentável
Resíduos e Reciclados
Relacionamento com Fornecedores
Cadeia de Valor
Relacionamento com Comunidades
Comunidades
Observou-se que todas as questões apontadas como materiais estão associadas ao
menos a uma das doze categorias listadas na primeira etapa da pesquisa. A partir destas
questões materiais, buscou-se identificar informações capazes de refletir o desempenho
socioambiental das empresas do setor de papel e celulose, no ambiente regulatório
brasileiro, bem como analisar seus impactos na avaliação econômica das mesmas.
4.3
IDENTIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS ASSOCIADAS ÀS
QUESTÕES MATERIAIS E DE SEUS IMPACTOS NA AVALIAÇÃO
ECONÔMICA DE EMPRESAS DE PAPEL E CELULOSE
O exame dos relatórios de sustentabilidade da Celulose Irani (2010), Fibria
(2011), Klabin (2010) e Suzano (2011) para as questões avaliadas como materiais para o
setor de papel e celulose revelou a adoção de práticas socioambientais semelhantes
pelas empresas analisadas, como também algumas práticas que não são executadas por
mais do que uma destas empresas. Como o presente trabalho não teve por objetivo
avaliar o desempenho socioambiental das empresas examinadas, mas somente verificar
o conjunto de práticas adotadas pelas empresas do setor sem juízo de valor do
pesquisador, não foi efetuada uma correlação entre as empresas e as práticas
49
socioambientais identificadas nem uma análise crítica das práticas apresentadas nos
relatórios de sustentabilidade.
Ao mesmo tempo, a análise dos quatro relatórios supramencionados mostrou que
é possível identificar os impactos de algumas práticas socioambientais na avaliação
econômica das empresas de papel e celulose, independentemente destas informações
serem apresentadas de forma
descritiva ou quantitativa nos relatórios de
sustentabilidade. Desta maneira foram relacionados os possíveis efeitos no modelo do
fluxo de caixa ainda que os mesmos não pudessem ser convertidos em um denominador
comum monetário com base nas informações divulgadas.
Por fim, observou-se que o enquadramento das práticas socioambientais
identificadas nas categorias previamente atribuídas às questões materiais foi, algumas
vezes, uma tarefa difícil, dada a inter-relação entre tais categorias. Por exemplo, a
prática de plantio em mosaico poderia ser associada com manejo florestal tanto quanto
com impactos na biodiversidade. No entanto, como tal associação não interfere no
objetivo da presente pesquisa, sendo apenas uma forma de facilitar a evidenciação da
análise efetuada, optou-se pelo arbítrio de alguns critérios que serão explicados
oportunamente.
Nos tópicos 4.3.1 a 4.3.8 a seguir serão apresentadas as práticas socioambientais e
seus respectivos impactos econômicos identificados nos relatórios de sustentabilidade
das empresas examinadas, bem como sua correlação com o modelo de fluxo de caixa.
4.3.1 Manejo florestal
Entendem-se como relacionadas ao manejo florestal todas as ações empregadas na
“administração da floresta para a obtenção e benefícios econômicos e sociais,
respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema” (FIBRIA, 2012). No
entanto, para fins do presente trabalho, associou-se o manejo florestal apenas às práticas
identificadas nos relatórios de sustentabilidade como relacionadas às florestas plantadas.
Por sua vez, as práticas com efeitos simultâneos nas florestas plantadas e matas nativas
foram associadas à biodiversidade, tendo em vista seus impactos na mesma.
Dessa forma, foram identificadas as seguintes práticas nos relatórios examinados:

Controle de dispersão do pinus em áreas não comerciais;

Investimentos para o melhoramento genético do eucalipto;

Utilização de informações aéreas para o plantio e manejo florestal;

Sistema automatizado de gerenciamento e controle da adubação;
50

Utilização de técnicas especializadas para o plantio florestal;

Colheita mecanizada da madeira plantada;

Pesquisas para avaliar e melhorar a resistência genética do eucalipto a
pragas e doenças;

Plantio de diferentes espécies de eucalipto para reduzir a probabilidade de
perdas em função de pragas e doenças;

Obtenção de certificações florestais atestando que o manejo florestal é
ambientalmente adequado, socialmente justo e economicamente viável.
Também foram identificados nos relatórios de sustentabilidade alguns impactos
econômicos decorrentes destas ações. Com base nestas informações, foi possível
associar seus efeitos a algumas linhas do modelo do fluxo de caixa. O Quadro 12
apresenta alguns exemplos desta análise.
Quadro 12 – Manejo florestal e sua conexão com valor
Práticas
Impactos econômicos
Reflexos no fluxo de caixa
socioambientais
(Quadro 20)
Investimentos para o Aumento de produtividade - Venda de Produtos
melhoramento genético e redução da quantidade de - Pesquisa e Desenvolvimento
do eucalipto
terra
necessária
plantio
de
para - Terrenos
eucalipto;
pesquisas
Colheita mecanizada da Aumento da produtividade - Venda de Produtos
madeira plantada
e redução de perdas com - Insumos
madeira
Uso
de
informações Maior
- Equipamentos Agrícolas
assertividade
e - Insumos
aéreas para o plantio e racionalização no plantio
- Serviços de Monitoramento
manejo florestal
Aéreo
Obtenção
certificações
de Aumento
para
manejo florestal
da
base
de - Venda de Produtos
o clientes; dispêndios com - Certificações Florestais
treinamentos e auditorias
51
4.3.2 Impactos na biodiversidade
Conforme observado no relatório de sustentabilidade da Fibria (2012), a
biodiversidade é “o conjunto de formas de vida (organismos vivos e complexos
ecológicos) e genes contidos em cada indivíduo, bem como as inter-relações, ou
ecossistemas, na qual a existência de uma espécie afeta diretamente outras”. Para fins
do presente trabalho, os impactos na biodiversidade foram associados às práticas
socioambientais não relacionadas à gestão das florestas plantadas. Conforme
mencionado anteriormente, as práticas com efeitos simultâneos nas florestas plantadas e
nativas foram associadas à biodiversidade, tendo em vista seus impactos na mesma.
Dessa forma, foram identificadas as seguintes práticas nos relatórios examinados:

Plantio de eucalipto e pinus entremeados com porções significativas de
matas nativas (plantio em mosaico);

Produção, plantio e distribuição de mudas nativas para a recuperação de
áreas degradadas e reflorestamento;

Preservação da vegetação nativa e áreas naturais existentes;

Estudos e monitoramento da flora e fauna existente nas florestas nativas;

Conservação de espécies ameaçadas;

Certificação da gestão ambiental;

Monitoramento de florestas para a detecção prévia de pragas e doenças,
bem como determinar o nível de infestações de plantas daninhas;

Pesquisas para desenvolver novos herbicidas;

Pesquisas para estudar e avaliar métodos alternativos ao controle químico
no combate a pragas;

Aplicação controlada de produtos químicos nos plantios florestais;

Vigilância para coibir a caça e pesca predatória nas propriedades florestais,
bem como o controle de visitantes para a pesca autorizada;

