TRABALHO INDIVIDUAL REALIZADO NO ÂMBITO DA AÇÃO DE FORMAÇÃO:
“LER EM FAMÍLIA: VIAGENS PARTILHADAS (COM A ESCOLA?)”
LIVRO ESCOLHIDO:

“O PALHAÇO VERDE”;
 AUTOR: MATILDE ROSA ARAÚJO– Livros Horizonte
 ILUSTRAÇÕES: Maria Keil da autoria de Nuno Feijão.
 PÚBLICO-ALVO: ALUNOS DO 1.º CICLO – 3.º ANO
©Livros Horizonte
Escolhi esta história para contar a crianças do 3.º ano de escolaridade, perto do Carnaval.
Quando falamos em palhaços os alunos associam logo a circo, Carnaval – altura do ano em que tudo
ou quase tudo é sinónimo de alegria, brincadeira, palhaçadas, …
É uma história fantástica e tenho quase a certeza de que já a conhece. No entanto, vou inserir
um excerto que acho particularmente delicioso, musical e envolvente.
Com a leitura deste texto os alunos ficam a querer mais, a querer conhecer o livro, a história do
Palhaço Verde.
«O espetáculo ia começar.
A música parou. Apagaram-se as luzes todas. E, de repente, abriu-se só uma luz, enorme, sobre
a pista de madeira.
Todos os meninos e quem os acompanhava olhavam aquela luz. Que iriam ver?
Viram o Senhor Forças, que apareceu a sorrir com os dentes enormes e muito brilhantes. E
falou:
- Respeitável público! Queridas crianças!
As “queridas crianças” eram as meninas e os meninos que, sentados nos seus lugares, abriam os
olhos admirados, à espera, à espera. E alguns até abriam a boca, muito distraídos, deslumbrados com
a ideia do que iam ver.
- Queridas crianças! – continuou o Senhor Forças – Hoje vão conhecer o nosso novo Palhaço. Ele
é simples, é alegre, é bom. E chama-se…
Aqui o Senhor Forças atrapalhou-se. Como se chamava o Palhaço? Palhaço não é nome. Todos
os palhaços, como todas as pessoas, têm um nome…
- E chama-se…
Mas que falta de lembrança! Porque não lho tinha perguntado?
- E chama-se…
Coitado do Senhor Forças! Mas é tão natural estarmos atrapalhados, sem palavras, por uma
distração ou falta de memória…
Entretanto ouviu-se uma gargalhada. Luminosa. Que o riso também pode ter luz.
O Palhaço, o nosso Palhaço, vira o Senhor Forças assim a modos que embaraçado e viera a
correr em sua ajuda.
Chegou a correr da sombra até aquela lua de luz, abraçou o Senhor Forças e gritou para o circo
inteiro:
- Chamo-me Palhaço Verde!
E riu! Dó! Ré! Mi! Fá! Sol!
E as meninas e os meninos, isto é, as “queridas crianças” riram, riram, até fecharem as estrelas
dos olhos, e começaram a bater palmas e a gritar.
- Palhaço Verde!
- Palhaxo Vêdi!
- Palaço Vede!
Cada um dizia à sua maneira, com vozinhas finas ou fortes, mas todas luminosas e puras como
as gargalhadas do Palhaço.
- Palhaço Verde!
- Palhaxo Vêdi!
- Palaço Vede!
O Senhor Palhaço, então, sentiu uma gota morna pela cara abaixo. Uma gota morna e
transparente como cristal que lhe derretia o alvaiade e o pó de arroz.
Eu não sei se já lhes disse que também se chora de alegria. E foi isso.
Levou os enormes dedos aos lábios pintados de vermelhão e atirou muitos beijos em redor, a
todas as meninas, a todos os meninos.
E fez o jeito amigo de quem abraça.
E os meninos continuaram a gritar e a chamá-lo:
- Palhaço Verde!
- Palhaxo Vêdi!
- Palaço Vede!
Que alegria!
E a lágrima continuava suspensa no rosto do Palhaço, delicada e brilhante como uma gota de
luz.
O Senhor Forças, então, teve forças para dizer:
- Queridas crianças! Deixo-vos o Senhor Palhaço Verde aqui na pista que é o mesmo que vos
dizer: - Deixo-lhes um Amigo.
