Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.x-y, Jul-Ago-Set. 2012.
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REVISTA INTERDISCIPLINAR
A Revista Interdisciplinar, criada em outubro de 2008, orgão oficial de divulgacão do Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família do Centro
Universitário UNINOVAFAPI, com periodicidade trimestral, tem a finalidade de divulgar a produção científica das diferentes áreas do saber que seja de interesse das
áreas da saúde, ciências humanas e tecnológicas.
The Interdisciplinary Journal, founded in October of 2008, is the official publishing organ Professional Master´s program in Family Health for UNINOVAFAPI
School with publication every three months and has the objective of making public the scientific production in different areas of knowledge that are of interest
to health areas, human sciences and technology
La revista interdisciplinar, creada en Octubre de 2008, organo oficial de divulgacion del Programa de Maestría en Salud de la Famìlia de la Facultad UNINOVAFAPI, con periodicidad trimestral, tiene la finalidad de propagar la produccion cientifica de las diferentes areas del saber que sea de interes de las areas de la
salud, ciencias humanas y tecnologicas.
COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO
PUBLISHING COMMITTEE/COMISIÓN DE PUBLICACIÓN
Diretora/Head/Directora
Cristina Maria Miranda de Sousa
Editora Científica/Scientific Editor/Redactor Científico
Maria Eliete Batista Moura
[email protected]
Editor Associado/Associate Editor/Redactor Asociado
Claudete Ferreira de Souza Monteiro
Membros/Members/Miembros
Ana Maria Ribeiro dos Santos
Eliana Campêlo Lago
Fabrício Ibiapina Tapety
CONSELHO EDITORIAL
EDITORIAL BOARD/CONSEJO EDITORIAL
Ana Maria Escoval Silva
Luis Fernando Rangel Tura
Universidade Nova de Lisboa - Portugal
UFRJ
Antônia Oliveira Silva
Maria do Carmo de Carvalho Martins
UFPB
Centro Universitário UNINOVAFAPI
Adriana Castelo Branco de Siqueira
Maria do Socorro Costa Feitosa Alves
UFPI
UFRN
Carlos Alberto Monteiro Falcão
José Nazareno Pearce de Oliveira Brito
Centro Universitário UNINOVAFAPI
Centro Universitário UNINOVAFAPI
Norma Sueli Marques da Costa Alberto
Eliana Campêlo Lago
Centro Universitário UNINOVAFAPI
Centro Universitário UNINOVAFAPI
Paulo Henrique da Costa Pinheiro
Eucário Leite Monteiro Alves
Centro Universitário UNINOVAFAPI
Centro Universitário UNINOVAFAPI
Roberto A. Medronho
Gerardo Vasconcelos Mesquita
UFRJ
Centro Universitário UNINOVAFAPI/UFPI
Gillian Santana de Carvalho Mendes
Centro Universitário UNINOVAFAPI
Telma Maria Evangelista de Araújo
Centro Universitário UNINOVAFAPI/UFPI
Yúla Pires da Silveira Fontenele de Meneses
Centro Universitário UNINOVAFAPI
INDEXAÇÃO
Indexation/Indexación
Nacional/ National/Nacionales
Sumários.org
www.sumarios.org
Bibliotecário/Librarian/Bibliotecario:
Secretária/Secretary/Secretaria:
Capa/Cover/Capa:
Editoração/Lay-out/Diagramación:
Tiragem/Number of Issues/Tiraja:
Projeto/Project/Projecto:
Antonio Luis Fonseca Silva / Francisco Renato Sampaio da Silva
Elizângela de Jesus Oliveira de Sousa Vieira
www.primeiraimagem.com.br
www.primeiraimagem.com.br
200 exemplares
Centro Universitário UNINOVAFAPI
R454 Revista Interdisciplinar /Centro Universitário UNINOVAFAPI. Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação.
v.5, n. 3, 2012.Teresina: Centro Universitário UNINOVAFAPI, 2012
Trimestral
ISSN 1983-9413
1.Saúde 2.Ciências 3. Humanas I.Título
CDD 613.06
Endereço/Mail adress/Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina • Piauí • Brasil
Web site: www.UNINOVAFAPI.com.br • E-mail: [email protected]
SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI • Teresina-PI
ISSN 1983-9413
v. 5, n. 3, 2012.
EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL
A importância da socialização do conhecimento
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The importance of knowledge socialization
La importancia de la socialización del conocimiento
Auricélia do Nascimento Melo
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas...................................................... 9
Performance nurse on assistance to patients with wounds
Práctica del enfermero en la asistencia a pacientes con heridas
Kelly da Silva Costa, Ana Paula Brito Rodrigues, Albemara Garcez da Silva, Maria Solange Leopoldo Feitosa
Conhecimentos e atitudes de estudantes de enfermagem frente à prevenção da AIDS....................... 15
Knowledge and attitudes of nursing students facing the prevention of AIDS
Conocimientos y actitudes de estudiantes de enfermería frente a la prevención del SIDA
Maria da Consolação Pitanga de Sousa, Bruna Ravena Bezerra de Sousa, Isabel Maria de Carvalho Sa Lopes, Tânia Maria Melo Rodrigues
Reforma psiquiátrica: percepção da família do portador de transtorno mental.................................... 21
Psychiatric reform: familiar perception of mentally ill
Reforma psiquiátrica: percepción de la familia del enfermo mental
Márcia Astrês Fernandes, Maria Alice Bastos Maia, Patrícia Carvalho Joca Meireles, Lara Emanueli Neiva de Sousa
Atuação dos Professores às crianças em casos de acidentes na escola.................................................... 26
Performance of teachers to children in case of accidents at school
Actuación de profesores a los niños en casos de accidentes en la escuela
Adélia Dalva da Silva Oliveira, Alexsander Galvão Lopes, Joselane Medina Lisboa, Débora Maria Lemos Campelo, Carolinne Maranhão Melo
Marinho, Ana Luiza Saraiva Carneiro de Araujo
Atuação do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a pacientes psiquiátricos em
Teresina-PI....................................................................................................................................................... 31
Performance of nurses of Service Mobile Emergency for psychiatric patients in Teresina-PI
El rendimiento de las enfermeras del Servicio de Emergencia Móvil a pacientes psiquiátricos en Teresina-PI
Claudia Maria Sousa de Carvalho, Eliene do Nascimento Macêdo, Girlene Ribeiro da Costa, Keyla Cybelly Rodrigues Bezerra,
Roselene Pacheco da Silva, Eliana Campêlo Lago
Efeitos da soja transgênica: estudo em camundongos Mus musculus.................................................... 36
Effects of transgenic soybeans: studies in mice Mus musculus
Efectos de la soja transgênica: estudio en ratones Mus musculus
Arycélia do Nascimento Sousa, Elizabete Maciel de Sousa, Francílio de Carvalho Oliveira, Fernando Luiz Lima de Oliveira
Luciana Melo de Farias, Regina da Silva Santos
3
SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO
REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN
Fatores de risco e de proteção para o câncer de mama: uma revisão da literatura................................ 42
Risk factors and protection for breast cancer: a literature review
Factores de riesgo y protección para el cáncer de mama: una revisión de la literatura
Samuel Ricardo Batista Moura, Enilson Ítalo Campelo de Carvalho, Isabela Meneses de Carvalho Coelho, Ana Amélia de Carvalho Melo Cavalcante
O painel democrático-cultural brasileiro com o advento da lei de acesso à informação - (lei nº
12.527/11)....................................................................................................................................................... 46
The panel-democratic cultural Brazilian with the advent of the law on access to information - (Law No. 12.527/11)
El paneldemocrático-cultural brasileño con el advenimiento de la ley de acceso a la información - (Ley N º 12.527/11)
Auricélia do Nascimento Melo, Francisco Alencar de Vasconcelos Neto
Desafios na implantação da sistematização da assistência de enfermagem: uma revisão de literatura.... 52
Challenges in the implementation of the systematization of nursing care: a literature review
Desafios para la implemntación de la sistematización de los cuidados de enfermería: uma revisión de la literatura
Leopoldina Almeida Gomes, David Soares de Brito
Nomenclatura de diagnóstico e intervenções de enfermagem pela CIPE em consulta ambulatorial às puérperas........................................................................................................................................................................ 59
Diagnosis and classification of nursing interventions by ICNP outpatient visit in the postpartum
El diagnóstico y la clasificación de las intervenciones de enfermería por el CIPEambulatorio visita en el postparto
Valessa de Lima Ximenes, Inez Sampaio Nery
Infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva neonatal: uma revisão da literatura.......................... 65
Hospital infection in neonatal intensive care unit: a literature review
Hospital de la infección en la unidad de cuidados intensivos neonatal: una revisión de la literatura
Juliana Oliveira de Sousa, Thaís Regina Carvalho Linhares, Daniele Martins de Sousa, Erida de Oliveira Soares
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO................................................................................................................................ 69
PUBLISHING NORMS.............................................................................................................................................. 72
NORMAS PARA PUBLICACIÓN............................................................................................................................... 75
FICHA DE ASSINATURA.......................................................................................................................................... 78
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EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL
A importância da socialização do conhecimento
Auricélia do Nascimento Melo
Mestre em Direito Constitucional
Com o intuito de promover o debate e proporcionar uma integração no ambiente acadêmico, a UNINOVAFAPI lança mais um exemplar da Revista Interdisciplinar, fruto da produção acadêmica
e sistêmica do corpo docente e discente da Instituição. Dessa forma contribui para a difusão do
conhecimento nas diversas áreas, pois o homem pensante pode divergir, mas antes de tudo deve
ser cauteloso nas idéias: nem sempre convergentes, brota a imensa variedade de pensamentos que
norteiam a humanidade e lhe abrem o caminho do saber.
O lançamento de uma revista acadêmica é um acontecimento importante principalmente
para o leitor, que, além de passear pelas teses e teorias concebidas pelos escritores, vive e vibra e
ainda se confraterniza com os produtores das obras, tece críticas, e dessa maneira contribui para
que o conhecimento se socialize. Para os autores também é de grande relevância, pois nada mais
gratificante do que participar do incremento das pesquisas que contribui para a crescente produção
do mercado de trabalho.
Dentro dessa seara de produção acadêmica os trabalhos expostos neste exemplar trazem
assuntos que levam à contextualização, pois a cada dia o mundo está mais conectado, todos querem estar bem informados, a interdisciplinaridade favorece a divisão do conhecimento. Essa prática
nos dias de hoje é tão necessária no processo do ensino e da aprendizagem e só se torna realidade
quando é tomada como uma atitude, um novo modo de pensar, o que perfeitamente se traduz
nos trabalhos confeccionados dessa edição da Revista Interdisciplinar que aborda temas atuais e
instigantes do ponto de vista prático e científico.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p5, Jul-Ago-Set. 2012.
5
EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL
The importance of knowledge socialization
Auricélia Melo do Nascimento
Master in Constitutional Law
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In order to promote discussions and provide integration into the academic environment, the
UNINOVAFAPI launches another issue of the Interdisciplinary Journal, which is a result of its students`
and professors` systemic academic intellectual production. Thereby, it contributes to the dissemination of knowledge in several areas. The thinking man may have different opinions, but all men
should be cautious in ideas: these ideas are not always convergent although they show the immense variety of thoughts that guide humanity and which will pave the way of knowledge.
The launch of a scholarly journal is an important event, especially for the readers that besides
getting in touch with theses and theories conceived by the writers, also live and vibrate with the
producers of the works. In addition, readers also criticize, and in this way contribute to the knowledge socialization. To the authors it is also of great importance, since there is nothing more rewarding
than to participate in the growth of the research that contributes to the increasing production of
the labor market.
Within this field of academic production, the works exposed in this issue bring themes that
lead to the contextualization since, every day, the world is more connected and everyone wants to
be well informed. Interdisciplinarity favors the division of knowledge. Nowadays, this practice is very
necessary in the process of teaching and learning and it only becomes reality when it is taken as an
attitude, as a new way of thinking, which is reflected perfectly in the works presented in this edition
of the Interdisciplinary Journal which addresses current and interesting themes in terms of practical
and scientific points of view.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.6, Jul-Ago-Set. 2012.
EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL
La importancia de la socialización del conocimiento
Auricélia do Nascimento Melo
Máster en Derecho Constitucional
Con el objetivo de promover el debate y proporcionar una integración en el ambiente académico, la UNINOVAFAPI lanza un ejemplar más de la Revista Interdisciplinar, fruto de la producción
académica y sistémica del cuerpo docente y discente de la Institución. Se contribuye de esta forma a
la difusión del conocimiento en diversas áreas, pues el hombre pensante puede discrepar, pero ante
todo debe ser cauteloso en sus ideas, no siempre convergentes, y hacer brotar la inmensa variedad
de pensamientos que orientan a la humanidad y le abren el camino del saber.
El lanzamiento de una revista académica es un acontecimiento importante para el lector,
que además de pasear por las tesis y teorías concebidas por escritores, vive y vibra, e incluso confraterniza con los productores de las obras, teje críticas y de esta forma contribuye a que el conocimiento se socialice.
Para los autores también es de gran relevancia, pues no hay nada más gratificante que participar en el incremento de las investigaciones que contribuye a la creciente producción del mercado
de trabajo.
Dentro de este campo de producción académica, los trabajos expuestos en este ejemplar
traen asuntos que llevan a la contextualización, pues cada día el mundo está más conectado, todos
quieren estar bien informados, la interdisciplinariedad favorece la división del conocimiento. Esta
práctica a día de hoy no es necesaria en los procesos de enseñanza y de aprendizaje, y apenas se
vuelve realidad cuando es tomada como una actitud, un nuevo modo de pensar, lo que se traduce
perfectamente en los trabajos expuestos en esta edición de la Revista Interdisciplinar, que aborda
temas actuales e instigantes del punto de vista práctico y científico.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.7, Jul-Ago-Set. 2012.
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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de
feridas
Performance nurse on assistance to patients with wounds
Práctica del enfermero en la asistencia a pacientes con heridas
Kelly da Silva Costa
Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela
Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Enfermeira no
Hospital Pró-Médica em Parnaíba- PI , Brasil. E-mail:
[email protected]
Ana Paula Brito Rodrigues
Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela
Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e
Tecnológicas do Piauí – UNINOVAFAPI. Enfermeira
na Unidade Mista de Saúde Joana Moraes Sousa em
Bom Princípio do Piauí, Brasil.
E-mail: [email protected]
Albemara Garcez da Silva
Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela
Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Professora
na Escola Técnica em Enfermagem Wanda Horta em
Parnaíba- PI, Brasil. E-mail: [email protected]
Maria Solange Leopoldo Feitosa
Enfermeira. Especialista em Enfermagem MédicoCirúrgica pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Professora e coordenadora da Graduação em
Enfermagem da UESPI – Campus FACOE em
Parnaíba-PI, Brasil.
E-mail: [email protected]
RESUMO
O Enfermeiro exerce papel de grande relevância na assistência ao paciente portador ou com risco de
desenvolver ferida, pois este profissional mantém contato prolongado com o mesmo, avalia a lesão,
planeja e coordena os cuidados, acompanha sua evolução, supervisiona e executa os curativos. Esta
pesquisa objetivou verificar de que forma o Enfermeiro vem atuando na assistência aos pacientes
portadores de feridas. Trata-se de um estudo de campo, com natureza exploratória e abordagem
qualitativa, tendo como sujeitos seis Enfermeiros que trabalham na Clínica Cirúrgica de um hospital de médio porte de Parnaíba-PI. Os dados foram coletados por meio de entrevistas abertas
semiestruturadas com os profissionais citados, observação não participante e consulta de alguns
prontuários; posteriormente analisados através do confronto entre os conteúdos obtidos pelo roteiro de observação não participante e entrevistas abertas semiestruturadas e, ainda, comparação com
literatura pertinente. Identificou-se diversos fatores que influenciam na atuação dos Enfermeiros na
assistência aos pacientes portadores de feridas tais como: a ausência de um protocolo específico,
falta de recursos humanos e materiais e, principalmente participação ineficiente dos profissionais
na prestação da assistência em geral devido à instituição de um regime de supervisão. Concluiu-se
que, a atuação dos enfermeiros na assistência aos portadores de feridas é prejudicada por falta de
protocolos, capacitação dos profissionais e condições de trabalho.
Descritores: Enfermagem. Assistência à saúde. Úlcera.
ABSTRACT
The Nurse exercises leading role in assisting patients with or at risk of developing wound, because
this professional besides maintaining prolonged contact with them, evaluates the injury, plans and
coordinates the care, follows its evolution, supervises and implements healing. This research was
performed to verify how the Nurse has acted in assistance to patients with wounds. This is a field
study with exploratory and qualitative approach which subjects were six nurses that work in the
Surgical Clinic of a midsize hospital of Parnaiba-PI. Data were collected through semi-structured
open interviews with cited professionals, non-participant observation and consultation of some
handbooks and subsequently analyzed by comparing contents of the script obtained from non-participant observation and semi-structured interviews, also comparing with pertinent literature. We
identified several factors that influence the activity of nurses in caring patients with sore, such as: the
absence of a specific protocol, lack of human and material resources, and especially the inefficacious
participation of professionals in providing assistance in general due to the imposition of a system of
supervision. We conclude that the role of nurses in care for patients with wounds is hindered by lack
of protocols, training of professionals and working conditions.
Descriptors: Nursing. Health assistance. Ulcer.
RESUMEN
Submissão: 03.01.2011
Aprovação: 14.04.2011
El enfermero desempeña un papel de gran importancia en la asistencia al paciente con o en riesgo
de desarrollar una herida, ya que este profesional mantiene un contacto prolongado con el pa-
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012.
9
Costa, K. S. et al.
ciente, evalúa la lesión, planifica y coordina la atención, el seguimiento de
su progreso, supervisa y ejecuta los apósitos.Hemos llevado a cabo esta
investigación con el fin de verificar cómo el enfermero ha participado activamente en la asistencia a pacientes con heridas. Se trata de un estudio
de campo con enfoque exploratorio y cualitativo que acompañó seis enfermeras que trabajan en la Clínica Quirúrgica de un hospital de tamaño
medio Parnaíba-PI. Los datos fueron recolectados a través de entrevistas
semi-estructuradas abiertas con los profesionales citados, la observación
no participante y consulta de algunos registros, posteriormente analizados a través de la confrontación entre la escritura de contenido obtenido a
través de la observación no participante y entrevistas semi-estructuradas
y abiertas, y sin embargo, en comparación con la literatura correspondiente. Fueron identificados diversos factores que influyen en el desempeño
del personal de enfermería en la asistencia a pacientes con heridas tales
como: la ausencia de un protocolo específico, la falta de recursos humanos
y materiales, y en especial por la participación ineficaz de los profesionales
en la prestación de asistencia en general debido a la imposición un régimen de supervisión. Llegamos a la conclusión de que el papel de las enfermeras en el cuidado de pacientes con heridas se ve obstaculizada por la
falta de protocolos, formación de profesionales y condiciones de trabajo.
Descriptores: Enfermería. Cuidado de la salud. Úlcera.
1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Desde os primórdios, o homem se preocupa em zelar por sua saúde. Para tanto, utiliza suas habilidades em criar tecnologias a seu favor
beneficiando, consequentemente, as gerações futuras. Dentre os avanços
nos cuidados a saúde, podemos destacar a preocupação em prevenir e
tratar as feridas. Segundo Jorge e Dantas (2005), esta iniciou na pré-história, onde vestígios encontrados comprovam a utilização de plantas e seus
extratos diretamente nas feridas abertas, bem como a ingestão destes
para tratamento sistêmico, ou seja, algum sintoma ou doença em qualquer parte do organismo humano.
As feridas crônicas afetam centenas de milhares de pacientes nos
Estados Unidos gerando um gasto de bilhões de dólares, além do aumento do absenteísmo das atividades laborais, em decorrência das limitações
ocasionadas por essas lesões. Da Europa, provém a maioria dos estudos
mundiais de prevalência sobre feridas. Em Londres, estima-se que a cada
1.000 cidadãos 0,45 têm feridas; na Irlanda e Portugal a prevalência é
maior: de 1,2/1.000 e 1,41/1.000, respectivamente (MACIEL, 2008; SILVA;
KOBAYASHI, 2009).
No Brasil, um grande número de indivíduos sofre com alterações
da integridade cutaneomucosa constituindo um sério problema de saúde
pública. Entretanto, ao contrário da Europa, não existem índices que corroborem com este fato, em decorrência da escassez de registros referentes
aos atendimentos desses pacientes. Assim, o aparecimento de feridas na
população além de prejudicar a sua qualidade de vida; aumenta significativamente os gastos públicos (BRASIL, 2008).
Nos dias de hoje, vivenciamos uma verdadeira revolução na abordagem e terapêutica de feridas desencadeada pelos avanços científico-tecnológicos na área da saúde. A visão interdisciplinar e multidisciplinar
na assistência aos pacientes portadores de feridas vem sendo implementada e, cada vez mais os diversos profissionais atuantes nesta área buscam aprimorar seus conhecimentos acerca da anatomia e fisiologia da
10
pele, do processo de cicatrização das feridas, das coberturas e produtos
utilizados nos curativos e, também, das questões éticas que envolvem
o tratamento dos pacientes portadores de feridas (SILVA; FIGUEIREDO;
MEIRELES, 2007).
O Enfermeiro exerce papel de grande relevância na assistência ao
paciente portador ou com risco de desenvolver ferida, pois este profissional mantém contato prolongado com o mesmo, avalia a lesão, planeja e
coordena os cuidados, acompanha sua evolução, supervisiona e executa
os curativos. Seu destaque nesta área se deve, em parte, a abordagem
exaustiva desses cuidados nos componentes curriculares durante sua formação acadêmica. Sendo a assistência aos pacientes portadores de feridas
mais uma de suas atribuições, indagou-se como o Enfermeiro vem atuando nesta assistência.
O estudo tem como objetivo geral verificar de que forma o Enfermeiro vem atuando na assistência aos pacientes portadores de feridas. E
como objetivos específicos: verificar a existência e o seguimento de um
protocolo de assistência aos pacientes portadores de feridas conhecer a
atuação do Enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas;
descrever a forma de avaliação desses pacientes executada pelos Enfermeiros assistenciais; analisar se os Enfermeiros assistenciais supervisionam
e/ou executam os curativos; observar o registro, realizado pelos Enfermeiros assistenciais, referente ao tratamento de feridas e identificar as possíveis dificuldades dos Enfermeiros para realizar a assistência adequada aos
pacientes portadores de feridas.
2
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de campo, com natureza exploratória e
abordagem qualitativa, por ser a mais adequada para investigar a problemática em questão, enfatizando a particularidade do fenômeno em termos de seus significados, motivos, atitudes, origens e razão de ser.
O cenário, no qual se desenvolveu o estudo, foi a Clínica Cirúrgica
de um hospital de médio porte de Parnaíba-PI na qual ficam internados
pacientes em pré ou pós-operatórios de cirurgia geral. Esta foi escolhida
por ser a clínica onde se executa o maior número de curativos, pois os pacientes lá internados têm risco de desenvolver lesão, já a desenvolveram
ou ainda, apresentarão lesão no pós-cirúrgico.
A referida unidade consta de vinte e sete leitos distribuídos em
nove enfermarias de três leitos cada uma. A equipe de Enfermagem é
composta por seis Enfermeiros e doze Técnicos de Enfermagem. Prestando assistência aos pacientes internados, um Enfermeiro e dois técnicos de
Enfermagem, que trabalham em regime de plantão com duração de 12 e
24 horas, respectivamente.
Os sujeitos pesquisados foram os seis Enfermeiros assistenciais, do
mesmo setor e instituição hospitalar supracitados, que estavam presentes
no momento em que a pesquisadora foi realizar a coleta dos dados. A
abordagem dos sujeitos se deu através de entrevistas semiestruturadas as
quais foram gravadas, com o auxílio de um aparelho celular, a fim de evitar
distorções nos depoimentos dos sujeitos promovendo maior fidedignidade ao relato original.
A entrevista foi realizada após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), elaborado de acordo com a Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde, a qual fala sobre pesquisas envolvendo seres humanos. Os sujeitos tiveram seu anonimato preservado,
uma vez que receberam nomes de plantas medicinais mais utilizadas no
tratamento de lesões de pele e feridas para codificá-los.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012.
Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas
Os dados foram coletados utilizando-se um roteiro, do tipo check-list, de observação não-participante, entrevista aberta semiestruturada,
e ainda pela análise dos prontuários que continham registros relevantes
para o desenvolvimento deste estudo. A coleta de informações foi feita de
forma direta pela autora deste, nos meses de setembro, outubro e início
de novembro de 2010.
A observação não-participante e a análise dos prontuários foram
feitas durante os intervalos ou em momento oportuno no decorrer do
estágio curricular supervisionado o qual aconteceu na mesma instituição
hospitalar onde se realizou a pesquisa. As entrevistas ocorreram em um
período de seis dias não consecutivos no final do mês de setembro e início
do mês de outubro de 2010, nos turnos manhã, tarde ou noite, de acordo
com a disponibilidade dos sujeitos pesquisados.
A análise dos dados foi realizada através do confronto entre os conteúdos obtidos pelo roteiro de observação não participante e entrevistas
abertas semiestruturadas e, ainda, comparação com literatura pertinente.
As entrevistas gravadas foram transcritas na íntegra sendo após analisadas
minuciosamente e em seguida categorizadas da forma que se considerou
mais adequada.
Deve-se ressaltar que esta pesquisa foi desenvolvida após aprovação pelo diretor da instituição de saúde e envio para apreciação do Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade UNINOVAFAPI sendo aprovada
pelo protocolo CAAE- 0234. 0. 043. 000 – 10.
3
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Antes de relatar as informações categorizadas acredita-se ser relevante descrever algumas características do perfil dos seis Enfermeiros
entrevistados: mais da metade, quatro, eram do sexo feminino e, apenas,
dois do sexo masculino. A experiência destes profissionais no setor variou
de quatro anos a três meses, tempos máximo e mínimo encontrados, respectivamente, sendo citados, também dois anos e um ano de trabalho
no setor.
Com esta pesquisa podemos identificar diversos fatores que influenciam na atuação dos Enfermeiros na assistência aos pacientes portadores de feridas. Após observação do campo pesquisado e análise das
falas dos sujeitos, obtivemos dados os quais julgamos mais adequado
organizar em três categorias, para melhor compreensão, sendo estas descritas a seguir:
3.1 Utilização do protocolo de feridas
De acordo com Geovanini, Oliveira e Palermo (2007) o protocolo
de feridas tem por finalidade padronizar condutas referentes à limpeza,
execução de curativos, e terapêutica de feridas, todas preconizadas pela
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), em acordo com normas técnicas e resultados de pesquisas. Este é de extrema importância
para a atuação de todos os profissionais da equipe interdisciplinar.
As falas dos sujeitos a seguir mostram, claramente, que na clínica
cirúrgica não há nenhum tipo de esquema para nortear os Enfermeiros
quanto a suas condutas na realização da assistência aos pacientes portadores de feridas:
Não, não tem. Eu entrei já tá com uns 4 anos. [...] nenhum setor tem,
acho que só a UTI [...]. (Babosa)
Não, não tem. A gente faz o curativo de acordo com as técnicas assépticas que a gente já sabe de acordo com a faculdade, já vem da
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012.
faculdade, mas o protocolo, realmente, por escrito de tudo como deve
ser, a gente não tem [...].(Arnica)
Que eu saiba não. Nunca teve protocolo [...].(Hamamélis)
[...] A gente não tem nenhum tipo de protocolo, nenhum tipo de documento que norteie; que dê uma visão geral de como a gente deve
proceder na realização de cuidados né, ao ferimento, ao procedimento de curativo [...].” (Barbatimão)
Os entrevistados citaram, como verificamos nos próximos depoimentos, já ter havido reuniões com os Enfermeiros de vários setores do
hospital na tentativa de se confeccionar um manual genérico de normas,
rotinas e procedimentos de Enfermagem que vigoraria em toda a instituição. Alguns afirmaram ainda, ser de grande valor a implementação de um
protocolo de assistência aos pacientes portadores de feridas no seu setor
de trabalho:
[...] a gente tá terminando de fazer os POPs que são Procedimentos
Operacionais Padrão que são a padronização de todos os procedimentos que são feitos pela Enfermagem aqui dentro, então dentro desses
POPs, lógico que vai ter o procedimento de realização dos curativos
[...].(Arnica)
[...] A gente fez umas reuniões pra fazer um manual né, de procedimentos de Enfermagem, mas nunca foi adiante [...] um protocolo seria
muito bom aqui pra clínica.” (Babosa)
[...] Não tem nenhum protocolo criado ainda, só a discussão sobre a
criação de um [...] Faz falta né você seguir aquela rotina programada e
conseguir executar o trabalho de forma mais sistemática [...] ajudaria
a uniformizar condutas, a melhorar também a questão dos registros.
[...].(Eucalipto)
De acordo com Morais, Oliveira e Soares (2008) a implementação
de um protocolo para a avaliação de feridas constitui um avanço na assistência de Enfermagem, porém, poucas instituições hospitalares parecem
ter implantado um protocolo com esta finalidade. Essa afirmativa demonstra que a situação enfrentada pelos Enfermeiros do estabelecimento
pesquisado não é atípica.
Contudo, os autores acima citados aindaenfatizam que a literatura
preconiza o uso do protocolo aliado ao julgamento clínico do Enfermeiro,
pois esse instrumento serve para auxiliar o profissional a tomar decisões
e não para substituí-lo e, também, porque a avaliação clínica isolada do
Enfermeiro, com exceção dos estomaterapeutas, em determinadas situações, é menos eficaz que a atuação em conjunto do profissional com o
protocolo.
Para a elaboração e posterior desenvolvimento deste protocolo
deve ser realizada consulta exaustiva da literatura sobre o tema em questão e minuciosa análise do estudo sobre o perfil do estabelecimento de
saúde e a clientela que será assistida (SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007).
Alguns Enfermeiros mostraram conhecimento da necessidade dessa
adaptação anterior ao desenvolvimento do protocolo verificado na análise das próximas falas:
[...]acho que pra fazer o protocolo [...] antes de tudo tem que vê outras
coisas porque não adianta a gente ter um protocolo se a gente não vai
poder seguir ele [...](Babosa)
[...] um protocolo seria muito importante né [...] mas pra gente realmente viabilizar tudo que é pra ser feito a gente tem que ter pessoal
[...](Arnica)
Para um bom desempenho do Enfermeiro a unificação de diretrizes e normas é de extrema importância, pois oferece mais segurança
e autonomia para tomar decisões relacionadas ao tratamento da ferida.
11
Costa, K. S. et al.
Assim podemos afirmar que a atuação dos Enfermeiros na assistência aos
pacientes portadores de feridas no estabelecimento pesquisado sofre sim
prejuízos decorrentes da inexistência de um protocolo específico.