Treinamento e fornecimento de equipamentos a equipes responsáveis pelo
combate a incêndios florestais.
O Quadro 13 apresenta alguns exemplos de impactos econômicos identificados
nos relatórios de sustentabilidade em decorrência destas práticas e a sua associação às
linhas do modelo do fluxo de caixa.
52
Quadro 13 – Impactos na biodiversidade e sua conexão com valor
Impactos econômicos
Práticas
Reflexos no fluxo de caixa
socioambientais
Produção,
plantio
(Quadro 20)
e Gastos
com - Reflorestamento de Áreas
distribuição de mudas reflorestamento
nativas
como Degradadas
condicionante à licença de
operação
Estudos
e Análises
técnicas
de - Softwares
monitoramento da flora paisagem com o auxílio de
e fauna existente nas computadores como forma
florestas nativas
de manter a estabilidade
ambiental
Pesquisas para estudar e Investimentos em pesquisa - Pesquisa e Desenvolvimento
avaliar
métodos para controle biológico de
alternativos ao controle pragas, mediante o uso de
químico no combate a inimigos naturais
pragas
Monitoramento
florestas
para
detecção
prévia
de Redução
do
a agrotóxicos
e
uso
de - Insumos
inimigos
de naturais para reduzir os
pragas e doenças, bem danos à floresta plantada
como
determinar
o
nível de infestação de
plantas daninhas
Treinamento
fornecimento
e Proteção
das
florestas - Insumos
de plantadas, nativas e da - Treinamento no Combate a
equipamentos a equipes biodiversidade; gastos com Incêndios
responsáveis
combate
florestais
a
pelo treinamento de pessoal e - Equipamentos Florestais
incêndios equipamentos
53
4.3.3 Mudanças climáticas
Neste tópico, procurou-se identificar nos relatórios de sustentabilidade as ações
que estivessem associadas ao controle, monitoramento, redução e compensação de
emissões de GEE, bem como a adaptação às mudanças climáticas:

Inventário de GEE;

Quantificação dos GEE emitidos durante todo o ciclo de vida dos
produtos;

Engajamento da cadeia de suprimentos no inventário da pegada de
carbono;

Estabelecimento de metas de eficiência energética;

Investimentos em matriz energética mais limpa;

Desenvolvimento e certificação de projetos de Mecanismos de
Desenvolvimento Limpo (MDL);

Aquisição de créditos de carbono de projetos que envolvem a geração de
energia por fontes renováveis e manejo de resíduos;

Estudos para o melhoramento genético na produção de eucalipto,
buscando identificar as espécies mais adaptáveis a diferentes condições
climáticas.
O Quadro 14 apresenta alguns exemplos de reflexos econômicos identificados nos
relatórios de sustentabilidade em decorrência destas ações e sua associação às linhas do
modelo do fluxo de caixa.
Quadro 14 – Mudanças climáticas e sua conexão com valor
Práticas
Impactos econômicos
Reflexos no fluxo de caixa
socioambientais
Implementação e
(Quadro 20)
Recebimento de recursos - Venda de Créditos de
certificação de projetos pela
de MDL
negociação
créditos de carbono
Compra de créditos de Aumento
carbono
de Carbono
para clientes
da
pela
base
- Instalações Fabris
de - Venda de Produtos
crescente - Aquisição de Créditos de
compensação voluntária demanda de consumidores Carbono
de emissões de GEE por produtos sustentáveis
para a fabricação de
papel
54
Práticas
Impactos econômicos
Reflexos no fluxo de caixa
socioambientais
(Quadro 20)
Pesquisa genética para Investimentos em pesquisa
- Pesquisa e Desenvolvimento
aprimorar o eucalipto
- Insumos
para
adaptação
às
mudanças climáticas
4.3.4 Uso da água
Em relação ao uso da água, foram identificadas as seguintes práticas:

Monitoramento dos recursos hídricos, bem como do percentual de água
reciclada e reutilizada;

Levantamento da pegada hídrica;

Estabelecimento de metas de eficiência operacional;

Fechamento do circuito de águas para reciclagem e reaproveitamento em
alguns processos.
Não foram observados nos relatórios de sustentabilidade impactos econômicos
expressos decorrentes da gestão dos recursos hídricos. No entanto, é importante
ressaltar que o investimento em instalações fabris para a reciclagem e o
reaproveitamento de água, ao diminuir a captação direta de fontes naturais, pode evitar
impactos nos custos destas empresas.
Isso porque a Lei 9433/97 possibilita ao Poder Público cobrar pela captação de
recursos hídricos utilizados como insumo na produção. Embora esta cobrança ainda seja
restrita a algumas bacias hidrográficas, existe a possibilidade de aplicação do referido
dispositivo legal em outras fontes de água (PORTAL BRASIL, 2012). Dessa forma,
unidades fabris instaladas em bacias hidrográficas sujeitas à cobrança pela captação de
água beneficiam-se de ações de reaproveitamento de recursos hídricos.
Neste cenário, apresentamos no Quadro 15 alguns exemplos de impactos
econômicos quanto às ações adotadas pelas empresas de papel e celulose para a
reciclagem e o reaproveitamento de água, bem como sua associação às linhas do modelo
do fluxo de caixa.
55
Quadro 15 – Uso da água e sua conexão com valor
Impactos econômicos
Práticas
Reflexos no fluxo de caixa
socioambientais
Monitoramento
(Quadro 20)
dos Redução
recursos hídricos
de
passivos - Contingências Ambientais
ambientais pela gestão de - Instalações Fabris
recursos hídricos
Fechamento do circuito Redução dos dispêndios - Água
de
águas
para com a água captada em - Instalações Fabris
reciclagem
e bacias
hidrográficas
reaproveitamento
em sujeitas a essa cobrança e
alguns processos
investimentos em projetos
que
possibilitem
reciclagem
e
a
o
reaproveitamento de água
4.3.5 Emissões, efluentes e resíduos
Em relação a este tópico, buscou-se a identificação de práticas relacionadas a
substâncias sólidas, liquidas e gasosas (exceto emissões de GEE), decorrentes do
manejo florestal e da fabricação de papel e celulose. Desta forma, observaram-se as
seguintes ações nos relatórios de sustentabilidade examinados:

Monitoramento de emissões de substâncias destruidoras da camada de
ozônio e de outras emissões atmosféricas pelas unidades fabris;

Aferição periódica das emissões de veículos de transporte de carga e de
frota terceirizada;

Substituição de equipamentos para redução do consumo de substâncias
destruidora da camada de ozônio;

Treinamento de pessoas para detecção de odor proveniente das fábricas;

Redução de emissões por melhorias operacionais e redução do consumo de
combustíveis fósseis;

Utilização de equipamentos para retenção de poluentes nas fontes
geradoras;

Monitoramento da quantidade e qualidade da água descartada, com a
coleta de dados para comparação com as exigências da legislação vigente;
56

Uso de equipamentos para tratamento da água residual de irrigação das
unidades florestais;

Uso de estações próprias para tratamento de efluentes industriais;

Manutenção de resíduos da colheita para a conservação do solo;

Compostagem de resíduos para a produção de adubo orgânico;

Adoção de procedimentos específicos para a coleta, armazenagem e
destinação adequada dos resíduos sólidos gerados;

Contratação e avaliação de empresas para transporte e tratamento de
resíduos perigosos;

Reciclagem e reaproveitamento de alguns resíduos sólidos como corretivo
de solo;

