LCT  Português 
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emitir a opinião do veículo, o texto pode vir sem a
assinatura do autor ou então ser assinado pelo
editor, em nome da publicação.
*MÓDULO 1*
Organização textual – Gêneros argumentativos
Recursos para convencer
Esses são apenas alguns gêneros. É importante
saber que a argumentação e a persuasão estão
presentes no texto publicitário, nas cartas argumentativas
e, principalmente, em textos de caráter teoricamente
informativo.
Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem
a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso,
precisa apresentar bons argumentos, que consistem em
fatos e opiniões. É comum encontrarmos circulando no
rádio, na TV, nas revistas, nos jornais e na internet temas
polêmicos que exigem uma posição por parte dos
ouvintes, espectadores e leitores. Num jornal, por
exemplo,
podemos
identificar
vários
gêneros
argumentativos – o artigo de opinião, o editorial, a
coluna. Por vezes, alguns textos de caráter informativo,
como reportagens, podem trazer juízos de valor ou
adotar um posicionamento crítico (veja a reportagem
reproduzida em Atividades 1).
O importante, para se preparar para a prova do
ENEM, é saber reconhecer estratégias argumentativas e
procedimentos de argumentação. Os procedimentos
implicam estruturar o texto de acordo com o receptor
(uso de linguagem adequada e construção coerente da
argumentação), e as estratégias são recursos que podem
ser usados para reforçar a argumentação. Agora,
analisemos alguns gêneros que, de imediato, podem ser
identificados como argumentativos:



Artigo opinativo: comum nos jornais e revistas, ele é,
em
geral,
escrito
por
colaboradores
ou
personalidades
convidadas
e
não
reflete
necessariamente a opinião do veículo de
comunicação. Analisa um fato ou uma série de fatos
em relação ao contexto político, social, econômico ou
comportamental. Segue a estrutura de um texto
dissertativo: introdução/desenvolvimento/conclusão.
Pode ser escrito na primeira ou na terceira pessoa.
REPRODUÇÃO
 Campanha da Prefeitura de São Paulo mostra bons motivos para
adotar um animal de estimação com responsabilidade
Coluna: é um espaço dos jornais e revistas
prioritariamente destinado à informação exclusiva, ao
bastidor da notícia – comporta a manifestação do
colunista sobre aquele fato que está informando ou
analisando, muitas vezes com postura crítica em
relação aos acontecimentos. Dois exemplos:
Gustavo Ioschpe, da revista Veja, e Clóvis Rossi, do
jornal Folha de S. Paulo.
Editorial/Carta ao leitor: espaço reservado nos
jornais e revistas para manifestar a opinião do
veículo, da instituição – opinião que, na verdade, é
definida pelos dirigentes (muitas vezes, o próprio
dono) da empresa. Diferentemente dos outros
formatos, o editorial não tem nenhuma preocupação
em informar o leitor, mas em formar opinião. Em vez
de fatos, traz argumentos, que se tornam
convincentes graças a recursos de retórica. Por
154

Os gêneros argumentativos têm a finalidade de
persuadir e convencer o leitor a respeito de
determinado assunto.

As
estratégias
argumentativas
podem
ser
construídas a partir de exemplos e comparação,
citações, menções a dados numéricos, uso de ironia
ou, ainda, na apresentação de uma ideia para, em
seguida, contradizê-la ou diminuir sua importância.

A falácia é construída quando se dá segmento a um
raciocínio errado, fazendo-o aparentar verdadeiro.
Argumentos que se destinam à persuasão podem
parecer convincentes para grande parte do público
apesar de conter falácias, mas não deixam de ser
falsos.
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distinguir frases ou períodos que evidenciem (ou
representem argumentos que reforcem) a opinião do
autor.
Articulação de ideias – Coesão e coerência

Articular ideias é estabelecer a relação entre
palavras e frases. Devidamente conectadas, elas
formam um todo que tem sentido para determinado
grupo de pessoas em determinada situação.

Há dois fatores importantes para tornar um texto
inteligível: coesão e coerência.

A coesão consiste nas articulações gramaticais
existentes entre as palavras, orações, frases, e
parágrafos que garantem sua conexão textual. Um
dos recursos mais comuns é o uso de conectivos,
como as conjunções, por exemplo. Para cada tipo de
relação que se pretende estabelecer entre duas
orações, existe uma conjunção que se adapta a ela.
Algumas conjunções:

aditivas: e, nem, não só... como também

adversativas:
entretanto

concessivas: embora, apesar de

explicativas: pois (antes de verbo), porque

conclusivas: portanto, logo, por isso, pois (depois de
verbo)

Coerência é o resultado da articulação das ideias de
um texto. É a estrutura lógico-semântica que faz com
que, numa situação discursiva, palavras e frases
componham um todo significativo para os
interlocutores. Ela está, portanto, ligada à
possibilidade de compreensão daquilo que se ouve
ou lê.

mas,
porém,
contudo,

Em questões que exigem a análise de textos
opinativos, é fundamental responder de acordo com
a opinião expressa no texto, e não a partir de sua
própria. Não há posicionamento certo ou errado, mas
maneiras de expor um ponto de vista.

Existem duas principais estratégias de persuasão. A
explícita expõe claramente seu ponto de vista e
recorre a argumentos lógicos e racionais, às vezes
propositalmente incorretos. A implícita, mais sutil,
apela para o emocional.
Organização textual – Gêneros narrativos

Tipos de texto – Basicamente, há seis tipos de texto:
descrição, narração, injunção, argumentação,
exposição e agrupamento tipológico “relatar”. De
modo geral, podemos dizer que a descrição se
caracteriza por ser um “retrato verbal” de pessoas,
objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes;
a narração é um entrelaçamento de fatos contados
por um narrador, envolvendo personagens,
localizadas no tempo e no espaço; e a argumentação
é a expressão de opinião a respeito de um assunto.

Elementos do texto narrativo:

Enredo: sequência de acontecimentos narrados na
história.

Foco narrativo (1.ª e 3.ª pessoa): presença de
narrador
(narrador-personagem,
narrador-observador).

Personagens
coadjuvante).

Tempo (cronológico e psicológico).

Espaço.

Os gêneros narrativos são inúmeros; os mais
conhecidos são: romance, crônica, conto, novela,
fábula. Há ainda: piada, mito, novela etc.

Romance: narrativa longa, de enredo normalmente
imaginário, mas verossímil. Os personagens são
mais elaborados psicologicamente.

Crônica: narrativa curta, inspirada em algum fato
cotidiano. Pode fazer uma crítica indireta ou ter
toques de humor.

A diferença entre antítese e paradoxo é que a
antítese se baseia na comparação por contraste ou
justaposição de contrários, enquanto o paradoxo se
reconhece como uma relação interna de contrários:

Antítese: Eu sou tímido, você é extrovertido.

Paradoxo: Eu sou um tímido extrovertido.
todavia,
Recursos expressivos: as figuras de linguagem ou
de estilo são empregadas para valorizar o texto,
tornando a linguagem mais rica e expressiva. Usamse, para isso, as palavras em seu sentido conotativo,
e não com seu significado literal. As principais são:
comparação
metáfora
metonímia
ironia
Pontos de vista – Recursos persuasivos