Porém, sua implantação, por si só, não garante uma atuação ótima
destes profissionais já que ela depende, também, de fatores individuais ou
não como: a boa percepção clínica aliada ao conhecimento técnico que
este profissional possui acerca da temática e o preparo prévio do estabelecimento (recursos materiais, produtos e outros) para criação e implementação do protocolo.
3.2 Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas
O Enfermeiro, por ter contato prolongado com o paciente portador de ferida, desempenha papel de grande relevância na assistência ao
mesmo, em geral, é responsável por avaliar a ferida, orientar e executar o
curativo e acompanhar a evolução da lesão (MORAIS; OLIVEIRA; SOARES,
2008).
Conforme Oliveira, Castro e Andrade (2006) o tratamento das lesões
cutâneas não se detém na técnica do curativo, pois através dos protocolos
empregados na prática clínica pelo Enfermeiro são enfatizados a avaliação
do estado geral do paciente, o exame físico direcionado de acordo com a
causa da ferida, escolha do tratamento e da cobertura a ser aplicada.
3.2.1 Avaliação do paciente e da ferida
O Enfermeiro, especialista ou não, deve monitorar a ferida através
de avaliação diária ou periódica a qual deverá ser registrada; consistindo
em uma forma de documentar a assistência que se prestou. Para isso deve
manter-se a par dos avanços técnicos e científicos relacionados ao processo cicatricial, bem como, conhecer os métodos e produtos utilizados para
a execução dos curativos (JORGE; DANTAS, 2005).
Segundo Salomé e Araújo (2010) a avaliação da ferida é de extrema importância para o planejamento dos cuidados o qual é possível, apenas, quando
realizado registro das observações e dos resultados das intervenções. Quando
questionados se fazem a avaliação do paciente os Enfermeiros relataram:
[...] Não, não dá tempo, não dá certo, não tem condições. Não dá pra
fazer a assistência que a gente deveria fazer se nós tivéssemos condições assim, pela quantidade de leitos que a gente fica responsável,
que no caso são sessenta né [...](Calêndula)
[...] Não utilizo nem um tipo denada. Aqui, não existe, a gente não tem
nenhum impresso específico para a avaliação [...](Arnica)
[...] A gente avalia conforme a experiência da gente né. De acordo com
o tamanho, o tipo de ferida, se é uma escara. A gente vê pra poder
fazer né, o procedimento correto, o curativo adequado [...](Hamamélis)
[...] a gente consegue observar de um modo geral, sem protocolo
cada um termina observando de uma forma, então a gente perde um
pouco da continuidade, digamos assim [...] isso dificulta a tomada de
conduta em relação às feridas, ao tratamento [...](Eucalipto)
A maioria respondeu que não realiza a avaliação e os que a fazem
utilizam o artifício da observação com interpretação própria. De acordo
com Morais, Oliveira e Soares (2008) a observação é um método propedêutico que utiliza o olhar atento e direcionado a superfície corporal; a visão é o único instrumento básico usado para essa finalidade. É um artifício
utilizado na avaliação de feridas que tem importância significativa além do
que não acarreta gastos para a instituição. Entretanto, para uma avaliação
12
mais completa é necessário o uso de materiais (régua, swab, papel filme,
câmera fotográfica etc.) para obtenção de dados mais precisos.
Segundo Bajay e Araújo (2006) avaliar uma ferida pode levar a
interpretações diversificadas pelos profissionais tanto pela diferença de
conhecimentos entre cada um como pela própria variedade das feridas
quanto à natureza, forma, localização entre outros aspectos. Assim um
instrumento preciso, com padrões e critérios definidos diminuem a chance de informações divergentes ou conflitantes tornando o registro mais
sistemático.
Morais, Oliveira e Soares (2008) afirmam que a ausência de um protocolo não limita o Enfermeiro em realizar a avaliação de algumas características da ferida as quais dão subsídios para escolha da melhor conduta
como: presença e tipo de exsudato, esfacelos, áreas de necrose, sinais de
infecção, entre outros.
Durante a observação não-participante e consulta de alguns prontuáriosverificamosque a avaliação do paciente e da ferida, geralmente,
não é feita pelos sujeitos pesquisados, pois não havia documentação desta atividade. Demonstrando participação mínima ou nula dos Enfermeiros neste processo tão importante para a boa condução do tratamento e
evolução da ferida.
Os entrevistados atribuíram esta condição ao excesso de atividades
que realizam, pois durante o plantão de 24h um único Enfermeiro é responsável por mais quatro setores, além da Cl. Cir. são eles: clínica médica,
clínica pediátrica, clínica gineco-obstétrica e clínica ortopédica que atendem até sessenta pacientes. Contudo, organizando-se a assistência através
da priorização dos atendimentos, acreditamos que com uso da observação a avaliação possa ser realizada pelo menos nos pacientes com feridas
mais complexas que necessitam de maior conhecimento do profissional.
A padronização de um impresso auxiliaria substancialmente neste aspecto, pois, evita interpretações variadas e até conflituosas.
3.2.2 Supervisão e execução do curativo
Segundo Jorge e Dantas (2005) o tratamento da ferida é um processo dinâmico que depende de avaliações sistematizadas, prescrições
distintas de frequência e tipo de curativo ou cobertura necessários, pois
podem variar de acordo com o momento evolutivo da cicatrização.
Para que este acompanhamento possa ser efetuado é necessário
que o Enfermeiro observe in loco a lesãopara avaliá-la e posteriormente
prescrever o curativo adequado o qual pode ser realizado por ele próprio
ou pelo profissional de nível médio sob sua orientação ou supervisão,
quando não se tratar de pacientes graves ou críticos. Quanto à supervisão
e execução dos curativos os Enfermeiros afirmaram:
[...] a média de curativo que eu faço em um plantão de 24horas chega
às vezes dois, três, dependendo, mais do que isso não e nem todo
plantão eu faço [...]eu faço mais à noite quando tem necessidade de
fazer alguma troca, mas durante o dia é mais difícil [...] só quem faz são
as técnicas de enfermagem, mas sem a supervisão do Enfermeiro [...]
(Babosa)
[...] a frequência é baixa [...]. Até porque como é uma gama de muitas
atividades, você faz muita coisa, você acaba realmente, infelizmente,
esquecendo né de fazer esse tipo de supervisão [...](Arnica)
[...] No caso como a gente não fica só na clínica cirúrgica, termina ficando na médica e na pediatria, dificulta você acompanhar todos os
curativos, mas você termina vendo o principal [...] entrando em algum
curativo mais complexo ou ajudando nas intercorrências ou em alguma dificuldade [...](Eucalipto)
[...] a gente faz o serviço de supervisão da assistência; não é a assistênRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012.
Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas
cia direta ao paciente, então quem faz o curativo e observa as características das feridas, na verdade, é o Técnico. Quando existe um ferimento maior, um grande queimado, uma grande ferida eles chamam pra
gente, pra fazer o curativo ou acompanhá-lo [...](Calêndula)
nificados (FERREIRA, 2001). Nesta categoria buscamos saber os obstáculos
citados pelos Enfermeiros para a realização da assistência aos pacientes
portadores de feridas, segundo eles são:
Analisando as falas percebemos que os sujeitos da pesquisa não
costumam executar ou supervisionar a realização dos curativos, quando
feitos pelos técnicos de enfermagem. Isso mostra que a assistência aos
pacientes portadores de feridas é deixada em segundo plano pelos Enfermeiros. Mais uma vez relacionaram essa condição à falta de tempo e
excesso de atividades realizadas nos diversos setores que trabalham.
[...] a parte de educação dos técnicos de Enfermagem, [...] de conhecimento técnico na realização de curativo, [...] o pacote de curativo a
gente não tem, com as pinças e tal, pra tá realizando o curativo [...]
a gente não tem luva estéril suficiente né, pra usar nos pacientes da
clínica cirúrgica.[...] A questão da gente trabalhar em regime de supervisão né, o ideal seria que a gente tivesse um ou mais Enfermeiros na
clínica cirúrgica pra você puder dá, realmente a devida atenção aos
cuidados com a ferida [..](Barbatimão)
[...] às vezes falta alguma coisa, um material, uma pomada [...]. E o tempo né, que a gente não tem de acompanhar o paciente com ferida
por causa da sobrecarga né. [...] você sai quase que completamente da
assistência né ao paciente. [...] Se a gente pudesse acompanhar cada
um; aprenderia até o nome dos pacientes direito né. Ás vezes não dá
nem pra aprender. (Hamamélis)
3.2.3Evolução do tratamento da ferida
A evolução do tratamento é realizada através da documentação
sob a forma de um relatório de Enfermagem o qual é feito após a execução
dos procedimentos, coleta de todas as informações disponíveis e observações sobre as condições da ferida (GEOVANINI; OLIVEIRA; PALERMO, 2007).
De acordo com Silva, Figueiredo e Meireles (2007) o registro é utilizado
para avaliar a eficácia da terapêutica implementada, estabelecer um mecanismo de comunicação entre os membros da equipe (de Enfermagem ou multidisciplinar), bem como servir de suporte legal em questões judiciais para
avaliar responsabilidades de imperícia médica ou de Enfermagem. Tratando-se da evolução de Enfermagem sobre o tratamento os sujeitos responderam:
[...] como é difícil a gente fazer [curativo], a gente não tem muita noção
né, quem observa mais isso é as meninas, a gente conversa com elas.
Elas anotam [...]. (Babosa)
[...] Não, eu, particularmente, não faço. Eu não sei se algum outro colega faz. [...] a gente tem um grande problema aqui em relação ao registro da clínica cirúrgica. É realmente é muito pobre; foi conversado em
reunião e tudo, mas assim, a gente não tem evoluído muito nessa parte.[...] infelizmente muitas vezes as anotações, que são extremamente
importantes, são deixadas pra segundo plano [...](Arnica)
[...] Normalmente, a gente tem registrado as intercorrências [...] essa
progressividade da evolução a gente não tem, muitas vezes, a gente anota quando a coisa não deu certo, por algum motivo tem mais
secreção, menos secreção, não tá granulando, tem alguma necrose,
então você termina anotando mais o problema [...](Eucalipto)
[...] Quem faz o curativo, o que ele observa ele registra, entendeu? Ferida com aspecto tal, tal e tal, quem viu né, na verdade. [...](Calêndula)
[...] Quando a gente realiza um procedimento em determinado paciente a gente acaba evoluindo ele; não dá pra fazer com todos, infelizmente, [...] a clínica médica, ela consome muito tempo da gente
porque ela acaba se tornando uma semi-intensiva né, é muito paciente grave, não tem vaga na UTI. [...](Barbatimão)
Observamos que alguns Enfermeiros reconhecem a importância
da evolução do tratamento, entretanto, rotineiramente só a realizam em
caso de intercorrências com o paciente ou sua ferida. Isso acaba por interferir na continuidade da assistência e, também, diminui a qualidade da
mesma. Impressos próprios para essa finalidade poderiam ser adotados
pelo serviço. A Agency for Health Care Policy and Research (AHCPR) sugere a elaboração de impressos que proporcione uma informação mais
completa e, ao mesmo tempo objetiva e, ainda torne mais fácil e ágil o
registro da evolução das lesões (SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007).
3.3 Dificuldades para a realização da assistência aos pacientes portadores de feridas
Dificuldade é o caráter de difícil cujos sinônimos podem ser: árduo,
custoso, trabalhoso, duro, penoso, intricado, complicado entre outros sigRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012.
[...] Inúmeras. A gente não possui instrumental necessário, [...] o número de pessoal, falta de material [...] o permanente e de consumo. Se
tivéssemos alguns outros tipos de curativos, seria bom. [...](Calêndula)
[...] Acho que pessoal. [...] tanto Enfermeiro quanto Técnico; treinamento, acho que definir melhor determinadas condutas [...] qualificar melhor o pessoal de nível médio pra fazer isso [...](Eucalipto)
A falta de recursos humanos foi apontada por todos os sujeitos
como uma das dificuldades na realização da assistência, de fato é um
grande obstáculo para que o profissional possa cumprir com suas atribuições, porém acreditamos não ser motivo suficiente para que os profissionais atuem tão pouco nesta área.
Conforme Silva, Figueiredo e Meireles (2007) nem sempre os objetivos traçados serão alcançados, pois há diversos níveis de dificuldades
nos estabelecimentos de saúde do Brasil, entretanto, deve-se persistir
buscando melhores condições de assistência à população necessitada de
cuidados de Enfermagem tomando como espelho o padrão ideal de atendimento; sem desconsiderar a realidade na qual está inserido.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se que os Enfermeiros, praticamente, não participam
da prestação de cuidados aos pacientes portadores de feridas, pois não
efetuam a avaliação da ferida, raramente executam ou supervisionam a
realização dos curativos e, consequentemente, não conseguem fazer o
acompanhamento adequado do tratamento.
A ausência de um protocolo norteador para a execução da assistência, a falta de recursos materiais e humanos, treinamento e coberturas
interfere no alcance do desempenho máximo destes profissionais. Provavelmente por não haver padronização na conduta médica, em nenhum
aspecto, seja na antibioticoterapia, seja em relação aos produtos utilizados nos curativos, associados ao descaso da administração em relação ao
tema, haja vista que o estoque de produtos para curativos variam do Carvão Ativado®, a Sulfadiazina de Prata®, o Furacin®, a Fibrase á Kolagenase®
e são utilizados sem nenhum critério; a farmácia os dispensa conforme
a quantidade que dispõe indiferente da solicitação dos profissionais de
enfermagem.
Pretensamente, para fins político-administrativos foi formada uma
CCIH cuja atuação é inexistente; as demais Comissões formadas para o
mesmo fim não tem sequer um representante.
Acredita-se que os Enfermeiros devem estar cientes da relevância
de sua participação neste processo, buscando desenvolver mais o traba13
Costa, K. S. et al.
lho assistencial e não se limitando ao regime de “Supervisão” instituído;
no entanto compreendemos que uma ação isolada em nada resultará.
Buscar o aprimoramento na área, participando de cursos, congressos, simpósios ou até mesmo uma pós-graduação é importante, pois renova os
conhecimentos e torna o profissional mais seguro para realizar a assistência adequada ao paciente portador de ferida; porém nenhuma valia tem
todo este conhecimento se a Instituição não oportuniza espaços para o
profissional atuar adequadamente.
Afinal, de pouco adianta os profissionais estarem preparados teoricamente se não podem colocar em prática seus conhecimentos. Se na
instituição não há um planejamento ou estratégia de ação; se na Adminis-
tração Superior não há uma única diretriz que recomende o cuidado aos
portadores de feridas, se não foi instituído uma política de ação voltada
para esse cuidado. De fato, percebemos que a enfermagem não tem espaço nas decisões administrativas no Serviço pesquisado.
Consideramos que este estudo atingiu seus objetivos, entretanto
defrontamo-nos com obstáculos que vão além da pesquisa ou do aval dos
profissionais pesquisados. Entretanto, causa-nos estranheza a passividade
dos Enfermeiros frente aos obstáculos existentes, a qual resulta na falta
de iniciativa em mudar esta realidade. Sabedores dos direitos e deveres
muitas vezes, os profissionais preferem a omissão à luta por seus espaços;
provavelmente por temerem retaliações.
REFERÊNCIAS
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um instrumento de avaliação de feridas. Acta Paulista de
Enfermagem, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 290-295, jul./set. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-2100200600 0300006&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 10 Set. 2012.
MORAIS, G. F. C.; OLIVEIRA, S. H. S.; SOARES, M. J. G. O. Avaliação de
feridas pelos enfermeiros de instituições hospitalares da rede pública. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 1, p.
98-105, jan./mar. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072008000100011&ln
g=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 Set. 2012.
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OLIVEIRA, B. G. R. B.; CASTRO, J. B. A; ANDRADE, N. C. Técnicas para
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FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio século XXI: o minidicionário da
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JORGE, S. A.; DANTAS, S. R. P. E. Abordagem multidisciplinar do
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Horizonte. 2008. 91f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem, Belo
Horizonte,2008
14
SALOMÉ, G. M.; ARAÚJO, V. S. Uso do pressure ulcer scale for
healing (PUSH) no acompanhamento da cicatrização em paciente diabético com úlcera no pé, Nursing, São Paulo, v. 14, n. 149,
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SILVA, L. C. R.; FIGUEIREDO, A.M.N.; MEIRELES, B.I. Feridas: fundamentos e atualizações em enfermagem, São Caetano do Sul, SP:
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131, n. 12, p.171-176, abr. 2009.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012.
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Conhecimentos e atitudes de estudantes de enfermagem frente à
prevenção da AIDS
Knowledge and attitudes of nursing students facing the prevention of AIDS
Conocimientos y actitudes de estudiantes de enfermería frente a la prevención del SIDA
Maria da Consolação Pitanga de Sousa
Socióloga e Assistente Social. Mestre em Saúde
Coletiva pela Universidade Federal do Pernambuco.
Professora da Coordenação do curso de Enfermagem
do Centro universitário UNINOVAFAPI. Teresina, Piauí,
Brasil. E-mail: [email protected]
Bruna Ravena Bezerra de Sousa
Enfermeira.Enfermeira diarista no hospital São
Carlos Borromeo.Teresina, Piauí, Brasil. E-mail:
[email protected]
RESUMO
O estudo objetivou analisar o conhecimento e atitudes de estudantes de enfermagem sobre as formas de transmissão da AIDS e descrever as vulnerabilidades. Estudo qualitativo, com 20 estudantes
do curso de enfermagem. Os resultados foram apresentados em duas categorias: saberes atribuídos
às formas de transmissão da AIDS e práticas preventivas; vulnerabilidades e relação de gênero frente
ao uso do preservativo. Percebe-se a necessidade de mudanças de atitude dos estudantes no que
diz respeito à adoção de práticas sexuais seguras; pois embora o preservativo tenha sido o método
de escolha para prevenção, o uso não é regular nos relacionamentos estáveis. Os estudantes se
mostraram vulneráveis à AIDS por possuírem pouco conhecimento e verem a doença como algo
distante de si. Evidenciou-se uma simetria de poder entre os gêneros, quanto ao uso do preservativo.
Descritores: Estudantes de enfermagem. AIDS. Prevenção. Vulnerabilidade. Gênero.
Isabel Maria de Carvalho Sa Lopes
Enfermeira. Enfermeira Plantonista no Hospital
São Carlos Borromeo. Teresina, Piauí, Brasil. E-mail:
[email protected]
Tânia Maria Melo Rodrigues
Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela
Universidade Federal do Piauí. Enfermeira da
Estratégia Saúde da Família.Teresina, Piauí, Brasil.
E-mail: [email protected]
ABSTRACT
The study aimed to analyze the knowledge and attitudes of nursing students about ways of Aids
transmission and describe its vulnerabilities. Qualitative study with 20 nursing students on the course. The results were presented in two categories: knowledge attributed to the ways of Aids transmission and preventive practices; vulnerabilities and gender relation according to the use of condoms.
It’s known the necessity for students to change their attitudes referred to the adoption of safe sexual
practices, because even if the condom has been chosen as a way of prevention, its use is not regular
in stable relationships. Students have proved to be vulnerable to Aids because of their little knowledge about it, and they see this disease as something distant from their reality. It was evidenced a
power symmetry between the genders regarding the use of the condom.
Descriptors: Nursing students. AIDS. Prevention.Vulnerability. Gender.
RESUMEN
El estudio objetivó analizar el conocimiento y actitudes de estudiantes de enfermería acerca de las
formas de transmisión del SIDA y describir las vulnerabilidades. Estudio cualitativo, con 20 estudiantes del curso de enfermería. Los resultados fueron presentados en dos categorías: saberes atribuidos
a las formas de transmisión del SIDA y prácticas preventivas; vulnerabilidades y relación de género
frente al uso del preservativo. Se percibe la necesidad de cambios de actitud de los estudiantes
acerca de la adopción de prácticas sexuales seguras; pues aunque el preservativo tenga sido el método de opción para prevención, el uso no es regular en las relaciones estables. Los estudiantes se
muestran vulnerables al SIDA porque poseen poco conocimiento y creen que la enfermedad es algo
lejos de ellos. Se evidenció una simetría de poder entre los géneros cuanto al uso del preservativo.
Descriptores: Estudiantes de enfermería. SIDA. Prevención. Vulnerabilidad. Género.
Submissão:08.02.2011
Aprovação:15.04.2011
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.15-20, Jul-Ago-Set. 2012.
15
Sousa, M. C. P. et al.
1
INTRODUÇÃO
Desde a descoberta do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e das
repercussões que a Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS)
acarreta na vida das pessoas que vivem com HIV/AIDS, o mundo tem intensificado os esforços no campo da pesquisa científica para descobrir a cura de algumas doenças sexualmente transmissíveis, especialmente, para o HIV. Além
disso, os esforços estão também concentrados em encontrar maneiras que
possam enfrentar a epidemia do HIV, bem como das outras DST e entender
de forma ampliada seus impactos sociais em diversos contextos. Apesar desses importantes avanços científicos, a problemática do HIV continua a crescer
de forma bastante exponencial e assustadora, apontando estimativas para o
futuro em relação ao número de pessoas infectadas de forma preocupante.
Há de se levar em consideração, segundo Santos et al. (2009), que no
Brasil a AIDS por muito tempo foi tida como uma epidemia concentrada, já
que no início dos anos de 1980, atingiu, principalmente, grupos considerados
de maior risco de contaminação, como os homossexuais masculinos, usuários
de drogas endovenosas, mulheres profissionais do sexo e indivíduos que receberam transfusões de sangue e hemoderivados.Esse entendimento passou
a ser rediscutido no início dos anos de 1990, considerando que a epidemia
assumiu outro perfil.
Desde então a transmissão heterossexual passou a ser a principal via
de transmissão do HIV, a qual vem apresentando maior tendência de crescimento em anos recentes, acompanhada de uma expressiva participação das
mulheres na dinâmica da epidemia, pois de 1980 a 2009, o Brasil apresentou
544.846 casos de AIDS notificados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN); destes, 356.427 são casos de AIDS no sexo masculino e 188.396
são do sexo feminino; observando-se então que a razão de sexo (m: f ) no Brasil
vem diminuindo ao longo da série histórica, passando de 15,1: 1 em 1996 para
1,5: 1 em 2009 (BRASIL, 2009a).
Associado ao processo de feminização observa-se que a AIDS tem acometido, atualmente, cada vez mais pessoas jovens, especialmente as mulheres
na faixa etária de 13 a 19 anos. Dados epidemiológicos divulgados por Brasil
(2009a) mostram que ,de 2000 a junho de 2009, foram registrados no Brasil
6.161 casos de AIDS entre homens e mulheres, nessa faixa etária. Destes, 3.713
(60,27%) casos foram registrados no sexo feminino e 2.448 (39,73%) no masculino. Na faixa etária de 20 a 24 anos, observa-se que dos 26.335 casos notificados, 13.083 (49,68%) foram em mulheres e 13.252 (50,32%) entre homens,
mostrando aqui uma pequena inversão, já que houve o predomínio destes em
relação às mulheres. Quando se toma como referência o grupo com 25 anos
de idade, percebe-se que essa inversão se acentua, uma vez que dos 50.554
casos registrados, 28.845 (57,6%) ocorreram entre os homens.
Em âmbito estadual, também há a mesma constatação que se tem
com relação aos dados nacionais no que diz respeito à jovialidade e a crescente feminização da AIDS, pois de 1986 a 2009 residem no Piauí 2.534 pessoas
que vivem com HIV/AIDS. Desse total, a faixa etária mais acometida está entre
20 e 34 anos com 1.253 casos. Quanto à incidência de casos por sexo, do total
de casos registrados nesse mesmo período, contabilizou-se 1.811(71,47%) no
sexo masculino e 723(28,53%) no feminino (PIAUÍ, 2009).
Segundo Falcão Júnior et al. (2009), diversos fatores explicam a maior
vulnerabilidade dos jovenspara a infecção pelas DST/AIDS tais como a desinformação, excesso de autoconfiança em relação à vulnerabilidade, os tabus
sociais e familiares sobre sexualidade e obtenção de informação através de
pessoas não qualificadas causam influências negativas. Além disso, os jovens,
nessa fase de vida, passam por profundas transformações e vivenciam novas
experiências precocemente no que diz respeito à sexualidade, sem, muitas
16
vezes, ter consciência ou entendimento dos diversos riscos a que eles estão
expostos, incluindo não somente a contaminação por HIV ou outras DST, mas
também as inúmeras consequências que estes têm que enfrentar por conta
dos possíveis danos sociais e/ou emocionais.
Nesse sentido, ao considerar o acadêmico da área de saúde como futuro cuidador de pessoas vivendo com HIV/AIDS e outras DST’s, sobretudo como
educador para a saúde, é imprescindível que o mesmo detenha conhecimentos e informações acerca destas doenças e suas formas de prevenção. Para
tanto, faz-se necessário que o mesmo desenvolva consciência crítica sobre
suas atitudes, tanto no que diz respeito a sua autoproteção, bem como a do
seu cliente/paciente/usuário, precavendo-se, inclusive, das atitudes antiéticas
e não humanísticas.
Desse modo, o estudo tem como objetivo analisar o conhecimento
e atitudes de estudantes de enfermagem sobre as formas de transmissão da
AIDS e descrever as vulnerabilidades .
2
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativo-descritiva, realizada com vinte acadêmicos do I, IV e VIII bloco do curso de Enfermagem, de
ambos os sexos, e a escolha dos blocos se deu em função de não comparar
os discursos, mas sim de compreender os conhecimentos sobre as DST/AIDS
adquiridos não só no contexto acadêmico, mas na vivência dos sujeitos nos
diversos grupos sociais.O cenário da pesquisa foi uma instituição de ensino
superior privada.
A quantidade dos sujeitos foi determinada quando os discursos se tornaram repetitivos e saturados, não acrescentando assim novos elementos aos
pontos investigados (FONTANELA; RICAS; TURATO, 2008).
O processo de coleta dos dados ocorreu no período de agosto a setembro de 2010. Para tanto, optou-se em utilizar como técnica de coleta a
entrevista por meio do roteiro semiestruturado, por possibilitar maior interação entre os sujeitos e facilitar a espontaneidade das respostas, como também
o desvelamento do que está oculto e dissimulado nos discursos dos sujeitos.
De posse dos dados e informações coletadas, estas foram analisadas
com base na análise de conteúdo, que conforme Bardin (1977) tem como finalidade importante a produção de inferências sobre qualquer um dos elementos básicos do processo de comunicação, pois é a inferência que vai permitir a
passagem da transcrição à interpretação.
A partir do agrupamento do conteúdo coletado, utilizou-se a técnica
categorial classificando os elementos ou aspectos com características comuns
ou que tenham relação entre si, a fim de apreender o que os acadêmicos de
enfermagem constroem sobre as DST/AIDS (FRANCO, 2007).
A participação dos estudantes na pesquisa se deu de forma voluntária,
formalizada através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Apesquisa foi desenvolvida respeitando os critérios éticos que envolvem Pesquisas
com seres humanos por meio da Resolução nº 196/96, bem como só foi realizada após a aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética de Pesquisa da Faculdade UNINOVAFAPI em estudo com CAAE nº. 0186.0.043.000-10.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A caracterização dos estudantes entrevistados encontra-se aqui apresentada com o objetivo de traçar um perfil destes, a fim de estabelecer uma
relação com os dados encontrados.
Posteriormente, são mostradas as descrições das principais categorias
reveladas a partir das vinte entrevistas colhidas. Para mantê-los em anonimaRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.15-20, Jul-Ago-Set. 2012.
Conhecimentos e atitudes de estudantes de enfermagem frente à prevenção da AIDS
to, os discursos foramcodificados em entrevistados seguidos de número. Ressalta-se que em cada categoria encontram-se trechos das histórias relatadas e
o confronto com os achados teóricos.
3.1 Caracterizaçãodos estudantes
No universo de vinte estudantes entrevistados, 11 são do sexo masculino e 9 do sexo feminino, o que foi uma surpresa, visto que o curso de enfermagem, por ter como foco de atuação o “Cuidar”, que ainda é uma atividade
atribuída à mulher, acabou por delinear o perfil dos profissionais que compõe
essa classe, já que esta é, essencialmente, composta por estudantes do sexo
feminino.
Contudo, esse dado não se refere apenas à mudança de perfil quanto
ao gênero do curso de enfermagem, mas parece ainda estar atrelado à facilidade ou até mesmo à abertura que os homens possuem para falar sobre
sexualidade, haja vista que algumas mulheres se recusaram a participar da
pesquisa por terem, justamente, que “expor” algo tão íntimo. Constata-se, assim, que apesar das mudanças nos costumes e das conquistas do movimento
feminista, a sexualidade da mulher é altamente reprimida e ainda continua
sendo um tabu tanto para as próprias mulheres quanto para a sociedade em
si, embora já tenha havido uma melhora expressiva no que tange à discussão
sobre a sexualidade feminina.
Os sujeitos encontram-se na faixa etária de 18 a 43 anos, sendo que 14
estão na faixa de 18 a 25 anos e 6 entre 28 e 43 anos. Logo, percebemos que
os sujeitos encontram-se na fase de adultos jovens, fase essa que os torna mais
vulneráveis, dentre outros fatores, pelo fato de possuírem múltiplos parceiros
sexuais, de terem iniciação sexual precoce, além da inconsistência quanto ao
uso do preservativo (REIS; MATOS, 2008)
Em relação ao estado civil dos entrevistados, 13 são solteiros, 6 casados
e 1 divorciado. No tocante à religião, a maioria é católica. Quanto à ocupação/
profissão dos entrevistados, 13 são apenas estudantes, 5 são profissionais da
saúde (técnicos de enfermagem) e/ou estagiários, 2 possuem outra atividade
ocupacional e apenas 1 se considera “do lar”. Todos os estudantes relataram depender financeiramente de alguém, sendo citados os pais ou parceiro. Para tanto, a renda familiar que prevaleceu foi na faixa de sete salários e meio por mês.
3.2 Conhecimentos e atitudes relacionadas às formas de
transmissão da AIDS e práticas preventivas adotadas
A relação sexual desprotegida é unanimidade entre os entrevistados,
embora outras formas de transmissão das DST/AIDS tenham sido pronunciadas como a transmissão vertical, por transfusão sanguínea, por pérfuro-cortante, como agulhas contaminadas e alicates, por compartilhamento
de seringas entre usuários de drogas injetáveis e contato sanguíneo direto
ou por meio de lesões. As falas seguintes comprovam tais afirmações:
É transmitida por objetos perfurocortantes como alicates, ou outros
objetos como tesoura que tenha perfurado e entre em contato com o
sangue e através da relação sexual (E3).