Utilização dos resíduos do processo produtivo como biomassa para a
geração de energia.
O exame dos relatórios de sustentabilidade analisados revelou que algumas destas
práticas foram associadas a impactos econômicos nas empresas analisadas. O Quadro 16
apresenta alguns exemplos.
Quadro 16 – Emissões, efluentes e resíduos e sua conexão com valor
Práticas
Impactos econômicos
socioambientais
Adoção
(Quadro 20)
de Redução do volume de -
procedimentos
específicos
Reflexos no fluxo de caixa
material
para
disposto
Armazenamento
e
em Transporte de Resíduos
a aterros e da exposição a - Contingências Ambientais
coleta, armazenagem e passivos ambientais pela
destinação
dos
resíduos
adequada gestão de resíduos
sólidos
gerados
Reciclagem
reaproveitamento
e Redução na compra de -
Armazenamento
de fertilizantes e dos resíduos Transporte de Resíduos
alguns resíduos sólidos a serem depositados em - Insumos
como corretivo de solo
aterros
e
57
Práticas
Impactos econômicos
Reflexos no fluxo de caixa
socioambientais
(Quadro 20)
Utilização dos resíduos Utilização
do processo produtivo gerada
como biomassa para a produtivo
geração de energia
da
no
energia - Venda de Energia
processo - Energia
e
venda
da - Instalações Fabris
energia excedente
Adicionalmente, é importante ressaltar que os dispêndios com instalações e
equipamentos para o monitoramento, controle e tratamento de emissões, efluentes e
resíduos reduzem os riscos de exposição das empresas a multas e outras sanções que
podem ser impostas por entes governamentais. No Brasil, há normas de âmbito federal e
estadual que disciplinam os impactos no meio ambiente. Como exemplos podem ser
citados a lei federal no 6.938/81 que disciplina a Política Nacional do Meio Ambiente, a
lei federal no 9.985/00 que estabelece compensações financeiras em decorrência de
empreendimentos que resultem em impactos ambientais e a lei estadual no 997/76 que
dispõe sobre o controle da poluição no Estado de São Paulo.
4.3.6 Consumo sustentável
As práticas identificadas nos relatórios de sustentabilidade em relação ao consumo
sustentável estão relacionadas às empresas fabricantes de papel. Basicamente, tais
práticas referem-se à aquisição de aparas de papel para reaproveitamento como
insumos, o monitoramento do volume de insumos reciclados e o engajamento de
consumidores em ações de logística reversa para a recuperação de embalagens.
O Quadro 17 apresenta alguns exemplos de impactos econômicos identificados
nos relatórios de sustentabilidade em decorrência destas práticas e seus reflexos no
fluxo de caixa.
Quadro 17 – Consumo sustentável e sua conexão com valor
Práticas
Impactos econômicos
socioambientais
(Quadro 20)
Utilização da fibra de Venda
aparas de papel como verdes
de
e
produtos - Venda de Produtos
redução
do - Insumos
insumo após a reciclagem emprego de fibra virgem
em unidades próprias
Reflexos no fluxo de caixa
- Instalações Fabris
58
4.3.7 Relacionamento com fornecedores
Em relação ao relacionamento com fornecedores, foram identificadas as seguintes
ações nos relatórios de sustentabilidade examinados:

Avaliação de fornecedores e auditoria mediante a análise de aspectos
trabalhistas, ambientais, de saúde ocupacional e segurança, entre outros;

Priorização na contratação de fornecedores locais;

Programas para a educação ambiental de fornecedores;

Programas de fomento florestal.
A avaliação prévia de fornecedores e seu monitoramento visam assegurar a
qualidade do produto final, bem como evitar eventuais contingências ou danos à
imagem das empresas de papel e celulose. Dessa forma, se tratam de medidas
preventivas de impactos econômicos negativos.
Por sua vez, os programas de fomento florestal têm por objetivo estimular
proprietários rurais a produzirem madeira para a indústria de papel e celulose. Para
tanto, as empresas do setor oferecem mudas para o plantio, apoio técnico, garantias de
financiamento, além do compromisso de compra da madeira ao final do ciclo do cultivo.
O Quadro 18 apresenta alguns exemplos de impactos econômicos identificados
nos relatórios de sustentabilidade em decorrência destas práticas e seus reflexos no
fluxo de caixa.
Quadro 18 – Relacionamento com fornecedores e sua conexão com valor
Práticas
Impactos econômicos
socioambientais
(Quadro 20)
Programas de fomento Compra
florestal
Reflexos no fluxo de caixa
de
madeira - Aquisição de Madeira de
certificada de terceiros e Terceiros
redução
da
necessária
próprias
quantidade - Terrenos
de
para
terras
florestas
plantadas
4.3.8 Relacionamento com comunidades
A última questão material examinada nos relatórios de sustentabilidade analisados
refere-se às ações executadas pelas empresas do setor em comunidades do entorno de
suas operações florestais e industriais. Além da execução efetiva de projetos nestas
59
comunidades, observou-se que há ações voltadas para a análise de suas principais
necessidades, inclusive com o apoio de softwares, e para o monitoramento de eventuais
impactos causados pela atividade de papel e celulose, mediante diálogo com as
comunidades locais.
Durante a análise, observou-se que os projetos voltados para as comunidades
locais podem ser divididos em dois grupos: ações assistencialistas e ações integradas às
operações de papel e celulose. Em geral, observou-se que as ações de caráter
assistencialista são executadas ou financiadas por entidades sem fins lucrativos,
constituídas por estas empresas, bem como mediante parcerias com órgãos
governamentais ou entidades socioambientais independentes. Neste sentido foram
identificados projetos em diferentes campos, tais como: saúde, educação técnica,
cultura, esporte, entre outros. Quanto às ações integradas a atividade de papel e
celulose, destacam-se dentre os exemplos identificados:

Programas para a geração de renda pela contratação de mão de obra direta
e pelo desenvolvimento de projetos que fazem uso de serviços
ecossistêmicos, tais como a apicultura e a piscicultura;

Manipulação de plantas medicinais encontradas nas áreas florestais para a
fabricação de cosméticos e fitoterápicos, destinados à população local;