E as meninas e os meninos batiam as palmas e olhavam aquele Palhaço alegre e mimoso.
E o Palhaço, então, disse-lhes:
- Queridas crianças! Amigos!...
E disse!... Disse… Ai quem pode saber o que diz um Palhaço! Um Palhaço que sente a alegria
transbordar no coração e que quase não tem palavras na boca vermelha como um cravo?
E o Palhaço dava pulos, cambalhotas…
Dó! Ré! Mi! Fá! Sol!
Dó! Ré! Mi! Fá! Sol!»
1.º momento – de pré-leitura
Com os alunos sentados em “U”, em almofadas, no cantinho da leitura e o contador em pé ou
sentado à frente onde todos o possam ver bem.
Digo-lhes que vamos ouvir uma história de um circo. Pergunto-lhes:
Já foram ao circo?
O que podemos ver num circo?
Quem trabalha lá?
Que cores, que cheiros, que luzes tem, para cada um, aquele local?
Que sentimentos já experimentaram quando foram ao circo?
O que gostam mais de ver? ou De que número gostaram mais?
Revelo o título do livro “O Palhaço verde”, mostro a capa dizendo-lhes o nome da autora e da
ilustradora e informo-os de que vou ler um excerto e não o livro todo.
Nota: Tenho que ter em atenção as respostas dos alunos, respeitando as suas opiniões e indo ao
encontro das suas experiências pessoais. Podem surgir outras perguntas consoante as respostas
dadas.
Durante esta exploração verifico se os alunos estão confortáveis e se todos me veem.
2.º momento – de leitura
Inicio a leitura dando enfase às frases:
Criando suspense (O espetáculo ia começar.);
Lendo pausadamente (A música parou.);
Lendo mais baixo (Apagaram-se as luzes todas.);
Lendo pausadamente, mais alto, com mais força (E, de repente, abriu-se só uma luz,
enorme, sobre a pista de madeira.);
Lendo com voz grossa e forte de apresentador de circo (- Respeitável público! Queridas
crianças!);
Hesitando nas palavras, com tom forte e anunciante (- E chama-se…) – esticando o
braço como se esperasse alguém;
Criando o ambiente que eles podem vivenciar no circo;
Lendo com voz de palhaço forte e risonha (- Chamo-me Palhaço Verde!);
Emito o rir do palhaço cantando a escala e pergunto aos alunos se também querem
experimentar rir como o Palhaço Verde (Dó! Ré! Mi! Fá! Sol!) e, sempre que o Palhaço
ri os alunos riem também;
Leio gritando fino ou forte como as crianças (- Palhaço Verde! - Palhaxo Vêdi! - Palaço
Vede!) e pergunto aos alunos se também querem experimentar gritar a chamar o
Palhaço. Sempre que as crianças, no texto, chamam o palhaço os alunos também o
fazem;
Fazer os gestos da lágrima a correr, sorrindo. Levar os dedos aos lábios e atirar beijos
às crianças (O Senhor Palhaço, então, sentiu uma gota morna pela cara abaixo. Uma
gota morna e transparente como cristal que lhe derretia o alvaiade e o pó de arroz.
Eu não sei se já lhes disse que também se chora de alegria. E foi isso.
Levou os enormes dedos aos lábios pintados de vermelhão e atirou muitos beijos em
redor, a todas as meninas, a todos os meninos.);
Fazer o gesto de um abraço (E fez o jeito amigo de quem abraça.).
3.º momento – pós leitura
Terminada a leitura chega o momento de perceber qual a impressão mais forte com
que as crianças ficaram. Se lhes transmitiu alegria ou tristeza, silêncio ou ruído, luz ou
escuridão, bondade ou maldade, …
Perguntar-lhes se esta ação se poderia passar num jardim, numa escola ou teria de se
passar num circo.
Perguntar-lhes se eles tivessem de fazer um cenário para representar este texto, como
o fariam, que cores usariam, que luzes, como seria o chão, onde se sentaria o público, …
Verificar se os alunos gostariam de ler a história toda deste Palhaço Verde. Se
gostariam de partilhá-la com a família, de dramatizar a cena, …
Lagoa, 9 de julho de 2012
A professora do 1.º Ciclo
Maria José Garcez Coelho
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1º ciclo - 3º ano