A forma de transmissão das DST é através do sexo, mas tem doenças
como a AIDS que além da transmissão sexual ela também tem a transmissão vertical e a sanguínea(E5).
As DST em geral nós temos várias vias de transmissão: via oral, anal,
através da vagina da penetração e no caso da AIDS além dessas vias
a gente tem a via congênita como a sífilis também; e contato com
líquidos humorais, o leite materno o sangue (E17).
Embora tenha sido possível identificar que os estudantes de enferRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.15-20, Jul-Ago-Set. 2012.
magem conhecem as formas de transmissão das DST/AIDS, observou-se
algumas imprecisões quando afirmam, por exemplo, que:
[...] a transmissão ocorre pelo contato-oral fecal (E4).
Beijo se tiver alguma cárie (E11).
Pode levar também a contaminação se a mulher, por exemplo, não
tomar a pílula do dia seguinte (E16).
Essas falas, especialmente, a primeira, demonstram haver uma deficiência, ainda que mínima no contexto analisado, ao diferenciar doenças transmitidas sexualmente com doenças de aquisição não-sexual, como a hepatite
A e Ee doenças parasitológicas. Isso se torna mais preocupante ainda quando
vemos que esse pensamento parte de um estudante do último período, pois é
de se esperar que o mesmo já detenha conhecimentos suficientes para saber
que as DST têm como característica principal o fato de serem transmitidas sexualmente. Essa dificuldade ainda persiste quando se faz necessário diferenciar atitudes contraceptivas de atitudes preventivas e discernir as reais formas
de transmissão das DST/AIDS.
Ressalta-se que tanto a segunda quanto a terceira fala são de estudantes do I e IV período, respectivamente, e que para este último talvez se justifique a possível falta de conhecimento, tendo em vistaque ainda não tiveram
acesso às disciplinas referentes a essas questões.
Nesse sentido, pode-se afirmar que de fato os acadêmicos de enfermagem possuem conhecimentos adequados a respeito das formas de transmissão das DST/AIDS, muito embora apresentem algumas ambigüidades;
fato esse também observado entre os estudantes do curso de enfermagem
do Centro Universitário do Leste de Minas Geraisque acrescentam ainda, que
os jovens universitários têm conhecimentos compatíveis com o grau de instrução que recebem nas Instituições de Ensino Superior (CORDEIRO; SILVA;
BARBOSA, 2009).
Quanto às práticas preventivas adotadas, prevaleceu o preservativo
como método de escolha, sendo um resultado já esperado, visto que a facilidade ao seu acesso e sua grande visibilidade nos meios de comunicação o
torna o método preventivo e contraceptivo de maior conhecimento por parte
da população. Os discursos seguintes confirmam esse pensamento:
Me previno com camisinha(E3).
O método de prevenção que eu utilizo é a camisinha e como a gente sabe
é um método de prevenção tanto das DST como de uma gravidez (E17).
Através do preservativo. É a única que eu uso (E13).
Além de a camisinha ser o método mais citado pelos estudantes,
cuidados com perfurocortantes se revelou como uma medida eficaz no
que diz respeito à prevenção das DST/AIDS:
Eu uso sempre preservativo e tomo cuidado com agulhas e seringas
descartáveis (E14).
Na área hospitalar quando eu tô trabalhando, eu me previno tendo
cuidado com seringas e perfurocortante e no modo geral para o ato
sexual eu me previno usando camisinha (E10).
Esse resultado é um aspecto positivo na pesquisa, pois estudos
como os de Ferreira, Araújo e Santos (2007) demonstram que 76.79% dos
acidentes de trabalhos notificados acometem o pessoal da equipe de enfermagem, especialmente, acidentes com perfurocortantes, consistindo
assim uma “porta de entrada” para a infecção do HIV, além de doenças
como a Hepatite B e C.
17
Sousa, M. C. P. et al.
Um fato interessante e de grande significância é quando identificamos comportamentos preventivos quanto as DST/AIDS por entrevistadas que
ainda não iniciaram sua vida sexual, mas que adotam ou pretendem adotar
medidas preventivas adequadas, demonstrando, assim, entendimento pelas
possíveis formas de transmissão:
Mesmo eu sendo virgem eu não deixo algum ferimento meu ter contato
com sangue de outras pessoas (E20).
Eu sou virgem, mas se fosse praticar o ato com certeza eu optaria pelo
preservativo masculino (E2).
Embora se tenha observado haver informações corretas, é fato que o
nível de conhecimento não garante mudanças de atitude e de comportamento, pois quando indagados se utilizam o preservativo/camisinha em todas as
suas relações sexuais, a maioria afirmou não o colocar em prática quando se
considera o uso desse mecanismo para autoproteção. Os depoentes E4 e E11
demonstram essa ambiguidade:
Com minha namorada não “rola”. Agora assim, quando rola a oportunidade, quando surge qualquer tipo de relação eventual, sempre usando (E4).
Quando a gente arranja uma parceira assim que tem um relacionamento
bastante prolongado, estável, duradouro, no começo a gente se previne,
mas depois de um certo tempo a gente acaba tendo aquela liberdade de
não usar mais o preservativo (E11).
Vê-se então, que a partir do momento em que o contexto relacional é
vivenciado como estável e que haja uma relação de confiança, familiaridade
ou proximidade, ocorre a dispensa da prevenção. Essa informação confirma os
dados obtidos na pesquisa sobre “Conhecimentos, Atitudes e Práticas relacionada às DST e Aids da População Brasileira de 15 a 64 anos de idade” quando
afirma que apesar de quase metade (45,7%) da população confirmar o uso
consistente da camisinha na primeira relação sexual com um novo parceiro,
o número cai à medida que a confiança entre o casal cresce. Essa pesquisa
ainda indica que mulheres solteiras exigem sexo seguro duas vezes mais que
as mulheres casadas, e os homens usam camisinha quatro vezes mais em relações casuais do que em relações estáveis (BRASIL, 2009b). Em função disso há,
segundo Oltramari e Camargo (2010), a facilitação do contágio pelo vírus HIV
e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Outro fato que chama atenção é quando observamos que o tempo
de relacionamento também modifica a percepção de risco, tanto em homens
como em mulheres, pois se acredita que no momento que a relação é estabelecida, os corpos tornam-se um só e os riscos desaparecem, e que os parceiros
são pessoas seguras e confiáveis:
Até o presente momento eu não uso camisinha não. Eu já vou pro 18º ano
que eu o conheço e nunca tive problema algum (E9).
A não utilização do preservativo em todas as relações sexuais por alguns (mas) dos (as) entrevistados foi atribuída também à esporadicidade e
à falta de planejamento das relações sexuais, como afirmam as falas que seguem:
É o momento que às vezes faz com que você não use a camisinha sempre,
é a ocasião (E7).
Ás vezes na hora a gente tá sem (E12).
Dessa forma, é possível concluir que as atitudes e os comportamentos sexuais dos estudantes em relação às DST não estão significativamente
correlacionados com os conhecimentos apresentados sobre as DST, ao passo
que a estabilidade e/ou tempo de duração do relacionamento, a ocasionalidade e a falta do preservativo no momento do ato sexual pesam para a não
18
utilização do mesmo. E essa realidade não é apenas brasileira, haja vista ter
sido evidente também em uma Escola de Enfermagem em Coimbra- Portugal
(VIDIGUEIRA,2007).
3.3 Vulnerabilidades e desigualdade de gênero frente aAIDS
Percebeu-se que a grande maioria dos estudantes de enfermagem entrevistados se considera vulnerável às DST, ao HIV e a AIDS ainda que alguns se
referissem apenas à prática sexual desconsiderando outros comportamentos
ou situações que possam torná-los vulneráveis à infecção. Os discursos que se
seguem confirmam esse pensamento:
Qualquer pessoa, qualquer cidadão, de qualquer nível socioeconômicoalto,
baixo; tá susceptível a qualquer doença tanto das DST quanto da AIDS (E5).
Todo mundo é vulnerável... não é só questão de achar que essa é bonitinha essa não vai ter; quem tem cara você não ver se a pessoa vai ter
ou não (E4).
Sim, porque eu não uso preservativo (E1).
Todavia, o entendimento que alguns dos entrevistados possuem sobre
vulnerabilidade varia de acordo com o contexto analisado, pois os seus relatos
evidenciam comportamentos diferentes quanto ao uso do preservativo:
Eu me considero vulnerável não assim por causa do ato sexual porque
agora eu tenho total controle, mas na área hospitalar eu me considero,
pois a qualquer momento você pode ter um acidente de trabalho (E10).
Eu me considero [vulnerável] por eu trabalhar na área da saúde e ela [esposa]também e aí a gente fica muito a mercê da infecção (E14).
Assim, há aqueles que dizem que por usarem o preservativo em todas
as suas práticas sexuais não se consideram vulneráveis, no entanto, se sentem
vulneráveis quando estão no ambiente hospitalar, no exercício de suas atividades profissionais, por conta dos riscos a que estão sujeitos como, por exemplo:
acidentes com perfuro-cortante e contato direto com sangue contaminado.
No universo de vinte sujeitos, apenas uma pequena parcela não se
considera vulnerável:
Não me considero porque acho que tanto eu como ele são pessoas esclarecidas e do meio e que a gente realiza exames (E3).
Não, porque uso a camisinha sempre (E6).
Não por ter essa consciência creio que não (E17).
Observa-se, então, que para essa parcela a percepção de risco individual pelas DST/AIDS é visto como algo distante de si com a justificativa de
que são profissionais da saúde esclarecidos e/ou que os modos de vida que
levam, bem como a plena confiança no parceiro, tornam-os protegidos contra
essa epidemia.
Nesse sentido, parece haver uma deficiência no que concerne ao entendimento do que realmente significa vulnerabilidade, pois segundo Garcia
e Sousa (2010) esta“é a chance de exposição ao adoecimento como resultante
não apenas de aspectos individuais, mas também coletivos, contextuais, que
acarretam maior suscetibilidade à infecção e ao adoecimento”.Logo, vê-se que
o fato de serem esclarecidos não garante proteção alguma, pois como demonstrou a categoria acima, o conhecimento, por si só, não garante mudanças nas atitudes para a prevenção, ao passo que a maioria dos estudantes não
utiliza camisinha em todas as relações sexuais, evidenciando assim, uma das
categorias da vulnerabilidade, que no caso se caracteriza como individual, pois
os comportamentos preventivos, mesmo conhecidos pelos entrevistados, não
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.15-20, Jul-Ago-Set. 2012.
Conhecimentos e atitudes de estudantes de enfermagem frente à prevenção da AIDS
são praticados na maioria das situações (MAIA; GUILHEM; FREITAS, 2008).
Embora a camisinha tenha sido citada por todos os sujeitos, alguns
deles atribuem o uso da camisinha somente à contracepção, o que é preocupante, visto que o seu diferencial, que é o de oferecer dupla proteção, não está
sendo levado em consideração na decisão para o seu uso. A falta do vínculo
camisinha/ prevenção contra as DST/AIDS/ prevenção contra uma gravidez
não planejada, assim como evidenciou uma pesquisa realizada entre estudantes de enfermagem e de medicina da universidade pública, é um fator vulnerabilizante para DST/AIDS (LEITE et al., 2007):
No nosso caso a gente utiliza mais para contracepção (E15).
A gente usa mais o preservativo para evitar a gravidez e não pra ta se
prevenindo diretamente contra as doenças (E3).
Com uma namorada acho que eu usava outro método, no caso contracepção para evitar uma gravidez (E18).
Outro fator vulnerabilizante, especialmente no que se refere à mulher,
é que esta está inserida num papel de “dupla moral sexualidade” que se concretiza através das restrições à expressão sexual das mulheres e maior tolerância às relações extraconjugais dos homens:
Não me considero vulnerável pelos esclarecimentos e também eu procuro esclarecer meu parceiro em relação a se ele tiver alguma coisa fora de
casa se prevenir (E7).
várias outras doenças sexualmente transmissíveis, visto que as relações e os
papéis sociais de gênero, de certa forma, determinam a saúde e a doença das
mulheres, influenciando o seu comportamento diante do auto cuidado. Nesse
sentido, é importante que se tenha claro a desigualdade de gênero que é revelada por meio das seguintes falas:
Apesar de confiar, mas a gente não sabe aonde que o homem, até onde
ele pode chegar, até mesmo por conta do machismo da nossa sociedade,
a gente acaba cedendo. Na última vez que eu propus usar a camisinha ele
não aceitou [...] ele não aceita de forma alguma (E9).
Percebe-se, então, que o controle masculino com relação ao uso do
preservativo nas relações sexuais com sua companheira/parceira e o fato destas “aceitarem” esse controle parece ter haver com uma relação de afetividade
por parte das mulheres, pois para estas, a relação sexual é exercida a partir do
sentimento de amor e não do desejo por sexo. Isso acaba dificultando a ideia
de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, por fazer parte da dimensão racional, enquanto que o amor faz parte unicamente da dimensão da
afetividade ou emoção como afirmam Sousa, Espírito Santos e Motta (2008).
Um pequeno grupo denunciou que as imposições proporcionadas
pela desigualdade de gênero nem sempre se dão de forma explícita, mas sim
embutidas de forma subliminar no discurso do homem ou são expressas de
forma não verbal, mas de fácil e rápido entendimento pela mulher:
Eu acho que é uma decisão compartilhada [uso da camisinha], apesar de
muitas vezes não haver necessidade de uma conversa, porque eu acho
que vai muito disso que quando a gente tem uma intimidade e por saber
que é um método de contracepção não precisa você expor (E17).
Conversamos que se um dia a gente vier a sair com alguém iremos usar
preservativo e ele é consciente também (E1).
É possível compreender, por meio do conteúdo apresentado, que a sexualidade masculina é vista como expansiva e quase incontrolável; enquanto
que a feminina é percebida como objeto de controle masculino. Para Amorim
e Andrade (2006) issonão é uma simples condição natural e sim uma construção social exterior ao indivíduo e que independe de sua vontade, já que é um
pensamento que perpassa de geração a geração.
Ainda, segundo os entrevistados, as DST e a AIDS ainda são tidas como
uma “doença da rua”, já que essa epidemia por muito tempo foi associada a
pessoas com práticas desmoralizantes, transgressoras e que .para essas práticas sexuais ,faz-se necessário o uso do preservativo, visto o risco iminente
de contaminação. Enquanto que “dentro de casa” não é necessário o seu uso,
pois se tratam de pessoas com um grau de familiaridade e de parentesco movidos por um sentimento de exclusividade mútua, acreditando que isso ,por si
só,seja motivo de proteção. E isso, de certa forma, caracteriza a vulnerabilidade
cultural, visto que os papéis masculinos e femininos estabelecidos culturalmente interferem substancialmente nas decisões sobre prevenção do HIV/
AIDS escolhidas pelos indivíduos. O depoente E13 comprova tal fato:
Considero-me [vulnerável], porque eu tenho uma vida, não sou fiel digamos assim, então passa a ser vulnerável (E13).
Culturalmente, a sexualidade masculina sustenta a convicção de que
os homens são infiéis por natureza, visto a necessidade de satisfação imediata,
pois se espera que o homem dê conta sexualmente das mulheres e jamais
recuse uma parceira que se coloque disponível a fim de legitimar e manter sua
honra masculina (MARQUES JÚNIOR; GOMES; NASCIMENTO, 2012).
No que diz respeito à vulnerabilidade feminina, Silva e Vargens (2009)
explicam que dentre as variadas causas para a disseminação alarmante do
vírus HIV/ AIDS entre as mulheres, a principal desta tem sido atribuída à relação de desigualdade de gênero historicamente construída na sociedade, por
expô-las em processo de maior vulnerabilidade à epidemia, bem como há
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.15-20, Jul-Ago-Set. 2012.
Na verdade não converso sobre sexualidade. Geralmente, as garotas que
eu peguei não tinham um nível de cultura alto pra falar dessas coisas, acha
tudo estranho; E nem eu falaria, só falaria mesmo o básico (E10).
Contudo, quando indagados se a decisão pelo uso da camisinha é
compartilhada, ainda que não a usem em todas as relações sexuais, aqui, parece estar havendo um equilíbrio quanto à relação de poder entre homens e
mulheres, pois enquanto algumas entrevistadas afirmam ter iniciativa no uso
do preservativo, pois se assim não o fizesse, não haveria nenhum tipo de reação contrária; há entrevistados que assumem a mesma posição, ao passo que,
se a iniciativa pelo uso do preservativo não partir deles, as mulheres praticariam o ato sexual sem nem mesmo cogitarem o uso da camisinha:
Eu propus claro, porque se eu não tivesse proposto com certeza ele não
ia usar (E8). A decisão inicial parte de mim, porque senão ele não usa (E7).
O uso é mais meu. Geralmente, se eu não quiser elas nem pedem (E19).
Por eu ser mais atento a esse tipo de cuidado eu acho que parte mais de
mim (E14).
Nesse sentido, pode-se afirmar estar havendo uma desconstrução da
tradicional concepção de gênero, construindo-se outra, segundo a qual homens e mulheres sejam pensados como seres sociais e políticos, capazes de
refletir, discutir e tomar decisões de modo igualitário, onde as mulheres nessa
condição estariam prontas para assumir, na relação com o parceiro, uma postura proativa acerca do uso do preservativo nas relações sexuais. Fato também
encontrado na pesquisa de Sousa, Espírito Santos e Motta (2008).
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término da análise dos dados, constatou-se que os estudantes do
I, IV e VIII período do curso de enfermagem possuem conhecimentos quanto
às formas de transmissão das DST/AIDS, embora para uma pequena parcela,
19
Sousa, M. C. P. et al.
ainda haja dificuldades para diferenciar doenças de transmissão sexual das de
aquisição não-sexual e atitudes contraceptivas de preventivas.
No que diz respeito às práticas preventivas adotadas, o preservativo foi
tido como método de escolha para prevenção contra as DST/AIDS, muito embora se tenha evidenciadoinconsistência em seu uso, ao passo que estar em um
relacionamento estável, a esporadicidade e a falta de planejamento das relações
sexuais são motivos que levam a práticas sexuais não-seguras. Logo, vemos que
os conhecimentos sobre as DST/AIDS não garante mudanças de comportamento.
Os (as) acadêmicos (as) são vulneráveis às DST/AIDS por possuírem
pouco entendimento do que de fato significa vulnerabilidade; porque ainda
veem as DST/AIDS como algo distante de si, por serem profissionais da saúde
e terem conhecimentos sobre essas doenças; por não possuírem a tríade ca-
misinha/ controle das DST/AIDS/ prevenção de gravidez não-planejada. Além
disso, foi possível definir que a desigualdade de gênero é um fator agravante
no exercício de práticas sexuais seguras.
Essa pesquisa demonstrou ainda haver um equilíbrio nessa assimetria
de poder entre homens e mulheres já que a iniciativa pelo uso da camisinha é
tida pelos dois, ainda que o seu uso não seja constante.
Nesse sentido, entendemos também que este trabalho aponta para a
necessidade de se ampliar o debate acerca das temáticas aqui discutidas, pois,
em se tratando de futuros profissionais da saúde, isso urge mais ainda, uma
vez que precisarão se apropriar melhor dos conhecimentos necessários para
serem repassados às pessoas com as quais lidarão no exercício da profissão
que escolheram.
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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Reforma psiquiátrica: percepção da família do portador de transtorno
mental
Psychiatric reform: familiar perception of mentally ill
Reforma psiquiátrica: percepción de la familia del enfermo mental
Márcia Astrês Fernandes
Márcia Astrês Fernandes – Professora
Adjunta da Universidade Federal do Piauí-UFPI.
Mestre em Enfermagem/UFRJ .Doutoranda da
Universidade de São Paulo- USP. Teresina -Pi. Brasil.
E-mail: [email protected]
Maria Alice Bastos Maia
Maria Alice Bastos Maia – Enfermeira da MDER e
da Clínica Santa Fé. Especialista em Saúde Mental.
Teresina -Pi. Brasil. E-mail: [email protected]
Patrícia Carvalho Joca Meireles
Patrícia Carvalho Joca Meireles - Enfermeira Graduada
pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e
Tecnológicas do Piauí – UNINOVAFAPI. Teresina -Pi.
Brasil. E-mail: [email protected]
RESUMO
Estudo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa, cujos objetivos foram descrever e analisar a percepção da família do portador de transtorno mental frente à Reforma Psiquiátrica e discutir
como essa percepção pode influenciar no alcance dos objetivos propostos pelo modelo da desinstitucionalização. Esta pesquisa foi realizada em um hospital psiquiátrico do município de Teresina e
os sujeitos do estudo foram os familiares de portadores de transtornos mentais, que se encontravam
em tratamento ambulatorial no hospital. A partir da análise das entrevistas realizadas com os sujeitos
da pesquisa construíram-se duas categorias relacionadas à percepção do familiar do portador de
transtorno mental e concluiu-se que as famílias, fontes essenciais no processo de desinstitucionalização, ainda não têm o conhecimento suficiente, nem preparação necessária para assumirem esse
papel tão importante. Portanto, há necessidade de se conhecer a realidade das famílias nas quais se
pretende manter ou reinserir o doente mental, na tentativa de resgatar sua subjetividade e cidadania, para que possamos contribuir efetivamente através de estratégias que facilitem o processo de
reintegração familiar e social do portador de transtorno mental.
Descritores: Enfermagem .Saúde mental. Família.
ABSTRACT
Lara Emanueli Neiva de Sousa
Lara Emanueli Neiva de Sousa – Discente do Curso
em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí.
Participante do Programa de Iniciação Cientifica
Voluntária da Universidade Federal do Piauí. Teresina
-Pi. Brasil. E-mail:[email protected]
This is a descriptive and exploratory research which was developed from a qualitative approach,
whose goals were to describe and analyze the familiar perception of mentally ill about the Psychiatric Reform and also to discuss how this perception may influence the achievement of the proposed
goals by the model of deinstitutionalization. This research was held in a psychiatric hospital in the
city of Teresina and the researched subjects were the relatives of mental patients who were outpatients at the hospital. From the analysis of the held interviews with the researched subjects we constructed two categories related to a familiar perception of mentally ill and concluded that families
are essential sources in the process of deinstitutionalization, however, these families do not have
the necessary knowledge and preparation to assume this so important role. So you need to know
the reality of families in which one wants to maintain or reintegrate the mentally ill in an attempt to
rescue his subjectivity and citizenship, so that we can contribute effectively through strategies that
facilitate the process of family and social reintegration of the bearer mental disorders.
Descriptors: Nursing. Mental health. Family.
RESUMEN
Submissão: 07.02.2012
Aprovação: 10.05.2012
Este es un estudio descriptivo y exploratorio, desarrollado a partir de un enfoque cualitativo, cuyos
objetivos fueron describir y analizar la percepción de la familia del enfermo mental acerca de la
Reforma Psiquiátrica y discutir cómo esta percepción puede influir en el logro de los objetivos propuestos por el modelo de la desinstitucionalización. Esta investigación se llevó a cabo en un hospital
psiquiátrico en la ciudad de Teresina y los sujetos del estudio fueron parientes de los enfermos mentales, que eran pacientes ambulatorios en el hospital. A partir del análisis de estas entrevistas que
construyeron dos categorías relacionadas con la percepción de la familia de los pacientes enfermos
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Fernandes, M. A. et al.
mentales y llegó a la conclusión de que las familias son una fuente esencial
en el proceso de desinstitucionalización, sin embargo , estas famílias no
tienen los conocimientos y preparación necesarios para asumir este papel
tan importante. Así que hay que conocer la realidad de las familias en las
que se quiere mantener o reintegrar a los enfermos mentales en un intento de rescatar a su subjetividad y la ciudadanía, de manera que podamos
contribuir de manera efectiva a través de estrategias que faciliten el proceso de reintegración familiar y social del portador trastornos mentales.
Descriptores: Enfermería. Salud mental. Familia.
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A história da psiquiatria brasileira vem sendo marcada por profundas mudanças, sendo a Reforma Psiquiátrica vista como um marco
fundamental da política de assistência à saúde mental. Paulatinamente, o
modelo hospitalocêntrico vem sendo substituído por uma rede integrada
de atenção à saúde mental voltada para um paradigma de assistência comunitária sustentada pelo respeito aos direitos humanos e de cidadania.
Segundo o Ministério da Saúde, o processo de Reforma Psiquiátrica
é um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e
sociais em torno do “louco” e da “loucura”, mas especialmente em torno
das políticas públicas para lidar com a questão (BRASIL, 2007).
Estudiosos do assunto relatam que com a Lei 10.216 de 2001, que
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, houve
uma redução do número de leitos em hospitais psiquiátricos e ampliação
da rede de serviços substitutivos, garantindo assim uma assistência mais
humanizada a estes pacientes, bem como a sua recuperação pela inserção
na família, no trabalho e na comunidade (GONÇALVES; SENA, 2001).
Baseado nessa linha de raciocínio percebe-se que não apenas os
serviços de saúde mental passam por um processo de reestruturação, mas
também a assistência ao indivíduo em sofrimento psíquico está sendo
marcada por profundas mudanças, com o intuito de melhorar o atendimento a essa clientela e a seus familiares.
Por sua proximidade com famílias e comunidades, as equipes da
Atenção Básica se apresentam como um recurso estratégico para o enfrentamento de importantes problemas de saúde pública, em especial os
relacionados à saúde mental, tendo em vista que a Reforma Psiquiátrica
busca um cuidado que não afaste o portador de transtornos mentais do
seu espaço social (BRASIL, 2005).
Todavia, nem sempre a Atenção Básica apresenta suporte para a
execução desta importante tarefa. Percebe-se que a própria consolidação
deste modelo vem enfrentando um número crescente de obstáculos,
dentre eles, a falta de preparo que a família apresenta na interação com
o portador de transtorno mental o que resulta numa má recuperação do
mesmo, e consequentemente, seu retorno ao hospital psiquiátrico - comprometendo assim o modelo assistencial da desinstitucionalização.
Estudiosos afirmam que a família é constituída de pessoas com
personalidades e objetivos de vida diferentes. Por isso é importante, dentro desse todo, estar atentos à individualidade e unicidade de cada um.
No caso de doença psiquiátrica, percebemos que o impacto da doença
na família é devastador visto que, os familiares e o paciente sofrem não
só pelo diagnóstico em si, mas pela expectativa de vida que terão a partir
da doença, além da necessidade de alterar a sua forma de funcionamento
para se adaptar à pessoa doente (SILVA; SADIGURSKY, 2008).
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Diante desse panorama fica evidente que a desinstitucionalização
e, consequentemente, a reinserção social do doente mental na comunidade, somente acontecerá se houver investimento em serviços alternativos
que apoiem, suportem e ajudem o doente e sua família. Sabemos, porém,
que a presença destes serviços, no Brasil, ainda é tímida, pois em relação
à grandeza deste país, poucas são as instituições que apresentam essa iniciativa.
Considerando que as transformações propostas pela Reforma
Psiquiátrica colocam um conjunto de desafios para a família do portador de transtorno mental, que muitas vezes não se encontra preparada
para conviver com o enfermo, apresenta-se como objeto deste estudo, a
percepção da família do portador de transtorno mental frente à Reforma
Psiquiátrica Brasileira.
Em face dessas considerações, os objetivos do presente estudo
consistem em descrever e analisar a percepção da família do portador de
transtorno mental frente à Reforma Psiquiátrica e discutir como essa percepção pode influenciar no alcance dos objetivos propostos pelo modelo
da desinstitucionalização.
2
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa com caráter exploratório e
descritivo.
O estudo em descrição foi realizado em um Hospital Psiquiátrico,
situado na cidade de Teresina, Piauí. A referida instituição hospitalar foi
inaugurada em 24 de janeiro de 1907, sendo batizado inicialmente como
Asilo de Alienados Areolino de Abreu. Em 1968, o hospital passa a denominar-se Hospital Colônia de Psicopatas Areolino de Abreu e, somente em
1972, até os dias atuais, Hospital Areolino de Abreu (H.A.A).
Em 2003 o H.A.A contava com 233 leitos para internação integral.
Após a Portaria do MS Nº 52/2004 que trata da redução de leitos, o hospital passou a dispor em 2004 de 200 leitos e a partir de 2005 passou a
contar com 160 leitos integrais direcionados ao SUS, mantidos até a atualidade. A instituição ainda conta com 30 leitos para semi-internação no
Hospital Dia, o Serviço Ambulatorial e o Serviço de Urgência e Emergência
Psiquiátrica que funciona 24 horas aberto à comunidade. São realizados
mensalmente de 4 a 5 mil atendimentos ambulatoriais, cerca de 500 atendimentos de urgência e emergência e 200 internações integrais (FERNANDES, 2011).
O ambulatório do H.A.A conta com uma equipe multiprofissional
(psiquiatria, neurologia , psicologia, enfermagem , serviço social , odontologia, terapia ocupacional, ) com atendimento aos usuários e familiares , que têm acesso por meio da marcação de consultas no horário de
6h30min às 17h.
Os sujeitos do estudo foram os familiares de portadores de transtornos mentais, que se encontrava em tratamento ambulatorial no Hospital Areolino de Abreu no mês de março de 2010. Foram entrevistados 11
familiares, sendo que todos foram consultados se aceitavam ou não participar do estudo e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, ou seja, esta pesquisa foi realizada com base na Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde, que estabelece as diretrizes e normas para
as pesquisas envolvendo seres humanos, garantindo assim o respeito aos
aspectos éticos.
Inicialmente, foi solicitada uma autorização da Direção Geral do
Hospital Areolino de Abreu para que a pesquisa pudesse ser realizada. Em
seguida, o projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.21-25, Jul-Ago-Set. 2012.
Reforma psiquiátrica: percepção da família do portador de transtorno mental
Pesquisa (CEP) da Faculdade UNINOVAFAPI para apreciação e parecer, sendo aprovado sob o processo CAAE 0038.0.000.043-10 em 2010.
Posteriormente, começou-se a produção dos dados, sendo esta
feita por meio da técnica da entrevista semi-estruturada que, acreditamos
ser instrumento mais viável para atender aos objetivos propostos, pois, a
entrevista é o processo de interação social entre duas pessoas onde o entrevistador tem por objetivo obter informação por parte do entrevistado
através de um roteiro com base na problemática do estudo. Vale ressaltar
que todas as entrevistas foram devidamente gravadas.
A análise dos dados foi feita a partir das transcrições das entrevistas, até o momento em que foi observada a saturação dos dados, seguido
da organização e classificação dos relatos, respondendo aos objetivos do
estudo. Para tal fim, utilizamos o método de categorias de acordo com a
percepção dos familiares.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os entrevistados apresentavam idade superior a 40 anos, dos
quais, a maioria era do gênero feminino (70%). As irmãs foram as principais
responsáveis pelo acompanhamento e assistência ao familiar portador de
transtorno mental, seguido dos pais. Os depoentes foram identificados, no
texto, com a letra “D” e sequencialmente numerados à medida que eram
realizadas as entrevistas.