Programas de educação ambiental.
Entretanto, o exame dos relatórios de sustentabilidade revelou que a descrição dos
impactos econômicos nas empresas em decorrência dessas ações, na maioria das vezes,
refere-se aos dispêndios efetuados pelas companhias de papel e celulose. Este fato
limita a incorporação das práticas socioambientais associadas às comunidades locais no
modelo proposto, uma vez que também é necessária a identificação do retorno gerado
para as empresas em função destes dispêndios. Como exceção, foi identificada uma
associação entre o engajamento das comunidades locais em ações integradas às
operações de papel e celulose com a redução de perdas patrimoniais para as empresas,
conforme descrito no quadro 19.
60
Quadro 19 – Relacionamento com comunidades e sua conexão com valor
Impactos econômicos
Práticas
Reflexos no fluxo de caixa
socioambientais
(Quadro 20)
Contratação de mão de - Gastos diversos*
obra
local
para
-
Desenvolvimento
de
as - Redução de furtos de Comunidades Locais
operações florestais e madeira
- Insumos
realização de projetos
sociais voltados para o
desenvolvimento
comunidades
das
locais
(apicultura, agricultura
familiar e piscicultura)
* Os dispêndios associados ao engajamento de comunidades locais nas operações florestais de
empresas de papel e celulose, bem como em projetos sociais (exemplos: agricultura familiar e atividades
relacionadas a serviços ecossistêmicos) estão refletidos na linha “Desenvolvimento de Comunidades
Locais” do modelo de fluxo de caixa a título de simplificação, tendo em vista a natureza diversa dos
dispêndios que podem ser associados a este propósito.
4.4 APRESENTAÇÃO DO MODELO
A partir dos impactos econômicos identificados como decorrentes das práticas
socioambientais examinadas, conforme destacados nos quadros 12 a 19, foi construído
um modelo preliminar de avaliação econômica de empresas aplicável ao setor de papel
e celulose. O modelo proposto é composto por linhas indicativas dos recursos
empregados pelas empresas em práticas socioambientais, bem como por linhas que
refletem o retorno gerado para as empresas em função dessas práticas.
O Quadro 20 apresenta o modelo proposto, bem como a correspondência de cada
linha do fluxo de caixa com os quadros em que foram destacadas as práticas
socioambientais apuradas nos relatórios de sustentabilidade.
61
Quadro 20 – Modelo preliminar de avaliação econômica dos fatores
socioambientais aplicado ao setor de papel e celulose
(+) Recebimentos
Venda de Créditos de Carbono
Quadro 14
Venda de Energia
Quadro 16
Vendas de Produtos
Quadros 12, 14 e 17
(-) Dispêndios
Água
Quadro 15
Armazenamento e Transporte de Resíduos
Quadro 16
Aquisição de Créditos de Carbono
Quadro 14
Aquisição de Madeira de Terceiros
Quadro 18
Certificações Florestais
Quadro 12
Contingências Ambientais
Quadros 15, 16
Energia
Quadro 16
Insumos
Quadros 12, 13, 16, 17, 19
Desenvolvimento de Comunidades Locais
Quadro 19
Reflorestamento de Áreas Degradadas
Quadro 13
Serviços de Monitoramento Aéreo
Quadro 12
Treinamento no Combate a Incêndios
Quadro 13
(=) Fluxo de Caixa Operacional
(-) Investimentos
Equipamentos Agrícolas
Quadro 12
Equipamentos Florestais
Quadro 13
Instalações Fabris
Quadros 15, 16
Pesquisa e Desenvolvimento
Quadros 12, 13, 14
Softwares
Quadro 13
Terrenos
Quadros 12, 18
(=) Fluxo de Caixa Livre para a Empresa
62
4.5 TESTE DO MODELO
Após a proposição do modelo que incorpora os fatores socioambientais à
avaliação econômica de empresas de papel e celulose, foi testada a sua aplicação em
cada uma das empresas que contribuíram para a sua construção: Fibria, Celulose Irani,
Klabin e Suzano. Entretanto, o exame individual dos relatórios de sustentabilidade
destas empresas revelou a existência de poucas informações expressas em moeda que
possam ser associadas às linhas do modelo proposto, sobretudo no tocante às linhas que
expressam o retorno gerado em função de práticas socioambientais. Ainda assim, foram
identificadas informações quantitativas em outras unidades de medida que poderiam ser
traduzidas para um denominador comum monetário.
No Quadro 21 estão transcritos alguns exemplos de informações extraídas dos
relatórios de sustentabilidade que descrevem o retorno gerado para as quatro empresas
examinadas em decorrência de suas práticas socioambientais. Estas informações
atendem a algumas linhas do modelo proposto em função do aumento de recebimentos
(exemplo: aumento de caixa pela venda de créditos de carbono) ou da redução de
dispêndios (exemplo: redução de dispêndios com a compra de fertilizantes) em favor
das empresas de papel e celulose.
Quadro 21 – Exemplos de retorno gerado por práticas socioambientais
Aplicação do modelo
Fonte de informação para cálculo do efeito financeiro
no fluxo de caixa
Venda de Créditos de
Projeto MDL: Modernização da Estação de Tratamento de
Carbono
Efluentes - “O projeto viabilizou um retorno financeiro
proveniente da venda de créditos de carbono de R$
3.386.148,38 referentes aos períodos de 2007 a 2009. No
período de 2010, foram reconhecidos R$ 1.072.372,59;
esse valor ainda não foi recebido efetivamente, mas já foi
contabilizado” (Celulose Irani)
63
Aplicação do modelo
Fonte de informação para cálculo do efeito financeiro
no fluxo de caixa
Venda de Créditos de
Projeto MDL: Usina de Cogeração – “O projeto viabilizou
Carbono
retorno financeiro proveniente da venda de créditos de
carbono de R$ 6.356.303,07 no período de 2006 a 2008.
Entre os períodos de 2009 e 2010, foram reconhecidos R$
3.512.953,68;
esse
valor
ainda
não
foi
recebido
efetivamente, mas já foi contabilizado” (Celulose Irani).
Venda
de
Energia
/
Energia
“Quase toda a energia produzida na Fibria vem de
subprodutos do processo produtivo. A característica
sustentável dessa energia produzida pela Fibria traz um
ganho extra para as Unidades que geram excedentes e
comercializam energia elétrica na rede pública nacional
(...). Combinada, a produção excedente das Unidades
Aracruz e Três Lagoas é de 30 megawatts (ou 8% da
produção total da empresa), o suficiente para abastecer
uma cidade com 500 mil habitantes” (Fibria).
Insumos
/
“Lama de cal, cinza de biomassa, dregs e grits são
Armazenamento
e
resíduos
Transporte de Resíduos
sólidos
industrialização
gerados
da
durante
celulose.
o
Esses
processo
resíduos
de
são
transformados em coprodutos e após o processo de
reciclagem são reaproveitados como corretivo de solo na
Unidade Aracruz (ES). Essa operação traz vantagens
econômicas e ambientais, como o aumento da vida útil do
aterro industrial, já que reduz a quantidade de resíduos a
ser depositada no local, promove a economia na compra de
calcário e outros fertilizantes minerais, e contribui no
índice geral de reciclagem. Estimamos que foram
economizados cerca de R$ 6,1 milhões em 2011 com essa
prática” (Fibria).
64
Aplicação do modelo
Fonte de informação para cálculo do efeito financeiro
no fluxo de caixa
Insumos
“Cerca de 2.500 famílias (...) beneficiadas por programas
de desenvolvimento implantados em 57 comunidades
vizinhas das operações da Fibria. Entre os resultados mais
notáveis (...) estão a contratação, com carteira assinada, de
aproximadamente 600 moradores dessas áreas, e a redução
em mais de 50% na incidência de furto de madeira nas