Para se preparar para a prova do ENEM, é
importante desenvolver a capacidade de ler,
compreender e interpretar textos de diferentes
gêneros e linguagens, como fotos, charges e poesia.
Identificar diferentes pontos de vista – Não são
apenas os artigos opinativos das revistas e dos
jornais que apresentam uma postura sobre
determinado assunto. Ao resolver questões que
mostram pontos de vista diversos, é importante
155
(protagonista,
antagonista
e
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grandes parques lineares em volta dos rios, onde hoje há
avenidas, com instalações esportivas e ciclovias. Levará
trabalhadores para as regiões centrais, diminuindo a
pressão no transporte público e no trânsito. Embelezará
as cidades, criará oportunidades econômicas, moverá a
economia e fará o Brasil rodar.
Mas como fazer os especuladores colaborar? O
remédio tem três doses: educação, fiscalização e
punição. Primeiro ensina-se os proprietários a adaptarem
sua situação para que os terrenos vazios parem de
prejudicar a cidade e sejam ocupados. Dá-se a eles um
prazo para se adaptar – e prazos curtos funcionam muito
melhor do que prazos longos. Quem não se adapta paga
impostos cada vez mais altos ou é desapropriado.
Precisamos começar a fazer isso rápido, assim que as
chuvas pararem. Mas o planejamento precisa ser de
longuíssimo prazo, coisa de 30 anos, para que as obras
de 2011 não sejam apenas a maquiagem de sempre
(piscinões, muros, dragas e aumentos de calha), mas o
primeiro passo de uma reforma profunda no sistema de
ocupação do Brasil.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para a questão 1.
Por que tantas tragédias?
Há um imenso equívoco no modo de ocupação
do solo brasileiro. Construímos casas
nas várzeas e nas encostas íngremes
O Brasil foi premiado pela natureza por rios de imenso
volume d’água e, como consequência, algumas das
maiores várzeas (áreas originalmente florestadas) do
mundo. Isso é a razão de nossa proverbial fertilidade e
explica nossa aptidão para produzir comida, a base da
nossa atual prosperidade. No entanto, há um imenso
equívoco no modo de ocupação do solo brasileiro.
Construímos nossas casas nas várzeas – que, num
ecossistema equilibrado, absorviam a água que
transbordava dos rios – e nas encostas íngremes.
Esse erro é cometido mais ou menos do mesmo jeito
no país todo, o que explica por que regiões tão diversas
como Santa Catarina, Alagoas e Pará tenham problemas
semelhantes. Várzea ocupada é aquilo que os noticiários
chamam de enchente. Encosta ocupada é mais
conhecida como deslizamento. A questão central agora é
desocupar essas regiões para que, no ano que vem,
quando chover de novo, não haja ninguém mais morando
lá.
E onde botamos as pessoas que vivem em várzeas e
encostas? Para responder a essa pergunta, é importante
antes entender por que essas regiões foram ocupadas. A
resposta é complexa, mas pode ser simplificada em duas
palavras: especulação imobiliária.
No Brasil, país de economia historicamente instável,
sempre foi ótimo negócio ser dono de terra e ficar lá
sentado nela sem fazer nada. O modelo de urbanização
do país, que concentrava a economia no centro da
cidade e ia se expandindo para fora, garantia a certeza
de que um terreno distante ontem viraria centro amanhã
e seu valor se multiplicaria. Por conta disso, há na região
central das maiores cidades brasileiras uma quantidade
imensa de terrenos vazios ou subutilizados, só
esperando valorização. Isso faz os preços de imóveis
disparar, e os trabalhadores demandados pelas cidades
acabam indo se espremer em várzeas e encostas, únicas
terras baratas.
Isso é um problema para as cidades, porque força os
trabalhadores a atravessar dezenas de quilômetros de
asfalto para chegar ao trabalho, no centro. E é aí que
mora nossa grande oportunidade.
O que o Brasil precisa fazer agora é tirar as pessoas
das encostas e várzeas e colocá-las nesses pedaços
vazios do centro da cidade (a última coisa que queremos
é colocar as pessoas ainda mais longe, aumentando
ainda mais o trânsito e os custos do transporte público).
Isso trará várias vantagens. Permitirá às cidades fazerem
Blog Sustentável é Pouco. Adaptado. Disponível em:
< http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo/ >.
1. (AED-SP)
O texto tem uma estrutura dissertativo-argumentativa –
há um posicionamento do autor e ele encadeia ideias
para sustentar seu ponto de vista. Quais foram os
argumentos utilizados?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
2. (ENEM-MEC)
O então presidente Lula assinou, em 29 de setembro de
2008, decreto sobre o Novo Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa. As novas regras afetam
principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do
trema e do hífen.
Longe de um consenso, muita polêmica tem-se levantado
em Macau e nos oito países de língua portuguesa: Brasil,
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Comparando as diferentes opiniões sobre a validade de
se estabelecer o acordo para fins de unificação, o
argumento que, em grande parte, foge a essa discussão
é
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(A) “A Academia (Brasileira de Letras) encara essa
aprovação como um marco histórico. Inscreve-se,
finalmente, a Língua Portuguesa no rol daquelas que
conseguiram beneficiar-se há mais tempo da
unificação de seu sistema de grafar, numa
demonstração de consciência da política do idioma e
de maturidade na defesa, difusão e ilustração da
língua da Lusofonia.”
3. (ENEM-MEC)
A Herança Cultural da Inquisição
A Inquisição gerou uma série de comportamentos
humanos defensivos na população da época,
especialmente por ter perdurado na Espanha e em
Portugal durante quase 300 anos, ou no mínimo quinze
gerações.
Embora a Inquisição tenha terminado há mais de um
século, a pergunta que fiz a vários sociólogos,
historiadores e psicólogos era se alguns desses
comportamentos
culturais
não
poderiam
ter-se
perpetuado entre nós.
Na maioria, as respostas foram negativas, ou seja,
embora alterasse sem dúvida o comportamento da
época, nenhum comportamento permanece tanto tempo
depois, sem reforço ou estímulo continuado.
Não sou psicólogo nem sociólogo para discordar, mas
tenho a impressão de que existem alguns
comportamentos estranhos na sociedade brasileira, e
que fazem sentido se você os considerar resquícios da
era da Inquisição. […]
SANDRONI, C. Presidente da ABL. Disponível em:
< http://www.academia.org.br >.
(B) “Acordo ortográfico? Não, obrigado. Sou contra.
Visceralmente contra. Filosoficamente contra.
Linguisticamente contra. Eu gosto do ‘c’ do ‘actor’ e o
‘p’ de ‘cepticismo’. Representam um património, uma
pegada etimológica que faz parte de uma identidade
cultural. A pluralidade é um valor que deve ser
estudado e respeitado. Aceitar essa aberração
significa apenas que a irmandade entre Portugal e o
Brasil continua a ser a irmandade do atraso.”
COUTINHO, J. P. Folha de S. Paulo. Ilustrada.
28 set. 2008, E1 (adaptado).
KANITZ, S. A Herança Cultural da Inquisição. In: Revista Veja.
Ano 38, n.º 5, 2 fev. 2005 (fragmento).
(C) “Há um conjunto de necessidades políticas e
econômicas com vista à internacionalização do
português como identidade e marca econômica. É
possível que o [Fernando] Pessoa, como produto de
exportação, valha mais do que a PT [Portugal
Telecom]. Tem um valor econômico único.”
Considerando-se o posicionamento do autor do
fragmento a respeito de comportamentos humanos, o
texto
(A) enfatiza
a
herança
da
Inquisição
em
comportamentos culturais observados em Portugal e
na Espanha.
(B) contesta sociólogos, psicólogos e historiadores sobre
a manutenção de comportamentos gerados pela
Inquisição.
(C) contrapõe argumentos de historiadores e sociólogos
a respeito de comportamentos culturais inquisidores.
(D) relativiza comportamentos originados na Inquisição e
observados na sociedade brasileira.
(E) questiona a existência de comportamentos culturais
brasileiros marcados pela herança da Inquisição.
RIBEIRO, J. A. P. Ministro da Cultura de Portugal. Disponível em:
< http://ultimahora.publico.clix.pt >.
(D) “É um acto cívico batermo-nos contra o Acordo
Ortográfico. O acordo não leva a unidade nenhuma.
Não se pode aplicar na ordem interna um
instrumento que não está aceito internacionalmente
e nem assegura a defesa da língua como património,
como prevê a Constituição nos artigos 9.º e 68.º.”
MOURA, V. G. Escritor e eurodeputado. Disponível em:
< www.mundoportugues.org >.
Textos para as questões 4 e 5.
(E) “Se é para ter uma lusofonia, o conceito [unificação
da língua] deve ser mais abrangente e temos de
estar em paridade. Unidade não significa que temos
que andar todos ao mesmo passo. Não é necessário
que nos tornemos homogéneos. Até porque o que
enriquece a língua portuguesa são as diversas
literaturas e formas de utilização.”
Texto I
É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas
sem o plástico. Ele está presente em embalagens de
alimentos,
bebidas
e
remédios,
além
de
eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre
devido à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em
contato com outras substâncias, o plástico não as
contamina; ao contrário, protege o produto embalado.
Outras duas grandes vantagens garantem o uso dos
plásticos em larga escala: são leves, quase não alteram
o peso do material embalado, e são 100% recicláveis,
fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em
todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado,
quando comparado ao total produzido, ainda é
irrelevante.
RODRIGUES, M. H. Presidente do Instituto Português
do Oriente, sediado em Macau. Disponível em:
< http://taichungpou.blogspot.com > (adaptado).
________________________________________________
*Anotações*
Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n.º 6 (adaptado).
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Texto II
6. (ENEM-MEC)
Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por
isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando
enchentes. São encontradas até no estômago de
tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos
por sufocamento.
Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os
consumidores, mas têm um custo incalculável para o
meio ambiente.
Cientistas
da
Grã-Bretanha
anunciaram
ter
identificado o primeiro gene humano relacionado com o
desenvolvimento da linguagem, o FOXP2. A descoberta
pode ajudar os pesquisadores a compreender os
misteriosos mecanismos do discurso – que é uma
característica exclusiva dos seres humanos. O gene
pode indicar por que e como as pessoas aprendem a se
comunicar e a se expressar e por que algumas crianças
têm disfunções nessa área. Segundo o professor
Anthony Monaco, do Centro Wellcome Trust de Genética
Humana, de Oxford, além de ajudar a diagnosticar
desordens de discurso, o estudo do gene vai possibilitar
a descoberta de outros genes com imperfeições. Dessa
forma, o prosseguimento das investigações pode levar a
descobrir também esses genes associados e, assim,
abrir uma possibilidade de curar todos os males
relacionados à linguagem.
Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do
Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.
4. (ENEM-MEC)
Na comparação dos textos, observa-se que
(A) o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da
reciclagem de materiais plásticos; o texto II justifica o
uso desse material reciclado.
(B) o texto I tem como objetivo precípuo apresentar a
versatilidade e as vantagens do uso do plástico na
contemporaneidade; o texto II objetiva alertar os
consumidores sobre os problemas ambientais
decorrentes de embalagens plásticas não recicladas.
(C) o texto I expõe vantagens, sem qualquer ressalva, do
uso do plástico; o texto II busca convencer o leitor a
evitar o uso de embalagens plásticas.
(D) o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de
embalagens plásticas, mostrando por que elas
devem ser usadas; o texto II ilustra o posicionamento
de consumidores comuns, que buscam praticidade e
conforto.
(E) o texto I apresenta um alerta a respeito da
possibilidade de contaminação de produtos
orgânicos e industrializados decorrente do uso de
plástico em suas embalagens; o texto II apresenta
vantagens do consumo de sacolas plásticas: leves,
descartáveis e gratuitas.
Disponível em: < http://www.bbc.co.uk > (adaptado).
Para convencer o leitor da veracidade das informações
contidas no texto, o autor recorre à estratégia de
(A) citar autoridade especialista no assunto em questão.
(B) destacar os cientistas da Grã-Bretanha.
(C) apresentar citações de diferentes fontes de
divulgação científica.
(D) detalhar os procedimentos efetuados durante o
processo da pesquisa.
(E) elencar as possíveis consequências positivas que a
descoberta vai trazer.
Texto para as questões 7 e 8.
Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de
vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser
aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa
aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de
hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de
pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá
asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser
brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é:
qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo?
São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da
sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio
dentro de vocês. Para nós, o importante é que vocês
olhem para a gente como seres humanos, como pessoas
que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser
tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o
Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil
com vocês.
5. (ENEM-MEC)
Em contraste com o texto I, no texto II são empregadas,
predominantemente, estratégias argumentativas que
(A) atraem o leitor por meio de previsões para o futuro.
(B) apelam à emoção do leitor, mencionando a morte de
animais.
(C) orientam o leitor a respeito dos modos de usar
conscientemente as sacolas plásticas.
(D) intimidam o leitor com as nocivas consequências do
uso indiscriminado de sacolas plásticas.
(E) recorrem à informação, por meio de constatações,
para convencer o leitor a evitar o uso de sacolas
plásticas.
________________________________________________
TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes
locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).
*Anotações*
7. (ENEM-MEC)
Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado,
a norma-padrão da língua portuguesa é empregada com
a finalidade de
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(A) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa
língua materna.
(B) situar os dois lados da interlocução em posições
simétricas.
(C) comprovar a importância da correção gramatical nos
diálogos cotidianos.
(D) mostrar como as línguas indígenas foram
incorporadas à língua portuguesa.
(E) ressaltar a importância do código linguístico que
adotamos como língua nacional.
O texto publicitário apresenta a oposição entre
“impossível”, “impraticável”, “não” e “sim”, “sim”, “sim”.
Essa oposição, usada como um recurso argumentativo,
tem a função de
(A) minimizar a importância da invenção do avião por
Santos Dumont.
(B) mencionar os feitos de grandes empreendedores da
história do Brasil.
(C) ressaltar a importância do pessimismo para
promover transformações.
(D) associar os empreendimentos da empresa petrolífera
a feitos históricos.
(E) ironizar os empreendimentos rodoviários de
Visconde de Mauá no Brasil.
8. (ENEM-MEC)
Os procedimentos argumentativos utilizados no texto
permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor
foca o seu discurso, pertence
(A) ao mesmo grupo social do falante/autor.
(B) a um grupo de brasileiros considerados como não
índios.
(C) a um grupo étnico que representa a maioria europeia
que vive no país.
(D) a um grupo formado por estrangeiros que falam
português.
(E) a um grupo sociocultural formado por brasileiros
naturalizados e imigrantes.
10. (ENEM-MEC)
Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e
sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si,
malcriados, instantes cada vez mais completos. A
cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava
estouros. O calor era forte no apartamento que estavam
aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas
que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse
9. (ENEM-MEC)
podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte.
DIGA NÃO AO NÃO
Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha
Quem disse que alguma coisa é impossível?
na mão, não outras, mas essas apenas.
Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que,
segundo os pessimistas, nunca teriam acontecido.
LISPECTOR, C. Laços de família.
Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
“Impossível.”
“Impraticável.”
A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no
fragmento apresentado. Observando aspectos da
organização, estruturação e funcionalidade dos
elementos que articulam o texto, o conectivo mas
“Não.”
E ainda assim, sim.
Sim, Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar a
bordo de um avião, impulsionado por um motor
aeronáutico.
(A) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em
que aparece no texto.
(B) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão,
se usado no início da frase.
(C) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na
abertura da frase.
(D) contém uma ideia de sequência temporal que
direciona a conclusão do leitor.
(E) assume funções discursivas distintas nos dois
contextos de uso.
Sim,
Visconde
de
Mauá,
um
dos
maiores
empreendedores do Brasil, inaugurou a primeira rodovia
pavimentada do país.
Sim, uma empresa brasileira também inovou no país.
Abasteceu o primeiro voo comercial brasileiro.
Foi a primeira empresa privada a produzir petróleo na
Bacia de Campos.
Desenvolveu um óleo combustível mais limpo, o OC
Plus.
________________________________________________
*Anotações*
O que é necessário para transformar o não em sim?
Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar.
E quando o problema parece insolúvel, quando o desafio
é muito duro, dizer: vamos lá.
Soluções de energia para um mundo real.
Jornal da ABI. n.º 336, dez. 2008 (adaptado).
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11. (ENEM-MEC)
13. (ENEM-MEC)
O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto
o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio-campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado
entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse
de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade
de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio
montado pelo Botafogo na frente da sua área.
No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o
gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga
alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área.
Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do
goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da
defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em
cima da linha: Flamengo 1 a 0.
Aumento do efeito estufa
ameaça plantas, diz estudo
3
6
9
O aumento de dióxido de carbono na atmosfera,
resultante do uso de combustíveis fósseis e das
queimadas, pode ter consequências calamitosas
para o clima mundial, mas também pode afetar
diretamente o crescimento das plantas. Cientistas
da Universidade de Basel, na Suíça, mostraram
que, embora o dióxido de carbono seja essencial
para o crescimento dos vegetais, quantidades
excessivas desse gás prejudicam a saúde das
plantas e têm efeitos incalculáveis na agricultura de
vários países.
O Estado de S. Paulo, 20 set. 1992, p.32.
Disponível em: < http://momentodofutebol.blogspot.com > (adaptado).
O texto acima possui elementos coesivos que promovem
sua manutenção temática. A partir dessa perspectiva,
conclui-se que
O texto, que narra uma parte do jogo final do
Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009,
contém vários conectivos, sendo que
(A) a palavra “mas”, na linha 4, contradiz a afirmação
inicial do texto: linhas de 1 a 4.
(B) a palavra “embora”, na linha 7, introduz
uma
explicação que não encontra complemento no
restante do texto.
(C) as expressões “consequências calamitosas”, na linha
3, e “efeitos incalculáveis”, na linha 10, reforçam a
ideia que perpassa o texto sobre o perigo do efeito
estufa.
(D) o uso da palavra “cientistas”, na linha 5, é
desnecessário para dar credibilidade ao texto, uma
vez que se fala em “estudo” no título do texto.
(E) a palavra “gás”, na linha 9, refere-se a “combustíveis
fósseis” e “queimadas”, nas linhas 2 e 3, reforçando
a ideia de catástrofe.
(A) após é conectivo de causa, já que apresenta o
motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de
cabeça.
(B) enquanto tem um significado alternativo, porque
conecta duas opções possíveis para serem aplicadas
no jogo.
(C) no entanto tem significado de tempo, porque ordena
os fatos observados no jogo em ordem cronológica
de ocorrência.
(D) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais
posse de bola”, ter dificuldade não é algo
naturalmente esperado.
(E) por causa de indica consequência, porque as
tentativas de ataque do Flamengo motivaram o
Botafogo a fazer um bloqueio.
14. (ENEM-MEC)
12. (ENEM-MEC)
O mundo é grande
No ano passado, o governo promoveu uma campanha a
fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato,
um jornal publicou a seguinte manchete:
O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.
CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA
DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE
A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o
entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse
problema poderia ter sido evitado com a seguinte
redação:
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a
reiteração de determinadas construções e expressões
linguísticas, como o uso da mesma conjunção para
estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção
estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de
(A) Campanha contra o governo do Estado e a violência
entram em nova fase.
(B) A violência do governo do Estado entra em nova fase
de Campanha.
(C) Campanha contra o governo do Estado entra em
nova fase de violência.
(D) A violência da Campanha do governo do Estado
entra em nova fase.
(E) Campanha do governo do Estado contra a violência
entra em nova fase.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
160
oposição.
comparação.
conclusão.
alternância.
finalidade.
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Texto para as questões 17 e 18.
15. (FUVEST-SP)
Belo Horizonte, 28 de julho de 1942.
Cidade grande
Meu caro Mário,
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
Estou te escrevendo rapidamente, se bem que haja
muitíssima coisa que eu quero te falar (a respeito da
Conferência, que acabei de ler agora). Vem-me uma
vontade imensa de desabafar com você tudo o que ela
me fez sentir. Mas é longo, não tenho o direito de tomar
seu tempo e te chatear.
Fernando Sabino.
No texto, o conectivo “se bem que” estabelece relação
de:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
conformidade.
condição.
concessão.
alternância.
consequência.
17. (ENEM-MEC)
Entre os recursos expressivos empregados no texto,
destaca-se a
(A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem
referir-se à própria linguagem.
(B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora
outros textos.
(C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se
pensa, com intenção crítica.
(D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em
seu sentido próprio e objetivo.
(E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas
inanimadas, atribuindo-lhes vida.
16. (ENEM-MEC)
Texto I
Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é
muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e
rir interminavelmente das mulheres, rir como se o
ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso
irresistível.
CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim
Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 91.
18. (ENEM-MEC)
No trecho “Montes Claros cresceu tanto,/ (...),/ que já tem
cinco favelas”, a palavra que contribui para estabelecer
uma relação de consequência. Dos seguintes versos,
todos de Carlos Drummond de Andrade, apresentam
esse mesmo tipo de relação:
Texto II
Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é
muito mais! É saber que todos os amigos já morreram e
os que teimam em viver são entrevados. É sorrir,
interminavelmente, não por necessidade interior, mas
porque a boca não fecha ou a dentadura é maior que a
arcada.
(A) “Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que
eu não era Deus / se sabias que eu era fraco.”
(B) “No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu /
a ninar nos longes da senzala – e nunca se
esqueceu / chamava para o café.”
(C) “Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa
mais que a mão de uma criança.”
(D) “A ausência é um estar em mim. / E sinto-a, branca,
tão pegada, aconchegada nos meus braços, / que rio
e danço e invento exclamações alegres.”
(E) “Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá
estão os poemas que esperam ser escritos.”
FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS, Joaquim Ferreira
dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 225.
Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para
definir as fases da vida, entre eles,
(A) expressões coloquiais com significados semelhantes.
(B) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres
humanos.
(C) recursos específicos de textos escritos em linguagem
formal.
(D) termos denotativos que se realizam com sentido
objetivo.
(E) metalinguagem que explica com humor o sentido de
palavras.
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*Anotações*
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Tais rendimentos mostram que as políticas sociais
compensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga
R$ 15,00 mensais por aluno matriculado), são por si sós
incapazes de impedir que o narcotráfico continue
aliciando crianças provenientes de estratos de baixa
renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento
familiar e incentivam os pais a manterem os filhos
estudando, o que de modo algum impossibilita a opção
pela delinquência. No mesmo sentido, os programas
voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado
(circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol)
são importantes, mas não resolvem o problema.
A única maneira de reduzir a atração exercida pelo
tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que
escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos
adolescentes provam isso: eles são elevados
precisamente porque a possibilidade de ser preso não é
desprezível. É preciso que o Executivo federal e os
estaduais desmontem as organizações paralelas
erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de punição
elimine o fascínio dos salários do crime.
19. (ENEM-MEC)
Metáfora
(Gilberto Gil)
Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível
Deixe a meta do poeta não discuta,
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.
Editorial. Folha de S. Paulo, 15 jan. 2003.
Disponível em: < http://www.letras.terra.com.br >.
20. (ENEM-MEC)
No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas
sociais que procuram evitar a entrada dos jovens no
tráfico não terão chance de sucesso enquanto a
remuneração oferecida pelos traficantes for tão mais
compensatória que aquela oferecida pelos programas do
governo”. Para comprovar sua tese, o autor apresenta
A metáfora é a figura de linguagem identificada pela
comparação subjetiva, pela semelhança ou analogia
entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a
linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O
trecho em que se identifica a metáfora é:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
“Uma lata existe para conter algo”.
“Mas quando o poeta diz: ‘Lata’”.
“Uma meta existe para ser um alvo”.
“Por isso não se meta a exigir do poeta”.
“Que determine o conteúdo em sua lata”.
(A) instituições que divulgam o crescimento de jovens no
crime organizado.
(B) sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida
pelo crime organizado.
(C) políticas sociais que impedem o aliciamento de
crianças no crime organizado.
(D) pesquisadores que se preocupam com os jovens
envolvidos no crime organizado.
(E) números que comparam os valores pagos entre os
programas de governo e o crime organizado.
Texto para as questões 20 e 21.
A carreira do crime
Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo
Cruz sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de
drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais
dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as
dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime
organizado.
O tráfico oferece aos jovens de escolaridade precária
(nenhum dos entrevistados havia completado o ensino
fundamental) um plano de carreira bem-estruturado, com
salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000,00
mensais. Para uma base de comparação, convém notar
que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da
população brasileira com mais de dez anos que declara
ter uma atividade remunerada ganha no máximo o “piso
salarial” oferecido pelo crime. Dos traficantes ouvidos
pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000,00
mensais; já na população brasileira essa taxa não
ultrapassa 6%.
21. (ENEM-MEC)
Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para
(A) uma denúncia de quadrilhas que se organizam em
torno do narcotráfico.
(B) a constatação de que o narcotráfico restringe-se aos
centros urbanos.
(C) a informação de que as políticas sociais
compensatórias eliminarão a atividade criminosa a
longo prazo.
(D) o convencimento do leitor de que para haver a
superação do problema do narcotráfico é preciso
aumentar a ação policial.
(E) uma exposição numérica realizada com o fim de
mostrar que o negócio do narcotráfico é vantajoso e
sem riscos.
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22. (ENEM-MEC)
23. (ENEM-MEC)
Texto I
Apesar da ciência, ainda é possível acreditar no
sopro divino – o momento em que o Criador deu vida
até ao mais insignificante dos microrganismos?
O professor deve ser um guia seguro, muito senhor de
sua língua; se outra for a orientação, vamos cair na
“língua brasileira”, refúgio nefasto e confissão nojenta de
ignorância do idioma pátrio, recurso vergonhoso de
homens de cultura falsa e de falso patriotismo. Como
havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade
se somos os primeiros a descuidar daquilo que exprime e
representa o idioma pátrio?
Resposta de Dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de
São Paulo, nomeado pelo papa Bento XVI em 2007:
“Claro que sim. Estaremos falando sempre que, em
algum momento, começou a existir algo, para poder
evoluir em seguida. O ato do Criador precede a
possibilidade de evolução: só evolui algo que existe. Do
nada, nada surge e evolui.”
ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa.
Prefácio. São Paulo: Saraiva, 1999 (adaptado).
LIMA, Eduardo. Testemunha de Deus. Superinteressante,
São Paulo, n.º 263-A, p. 9, mar. 2009 (com adaptações).
Texto II
Alguns leitores poderão achar que a linguagem desta
Gramática se afasta do padrão estrito usual neste tipo de
livro. Assim, o autor escreve “tenho que reformular”, e
não “tenho de reformular”; “pode-se colocar dois
constituintes”, e não “podem-se colocar dois
constituintes”; e assim por diante. Isso foi feito de caso
pensado, com a preocupação de aproximar a linguagem
da gramática do padrão atual brasileiro presente nos
textos técnicos e jornalísticos de nossa época.
Resposta de Daniel Dennett, filósofo americano ateu e
evolucionista radical, formado em Harvard e Doutor por
Oxford:
“É claro que é possível, assim como se pode acreditar
que um super-homem veio para a Terra há 530 milhões
de anos e ajustou o DNA da fauna cambriana,
provocando a explosão da vida daquele período. Mas
não há razão para crer em fantasias desse tipo.”
REIS, N. Nota do editor. PERINI, M. A. Gramática descritiva
do português. São Paulo: Ática, 1996.
LIMA, Eduardo. Advogado do Diabo. Superinteressante,
São Paulo, n.º 263-A, p. 11, mar. 2009 (com adaptações).
Confrontando-se as opiniões defendidas nos dois textos,
conclui-se que
Os dois entrevistados responderam a questões idênticas,
e as respostas a uma delas foram reproduzidas aqui.
Tais respostas revelam opiniões opostas: um defende a
existência de Deus e o outro não concorda com isso.
Para defender seu ponto de vista,
(A) ambos os textos tratam da questão do uso da língua
com o objetivo de criticar a linguagem do brasileiro.
(B) os dois textos defendem a ideia de que o estudo da
gramática deve ter o objetivo de ensinar as regras
prescritivas da língua.
(C) a questão do português falado no Brasil é abordada
nos dois textos, que procuram justificar como é
correto e aceitável o uso coloquial do idioma.
(D) o primeiro texto enaltece o padrão estrito da língua,
ao passo que o segundo defende que a linguagem
jornalística deve criar suas próprias regras
gramaticais.
(E) o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da
língua, enquanto o segundo defende uma
adequação da língua escrita ao padrão atual
brasileiro.
(A) o religioso ataca a ciência, desqualificando a Teoria
da Evolução, e o ateu apresenta comprovações
científicas dessa teoria para derrubar a ideia de que
Deus existe.
(B) Scherer impõe sua opinião, pela expressão “claro
que sim”, por se considerar autoridade competente
para definir o assunto, enquanto Dennett expressa
dúvida, com expressões como “é possível”,
assumindo não ter opinião formada.
(C) o arcebispo critica a teoria do Design Inteligente,
pondo em dúvida a existência de Deus, e o ateu
argumenta com base no fato de que algo só pode
evoluir se, antes, existir.
(D) o arcebispo usa uma lacuna da ciência para
defender a existência de Deus, enquanto o filósofo
faz uma ironia, sugerindo que qualquer coisa
inventada poderia preencher essa lacuna.
(E) o filósofo utiliza dados históricos em sua
argumentação, ao afirmar que a crença em Deus é
algo primitivo, criado na época cambriana, enquanto
o religioso baseia sua argumentação no fato de que
algumas coisas podem “surgir do nada”.
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*Anotações*
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24. (ENEM-MEC)
25. (ENEM-MEC)
Texto I
MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR
DO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDE
ESTA CONDIÇÃO: 12 X SEM JUROS.
O chamado “fumante passivo” é aquele indivíduo que
não fuma, mas acaba respirando a fumaça dos cigarros
fumados ao seu redor. Até hoje, discutem-se muito os
efeitos do fumo passivo, mas uma coisa é certa: quem
não fuma não é obrigado a respirar a fumaça dos outros.
O fumo passivo é um problema de saúde pública em
todos os países do mundo. Na Europa, estima-se que
79% das pessoas estão expostas à fumaça “de segunda
mão”, enquanto, nos Estados Unidos, 88% dos não
fumantes acabam fumando passivamente. A Sociedade
do Câncer da Nova Zelândia informa que o fumo passivo
é a terceira entre as principais causas de morte no país,
depois do fumo ativo e do uso de álcool.
Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos. Revista Época, n.º 424, 3/7/2006.
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como
práticas de linguagem, assumindo configurações
específicas, formais e de conteúdo. Considerando o
contexto em que circula o texto publicitário, seu objetivo
básico é
(A) influenciar o comportamento do leitor, por meio de
apelos que visam à adesão ao consumo.
(B) definir regras de comportamento social pautadas no
combate ao consumismo exagerado.
Disponível em: < www.terra.com.br > (fragmento).
(C) defender a importância do conhecimento de
informática pela população de baixo poder aquisitivo.
(D) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas
classes sociais economicamente desfavorecidas.
(E) questionar o fato de o homem ser mais inteligente
Texto II
que a máquina, mesmo a mais moderna.
26. (ENEM-MEC)
Se os tubarões fossem homens
Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais
gentis com os peixes pequenos?
Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam
construir resistentes gaiolas no mar para os peixes
pequenos, com todo o tipo de alimento, tanto animal
como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem
Disponível em: < www.rickjaimecomics.blogspot.com >.
sempre água fresca e adotariam todas as providências
sanitárias.
Ao abordar a questão do tabagismo, os textos I e II
procuram demonstrar que
Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas.
Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a
(A) a quantidade de cigarros consumidos por pessoa,
diariamente, excede o máximo de nicotina
recomendado para os indivíduos, inclusive para os
não fumantes.
(B) para garantir o prazer que o indivíduo tem ao fumar,
será necessário aumentar as estatísticas de fumo
passivo.
(C) a conscientização dos fumantes passivos é uma
maneira de manter a privacidade de cada indivíduo e
garantir a saúde de todos.
(D) os não fumantes precisam ser respeitados e
poupados, pois estes também estão sujeitos às
doenças causadas pelo tabagismo.
(E) o fumante passivo não é obrigado a inalar as
mesmas toxinas que um fumante, portanto depende
dele evitar ou não a contaminação proveniente da
exposição ao fumo.
goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo, a
usar a geografia para localizar os grandes tubarões
deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria,
naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A eles
seria ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime
é o sacrifício alegre de um peixinho e que todos deveriam
acreditar
nos
tubarões,
sobretudo
quando
estes
dissessem que cuidavam de sua felicidade futura. Os
peixinhos saberiam que este futuro só estaria garantido
se aprendessem a obediência.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns
peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena
Ordem das Algas e receberia o título de herói.
BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo:
Editora 34, 2006 (adaptado).
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Como produção humana, a literatura veicula valores que
nem sempre estão representados diretamente no texto,
mas são transfigurados pela linguagem literária e podem
até entrar em contradição com as convenções sociais e
revelar o quanto a sociedade perverteu os valores
humanos que ela própria criou. É o que ocorre na
narrativa do dramaturgo alemão Bertolt Brecht mostrada.
Por meio da hipótese apresentada, o autor
27. (ENEM-MEC)
A narrativa focaliza um momento histórico-social de
valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no
contexto, pela
(A) falta de aproximação entre a menina e a senhora,
preocupada com as amigas.
(B) receptividade da senhora para com os padres, mas
deselegante para com as beatas.
(C) ironia do padre a respeito da senhora, que era
perversa com as crianças.
(D) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos
negros, evidenciada no final do texto.
(E) rejeição aos criados por parte da senhora, que
preferia tratá-los com castigos.
(A) demonstra o quanto a literatura pode ser alienadora
ao retratar, de modo positivo, as relações de
opressão existentes na sociedade.
(B) revela a ação predatória do homem no mar,
questionando a utilização dos recursos naturais pelo
homem ocidental.
(C) defende que a força colonizadora e civilizatória do
homem ocidental valorizou a organização das
sociedades africanas e asiáticas, elevando-as ao
modo de organização cultural e social da sociedade
moderna.
(D) questiona o modo de organização das sociedades
ocidentais capitalistas, que se desenvolveram
fundamentadas nas relações de opressão em que os
mais fortes exploram os mais fracos.
(E) evidencia a dinâmica social do trabalho coletivo em
que os mais fortes colaboram com os mais fracos, de
modo a guiá-los na realização de tarefas.
28. (AED-SP)
O fragmento apresenta característica marcante do
gênero narrativo conto ao:
(A) relatar um enredo imaginário, mas de caráter
verossímil, e apresentar personagens vivendo uma
sequência de conflitos, em vários capítulos.
(B) estruturar-se em uma narrativa curta, que gira em
torno de um só conflito, com poucos personagens.
(C) inspirar-se em temas do cotidiano, constituindo um
relato pessoal do autor sobre determinado fato do dia
a dia.
(D) estruturar-se exclusivamente em 1.ª pessoa: o
narrador, autor da história, relata os fatos.
(E) desenvolver uma narrativa eminentemente factual
sobre a realidade, sobrepondo o conteúdo real ao
imaginário.
Texto para as questões 27 e 28.
Negrinha
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta?
Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos
assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus
primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da
cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre
escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do
mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e
camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas
no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali
bordava, recebia as amigas e o vigário, dando
audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora
em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio
da religião e da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os
nervos em carne viva.
[...]
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar
de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de
escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o
bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime
novo – essa indecência de negro igual.
29. (ENEM-MEC)
Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca,
orelha de porco e couve com angu, arroz-mole
engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo
enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e
um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um
prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé
saboreou o café forte e se estendeu na rede. A mão
direita sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o
indefectível cigarro de palha entre as pontas do indicador
e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas
encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar,
modorrento, a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e não deita, a comida não aproveita,
pensava Nhô Tomé... E pôs-se a cochilar. A sua modorra
durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou
assombrada:
— Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta...
Dá pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça! Despois
do armoço num far-má... mais despois da janta?!
LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).
Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo:
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.
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Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente
em 1921, o narrador
32. (ENEM-MEC)
Miguilim
(A) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes
da época, descrevendo os pratos servidos no jantar
e a atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena.
(B) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora
à narrativa usos próprios da linguagem regional das
personagens.
(C) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia
Policena, que tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se
após as refeições.
(D) utiliza a diversidade sociocultural e linguística para
demonstrar seu desrespeito às populações das
zonas rurais do início do século XX.
(E) manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao
transcrever a fala dela com os erros próprios da
região.
De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois.
Um senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou,
pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem
junto. Ele era de óculos, corado, alto, com um chapéu
diferente, mesmo.
— Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?
— Miguilim. Eu sou irmão do Dito.
— E o seu irmão Dito é o dono daqui?
— Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.
O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era
zelado, manteúdo, formoso como nenhum outro. Redizia:
— Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda...
Mas que é que há, Miguilim?
Miguilim queria ver se o homem estava mesmo
Texto para as questões 30 e 31.
sorrindo para ele, por isso é que o encarava.
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.
— Por que você aperta os olhos assim? Você não é
limpo de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua
casa?
— É Mãe, e os meninos...
Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O
É um não querer mais que bem-querer;
é solitário andar por entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é cuidar que se ganha em se perder.
senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele,
era um camarada.
O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do
Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: — Miguilim,
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata lealdade.
espia daí: quantos dedos da minha mão você está
enxergando? E agora?
João Guimarães Rosa. Manuelzão e Miguilim.
9.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Essa história, com narrador-observador em terceira
pessoa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de
Miguilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter
Miguilim como referência, inclusive espacial, fica
explicitado em
(Luís de Camões)
30. (ENEM-MEC)
O poema tem como característica a figura de linguagem
denominada antítese, relação de oposição de palavras
ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz
claramente presente.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
(A)
(B)
(C)
(D)
“O homem trouxe o cavalo cá bem junto.”
“Ele era de óculos, corado, alto (...)”
“O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...)”
“Miguilim queria ver se o homem estava mesmo
sorrindo para ele, (...)”
(E) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos.”
“Amor é fogo que arde sem se ver”.
“é um contentamento descontente”.
“é servir a quem vence, o vencedor”.
“Mas como causar pode seu favor”.
“se tão contrário a si é o mesmo Amor?”.
________________________________________________
*Anotações*
31. (ENEM-MEC)
O poema pode ser considerado como um texto
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
argumentativo.
narrativo.
épico.
de propaganda.
teatral.
166
_____________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________ _____________________________________________________________________________________________________________
SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio
LCT  Português 
LCT  Português 
_________________________________________________________________________________________________________________________
33. (ENEM-MEC)
34. (ENEM-MEC)
Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da
atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua
relação com as pequenas e grandes cidades.
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Bicho urbano
Se disser que prefiro morar em Pirapemas
ou em outra qualquer pequena cidade do país
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
estou mentindo
ainda que lá se possa de manhã
lavar o rosto no orvalho
e o pão preserve aquele branco
sabor de alvorada.
.....................................................................
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[ dono da mercearia.
A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas águas
suas aves que são como aparições
me assusta quase tanto quanto
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabeça.
Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro:
José Olympio Editora, 1991.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o
poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das
pequenas comunidades. Para expressar a relação do
homem com alguns desses elementos, ele recorre à
sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam
impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em
que se observa esse recurso.
(...)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
(A) “e o pão preserve aquele branco / sabor de
alvorada.”
(B) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no
orvalho”
(C) “A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios
suas águas”
(D) “suas aves que são como aparições / me assusta
quase tanto quanto”
(E) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de
gases e de estrelas”
Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.
A antítese que configura uma imagem da divisão social
do trabalho na sociedade brasileira é expressa
poeticamente na oposição entre a doçura do branco
açúcar e
________________________________________________
(A) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o
açúcar.
(B) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se
dissolve na boca.
(C) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco,
onde se produz o açúcar.
(D) a beleza dos extensos canaviais que nascem no
regaço do vale.
(E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas
escuras.
*Anotações*
167
_____________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________ _____________________________________________________________________________________________________________
SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio
LCT  Português 
LCT  Português 
_________________________________________________________________________________________________________________________
35. (ENEM-MEC)
********** ATIVIDADES 2 **********
O jivaro
Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à
C1
América do Sul, conta a um jornal sua conversa com um
índio jivaro, desses que sabem reduzir a cabeça de um
H1
morto até ela ficar bem pequenina. Queria assistir a uma
dessas operações, e o índio lhe disse que exatamente
Aplicar as tecnologias da comunicação e da
informação na escola, no trabalho e em outros
contextos relevantes para sua vida.
Identificar as diferentes linguagens e seus recursos
expressivos como elementos de caracterização dos
sistemas de comunicação.
36. (ENEM-MEC)
ele tinha contas a acertar com um inimigo.
Observe a imagem:
O Sr. Matter:
— Não, não! Um homem, não. Faça isso com a
cabeça de um macaco.
E o índio:
— Por que um macaco? Ele não me fez nenhum mal!
(Rubem Braga)
O assunto de uma crônica pode ser uma experiência
pessoal do cronista, uma informação obtida por ele ou
um caso imaginário. O modo de apresentar o assunto
também varia: pode ser uma descrição objetiva, uma
exposição argumentativa ou uma narrativa sugestiva.
Quanto à finalidade pretendida, pode-se promover uma
reflexão, definir um sentimento ou tão somente provocar
o riso.
< http://www.sunhill-phuket.com >.
O logotipo acima é da rede hoteleira Sun Hill, na
Tailândia. Ele trabalha formas que sugerem elementos
da paisagem ____________. Os traços dessas formas e
os das letras são ____________, evocando a imagem
do(a) ____________.
Na crônica “O jivaro”, escrita a partir da reportagem de
um jornal, Rubem Braga se vale dos seguintes
elementos:
ASSUNTO
MODO DE
APRESENTAR
FINALIDADE
(A)
caso
imaginário
descrição
objetiva
provocar
o riso
(B)
informação
colhida
informação
colhida
experiência
pessoal
experiência
pessoal
narrativa
sugestiva
descrição
objetiva
narrativa
sugestiva
exposição
argumentativa
promover
reflexão
definir um
sentimento
provocar
o riso
promover
reflexão
(C)
(D)
(E)
Qual a alternativa que completa as lacunas?
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
campestre, arredondados, lua.
marítima, irregulares, mar.
campestre, irregulares, vegetação.
marítima, arredondados, sol.
urbana, irregulares, vegetação.
H2
Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos
sistemas de comunicação e informação para resolver
problemas sociais.
37. (ENEM-MEC)
José Dias precisa sair de sua casa e chegar até o
trabalho, conforme mostra o Quadro 1. Ele vai de ônibus
e pega três linhas: 1) de sua casa até o terminal de
integração entre a zona norte e a zona central; 2) deste
terminal até outro entre as zonas central e sul; 3) deste
último terminal até onde trabalha. Sabe-se que há uma
correspondência numérica, nominal e cromática das
linhas que José toma, conforme o Quadro 2.
________________________________________________
*Anotações*
168
_____________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________ _____________________________________________________________________________________________________________
SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio
LCT  Português 
LCT  Português 
_________________________________________________________________________________________________________________________
José Dias deverá, então, tomar a seguinte sequência de
linhas de ônibus, para ir de casa ao trabalho:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
H4
L. 102 – Circular zona central – L. Vermelha.
L. Azul – L. 101 – Circular zona norte.
Circular zona norte – L. Vermelha – L. 100.
L. 100 – Circular zona central – L. Azul.
L. Amarela – L. 102 – Circular zona sul.
H3
Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são
feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e
informação.
39. (ENEM-MEC)
Em alguns supermercados, é comum observar que
produtos como arroz, feijão, leite, carnes etc. ficam nos
últimos corredores. Na entrada e nas laterais, ficam
bolachas, biscoitos, produtos de beleza, artigos
importados, bebidas etc. Essa maneira de organizar o
espaço faz parte de uma estratégia comercial que tem
por finalidade
Relacionar informações geradas nos sistemas de
comunicação e informação, considerando a função
social desses sistemas.
(A) atrair o consumidor para os gêneros de primeira
necessidade.
(B) estimular o consumo de produtos que não são de
primeira necessidade.
(C) organizar melhor o espaço para que o consumidor se
sinta satisfeito.
(D) facilitar as compras do consumidor.
(E) levar o consumidor a comprar mais arroz, feijão e
leite.
38. (ENEM-MEC)
Para verificarmos essa ideia de linguagem como forma
de representação da realidade, vamos ler os dois trechos
seguintes. Neles, dois jornais diferentes apresentam um
mesmo assunto: a presença de comerciais inseridos em
programas de televisão (o chamado merchandising), de
forma mais ou menos implícita.
Texto A – JORNAL A
40. (ENEM-MEC)
MERCHANDISING
Quanto mais discreto melhor
Comunicação contra o preconceito
Impulsionado pelos reality shows e novelas, o comercial
subliminar ganha novo fôlego e se adapta ao
temperamento de apresentadores e roteiristas.
Imagine assistir, na TV, a uma história infantil em que
o príncipe se apaixona por uma dama do “Palácio dos
Macacos”. Ela é representada por uma atriz branca com
o rosto inteiramente pintado de preto.
Ao ser beijada pelo príncipe, selando a união sob as
benções do rei, ela se transforma: some a tinta preta e
ela agora é uma princesa toda branca.
O estarrecedor preconceito manifesto na história não
foi veiculado em programa humorístico (o que não o
tornaria menos condenável), nem em uma produção
estrangeira pobre e inconsequente, nem em produção
independente brasileira. Foi levado ao ar na maior rede
de televisão da América Latina, umas das maiores do
mundo, em um dos programas infantis de maior
audiência do Brasil.
O Estado de S. Paulo, São Paulo, 7 jul. 2002.
Caderno Telejornal, p. 4.
Texto B – JORNAL B
Quanto vale o show?
A publicidade invadiu programas e novelas, para alegria
das emissoras e apreensão dos que acham que a prática
extrapolou.
Folha de S. Paulo, São Paulo, 7 jul. 2002. Caderno
TVFolha, p. 6-7. Fornecido pela Agência Folha.
Tendo em vista que as duas reportagens tratam de um
mesmo assunto e foram publicadas na mesma data,
pode-se afirmar que:
LORENZO, Aldé. Opinião. Jornal Educação Pública, 19/11/2003.
Os termos de concessão de emissoras no Brasil preveem
compromissos com a educação, a informação e o
entretenimento. A leitura do texto anterior permite afirmar
que a emissora
(A) apenas o texto A levanta os aspectos negativos do
merchandising, a partir da opinião de roteiristas e
apresentadores.
(B) os dois textos transmitem diferentes visões sobre o
assunto: em A foram levantados os aspectos
positivos (marcados pelos termos “melhor”, “ganha” e
“se adapta”); em B, os negativos (marcados pelos
termos “invadiu”, “apreensão” e “extrapolou”).
(C) apenas o texto B levanta os aspectos positivos do
merchandising, a partir da opinião de jornalistas.
(D) os dois textos transmitem a mesma visão sobre o
assunto: em ambos, verifica-se 20% de aumento no
merchandising em programas de TV.
(E) os dois textos usam a mesma estratégia para noticiar
o merchandising e ambas as notícias são favoráveis
a ela.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
educou para a igualdade entre as etnias.
informou sobre a cultura afro-brasileira.
incorreu em manifestação de preconceito.
esclareceu sobre a diversidade étnica.
contou uma história isenta de preconceito.
________________________________________________
*Anotações*
169
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SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio
LCT  Português 
LCT  Português 
_________________________________________________________________________________________________________________________
*MÓDULO 2*
Gêneros digitais – Comunicação e tecnologia