A partir da análise das entrevistas realizadas com os sujeitos da pesquisa, construíram-se duas categorias: a percepção da família do portador
de transtorno mental acerca da Reforma Psiquiátrica e as implicações da
percepção da família do portador de transtorno mental na consolidação
da Reforma Psiquiátrica.
A percepção da família do portador de transtorno mental acerca
da Reforma Psiquiátrica.
Esta categoria reúne as diversas manifestações dos depoentes sobre o conhecimento que possuem sobre a Reforma Psiquiátrica, nas quais,
alguns dos familiares entrevistados afirmaram desconhecer o processo de
reforma psiquiátrica, e outros demonstram possuir idéias restritas acerca
deste modelo de desinstitucionalização. Essa realidade descrita pode ser
evidenciada nos depoimentos que seguem:
“(...) Pelo que ouvi comentários, parece que é, uns falam que é pra melhorar o trabalho. Cuidar do paciente e atender mais os pacientes” (D.4)
“(...) Eu estou ouvindo falar assim, que vai fechar uns hospitais e vai ter
tratamento em casa e CAPS.” (D.5)
Para as famílias, a Reforma Psiquiátrica traz como proposta básica
eliminar os hospitais psiquiátricos, instituindo mudanças no modo de tratar o paciente, como, propor um novo tipo de tratamento (JORGE; QUEIROZ; RANDERMARK, 2004).
As famílias foram incluídas no processo de desinstitucionalização
como uma fonte essencial de suporte aos pacientes, sem terem, no entanto, nem o conhecimento nem a preparação necessários para esse papel
tão importante (BANDEIRA; BARROSSO, 2003) .
A família é fundamental na manutenção do doente mental fora da
instituição psiquiátrica e no Brasil investe-se muito pouco em trabalhos
que preparem a família para a convivência com o doente mental (MACEDO, 1996).
Diante dessas exposições percebe-se que boa parte dos familiares
não compreende o verdadeiro significado da Reforma Psiquiátrica Brasileira, sendo este desconhecimento uma evidência palpável para tornar-se
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visível o despreparo das famílias na inserção e no seu papel dentro dessa
nova reestruturação dos serviços de saúde mental. Portanto, esse estudo
nos chama atenção para este aspecto do assunto em descrição.
Ao citar alguns dos chamados serviços substitutivos às instituições
asilares referendados pela reforma psiquiátrica, como CAPS e Hospital-Dia,
os familiares demonstram um conhecimento ínfimo acerca destes serviços, como podemos constatar nos depoimentos que seguem:
“(...) Já ouvi falar em Hospital Dia, mas não sei onde fica.” (D.2)
“(...) Já ouvi falar em CAPS, mas não sei como funciona.” (D.3)
No entanto, percebemos que outros familiares conhecem o funcionamento e relatam tentativas de acompanhamento nestes serviços,
porém, encontraram dificuldade na resolutividade do tratamento devido
à falta de cooperação do paciente.
“(...) Ela não gostou de lá, não quis ficar.” (D.1)
“(...) Ela não quer fazer as atividades, tem dia que ela está brigando, que
não quer fazer nada!” (D.11)
Na execução da pesquisa percebemos que apenas 10% dos entrevistados demonstraram satisfação com o tratamento oferecido nos serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos. Desta forma, compreende-se
que a maioria dos sujeitos do estudo prefere que os portadores de transtorno mental sejam assistidos pelos hospitais psiquiátricos.
Uma pequena parcela dos sujeitos do estudo apresenta-se satisfeita com os serviços alternativos propostos pela Reforma Psiquiátrica.
A satisfação no tratamento ofertado pelos CAPS ,quando presente , está
ligada ao reposicionamento dos usuários, pois aprendem atividades nas
oficinas, adquirem maior autonomia e passam a ser pró-ativos, ensinando
atividades aos demais, além da diminuição das crises (em frequência e
duração), da possibilidade de convivência, socialização, enriquecimento
do cotidiano que vai além do transtorno ( KANTORSKI et al., 2009). Desta
forma, no depoimento a seguir podemos observar essa realidade exposta.
“(...) No hospital ela não tem melhora não... volta do mesmo jeito. No
CAPS ... botam ela pra escrever, pra bordar.. pra fazer tudo. Eu achei
melhor.” (D.10)
Nesta perspectiva podemos inferir que a Reforma Psiquiátrica consiste em um movimento social, sendo que o eixo técnico-assistencial está
centrado principalmente nos CAPS. Portanto, essa nova forma de organização da assistência a saúde mental, permite uma maior aproximação
entre usuário, familiar e profissional de saúde (GASTAL, 2009).
Entende-se, portanto, que os obstáculos na implementação efetiva
da Reforma Psiquiátrica perpassam por várias dimensões. Neste contexto,
os profissionais são vistos como viabilizadores da desinstitucionalização,
mesmo em condições adversas, possibilitando aos portadores em sofrimento psíquico o resgate de sua dignidade e a possibilidade de serem
atores da sua própria história (CAETANO, 2011).
As implicações da percepção da família do portador de transtorno
mental na consolidação da Reforma Psiquiátrica.
Considerando que um dos principais pressupostos da Reforma Psiquiátrica é a desinstitucionalização através da desconstrução dos hospitais
psiquiátricos tradicionais, tendo o familiar como o principal responsável
pela manutenção do doente fora da internação observa-se que algumas
famílias demonstram preocupação por não terem as condições necessárias para garantir a permanência do seu parente em domicílio, sendo
acompanhados em serviços comunitários abertos.
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Fernandes, M. A. et al.
Então, alguns depoentes em virtude da sobrecarga familiar imposta pelo cuidado, vêem o hospital psiquiátrico como a única alternativa de
tratamento eficaz para o seu familiar, conforme os depoimentos abaixo.
“(...) Sem o hospital não dá. Até porque pelo próprio conhecimento
que a gente não tem de repente o paciente se transforma e a gente
não sabe o que fazer.” (D.4)
“(...) Tem hora que sai do controle e a gente não consegue controlar e a
gente é obrigada a trazer pra cá. Vem pra cá. Passa um mês, e quando
retorna já tá bem melhor.” (D.8)
“(...) Não dá para ficar sem o hospital. Num pode não... nem ela, nem
os outros” (D.9)
O hospital é visto pelos entrevistados como uma necessidade em
razão da inabilidade dessas famílias para administrar conflitos decorrentes
das tensões geradas pela experiência com o transtorno mental. Portanto,
o hospital, na visão dos familiares, age propiciando-lhes alívio temporário
(JORGE; QUEIROZ; RANDERMARK, 2004).
As famílias por apresentarem carência de informações a respeito
da doença, dificuldades de relacionamento e também devido às precárias condições econômicas percebem o hospital psiquiátrico como a única alternativa de atendimento ao doente mental. Considera que isto se
deva à falta de serviços alternativos que além de tratar o doente mental,
deve oferecer auxilio, apoio e orientação a família (RAMOS; GUIMARÃES;
ENDERS, 2011).
Não foram desenvolvidos os recursos comunitários suficientemente numerosos e adequados para preencher as necessidades múltiplas dos
pacientes, nos âmbitos clínico, social e ocupacional, que permitam assegurar o sucesso de sua integração social. Também não foram desenvolvidos mecanismos de apoio necessários às suas famílias no acompanhamento cotidiano das vidas dos pacientes na comunidade, principalmente
no caso dos que sofrem de distúrbios graves e persistentes (BANDEIRA;
BARROSO, 2003).
Mediante essa conjuntura, compreende-se que um dos maiores
entrave para uma concretização efetiva da Reforma Psiquiátrica consiste
exatamente dessa ausência de preparo da família em como agir dentro
desse novo cenário proposto pela reforma. Além disso, percebe-se que
os profissionais de saúde não inserem e não explicam como os familiares
devem preceder no tratamento oferecido ao enfermo mental, o que resulta uma visão negativa dos serviços alternativos na percepção da família.
Atrelado a essas informações e conceituações, os serviços existentes apresentam dificuldades em fornecer um atendimento completo, integrado e suficiente aos pacientes. Os serviços comunitários de saúde mental em vários países têm sido frequentemente considerados insuficientes e
fragmentados e têm enfrentado dificuldades em fornecer um atendimento que ajude efetivamente os pacientes a viverem de forma satisfatória na
comunidade, o que afeta diretamente as suas famílias.
Portanto, em conseqüência das afirmações feitas constatam-se altas taxas de recaídas, que constituem fonte de estresse para as famílias,
assim como um grande número de re-hospitalizações, o conhecido fenômeno da porta giratória (BANDEIRA; BARROSO, 2003).
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Esse fenômeno mencionado é uma realidade presente nos serviços de saúde mental, tanto em nível local quanto em nível nacional, e
que apresenta relevância e pertinência para os estudos acerca da rede de
atenção em saúde/saúde mental, o que leva fazer uma reflexão sobre a
assistência ao individuo em sofrimento psíquico (RAMOS; GUIMARÃES;
ENDERS, 2011).
A orientação, a informação e o suporte a serem dados às famílias constituem parte integrante do projeto de desinstitucionalização,
necessários ao sucesso da reinserção social dos pacientes, mas que, infelizmente, não está sendo desenvolvida de forma suficiente (JOUCLAS;
STEFANELLI; WAIDMAN, 1999).
Em face do exposto, fica evidente a necessidade de olhar com
maior criticidade os riscos embutidos na ideologia à troca do paradigma
psiquiátrico, mantendo a manutenção da discrepância de poder entre
usuários, familiares e profissionais de saúde vinculados ao tratamento em
saúde mental. Sobretudo porque a reforma psiquiátrica é um passo fundamental para a busca da cidadania das pessoas com transtornos psiquiátricos, ainda que complexa permeada por desafios e estando ainda em
desenvolvimento (BARROSO; SILVA, 2011).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na execução desta pesquisa constatou-se que o modelo de desinstitucionalização pode ter a sua consolidação comprometida devido
à ausência de informação das famílias quanto aos serviços alternativos
aos hospitais psiquiátricos, além da falta de preparo familiar em acolher
o paciente quando retorna da instituição psiquiátrica, aumentando assim
as chances de reinternação – o que compromete o novo paradigma da
assistência a saúde mental.
Importa ressaltar que se faz necessário conhecer a realidade das
famílias nas quais se pretendem manter ou reinserir o doente mental, na
tentativa de resgatar sua subjetividade, para que possamos contribuir com
estratégias que facilitem o processo de reintegração familiar e social do
portador de transtorno mental, visto que a família é parceira importante
no processo de desinstitucionalização psiquiátrica.
Compreendemos que para uma verdadeira reabilitação psicossocial é necessário a atuação de outros atores sociais, além da família, do
usuário e do profissional. São necessárias políticas públicas direcionadas
para a promoção da saúde mental, como também se necessita dizimar o
desejo asilar e o imaginário da periculosidade e da incapacidade do louco. De forma que é imprescindível a continuidade da Reforma Psiquiátrica
com o envolvimento dos mais diversos atores.
Portanto, espera-se que essa pesquisa consiga ampliar os conhecimentos e auxiliar os profissionais de saúde, em especial, a equipe multiprofissional da saúde mental no apoio e na conduta para com a família do
portador de transtorno mental. E socialmente, fornecer uma progressiva
mudança de mentalidade e comportamento da família, da sociedade e
dos profissionais de outras clínicas para com o doente mental, conforme a
grande aspiração da reforma psiquiátrica.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.21-25, Jul-Ago-Set. 2012.
Reforma psiquiátrica: percepção da família do portador de transtorno mental
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Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.21-25, Jul-Ago-Set. 2012.
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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Atuação dos Professores às crianças em casos de acidentes na escola
Performance of teachers to children in case of accidents at school
Actuación de profesores a los niños en casos de accidentes en la escuela
Adélia Dalva da Silva Oliveira
Mestre em Políticas Públicas. Docente do Centro
Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, Piauí, Brasil.
Email: [email protected].
Alexsander Galvão Lopes
Especialista docente em terapia intensiva.
Teresina, Piauí, Brasil. Email: alexandre@
portalavance.com.br
Joselane Medina Lisboa
Aluna de Graduação do curso de Enfermagem do
Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, Piauí,
Brasil. Email: [email protected]
RESUMO
Pesquisa de campo, descritiva e com abordagem qualitativa, realizada em uma escola privada, no
mês de março de 2012, com professores do ensino fundamental. Teve como objetivos descrever e
analisar a atuação dos professores do ensino fundamental sobre as medidas de primeiros socorros
em casos de acidentes na escola. Participaram do estudo dez professores, de ambos os sexos, que
responderam ao roteiro de entrevista semi-estruturado. As entrevistas foram gravadas em aparelho
de Mp3 e posteriormente transcritas. A partir dos resultados obtidos foram elaboradas duas categorias: condutas diante da situação de urgência e emergência na escola e preparo dos professores
para atender os alunos em situações de urgência e emergência. Os resultados da pesquisa demonstraram que os professores entrevistados não têm um padrão de atendimento em caso de acidentes
na escola, alguns tentam prestar socorro, mas o fazem de maneira incorreta. Com este trabalho, é
possível concluir que os professores que trabalham com crianças devem está preparados para atuar
em situação de acidentes na escola.
Descritores: Enfermagem. Escola. Acidentes. Professores. Criança.
Débora Maria Lemos Campelo
Aluna de Graduação do curso de Enfermagem do
Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, Piauí,
Brasil. Email:[email protected]
Carolinne Maranhão Melo Marinho
Aluna de Graduação do curso de Enfermagem do
Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, Piauí,
Brasil. Email:[email protected]
Ana Luiza Saraiva Carneiro de Araujo
Aluna de Graduação do curso de Enfermagem do
Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, Piauí,
Brasil. Email:[email protected]
ABSTRACT
This is a field study with a descriptive and qualitative approach. It was held in a private school, in
March 2012, with elementary school teachers. It aimed to describe and analyze the performance
of elementary school teachers on first aid measures in case of accidents at school. The participants
were ten teachers, of both sexes, who responded to a semi-structured interview. The interviews were
recorded in Mp3 player and later transcribed. Two categories emerged from the interviews: attitudes
before the situation of urgency and emergency in the school and preparation of the teachers to
meet students in urgency situations and emergency. The survey results indicate that teachers interviewed did not have a standard of care in case of accidents at school, some tried to provide relief,
but they did incorrectly. With this work, we conclude that teachers who work with children must be
prepared to act in situations of accidents at school.
Descriptors: Nursing. School. Injury. Teachers. Child.
RESUMEN
Submissão: 03.05.2012
Aprovação: 01.06.2012
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Esta investigación es de datos, descriptiva y con abordaje calitativa. Fue realizada en una escuela
privada, en marzo de 2012, con profesores de enseñaza primaria. Tuvo como objetivo describir y
analizar la actuación de los profesores de enseñaza primaria sobre las medidas de primeros auxilios
en casos de accidentes en la escuela. Participaron del estudio diez profesores, de los dos sexos, que
respondieron el guión de la encuesta semi-estructurada. Las encuestas fueron grabadas en aparato de Mp3 y posteriormente transcritas. Apartir de los resultados obtenidos fueron elaboradas dos
categorías: conductas delante de la situación de urgencia y emergencia en la escuela y preparo de
los profesores para atender a los alumnos en situación de urgencia y emergencia. Los resultados
de la investigación indicaron que los profesores participantes no tienen un patrón de atendimento
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.26-30, Jul-Ago-Set. 2012.
Atuação dos Professores às crianças em casos de acidentes na escola
en caso de accidentes en la escuela, algunos tentan prestar atendimento,
pero no lo hacen de manera correcta. Con este trabajo, es posible concluir
que los profesores que trabajan con niños deben estar preparados para
actuar en situación de accidentes en la escuela.
Descriptores: Enfermería. Escuela. Accidentes. Profesores. Niños.
1
INTRODUÇÃO
Segundo a definição do dicionário acidente significa: “acontecimento casual, fortuito, imprevisto”. Nesse sentido se um risco é previsível
e providências não foram tomadas para evitá-lo, o evento que venha a
acontecer, não será acidente, mas sim e, no mínimo, negligência. No caso
de ocorrência de acidente deve-se prestar socorro imediato à vítima para
evitar uma maior gravidade diante do caso (FERREIRA, 2010).
Para Martins (2006) os acidentes são definidos, culturalmente,
como situações inevitáveis, mas um novo conceito tem considerado acidente como um evento previsível resultando em uma transmissão rápida
de um tipo de energia dinâmica, térmica ou química de um corpo a outro
ocasionando danos e até a morte. A necessidade de prevenção é feita
com cuidados físicos, materiais, emocionais e sociais.
No que se refere aos acidentes com crianças, alguns fatores podem estar associados à sua ocorrência, tais como sexo, idade, etapa de
desenvolvimento neuropsicomotor, imaturidade física e mental, inexperiência, incapacidade para prever e evitar situações de perigo, curiosidade,
tendência a imitar comportamentos adultos, falta de noção corporal e de
espaço, incoordenação motora e características da personalidade. Pois
crianças e adolescentes estão na fase de curiosidade pelo novo, sem medir as consequências dos seus atos, apresentando interesse em explorar
situações desconhecidas o que facilita a ocorrência de um acidente por
não estarem preparadas (MALTA Revista Brasileira de Enfermagem, 2009).
Primeiros socorros são as primeiras medidas a serem realizadas no
local do acidente, evitando maiores agravos, sendo o primeiro atendimento inicial ate chegar a um hospital, para serem implementados maiores
cuidados ao acidentado. De acordo com o Ministério da Saúde, qualquer
pessoa treinada poderá prestar os primeiros socorros, conduzindo- se com
serenidade, compreensão e confiança. Manter a calma e o próprio controle são importantes (BRASIL, 2003).
Em todos os locais de trabalho incluindo a escola devem existir
pessoas preparadas e orientadas quanto as medidas de socorros a serem
tomadas caso ocorra um acidente ou mal súbito. O ambiente escolar constitui preocupação constante, pois é comum a ocorrência de acidentes e
geralmente os professores são os primeiros socorristas, sendo fundamental que estes saibam como agir frente a acontecimentos, como evitá-los e
como ministrar os primeiros socorros evitando assim complicações decorrentes de procedimentos inadequados, o que garante a melhor evolução
e prognostico das lesões até que o paciente receba o tratamento médico
adequado (CODEPPS, 2007).
Para França et al, (2007) em se tratando de acidentes, o tempo é o
instrumento fundamental na correlação vida-morte, pois a evolução dos
acontecimentos depende da rapidez com que a assistência é prestada à
vítima. O socorrista deve saber o que fazer, como fazer e o que não deve
ser feito durante o atendimento. Agir com cautela e responsabilidade frente às providências que estão sendo tomadas com a vitima.
De acordo com art. 7° do Estatuto da Criança e do Adolescente, o
segmento representado por crianças e adolescentes possui seus direitos
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.26-30, Jul-Ago-Set. 2012.
garantidos por lei, a partir deste, atualmente, observa-se uma crescente
preocupação das instituições públicas e, principalmente privadas de ensino, em garantir esses direitos e, em especial, às questões relacionadas aos
acidentes e violências na infância que possam ocorrer no espaço escolar
(BRASIL, 2005).
Trauma no sistema músculo-esquelético podem provocar diferentes tipos de lesões, como: fratura - quando o osso se quebra, luxação quando ocorre deslocamento do osso de uma articulação, fratura-luxação
- as duas lesões estão associadas, contusão - inchaço e rompimento de
vasos sanguíneos no local de uma pancada, entorse - torção de uma articulação, distensão ou estiramento - quando os músculos são excessivamente esticados, amputação - perda de parte de um membro, ou laceração - perda de tecidos moles. O engasgo definido como a obstrução das
vias aéreas por corpo estranho promove o bloqueio da passagem do ar, o
que impede a vítima de respirar, podendo levar à morte. E ferimentos são
lesões em que ocorre destruição de tecidos, em diferentes profundidades,
podendo atingir somente a pele ou camadas mais profundas, como musculatura, vasos sanguíneos, nervos e até órgãos internos (CODEPPS, 2007).
O traumatismo é uma lesão advinda de força, pode ser acidental,
auto-imposta um ato de violência que atinge vários sistemas e requer intervenções imediatas e especificas para evitar perda do membro afetado
ou da vida. Independente da causa, o traumatismo gera um potencial para
complicações significativas e dano que põe em risco a vida. O grau de
traumatismo depende da natureza da força e da área do corpo atingida.
Em geral, a assistência ao cliente que sofreu traumatismo centra-se no
suporte das funções vitais do cliente, mantendo uma via respiratória adequada e oxigenação, corrigindo a lesão e minimizando as consequências
das lesões traumáticas (HUDDLESTON; FERGUSON, 2006).
As queimaduras podem ser classificadas em três graus, de acordo
com a profundidade das lesões. As queimaduras de 1º grau são superficiais e apresentam apenas vermelhidão da pele e dor local. As de 2º grau
caracterizam-se pela formação de bolhas e são muito dolorosas, enquanto
as de 3º grau atingem camadas profundas da pele e até mesmo outros
tecidos mais profundos e caracterizam-se pela coloração esbranquiçada
ou enegrecida e por serem indolores (CODEPPS, 2007).
É importante educar a população em geral e treinar grupos populacionais de risco para agir corretamente diante de um caso de queimadura. Nesse sentido, nos programas de educação para a saúde deve-se
incluir o ensino de procedimentos de primeiros socorros ao queimado
(VALE, 2005).
O conceito de febre é dado pela elevação controlada da temperatura do organismo, resultante de uma mudança que aumenta a temperatura hipotalâmica estabelecida. A convulsão, ou crise convulsiva,
caracteriza-se pela ocorrência de uma série de contrações rápidas e involuntárias. As convulsões são comuns e podem apresentar- se em uma
variedade de situações clinicas. Embora a incidência e a predominância de
atividade convulsiva sejam influenciadas por vários fatores, cerca de 1 em
11 pessoas irá, em algum momento experimentar uma convulsão na vida
(SCHELL; PUNTILLO, 2005).
Os principais acidentes relacionados a animais são as mordeduras
ou arranhaduras de animais domésticos e silvestres e as picadas e outros
acidentes por animais peçonhentos como aranhas, escorpiões, marimbondos, abelhas, formigas, lagartas e cobras. As intoxicações podem ocorrer principalmente por ingestão de produtos de limpeza, medicamentos
ou plantas, pelo contato com gases tóxicos ou fumaça, ou pelo contato da
pele com produtos químicos tóxicos. Acidentes relacionados à corrente
27
Oliveira, A. D. S. et al.
elétrica são potencialmente graves, podendo provocar queimaduras graves, alterações do funcionamento do coração (até parada cardíaca), além
de alterações pulmonares, neurológicas, músculo esqueléticas e outras
(CODEPPS, 2007).
Entretanto, para Liberal et al., (2005) a construção de uma “Escola
Segura” é uma tarefa complexa. Uma escola onde a preocupação em se
prevenir acidentes e violências seja uma constante, como na estrutura e
organização física do ambiente, proporcionando o maior conforto e cuidados na escolha dos moveis, cadeiras, rampas, pisos, banheiros, brinquedos.
Enfim todo o espaço escolar para que diminua a incidência de acidentes,
estimule hábitos de vida saudável, garanta boa educação, estimule todos
os alunos sem preconceito, e que perceba suas dificuldades e os prepare
para a vida é, sem dúvida, um ideal que devemos perseguir.
O presente estudo apresenta como objeto de estudo atuação dos
professores do ensino fundamental sobre as medidas de primeiros socorros em caso de acidentes na escola. Tendo como questão norteadora:
Como o professor atua em situações de acidentes na escola? E como objetivos: descrever e analisar a atuação dos professores do ensino fundamental sobre as medidas de primeiros socorros em casos de acidentes
na escola.
Espera-se com este estudo contribuir para o fortalecimento de
ações que possam atender as necessidades de atendimento de primeiros
socorros a alunos prestados por professores a fim de evitar traumas consequentes de lesões que poderiam ser facilmente amenizadas com iniciativa
do primeiro socorro prestado pelo professor que se encontra no local do
acidente.
2METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória com abordagem
qualitativa. Foi realizada em uma escola de ensino fundamental da rede
particular de ensino de Teresina-PI. A equipe pedagógica é composta por
26 professores, 01 diretor, 01 coordenador pedagógico de todas as áreas.
Participaram da pesquisa dez professores do ensino fundamental que atuam na escola, com faixa etária de 21 a 42 anos, entre homens e mulheres.
Foram utilizados como critério de inclusão os sujeitos que tinham mais de
um ano de experiência na área e que aceitaram participar da pesquisa por
meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Este critério de inclusão foi estabelecido por acreditar-se que após um ano
na instituição o professor já conheça as normas desta. O número de sujeitos não foi predeterminado, mas obedeceu ao critério de saturação das
falas, que considera a repetição dos significados atribuídos. Uma vez que
esse ponto de saturação foi alcançado às entrevistas foram encerradas.
O instrumento de produção utilizado foi um roteiro de entrevista
semi-estruturado que combina perguntas abertas e fechadas onde o entrevistado teve a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto, sem
respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador. As entrevistas foram
realizadas pelas pesquisadoras aos sujeitos do estudo individualmente em
local reservado e previamente agendado. Para que ocorresse a preservação das falas dos sujeitos, durante a coleta dos dados foi utilizado um aparelho MP3 para que os depoimentos fossem gravados e posteriormente
transcritos para análise. Após a realização das entrevistas, as informações
foram realizadas buscando conhecer os conteúdos das falas, nessa etapa
utilizou-se análise temática de Minayo (2003).
Os dados foram coletados após autorização do local do estudo e
do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade de Saúde, Ciências Hu28
manas e Tecnológicas do Piauí – UNINOVAFAPI, com parecer do Processo
CAAE nº 0468.0.043.000-11, respeitando a Resolução 196/96 do CNS/MS.
A pesquisa manteve a integridade física, social e psicológica dos sujeitos de estudo não submetendo os mesmos a qualquer tipo de risco ou
prejuízos. Trouxe como benefícios atualizações sobre a temática pesquisada,
bem como a informação do conhecimento dos professores sobre as medidas
de primeiros socorros. Esta será enviada em forma de relatório para escola.
3
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os aspectos sobre urgência e emergência foram levantados, através da literatura adquirida e consultada, para que houvesse o desenvolvimento do trabalho de pesquisa de campo. Os significados apreendidos
das falas dos sujeitos foram agrupados e formulados em duas categorias:
Condutas diante da situação de urgência emergência na escola e encaminhar a criança á coordenação como forma de prestar socorro.
3.1 Atuação dos professores diante da situação de urgência
e emergência na escola
Nessa categoria, destacaram-se os seguintes depoimentos:
[...] No caso uma fragilidade capilar se a criança viesse a escorrer o nariz,
pegaria a criança, levaria para outro ambiente sempre com a cabecinha levantada, levaria para banheiro, lavaria, eu aqui na escola costumo às vezes colocar gelinho (Dep. 1).
[...] Depende do acidente, se tem um machucado com hematoma a
gente geralmente usa o gelo pra baixar o galo, a gente pressiona, tem
o hirudoid que a gente usa também (Dep. 8).
A fragilidade capilar que a depoente 1 se refere é uma epistaxe
(sangramento nasal) que pode ser causado por trauma direto no nariz ou
por causas clinicas. A hemorragia é definida como a perda de sangue devida ao rompimento de um vaso sanguíneo, que pode ser interna e externa.
A interna é caracterizada por ser difícil de reconhecer visualmente porque
o sangue acumula-se nas cavidades do corpo, já a externa facilmente visível, pode ocorrer em camadas superficiais da pele por corte ou perfurações, ou mesmo atingindo áreas mais profundas através de aberturas ou
orifícios gerados por traumas.
A conduta correta neste caso seria colocar o paciente sentado, aplicando uma pressão direta, apertando as narinas, logo após fazer a limpeza com água. Caso ocorra que a vitima fique inconsciente e incapaz de
manter a sua via área, coloca-se em decúbito lateral e prepara para fazer
aspiração e limpeza (SANTOS, 2005).
[...] Ah eu seria obrigada a parar a aula e teria que atender o aluno que
estaria no caso. Dependendo da gravidade do acidente (Dep. 3).
[...] Um aluno que machuca o joelho a gente leva ao banheiro, lava e
usa um remedinho (Dep. 7).
[...] Eu pararia a aula e socorreria o aluno, prestaria os primeiros socorros o que pudesse fazer ali no momento, eu faria (Dep. 10).
O Trauma Crânio Encefálico (TCE) compreende desde as lesões do
couro cabeludo até aquelas da caixa craniana ou do seu conteúdo. No
ambiente escolar, as principais causas de Trauma Crânio Encefálico (TCE)
são as quedas, especialmente de lugares altos e as pancadas na cabeça,
que podem ocorrer quando o escolar bate a cabeça em móveis, brinquedos do playground, parede ou porta, ou mesmo durante brincadeiras ou
atividades esportivas (BRASIL, 2003).
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.26-30, Jul-Ago-Set. 2012.
Atuação dos Professores às crianças em casos de acidentes na escola
O atendimento adequado da criança é mais do que a simples aplicação dos princípios de atendimento dos adultos a uma pessoa pequena.
As crianças têm padrões de trauma específicos, resposta fisiológica própria
e necessidades especiais com base em seu tamanho, maturidade e desenvolvimento psicossocial (PHTLS, 2007).
Durante a infância, as crianças estão suscetíveis a inúmeras situações de risco que podem originar sérios acidentes. Não podemos restringir
suas oportunidades de brincar, de explorar novos ambientes, de criar, de
ousar, o que prejudicaria seu desenvolvimento. Na maior parte do mundo,
o trauma ocupa a primeira causa de morte na infância; daí sua grande
importância. Ter em mente que “criança não é um adulto pequeno”, não
devendo ser tratada como tal (PORCIDES, 2006).
3.2 Preparo dos professores para atender os alunos em situações de urgência e emergência
Jovens e crianças estão em um grupo de maior vulnerabilidade na
ocorrência de mortes e traumas decorrentes de violências e acidentes. O
ambiente escolar representa uma importante faceta desse problema, que
é multifatorial, a partir do momento em que crianças e jovens passam
grande parte do tempo na escola, onde esses assuntos ligados à saúde
devem ser abordados e discutidos (LIBERAL Revista Brasileira de Enfermagem, 2005).
Com relação ao preparo dos professores, selecionaram-se as seguintes as falas:
[...] ai a gente leva na coordenação e toma providencias liga para mãe,
para pai, ou liga para o pronto socorro (Dep. 5).
[...] Eu procuraria imediatamente a coordenação da escola, dependendo da gravidade da situação para poder tomar as devidas precauções,
ou chamar a ambulância, ou entrar em contato com os pais (Dep. 9).