propriedades da companhia em 2011.” (Fibria)
Ademais, também foram identificadas informações expressas em moeda
referentes aos recursos empregados em práticas socioambientais nos relatórios de
sustentabilidade das empresas examinadas. Em geral, estas informações têm por
objetivo atender aos indicadores de desempenho da GRI que recomendam a divulgação
dos dispêndios em proteção ambiental14 e em benefício de comunidades15.
No Quadro 22 estão transcritos alguns exemplos de recursos empregados em
práticas socioambientais que foram identificados nos relatórios de sustentabilidade
como forma de evidenciar algumas linhas do modelo proposto que podem ser atendidas
com as referidas informações.
Quadro 22 – Exemplos de dispêndios em práticas socioambientais
Aplicação do modelo
Fonte de informação para cálculo do efeito financeiro
no fluxo de caixa
Água
“Instalação
da
torre
de
resfriamento
na
MP5.
Reaproveitamento de água, reduzindo o consumo. R$
125.635,11” (Celulose Irani).
Reflorestamento de Áreas “Revegetação de áreas degradadas e de proteção (APP e
Degradadas
RL). Unidade Aracruz: R$ 6.813.030. Unidade Jacarei R$
1.512.487” (Fibria).
14
Observou-se que a apresentação destas informações nos relatórios de sustentabilidade examinados
está comumente associada ao indicador GRI EN30 que recomenda a divulgação do “total de
investimentos e gastos em proteção ambiental, por tipo” (GRI, 2000-2011).
15
Observou-se que a apresentação destas informações nos relatórios de sustentabilidade examinados
está comumente associada ao indicador GRI EC8 que recomenda a divulgação dos “(...) investimentos
em infraestrutura e serviços oferecidos, principalmente para benefício público” (GRI, 2000-2011).
65
Aplicação do modelo
Fonte de informação para cálculo do efeito financeiro
no fluxo de caixa
Desenvolvimento
Comunidades Locais
de “O valor investido no ano em infraestrutura, apenas
para atender às demandas pontuais da comunidade,
somou R$ 129,6 mil.” (Suzano)
Instalações Fabris
“A Companhia investiu na melhoria da matriz energética
das unidades de Papéis (papel cartão e papel kraft). Entre
os principais projetos destacam-se (...) novas caldeiras de
biomassa nas unidades de Correia Pinto e Otacílio Costa
(SC). O equipamento já instalado em Otacílio Costa
representou investimento de R$ 29 milhões em 2010 e
agregou importantes avanços ao processo de preservação
ambiental, com redução nas emissões de gases de efeito
estufa e no consumo de óleo combustível da unidade”
(Klabin).
4.6 CONSIDERAÇÕES AO TESTE DO MODELO
O experimento de aplicar o modelo proposto de incorporação dos fatores
socioambientais à avaliação econômica de empresas de papel e celulose com base em
informações divulgadas nos relatórios de sustentabilidade possibilitou duas constatações
importantes.
Em primeiro lugar, observou-se que algumas informações divulgadas possibilitam
a identificação do retorno gerado em função de práticas socioambientais. Trata-se de
uma constatação relevante, pois evidencia que uma parcela dos efeitos econômicos
positivos gerados por boas práticas socioambientais são capturados pelas empresas,
devendo ser incorporados aos modelos de avaliação econômica. Como exemplo,
observou-se que a energia gerada a partir do processamento de resíduos, além de reduzir
as emissões de GEE e evitar o armazenamento de dejetos da produção, reduz dispêndios
com a compra de energia e possibilita o incremento de recebimentos pela venda do
excedente gerado.
No entanto, em segundo lugar, a aplicação do modelo em cada empresa da
amostra revelou que a qualidade das informações disponíveis é insuficiente para atender
a todas as linhas do modelo proposto. Isso porque, ressalvadas algumas exceções, há
66
uma carência de informações quantitativas que possibilitem mensurar os reflexos
econômicos das práticas socioambientais em um denominador comum monetário.
Para que haja o emprego efetivo do modelo faz-se necessária a identificação de
informações que permitam compor todas as suas linhas. Isso porque não é possível
avaliar o efeito econômico de ganho ou perda em decorrência das práticas
socioambientais sem associar os recursos empregados ao retorno gerado. Desta forma,
observa-se que as informações divulgadas nos relatórios de sustentabilidade foram
insuficientes para atender ao modelo proposto.
Adicionalmente, é importante ressaltar que há uma questão relevante para a
incorporação dos fatores socioambientais na avaliação econômica de empresas que não
compreende o escopo deste trabalho. Trata-se da análise da taxa de desconto que
deveria ser utilizada para estimar o valor presente dos impactos de práticas
socioambientais nos fluxos de caixa das empresas. O resultado desta análise consiste na
utilização da mesma taxa de desconto aplicada pela empresa aos fluxos de caixa gerados
por projetos semelhantes ou na adoção de uma taxa de desconto diferenciada. Uma
fonte de consulta para aprofundar-se no assunto é o livro “Discounting and
Intergenerational Equity” editado por Paul R. Portney & John P. Weyant (1999).
67
5.
CONCLUSÃO
Os índices, ratings, rankings e premiações relacionados ao desempenho
socioambiental das empresas de capital aberto não atendem ao desafio de identificar, de
modo claro e direto, o retorno financeiro gerado pelos recursos alocados em práticas
socioambientais. Dessa forma, uma maneira de estabelecer uma conexão direta entre o
desempenho
socioambiental
e
financeiro
seria
a
incorporação
dos
fatores
socioambientais relevantes nos modelos de avaliação econômica de empresas.
O presente trabalho teve por objetivo propor um modelo preliminar que incorpore
os fatores socioambientais à avaliação econômica de empresas, aplicado ao setor de
papel e celulose. A construção do modelo se deu em três etapas. Primeiramente, foram
identificados os fatores socioambientais que merecem a atenção das empresas em geral,
tendo em vista os impactos gerados pelas atividades empresariais, com base em um
conjunto de quesitos examinados por avaliadores globais. Após esta etapa inicial, para
uma análise específica do setor de papel e celulose, foram identificadas as questões
materiais com base na publicação Rumo à Credibilidade 2010, nos relatórios de
sustentabilidade da Bracelpa e de empresas selecionadas do setor. Por fim, foram
identificadas práticas socioambientais e seus reflexos econômicos em empresas do setor
analisado, com base nas informações divulgadas em seus respectivos relatórios de
sustentabilidade.
Teoricamente, o sistema de três etapas adotado nesta pesquisa para a construção
do modelo setorial poderia ser aplicado em qualquer setor de atividade econômica. Uma
sugestão para pesquisas futuras seria a realização de painéis de especialistas para a
validação das questões socioambientais relevantes em diversos setores, envolvendo
profissionais do meio acadêmico, de empresas e de instituições financeiras. A adoção
desta estratégia contribuiria para o aperfeiçoamento do método empregado no presente
trabalho.
Ademais, a revisão de literatura examinada no presente trabalho indicou que a
elaboração de relatórios de sustentabilidade segundo as diretrizes da GRI é uma prática
amplamente adotada. Sendo assim, se pode inferir que as informações referentes às
