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ECTOPARASITAS DE CÃES DE ÁREA URBANA NO MUNICÍPIO DE
RIO BRANCO, ACRE
ECTOPARASITES OF URBAN DOGS IN THE CITY OF RIO BRANCO,
ACRE
MAYARA MARQUES PEREIRA FERNANDES1, SORAIA FIGUEIREDO
DE SOUZA2, FRANCISCA EDNA RODRIGUES MEDEIROS1, JOELMA
DE FARIA SANTOS1, ANDRESSA DE CASTRO SOUZA1, LUÍS
EDUARDO MAGGI2
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Discentes do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do
Acre; 2Docentes do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza da
Universidade Federal do Acre
RESUMO: Com o objetivo de estudar a frequência das ectoparasitoses
em cães domiciliados da área urbana do município de Rio Branco, Acre,
foram coletadas e identificadas amostras de ácaros, piolhos, carrapatos
e pulgas
de cães. Observou-se o predomínio de carrapatos
Rhipicephalus sanguineus, 59/81 (72,84%), e pulgas Ctenocephalides
felis felis, 13/81 (16,05%) sobre as demais espécies de ectoparasitas
amostradas.
Palavras-chave: Ácaros; carrapatos; epidemiologia; piolhos; pulgas
ABSTRACT: With the objective of studying the frequency of
ectoparasite infestations in urban domiciled dogs of Rio Branco, Acre,
collections were made of mites, lices, ticks and fleas from dogs, with
further identification of the species of the samples. Thicks Rhipicephalus
sanguineus, 59/81 (72,84%), and fleas Ctenocephalides felis felis, 13/81
(16,05%), were predominant over the other ectoparasite species
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sampled.
Keywords: Epidemiology; fleas; lices; mites; ticks
INTRODUÇÃO
As ectoparasitoses em cães podem trazer danos tanto à vida dos
cães, como dos humanos. Os carrapatos da espécie Rhipicephalus
sanguineus são os que mais acometem os cães e os mais difundidos
mundialmente (Dantas-Torres et al., 2006; Taylor et al., 2010), assim
como as pulgas da espécie Ctenocephalides felis felis (Cañón-Franco
& Pérez-Bedoya, 2010).
Entre os ácaros que mais acometem os cães, estão o Sarcoptes
scabiei var canis, Otodectes cynotis e Demodex canis (Rocha et al.,
2008). Já a pediculose pode ser causada por piolhos mastigadores,
como o Trichodectes canis e o Heterodoxus spiniger, ou sugadores,
como o Linognathus setosus, por exemplo. Em geral, os animais mais
acometidos por piolhos são os mais jovens e senis (Taylor et al., 2010).
A realização de um estudo epidemiológico acerca da frequência
de ectoparasitas de cães domiciliados em Rio Branco, AC, visa a
elaboração e adoção de medidas adequadas de controle que
beneficiem a saúde animal e a saúde pública.
MATERIAL E MÉTODOS
Os espécimes coletados de pulgas, piolhos e carrapatos, no
período entre agosto de 2014 e abril de 2015, foram acondicionados em
frascos com álcool a 96°GL e identificados, sob microscopia óptica, de
acordo com Foreyt (2005) e Taylor et al. (2010). Para pesquisa de otite
parasitária, foram confeccionados swabs otológicos de acordo com
Figueiredo et al. (2010), e em casos suspeitos de sarna, foi realizado
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raspado cutâneo, com posterior análise microscópica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De 81 cães domiciliados parasitados, havia 38 (46,91%) machos e
43 (53,09%) fêmeas, 51 (62,96%) cães com raça definida e 30 (37,04%)
sem raça definida. Os animais tinham idades entre 40 dias e 12 anos,
sendo 14 (17,28%) filhotes (≤ 1 ano), 51 (62,96%) adultos (1 a 7 anos) e
16 (19,76%) idosos (≥ 7 anos). Além disso, 48 (59,26%) cães já haviam
sido submetidos a algum tratamento com parasiticidas, ao contrário de
33 (40,74%) cães, sem tratamento prévio, o que sugere resistência de
ectoparasitas a princípios ativos mais frequentemente utilizados,
mostrando a necessidade de realização de estudos voltados à
resistência a antiparasitários em Rio Branco, Acre.
Foram
identificadas
59 (72,84%) amostras
de
carrapatos
Rhipicephalus sanguineus, 13 (16,05%) de pulgas Ctenocephalides felis
felis e seis (7,40%) animais apresentaram infestação mista por R.
sanguineus e C. felis felis. Apenas um (1,23%) animal apresentou
infestação por piolhos Heterodoxus spiniger, e este mesmo índice
também representa os animais diagnosticados com demodicose
(Demodex canis) e com D. canis associada a R. sanguineus (Figura 1).
Figura 1. Identificação microscópica de espécimes de
ectoparasitas encontrados em cães domiciliados no município
de Rio Branco, Acre. A – Rhipicephalus sanguineus;
B – Ctenocephalides felis felis; C – Heterodoxus spiniger;
D – Demodex canis.
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O predomínio de infestações por R. sanguineus e por C. felis felis,
relaciona-se com o clima quente e úmido da região em estudo,
condições de ideais para estes parasitos (Gonzáles et al., 2004). A
baixa frequência de H. spiniger pode estar relacionada a um maior nível
de cuidado com os animais urbanos domiciliados, já que a presença
deste tipo de ectoparasita pode ser associada a certo grau de descuido
com os animais (Guimarães et al., 2011).
Resultados semelhantes foram constatados por Torres et al.
(2004) em Recife, PE, com 107/145 (73,79%) cães domiciliados
parasitados por R. sanguineus, seguido de 11/145 (7,58%) infestados
por C. felis felis, e baixos índices de infestação por H. spiniger, 4/145
(2,76%), e por D. canis, em 2 (1,38%) animais. Em Lavras, MG, de 540
ectoparasitos, carrapatos (60%) e pulgas (36%) também foram mais
frequentes. Além disso, animais com raça definida, 49/67 (73%), foram
mais parasitados que os mestiços, 18 (27%), assim como no presente
estudo (Guimarães et al., 2011).
Embora o índice de um animal (1,23%) tenha representado a
frequência de infestação única por sarna D. canis ou D. canis associada
a carrapatose, observa-se que esses animais eram do sexo feminino e
filhotes, concordando com Guimarães et al. (2011), que constataram
que os animais jovens (≤1 ano) são nove vezes mais predispostos a
demodicose que os animais adultos (>1 ano).
CONCLUSÕES
Carrapatos R. sanguineus e pulgas C. felis felis foram as espécies
de ectoparasitos identificadas com maior frequência no presente
estudo, de forma isolada ou associada (infecção mista), havendo baixa
frequência de demodicose e infestação por piolhos.
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