Observa-se que os depoentes não se sentem seguros a prestar socorro ao acidentado, à primeira atitude é encaminhar o aluno a coordenação. De acordo com as falas dos sujeitos, estes não se sentem preparados
para prestar os primeiros socorros, o que, infelizmente, é bastante comum
nas escolas. A orientação seria telefonar para os pais e dependendo da
situação, para um serviço de atendimento pré-hospitalar e enquanto o os
pais ou o serviço não chegava, o professor deveria prestar o atendimento
adequado, para minimizar danos ao aluno.
[...] a primeira providencia que nos tomamos é chamar a coordenadora
(Dep. 2).
[...] eu já mandaria chamar logo alguém da coordenação para tomar alguma providencia porque eu mesma não saberia o que fazer (Dep. 4).
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.26-30, Jul-Ago-Set. 2012.
[...] eu chamava a coordenação e não tentava prestar socorro, eu tenho
pavor de ver sangue (Dep. 6).
Em muitas situações, a falta de conhecimento dos professores acarreta inúmeros problemas, como o estado de pânico ao ver o acidentado,
que é o caso da depoente 6. Algumas pessoas pensam que na hora da
emergência não terão coragem ou habilidade suficiente, mas isso não
deve ser motivo para deixar de aprender as técnicas, porque nunca sabemos quando teremos que utilizá-las. Devemos, sempre que possível,
preferir o atendimento.
Os socorristas em todos os níveis devem desempenhar um papel
ativo na prevenção de traumas para alcançar melhores resultados, não
só para a comunidade de forma geral, mas também para eles mesmos
(PHTLS, 2007).
Para Pergola e Araújo (2008) em situações de emergência, a avaliação da vítima e seu atendimento devem ser realizados de forma rápida,
objetiva e eficaz, proporcionando aumento da sobrevida e a redução de
sequelas. E a capacitação do leigo para atendimento precoce em situações
de emergência e instituição do suporte básico de vida é fundamental para
salvar vidas e prevenir sequelas.
Sendo assim, é de suma importância que os profissionais estejam
treinados, atualizados e preparados para atender os alunos acidentados e
as fatalidades que venham a acontecer em seu trabalho, e estes deveriam
criar uma rotina de atendimento de socorros de urgência que envolva
toda a equipe de trabalho. Portanto, as escolas, juntamente com os professores, têm um papel relevante na promoção da saúde, prevenção de
doenças e, inclusive, de acidentes entre crianças e adolescentes.
4CONCLUSÃO
A execução deste trabalho destacou a importância do conhecimento dos professores para atuação frente às situações de primeiros socorros nas escolas e, observou-se que os mesmos não possuem condutas
adequadas para tal situação. Seria essencial um treinamento ou um curso pelo menos semestral com orientações para qualificar os mesmos de
maneira que os tornem aptos e seguros à tomada de decisões, atuando
corretamente, de modo a garantir a sobrevivência da vítima sem o agravamento do seu estado antes da chegada do socorro profissional.
Conclui-se que a contratação de um enfermeiro na escola seria
necessária, pois em situações de emergências com crianças todos podem ajudar, mas o profissional de enfermagem tem o preparo necessário
para prestar o primeiro socorro com mais segurança e eficiência. Além de
prestar o primeiro atendimento às crianças, o profissional poderá orientar
professores e demais integrantes da escola com a intenção de prevenir
novos acidentes.
29
Oliveira, A. D. S. et al.
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Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.26-30, Jul-Ago-Set. 2012.
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Atuação do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência a pacientes psiquiátricos em Teresina-PI
Performance of nurses of Service Mobile Emergency for psychiatric patients in Teresina-PI
El rendimiento de las enfermeras del Servicio de Emergencia Móvil a pacientes psiquiátricos en Teresina-PI
Claudia Maria Sousa de Carvalho
Professora Mestre da Faculdade UNINOVAFAPI.
Teresina-PI:
E-mail: [email protected]
Eliene do Nascimento Macêdo
Enfermeira
(86) 9458-5828
Email: [email protected]
Girlene Ribeiro da Costa
Enfermeira.Pós graduanda em Enfermagem em
Cardiologia no Centro Universitário UNINOVAFAPI
Email: [email protected]
(86) 9935-1811
RESUMO
No Brasil, o processo da reforma psiquiátrica, iniciado no final dos anos de 1970, surgiu em decorrência, por um lado, da crise nos paradigmas da psiquiatria clássica e por outro, dos esforços dos
movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos. O estudo tem como objetivo descrever a atuação do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a pacientes psiquiátricos e discutir o modelo de atendimento realizado por esses enfermeiros aos pacientes em crise
psiquiátrica à luz das recomendações definidas nas políticas públicas de atenção à saúde mental.
Trata-se de uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa realizada em Teresina-PI, com 11
enfermeiros por meio de entrevista semiestruturada. Os resultados foram apresentados em duas
categorias a saber : atuação do enfermeiro nas urgências psiquiátricas e a caracterização do modelo
de atendimento realizado pelo enfermeiro aos pacientes em crise psiquiátrica. Conclui-se que os
enfermeiros possuem pouca experiência para o atendimento psiquiátrico em situações de urgências
e sua atuação é voltada basicamente, para a contenção química do paciente e transferência deste
para unidade de internação.
Descritores: Enfermagem. Psiquiatria. Socorro de urgência.
Keyla Cybelly Rodrigues Bezerra
Enfermeira.
[email protected]
Roselene Pacheco da Silva
Enfermeira
(86) 9993-0131
Email: [email protected]
Eliana Campêlo Lago
Doutora em Biotecnologia. Cirurgiã-dentista e
Enfermeira. Professora da Graduação e do Programa
de Mestrado Profissional em Saúde da Família do
Centro Universitário – UNINOVAFAPI. Professora
da Graduação em Odontologia e Enfermagem da
Faculdade Integral Diferencial - FACID- Teresina-PI,
Brasil. E-mail: [email protected]
Submissão: 18.07.2012
Aprovação: 29.11.2012
ABSTRACT
In Brazil, the process of psychiatric reform, initiated in late 1970, came due, on the one hand, the
crisis in the paradigms of classical psychiatry and secondly, by efforts of social movements for the
rights of psychiatric patients. The study aims to describe nurse’s assistance of Service Mobile Emergency for psychiatric patients and discuss the model of care performed by these nurses to patients in
psychiatric crisis in the light of the recommendations defined in the policies of public mental health
care. This is an exploratory, qualitative study conducted in Teresina, PI, with 11 nurses by semistructured interviews. The results were presented in two categories namely: performance of nurses in
psychiatric emergency and characterization of the model of care performed by nurses to patients
in psychiatric crisis. We conclude that nurses have little experience to psychiatric care in emergency
situations and its performance is geared primarily for chemical restraint of patients or transfer them
to the inpatient unit.
Descriptors: Nursing. Psychiatry. Emergency relief.
RESUMEN
En Brasil, el proceso de reforma psiquiátrica, que se inició a finales de 1970, fue debido, por un
lado, la crisis de los paradigmas de la psiquiatría clásica y en segundo lugar,por los esfuerzos de los
movimientos sociales por los derechos de los pacientes psiquiátricos. El estudio tiene como objetivo
describir el papel de los enfermeros de un servicio de urgencia móvil para pacientes psiquiátricos y
discutir el modelo de atención realizada por los enfermeros a los pacientes en crisis psiquiátrica, a la
luz de las recomendaciones definidas en la política de atención pública de la salud mental. Se trata
de un estudio exploratorio, cualitativo realizado en Teresina, PI, con 11 enfermeras a través entrevistas semiestructuradas. Los resultados se presentan en dos categorías, a saber: el desempeño de los
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.31-35, Jul-Ago-Set. 2012.
31
Carvalho, C. M. S. et al.
enfermeros en urgencias psiquiátricas y la caracterización de la asistencia
realizado por las enfermeras a los pacientes en crisis psiquiátrica. Llegamos
a la conclusión que las enfermeras tienen poca experiencia en la atención
psiquiátrica en situaciones de emergencia y su servicio está voltado principalmente para el control químico de los pacientes y transferencia para
las unidades de hospitalización.
Descriptores: Enfermería. Psiquiatría. Socorro de emergencia.
1
INTRODUÇÃO
No Brasil, o processo de reforma psiquiátrica, iniciado no final
dos anos de 1970, surgiu em decorrência, por um lado, da crise nos paradigmas da psiquiatria clássica que tinha o hospital psiquiátrico como
única alternativa de tratamento, proporcionando a cronicidade e a exclusão das pessoas com doença mental, e, por outro, dos esforços dos
movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos (VOLPE,
et al., 2010).
O intuito da nova política de saúde mental é, portando, redirecionar o modelo de assistência em saúde mental centrado na doença
psiquiátrica e pautado em cuidados que geram exclusão social e preconceito, para um modelo baseado em diretrizes de acolhimento e
cuidado integral no próprio território do sujeito, inclusive no momento
da crise.
Contudo, a atenção à crise da pessoa com transtorno mental, em
muitos lugares, fica sob a responsabilidade dos serviços de urgência e,
em alguns casos, sem preparo para prestar a devida assistência.
Porém, muito pouco, ou quase nada, se discute atualmente
sobre a assistência em saúde mental prestada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Pouco se vê na literatura trabalhos que descrevam e problematizem o funcionamento desse serviço
quando se trata especificamente de saúde mental. A própria discussão
sobre atendimento pré-hospitalar ainda é precário nas áreas de clínica
médica geral e cirúrgica, e quase inexistente quando o assunto é saúde
mental.Isso, certamente, se tem refletido na prática dos profissionais
do SAMU que utilizam procedimentos que trazem a marca daqueles
realizados nos hospitais psiquiátricos, como a imobilização mecânica e
o auxílio da força física do corpo de bombeiros ou da polícia, reproduzindo o modelo de cuidado que não respeita a singularidade do sujeito
e que reforça a representação de violência quando se trata de pessoa
com transtorno mental (JARDIM; CHIAPIN, 2004).
Entende-se que é crucial considerar a crise como uma oportunidade de ressignificação da singularidade do sujeito em sofrimento
psíquico que a sustenta. Assim, a crise dever ser apreendida como um
momento que deve ser cuidadosamente trabalhado por profissionais
qualificados para que os sujeitos desfrutem do seu potencial transformador e criativo, pois, embora salte aos nossos olhos todo o sofrimento
vivenciado pelo indivíduo, podemos percebê-lo em seu momento de
metamorfose, de saída de um lugar sócio historicamente construído
para outro que está sendo reconstruído.
Diante da problemática, este estudo tem como objetivo descrever o atendimento de urgência pré-hospitalar móvel a pacientes psiquiátricos sob a óptica do enfermeiro da equipe e discutir o modelo de
atendimento descrito à luz das recomendações definidas nas políticas
públicas de atenção à saúde mental.
32
2
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa,
realizada no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) do município de Teresina-PI.
Os sujeitos da pesquisa foram 11 enfermeiros do quadro do SAMU.
A coleta dos dados foi realizada, no período de abril de 2012, por meio de
entrevistas semi-estruturadas.
Os sujeitos foram convidados para participar voluntariamente da
pesquisa e, foi solicitado que assinassem o termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme recomenda a Resolução 196/96, do Conselho
Nacional de Saúde – CNS/MS. Foi assegurado o anonimato e sigilo das
informações, além de garantido o respeito à privacidade e liberdade de
participar ou declinar de sua participação na pesquisa no momento que
desejar.
As entrevistas foram realizadas pelas próprias autoras, no turno da
manhã e noite, por adequação ao horário de trabalho da equipe. O trabalho foi submetido à aprovação da Fundação Municipal de Saúde (FMS)
n° 045.15.505-11, e com autorização do Comitê de Ética em Pesquisa nº
0491.0.043.000-11 da Faculdade UNINOVAFAPI.
De posse dos dados e informações coletadas, estas foram analisadas com base na análise de conteúdo, que conforme Bardin (1977) tem
como finalidade importante a produção de inferências sobre qualquer um
dos elementos básicos do processo de comunicação, pois é a inferência
que vai permitir a passagem da transcrição à interpretação.
Como resultado do conteúdo, baseado nas falas dos sujeitos da
pesquisa, formularam-se as seguintes categorias: atuação do enfermeiro
nas urgência psiquiátrica e caracterização do modelo de atendimento
realizado pelos Enfermeiros do SAMU aos pacientes em crise psiquiátrica.
A análise e a interpretação das categorias basearam-se nas falas
dos enfermeiros atuantes em urgência e emergência, que possibilitaram
o conhecimento de suas percepções sobre a atuação da equipe de Enfermagem na urgência psiquiátrica.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Atuação do enfermeiro nas urgência psiquiátrica
Os serviços de atendimento pré-hospitalar devem ser estruturados
na perspectiva de melhorar e qualificar o atendimento às urgências, melhorando os prognósticos de reabilitação (VIEIRA; MUSSI, 2007). Delinear
os procedimentos de atendimento é importante para o funcionamento
do SAMU no campo da Saúde Mental, afinal, isso enquadra o paciente
psiquiátrico definitivamente no hall dos casos atendidos e com alta resolutividade (JARDIM; DIMENSTEIN, 2008).
Nessa categoria, foram agrupados os depoimentos relacionados ao
atendimento da urgência ao paciente psiquiátrico no SAMU. Como apontam as falas do sujeito, discorrendo sobre as experiências, neste estudo os
sujeitos tratam sobre as seguintes questões:
[...] O papel do enfermeiro é mais em relação da prescrição da mediação e muito das vezes a mesma nem é feita” [...] com sete anos de
atuação no SAMU só fiz três atendimentos (Depoente 01).
[...] O atendimento dessa natureza na maioria das vezes se torna inviável pelos enfermeiros do suporte avançado de vida, pela quantidade
reduzidas de viaturas disponível para esse fim [...] com sete anos de
atuação no SAMU só atendi duas ocorrências desse tipo. (Depoente
02).
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.31-35, Jul-Ago-Set. 2012.
Atuação do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a pacientes psiquiátricos em Teresina-PI.
[...] iniciamos com a contenção mecânica, se for necessário, e somente
em casos de surtos, é utilizada a medicação, em geral, diazepam [...]
Tenho sete anos que trabalho no SAMU e acredito que até o momento
realizei quatro ocorrências envolvendo pacientes psiquiátricos. (Depoente 03).
[...] Durante esses anos de formação foi realizado uma transferência de
suporte básico do Hospital do Primavera para o HUT [...] Paciente com
comorbidade, psiquiátrico. (Depoente 04).
[...] Ao realizar a contenção química sem uma resposta efetiva, é necessário em seguida de contenção física. (Depoente 09).
A partir das falas, percebe-se a pouca experiência da equipe de Enfermagem frente ao atendimento psiquiátrico. A atuação do enfermeiro é
basicamente para a contenção química do paciente e em relação à transferência desse para outra unidade de internação.
De acordo com Kondo (2010), ressalta-se a importância da
qualidade da abordagem da emergência em saúde mental e considera-se que a primeira impressão possui significativa influência, assim como, o
modo como a pessoa é recebida, a atenção que o profissional dispensa e a
demonstração de preocupação com o paciente quando ele chega ao serviço de saúde. Essas atitudes preponderam sobre a resposta do paciente à
equipe, bem como, na aceitação das recomendações e na sua adesão ao
tratamento.
Sendo assim, no que se refere à atuação do profissional de
Enfermagem na urgência psiquiátrica, percebe-se a necessidade de uma
formação mais especializada, de experiência profissional na área e, principalmente, a implementação de treinamentos e capacitações, conforme
relata o depoente abaixo:
[...] No SAMU ainda não tive um treinamento especifico de urgência
psiquiátrica. Mas tive o treinamento inicial, uma aula sobre a abordagem do atendimento psiquiátrico. Mas no nível básico o técnico já
teve um treinamento especifico de contenção de atendimento psiquiátrico. (Depoente 05).
A respeito dessa realidade, nota-se a necessidade da preparação
da equipe de Enfermagem para os atendimentos de urgência psiquiátrica.
Alguns gestores afirmaram que a falta de capacitação sobre esse tema se
deve à falta de informação sobre o assunto publicado na literatura e, também, à falta de interesse dos profissionais; muitos enfermeiros afirmam
que não realizaram atendimento de urgência psiquiátrico. É importante
ressaltar que o SAMU é um serviço que funciona com base em protocolos
e sua rotina consiste em segui-los, já que são eles que guiam as atitudes
dos profissionais durante as ocorrências, por isso, não se tem uma exigência no serviço sobre o protocolo psiquiátrico, - a qual existe na teoria, mas
é pouco aplicada na prática, o que também é apontado como um item
negativo, um agravante desestabilizador do funcionamento do serviço.
3.2 Caracterização do modelo de atendimento realizado pelos
Enfermeiros do SAMU aos pacientes em crise psiquiátrica
As emergências em saúde mental estão estritamente relacionadas às diversificadas crises evolutivas e acidentais inerentes à vivência
humana. Porém, o que caracteriza uma emergência em saúde mental é
a manifestação de comportamento em decorrência de uma situação em
que a pessoa se encontra, e para a qual o seu funcionamento geral está
gravemente prejudicado, e o indivíduo torna-se incapaz de assumir responsabilidades pessoais.
A abordagem à pessoa com transtorno mental em situação de
emergência é de tal importância que, se realizada com segurança, pronRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.31-35, Jul-Ago-Set. 2012.
tidão e qualidade, é capaz de determinar a aceitação e a adesão dessa
pessoa ao tratamento.
Os depoimentos a seguir revelam que o atendimento psiquiátrico
prestado pelos enfermeiros do SAMU, nem sempre é realizado pelos mesmos, pois quem realiza essa assistência são os profissionais do Suporte Básico de Vida, no qual não se tem o profissional enfermeiro e nem a equipe
médica. Durante o atendimento a equipe do Suporte Básico é acionada,
juntamente com a escolta da Polícia Militar e/ou Corpo de Bombeiros.
[...] A nossa experiência em urgência psiquiátrica é muito pouca porque é mais realizada pelo suporte básico, a gente só vai quando o
suporte básico tem dificuldade e precisa sedar o paciente [...] o atendimento psiquiátrico só a realizado com o apoio da Polícia militar.
(Depoente 05).
[...] Quando o suporte avançado é acionado, o atendimento é realizado de
acordo com a sintomatologia que o paciente apresenta. (Depoente 06).
[...] Quando o suporte avançado é acionado, esperamos a chegada da
polícia, pois geralmente o paciente está agressivo. (Depoente 07).
[...] Geralmente as ocorrências psiquiátricas são realizadas pelo suporte
básico de vida. A regulação aciona a ambulância e polícia quando o
paciente está agressivo. (Depoente 08).
[...] O SAMU faz parceria com a polícia para o atendimento psiquiátrico.
[...] Geralmente esses atendimentos são realizados pelo suporte básico
de vida. O suporte avançado de vida é solicitado pela básica quando
necessário contenção química para o paciente. (Depoente 11).
Após as análises dos depoimentos, percebeu-se que os profissionais de Enfermagem referem que o atendimento de urgência psiquiatrica
é primeiramente realizado pelo Suporte Básico de Vida, juntamente com
o apoio da Polícia Militar/Corpo de Bombeiros. Quando, no entanto, não é
de competência do Suporte Básico de Vida realizar manobras invasivas é
solicitado o Suporte Avançado de Vida.
A concepção de urgência psiquiátrica para alguns depoentes é uma
resposta de ‘agressividade’. É interessante destacar isso, porque a ideia dos
enfermeiros de que em uma ocorrência psiquiátrica lidarão com alguém
que pode ameaçar sua integridade física os leva às práticas adotadas nos
atendimentos. Por acharem que serão agredidos, os profissionais adotam
uma postura de defesa, o que acaba se transformando em ataque, ou uma
postura de medo, o que acaba gerando omissão no cuidado. Assim, ambas as posturas geralmente progridem para uma contenção mecânica e,
para lidar com isso, o SAMU conta com o auxilio da Polícia Militar/Corpo
de Bombeiros.
A necessidade de preparar os enfermeiros, e de aproximá-los de
seu tema comum é necessária. As oficinas, palestras, cursos podem ter
esse propósito, mas não podem ser a única tentativa. Além da programação de capacitações e treinamentos em conjunto, seria significativo intercambiar os profissionais para que conhecessem a fundo os problemas e as
possibilidades da rede. Porém, por se tratarem de redes muito distintas é
importante haver prudência ao aproximá-los.
No que diz respeito à atenção à crise e urgência psiquiátrica, seria
importante que pessoas fossem estrategicamente colocadas nos serviços
de ambas as redes. Esses profissionais serviriam como aproximadores,
disseminadores de ideias e semeadores de pequenas dúvidas; seriam incitados a usar a imaginação, auxiliando a desemperrar alguns fluxos previamente estabelecidos.
Sabe-se que essa questão ainda é pouco debatida e espera-se que
esta seja apenas uma abertura para outras tantas questões que podem
ser formuladas.
33
Carvalho, C. M. S. et al.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa possibilitou o conhecimento sobre a assistência e as
concepções da equipe de Enfermagem em situações de urgência psiquiátrica e a busca de conhecimento sobre o tema, proporcionando reflexões
acerca dessa prática.
Destaca-se que os serviços substitutivos de atenção à saúde mental
são realidades resultantes do movimento da reforma psiquiátrica de caráter social, político e econômico, que luta pela desconstrução dos manicômios e do paradigma que o sustenta. Esse redirecionamento da assistência
em saúde mental exige avaliações, reavaliações e reflexões constantes dos
serviços criados e adaptados para que suas dinâmicas ocorram de forma
a atingir o objetivo de inclusão social e não perpetue a imagem arraigada
ao imaginário social, de que portadores de transtorno mental são pessoas
sujas, ignorantes, incapazes, agressivas e violentas e que, portanto, devem
ser mantidas longe do convívio das pessoas em sociedade.
A Enfermagem é uma profissão que exige habilidade, técnica
e ação humanística do profissional, uma vez que o cuidar do outro em
sua integralidade significa não apenas resolver seus problemas físicos,
mas também identificar todas as suas necessidades e buscar formas de
atendê-las.
Considera-se que o enfermeiro necessita da fundamentação teórico-prática condizente à urgência psiquiátrica, para saber lidar melhor com
34
as situações de urgência psiquiátrica. Além de prestar uma assistência
qualificada.
O resultado da pesquisa mostrou que há atendimento de urgência
psiquiátrica, mas os profissionais de Enfermagem atuam apenas no Suporte Avançado de Vida, em casos de risco de vida, contenção química e
agressividades da pessoa com transtorno, no momento da crise, e a população. Mas percebe-se que o Suporte Avançado de Vida é pouco solicitado
para os atendimentos de urgência psiquiátrica. Pois na maioria dos atendimentos no momento de seleção é enviado ao Suporte Básico de Vida,
caso necessite de apoio, o mesmo deve ser auxiliado pela Polícia Militar/
Corpos de Bombeiros, sendo norma do serviço.
Devido a pouca solicitação do Suporte Avançado de Vida ao atendimento de urgência psiquiátrica no serviço pré-hospitalar móvel, percebe-se pouca experiência dos profissionais de Enfermagem diante do tema
abordado, o que pode ser um dificultador na qualificação desse atendimento, pois há uma exposição do paciente e familiares na sociedade.
A qualidade do atendimento deve ser garantida em todas as regiões do país, mesmo as mais carentes e distantes dos centros universitários,
e pode ser assegurada através de um forte programa de capacitação, supervisão e formação de multiplicadores.
Diante do exposto é relevante encontrar nos periódicos nacionais
estudos a respeito desse tema, faz-se necessário, então, que outros estudos acerca dessa temática sejam desenvolvidos.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.31-35, Jul-Ago-Set. 2012.
Atuação do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a pacientes psiquiátricos em Teresina-PI.
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org/10.1590/S0047-20852010000300006>. Acesso em: 04 set. 2011.
35
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Efeitos da soja transgênica: estudo em camundongos Mus musculus
Effects of transgenic soybeans: studies in mice Mus musculus
Efectos de la soja transgênica: estudio en ratones Mus musculus
Arycélia do Nascimento Sousa
Nutricionista Graduada na Faculdade de Saúde,
Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí –
UNINOVAFAPI. Teresina-PI. E-mail:aryceliaousa@
hotmail.com.br
Elizabete Maciel de Sousa
Nutricionista Graduada na Faculdade de Saúde,
Ciências Humanas e Tecnológicas do PiauíUNINOVAFAPI. Teresina-PI. E-mail: nutrisousa@
hotmail.com.br
Francílio de Carvalho Oliveira
Mestre em Bioquímica pela Universidade de São
Paulo. Professor do Centro Universitário UNINOVAFAPI
e-mail: [email protected].
Fernando Luiz Lima de Oliveira
Médico Veterinário. Professor do Centro Universitário
UNINOVAFAPI. e-mail: [email protected]
Luciana Melo de Farias
Nutricionista. Professora do Centro Universitário
UNINOVAFAPI
e-mail:[email protected]
Regina da Silva Santos
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos na histologia, peso dos órgãos de camundongos
alimentados com ração à base de soja transgênica, analisar a composição centesimal, comparando-a com a soja convencional e avaliar a equivalência substancial. Foram utilizados 12 camundongos
Mus musculus machos, desmamados com 30 dias divididos aleatoriamente em dois grupos, grupo
experimental (n=6) e controle (n=6). O primeiro alimentado com ração à base de soja transgênica a
25% e o segundo recebendo ração comercial LABINA Ltda. Os animais foram mantidos por 90 dias
com água e ração ad libitum. Para preparação da ração experimental utilizou-se sementes de soja
transgênica BRS 270 RR. Foi quantificada a composição centesimal, o consumo da ração, peso dos
órgãos dos animais, além da análise histológica do fígado dos mesmos. Aos dados aplicou-se o teste
T de Student com nível de significância p< 0,05, por meio do software Excel 2007. Conclui-se que a
soja transgênica apresentou diferenças para carboidratos, lipídios e cinzas em sua composição, no
entanto não alterou o peso dos órgãos, a histologia e nem a ingestão alimentar, não sendo observado efeitos no organismo dos animais.
Descritores: Soja. Análise química. Histologia.
ABSTRACT
The purpose of this study was to verify the effects on histology, weight of organs of mice fed with GM
soy, analyze the centesimal composition, comparing it with the conventional soybean and assess
the substantial equivalence. We analyzed 12 male mice Mus musculus, weaned at 30 days randomly
divided into two groups, experimental group (n=6) and control (n=6). The first feed with soy GM to
25% and the second receiving commercial feed Labina LTDA. The animals were kept for 90 days with
food and water ad libitum. For preparation of experimental diets used the seeds of transgenic soybean BRS 270 RR. It was qualified the centesimal composition, weight of organs of animals, Beyond
the liver histological analysis of the same. To the data we applied the T Student test at level p < 0,05
using the software Excel 2007. It was concluded that GM soya showed differences for carbohydrates,
fat and ash in its composition, but did not alter the weight of organs, however it does not change the
weight of the organs, histology and no food intake did not observe effects on the body of animals.
Descriptors: Soy. Chemical analysis. Histology.
RESUMEN
Submissão: 08.02.2012
Aprovação: 05.04.2012
36
El objetivo de este trabajo fue verificar los efectos en el peso de los órganos de los ratones alimentados con ración de soja transgénica, la composición centesimal, comparándola con la soja
convencional y evaluar la equivalencia substancial. Se utilizaron 12 ratones Mus musculas machos
desmamados a los 30 días divididos aleatoriamente en dos grupos, grupo experimental (n=6) y
control (n=6). El primer alimentado con ración a la base de soja transgénica a 25% y el segundo
recibiendo ración comercial Labina LTDA. Los animales fueron mantenidos por 90 días con agua y
ración ad libitum. Para la preparación de la ración experimental fueron utilizadas las semillas de soja
transgénicas BRS 270 RR. Se cuantificó la composición centesimal, el consumo de la ración, peso
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.36-41, Jul-Ago-Set. 2012.
Efeitos da soja transgênica: estudo em camundongos Mus musculus
de los órganos de los animales. Allas Del análisis histológico del ransg de
lo mismo. A los datos se aplico El test T Student al nível p < 0,05 com el
software Excel 2007. Elegamos a la conclusión que la soja transgénica se
encontraron diferencias de carboihidratos, grasa y cenizas em su composición, sin embargo, no altero lós pesos de lós órganos la ransgênic y ni
la ingesta de alimentos no se observando efectos en el organismo de los
animales.
Descriptores: Soja. Análisis químico. Histologia.
1
INTRODUÇÃO
O termo transgênico ou organismo geneticamente modificado
(OGM) refere-se a plantas, animais ou microrganismos que receberam genes de outros organismos no seu genoma para expressar características
desejadas do organismo doador. Isso se tornou possível graças ao desenvolvimento da tecnologia do DNA recombinante que abriu a possibilidade
de isolamento e clonagem de genes de bactérias, vírus, plantas e animais
seguindo da possibilidade de introdução e expressão dos mesmos em
qualquer outro organismo (VERCESI; RAVAGNANI; CIERO, 2009).
Em 2010, o plantio de sementes geneticamente modificadas aumentou 10% no mundo alcançando 148 milhões de hectares. O Brasil, no
entanto aumentou 19% da área plantada de transgênicos, o que equivale
25,4 milhões de hectares de lavouras de soja, milho e algodão transgênicos, com o país se posicionando em segundo lugar no ranking mundial
de países que adotam culturas transgênicas - ficando atrás apenas dos
Estados Unidos, com seus 66,8 milhões de hectares (ISAAA, 2010). A região Nordeste apresentou no período de 2010/2011 produção de 1.747
mil hectares de Soja GM distribuída em três estados: Maranhão, Bahia e
Piauí, este último apresentando produção de 316 mil hectares neste período (CELERES, 2010).
Entre as vantagens destes alimentos estão à maior produtividade e melhor qualidade do alimento, no que se refere aos baixos índices
de contaminação por agrotóxicos e por micotoxinas, bem como melhor
composição nutricional; aumento na absorção de nutrientes e tolerância
ao estresse abiótico como: seca, calor, salinidade e toxidade de alumínio
(FERREIRA, 2009). Entre os argumentos contrários destaca-se: a complexidade dos genes que poderiam expressar características que não foram
previstas prejudicando a saúde humana; o efeito competidor- por ser mais
resistente às plantas transgênicas poderia inibir o crescimento de plantas nativas afetando assim a biodiversidade; algumas espécies de plantas
testadas se comportaram como “ervas daninha”; além da possibilidade de
cruzamento de organismos comuns produzindo assim mutantes (GREENPEACE, 2007).