práticas socioambientais adotadas e seus respectivos impactos econômicos podem ser
encontradas nos relatórios de sustentabilidade de empresas de outros setores, o que
permitiria a execução da terceira e última etapa da construção do modelo setorial.
Ainda assim, como observado na aplicação do modelo no setor de papel e
celulose, nem mesmo relatórios que obtém o melhor nível de aplicação da estrutura de
68
relatório recomendada pela GRI dispõem de informações com a qualidade requerida
para o pleno uso do modelo. Para que os fatores socioambientais, após a avaliação de
sua materialidade, possam ser incorporados aos modelos de avaliação econômica faz-se
necessário que os reflexos econômicos das práticas socioambientais corporativas sejam
expressas em medidas quantitativas que possam ser traduzidas em um denominador
comum monetário, tanto para os recursos empregados quanto para o retorno gerado.
Nesse contexto, é importante ressaltar a contribuição do modelo proposto a
despeito da limitação do método de pesquisa. Apesar da interferência do julgamento do
autor no mapeamento das práticas socioambientais e de seus respectivos impactos
econômicos nas empresas de papel e celulose, persiste a proposta de padronização de
uma estrutura de fluxo de caixa para a avaliação econômica dos fatores socioambientais.
Observou-se no presente trabalho que é possível a categorização dos reflexos
econômicos das práticas socioambientais em três grupos principais: recebimentos,
dispêndios e investimentos em ativos.
Tendo em vista as considerações supramencionadas, o modelo proposto pelo
presente trabalho aponta quais informações são necessárias para que investidores e
analistas financeiros possam identificar o ganho ou perda de valor decorrente de práticas
socioambientais adotadas pelas empresas de papel e celulose. Entretanto, no estágio
atual, a aplicação do modelo é limitada pela qualidade das informações divulgadas pelas
empresas.
Por sua vez, esta limitação atual ao emprego do modelo reforça sua contribuição.
O modelo proposto apresenta-se como um referencial para melhorar a comunicação
entre gestores de empresas, analistas financeiros e investidores. A partir do momento
em que estes atores adotam uma linguagem comum, identificando o mesmo conjunto de
informações como necessárias para que os fatores socioambientais sejam incorporados à
avaliação econômica de empresas, resolve-se um dilema natural: até então as empresas
não divulgavam tais informações por não haver tal solicitação por investidores e
analistas financeiros, enquanto estes não as solicitavam por desconhecer os reflexos
econômicos das práticas socioambientais corporativas. Portanto, o modelo proposto
pelo presente trabalho pode contribuir para que este círculo vicioso transforme-se em
um círculo virtuoso, apontando um caminho para investidores e analistas financeiros
aperfeiçoarem sua demanda por informações e, com isso, gerar um efeito indutor para o
aprimoramento da qualidade das informações divulgadas pelas empresas.
Consequentemente, caberá às empresas aprimorarem os business cases associados
a práticas socioambientais para que investidores e analistas financeiros possam avaliar
69
de forma diferenciada àquelas que integram os fatores socioambientais ao seu negócio e
efetivamente incrementam seu desempenho econômico com tais práticas. Para tanto, as
empresas devem desenvolver procedimentos que possibilitem a análise dos efeitos
econômicos das práticas socioambientais mais significativas segundo sua atividade
operacional, bem como um sistema de coleta e processamento dessas informações que
possibilitem sua divulgação de forma consistente e precisa. Uma maior aproximação
entre os profissionais de finanças e aqueles responsáveis pelo gerenciamento de
questões socioambientais poderia contribuir para a evolução desta agenda nas
corporações.
Na medida em que investidores e analistas financeiros começarem a fazer uso de
modelos financeiros com a proposta de incorporar os fatores socioambientais à
avaliação econômica de empresas, as corporações serão compelidas a fornecer as
informações necessárias para atendê-los. As empresas que se anteciparem a esse
processo poderão ter vantagens competitivas frente às demais, no tocante à captação de
recursos de investidores e instituições financeiras que tomem suas decisões com base
nesses modelos. Entretanto, no médio e longo prazo, a disponibilização de informações
para atender esses modelos pode ser uma condição preponderante para a sobrevivência
das empresas.
70
REFERÊNCIAS
ABRAF: Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas. Anuário
estatístico da ABRAF 2012 ano base 2011. Brasília: ABRAF, 2012. Disponível em: <
http://www.abraflor.org.br/estatisticas.asp>. Acesso em: 27 mai. 2012.
ARX, U.; ZIEGLER, A. The Effect of CSR on Stock Performance: New Evidence for
the USA and Europe. Economics Working Paper Series. CER-ETH Zurich, Center of
Economic Research at Eidgenossische Technische Hochschule Zurich. Swiss Federal
Institute of Technology Zurich. Maio, 2008. Disponível em: <http://papers.ssrn.com/
sol3/papers.cfm?abstract_id=1102528>. Acesso em: 12.05.2012.
BARNEY, J. Firm resources and sustained
Management, v. 17, p 99-120, 1991.
competitive advantage. Journal of
BEURDEN P.; GOSSLING, T. The Worth of values – a literature review on the relation
between corporate social and financial performance. Journal of Business Ethics, v. 82,
p 407-424, 2008.
BRACELPA. Relatório de sustentabilidade 2010. São Paulo, 2011. Disponível em:
<http://www.bracelpa.org.br/bra2/sites/default/files/public/relsustenta/Bracelpa_PDF_N
avegavel_PORT_Final.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2012.
BRACELPA: Associação Brasileira de Celulose e Papel. Dados do setor. São Paulo:
Bracelpa, 2012. Disponível em: <http://www.bracelpa.org.br/bra2/sites/default/
files/estatisticas/booklet.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2012.
Carbon Disclosure Project. Disponível em: < https://www.cdproject.net/enUS/Pages/guidance.aspx#guidancedocs>. Acesso em 27 abr. 2012.
CAVALCANTE, L.R.; BRUNI, A.L; COSTA, F.J. Sustentabilidade Empresarial e
Valor das Ações; Uma Análise na Bolsa de Valores de São Paulo. RGSA – Revista de
Gestão Social e Ambiental, [S.I.], v.3, n.1, p. 70-86, jan./abr. 2009.
CELULOSE IRANI. Relatório de sustentabilidade 2010. Santa Catarina, 2011.
Disponível em: <http://www.irani.com.br/pt/site/mob/1>. Acesso em: 17 jun. 2012.
Climate Counts. Disponível em: <http://www.climatecounts.org/ scorecard_overview
.php>, acesso em 05 mai.2012.
COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Papel e
celulose: guia técnico ambiental da indústria de papel e celulose: série p+l. São Paulo:
CETESB,
2008.
Disponível
em:
<
http://www.fiesp.com.br/wpcontent/uploads/2012/05/p+l_papel_e_celulose.pdf>. Acesso em: 09 jun. 2012.
Corporate Reporting on Water Risk. Disponível em: <http://www.ceres.org/
resources/reports/corporate-reporting-on-water-risk-2010/view>. Acesso em 06 mai.
2012.
CR Magazine. Disponível em: <http://www.thecro.com/100-best-corporate-citizenslist>. Acesso em 06 mai. 2012.
71
CRAMER, A; KARABELL, Z. The future of business in a fast-changing world. New
York: Rodale, 2010.