A internet reúne duas características importantes:
interatividade e massividade. Nesse meio de
comunicação, diferentemente da televisão, do rádio
ou dos jornais, todos podem ser, ao mesmo tempo,
emissores e receptores da mensagem. Conectados
com o mundo por meio dos nossos computadores e
celulares, vivenciamos um processo que o sociólogo
canadense Marshall McLuhan havia previsto e
chamado de “aldeia global”.

As
Novas
Tecnologias
de
Informação
e
Comunicação (NTICs), que incluem equipamentos
como câmeras de vídeo em microcomputadores
(webcam), celulares, TV por assinatura e internet,
estão entre as principais ferramentas de troca de
informação. Pouco a pouco, elas fazem parte do
cotidiano de um número cada vez maior de pessoas
e afirmam-se como instrumentos indispensáveis às
comunicações pessoais, de trabalho e de lazer.


WIKIMEDIA COMMONS
 O frevo, típico de Pernambuco, caracteriza-se pelos movimentos
rápidos
Exclusão digital: grande parte da população
brasileira e mundial ainda não tem acesso às NTICs,
permanecendo à margem do processo de
informatização da sociedade. Esse fenômeno é
chamado de exclusão digital – um descompasso
entre o ritmo de desenvolvimento tecnológico e a
distribuição de seus benefícios entre todos os
setores da sociedade.
Hipertexto é todo texto que possibilita uma leitura
não linear e uma maior interatividade e atuação
explorativa do leitor. O hipertexto permite que o leitor
desvie o fluxo da leitura para assuntos relacionados,
aprofundando sua compreensão do texto inicial. Não
raro, porém, o leitor opta por outros caminhos na
leitura e não retorna ao texto inicial.

Brincadeiras e jogos são instrumentos de interação
social, pois desenvolvem tanto habilidades
perceptivo-motoras quanto habilidades sociais. A
criança, por exemplo, vivencia, na brincadeira,
situações de competição e de exclusão, preparando-se de forma saudável para vivências futuras.
Exemplos de brincadeiras tradicionais: jogar peteca,
pular amarelinha, empinar pipa e dançar ciranda
acompanhada de cantigas de roda,

Grande parte da população economicamente ativa
trabalha por um longo período de tempo em frente
aos computadores (muitas vezes, sem postura nem
iluminação adequadas) ou passa longos períodos
sentada ou em pé. Alguns problemas comuns
decorrentes
do
estilo
de
vida
moderno:
sedentarismo, doenças decorrentes do esforço
repetitivo, alimentação desbalanceada e estresse.

Corpolatria é o culto exagerado do corpo, no sentido
do aperfeiçoamento estético, e não da preservação
da saúde. A mídia e a sociedade tendem a valorizar
determinados padrões de beleza, que excluem
grande parte da população.
Expressões corporais – Identidade e integração

A dança pode ser definida como uma sequência de
movimentos com o próprio corpo que segue uma
coreografia ou é realizada de forma livre, em
harmonia com um ritmo ou mesmo sem música. No
decorrer dos séculos, a dança firmou-se como uma
das três principais artes cênicas, ao lado da música e
do teatro – elementos que muitas vezes andam
juntos.
Artes – Recursos expressivos

As manifestações artísticas são documentos
importantes para conhecer as grandes civilizações
do passado. As pirâmides do Egito, por exemplo,
foram construídas para servir de túmulo aos faraós.
Já a arte da Antiguidade Clássica (séculos VIII a.C. a
V a.C.) se refere às civilizações grega e romana.

Folclore é o conjunto das tradições, lendas ou
crenças populares de um país. O folclore brasileiro é
rico em danças que representam as tradições e as
culturas regionais. Em geral, elas estão ligadas à
religiosidade,
às
festas,
às
lendas,
aos
acontecimentos históricos e às brincadeiras.

O Renascimento (século XIII ao XVII) retomou
princípios da Antiguidade Clássica. Já o Barroco
(século XVII ao XVIII) foi marcado pela maior
dramaticidade em relação ao Renascimento e pela
demanda do espiritual, com grandes expressões na
arquitetura.

As principais danças folclóricas brasileiras são:
samba, samba de roda, maracatu, frevo, forró, baião,
cateretê (catira), quadrilha, congo, tambor de crioula,
bumba meu boi, bugio e fandango.

Arte Moderna é a denominação genérica que
recebem os movimentos artísticos que se
desenvolveram do fim do século XIX e no decorrer
do XX. Essa denominação abarca:
170
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SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio
LCT  Português 
LCT  Português 
_________________________________________________________________________________________________________________________

Impressionismo: a pintura visa a captar as mudanças
da natureza. Representado por Claude Monet e
Auguste Renoir.

Indícios: têm origem em formas ou situações naturais
ou casuais. Exemplo: marcas dos pneus de um carro
indicam uma freada brusca.

Fauvismo: simplificação das formas, cores brutais e
pinceladas violentas, como se vê na obra de Paul
Gauguin.


Cubismo: geometrização das formas e a sensação
de uma pintura escultórica, caso de Pablo Picasso.
Símbolos: representam o objeto de maneira
totalmente livre. Sua compreensão exige certo
conhecimento de mundo. Exemplo: suástica,
bandeira.
Expressionismo: com suas cores violentas e a sua
temática de solidão e de miséria, reflete a amargura
que invadia os círculos artísticos e intelectuais. Entre
seus nomes está o norueguês Edvard Munch.


Os sistemas simbólicos surgiram diante da demanda
de situações específicas de interlocução. Alguns
sistemas universalmente usados são: a linguagem
de sinais ou libras, o braile, a sinalização por
bandeiras e as partituras.

Surrealismo: representado pelo pintor espanhol
Salvador Dalí, enfatiza a importância do papel do
inconsciente na atividade criativa.
********** ATIVIDADES 1 **********

Dadaísmo: baseado no nonsense e no absurdo,
como forma de contradizer a cultura estabelecida.
Texto para a questão 1.