A segurança dos (OGMs) envolve os mais rigorosos testes. A organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO)
desenvolveu o critério de equivalência substancial, cujos princípios são
análises químicas e nutricionais para a identificação de semelhanças e
diferenças entre cultivos geneticamente modificados e seus pares convencionais (CIB, 2011). Além disso, os derivados de OGMs utilizados na
alimentação são submetidos às avaliações químicas, nutricionais, toxicológicas, com bases em protocolos rigorosos, reconhecidos internacionalmente por instituições de alta credibilidade, como a FAO, OMS, cujos
resultados são submetidos à avaliação criteriosa por especialista (LAJOLO
e NUTTI, 2003).
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.36-41, Jul-Ago-Set. 2012.
Segundo o Conselho de Informação sobre Biotecnologia (CIB,
2009), estima-se que 70% de todos os alimentos processados contenham
pelo menos um ingrediente derivado de soja ou milho, que podem ser
transgênicos.
Recentemente, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CNTBio) aprovou o feijão transgênico desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Com relação a este aspecto
o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA)
manifesta-se preocupado, afirmando que a proposta apoia-se em dados
insuficientes, uma vez que o processo não apenas ignora a necessidade
de estudo de consumo a longo prazo e com animais em gestação, como
também apresenta escassa análise de fluxo gênico, examina aspectos ambientais somente nos estados de Goiás, Minas Gerais e Paraná, e ainda
admite desconhecimento sobre as razões de funcionamento do gene inserido (CONSEA, 2011).
O Conselho Federal de Nutrição acompanha rigorosamente assuntos referentes à alimentação e principalmente ao desenvolvimento
tecnológico de OGM assim, após várias análises dos fundamentos prós
e contras, o mesmo decidiu manifestar-se contra a comercialização dos
alimentos transgênicos (CFN, 2011).
Os OGMs têm causado grande polêmica entre os pesquisadores
e consumidores (MORIN, 2008). Pelo fato de ser uma tecnologia relativamente nova, precisa ser bem avaliada, exigindo cuidados especiais para
evitar potenciais riscos para a saúde e para o meio ambiente (OLIVEIRA,
2009).
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos na
histologia, peso dos órgãos de camundongos alimentados com ração à
base de soja transgênica, analisar a composição centesimal, comparando-a com a soja convencional e avaliar a equivalência substancial.
2
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa de campo, longitudinal
e descritiva, pois segundo Andrade (2009) neste tipo de pesquisa os fatos
são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem
que o pesquisador interfira nos resultados.
Todos os procedimentos seguiram os requisitos da Lei n° 11.794 de
8 de outubro de 2008 e foram observados os Princípios Éticos na Experimentação Animal preconizada pelo Conselho Nacional de Controle de
Experimentação Animal - CONCEA.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da Faculdade UNINOVAFAPI, sob o número 0025/10.
Animais
Foram utilizados 12 camundongos (Mus musculus) machos desmamados com aproximadamente 30 dias, oriundos do Centro de Zoonose
de Teresina-PI. A pesquisa foi desenvolvida no Biotério de Experimentação
Do Centro Universitário UNINOVAFAPI. Os animais foram mantidos por 10
dias com dieta de manutenção (LABINA® LTDA). Os mesmos foram mantidos em gaiolas de polietileno (30 cm largura x 40 cm comprimento x 20
cm altura), ciclo claro-escuro de 12-12 horas, temperatura de 22 - 24 ºC
com água e ração ad libitum. Estes animais foram distribuídos de forma
aleatória em 2 grupos: um grupo experimental (GE) n=6 alimentado com
ração à base de soja transgênica e outro controle (GC) n=6 alimentados
com ração comercial, ambos analisados por um período de 90 dias.
37
Sousa, N. S. et al.
Os animais foram pesados de quinze em quinze dias durante todo
o estudo e o consumo alimentar diário quantificado pela diferença entre a
quantidade de ração colocada na gaiola (Ri) e o que restava durante quatro dias (Rf ), dividido pelo número de animais existente na gaiola.
Para o sacrifício os animais foram anestesiados com Tiopental em
dose letal (50 ml/ Kg) por via intraperitoneal. Após o sacrifício procedeu-se
a retirada dos órgãos (fígado, rins, coração, baço, cérebro, tecido adiposo
marrom e gordura visceral) para obtenção do peso úmido. Para o fígado,
além do peso úmido realizou-se ainda a análise histológica.
Minot (Leica RM 2035) ajustados para 5 mm. Em sequência, os cortes foram submetidos à técnica de coloração pela hematoxilina - eosina (H.E),
sendo posteriormente analisados em microscópio de luz.
Análise Estatística
Os resultados foram analisados aplicando-se o teste T de Student. Adotando-se como nível de significância p<0,05, através do software Excel 2007.
Análise Química da Soja
3
A equivalência substancial é um procedimento utilizado como
forma de demonstrar a segurança de alimentos geneticamente modificados ao qual compreende análise química comparativa entre os cultivares
transgênicos e convencionais (OLIVEIRA, 2009). Dessa forma, a análise da
composição centesimal da soja transgênica BRS 270 RR, ciclo precoce, cor
da flor roxa, pubescência cinza, cor do hilo marrom claro, foi realizada em
triplicata, de acordo com a metodologia preconizada pela Association of
Official Analytical Chemists – AOAC (1997).
Assim, o teor de umidade foi determinado com utilização de estufa
a 105ºC; as cinzas em mufla a 550ºC; os lipídios pelo método de Soxhlet,
empregando-se éter de petróleo, os carboidratos por meio dos glicídios
redutores e as proteínas determinado por diferença entre os constituintes.
O mesmo procedimento foi realizado com a soja convencional (BRS Tracajá – cor da flor roxa, pubescência marrom clara, cor do hilo preta). Ambas
as amostras fornecidas pela EMBRAPA - PI.
Na tabela 1 são apresentadas a Composição Centesimal das amostras de soja transgênica resistente ao herbicida Roud-UP e soja convencional, representados pelos valores: teor de umidade, cinza, carboidrato,
proteína, lipídio e valor calórico das farinhas de soja de ambas as amostras.
Composição da Dieta
*Tabelas: FRANCO (1999); IBGE (1999); NEPA (1976); PHILIPPI (2001); TACO ( 2002) e TBCA USP5.0 (2008).
A ração foi preparada a partir da farinha de soja transgênica acrescida à ração comercial (LABINA®) numa proporção de 1: 3 o que corresponde a 25% de soja transgênica e 75% de ração comercial. Segundo a
Sociedade Purina este valor para a soja transgênica é o mais próximo recomendado para manter uma dieta equilibrada para roedores.
Os ingredientes foram pesados e homogeneizados com água.
A massa obtida foi compactada em pellets e submetida à secagem em
forno. A quantidade total de alimento necessária para uma semana foi
calculada e preparada previamente, conservadas em embalagens de polietileno, identificada e mantida sob refrigeração. A composição da dieta
experimental e ração comercial podem ser observadas no quadro 1.
Quadro 1. Composição Centesimal da Ração Experimental e Controle (100/g ração)
Componentes Ração Labina® (g) Farinha de soja transgênica (g) Carboidrato (%) Proteína (%) Gordura (%) Cinzas (%)
Umidade (%)
Energia (Kcal/g) Ração Experimental
75,00
25,00
46,81
29,45
3,21
4,52
11,96
93,13
Ração Controle Labina®
100,00
46,10
27,20
3,50
4,27
12,20
3,20
Fonte: Pesquisa Direta
Análise Histológica
O fígado dos camundongos foi desidratado em álcool etílico (concentrações crescentes), diafanizados pelo xilol, impregnados e incluídos
pela parafina. A seguir os blocos foram cortados em micrótomo do tipo
38
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Comparação entre a Composição Centesimal (100g) da Soja
Transgênica BRS 270 RR, Soja Convencional (Tracajá) e Soja Convencional
(Tabela de Composição dos Alimentos - TCA)
COMPONENTES
SOJA BRS SOJA CONVENCIONAL
270RR
(Tracajá)
UMIDADE (%)
11,25
10,50
LIPÍDIOS (%)
2,39
1,53
CINZAS (%)
1,00
1,50
CARBOIDRATO (%) 48,98
38,98
PROTEÍNA (%)
36,38
47,49
VALOR CALÓRICO
(Kcal/g)
362,95
359,65
* SOJA CONVENCIONAL
TABELA DE COMPOSIÇÃO
DOS ALIMENTOS
5,6-10,2
7,1 - 22,10
3,8-5,1
28,10 -38,0
14,0 - 40,5
363,0 - 404,0
Comparando-se os valores para cada componente da soja transgênica e convencional, observou-se diferenças entre os constituintes, em
especial, carboidratos e proteínas quando comparados entre si. Fazendo
relação dos valores encontrados com as tabelas de Composição de Alimentos - FRANCO (1999); IBGE (1999); NEPA (1976); PHILIPPI (2001); TACO
(2002) e TBCA USP5.0 (2008), nota-se que estas diferenças se reduzem, no
entanto, o carboidrato referente à soja transgênica assumiu valores acima
dos de referência. Outros constituintes que se destacam com valores bastante reduzidos, são os lipídios e cinzas, tais diferenças se demonstram
ainda mais expressivas quando compara-se os valores encontrados com
os valores de referência. Para os constituintes umidade e valor calórico
não há diferenças significantes apresentando-se dentro do intervalo de
referência.
Estudo semelhante foi realizado por Bezuti (2009) ao investigar a
equivalência substancial de sojas transgênicas e convencionais produzidas
em Goiás no período de 2004-2005, quando demonstrou haver diferenças
significantes para os teores de proteínas, fibras insolúveis, ácido fitíco e
isoflavonas, porém, o mesmo afirma não indicar alteração de equivalência
substancial, uma vez que estas diferenças são possivelmente causadas por
variações genotípicas e/ou condições ambientais as quais os grãos foram
cultivados. Além disso, as diferenças existentes entre as duas variedades
de soja podem ter possivelmente ocorrido, pelo fato das sementes transgênicas em estudo não corresponderem a sua similar convencional.
A evidência da equivalência substancial tem sido demonstrada em
vários estudos como o de Daleprane (2007) ao qual compara a composição centesimal de soja transgênica e orgânica encontrando os seguintes
valores médios: umidades (5,21 ± 0,12 vs 6,54 ± 0,24); Lipídios ( 19,54 ±
0,23 vs 17,61 ± 0,11); Cinzas ( 1,94 ± 0,36 vs 2,36 ± 0,45); Proteínas (49,3 ±
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.36-41, Jul-Ago-Set. 2012.
Efeitos da soja transgênica: estudo em camundongos Mus musculus
3,0 vs 47,7 ± 2,2); Fibras (4,59 ± 1,98 vs 4,31 ± 2,01) e Carboidratos (19,40
vs 21,44). Dados semelhantes também foram encontrados por Gomes
(2000) e Silva (2006) ao qual em seus estudos especificam a proteína
como macronutriente para investigação.
Quanto ao consumo alimentar, os animais não apresentaram diferenças significativas quanto ao parâmetro em questão (figura 01), no
entanto, observou-se períodos de pico de variação na ingestão alimentar
ao longo do período estudado.
Os camundongos são animais homeotermos, ou seja, regulam a
temperatura corpórea dentro de uma estreita faixa de temperatura, mecanismo de compensação do organismo para se adaptar as condições do
ambiente, no entanto, devido ao seu tamanho são extremamente susceptíveis a pequenas flutuações na temperatura podendo causar modificações na sua fisiologia (CHORILLI; MICHELIN; SALGADO, 2007).
Na tabela abaixo são apresentados pesos úmidos dos órgãos dos
animais em estudo.
Tabela 2. Peso úmido dos órgãos de camundongos Mus musculus
Figura 01. Ingestão média de ração á base de soja transgênica
Na figura 2 apresenta-se a variação de peso médio dos camundongos, observa-se diferenças significativas para este parâmetro quando
compara-se GC com GE.
Figura 02. Peso médio de camundongos alimentados com dieta à base de soja transgênica.
O presente estudo apresentou dados significantes ao nível de
p<0,05 para peso corporal de animais alimentados com organismos
geneticamente modificados diferentemente de estudos realizados por
Flachowsky et al. (2007) ao qual envolve animais de fazenda - bovinos, ovinos, suínos, aves (frangos, galinha e codornas). Seus resultados
mostram claramente que não houve diferença significativa (p<0,05)
detectados em relação à ingestão alimentar, digestibilidade e ganho
de peso corporal nestes animais, quando alimentados com milho, soja,
batata e beterraba transgênicos. Da mesma forma Velimirov; Binter;
Zentek (2008) em seu estudo com camundongos alimentados com
ração à base de milho transgênico não encontraram alterações no que
se refere ao consumo, peso dos órgãos e histologia dos animais analisados.
Variações referentes ao consumo da ração e peso dos animais podem ser possivelmente decorrentes das alterações ocorridas no biotério,
local de manutenção dos animais experimentais. Segundo Andrade, Correia e Oliveira (2006) fatores como temperatura, luz, ventilação, umidade,
ruído e qualidade do ar devem ser controladas o máximo possível para
evitar qualquer alteração.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.36-41, Jul-Ago-Set. 2012.
Os valores estão apresentados na forma de média ± EPM. GC Ração comercial;GE - Ração à base de soja transgênica. Letras distintas
em uma mesma coluna denotam significância estatística ao nível de
p<0,05.
Pode-se perceber que não há diferenças significantes no que se
refere ao peso úmido dos órgãos - rins, coração, tecido adiposo, gordura visceral e fígado (Tabela 2) o que também pode ser observado nos
estudos de Schoder, M. (2007); Kiliç; Akay (2008) e Velimirov; Binter;
Zentek (2008) realizado com animais experimentais com dieta à base
de arroz e milho transgênico. No entanto, órgãos como baço e cérebro
apresentaram menor de peso (p<0,05), porém, na literatura os relatos
sobre os efeitos de alimentos geneticamente modificados são ainda
escassos, dessa forma, são necessárias mais pesquisas para que se possa concluir que estas alterações são inerentes da alimentação.
Como forma de avaliar mais precisamente os efeitos da ração
à base de soja transgênica elegeu-se o fígado um órgão metabólico
envolvido em processos de transformação de nutrientes para ser analisado histologicamente. As análises dos mesmos caracterizaram-se
pela presença de infiltrado inflamatório, diferenciando-se apenas na
intensidade e localização, no entanto, estas alterações foram aleatoriamente distribuídas nos dois grupos de estudo controle e experimental,
portanto, sugere-se que as alterações não dependem da alimentação.
Estudos semelhantes realizados com soja e milho transgênicos de Malatesta (2005); Kiliç; Akay (2008) e Velimirov; Binter; Zentek (2008) não
demonstraram alterações histológicas em tecidos de animais experimentais analisados.
4
CONCLUSÃO
Diante dos resultados, concluiu-se que, apesar das diferenças existentes na composição centesimal das amostras de soja transgênica e convencional, não se pode confirmar alteração da equivalência substancial,
uma vez que, os cultivares analisados, não correspondem a seu similar
convencional.
Os animais experimentais utilizados no estudo quando alimentados com ração à base de soja transgênica não apresentaram alterações
quanto ao consumo ou peso dos órgãos, não evidenciando efeito de
insegurança na utilização de soja como componente da alimentação de
animais.
39
Sousa, N. S. et al.
No que se refere às alterações histológicas não se pode inferir que
as mesmas sejam decorrentes da alimentação, uma vez que, ambos os
grupos apresentaram as mesmas características.
Sendo assim, estudo como este é de grande valia para busca de
conhecimento, pois fornece subsídio para argumentação sobre a utiliza-
ção e segurança da soja transgênica. No entanto, sugere-se a realização de
novos estudos que utilizem diferentes concentrações de alimentos geneticamente modificados na ração de animais para melhor avaliação de seus
efeitos, bem como, estudos com seres humanos avaliados a longo prazo
verificando o consumo destes alimentos na espécie humana.
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41
REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN
Fatores de risco e de proteção para o câncer de mama: uma revisão da
literatura
Risk factors and protection for breast cancer: a literature review
Factores de riesgo y protección para el cáncer de mama: una revisión de la literatura
Samuel Ricardo Batista Moura
Graduando do curso de Medicina da Faculdade
UNINOVAFAPI
Enilson Ítalo Campelo de Carvalho
Graduando do curso de Medicina da Faculdade
UNINOVAFAPI
Isabela Meneses de Carvalho Coelho
Graduanda do curso de Medicina da Faculdade
UNINOVAFAPI
Ana Amélia de Carvalho Melo
Cavalcante
Docente do curso de Medicina da UNINOVAFAPI
RESUMO
O estudo teve como objetivo realizar um levantamento na literatura de estudos e fontes sobre os
fatores de risco e de proteção para o câncer de mama. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, feita
emartigos publicados na Biblioteca Virtual em Saúde, no Instituto Nacional do Câncer, em Manuais
do Ministério da Saúde e em livros, publicados no período de 2001 a 2011. Os dados foram coletados e analisados de forma descritiva. Foram selecionadas onze fontes, duas do Instituto Nacional do
Câncer, duas do Ministério da Saúde, seis artigos e um livro. Os resultados indicaram que o câncer
representa a segunda causa de morte por doença no Brasil e que o câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres em quase todas as regiões e ocupa o segundo lugar apenas na região
norte. O elevado índice se deve ao diagnóstico tardio de casos em estágios avançados da doença.
As mulheres recebem poucas informações sobre os fatores de risco e de proteção para o câncer de
mama, o que pode contribuir para aumentar a incidência da doença. Conclui-se que, atualmente, o
câncer de mama apresenta elevada incidência e mortalidade em todo o mundo, representando um
importante problema de saúde pública.
Descritores: Fatores de risco. Prevenção do câncer de mama. Saúde da mulher.
ABSTRACT
The study aims to survey the literature of studies and sources on risk factors and protective against
breast cancer. This is a literature search, made in articles published in the Virtual Health Library, the
National Cancer Institute in the Ministry of Health Manuals and books, published between 2001 to
2011. Data were collected and analyzed descriptively. Eleven sources were selected, two from the
National Cancer Institute, two of the Ministry of Health, six articles and a book. The results indicated
that cancer is the second cause of death by disease in Brazil and that breast cancer is the most
common among women in almost all regions and ranks second only to the northern region. The
high rate is due to the late diagnosis of cases in advanced stages of the disease. Women receive little
information about the risk factors and protective against breast cancer, which may contribute to
increased incidence of disease. We conclude that currently, breast cancer has the highest incidence
and mortality worldwide, representing a major public health problem.
Descriptors: Risk factors. Breast cancer prevention. Women’s Health.
RESUMEN
Submissão: 10.02.2012
Aprovação: 11.05.2012
42
El estudio tiene como objetivo estudiar la literatura de estudios y fuentes de factores de riesgo y
protectores contra el cáncer de mama. Se trata de una investigación bibliográfica, realizada en artículos publicados en la Biblioteca Virtual en Salud, el Instituto Nacional de Cáncer del Ministerio de
Salud Manuales y libros, publicados entre 2001 y 2011. Los datos fueron recogidos y analizados de
forma descriptiva. Once fuentes fueron seleccionadas, dos del Instituto Nacional del Cáncer, dos del
Ministerio de Salud, seis artículos y un libro. Los resultados indicaron que el cáncer es la segunda
causa de muerte por enfermedad en Brasil y que el cáncer de mama es el más común entre las
mujeres en casi todas las regiones y ocupa el segundo lugar en la región norte del país. La alta tasa
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.42-45, Jul-Ago-Set. 2012.
Fatores de risco e de proteção para o câncer de mama: uma revisão da literatura
es debido al diagnóstico tardío de casos en etapas avanzadas de la enfermedad. Las mujeres reciben poca información sobre los factores de riesgo
y de protección contra el cáncer de mama, lo que puede contribuir a una
mayor incidencia de la enfermedad. Se concluye que en la actualidad, el
cáncer de mama tiene mayor incidencia y mortalidad a nivel mundial, lo
que representa un importante problema de salud pública.
Descriptores: Los factores de riesgo. La prevención del cáncer de mama.
Salud de la mujer.
1
INTRODUÇÃO
O câncer de mama apresenta elevada incidencia e mortalidade em
todo o mundo, representando um importante problema de saúde pública.
Assim, em virtude do câncer de mama ser o mais temido entre as
mulheres, sobretudo pelo impacto biopsicossocial que provoca e, consequente, diminuição da qualidade de vida, o estudo teve como objetivo
fazer um levantamento na literatura sobre os fatores de risco e de proteção
para o câncer de mama.
O estudo se justifica pelo fato de o câncer de mama se caracterizar
como um problema de saúde pública em face da sua elevada prevalência
e morbimortalidade e por acometer um número elevado de mulheres no
país, especialmente na região norte.
Dessa forma, é importante realizar um levantamento bibliográfico
sobre os fatores de risco e de proteção para o câncer de mama, e sugerir
que os profissionais de saúde, especialmente os médicos, desenvolvam estudos sobre essa temática com a finalidade de melhorar o conhecimento
na área e contribuir para a prevenção da doença ou o diagnóstico precoce,
diminuindo as complicações, aumentando a efetividade do tratamento e
a qualidade de vida das mulheres portadoras deste agravo à saúde.
2
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, através de artigos publicados na Biblioteca Virtual em Saúde, no Instituto Nacional do Câncer, em
Manuais do Ministério da Saúde e em livros publicados no período de
2001 a 2011, por meio das palavras chave: câncer de mama; fatores de
risco; prevenção do câncer de mama; saúde da mulher.
Os dados foram coletados e analisados de forma descritiva. Foram
selecionadas onze fontes, duas do Instituto Nacional do Câncer, duas do
Ministério da Saúde, seis artigos e um livro.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As neoplasias constituem 13% de todas as causas de mortes mundialmente. A estimativa para 2020 é de 15 milhões de casos novos anuais,
dos quais 60% serão registrados nos países em desenvolvimento. O Sistema
de Informação da Mortalidade (SIM) registra que o câncer representa a segunda causa de morte por doença no Brasil. Em 2004, no Brasil houve 141
mil óbitos por câncer, destacando os de próstata e de pulmão no sexo masculino, e os de mama e do colo de útero no sexo feminino (BRASIL, 2008).
De acordo com Instituto Nacional do Câncer - INCA (2011), raramente o câncer de mama ocorre antes dos 35 anos, acima desta idade
a incidência cresce mais rápida e de modo progressivo, tanto em países
desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. Dados da OrganizaRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.42-45, Jul-Ago-Set. 2012.
ção Mundial da Saúde (OMS) mostrou que nas décadas de 60 e 70 houve um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade
nos Registros de Câncer de Base Populacional em diversos continentes
do mundo.A cada ano, 22% dos casos novos de câncer em mulheres são
de mama e ressalta-se que o prognóstico pode ser bom, desde que seja
diagnosticado precocemente.
O câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo, é o
mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a
cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama
continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida
média após cinco anos é de 61%. É relativamente raro antes dos 35 anos,
acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente.
Estatísticas indicam aumento de sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10
vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer
de Base Populacional de diversos continentes. A estimativa de novos casos
em 2012 é de 52.680, com 12.098 mortes, sendo 11.969 mulheres e 129
homens (BRASIL, 2008).
No Brasil, o câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres
em quase todas as regiões. O elevado índice se deve ao diagnóstico tardio de casos em estádios avançados da doença. As estimativas de casos
novos de câncer de mama para o Brasil em 2010 eram de 49.240, com
um risco estimado de 49 casos a cada 100 mil mulheres. Já para o ano de
2012 esperam-se 52.680 casos novos de câncer da mama, com um risco
estimado de 52 casos a cada 100 mil mulheres. O número de óbitos foram
12.098, sendo 11.969 mulheres e 129 homens (BRASIL, 2009; INCA, 2011).
Na saúde pública, o câncer de mama feminino emerge como uma
doença de importância cada vez maior em todas as partes do mundo. Isso
ocorre, principalmente, devido à sua frequência elevada e à dimensão do
problema.
A inspeção e palpação das mamas, além da mamografia, são procedimentos utilizados para o diagnóstico precoce do câncer. A palpação
das mamas pode ser executada pela própria mulher ou por um profissional treinado da área médica.
Quando executado pela paciente, conhecido como auto-exame,
é recomendado que esse exame seja realizado no sétimo dia do ciclo
menstrual. Em mulheres menopausadas a palpação deve ser feita sempre
em um mesmo dia de cada mês. O sucesso desse procedimento, quando
realizado em alta escala populacional, requer forte motivação e o reconhecimento de que o câncer de mama é um perigo em potencial.
A instrução sobre essas técnicas pode contribuir para alertar às mulheres sobre os potenciais riscos do câncer de mama. Assim é importante
que as mulheres tenham conhecimento sobre os fatores de risco e proteção para o câncer de mama.
Segundo Laurenti (2007), em pesquisa realizada nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, analisando óbitos em mulheres de 10 a 49
anos (ou seja, mulheres em idade fértil), as dez primeiras causas de morte
encontradas foram às seguintes, em ordem decrescente: acidente vascular
cerebral, AIDS, homicídios, câncer de mama, acidente de transporte, neoplasia de órgãos digestivos, doença hipertensiva, doença isquêmica do
coração, diabetes e câncer de colo do útero.
No Brasil, o câncer de mama acomete anualmente um número elevado de mulheres, apresentando alto índice de mortalidade na população
43
Moura, S. R.B. et al.
feminina. Trata-se de uma neoplasia que tem seus fatores de riscos relacionados à raça, cor, ambiente, hábitos alimentares, dentre outros.
O câncer é o crescimento desordenado de células, que invadem
tecidos e órgãos. Essas células se dividem rapidamente e tendem a ser
muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores
malignos, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo. O câncer
possui causas variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo. As
causas externas referem-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes
do indivíduo. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, e estão ligadas à capacidade do organismo de se
defender das agressões externas. A prevenção do câncer nem sempre é
possível, mas há fatores de risco que estão na origem de diferentes tipos
de tumor. O câncer pode surgir em qualquer parte do corpo, mas alguns
órgãos são mais afetados do que outros. Entre os mais afetados estão pulmão, mama, colo do útero, próstata, cólon e reto (intestino grosso), pele,
estômago, esôfago, medula óssea (leucemias) e cavidade oral (boca). Cada
órgão, por sua vez, pode ser afetado por tipos diferenciados de tumor, menos ou mais agressivos (BRASIL, 2009).
A melhor forma de prevenção primária do câncer de mama é a
amamentação e a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo a prática regular de atividade física, a manutenção de peso corporal adequado
e o consumo moderado ou ausente de álcool. A lactação, bem como a
prática de atividade física são fatores protetores para o câncer de mama,
tanto na pré-menopausa quanto na pós-menopausa (INUMARU; SILVEIRA;
NAVES, 2011).
Para Lima et al. (2011), embora poucas mulheres realizem o autoexame das mamas, observa-se que o exame clínico das mamas é a prática
preventiva do câncer de mama mais utilizada. Destaca-se a necessidade
de uma orientação mais efetiva em relação aos demais métodos, objetivando mobilizar as pessoas para a adoção de tais práticas.
De acordo com o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher - PAISM, a atenção a saúde da mulher não deve se restringir a assistência materno-infantil nem se limitar as fases da vida em que a mulher
tem capacidade de reprodução, ela deve englobar todo o ciclo vital da
mulher A operacionalização destas diretrizes deve se dá por meio da implementação de ações de assistência organizadas nos três grandes blocos:
assistência relacionada ao exercício da maternidade; assistência clínico-ginecológica; assistência ligada ao planejamento familiar. Por ultimo, as
ações educativas devem ser feitas em todos os contatos da mulher com os
serviços de saúde, especialmente sobre o exercício da sexualidade, fisiologia reprodutiva, doenças sexualmente transmissíveis, saúde reprodutiva,
ginecopatias prevalentes, climatério e informações sobre hábitos, higiene
e alimentação. A política de saúde da mulher deverá ser compreendida
em sua dimensão mais ampla, objetivando a criação e ampliação das condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja no âmbito do
Sistema Único de Saúde - SUS, seja na atuação em parceria do setor saúde
com outros setores governamentais, com destaque para a segurança, a
justiça, trabalho, previdência social e educação. A atenção integral à saúde
da mulher refere-se ao conjunto de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde da básica à alta complexidade (BRASIL, 2011).
O tratamento do câncer é feito por meio de uma ou várias modalidades combinadas. A principal é a cirurgia, que pode ser empregada
em conjunto com radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula
óssea. O médico vai escolher o tratamento mais adequado de acordo com
a localização, o tipo do câncer e a extensão da doença. Todas as modalida44
des de tratamento são oferecidas pelo SUS (BRASIL, 2009).
Segundo Folgueira et al. (2011), a quimioterapia adjuvante reduz
a mortalidade por câncer de mama, sendo a sua indicação realizada segundo características do paciente e do tumor. Estas incluem idade, estado
menopausal, tamanho do tumor, comprometimento linfonodal, grau de
diferenciação, expressão de receptores de estrógeno e HER2/neu, (Human
Epidermal growth factor Receptor 2), conhecido também como ErbB2 é
um oncogene localizado no cromossomo 177, que se expressa em 25% a
30% dos casos de câncer de mama. Um desafio a ser equacionado é que
a vantagem de sobrevida associada à quimioterapia adjuvante é descrita
em um grupo de pacientes, sendo avaliada em cada indivíduo particularmente, apenas como uma probabilidade. Dessa forma, devemos considerar o risco de um paciente individual sofrer toxicidade desnecessária, pois
de um lado estaria curado após o procedimento cirúrgico isoladamente
e, por outro lado, não se beneficiaria da quimioterapia, sofrendo recidiva
mesmo com sua utilização. Outra questão é se existe vantagem do uso
de determinadas classes de quimioterápicos, como taxanos ou antraciclinas para cada paciente. Portanto, é altamente desejável a identificação de
marcadores preditivos, com alta acurácia, do benefício da quimioterapia.
O tratamento quimioterápico pode resultar em complicações para
os pacientes como: mal estar, vômito, cefaléia, gerando insegurança para
o paciente e família.
Salles e Castro (2010), ao validar um material informativo a pacientes em tratamento quimioterápico e aos seus familiares coloca que poderá
facilitar a ação dos profissionais da saúde, o qual busca inserir a família
nesse novo contexto, o da doença, em um momento que ainda estão abalados com o diagnóstico. A desospitalização viabilizada pelo tratamento
ambulatorial e em hospitais-dia faz com que a família em casa tenha que
saber lidar com os efeitos colaterais do tratamento, e por isso a importância da educação para o autocuidado, a fim de se garantir a continuidade
da assistência em casa, bem como a qualidade do tratamento, ao mesmo
tempo em que favorece o vínculo.