DELAI, I.; TAKAHASHI, S. Uma proposta de modelo de referência para mensuração
da sustentabilidade corporativa. Revista de Gestão Social e Ambiental, v. 2, n. 1, p.
19-40, jan./abr. 2008.
Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI). Disponível em:<http://www.samgroup.com/images/sample-questionnaire_tcm794-267819.pdf>. Acesso em 26 abr.
2012.
ELKINGTON, J. Enter the triple bottom line. In: HENRIQUES, A; RICHARDSON, J.
The triple bottom line, does it all add up?: assessing the sustainability of business and
CSR. UK: Earthscan, 2005.
EPSTEIN, M. J.; ROY, M. J. Sustainability in action: identifying and measuring the key
performance drivers. Long Range Planning, v. 34, p. 585-604, 2001.
EPSTEIN, M. J.; ROY, M. J. Making the business case for sustainability: linking social
and environmental actions to financial performance. Journal of Corporate
Citizenship, v. 9, p. 79-96, 2003.
EQUATOR PRINCIPLES. Disponível em: <http://www.equator-principles.com>.
Acesso em: 17 jul. 2012.
Ethisphere World Most Ethical Companies. Disponível em: <http://ethisphere.
com/wme/>. Acesso em: 08 mai. 2012.
FERRAZ, C; SEROA DA MOTTA, R; Regulação, Mercado ou Pressão Social? Os
Determinantes do Investimento Ambiental na Indústria, 2002. Disponível em: <
http: //www.anpec.org.br/encontro2001/artigos/200105224.pdf>. Acesso em 10 mai.
2012.
FIBRIA. Relatório de sustentabilidade 2011.São Paulo, 2012. Disponível em:
<http://www.fibria.com.br/rs2011/Fibria_Relatorio_de_Sustentabilidade_2011.pdf>.
Acesso em: 16 jun. 2012.
FREEMAN, R.E; McVEA, J. A stakeholder approach to strategic management.
Darden Business School Working Paper No. 01-02, 2001. Disponível em: < http://
papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=263511>. Acesso em: 05 mai. 2012.
FTSE4Good. Disponível em: <http://www.ftse.com/Indices/FTSE4Good_Index_Series
/Downloads/F4G_Criteria.pdf>. Acesso em 12 mai. 2012.
FBDS - Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável; SustainAbility.
Rumo à credibilidade 2010: uma pesquisa de relatórios de sustentabilidade no
Brasil, 2010 2. ed. Rio de Janeiro:. Uma publicação do programa Global Reporters.
Disponível em: <http://fbds.org.br/fbds/IMG/pdf/doc-431.pdf>. Acesso em: 01 jun.
2012.
Global 100 Most Sustainable Corporations in the World. Disponível em:<http://
www.global100.org/methodology/criteria-a-weights.html>. Acesso em: 01 mai. 2012.
72
GRI - Global Reporting Initiative. Sustainability Reporting Guidelines. Amsterdam,
The Netherlands: Global Reporting Initiative, 2000-2011. Disponível em: <https://www
.globalreporting.org/resourcelibrary/G3.1-Guidelines-Incl-Technical-Protocol.pdf>.
Acesso em: 10 mai. 2012.
GRI - Global Reporting Initiative. Disponível em: <https://www.globalreporting.org/
Information/about-gri/Pages/default.aspx>. Acesso em: 30 jun. 2012.
GRIFFIN, J; MAHON, J. The Corporate social performance and corporate financial
performance debate. Twenty-Five Years of Incomparable Research. Business and
Society, v. 36, n. 1, p. 5-31, 1997.
GS Sustain. Disponível em: <http://www.unglobalcompact.org/docs/summit2007/
gs_esg_embargoed_until030707pdf.pdf>. Acesso em: 02 mai. 2012.
HESS, H.-J. CSM/WWF Research project: the business case for sustainability.
financial services report. Working paper series. Lausanne: IMD/Forum for Corporate
Sustainability Management, 2003. Disponível em: <http://www.imd.ch/research/
centers/csm/upload/> Acesso em: 22 abr. 2012.
HUMPHREY, J.E; LEE, D. D.; SHEN, Y. Does it cost to be sustainable? Journal of
Corporate Finance, v. 18, p. 626-639, 2012.
JACOBS, B.W.; SINGHAL, V.R.; SUBRAMARIAN, R. An Empirical Investigation of
Environmental Performance and the Market Value of the Firm. Disponível em Social
Science Research Network: <http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_
id=1320721>. Acesso em: 12.05.2012.
KLABIN. Relatório de sustentabilidade 2010. São Paulo, 2011. Disponível em:
<http://www.klabin.com.br/pt-br/home/default.aspx> Acesso em: 17 jun. 2012.
KLASSEN, R.D; MCLAUGHLIN, C.P. The Impact of Environmental Management on
Firm Performance. Linthicum: Institute for Operations Research and the Management
Sciences, Management Sciences, [S.I.], v.42, n.8, 1996.
LINS E LOMONACO, 2012. Prestação de Contas e Materialidade. Fundação
Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. Setembro de 2012. Disponível em:
<http://fbds.org.br/fbds/ IMG/pdf/doc-612.pdf>. Acesso em: 28.09.2012.
LINS, C e OUCHI, H C. Sustentabilidade corporativa – papel e celulose. Fundação
Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, 2007. Disponível em:
<http://fbds.org.br/fbds/rubrique.php3?id_rubrique=282> Acesso em 10 jun. 2012.
LINS, C; WAJNBERG, D. Sustentabilidade Corporativa no Setor Financeiro Brasileiro.
FBDS – Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, 2007. Disponível
em: <http://www.fbds.org.br/fbds/IMG/pdf/doc-239.pdf>. Acesso em 12 abr. 2012.
LYDENBERG, S; ROGERS, J; WOOD, D. From Transparency to performance.
Industry-based sustainability reporting on key issues. IRI/The Hauser Center for
Nonprofit Organizations at Harvard University. Cambridge, 2010. Disponível em:
<http://hausercenter.org/iri/wp-content/uploads/2010/05/IRI_Transparency-toPerformance.pdf>. Acesso em: 01 mar. 2012.
73
MARTELANC, R; PASIN, R; PEREIRA, F. Avaliação de empresas: um guia para
fusões & aquisições e private equity. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
MARGOLIS, J; ELFENBEIN, H; WALSH, J. Does it pay to be good? A meta-analysis
and redirection of research on the relationship between corporate social and financial
performance, 2007. Disponível em: <http://stakeholder.bu.edu/docs/walsh,%20jim
%20does%20it%20pay% 20to%20be%20good.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2012.
Oekom.
Disponível
em:
<http://www.oekom-research.com/homepage/oekom_
Corporate_Rating_BMW_Group.pdf>. Acesso em: 03 mai. 2012.
PORTNEY, P; WEYANT, J. Discounting and Intergenerational Equity. Washington
DC: Resources for the Future, 1999.
Portal Brasil. Disponível em: < http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/03/29/
mais-duas-bacias-hidrograficas-podem-comecar-a-cobrar-pelo-uso-da-agua>.
Acesso
em: 07 jul. 2012
PRICEWATERHOUSECOOPERS. Global annual forest, paper & packaging
industry survey: 2011 edition: survey of 2010 results. Canada, 2011. Disponível em: <
http://
www.pwc.com/gx/en/forest-paper-packaging/thought-leadership-forest-paperpackaging/global-annual-forest-paper-and-packaging-industry-survey-2011edition.jhtml >. Acesso em: 09 jun. 2012.
PRI - Principles for Responsible Investment. Disponível em: <http://www.unpri.org/
about> Acesso em: 19 mar. 2012.
RUF, B; MURALIDHAR, K; BROWN, R; JANNEY, J; PAUL, K. An empirical
investigation of the relationship between change in corporate social performance and
financial performance: a stakeholder theory perspective. Journal of Business Ethics v.
32, p. 143-156, 2001.
SALZMANN, O.; IONESCU-SOMERS, A.; STEGER, U. The business case for
corporate sustainability: literature review and research options. European management
journal, v. 23, n. 1, p. 27-36, 2005.
SALZMANN, O.; STEGER, U.; IONESCU-SOMERS, A. Quantifying economic
effects of corporate sustainability initiatives – activities and drivers. Forum for CSM,