Arte cinética: explora efeitos visuais por meio de
movimentos físicos ou ilusão de ótica.
A rede mudou a amizade?

Pop Art: consiste no uso de ícones da cultura de
massa como tema. Seu maior expoente foi Andy
Warhol.

A Semana de Arte Moderna de 1922 propunha uma
arte brasileira independente, livre das amarras e dos
complexos de inferioridade que a vinculavam aos
padrões estrangeiros. Entre seus organizadores
estavam os escritores Mário e Oswald de Andrade e
a pintora Anita Malfatti.
Graças às redes sociais, nunca foi tão fácil conhecer
gente nova; algo que está transformando
a própria definição de amizade
Qual é a primeira coisa que você faz quando entra na
internet? Checa seu e-mail, dá uma olhadinha no Twitter,
confere as atualizações dos seus contatos no Orkut ou
no Facebook? Há diversos estudos comprovando que
interagir com outras pessoas, principalmente com
amigos, é o que mais fazemos na internet. Só o
Facebook já tem mais de 500 milhões de usuários, que
juntos passam 700 bilhões de minutos por mês
conectados ao site – que chegou a superar o Google em
número de acessos diários. A internet é a ferramenta
mais poderosa já inventada no que diz respeito à
amizade. E está transformando nossas relações: tornou
muito mais fácil manter contato com os amigos e
conhecer gente nova. Mas será que as amizades on-line
não fazem com que as pessoas acabem se isolando e
tenham menos amigos off-line, “de verdade”? Essa tese,
geralmente citada nos debates sobre o assunto, foi
criada em 1995 pelo sociólogo norte-americano Robert
Putnam. E provavelmente está errada. Uma pesquisa
feita pela Universidade de Toronto constatou que a
internet faz você ter mais amigos – dentro e fora da rede.
Durante a década passada, período de surgimento e
ascensão dos sites de rede social, o número médio de
amizades das pessoas cresceu. E os chamados heavy
users, que passam mais tempo na internet, foram os que
ganharam mais amigos no mundo real – 38% mais. Já
quem não usava a internet ampliou suas amizades em
apenas 4,6%.
Então, as pessoas começam a se adicionar no
Facebook e no final todo mundo vira amigo? Não é bem
assim. A internet raramente cria amizades do zero – na
maior parte dos casos, ela funciona como
potencializadora de relações que já haviam se insinuado
na vida real. Um estudo feito pela Universidade de
Michigan constatou que o segundo maior uso do
Facebook, depois de interagir com amigos, é olhar os
Culturas brasileiras – Diversidade

Os movimentos culturais são diferentes dos gêneros
musicais porque abrangem outras propostas, de
ideologia e de comportamento. Entre os principais
movimentos culturais da história recente do Brasil
estão a Bossa Nova e o Tropicalismo.

Entre os mais conhecidos gêneros musicais
praticados no Brasil estão choro (ou chorinho),
baião, marchinha, samba, rock, jazz, rap e MPB – a
sigla para Música Popular Brasileira abrange grande
diversidade de estilos musicais, derivados de várias
matrizes.

Heranças culturais: nossa cultura possui tradições
herdadas dos portugueses, africanos, indígenas e
imigrantes do período de guerras na Europa. Por
isso, é mais adequado falar em “culturas brasileiras”,
no plural.
Textos codificados – Sistemas simbólicos

Signos visuais são meios de comunicação visual,
que se subdividem em três categorias, de acordo
com a relação com o objeto representado:

Ícones: representam um modelo imitativo de um
objeto, de uma forma, de um espaço ou de uma
situação. Exemplos: ícones de programas na tela do
computador, fotografias, mapas, objetos de arte.
171
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SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio
LCT  Português 
LCT  Português 
_________________________________________________________________________________________________________________________
perfis de pessoas que acabamos de conhecer. Se você
gostar do perfil, adiciona aquela pessoa, e está formado
um vínculo. As redes sociais têm o poder de transformar
os chamados elos latentes (pessoas que frequentam o
mesmo ambiente social que você, mas não são suas
amigas) em elos fracos – uma forma superficial de
amizade. Pois é. Por mais que existam exceções a
qualquer regra, todos os estudos apontam que amizades
geradas com a ajuda da internet são mais fracas, sim, do
que aquelas que nascem e crescem fora dela.
Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito
geralmente são parecidos com você: pertencem ao
mesmo mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos
fracos não. Eles transitam por grupos diferentes do seu,
e por isso podem lhe apresentar coisas e pessoas novas
e ampliar seus horizontes – gerando uma renovação de
ideias que faz bem a todos os relacionamentos, inclusive
às amizades antigas.
Os sites sociais como Orkut e Facebook tornam mais
fácil fazer, manter e gerenciar amigos. Mas também
influem no desenvolvimento das relações – pois as
possibilidades de interagir com outras pessoas são
limitadas pelas ferramentas que os sites oferecem. “Você
entra nas redes sociais e faz o que elas querem que você
faça: escrever uma mensagem, mandar um link, cutucar”,
diz o físico e especialista em redes Augusto de Franco,
que já escreveu mais de 20 livros sobre o tema. O
problema, por assim dizer, é que a maioria das redes na
internet é simétrica: se você quiser ter acesso às
informações de uma pessoa ou mesmo falar
reservadamente com ela, é obrigado a pedir a amizade
dela, que tem de aceitar. Como é meio grosseiro dizer
“não” a alguém que você conhece, mesmo que só de
vista, todo mundo acabava adicionando todo mundo. E
isso vai levando à banalização do conceito de amizade.
“As pessoas a quem você está conectado não são
necessariamente suas amigas de verdade”, diz o
sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade Harvard.
2. (ENEM-MEC)
Cada vez mais, as pessoas trabalham e administram
serviços de suas casas, como mostra a pesquisa
realizada em 1993 pela Fundação Europeia para a
Melhoria da Qualidade de Vida e Ambiente de Trabalho.
Por conseguinte, a “centralidade da casa” é uma
tendência importante da nova sociedade. Porém, não
significa o fim da cidade, pois locais de trabalho, escolas,
complexos médicos, postos de atendimento ao
consumidor, áreas recreativas, ruas comerciais, shopping
centers, estádios de esportes e parques ainda existem e
continuarão existindo. E as pessoas deslocar-se-ão entre
todos esses lugares com mobilidade crescente,
exatamente devido à flexibilidade recém-conquistada
pelos sistemas de trabalho e integração social em redes:
como o tempo fica mais flexível, os lugares tornam-se
mais singulares à medida que as pessoas circulam entre
elas em um padrão cada vez mais móvel.
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede.
V. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
As tecnologias de informação e comunicação têm a
capacidade de modificar, inclusive, a forma de as
pessoas trabalharem. De acordo com o proposto pelo
autor,
(A) a “centralidade da casa” tende a concentrar as
pessoas em suas casas e, consequentemente,
reduzir a circulação das pessoas nas áreas comuns
da cidade, como ruas comerciais e shopping centers.
(B) as pessoas irão se deslocar por diversos lugares,
com mobilidade crescente, propiciada pela
flexibilidade recém-conquistada pelos sistemas de
trabalho e pela integração social em redes.
(C) cada vez mais as pessoas trabalham e administram
serviços de suas casas, tendência que deve diminuir
com o passar dos anos.
(D) o deslocamento das pessoas entre diversos lugares
é um dos fatores causadores do estresse nos
grandes centros urbanos.
(E) o fim da cidade será uma das consequências
inevitáveis da mobilidade crescente.
Superinteressante, São Paulo, fev. 2011.
1. (AED-SP)
De acordo com o texto, a afirmação de que “a internet
aumenta o número de amizades” é válida? Explique.
3. (ENEM-MEC)
O “Portal Domínio Público”, lançado em novembro de
2004, propõe o compartilhamento de conhecimentos de
forma equânime e gratuita, colocando à disposição de
todos os usuários da internet, uma biblioteca virtual que
deverá constituir referência para professores, alunos,
pesquisadores e para a população em geral.
Esse portal constitui um ambiente virtual que permite
a coleta, a integração, a preservação e o
compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal
objetivo o de promover o amplo acesso às obras
literárias, artísticas e científicas (na forma de textos,
sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que
tenham a sua divulgação devidamente autorizada.
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BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em:
< http://www.dominiopublico.gov.br > (adaptado).
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Considerando a função social das informações geradas
nos sistemas de comunicação e informação, o ambiente
virtual descrito no texto exemplifica
(D) reconhecer que as pessoas temem que o avanço
dos meios de comunicação, inclusive on-line,
substitua o homem e leve alguns profissionais ao
esquecimento.
(E) revelar o receio das pessoas em experimentar novos
meios de comunicação, com medo de se sentirem
retrógradas.
(A) a dependência das escolas públicas quanto ao uso
de sistemas de informação.
(B) a ampliação do grau de interação entre as pessoas,
a partir de tecnologia convencional.
(C) a democratização da informação, por meio da
disponibilização de conteúdo cultural e científico à
sociedade.
(D) a comercialização do acesso a diversas produções
culturais nacionais e estrangeiras via tecnologia da
informação e da comunicação.
(E) a produção de repertório cultural direcionado a
acadêmicos e educadores.
5. (ENEM-MEC)
Texto I
4. (ENEM-MEC)
É muito raro que um novo modo de comunicação ou
de expressão suplante completamente os anteriores.
Fala-se menos desde que a escrita foi inventada? Claro
que não. Contudo, a função da palavra viva mudou, uma
parte de suas missões nas culturas puramente orais
tendo sido preenchida pela escrita: transmissão dos
conhecimentos e das narrativas, estabelecimento de
contratos, realização dos principais atos rituais ou sociais
etc. Novos estilos de conhecimento (o conhecimento
“teórico”, por exemplo) e novos gêneros (o código de leis,
o romance etc.) surgiram. A escrita não fez com que a
palavra desaparecesse, ela complexificou e reorganizou
o sistema da comunicação e da memória social.
A fotografia substituiu a pintura? Não, ainda há
pintores ativos. As pessoas continuam, mais do que
nunca, a visitar museus, exposições e galerias, compram
as obras dos artistas para pendurá-las em casa. Em
contrapartida, é verdade que os pintores, os desenhistas,
os gravadores, os escultores não são mais – como foram
até o século XIX – os únicos produtores de imagens.
Época, 12 out. 2009 (adaptado).
Texto II
CONEXÃO SEM FIO NO BRASIL
Onde haverá cobertura de telefonia celular
para baixar publicações para o Kindle
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo:
Editora 34, 1999 (fragmento).
A substituição pura e simples do antigo pelo novo ou do
natural pelo técnico tem sido motivo de preocupação de
muita gente. O texto encaminha uma discussão em torno
desse temor ao
(A) considerar as relações entre o conhecimento teórico
e o conhecimento empírico e acrescenta que novos
gêneros textuais surgiram com o progresso.
(B) observar que a língua escrita não é uma transcrição
fiel da língua oral e explica que as palavras antigas
devem ser utilizadas para preservar a tradição.
(C) perguntar sobre a razão de as pessoas visitarem
museus, exposições etc., e reafirma que os
fotógrafos são os únicos responsáveis pela produção
de obras de arte.
Época, 12 out. 2009.
A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz
um anúncio sobre o lançamento do livro digital no Brasil.
Já o texto II traz informações referentes à abrangência de
acessibilidade das tecnologias de comunicação e
informação nas diferentes regiões do país. A partir da
leitura dos dois textos, infere-se que o advento do livro
digital no Brasil
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(A) possibilitará o acesso das diferentes regiões do país
às informações antes restritas, uma vez que
eliminará as distâncias, por meio da distribuição
virtual.
(B) criará a expectativa de viabilizar a democratização
da leitura, porém, esbarra na insuficiência do acesso
à internet por meio da telefonia celular, ainda
deficiente no país.
(C) fará com que os livros impressos tornem-se
obsoletos, em razão da diminuição dos gastos com
os produtos digitais gratuitamente distribuídos pela
internet.
(D) garantirá a democratização dos usos da tecnologia
no país, levando em consideração as características
de cada região no que se refere aos hábitos de
leitura e acesso à informação.
(E) impulsionará o crescimento da qualidade da leitura
dos brasileiros, uma vez que as características do
produto permitem que a leitura aconteça a despeito
das adversidades geopolíticas.
7. (ENEM-MEC)
Teatro do Oprimido é um método teatral que
sistematiza
exercícios,
jogos
e
técnicas
teatrais
elaboradas pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal,
recentemente falecido, que visa à desmecanização física
e intelectual de seus praticantes. Partindo do princípio de
que a linguagem teatral não deve ser diferenciada da que
é usada cotidianamente pelo cidadão comum (oprimido),
ele propõe condições práticas para que o oprimido se
aproprie dos meios do fazer teatral e, assim, amplie suas
possibilidades de expressão. Nesse sentido, todos
podem
desenvolver
essa
linguagem
e,
consequentemente, fazer teatro. Trata-se de um teatro
em que o espectador é convidado a substituir o
protagonista e mudar a condução ou mesmo o fim da
história, conforme o olhar interpretativo e contextualizado
do receptor.
Companhia Teatro do Oprimido. Disponível em:
< www.ctorio.org.br > (adaptado).
6. (ENEM-MEC)
No programa do balé Parade, apresentado em 18 de
maio de 1917, foi empregada publicamente, pela primeira
vez, a palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o
cenário e a indumentária, cujo efeito foi tão
surpreendente que se sobrepôs à coreografia. A música
de Erik Satie era uma mistura de jazz, música popular e
sons reais tais como tiros de pistola, combinados com as
imagens do balé de Charlie Chaplin, caubóis e vilões,
mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não eram
propícios para receber a nova mensagem cênica
demasiado provocativa devido ao repicar da máquina de
escrever, aos zumbidos de sirene e dínamo e aos
rumores de aeroplano previstos por Cocteau para a
partitura de Satie. Já a ação coreográfica confirmava a
tendência marcadamente teatral da gestualidade cênica,
dada pela justaposição, colagem de ações isoladas
seguindo um estímulo musical.
Considerando-se as características do
Oprimido apresentadas, conclui-se que
Teatro
do
(A) esse modelo teatral é um método tradicional de fazer
teatro que usa, nas suas ações cênicas, a linguagem
rebuscada e hermética falada normalmente pelo
cidadão comum.
(B) a forma de recepção desse modelo teatral se
destaca pela separação entre atores e público, na
qual os atores representam seus personagens e a
plateia assiste passivamente ao espetáculo.
(C) sua linguagem teatral pode ser democratizada e
apropriada pelo cidadão comum, no sentido de
proporcionar-lhe
autonomia
crítica
para
compreensão e interpretação do mundo em que vive.
(D) o convite ao espectador para substituir o
protagonista e mudar o fim da história evidencia que
a proposta de Boal se aproxima das regras do teatro
tradicional para a preparação de atores.
(E) a metodologia teatral do Teatro do Oprimido segue a
concepção do teatro clássico aristotélico, que visa à
desautomação física e intelectual de seus
praticantes.
SILVA, S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.; LEIRNER
(Org.). O surrealismo. São Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).
As manifestações corporais na história das artes da cena
muitas vezes demonstram as condições cotidianas de um
determinado grupo social, como se pode observar na
descrição acima do balé Parade, o qual reflete
(A) a falta de diversidade cultural na sua proposta
estética.
(B) a alienação dos artistas em relação às tensões da
Segunda Guerra Mundial.
(C) uma disputa cênica entre as linguagens das artes
visuais, do figurino e da música.
(D) as inovações tecnológicas nas partes cênicas,
musicais, coreográficas e de figurino.
(E) uma narrativa com encadeamentos claramente
lógicos e lineares.
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*Anotações*
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Na obra Entrudo, de Jean-Baptiste Debret (1768-1848),
apresentada acima,
8. (ENEM-MEC)
(A) registram-se cenas da vida íntima dos senhores de
engenho e suas relações com os escravos.
(B) identifica-se a presença de traços marcantes do
movimento artístico denominado Cubismo.
(C) identificam-se, nas fisionomias, sentimentos de
angústia e inquietações que revelam as relações
conflituosas entre senhores e escravos.
(D) observa-se a composição harmoniosa e destacam-se
as imagens que representam figuras humanas.
(E) constata-se que o artista utilizava a técnica do óleo
sobre tela, com pinceladas breves e manchas, sem
delinear as figuras ou as fisionomias.
10. (ENEM-MEC)
Disponível em: < http://algarveturistico.com >.
O desenvolvimento das capacidades físicas (qualidades
motoras passíveis de treinamento) ajuda na tomada de
decisões em relação à melhor execução do movimento.
A capacidade física predominante no movimento
representado na imagem é
(A) a velocidade, que permite ao músculo executar uma
sucessão rápida de gestos em movimentação de
intensidade máxima.
(B) a resistência, que admite a realização de
movimentos durante considerável período de tempo,
sem perda da qualidade da execução.
(C) a flexibilidade, que permite a amplitude máxima de
um movimento, em uma ou mais articulações, sem
causar lesões.
(D) a agilidade, que possibilita a execução de
movimentos rápidos e ligeiros com mudanças de
direção.
(E) o equilíbrio, que permite a realização dos mais
variados movimentos, com o objetivo de sustentar o
corpo sobre uma base.
MONET, C. Mulher com sombrinha. 1875, 100 × 81 cm. In:
BECKETT, W. História da Pintura. São Paulo: Ática, 1997.
Em busca de maior naturalismo em suas obras e
fundamentando-se em novo conceito estético, Monet,
Degas, Renoir e outros artistas passaram a explorar
novas formas de composição artística, que resultaram no
estilo denominado Impressionismo. Observadores
atentos da natureza, esses artistas passaram a
9. (ENEM-MEC)
(A) retratar, em suas obras, as cores que idealizavam de
acordo com o reflexo da luz solar nos objetos.
(B) usar mais a cor preta, fazendo contornos nítidos, que
melhor definiam as imagens e as cores do objeto
representado.
(C) retratar paisagens em diferentes horas do dia,
recriando, em suas telas, as imagens por eles
idealizadas.
(D) usar pinceladas rápidas de cores puras e
dissociadas diretamente na tela, sem misturá-las
antes na paleta.
(E) usar as sombras em tons de cinza e preto e com
efeitos esfumaçados, tal como eram realizadas no
Renascimento.
Jean-Baptiste Debret. Entrudo, 1834.
175
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O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão
11. (ENEM-MEC)
“Todas as manhãs quando acordo, experimento um
prazer supremo: o de ser Salvador Dalí.”
NÉRET, G. Salvador Dalí. Taschen, 1996.
Assim escreveu o pintor dos “relógios moles” e das
“girafas em chamas” em 1931. Esse artista excêntrico
deu apoio ao general Franco durante a Guerra Civil
Espanhola e, por esse motivo, foi afastado do movimento
surrealista por seu líder, André Breton. Dessa forma, Dalí
criou seu próprio estilo, baseado na interpretação dos
sonhos e estudos de Sigmund Freud, denominado
“método de interpretação paranoico”. Esse método era
constituído por textos visuais que demonstram imagens
(...)
(Caetano Veloso)
No final da década de 1960, surgiu um movimento
musical no Brasil do qual participaram ativamente, dentre
outros, Gilberto Gil e Caetano Veloso – autor da letra de
música acima, que expressa muitas das propostas do
movimento. Essa tendência recebeu o nome de:
(A) do fantástico, impregnado de civismo pelo governo
espanhol, em que a busca pela emoção e pela
dramaticidade
desenvolveram
um
estilo
incomparável.
(B) do onírico, que misturava sonho com realidade e
interagia refletindo a unidade entre o consciente e o
inconsciente como um universo único ou pessoal.
(C) da linha inflexível da razão, dando vazão a uma
forma de produção despojada no traço, na temática e
nas formas vinculadas ao real.
(D) do reflexo que, apesar do termo “paranoico”, possui
sobriedade e elegância advindas de uma técnica de
cores discretas e desenhos precisos.
(E) da expressão e intensidade entre o consciente e a
liberdade, declarando o amor pela forma de conduzir
o enredo histórico dos personagens retratados.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Bossa Nova.
Concretismo.
Jovem Guarda.
Tropicalismo.
Semana de Arte Moderna.
13. (ENEM-MEC)
12. (UFSCar-SP, adaptada)
Tropicália
Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Antonio Rocco. Os imigrantes, 1910,
Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país
Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da
proa chegavam à fedentina quente de um porto, num
silêncio de mato e de febre amarela. Santos. — É aqui!
Buenos Aires é aqui! — Tinham trocado o rótulo das
bagagens, desciam em fila. Faziam suas necessidades
nos trens dos animais onde iam. Jogavam-nos num
pavilhão comum em São Paulo. — Buenos Aires é aqui!
— Amontoados com trouxas, sanfonas e baús, num carro
de bois, que pretos guiavam através do mato por
estradas esburacadas, chegavam uma tarde nas
senzalas donde acabava de sair o braço escravo.
Formavam militarmente nas madrugadas do terreiro
homens e mulheres, ante feitores de espingarda ao
ombro.
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça
O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão
Oswald de Andrade. Marco Zero II – Chão.
Rio de Janeiro: Globo, 1991.
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Levando-se em consideração o texto de Oswald de
Andrade e a pintura de Antonio Rocco reproduzida
acima, relativos à imigração europeia para o Brasil, é
correto afirmar que
15. (ENEM-MEC)
Figura 1
(A) a visão da imigração presente na pintura é trágica e,
no texto, otimista.
(B) a pintura confirma a visão do texto quanto à
imigração de argentinos para o Brasil.
(C) os dois autores retratam dificuldades dos imigrantes
na chegada ao Brasil.
(D) Antonio Rocco retrata de forma otimista a imigração,
destacando o pioneirismo do imigrante.
(E) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida
do imigrante era melhor que a dos ex-escravos.
Disponível em: < http://www.numaboa.com >.
Figura 2
14. (ENEM-MEC)
Cuitelinho
Cheguei na bera do porto
Onde as onda se espaia.
As garça dá meia volta,
Senta na bera da praia.
E o cuitelinho não gosta
Que o botão da rosa caia.
Disponível em: < http://www.poracaso.com >.
Figura 3
Quando eu vim da minha terra,
Despedi da parentaia.
Eu entrei em Mato Grosso,
Dei em terras paraguaia.
Lá tinha revolução,
Enfrentei fortes bataia.
A tua saudade corta
Como o aço de navaia.
O coração fica aflito,
Bate uma e outra faia.
E os oio se enche d’água
Que até a vista se atrapaia.
Disponível em: < http://www.decodificandocodigos.pbwiki.com >.
Figura 4
Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó.
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua
materna. São Paulo: Parábola, 2004.
Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho manifesta
aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua
forma de falar, além de registrar um momento histórico.
Depreende-se disso que a importância em preservar a
produção cultural de uma nação consiste no fato de que
produções como a canção Cuitelinho evidenciam a
Disponível em: < http://www.numaboa.com >.
(A) recriação da realidade brasileira de forma ficcional.
(B) criação neológica na língua portuguesa.
(C) formação da identidade nacional por meio da
tradição oral.
(D) incorreção da língua portuguesa que é falada por
pessoas do interior do Brasil.
(E) padronização de palavras que variam regionalmente,
mas possuem mesmo significado.
O homem desenvolveu seus sistemas simbólicos para
utilizá-los em situações específicas de interlocução. A
necessidade de criar dispositivos que permitissem o
diálogo em momentos e/ou lugares distintos levou à
adoção universal de alguns desses sistemas.
Considerando que a interpretação de textos codificados
depende da sintonia e da sincronia entre o emissor e o
receptor, pode-se afirmar que a
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(D)
(A) recepção das mensagens que utilizam o sistema
simbólico da figura 1 pode ser feita horas depois de
sua emissão.
(B) recepção de uma mensagem codificada com o
auxílio do sistema simbólico mostrado na figura 2
independe do momento de sua emissão.
(C) mensagem que é mostrada na figura 4 será
decodificada sem o auxílio da língua falada.
(D) figura 3 mostra um sistema simbólico cuja criação é
(E)
anterior à criação do sistema mostrado na figura 2.
(E) figura 4 representa um sistema simbólico que recorre
à utilização do som para a transmissão das
mensagens.
16. (ENEM-MEC)
Os signos visuais, como meios de comunicação, são
classificados em categorias de acordo com seus
17. (ENEM-MEC)
significados. A categoria denominada indício corresponde
A linguagem utilizada pelos chineses há milhares de
anos é repleta de símbolos, os ideogramas, que revelam
parte da história desse povo. Os ideogramas primitivos
são quase um desenho dos objetos representados.
Naturalmente, esses desenhos alteraram-se com o
tempo, como ilustra a seguinte evolução do ideograma
aos signos visuais que têm origem em formas ou
situações naturais ou casuais, as quais, devido à
ocorrência em circunstâncias idênticas, muitas vezes
repetidas, indicam algo e adquirem significado. Por
exemplo, nuvens negras indicam tempestade.
Com base nesse conceito, escolha a opção que
,
representa um signo da categoria dos indícios.
que significa cavalo e em que estão representados
cabeça, cascos e cauda do animal.
(A)
Considerando o processo mencionado acima, escolha a
sequência que poderia representar a evolução do
ideograma chinês para a palavra luta.
(A)
(B)
(B)
(C)
(C)
(D)
(E)
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********** ATIVIDADES 2 **********
C3
H9
H10
Compreender e usar a linguagem corporal como
relevante para a própria vida, integradora social e
formadora da identidade.
Reconhecer as manifestações corporais de movimento
como originárias de necessidades cotidianas de um
grupo social.
Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos
corporais em função das necessidades cinestésicas.
20. (ENEM-MEC)
Observe a charge e responda à questão.
18. (ENEM-MEC)
Os vínculos entre o esporte e as guerras foram muito
estreitos. Há cem anos, na França, sociedades de
ginástica, de tiro e de esgrima se desenvolveram sob o
controle rígido do Exército. Cabia ao esporte preparar os
futuros quadros políticos do país. Atualmente o esporte
praticado pelas pessoas está mais relacionado ao lazer.
RAGACHE, G. Esportes e jogos. São Paulo:
Ática, 2001 (adaptado).
< http://portaldearaguari.bIogspot.com >.
A partir da leitura do texto, pode-se inferir que, na
atualidade, a prática esportiva pessoal está mais
relacionada
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Assinale a alternativa correta.
(A) A charge satiriza o comportamento do jogador, que
não se preocupa com o próprio condicionamento
físico.
(B) A falta de uma bola de futebol, na charge, indica que
esta se refere, na verdade, a problemas políticos, e
não a problemas do futebol.
(C) A crítica maior da charge é feita à qualidade dos
times de futebol, representados pelos uniformes do
jogador.
(D) O fato de o autor não ter tirado das camisas de
uniforme as marcas patrocinadoras dos times mostra
crítica ao excesso de propaganda no futebol.
(E) A referência ao estilista do jogador mostra uma
crítica do autor da charge à invasão do mundo
fashion nos gramados, por meio de uniformes
estilizados.
ao treinamento militar.
à preparação de quadros políticos.
ao interesse pela diversão.
à participação nas Olimpíadas.
às sociedades de ginástica e de esgrima.
19. (ENEM-MEC)
É bastante conhecida, no caso brasileiro, a história do
povo africano que, vivendo nas senzalas, inventou a
capoeira. Enquanto fingia estar dançando, treinava
golpes para defender-se dos seus opressores.
RAGACHE, G. Esportes e jogos. São Paulo:
Ática, 2001 (adaptado).
A partir da leitura do texto, é possível afirmar que os
povos
(A) copiam movimentos de outros lugares.
(B) criam
movimentos
relacionados
às
necessidades.
(C) são incapazes de elaborar movimentos.
(D) se limitam aos movimentos que já conhecem.
(E) só se movimentam para se defender.
H11
suas
Reconhecer a linguagem corporal como meio de
interação social, considerando os limites de
desempenho e as alternativas de adaptação para
diferentes indivíduos.
21. (ENEM-MEC)
As pinturas corporais foram sempre muito utilizadas
pelos povos indígenas em rituais de festas, magias e
lutos. Atualmente vemos pessoas pintarem os rostos por
protesto político, como foi o caso dos estudantes
chamados de “caras-pintadas”. Também os torcedores
de futebol pintam no rosto a bandeira de seus times.
________________________________________________
*Anotações*
Com base nesses exemplos, pode-se concluir que tais
gestos representam diferentes formas de
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
179
preconceitos.
expressões culturais.
manifestações esportivas.
sentimentos religiosos.
protestos políticos.
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incluindo subjetividade, idealização, sentimentalismo,
nacionalismo e temática social. Nos romances, os
finais felizes ganharam espaço, atendendo à
expectativa do crescente público.
*MÓDULO 3*
Literatura brasileira
Romantismo

O romance brasileiro da época dividiu-se em três
gêneros principais:

O indianista valorizou o indígena como “bom
selvagem” e parte do mito fundador da identidade
nacional, em sua união com o colonizador europeu.

O urbano retratou o dia a dia e os eventos especiais,
como as festas, nas cidades. Alguns retrataram os
conflitos vividos pela sociedade burguesa, como o
dilema entre o interesse financeiro e o sentimento
amoroso.

O regionalista descreveu as diferentes áreas e
culturas do vasto território brasileiro, também em
busca de um mapeamento que ajudasse a criar uma
identidade nacional.

Uma obra se destaca do conjunto de romances do
período por descrever a sociedade de modo mais
realista,
distanciando-se
da
idealização
de
personagens e situações da sociedade burguesa:
Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel
Antônio de Almeida. A obra é construída em torno da
figura do malandro, que ressurgiria mais tarde em
vários romances brasileiros, como Macunaíma, de
Mário de Andrade, e Serafim Ponte Grande, de
Oswald de Andrade.
RÉUNION DES MUSÉES NATIONAUX
 Representação da Queda da Bastilha, evento que marcou a
Revolução Francesa, auge do Iluminismo, movimento inspirador do
Romantismo brasileiro

O indivíduo, com seus sentimentos e expectativas,
foi valorizado com o avanço da burguesia, a
decadência da monarquia e o triunfo dos valores
como a liberdade e a igualdade de direitos difundidos
pelo Iluminismo e pela Revolução Francesa.