4
CONCLUSÃO
Na saúde pública, o câncer de mama feminino emerge como uma
doença de importância cada vez maior em todas as partes do mundo. Isso
ocorre, principalmente, devido à sua frequência elevada e à dimensão do
problema. O câncer é considerado um grave problema de saúde pública
mundial, não só pelo número de casos crescentes diagnosticados a cada
ano, mas também pelo investimento financeiro que é demandado para
realizar diagnósticos e tratamentos.
As mulheres recebem poucas informações sobre os fatores de risco
e de proteção para o câncer de mama, o que pode contribuir para aumentar a incidência da doença. O principal meio de informações sobre os
fatores de risco e proteção para o câncer de mama é a mídia, por meio da
televisão, rádio, folhetos e internet em detrimento da educação em saúde
feita para as mulheres nos serviços de saúde.
Assim, as mulheres necessitam de mais conhecimento dos fatores
de risco e de proteção para o câncer de mama por meio dos serviços de
saúde, como: tabagismo; bebidas alcoólicas; historia familiar; autoexames
das mamas; consultas e exames de rotina e amamentação.
As medidas de prevenção para o diagnóstico precoce do câncer
de mama podem resultar na diminuição da mortalidade e as campanhas
preventivas devem ser realizadas sobre a técnica e a importância do autocuidado.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.42-45, Jul-Ago-Set. 2012.
Fatores de risco e de proteção para o câncer de mama: uma revisão da literatura
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45
REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN
O painel democrático-cultural brasileiro com o advento da lei de
acesso à informação - (lei nº 12.527/11)
The panel-democratic cultural Brazilian with the advent of the law on access to information - (Law No.
12.527/11)
El paneldemocrático-cultural brasileño con el advenimiento de la ley de acceso a la información - (Ley N
º 12.527/11)
Auricélia do Nascimento Melo
Mestre em Direito Constitucional. Professora do
Centro Universitário UNINOVAFAPI/UESPI. e-mail:
[email protected]
Francisco Alencar de Vasconcelos Neto
Graduado em Direito pela Faculdade de Saúde,
Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí- NOVAFAPI
RESUMO
O trabalho aborda as inovações no painel democrático-cultural brasileiro com o advento da Lei de
Acesso à Informação. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental, fundada numa análise
sociológica crítica e descritiva, e teve como objetivo a identificação dos pontos democráticos e culturais capazes de transformar a relação Estado e sociedade, bem como incentivar e apontar a importância dessa lei para a concretização e eficácia do direito fundamental da informação na vida cultural
dos cidadãos (administradores e administrados), além de enfatizar a sua relevância como marco
no direito e na história do Brasil. Por se ater a um direito fundamental, a Lei nº 12.527/11 regulou a
divulgação e o acesso à informação pela internet e outros meios, observando as necessidades dos
deficientes físicos, dos pobres, dos documentos danificáveis, da proteção ao patrimônio financeiro,
cultural e histórico do Estado e do sigilo das informações para a segurança nacional e para resguardo da privacidade das pessoas, aprimorando, assim, o jogo de complementariedade e ponderação
entre os princípios constitucionais. Além disso, a lei traz a tipificação de condutas ilícitas, ritos e
sanções, se fixando como instrumento fortalecedor da transparência, do controle e da fiscalização,
como fonte de novos serviços e órgãos na estrutura do funcionamento público e como meio eficaz
do amadurecimento da democracia e da cidadania do povo brasileiro.
Descritores: Democracia. Acesso à informação.
ABSTRACT
The work approaches the construction of brazilian panel democratic-cultural with the advent of the
Law of access to information. It is a bibliographic research and documentary, based on a sociological
analysis critical and descriptive, and aims at identifying the democratic and cultural capable of transforming the relationship Status and society, as well as encourage and pointing out the importance
of this Law for the implementation and effectiveness of the fundamental right to the information
in the cultural life of the citizens (administrators and administered), in addition to emphasize its
relevance as march in law and in the history of Brazil. By sticking to the one fundamental right, the
Law nº 12.527 /11 regulates the distribution of and access to information by the internet and other
means, observing the needs of the physically disabled people, the poor, the documents damageable
instruments, protection of heritage financial, cultural and historical of the State and the secrecy of
information for national security and guard the privacy of people, improving the game of complementarity and weighting between the constitutional principles. In addition, the Law brings the
typification of illicit conduct, rites and sanctions, if setting as an instrument strengthen transparency,
control and supervision, as a source of new services and components in the structure of functioning
public and as an effective means of maturing of democracy and citizenship of the Brazilian people.
Descriptors: Democracy. Access to information.
RESUMEN
Submissão: 06.03.2012
Aprovação: 15.05.2012
46
El documento analiza las innovaciones en el panel democrático-cultural brasileña con el advenimiento de la Ley de Acceso a la Información. Este es un bibliográfica y documental, basado en un
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.46-51, Jul-Ago-Set. 2012.
O painel democrático-cultural brasileiro com o advento da lei de acesso à informação - (lei nº 12.527/11)
análisis sociológico crítico y descriptivo, y tiene como objetivo identificar
los puntos democráticos y culturales que transforman la relación entre el
Estado y la sociedad, así como fomentar y señalan la importancia de esta
ley para lograr y la eficacia del derecho fundamental a la información en la
vida cultural de los ciudadanos (administradores y administrados), y hacer
hincapié en su importancia como un hito en el derecho y la historia de
Brasil. Al seguir a un derecho fundamental, la Ley N º 12.527/11 regulado
divulgación y acceso a la información a través del Internet y otros medios, la observación de las necesidades de los discapacitados, los pobres,
los documentos dañables, la protección de la riqueza financiera, cultural
e histórico Estado y la confidencialidad de la información para la seguridad nacional y para proteger la privacidad de las personas, mejorando
así el juego de la complementariedad y el equilibrio entre los principios
constitucionales. Por otra parte, la ley trae la tipificación de una conducta ilegal, los ritos y las sanciones, estableciéndose como una herramienta
para fortalecer la transparencia, el control y la vigilancia, como fuentes de
nuevos servicios y la estructura de los órganos que funcionan como un
público eficaz y la maduración de la democracia y la ciudadanía del pueblo brasileño.
Descriptores: Democracia. Acceso a la información.
1
INTRODUÇÃO
O presente trabalho se concentra nas contribuições do direito fundamental da informação ao Estado Democrático de Direito e ao quadro
cultural brasileiro frente à proposta inaugurada pela Carta Magna de 1988
e, hoje, regulamentada pela Lei nº 12.527/11. E faz isso, por meio de uma
modelagem do comportamento cultural do povo brasileiro em controlar
a Administração Pública e por uma reforma estrutural nas instituições e
nos serviços relativos à divulgação de dados. Trata-se da disponibilização
de meios, órgãos, instrumentos e mecanismos legais viabilizadores de um
novo modo de ver e fiscalizar as coisas do Estado.
O direito à informação, como direito fundamental, é uma conquista proveniente de um momento histórico calcado no pluralismo, na
democracia e na participação popular dos assuntos da Administração Pública. Ele incentiva a participação, o controle e a fiscalização do cidadão sobre as coisas públicas. Ele possibilita a cobrança e a exigência de respostas
positivas dos gestores e dos órgãos administrativos.
Como grande mola propulsora da cidadania e da liberdade
de informação na história do Brasil, a Constituição Federal de 1988 é uma
carta dogmática e eclética, fruto de um momento histórico calcado na
liberdade e no respeito aos direitos fundamentais, na transparência da Administração Pública e na participação popular. Dentre todas as constituições brasileiras foi a que mais fortaleceu as instituições democráticas e a
que rompeu com o período ditatorial militar e com a tradição nominativa
das constituições anteriores.
Fruto da Carta de 1988, a Lei nº 12.527/11 está pautada nos princípios da Administração Pública e nos direitos e garantias fundamentais.
Portanto, é dever do Estado divulgar e publicizar atos e gastos da Administração Pública, assim, também como é dever do Estado controlar
o acesso e a divulgação de informações sigilosas produzidas por seus
órgãos e entidades, assegurando sua proteção e a privacidade dos indivíduos.
Esse artigo abordará o novo perfil democrático-cultural brasileiro, e apontará a importância da Lei de Acesso à Informação para a
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.46-51, Jul-Ago-Set. 2012.
concretização do direito fundamental da informação na vida cultural dos
brasileiros (administradores e administrados), bem como as mudanças estruturais no funcionamento do Estado e a relevância da Lei nº 12.527/11
para a democracia e para a história do direito pátrio.
2
OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Os direitos fundamentais são frutos da busca incessante do homem pela liberdade, pela dignidade e pela defesa individual. Esses direitos
tiveram origem com a Declaração de Direitos de Bom Povo de Virgínia,
de 1776, e em seguida, com a Declaração dos Direitos do Homem e do
cidadão (1789). Eles estiveram positivados na Constituição Brasileira de
1824, na Constituição da Bélgica de 1831, também foram abordados no
Manifesto Comunista de Karl Marx (1848) e na Declaração Universal dos
Direitos do Homem de 1948 (MELO, 2009).
Baseando-se na classificação da doutrina majoritária, os direitos
fundamentais seguem períodos de conquistas e aquisição graduada de
paradigmas e valores, que rompem com tradições passadas de maneira
lenta e incremental. Assim, diz-se que os direitos fundamentais de primeira geração (os direitos individuais e os direitos políticos) surgiram no
século XVIII, com a concepção do Estado Liberal, protegendo os indivíduos dos abusos do Estado. Já os direitos de segunda geração nasceram
no século XX, sob os ideais do Estado Social e correspondem aos direitos
sociais, econômicos e culturais. Os de terceira geração são aqueles direitos
que surgiram sob os auspícios do Estado Democrático de Direito, no final
do século XX. São os direitos difusos, ou seja, o direito ao meio ambiente,
o direito do consumidor e o direito ao patrimônio cultural-histórico. Eles
visam à proteção do gênero humano, e tem emblemática capacidade de
universalidade. Já os direitos de quarta geração correspondem aos direitos
expressos da democracia participativa, que são apontados como sendo o
direito à informação e ao pluralismo. Para os que defendem a existência
da quinta geração dos direitos fundamentais, eles são aqueles relativos à
biotecnologia e a informática (MELO, 2009).
Como visto, a liberdade de informação é um direito fundamental, e
esteve muito timidamente presente em algumas constituições brasileiras.
A Constituição de 1824 falava em publicização de despesas públicas e de
informações do governo, inclusive “o direito de intervir todo o cidadão nos
negócios da sua província, e que são imediatamente relativos à seus interesses peculiares” (art.71).
Na Constituição de 1891 foi fornecida a declaração dos direitos
individuais, inclusive com o acréscimo do habeas corpus. Foi um diploma nominativo, pois suas disposições não foram férteis na realidade. Sua
vigência foi marcada por um período fortemente influenciado pelo coronelismo, pela pouca liberdade e pela rara informação. Em 1926, a Carta foi
reformada, passando a ter caráter centralizador e autoritário.
Já a Constituição Federal de 1934 foi promulgada por diretrizes
sociais, criou o mandado de segurança e a ação popular no capítulo dos
direitos e garantias individuais (art. 113). Foi marco da transição do regime
democrático liberal para o democrático social, e assegurava a prestação de
informações ao poder legislativo e ao cidadão.
A Constituição de 1937 inicia o Estado Novo, e foi inspirada na Carta
Ditatorial Polonesa de 1935. Ela reduziu a esfera dos direitos individuais,
desconstitucionalizando o mandado de segurança e a ação popular, desarmonizou a separação dos poderes e instaurou um período de desinformação e autoritarismo.
47
Melo, A. N., Neto, F. A. V.
A Constituição de 1946 cumpriu a tarefa de redemocratização do
país e no § 36 do artigo 141 prega o direito à informação, assegurando o
rápido andamento dos processos nas repartições públicas, a ciência aos
interessados dos despachos e das informações a que eles se refiram;a
expedição das certidões requeridas para defesa de direito e a expedição
das certidões requeridas para esclarecimento de negócios administrativos,
salvo se o interesse público impuser sigilo.
Na Constituição do Brasil de 1967 foi concentrado poderes na
União e privilegiou o poder executivo em detrimento dos outros poderes,
baseou toda a estrutura de poder na segurança nacional, e embora apresentasse rol de direitos fundamentais, os reduziu bastante, ao passo que,
ampliou o rol dos direitos dos trabalhadores, além de ter criado uma ação
de suspensão de direitos políticos e individuais (art. 151). Com a Emenda
Constitucional nº 1 de 1969, editada em 17/10/1969, os poderes atribuídos ao Presidente da República impossibilitaram a manutenção de um
Estado Democrático de Direito, somado a isso, estava a suspensão dos
direitos individuais e a instauração de um período ditatorial cruel para a
liberdade de expressão e a de informação do povo brasileiro.
Assim, tomando as bases de uma sociologia crítica de Fernandes
(2008) a presente análise da cultura do brasileiro deve se fundar na reflexão questionadora da realidade e do pensamento social, interrogando a
dinâmica da realidade com o fito de descobrir as tendências e discutir as
interpretações prevalecentes e explicar a cultura da informação sobre o
que é público, contribuindo para o conhecimento das condições lógicas e
históricas da reconstrução da realidade.
Deve-se, pois, questionar o real e o pensado, descortinar as diversidades, desigualdades e antagonismos, avaliar e recriar propostas teóricas
da sociologia e do direito para visualizar o painel democrático-cultural do
povo brasileiro no que diz respeito à divulgação e ao acesso à informação.
Assim, sob uma perspectiva crítica, impende ressaltar a história e
os paradoxos de dois grandes períodos de construção histórico-cultural:
O regime militar e a redemocratização do país, através da Carta Cidadã.
O Regime militar foi instaurado em 1964 estendeu-se por 21 anos,
com medidas autoritárias, com atos institucionais de fortes previsões de
centralização de poder no executivo, com eleições indiretas, com extinção
de partidos políticos, com fraudes e disfarças no jogo político, cassações
e exílios, com repressão de movimentos sociais, com o crescimento dos
órgãos de informação das Forças Armadas para a perseguição de guerrilheiros, com exposta violência da polícia e do exército, sem liberdade de
informação, manifestação e de pensamento, sem participação popular e
sem cidadania.
A partir de 1974, Ernesto Geisel busca realizar a “abertura política”,
com a entrega do poder aos civis e a desmontagem do aparelho repressivo, no entanto, somente, em 1985, numa complicada manobra política, a
oposição assume o poder, “ainda que se valendo de uma chapa bastante
conservadora e do apoio de políticos que antes haviam participado do
regime militar” (VICENTINO; DORIGO, 2001, p. 613). De qualquer maneira,
os 21 anos de ditatura militar haviam terminados, e um novo período se
iniciava no país.
Foi convocada uma Assembleia Constituinte, eleita em 1986, e em
outubro de 1988 foi promulgada a Constituição Cidadã, em que os direitos
fundamentais, a liberdade política e de expressão, e a separação dos poderes foram defendidas, bem como, a cidadania participativa.
A Constituição Federal de 1988 propõe a participação do povo na
Administração Pública como eficiente meio de controle, fiscalização, conscientização e inclusão da gestão e dos recursos públicos. Como auxílio aos
48
mecanismos do exercício cidadão, a Constituição Federal assegura a Liberdade de informação, constituindo-secomo o direito que os cidadãos
têm de serem informados sobre todas as relações do Estado. Ninguém
poderá restringir ou embaraçar o acesso à informação. Todos os mecanismos que buscam a eficácia do direito e garantia fundamental do acesso
à informação ajudam a construir o Estado, a consolidar os fundamentos
da República Federativa do Brasil expressos no primeiro artigo da Carta
Magna, bem como a robustecer a grade expressa na Constituição (art. 3º)
dos objetivos da República.
Assim, como todo direito fundamental, a liberdade de informação
pode ser exercida junto a vários outros direitos fundamentais com interdependência, sem coalizões ou choques, sempre, em harmonia, de forma
a se complementarem, devendo ser interpretados de maneira conjunta,
com o fim de sua plena realização.
Apesar de já transcorrido mais de duas décadas da promulgação da
Constituição Federal de 1988, a Lei de Acesso à informação atende ao processo de adaptação da confiança e da respeitabilidade das instituições democráticas do país, e da consequente, renovação cultural do povo brasileiro.
3
LEI Nº 12.527/2011 E AS MUDANÇAS NO PAINEL DEMOCRÁTICO BRASILEIRO
A Lei nº 12.527/11 é fruto do projeto de Lei nº 41 da Câmara dos
Deputados apresentada em 30 de abril de 2010 pelo deputado federal
Reginaldo Lopes (Partido dos Trabalhadores – Minas Gerais), cuja ementa
tratava em regular o acesso à informação previsto no inciso XXXIII do art.
5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; alterar a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revogar a Lei nº
11.111, de 5 de maio de 2005 e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro
de 1991; e dar outras providências.
A Lei foi sancionada em 16 de novembro de 2011, determinou um
prazo de 180 dias para os órgãos se adequarem à legislação, e entrou em
vigor no dia 16 de maio de 2012, regulamentando e obrigando a prestação de informações a respeito das atividades dos órgãos públicos federais,
estaduais e municipais e, também, de atividades das entidades privadas
sem fins lucrativos que recebem recursos públicos para a realização de
ações de interesse público em parceria ou convênios com o governo.
Assim, a Lei nº 12.527/11 garante o direito ao acesso e divulgação
da informação das gestões, o direito do pedido de acesso à informação e
os recursos contra seu indeferimento e a regulamentação das restrições
de acesso à informação, através dos seus respectivos procedimentos garantidores.
Ademais, essa lei tratou de especificar a classificação da informação
quanto ao grau e prazos de sigilo, proteção, controle e procedimentos de
classificação de dados sigilosos, tratamento das informações pessoais, tipificação de condutas ilícitas geradoras de responsabilidade dos agentes
públicos, além da criação de órgãos e serviços, como a Comissão Mista
de Reavaliação de Informações, a instituição do Núcleo de Segurança e
Credenciamento no âmbito do Gabinete Institucional da Presidência da
República e os Serviços de Informação ao Cidadão (SIC).
Pela Lei, os órgãos e entidades do poder público devem prestar
serviços de informação em local com condições apropriadas para realizar
audiências ou consultas públicas, devem promover incentivos à participação popular ou a outras formas de divulgação, devem atender e orientar
o público e protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.46-51, Jul-Ago-Set. 2012.
O painel democrático-cultural brasileiro com o advento da lei de acesso à informação - (lei nº 12.527/11)
Para a divulgação, a Lei entende que os órgãos devem utilizar todos
os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem (carta, telefonemas
e outros), sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet), e que esta divulgação disponha de ferramentas de pesquisa de conteúdo que permita o fácil acesso à informação;
que possibilite a gravação e análise de relatórios; que possibilite o acesso
automatizado por sistemas externos em formatos abertos, estruturados
e legíveis por máquina; que, também, faça tal divulgação detalhando os
formatos utilizados para estruturação da informação, garantindo a autenticidade e a integridade das informações, mantendo-as atualizadas, indicando local e instruções que permitam ao interessado comunicar-se, por
via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade detentora do sítio,
e, por fim, adotando as medidas necessárias para garantir a acessibilidade
de conteúdo para pessoas com deficiência.
Impende observar que a divulgação via internet exclui municípios
com menos de 10 mil habitantes de apresentar dados sobre as operações
municipais, embora, sejam os mesmo obrigados a prestarem informações
aos cidadãos solicitadores.
Sobre o processamento de pedidos de Informação, a Lei disciplina
que qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações. O pedido deve conter a identificação do requerente e a especificação da informação requerida, sendo vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de informações de interesse
público.
Caso o órgão possa oferecer a informação de imediato, a mesma
deverá ser prestada. No entanto, se houver necessidade de pesquisa, o
órgão tem 20 dias, prorrogáveis por mais 10, para atender à demanda.
Neste caso, o órgão ou entidade pública tem que comunicar a data, local e
modo para se realizar a consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão
que indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, do
acesso pretendido; ou que comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou,
ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o
interessado da remessa de seu pedido de informação. Decorrido o prazo
máximo, o agente público tem que justificar o motivo da não prestação
das informações. O servidor público que não prestar as informações e não
justificar a negação poderá sofrer sanções administrativas e até ser processado por improbidade.
Se as informações solicitadas não puderem ser prestadas, o órgão
requerido terá de apresentar uma justificativa, que, se não aceita pelo cidadão solicitante, este poderá apresentar, em 10 dias, recurso no próprio
órgão. Trata-se de um recurso administrativo endereçado à autoridade
superior que proferiu a decisão impugnada. Se não lograr êxito, poderá
apresentar recurso à Controladoria Geral da União (CGU). Se a negativa
permanecer, o recurso poderá ser remetido à Comissão Mista de Reavalização de Informações, instituída pela lei. Esta comissão avaliará o sigilo
de dados públicos e as justificativas apresentadas pelo órgão público para
não prestar as informações solicitadas, e se entender que os dados podem
ser divulgados, a comissão acionará o órgão para que atenda ao pedido
do cidadão.
É interessante frisar que no caso de indeferimento de pedido de
desclassificação de informação protocolado em órgão da Administração
Pública Federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da
área, sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reavaliação de
Informações, previstas no art. 35. No entanto, se for indeferido o recurso
que tenha como objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrasRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.46-51, Jul-Ago-Set. 2012.
secreta, caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações.
Assim, a Lei reforça a garantia constitucional do cidadão ao acesso à informação, munindo-o de vários mecanismos legais, além disso, ela
esclarece a complementaridade da liberdade de informação aos demais
direitos fundamentais, pregando que “não poderá ser negado acesso à
informação necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais” (art.21).
Há informações que não podem ser prestadas por serem consideradas sigilosas, como os assuntos secretos do Estado, os casos que correm
em segredo de justiça, dados pessoais dos agentes públicos ou privados,
informações relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas ou aquelas que possam colocar em risco a vida, a segurança, a saúde
da população, a segurança nacional, a defesa, a integridade do território
nacional, planos e estratégias das Forças Armadas, a estabilidade financeira ou econômica e monetária do Estado, as relações internacionais, as
atividades de inteligência, as investigações e fiscalizações em andamento,
os projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico, as atividades de investigação policial ou a segurança de instituições e de autoridades nacionais ou estrangeiras, bem como, as informações que puderem
colocar em risco a segurança do Presidente e Vice-Presidente da República
e respectivos cônjuges e filhos (as) até o fim de seu mandato.
Os dados pessoais não são públicos, e, portanto, para efeitos da
Lei nº 12.527/11, tem seu acesso restrito. A restrição dessas informações
independe de classificação de sigilo, pelo prazo máximo de 100 (cem)
anos a contar da sua data de produção. Essas informações até poderão
ser disponibilizadas, mas o acesso a elas deve ser individual, pessoal, ou
por terceiros, mas, apenas, em situações excepcionais permitidas na Lei.
Já as informações classificadascomo sigilosas pelas autoridades
são aquelas cuja Lei de Acesso a Informações prevê alguma restrição de
acesso por autoridade competente, desde que classificada seu conteúdo
como imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado. A Lei entendeu que as informações sigilosas podem ser classificadas de três tipos:
Ultrassecreta, secreta e reservada. As informações ultrassecretas têm o
prazo de secreto de 25 (vinte e cinco) anos, podendo ser renovável uma
única vez. As secretas possuem o prazo de secreto fixado em 15 (quinze)
anos, e as reservadas, em 05 (cinco) anos.
Nesses casos, o órgão é obrigado a apresentar, de forma motivada,
uma justificativa para a negação. Lembrando, que o Estado é responsável
pela guarda e pela divulgação das informações que o pertence, conforme
dispõe o art. 34 da Lei nº 12.527/11.
A Lei preocupou-se em informar com clareza, acessibilidade, de
forma gratuita e atualizada todos os atos de interesse coletivo dos órgãos
públicos. Para isso, foram garantidas ferramentas de pesquisa, de acessibilidade aos deficientes físicos (art.8º, §3º, VIII), mecanismos de gratuidade
para os pobres na forma da lei (art.10, §6º e paragrafo único do art. 12), de
respeito ao patrimônio público histórico-cultural e documentos passíveis
a danos e deformações (art.13), assim, como o respeito aos direitos humanos e aos direitos fundamentais (art.21 e parágrafo único). Além disso,
tipificou condutas ilícitas (art.32),e penalidades (art.33), recursos e ritos
(arts.14 ao 20) para eventuais descumprimentos dos preceitos de acessibilidade à informação.
4
A CULTURA DA INFORMAÇÃO NO BRASIL
A Lei Geral de Acesso à informação visa promover e desenvolver a
cultura da transparência e do acesso à informação no Brasil. Essa promo49
Melo, A. N., Neto, F. A. V.
ção cultural é um fenômeno que impõe a transformação da vida cotidiana
e cria estratégias de adaptação ao novo contexto.Essas mudanças passam,
obrigatoriamente, por uma revisão e uma consciencialização da história
do grupo, por novas orientações de crenças e valores sociais, pela criação
de novos rituais e de novas linguagens, de novos órgãos e de novas regras,
orientando e respondendo as necessidades de identidade da nação. A Lei
nº 12.527/11 é conquista da vontade efetiva de conservar o grupo com a
identidade da transparência e da participação na vida da Administração
Pública brasileira.
Não restam dúvidas, que a Lei nº 12.527/11 é fruto da inquietação
dos brasileiros em fortalecer o Estado Democrático de Direito, em visível
contraposição à repressão e ao aniquilamento da liberdade de informação,
de expressão e manifestação do pensamento vividos na era ditatorial militar.
4.1 A Cultura de transparência da Administração Pública
Em fase de adaptação cultural, o Estado, no dever de facilitar o
acesso à informação,tem que observar os princípios básicos da Administração Pública (art.37, CF/88) e as diretrizes procedimentais da lei: a)
a regra da publicidade como preceito geral e a do sigilo como exceção;
b) a divulgação de informações de interesse público, independentemente
de solicitações; c) a utilização de meios de comunicação viabilizados pela
tecnologia da informação; d) o fomento ao desenvolvimento da cultura de
transparência na Administração Pública e e) o desenvolvimento do controle social da Administração Pública (art.3º da Lei nº 12.527/11).
A Lei prega que cabe aos órgãos e entidades do poder público assegurar a gestão transparente da informação; a proteção da informação,
garantindo sua disponibilidade, autenticidade e integridade; e a proteção
da informação sigilosa e da informação pessoal (art.6º).
A nova legislação altera o quadro sociocultural do brasileiro. Segundo ela, a cultura de transparência na Administração Pública deve ser
fomentada e desenvolvida. É nesse sentido, que se busca, inclusive, descomplicar as finanças públicas, simplificar os procedimentos administrativos e clarear as normas, regras e o modo de funcionamento das gestões
governamentais. O fomento dessa cultura é o meio de aproximação entre
administradores e administrados.
4. 2 A cultura do acesso à informação pelo cidadão
Por outro lado, há o fomento da cidadania. A Lei de Acesso à Informação alterou o comportamento do cidadão, dando-o maior liberdade de
participação e interferência nas coisas públicas.
A Lei nº 12.527/11 disponibilizou ferramentas parauma inteligente
e responsável ação fiscalizadora do Estado. Ela mudou as relações entre
Estado e sociedade no Brasil, transformando e promovendo mudanças de
interação na comunidade. Essa Lei construiu uma nova forma de pensar
e fazer o social.
Toda essa construção é fruto de um processo histórico, que teve
início em 1988 com os exercícios da soberania popular, com a liberdade
de imprensa, com a forte corrente do ativismo judiciário e com o trabalho
conjunto de órgãos combatentesda corrupção, como o Ministério Público,
o Conselho Nacional de Justiça e outros.
Apesar das anomalias indesejáveis da vida social, a cultura é forte
e importante fator modelador de um povo, marca de nação, construção
de identidade, caráter e interação de uma população. O Brasil vive a desconstrução cultural de períodos de instabilidade e de corrupção na Ges50
tão pública. E, aos poucos, edifica um imponente sistema de cidadania e
controle popular.
Abrucio (2012) diz que a Lei de Acesso à Informação torna-se escola de cidadania, em que por meio de uma maior transparência do funcionamento governamental, o cidadão se capacita no controle inteligente do
Estado ena identificação dos problemas da Administração Pública.
É indubitável, que com a acessibilidade à informação, o cidadão em
conjunto com outros órgãos de fiscalização, com ações judiciais e com o
voto fortalece o sistema controlador da gestão e modela comportamentos dos agentes públicos.
Ademais, a Lei possibilita a reduçãodo custo de uma determinada
informação. O cidadão não terá que demandar tempo para obtenção de
simples informações, além de não ter que responder questionamentos sobre as motivações da obtenção de tais dados. A Lei, inclusive, estabelece o
desenvolvimento do controle social da Administração Públicacomo diretriz para a divulgação e disponibilidade das informações de teor público.
A Lei de Acesso à Informação auxilia no diagnóstico de funcionamento do governo e na simplificação do dispositivo de informação, clareando as normas da Administração Pública, e caracterizando um modelo
de Estado mais transparente e participativo.
A nova legislação permite a ação eficaz dos cidadãos, a conscientização da coisa pública e a eficácia dos movimentos sociais. É um processo lento, árduo e incremental, mas “que afetará profundamente as raízes
do modelo patrimonialista que tanto prejudica a modernização do Brasil
(ABRUCIO, 2012)”.
Somado ao acesso a informação existem outros direitos, mecanismos e ações possíveis de interferência na vida administrativa previstos
na Constituição, como os provenientes do exercício da soberania popular
(art.14) e a ação popular (art.5º, LXXIII).
5
CONCLUSÃO
Como direito fundamental à concretização da democracia no Brasil, o direito a informação foi regulado pela Lei nº 12.527/11 assegurando
mecanismos e serviços específicos e dedicados a informar o cidadão, sendo vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da
solicitação de informações de interesse público.
É um marco na concretização do período de redemocratização do
Brasil, uma vez que, a Administração Pública ganha um caráter ainda mais
popular, de controle e fiscalização possíveis através da nova Lei. O país
ganha em cidadania e transparência do Estado. O cidadão se beneficia das
conquistas, apurações e poder dados a ele, por meio da informação.E a
Administração Pública torna-se mais transparente, organizada e obrigada
a informar correta, atual e claramente os seus atos.
Para isso, a Lei criou as SIC’s, os serviços gratuitos de informação
via internet, além de ter possibilitado recursos administrativos em caso
de negativa de prestação de informações à Controladoria Geral da União
(CGU), à Comissão Mista de Reavaliação de Informaçõese ao Ministro do
Estado da área em que foi negada a informação, além de ter criado a instituição do Núcleo de Segurança e Credenciamento no âmbito do Gabinete Institucional da Presidência da República.Tais criações modificaram
o painel institucional do funcionamento público no que diz respeito ao
atendimento e prestação de informação ao público.