2005.
Disponível
em:<
http://www.imd.org/research/publications/upload/
CSM_Salzmann_Steger_Ionescu_Somers_WP_2005_28_Level_1.pdf>. Acesso em: 07
abr. 2012.
SINGH, R; MURTY, H; GUPTA, S; DIKSHIT, A. An overview of sustainability
assessment methodologies. Ecological Indicators, v. 15, p. 281-289, 2012.
STERN, N. Stern review: the economics of climate change. HM Treasury, London,
2006, disponível em <http://www.hm-treasury.gov.uk/sternreview_index .htm>. Acesso
em: 23 abr. 2012.
SUSTAINABILITY. Rate the raters, phase one: look back and current state. UK:
SustainAbilty, 2010. Disponível em <http://www.sustainability.com/library/rate-theraters-phase-one#.T6u7xutSSik>. Acesso em: 20 mar.2012.
74
SUSTAINABILITY. Rate the raters, phase two: taking inventory of the ratings
universe. UK: SustainAbility, 2010. Disponível em <http://www.sustainability.com/
library/rate-the-raters-phase-two#.T94C-bVSSik >. Acesso em: 20 mar.2012.
SUSTAINABILITY. Rate the raters, phase three: uncovering best practices. UK:
SustainAbility, 2011. Disponível em <http://www.sustainability.com/library/rate-theraters-phase-three#.T9zI37VSSik>. Acesso em: 06 abr.2012.
SUZANO. Relatório de Sustentabilidade 2011. São Paulo, 2012. Disponível em:
<http://www.suzano.com.br/portal/suzano-papel-e-celulose.htm> Acesso em 16 jun.
2012.
UNEP FI – UNITED NATIONS ENVIROMENT PROGRAMME FINANCE
INITIATIVE. Show me the money: linking environmental, social and governance
issues to company value. Geneva, Switzerland. UNEPFI, 2006. Disponível em <
http://www.unepfi.org/fileadmin/documents/show_me_the _money .pdf>. Acesso em:
01 abr. 2012.
UNEP FI - UNITED NATIONS ENVIROMENT PROGRAMME FINANCE
INITIATIVE; WBCSD – WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE
DEVELOPMENT. Translating ESG into sustainable business value. Key insights for
companies and investors. Geneva, Switzerland. UNEPFI, 2010. Report from an
international workshop series of the WBCSD and UNEP FI. Disponível em: <
http://www.unepfi.org/fileadmin/documents/ translatingESG.pdf>. Acesso em: 31 mar.
2012.
VAN DER LAAN, G; VAN EES, H; VAN WITTELOOSTUJIN, A. Corporate social
and financial performance: an extended stakeholder theory, and empirical test with
accounting measures. Journal of Business Ethics, v 79, p 299-310, 2008.
YACHNIN & ASSOCIATES; SUSTAINABLE INVESTMENT GROUP;
CORPORATE KNIGHTS. The sdEffect: translating sustainable development into
financial valuation measures: a pilot analytical framework. Canada: Yachnin &
Associates, 2006. Disponível em <http://www.capitalmarketspartnership.com/UserFiles
/Admin%20Translating%20SD%20into%20Financial%20Valuation%20Measures.pdf>
Acesso em: 01 abr. 2012.
ZADEK, S; MERME, M; SAMANS, R. Mainstreaming Responsible Investment.
Geneva, Switzerland. AccountAbility; World Economic Forum, 2005. Disponível em: <
http://www.accountability.org/about-us/publications/mainstreaming.html>. Acesso em:
31 jul. 2012.
75
APÊNDICE 1 – PRINCIPAIS FATORES SOCIOAMBIENTAIS AVALIADOS
PELAS INICIATIVAS EXAMINADAS
76
APÊNDICE 2 – QUESTÕES MATERIAIS IDENTIFICADAS PARA O SETOR DE
PAPEL E CELULOSE
77
ANEXO 1 – 108 INICIATIVAS GLOBAIS ANALISADAS PELO ESTUDO “RATE
THE RATERS” FASE TWO (SUSTAINABILITY, 2010b)
Access to Medicines Index
AmeriCares Power of the Partnership Award
America’s Greenest Banks
Angry Mermaid Award
Asian Sustainability Rating
ASSET4 ESG Ratings
B Ratings System (B Corporation)
Best Employers for Workers Over 50
Best German Sustainability Report
Best Workplaces for Commuters
Bloomberg Sustainability Reporting Initiative
Boston College Center for Corporate Citizenship-Reputation Institute CSR Index
Brand Keys Customer Loyalty Engagement Index
Britain’s Most Admired Companies
Building Public Trust Awards
Business in the Community (BITC) CommunityMark
Business in the Community (BITC) CR Index
Carbon Disclosure Project (CDP) Leadership Index
Ceres Water Risk Benchmark
Ceres-ACCA Sustainability Reporting Awards
Climate Counts Company Scorecards
CO2 Benchmark
Communitas Awards
Corporate Equality Index
Corporate Knights CSR Rankings for Canadian Companies
Corporate Responsibility Index (Australia)
Corporate Sustainability Index Benchmark Report (Technology Business Research)
CorporateRegister.com Reporting Awards
Covalence EthicalQuote Ranking
CR Magazine 100 Best Corporate Citizens
CRD Analytics: Global Sustainability Index 50
CSR Survey of Hang Seng Index
78
CSRHUB Ratings
DiversityInc’s Top 50 Companies for Diversity
Diversum Ratings
Dow Jones Sustainability Indexes
EcoVadis SP
EIRiS Company Sustainability Ratings / Profiles
Ethibel Sustainable Indices
Ethical Corporation Awards
Ethisphere World’s Most Ethical Companies
Forbes’ 100 Most Trustworthy Companies
Forest Footprint Disclosure
Fortune 100 Best Companies to Work For
Fortune Most Accountable Companies
Fortune’s Most Admired Companies
FT Sustainable Banking Awards
FTSE CDP Carbon Strategy Index Series
FTSE4Good Index Series
Global Reporters (SustainAbility)
Globe Award for Sustainability Reporting
GMI Company Ratings (GovernanceMetrics International)
Golden Peacock Awards
Good Company Ranking of the Largest 90 European Companies
GoodGuide
Goodness 500
Green Awards for Creativity in Sustainability
Green Effie Awards
Greenopia Brand and Product Ratings
Greenpeace Cool IT Challenge Leaderboard
GRI Readers’ Choice Awards
GS SUSTAIN Focus List
Guide to Greener Electronics
HIP 100 Index
InfoWorld Green 15 Awards
Inrate Sustainability Assessments
Jantzi Social Index
79
Johannesburg Stock Exchange SRI Index
Just Means Social Innovation Awards
Kane’s Socially Responsible Leader Awards
Management and Excellence Rankings
Maplecroft Climate Innovation Indexes
Maplecroft Sustainability Performance Benchmark (MSPB)
MSCI ESG Indices
NASDAQ OMX CRD Global Sustainability 50
Newsweek Green Rankings
Oceana’s Grocery Store Guide
Oekom Corporate Ratings
OMX GES Ethical Index Series
P&G Supplier Environmental Sustainability Scorecard
Pacific Sustainability Index
PR News CSR Awards
RepRisk Index
RepuTex Sustainability / ESG Ratings
S&P ESG India
S&P Shariah Indices
S&P US Carbon Efficient Index
Scrip Awards
Storebrand Best in Class Status
Sunday Times Best Green Companies
The 50 Best Large Workplaces in Europe
The Global 100 Most Sustainable Corporations in the World
The Scientist’s Best Places To Work Lists
The Wall Street Journal Asia 200
The World’s Most Respected Companies (Barron’s)
The World’s Top Sustainable Stocks (SB20)
Tomorrow’s Value Rating
Toxic 100 Air Polluters
Trucost Corporate Environmental Data and Profiles
True Sustainability Index
US Chamber of Commerce Business Civic Leadership Center (BCLC) Corporate
Citizenship Awards
80
Vaccine Industry Excellence Awards
Vigeo Ratings
Wal-Mart Sustainability Index
Water Disclosure 2.0 (CEO Water Mandate)
Wirtschaftswoche Ranking of Most Sustainable Corporations
Working Mother’s 100 Best Companies
World Environment Center Gold Medal for International Corporate Achievement in
Sustainable Development
81
ANEXO 2 – TOP 100 GLOBAL FOREST, PAPER & PACKAGING INDUSTRY
COMPANIES (PRICEWATERHOUSECOOPERS, 2011)
82
83
ANEXO 3 – NÍVEIS DE APLICAÇÃO DA GRI VERSÃO 3.1 (GRI, 2000-2011)
Download

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE - Coppead