O Romantismo foi a expressão desse individualismo.
A
literatura
romântica
caracterizou-se
pelo
egocentrismo, pela idealização e pela melancolia. No
Brasil, foi consolidado o sentimento de amor à pátria.

A poesia romântica brasileira divide-se em três
gerações:

A primeira geração é marcada pelo nacionalismo e
pelo indianismo.

Realismo e Naturalismo
A
segunda
geração,
dos
ultrarromânticos,
caracteriza-se pelo pessimismo e pelo desencanto
com a vida, sentimentos a que se refere a expressão
“mal do século”. É uma expressão também vinculada
às doenças pulmonares fatais, destacadamente a
tuberculose, que vitimavam os boêmios, entre eles
importantes nomes das artes nacionais e
internacionais.

A terceira geração somou à temática romântica as
questões sociais, entre elas a condenação das
desigualdades, como aquela determinada pela
escravidão.

A prosa romântica abordou essencialmente a mesma
temática explorada pela poesia do período no Brasil,
180

O avanço do conhecimento científico sobre a
natureza e as relações sociais a partir da segunda
metade do século XIX alimentou teorias cientificistas
e deterministas, ambiente que fomentou o
surgimento da literatura realista, atenta à condição
objetiva do ser humano em oposição à idealização
cultivada no Romantismo.

A crítica social foi outro aspecto essencial do
Realismo, com o uso da observação fria e
distanciada dos acontecimentos. O extremo da
postura cientificista na literatura foi o Naturalismo,
que procurou explicar o ser humano e sua situação
como resultado da raça, do ambiente e das
circunstâncias históricas.

Machado de Assis renovou a literatura brasileira com
a refinada ironia do texto e a originalidade da
narrativa, destacando-se o romance Memórias
Póstumas de Brás Cubas, no qual o narrador, depois
de morto, conta a história de sua vida. Em Portugal,
o grande nome da prosa realista foi Eça de Queirós,
que, assim como Machado de Assis, criticou os
costumes da elite burguesa da época.
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Parnasianismo e Simbolismo




O culto à forma foi o atributo fundamental do período
literário parnasiano, que surgiu e se consolidou no
cenário nacional nas últimas décadas do século XIX
(e continuaria influenciando o conceito de “bom
gosto” literário até a explosão do Modernismo, já na
segunda década do século XX). Os parnasianos
defendiam o retorno aos ideais clássicos da arte,
baseados na beleza greco-romana, equilíbrio e
objetividade. Reagiam contra o que chamavam de
excessos de fantasia e emoção do Romantismo. No
Brasil, Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de
Oliveira foram os principais autores do período e
formaram a “tríade parnasiana”.
Uma das pretensões fundamentais do Simbolismo
era a reintegração à natureza. O marco inaugural do
movimento foi a publicação, em 1857, de As Flores
do
Mal,
de
Charles
Baudelaire.
Em
Correspondências, poema que integra o livro e que
influenciaria toda uma geração de autores, inclusive
no Brasil, o decifrar dos símbolos revelaria ao
homem a correspondência entre tudo no mundo,
matéria e espírito, homem e natureza. A sinestesia,
que estabelece vínculos entre sentidos diferentes, é
uma das figuras de linguagem mais utilizadas no
período. O discurso científico e materialista da época
foi posto em xeque pelos simbolistas.
A música, por seu caráter imaterial, fortemente
sugestivo, era uma das principais inspirações dos
simbolistas. Os autores do período buscavam a
aproximação entre literatura e música, pelo uso
recorrente de figuras de linguagem, como a
aliteração (repetições de sons consonantais) e a
assonância (repetição de sons vocálicos). Para os
simbolistas, só a sugestão era capaz de levar o
homem a intuir os mistérios do universo, como a
existência e a morte.
Cruz e Sousa foi o grande poeta simbolista brasileiro.
Os livros Missal (prosa) e Broquéis (poesia), de sua
autoria, inauguram o Simbolismo no Brasil, em 1893.
A poesia de Cruz e Sousa foi marcada pelos temas
da morte, da existência e da religiosidade e pela
predominância de imagens imprecisas e forte
musicalidade. Outro autor brasileiro de destaque foi
Alphonsus
de
Guimaraens,
que
tratou
frequentemente do tema da morte da mulher amada.

Com a campanha de Canudos, Euclides da Cunha
chegou à conclusão: “O sertanejo é, antes de tudo,
um forte”. Revendo as teorias de superioridade de
raça e degenerescência social em vigor no começo
do século XX, o autor de Os Sertões reconheceu a
força genuína desse homem, vítima da pobreza, da
desnutrição, do analfabetismo, da doença.

Policarpo Quaresma, protagonista do romance Triste
Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, é
considerado o Dom Quixote brasileiro. Caracteriza-se, a exemplo da personagem do espanhol Miguel
de Cervantes, por seu idealismo e pela não
correspondência entre aquilo em que acredita e
aquilo que de fato é. Policarpo é defensor
apaixonado das coisas e da gente do Brasil,
sonhador de um país integrado e generoso.
Terminará a vida perseguido e desiludido, vítima
daqueles que sempre usaram o nome da pátria em
nome de vantagens pessoais.

Lima Barreto foi um dos defensores da nova atitude
preconizada pelos escritores pré-modernistas: a
adoção de uma linguagem mais coloquial, próxima
do
cotidiano
da
população,
contrária
ao
academicismo vigente no Brasil. Por esse motivo,
Lima Barreto foi acusado, injustamente, de escrever
em mau português.

Monteiro Lobato foi também uma das principais
figuras do Pré-Modernismo. Ele revelou, por meio de
Jeca Tatu, personagem de conto do livro Urupês, a
situação de abandono do trabalhador rural e da
agricultura brasileira. Jeca Tatu era o símbolo do
caipira pobre, doente e desamparado. Lobato foi
também precursor de campanhas nacionalistas,
como a do petróleo brasileiro.

Augusto dos Anjos foi o maior destaque na poesia do
período. Publicou uma única obra: Eu.
Modernismo

Mário de Andrade e Oswald de Andrade foram os
principais teóricos e articuladores do movimento
modernista no Brasil, influenciados pelas vanguardas
artísticas europeias das duas primeiras décadas do
século XX, com destaque para o Cubismo, o
Dadaísmo e o Surrealismo.

Manuel Bandeira é o terceiro grande nome da
primeira geração do Modernismo brasileiro. O poema
Poética é uma síntese da nova sensibilidade
modernista, em oposição ao formalismo e
academicismo que vigoravam na arte.

A Semana de Arte Moderna foi o marco inaugural do
Modernismo no Brasil. Reuniu, no Teatro Municipal
de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de
1922, os novos artistas brasileiros. A arte moderna
provocou a reação irada de muitos na plateia, que
vaiaram.
Pré-Modernismo

O nacionalismo foi uma das principais características
do Pré-Modernismo. Os autores desse período
literário defendiam a integração nacional ampla e
generosa e valorizavam os usos e costumes
brasileiros. Os pré-modernistas também fizeram da
literatura um instrumento de transformação social,
elegendo novas personagens (os pobres, de modo
geral) e denunciando e ironizando a ordem vigente.
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





O nacionalismo também foi uma das características
do Modernismo brasileiro, mas com particularidades:
os modernistas defendiam a cultura brasileira, suas
tradições mais antigas e originais, sem idealização.
Era um nacionalismo crítico, capaz de valorizar as
qualidades brasileiras, como a cultura popular, e
também de apontar os vícios crônicos do país.
acompanham conquistas das gerações anteriores,
mas inovam nas formas artísticas de expressão.
O romance de 30 foi uma das grandes realizações
da segunda geração do Modernismo, que vai de
1930 a 1945. Autores das mais diversas localidades
do país, como Graciliano Ramos, José Lins do Rego
e Érico Veríssimo, transformaram a literatura em
ferramenta de denúncia social, retratando problemas
da vida brasileira sem idealização, como retirantes
da seca. Empregaram linguagem que incorpora o
vocabulário e a sintaxe de suas personagens.
Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, é a obra
mais popular da segunda geração do Modernismo (e
também a inspiração para um clássico do cinema
brasileiro, dirigido por Nelson Pereira dos Santos e
lançado em 1963). Revela a miséria de uma família
nordestina que foge da seca. Graciliano utilizou
linguagem concisa e direta, sem floreios, para
mimetizar a secura da vida sertaneja. Um dos
destaques da obra é o uso do discurso indireto livre,
que cria o efeito de monólogo interior e aproxima o
leitor dos dramas das personagens. Além disso, o
emprego
das
linguagens
antropomórfica
e
zoomórfica coloca homens e animais no mesmo
plano; ainda mais: animaliza os homens e humaniza
os animais, em especial a cadela Baleia.

Foi o alcance dado ao sertão de Minas Gerais o
grande destaque da obra do escritor João Guimarães
Rosa, principalmente em Grande Sertão: Veredas.
As questões em jogo no livro, como amor, amizade e
traição, dizem respeito a todos, independentemente
de serem vividas por jagunços.

Metalinguagem e fluxo de consciência são duas
características que distinguem a obra de Clarice
Lispector. O fluxo de consciência permite o
aprofundamento
do
exame
psicológico
da
personagem, levando o leitor para a “mente” delas.

João Cabral de Melo Neto foi o principal
representante da poesia do Modernismo da Geração
de 45. É reconhecido pelo estilo conciso e pelo apuro
formal de seus versos.
********** ATIVIDADES 1 **********
1. (ENEM-MEC)
Soneto
Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!… já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece…
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O ciclo da cana-de-açúcar foi o grande tema de José
Lins do Rego. Seus romances retrataram a vida nos
engenhos do Nordeste e as oposições entre a casa-grande e a senzala. O livro que fecha o ciclo, Fogo
Morto, de 1943, mostra a derrocada do modo de
produção
tradicional
do
açúcar,
com
a
industrialização e a chegada do sistema produtivo
das usinas. No Rio Grande do Sul, Érico Veríssimo
narrou a conturbada formação de seu estado, no
épico O Tempo e o Vento. Enquanto isso, seu
conterrâneo Dyonélio Machado se ocupou de temas
urbanos, de cunho psicológico.
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!
AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda
geração romântica, porém configura um lirismo que o
projeta para além desse momento específico. O
fundamento desse lirismo é
A poesia de Carlos Drummond de Andrade lançou o
tema do gauchismo, isto é, do eu-lírico que não se
encaixa no mundo, vive em total descompasso com
ele. Seu livro de estreia, Alguma Poesia, de 1930,
representa essa fase gauche. Drummond foi também
o poeta engajado socialmente, como nas obras
Sentimento do Mundo e A Rosa do Povo. Depois,
adotou postura mais reflexiva, metafísica e filosófica,
como em Claro Enigma. A fase final de sua obra
poética é memorialista, como em Boitempo I e II.
(A) a angústia alimentada pela constatação da
irreversibilidade da morte.
(B) a melancolia que frustra a possibilidade de reação
diante da perda.
(C) o descontrole das emoções provocado pela
autopiedade.
(D) o desejo de morrer como alívio para a desilusão
amorosa.
(E) o gosto pela escuridão como solução para o
sofrimento.
A pesquisa estética foi uma das principais
características da terceira fase do Modernismo
brasileiro, a Geração de 45. Os autores do período
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fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às
pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo
num trabalho íntimo de espantosa atividade. Transborda
a vida.
2. (ENEM-MEC)
Pobre Isaura! Sempre e em toda parte esta contínua
importunação de senhores e de escravos, que não a
deixam sossegar um só momento! Como não devia viver
aflito e atribulado aquele coração! Dentro de casa
contava ela quatro inimigos, cada qual mais porfiado em
roubar-lhe a paz da alma, e torturar-lhe o coração: três
amantes, Leôncio, Belchior, e André, e uma êmula
terrível e desapiedada, Rosa. Fácil lhe fora repelir as
importunações e insolências dos escravos e criados; mas
que seria dela, quando viesse o senhor?!...
TAUNAY, A. Inocência. São Paulo:
Ática, 1993 (adaptado).
O romance romântico teve fundamental importância na
formação da ideia de nação. Considerando o trecho
acima, é possível reconhecer que uma das principais e
permanentes contribuições do Romantismo para
construção da identidade da nação é a
GUIMARÃES, B. A escrava Isaura. São Paulo:
Ática, 1995 (adaptado).
(A) possibilidade de apresentar uma dimensão
desconhecida da natureza nacional, marcada pelo
subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de
renovação.
(B) consciência da exploração da terra pelos
colonizadores e pela classe dominante local, o que
coibiu a exploração desenfreada das riquezas
naturais do país.
(C) construção, em linguagem simples, realista e
documental, sem fantasia ou exaltação, de uma
imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a
natureza brasileira.
(D) expansão dos limites geográficos da terra, que
promoveu o sentimento de unidade do território
nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes
do Brasil aos brasileiros.
(E) valorização da vida urbana e do progresso, em
detrimento do interior do Brasil, formulando um
conceito de nação centrado nos modelos da
nascente burguesia brasileira.
A personagem Isaura, como afirma o título do romance,
era uma escrava. No trecho apresentado, os sofrimentos
por que passa a protagonista
(A) assemelham-se aos das demais escravas do país, o
que indica o estilo realista da abordagem do tema da
escravidão pelo autor do romance.
(B) demonstram que, historicamente, os problemas
vividos pelas escravas brasileiras, como Isaura, eram
mais de ordem sentimental do que física.
(C) diferem dos que atormentavam as demais escravas
do Brasil do século XIX, o que revela o caráter
idealista da abordagem do tema pelo autor do
romance.
(D) indicam que, quando o assunto era o amor, as
escravas brasileiras, de acordo com a abordagem
lírica do tema pelo autor, eram tratadas como as
demais mulheres da sociedade.
(E) revelam a condição degradante das mulheres
escravas no Brasil, que, como Isaura, de acordo com
a denúncia feita pelo autor, eram importunadas e
torturadas fisicamente pelos seus senhores.
4. (ENEM-MEC)
No trecho a seguir, o narrador, ao descrever a
personagem, critica sutilmente um outro estilo de época:
o Romantismo.
3. (ENEM-MEC)
O sertão e o sertanejo
Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos,
tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e
ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante
tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum
tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma
faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na touceira,
queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer
aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo
esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e
vacilante os espaços imensos que se alongam diante
dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com
mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo
até se extinguir de todo, deixando como sinal da
avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi
seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia;
de todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém,
daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de
Naquele tempo contava apenas uns quinze ou
dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da
nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não
digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as
mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que
o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às
sardas e espinhas; mas também não digo que lhe
maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era
bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele
feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro
indivíduo, para os fins secretos da criação.
Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Rio de Janeiro: Jackson,1957.
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador
ao Romantismo está transcrita na alternativa:
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(A) “... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos
às sardas e espinhas...”
(B) “... era talvez a mais atrevida criatura da nossa
raça...”
(C) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia
daquele feitiço, precário e eterno...”
(D) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou
dezesseis anos...”
(E) “... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins
secretos da criação.”
6. (ENEM-MEC)
Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
5. (ENEM-MEC)
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Capítulo III
Ó almas presas, mudas e fechadas
Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e,
enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando
Nas prisões colossais e abandonadas,
a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
metais que amava de coração; não gostava de bronze,
mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e
Nesses silêncios solitários, graves,
assim se explica este par de figuras que aqui está na
que chaveiro do Céu possui as chaves
sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de
para abrir-vos as portas do Mistério?!
escolher, escolheria a bandeja, – primor de argentaria,
execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério.
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis:
Fundação Catarinense de Cultura / Fundação
Banco do Brasil, 1993.
Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o
aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse
que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e
Os elementos formais e temáticos relacionados ao
não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha
contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema
insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados
Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são
brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que
(A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e
ele queria pôr na sala, como um pedaço da província,
direta, de temas filosóficos.
nem o pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês,
(B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em
Jean; foi degradado a outros serviços.
relação à temática nacionalista.
(C) o refinamento estético da forma poética e o
ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V. 1.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento).
tratamento metafísico de temas universais.
(D) a evidente preocupação do eu-lírico com a realidade
Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e
da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a
peculiaridade do texto que garante a universalização de
sua abordagem reside
social expressa em imagens poéticas inovadoras.
(E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa
a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do
cotidiano.
(A) no conflito entre o passado pobre e o presente rico,
que simboliza o triunfo da aparência sobre a
essência.
(B) no sentimento de nostalgia do passado devido à
substituição da mão de obra escrava pela dos
imigrantes.
(C) na referência a Fausto e Mefistófeles, que
representam o desejo de eternização de Rubião.
(D) na admiração dos metais por parte de Rubião, que
metaforicamente representam a durabilidade dos
bens produzidos pelo trabalho.
(E) na resistência de Rubião aos criados estrangeiros,
que reproduz o sentimento de xenofobia.
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*Anotações*
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Textos para as questões 8 e 9.
7. (ENEM-MEC)
Texto 1
O canto do guerreiro
O Morcego
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
(Gonçalves Dias)
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Macunaíma
(Epílogo)
ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.
Acabou-se a história e morreu a vitória.
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na
tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um
em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares,
aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meiosbarrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão
do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio
Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia
nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão
pançudos. Quem podia saber do Herói?
Texto 2
O lugar-comum em que se converteu a imagem de um
poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso,
dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o
olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo
certa frieza, certa impessoalidade científica.
CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia.
Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).
(Mário de Andrade)
Em consonância com os comentários do texto 2 acerca
da poética de Augusto dos Anjos, o poema O Morcego
apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como
forma estética capaz de
8. (ENEM-MEC)
A leitura comparativa dos dois textos acima indica que
(A) ambos têm como tema a figura do indígena brasileiro
apresentada de forma realista e heróica, como
símbolo máximo do nacionalismo romântico.
(B) a abordagem da temática adotada no texto escrito
em versos é discriminatória em relação aos povos
indígenas do Brasil.
(C) as perguntas “— Quem há, como eu sou?” (1.º texto)
e “Quem podia saber do Herói?” (2.º texto)
expressam diferentes visões da realidade indígena
brasileira.
(D) o texto romântico, assim como o modernista, aborda
o extermínio dos povos indígenas como resultado do
processo de colonização no Brasil.
(E) os versos em primeira pessoa revelam que os
indígenas podiam expressar-se poeticamente, mas
foram silenciados pela colonização, como demonstra
a presença do narrador, no segundo texto.
(A) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos
banais são revestidos na poesia.
(B) expressar o caráter doentio da sociedade moderna
por meio do gosto pelo macabro.
(C) representar realisticamente as dificuldades do
cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho
existencial.
(D) abordar dilemas humanos universais a partir de um
ponto de vista distanciado e analítico acerca do
cotidiano.
(E) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de
elementos das histórias de horror e suspense na
estrutura lírica da poesia.
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No poema de Bandeira, importante representante da
poesia modernista, destaca-se como característica da
escola literária dessa época
9. (ENEM-MEC)
Considerando-se a linguagem desses dois textos,
verifica-se que
(A) a reiteração de palavras como recurso de construção
de rimas ricas.
(B) a utilização expressiva da linguagem falada em
situações do cotidiano.
(C) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo
do tema abordado.
(D) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador
do estilo literário dessa época.
(E) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do
Realismo.
(A) a função da linguagem centrada no receptor está
ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.
(B) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial,
enquanto, no segundo, predomina a linguagem
formal.
(C) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo
menos uma palavra de origem indígena.
(D) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se
na forma de organização da linguagem e, no
segundo, no relato de informações reais.
(E) a função da linguagem centrada na primeira pessoa,
predominante no segundo texto, está ausente no
primeiro.
12. (ENEM-MEC)
Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a
carta de Pero Vaz de Caminha.
10. (ENEM-MEC)
A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muito,
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui.
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de Sol
O índio tinha despido
O português.
Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
O primitivismo observável no poema acima, de Oswald
de Andrade, caracteriza de forma marcante
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
o regionalismo do Nordeste.
o concretismo paulista.
a poesia Pau-Brasil.
o simbolismo pré-modernista.
o tropicalismo baiano.
11. (ENEM-MEC)
Murilo Mendes. Murilo Mendes — poesia completa
e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei com o seu
[ corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
— Você não sabe quando a gente é criança e de
[ repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
— A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
— Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse
poema, criando um efeito de contraste, como ocorre em
(A)
(B)
(C)
(D)
“A terra é mui graciosa” / “Tem macaco até demais”.
“Salvo o devido respeito” / “Reforçai, Senhor, a arca”.
“A gente vai passear” / “Ficarei muito saudoso”.
“De plumagens mui vistosas” / “Bengala de castão de
oiro”.
(E) “No chão espeta um caniço” / “Diamantes tem à
vontade”.
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*Anotações*
Manuel Bandeira. Poesia completa & prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
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elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca,
uma constituição de narrador em que narrador e criaturas
se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o
debate acontece porque, para a intelectualidade
brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de
aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto
como um ser humano de segunda categoria, simples
demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente
complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não
envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta
de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam
plenamente capazes.
13. (ENEM-MEC)
No poema “Procura da poesia”, Carlos Drummond de
Andrade expressa a concepção estética de se fazer com
palavras o que o escultor Michelângelo fazia com
mármore. O fragmento abaixo exemplifica essa
afirmação.
(...)
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
(...)
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
trouxeste a chave?
Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa.
São Paulo: USP, n.º 2, 2001, p. 254.
A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das
informações do texto II, relativas às concepções artísticas
do romance social de 1930, avalie as seguintes
afirmativas.
Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo.
Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 13-14.
I.
O pobre, antes tratado de forma exótica e
folclórica
pelo
regionalismo
pitoresco,
transforma-se em protagonista privilegiado do
romance social de 30.
II.
A incorporação do pobre e de outros
marginalizados indica a tendência da ficção
brasileira da década de 30 de tentar superar a
grande distância entre o intelectual e as
camadas populares.
III.
Graciliano Ramos e os demais autores da
década de 30 conseguiram, com suas obras,
modificar a posição social do sertanejo na
realidade nacional.
Esse fragmento poético ilustra o seguinte tema constante
entre autores modernistas:
(A) a nostalgia do passado colonialista revisitado.
(B) a preocupação com o engajamento político e social
da literatura.
(C) o trabalho quase artesanal com as palavras,
despertando sentidos novos.
(D) a produção de sentidos herméticos na busca da
perfeição poética.
(E) a contemplação da natureza brasileira na perspectiva
ufanista da pátria.
14. (ENEM-MEC)
É correto apenas o que se afirma em
Texto I
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o
segurava era a família. Vivia preso como um novilho
amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não
fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não.
(...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço.
Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal
na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o
pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um
patrão
invisível,
seriam
pisados,
maltratados,
machucados por um soldado amarelo.
I.
II.
III.
I e II.
II e III.
15. (ENEM-MEC)
No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese
de que no Brasil havia duas literaturas independentes
dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul,
regiões segundo ele muito diferentes por formação
histórica, composição étnica, costumes, modismos
linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais
que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em
nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou
mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em
verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as
características locais.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo:
Martins, 23.ª ed., 1969, p. 75.
Texto II
Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro,
enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma
tentativa de incorporação dessa figura no campo da
ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis
soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas,
CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e
outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.
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Com relação à valorização, no romance regionalista
brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas
regiões nacionais, sabe-se que
Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são
exemplos de uma abordagem literária recorrente na
literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos,
(A) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela
temática essencialmente urbana, colocando em
relevo a formação do homem por meio da mescla de
características locais e dos aspectos culturais
trazidos de fora pela imigração europeia.
(B) José de Alencar, representante, sobretudo, do
romance urbano, retrata a temática da urbanização
das cidades brasileiras e das relações conflituosas
entre as raças.
(C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo
acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo
temário local, expressando a vida do homem em face
da natureza agreste, e assume frequentemente o
ponto de vista dos menos favorecidos.
(D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos
expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a
formação do homem brasileiro, o sincretismo
religioso, as raízes africanas e indígenas que
caracterizam o nosso povo.
(E) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes
Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas
de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a
problemática do homem urbano em confronto com a
modernização do país promovida pelo Estado Novo.
(A) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos
personagens marginalizados.
(B) a ironia marca o distanciamento dos narradores em
relação aos personagens.
(C) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela
a sua origem social.
(D) o espaço onde vivem os personagens é uma das
marcas de sua exclusão.
(E) a crítica à indiferença da sociedade pelos
marginalizados é direta.
17. (ENEM-MEC)
Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil
com uma mostra que abalou a cultura nacional do início
do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa,
Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no
Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro
Lobato. Com a intenção de criar uma arte que
valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros
artistas modernistas
(A) buscaram libertar a arte brasileira das normas
acadêmicas europeias, valorizando as cores, a
originalidade e os temas nacionais.
(B) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até
então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação
artística nacional.
(C) representaram a ideia de que a arte deveria copiar
fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática
educativa.
(D) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras
retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada
à tradição acadêmica.
(E) buscaram a liberdade na composição de suas
figuras, respeitando limites de temas abordados.
16. (ENEM-MEC)
Texto I
Logo depois transferiram para o trapiche o depósito
dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava.
Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não
mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques
de todas as cores e de idades as mais variadas, desde
os nove aos dezesseis anos, que à noite se estendiam
pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam,
indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando,
indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas
com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os
ouvidos presos às canções que vinham das
embarcações...
18. (ENEM-MEC)
O poema abaixo pertence à poesia concreta brasileira. O
termo latino de seu título significa “epitalâmio”, poema ou
canto em homenagem aos que se casam.
AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia
das Letras, 2008 (fragmento).
Texto II
À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do
mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali os
bêbados são felizes. Curitiba os considera animais
sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e
pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do
mercado.
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos.
Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).
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*Anotações*
Considerando que símbolos e sinais são utilizados
geralmente para demonstrações objetivas, ao serem
incorporados no poema “Epithalamium - II”,
(A) adquirem novo potencial de significação.
(B) eliminam a subjetividade do poema.
(C) opõem-se ao tema principal do poema.
(D) invertem seu sentido original.
(E) tornam-se confusos e equivocados.
19. (ENEM-MEC)
Quem não passou pela experiência de estar lendo um
texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros?
Os textos conversam entre si em um diálogo constante.
Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade.
Leia os seguintes textos:
I.
Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida
Carlos Drummond de Andrade. Alguma
poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964.
II.
Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim.
Chico Buarque. Letra e Música.
São Paulo: Cia. das Letras, 1989.
III.
Quando nasci um anjo esbelto
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Carga muito pesada pra mulher
Esta espécie ainda envergonhada.
Adélia Prado. Bagagem. Rio
de Janeiro: Guanabara, 1986.
Adélia
Prado
e
Chico
Buarque
estabelecem
intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de
Andrade, por
(A) reiteração de imagens.
(B) oposição de ideias.
(C) falta de criatividade.
(D) negação dos versos.
(E) ausência de recursos.
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********** ATIVIDADES 2 **********
C8
H27
Compreender e usar a língua portuguesa como
língua materna, geradora de significação e
integradora da organização do mundo e da própria
identidade.
Reconhecer os usos da norma-padrão da língua
portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Observe o anúncio publicitário abaixo, publicado na
revista Le lis blanc (São Paulo, dez. 2004), e responda às
duas próximas questões.
II.
No texto, o termo “rodadas” foi mal empregado,
uma vez que não mantém o paralelismo da
enumeração introduzida pelos dois-pontos, não
admitindo a preposição “com” na ligação com
seu termo regente.
III.
No texto, os termos “imensas” e “miúdas” são
considerados antônimos, já que expressam
características opostas, em que um pode ser
empregado pelo oposto do outro.
Assinale a alternativa correta.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
saia de saia
Sim, elas estão com tudo:
com flores imensas ou bem miúdas,
lisas, com pregas, rodadas e muito balanço
Apenas a proposição I é verdadeira.
Apenas a proposição III é verdadeira.
Apenas as proposições II e III são verdadeiras.
Apenas as proposições I e III são verdadeiras.
Todas as proposições são verdadeiras.
22. (ENEM-MEC)
A figura a seguir trata da “taxa de desocupação” no
Brasil, ou seja, a proporção de pessoas desocupadas em
relação à população economicamente ativa de uma
determinada região em um recorte de tempo.
20. (ENEM-MEC)
No anúncio publicitário acima, ocorreu um caso de
homonímia perfeita, ou seja, palavras de mesma grafia,
mesma pronúncia, sentidos diferentes.
Assinale, dentre os itens seguintes, aqueles que
possuem a mesma caracterização semântica e depois
marque a alternativa adequada.
I.
A dança de acasalamento do animal lembra a
maneira como o jovem dança neste momento.
II.
A taxa cobrada pelo serviço taxa apenas as
pessoas de baixa renda.
III.
O primeiro passo é dirigir-se ao paço municipal
para receber as orientações.
IV.
Os devotos de São Tomás de Aquino são
extremamente fervorosos.
Disponível em: < http://www.ibge.gov.br > (adaptado).
Na Capital Federal, a descriminação do senador
gerou manifestações contra a discriminação das
pessoas.
A norma-padrão da língua portuguesa está respeitada,
na interpretação do gráfico, em:
V.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
(A) Durante o ano de 2008, foi em geral decrescente a
taxa de desocupação no Brasil.
(B) Nos primeiros meses de 2009, houveram acréscimos
na taxa de desocupação.
(C) Em 12/2008, por ocasião das festas, a taxa de
desempregados foram reduzidos.
(D) A taxa de pessoas desempregadas em 04/08 e
02/09, é estatisticamente igual: 8,5.
(E) Em março de 2009 as taxas tenderam à piorar: 9
entre 100 pessoas desempregadas.
Há homônimos perfeitos apenas nos itens I e II.
Há homônimos perfeitos apenas nos itens I, II e III.
Há homônimos perfeitos apenas nos itens II, III e IV.
Há homônimos perfeitos apenas nos itens I, II e IV.
Há homônimos perfeitos em todos os itens.
21. (ENEM-MEC)
Tendo como referência o anúncio publicitário acima,
marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as proposições
abaixo.
I.
________________________________________________
*Anotações*
A preposição “com”, utilizada no texto
publicitário, orienta para uma relação semântica
de conteúdo, sendo que a expressão “estão com
tudo” pode ser substituída por “possuem” sem
que se prejudiquem a coerência e a correção
gramatical do texto.
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http://www.google.com.br
http://www.uol.com.br
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