Além do quadro institucional, a lei altera o cultural, e, como efeito
transformador, pretende ir além, por força do processo de adaptação às
mudanças e tradição dos valores sociais. Com a regulamentação sobre o
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.46-51, Jul-Ago-Set. 2012.
O painel democrático-cultural brasileiro com o advento da lei de acesso à informação - (lei nº 12.527/11)
direito a informação, a democracia se fortalece com o rompimentodo alto
custo de informação, com a aproximação da população(principalmente
via internet) das coisas do Estado. E o espaçocultural se massifica com a
possibilidade da busca e da fiscalizaçãodos órgãos administrativos, e pelo
poder repassado ao cidadão na utilização dos mecanismos de acesso à
informação e defesa da coisa pública.
REFERÊNCIAS
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Época, Rio de Janeiro,jun. 2012. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com>. Acesso em: 13 ago.2012.
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VICENTINO, C.; DORIGO, G. História para o ensino médio: história
geral e do Brasil. São Paulo: Scipione.Ltda, 2001.
51
REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN
Desafios na implantação da sistematização da assistência de
enfermagem: uma revisão de literatura
Challenges in the implementation of the systematization of nursing care: a literature review
Desafios para la implemntación de la sistematización de los cuidados de enfermería: uma revisión de la
literatura
Leopoldina Almeida Gomes
Graduando do 8º período do curso de Enfermagem
da Faculdade Santo Agostinho E-mail: le_medvet@
hotmail.com.
David Soares de Brito
Enfermeiro. Especialista em Infecções Hospitalares e
Educação Profissional. Professor da Faculdade Santo
Agostinho – FSA, Teresina-PI.E-mail: davidbrito20@
hotmail.com
RESUMO
O estudo teve como objetivo levantar a produção científica sobre os diversos aspectos e desafios na
implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica realizada nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde, abrangendo publicações nacionais
de 2006 a 2011, e livros relacionados ao tema. Os resultados evidenciaram que a maioria das publicações concentrou-se nos anos de 2007, 2008 e 2010 (70%),com abordagem metodológica qualitativa
(76,4%), nas áreas do ensino (23,5%) e clínica (20,6%), quanto à região geográfica, sobressaiu-se a
Sudeste (64,7%) e o periódico, a Revista da Escola de Enfermagem da USP (20,6%).Dentre as maiores
dificuldades na sua implantação destacam-se a falta de conhecimento e embasamento teórico-científico por parte dos enfermeiros, escassez de recursos e do tempo, associados a uma deficiente
participação da equipe de enfermagem. Apesar disso, ainda há uma preocupação da enfermagem
em refletir sobre sua prática e metodologia de trabalho para uma melhor resolutividade na assistência ao paciente. Há necessidade de uma maior articulação científica para que a Sistematização da
Assistência de Enfermagem seja encarada como um elemento fortalecedor da identidade profissional e da qualidade assistencial, na tentativa de superar os desafios na sua implantação e execução,
tornando-a efetiva nas instituições de saúde.
Descritores: Enfermagem. Assistência de enfermagem. Cuidado de enfermagem.
ABSTRACT
The study aimed to raise the scientic literature on the various aspects and challenges in implementhing the Systematization of Nursing Care.It is a literature search was undertaken in the databases of
the Virtual Library of Health, national publications covering 2006 to 2011, and related books theme.
The results showed that the majority of publications focused on the years 2007, 2008 and 2010
(70%), with qualitative methodological approach (76,4%) in the areas of education (23,5%) and clinical (20,6%), and geographic region, stood out the Southeast (64,7%) and the journal, the Journal
of Nursing School of USP (20,6%). Among the major difficulties in its implementation include the
lack of knowledge and theoretical-scientific from nurses, lack of resources and time associated with
a poor participation of nursing staff. Yet there is still a concern of nursing practice and reflect on their
work methodology for solving a best in patient care. There is need for greater scientific liaison for
the Systematization of Nursing Care is seen as an element of strengthening the professional identity
and quality of care as an attempt to overcome the challenges in its implementation and execution,
making it effective in health institutions.
Descriptors: Nursing. Care. Assistance.
RESUMEN
Submissão: 24.01.2012
Aprovação:11.04.2012
52
El studio tuvo como objetivo aumentar la literature científica sobre los diversos aspectos y desafios em La implementación de la Sistematización de la Asistencia de Enfermería. Se trata de uma
búsqueda bibliográfica se realizo em las bases de dados de la Biblioteca Virtual de Salud, las publicaciones nacionales que abarcan desde 2006 hasta 2011, y el tema de libros relacionados. Los resulRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.52-58, Jul-Ago-Set. 2012.
Desafios na implantação da sistematização da assistência de enfermagem: uma revisão de literatura
tados mostraron que la mayoría de las publicaciones se centraron em los
años 2007, 2008 y 2010 (70%), com el enfoque metodológico cualitativo
(76,4%) em las áreas de educación (23,5%) y clínica (20,6%), y la región geográfica, se destaco el Sudeste (67,4%) y la revista, la Revista de la Escuela
de Enfermería de la USP (20,6%). Entre las mayores dificultades em su ejecución son la falta de conocimiento y teórico-científica de las enfermeras,
la falta de recusos y el tiempo associado com uma escasa partcipación Del
personal de enfermería. Sin embargo, todasvia hay uma preocupación de
la prática de enfermería y reflexionar sobre su metodologia de trabajo para
la solución de um mejor cuidado de pacientes. Hay una necesidad de una
mayor articulaciónscientific liaison for the Systematization of Nursing Care
is seen as a strengthening element of professional identity and quality of
care in an attempt to overcome the challenges in its implementation and
execution, making it effective in health institutions.
Descriptores: Enfermería. Cuidado. Asistencia.
1INTRODUÇÃO
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia científica da prática assistencial, que proporciona cuidados sistematizados, conferindo maior segurança aos pacientes e autonomia aos
profissionais de enfermagem diante de suas ações assistenciais (TANNURE, PINHEIRO, 2010).
Diante da evolução tecnológica, das constantes trocas de informações e demandas das instituições de saúde na tentativa de maximizar
recursos, diminuir custos e melhorar a qualidade da assistência têm se
exigido cada vez mais da enfermagem o aprimoramento dos serviços, o
planejamento e operacionalização dos cuidados (LUCENA, BARROS, 2006),
reforçando a necessidade incontestável de se adotar a sistematização da
assistência de enfermagem (SAE).
No âmbito dessas observações e necessidades, a SAE, foi legalizada
por meio da Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº.
358/2009, que enfatiza sobre a obrigatoriedade e necessidade de sua aplicabilidade na prática cotidiana da enfermagem em seus diferentes cenários de trabalho, preconizada como uma atividade privativa do enfermeiro,
baseada em estratégias científicas planejadas para a identificação das diversas situações do binômio saúde/doença. Subsidiando ações que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da
saúde do indivíduo, a partir de etapas através do processo de enfermagem
(PE), com o planejamento, organização, execução e avaliação, guiadas por
uma teoria de enfermagem (COFEN, 2002).
Hermida e Araújo (2006) relatam que o PE como método da SAE
vem sendo implantado há décadas no Brasil, quando foi introduzido por
Wanda de Aguiar Horta, com a Teoria das Necessidades Humanas Básicas.
Entretanto, somente com a legalização, é que passou a ser exigida dentro das instituições de saúde brasileiras. Apesar disso, atualmente, ainda
percebe-se que essa resolução por si só não oferece todo o apoio necessário para sua implantação, pois muitos fatores desencadeiam dificuldades
práticas no processo de implantação dessa metodologia.
Na prática assistencial dos hospitais suas vantagens e propriedades para estabelecê-la são incontestáveis, pois direciona a organização e
condução das ações, visando o alcance de resultados esperados para a
sobrevida dos pacientes. Daí a importância em conhecer o perfil de cada
paciente assistido para direcionar a elaboração de impressos específicos
utilizados nas etapas do processo. O enfermeiro precisa desenvolver coRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.52-58, Jul-Ago-Set. 2012.
nhecimentos e habilidades na execução das ações, utilizando-se de instrumentos, como: a observação, comunicação, aplicação e princípios científicos, bem como desenvolver destreza manual, planejamento, avaliação e
estimular o compromisso e envolvimento da equipe na execução, dentre
outros (KROGER et al., 2010). É necessário, portanto, o comprometimento
e conscientização da importância em se estabelecer equipes multidisciplinares destinadas a este fim (OLIVEIRA, EVANGELISTA, 2010).
Takahashi et al.(2008) enfocam que os profissionais, em sua maioria,
referenciam a não-capacitação para execução do processo de enfermagem
em suas etapas como um dificultador na implantação da SAE. Sendo a falta de conhecimento o principal motivo do descompromisso em algumas
instituições de saúde e da ausência em outras, ao passo que esse desconhecimento gera desinteresse e a falta de adesão do método assistencial.
Implantar a SAE atualmente é considerado como um desafio, principalmente no que diz respeito ao gerenciamento do cuidado, pois, numa
realidade complexa, multifacetada e multidimensional, exige do profissional de enfermagem empenho e criatividade na elaboração e execução de estratégias inovadoras e participativas, além de manter condições
favoráveis ao processo de adoção da mesma, envolvendo questões políticas e econômicas, na acreditação hospitalar. Atualmente, destacamos
os incentivos aos programas de capacitação e educação continuada dos
profissionais, como recurso essencial para amenizar as deficiências do
conhecimento na área de enfermagem, especialmente sobre a temática
abordada (HERMIDA, ARAÚJO, 2006).
Nas pesquisas realizadas nos últimos cinco anos os enfermeiros
apontam várias dificuldades para implantá-la e, apesar das diretrizes legais
e das tentativas, ainda são incipientes as experiências de sucesso. Dentre
as dificuldades destacam-se: a falta de conhecimento dos modelos teóricos; deficiência na abordagem do tema desde a vida acadêmica; a grande
demanda de serviços burocráticos e administrativos; incipientes recursos
humanos e materiais para o cuidado; dificuldade de envolvimento da
equipe técnica na execução das atividades; e a falta de articulação entre
teoria e prática, ainda influenciadas pelo método biomédico, sendo consideradas como fatores intervenientes na implantação, ou seja, causas que
representam em sua grande maioria problemas conceituais, estruturais e
organizacionais (FULY et al., 2008).
Considerando todos os fatores intervenientes na implantação e
execução da SAE, sua relevância e exigência pelo COFEN nas instituições
de saúde, diante da grande demanda de pacientes necessitados de cuidados sistematizados, seguros e resolutivos, é que se propôs o estudo com o
objetivo de analisar os diversos aspectos sobre os desafios no seu processo
de implantação, na tentativa de proporcionar subsídios para compreender
como vem sendo implantada, apontando potencialidades e dificuldades,
e a percepção da equipe de enfermagem sobre a temática.
2METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica exploratória, com recorte
temporal de cinco anos,no período de 2006 a 2011, com textos completos, nacionais e referentes à temática objetivando revisar na literatura
temas sobre os desafios na implantação da sistematização da assistência
de enfermagem. No levantamento foram utilizadas as bases de dados da
BVS indexados à BIREME, como a LILACS, SCIELO, BDENF e MEDLINE, com
os seguintes descritores: Enfermagem. Assistência de enfermagem. Sendo
encontrados 105 textos, abrangendo também dois livros e publicações
oficiais do COFEN.
53
Gomes, L. A., Brito, D. S.
Na discussão dos dados,utilizou-se o método comparativo entre os
artigos e livros a partir das variáveis: ano, foco, abordagem metodológica, região geográfica, área (especialidade) e periódicos (Tabela 1). Posteriormente à leitura analítica dos textos mais relevantes sobre a temática,
foram incluídos criteriosamente 34 destes, para elaboração do trabalho,
estabelecendo-se as seguintes categorias: deficiência de fundamentação
teórico-científica na implantação da SAE, envolvimento da equipe de enfermagem na assistência, disponibilidade de recursos e tempo na operacionalização da SAE e avanços na implantação da SAE.
3RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estabeleceram-se algumas variáveis relevantes para a apreciação
das literaturas científicas sobre a temática pesquisada, conforme se observa na Tabela 1.
Tabela 1. Distribuição das produções científicas segundo as seguintes
variáveis: ano de publicação, abordagem metodológica, região geográfica,
área (especialidade) e periódicos (n=34). Teresina – PI, 2011.
Variáveis
Nº
%
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Abordagem Metodológica
04
06
09
05
09
01
11,7
17,6
26,4
14,7
26,4
2,94
Qualitativo
Quantitativo
Outros
Região geográfica
26
05
03
Sudeste
23
67,6
Nordeste
Centro-Oeste
Norte
Sul
Área (especialidade)
Unidade de Terapia Intensiva
Oncologia
Clínica Médica
Ensino
Outros
Periódicos
Rev. Escola de Enfermagem da USP
Rev. Brasileira de Enfermagem
Rev. Escola de Enfermagem da UERJ
Rev. Eletrônica de Enfermagem
Act. Paulista de Enfermagem
Texto & Contexto – Enfermagem
Outros
04
05
02
11,7
14,7
5,88
05
03
07
08
10
14,7
8,82
20,5
23,5
29,4
07
06
02
03
04
02
12
20,5
17,6
5,88
8,82
11,7
5,88
35,2
Período
76,4
14,7
8,82
Fonte: Banco de dados da BIREME.
Na análise das produções científicas, pode-se verificar que os maiores números de publicações concentraram-se nos anos de 2008 e 2010
54
(70%). Isto pode ser reflexo de um maior interesse frente às mudanças
na área assistencial, além do crescente envolvimento de enfermeiros, docentes e pesquisadores com o tema, devido sua exigência e importância
como instrumento de melhoria da qualidade no cuidado nas instituições
de saúde. Outra hipótese a ser considerada sobre o aumento das publicações em relação à SAE, citada por Figueiredo et al. (2006), pode ser devido
a inclusão e informatização de novas revistas de enfermagem nas bases de
dados, facilitando a localização de trabalhos em pesquisas. O ano de 2011
apresentou somente 2,94% dentre as publicações, algo controverso por
ser um tema muito abordado atualmente. Sendo desconsiderado, devido
aos critérios de inclusão adotados, pois muitos dos textos neste referido
ano não estavam disponíveis de forma completa.
Em relação à área (especialidade), houve um maior destaque sobre
a temática no ensino (23,5%), na clínica (20,5%), seguida da unidade de
terapia intensiva, com 14,7%. 73,5% dos artigos tiveram como foco de
estudo os modelos de SAE, quanto à sua implantação, desenvolvimento
e execução nas diversas áreas, mostrando suas facilidades e dificuldades
no seu processo.
Quanto à região geográfica, a Sudeste se sobressaiu com 64,7%,
com uma maior concentração de trabalhos, principalmente em São Paulo
e Rio de Janeiro, por abranger regiões de grande população, onde a produção científica se desenvolve com maior intensidade. Em seguida surge
o Centro-Oeste com 14,5% das publicações. Vale ressaltar que, a região
Nordeste, se destacou em seguida, com 11,7% e a Sul com apenas 5,88%.
Já a região Norte não apresentou nenhuma publicação que respondesse
aos critérios de inclusão desse estudo, não apresentando assim, publicações para esse estudo.
Observou-se nos artigos a aplicação de diferentes tipos de abordagens metodológicas, destacando-se a qualitativa, presente em 76%% das
publicações. Esse tipo de abordagem enfatizou fenômenos significativos
a respeito das percepções pela equipe de enfermagem sobre a SAE, com
trabalhos desenvolvidos a maioria em estudos de campo, relacionando-a
com experiências, assistência profissional e qualidade de vida.
Os artigos selecionados foram publicados em diversos periódicos,
tendo destaque a Revista da Escola de Enfermagem da USP com 20,5% das
publicações, sendo importante salientar que, dentre as referências para a
elaboração desse estudo, dois livros didáticos sobre SAE foram incluídos,
contendo textos de extrema relevância para a elaboração do trabalho.
As publicações selecionadas foram analisadas e delimitadas a
partir do foco principal, com as seguintes categorias: deficiência de fundamentação teórico-científica na implantação da SAE; envolvimento
da equipe de enfermagem na assistência; disponibilidade de recursos
e tempo na operacionalização da SAE; avanços na implantação da SAE
Dos artigos analisados, 21 fazem considerações repetitivas sobre as dificuldades na implantação da SAE, e o que mais chama a atenção é a falta
de conhecimento e a ausência de um referencial teórico sobre a mesma,
diante das percepções da equipe de enfermagem. O número reduzido
de profissionais de enfermagem na execução das etapas do PE e a fragmentação desse processo, o deficiente envolvimento dos profissionais de
enfermagem e o vínculo com as instituições de saúde também são fatores
limitantes (Figura 2).
Figura 2. Distribuição dos desafios encontrados na implantação da
sistematização da assistência de enfermagem (SAE) dentre as publicações
analisadas.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.52-58, Jul-Ago-Set. 2012.
vínculo com as instituições de saúde também são fatores limitantes (Figura 2).
Figura 2. Distribuição dos desafios encontrados na implantação da sistematização da
assistência de enfermagem (SAE) dentre as publicações analisadas.
Desafios na implantação da sistematização da assistência de enfermagem: uma revisão de literatura
DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO DA SAE
REFERENCIAL TEÓRICO CIENTÍFICO
ENVOLVIMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
FALTA DE RECURSO HUMANO E TEMPO
10%
23%
VÍNCULO INSTITUCIONAL
9%
58%
3.1 Deficiência de fundamentação teórico-científica na implantação da SAE
3.1 Deficiência de fundamentação teórico-científica na implantação da SAE
A implantação, o desenvolvimento e a avaliação de modelos de
A implantação, o desenvolvimento e a avaliação de modelos de SAE surgiram na
SAEdos
surgiram
maioria dossão
textos
e freqüentemente
realizadosqualitativa,
com
maioria
textos ena
freqüentemente
realizados
com abordagemsão
metodológica
e de abordagem
campo. Desdemetodológica
a década de 80,qualitativa,
já se encontravam
relatos literários
a problemática
e de campo.
Desde a sobre
década
de 80,
da implantação
do PE nasrelatos
instituições
de saúde,
o que
reforça mais ainda
o antigo interesse
já se encontravam
literários
sobre
a problemática
da implantação
dos profissionais de enfermagem em operacionalizar o processo. A partir disso, pode-se
do PE nas instituições de saúde, o que reforça mais ainda o antigo interesafirmar que o processo de sistematização da assistência de enfermagem no Brasil continua em
profissionais
enfermagem
em operacionalizar
processo.
A parfase se
de dos
construção,
sujeito de
às profundas
mudanças
nas diversas áreaso de
atuação profissional
tir
disso,
pode-se
afirmar
que
o
processo
de
sistematização
da
assistência
(FIGUEIREDO et al., 2006; HERMIDA, ARAÚJO, 2006; SILVA; MOREIRA, 2010).
as dificuldades
apontadas,
observou-se
queconstrução,
grande partesujeito
refere-se
falta de
deDentre
enfermagem
no Brasil
continua
em fase de
às àproprofissionais
e a deficiência
na áreaáreas
do conhecimento
sobre a implantação
da SAE
fundas mudanças
nas diversas
de atuação profissional
(FIGUEIREDO
(HERMIDA; ARAÚJO, 2006), algo muito comum nos hospitais atualmente, quando nos
et al., 2006;
ARAÚJO,enfrentadas
2006; SILVA;
deparamos
com asHERMIDA,
diversas limitações
porMOREIRA,
enfermeiros,2010).
desde a responsabilidade
Dentre
as
dificuldades
apontadas,
observou-se
que grande
parte
em assumir várias enfermarias, atividades burocráticas, até a deficiência
de embasamento
científico
para se
adotarde
a prática
assistencial
forma sistematizada.
refere-se
à falta
profissionais
e a de
deficiência
na área do conhecimento
Acredita-se
que a Enfermagem
vem se desenvolvendo
muitoalgo
através
das copróprias
sobre
a implantação
da SAE (HERMIDA;
ARAÚJO, 2006),
muito
teorias criadas e com o avanço das mesmas, necessitando impreterivelmente a adoção de
mum nos hospitais atualmente, quando nos deparamos com as diversas
métodos científicos e específicos, para subsidiá-la no desenvolvimento da SAE (AMANTE et
por aenfermeiros,
a responsabilidade
em da
al., limitações
2009). Dentreenfrentadas
as taxonomias,
NANDA é a desde
mais utilizada
como padronização
assumir
várias
enfermarias,
atividades
burocráticas,
até
a
deficiência
de
linguagem na enfermagem, um instrumento importante na execução do PE. E dos modelos
teóricos,
o de Wanda científico
de Aguiar para
Hortase
funciona
suporte
na assistência,
principalmente
embasamento
adotarcomo
a prática
assistencial
de forma
sisentretematizada.
os conteúdos ministrados por docentes da área (FIGUEIREDO et al.,2006).
Hermida e Araújo (2006) relataram em uma pesquisa sobre os subsídios na
que a Enfermagem
vemnas
se desenvolvendo
muito atra-sendo
implantação Acredita-se
da SAE, diversos
fatores envolvidos
fases do seu planejamento,
vés
das
próprias
teorias
criadas
e
com
o
avanço
das
mesmas,
necessitando
necessário reconhecer primeiramente a estrutura institucional, suas demandas e facilidades
paraimpreterivelmente
adotá-la. Considerando
assim a de
partir
desta análise,
que a eimplantação
dessa
prática
a adoção
métodos
científicos
específicos,
para
aindasubsidiá-la
se revela como
um processo trabalhoso
e complexo,
masetqueal.,muito
temDentre
a contribuir
no desenvolvimento
da SAE
(AMANTE
2009).
as na
melhoria da qualidade assistencial.
taxonomias, a NANDA é a mais utilizada como padronização da linguagem na enfermagem, um instrumento importante na execução do PE. E
dos modelos teóricos, o de Wanda de Aguiar Horta funciona como suporte na assistência, principalmente entre os conteúdos ministrados por
docentes da área (FIGUEIREDO et al.,2006).
Hermida e Araújo (2006) relataram em uma pesquisa sobre os subsídios na implantação da SAE, diversos fatores envolvidos nas fases do seu
planejamento, sendo necessário reconhecer primeiramente a estrutura
institucional, suas demandas e facilidades para adotá-la. Considerando
assim a partir desta análise, que a implantação dessa prática ainda se revela como um processo trabalhoso e complexo, mas que muito tem a contribuir na melhoria da qualidade assistencial.
Na expectativa de compreender as vivências e os diferentes significados atribuídos pelos profissionais de enfermagem sobre a SAE,
observou-se que existe certo distanciamento entre a teoria e a prática
de enfermagem. Percebendo-se diversas situações conflitantes, como o
desencontro entre os pensamentos dos profissionais envolvidos na assistência e o pouco conhecimento sobre a SAE, a sua execução de forma
mecanizada, com pouca troca de informações, principalmente nas passagens de plantão, dificultando a continuidade das etapas do PE e sua
efetividade.Esse distanciamento entre o saber e o fazer na enfermagem
são muito observados nos hospitais como um reflexo das mudanças atuRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.52-58, Jul-Ago-Set. 2012.
ais, considerando a heterogeneidade, as incertezas e buscas constantes de
equilíbrio nas ações. Entretanto, apesar desse descompasso, a SAE, ainda é
um instrumento importante à saúde, mas é preciso uma reflexão por parte
dos enfermeiros e um maior comprometimento frente às articulações nas
práticas a fim de envolver toda a equipe de saúde, para que seja implantada e implementada nas instituições com um maior respaldo (KOERICH
et al., 2007).
Um fator importante ligado a essa fragmentação corresponde às
falhas apontadas no processo de formação do enfermeiro, contribuindo
para convicções comuns acerca da temática, como mais um trabalho que
não funciona. Essa reflexão fortalece a necessidade do enfermeiro adquirir
ao longo de sua formação a visão do todo, do gerenciamento do cuidado,
compreendendo a SAE como um método para executar suas ações, desde
o pensar estratégico na sua implantação,envolvendo conhecimento teórico e habilidade prática (SILVA; MOREIRA, 2010).
Implantar a SAE de forma efetiva sem que a equipe esteja devidamente capacitada, é quase impossível sob o ponto de vista do conhecimento científico, pois não há fundamentação teórica e prática para executá-la. Isso porque, quando ainda acadêmicos, são orientados em diferentes
escolas, que mostram as etapas do PE de forma distinta. Cada instituição
possui característica própria diante das diversas especificidades dessa metodologia, necessitando adequar-se a ela. Com isso, surge a necessidade
de se investir na educação continuada desses profissionais e na constante
atualização das atividades frente as mais diversas necessidades individuais
de cada cliente para um melhor desempenho da assistência (HERMIDA;
ARAÚJO, 2006).
3.2 Envolvimento da equipe de enfermagem na assistência
Diante dos desafios em se implantar a SAE, a sensibilização da
equipe de enfermagem se faz essencial na sua aplicabilidade, sendo um
pré-requisito importante para sua efetividade, devendo fazer parte do planejamento de ação da chefia de enfermagem. Alguns autores atribuem a
falta de interesse dos auxiliares e técnicos de enfermagem em implantar o
PE, pela falta de orientação e por não estarem envolvidos diretamente na
sua elaboração. Um fator relevante e motivo de reflexão atualmente, pois
se cogita a necessidade de inseri-los de forma mais participativa e efetiva
na elaboração e planejamento assistencial de enfermagem, considerando
fundamental o papel dos mesmos, na viabilidade prática (CRUZ; ALMEIDA,
2010).
Apesar de não participarem de forma direta na implantação da SAE
alguns dos profissionais técnicos de enfermagem se sentem inseridos no
processo e reconhecem o valor da sistematização. Contudo, destacam a
importância da liderança e comunicação para favorecer o diálogo entre o
enfermeiro e a equipe, em prol da maior efetividade das prescrições de enfermagem. Dessa maneira, a sensibilidade na comunicação e observação,
bem como a capacidade de desenvolver relações interpessoais construtivas é essencial para o cuidado interativo, complementar e interdisciplinar,
ou seja, para um cuidado complexo (NASCIMENTO et al.,2008).
No plano de ação para a implantação da SAE, é imprescindível um
estudo aprofundado sobre o tema e o envolvimento da equipe para definir o referencial que guiará a assistência por meio dessa metodologia. Por
isso, há a necessidade de se conhecer as diversas teorias de enfermagem,
servindo de suporte para identificar aquela que melhor se adéqüe às características da clientela e do contexto institucional (HERMIDA; ARAÚJO,
2006).
55
Gomes, L. A., Brito, D. S.
A partir da leitura atenta dos artigos pode-se observar que muitos
integrantes da equipe de enfermagem têm noção sobre o valor do conhecimento e ação em enfermagem, mas por outro lado foram evidenciadas
muitas dúvidas sobre o papel do enfermeiro e sua real responsabilidade
na execução da SAE.
Amante et al. (2009) relataram que a maioria reconhece a SAE
como um programa desenvolvido pela enfermagem na aplicação de seus
conhecimentos no cuidado ao paciente. Entretanto, não basta reconhecê-la com um método sistemático e prático na aplicação desses cuidados,
é necessário que haja um envolvimento maior da equipe no processo de
implantação desse método, conhecendo suas etapas, passo a passo, e
principalmente sabendo como cada uma destas deve ser executada na
prática diária.
3.3 Disponibilidade de recursos e tempo na operacionalização da SAE
O déficit de recursos humanos, a falta de conhecimento em relação a SAE e modelos teóricos para sistematizar o cuidado, a deficiência no
compromisso e adesão dos profissionais envolvidos no PE são relevantes
e considerados como fatores que dificultam a implantação. Contudo, também é importante enfatizar sobre a falta de interesse dos gestores, chefias
e instituições com organização burocrática, que não esperam outro cuidado além do estabelecido pela classe médica, para maximizar recursos e diminuir custos. E se a proposta de implantação da SAE não estiver de acordo com a missão, filosofia e objetivos da instituição pode não só dificultar
como resultar no fracasso do seu processo (CIANCIARULLO et al., 2008).
Diante disso pode-se analisar que esse fato não condiz com o
propósito da SAE, uma vez que sistematizando o cuidado, confere maior
segurança e organização na conduta das ações, diminuindo assim efeitos
adversos na assistência aos pacientes.
Hermida e Araújo (2006) reportam sobre a importância dos recursos disponíveis na implantação da SAE e pontuam que a estrutura física é
um item pouco citado na literatura no planejamento da mesma. A existência de locais apropriados para troca de informações entre os profissionais
são necessárias, contribuindo para uma melhor definição e planejamento
das ações de enfermagem. É preciso também um número considerável
de profissionais de enfermagem, uma vez que essa prática exige presença
ininterrupta nas diversas unidades hospitalares e a utilização dos impressos como instrumentos de registro, que segundo as autoras, podem variar
em quantidade, de acordo com as fases do PE para se adequar a teoria de
enfermagem adotada e às necessidades do paciente.
Atingir a qualidade na assistência de enfermagem por meio da SAE
pode ser uma das maiores conquistas na utilização dessa metodologia,
pois muitos estudiosos justificam em seus trabalhos a sua importância e
os benefícios gerados não só ao paciente, como também à enfermagem
quanto a sua credibilidade e autonomia profissional (CIANCIARULLO et al.,
2008; TANNURE; PINHEIRO, 2010).
A sobrecarga de trabalho, o quadro de pessoal insuficiente e fatores
inerentes ao gerenciamento da instituição, refletem comumente na forma
de agir desses profissionais, adotando ações mecanizadas, repetitivas e
restritamente burocráticas, pouco se atentando á característica individual
de cada paciente (FÉLIX et al., 2009). Enfatizando-se também a flexibilidade e o posicionamento crítico do enfermeiro, como imprescindíveis no
gerenciamento e planejamento do cuidado, promovendo interação com
a equipe multiprofissional, educando e orientando o cliente e família, ocu56
pando espaços de articulação e concretização na qualidade da assistência.
Deve-se ressaltar que, durante a realização dessa sistemática de
trabalho, muitos enfermeiros se deparam com diversos fatores cruciais na
implantação da SAE, necessitando de uma adequação do PE à realidade
do momento e da instituição de saúde, pois muitas apresentam problemas administrativos e assistenciais, principalmente nos órgãos públicos,
sendo considerados como entraves na melhoria da qualidade assistencial.
Diante dessa problemática. a enfermagem tem sido muito perseverante
em enfrentar estes desafios, na tentativa de implantar a SAE nas instituições onde exercem suas atividades, promovendo organização e redução
do tempo na execução, com uma assistência mais qualificada ao paciente
e conseqüentemente conquista da autonomia (VARGAS; FRANÇA, 2007).
O tempo constitui-se como um dos recursos fundamentais de uma
organização e sua gestão contribuem para a melhoria nos desempenhos
individuais e coletivos na produtividade (REZENDE; GAIZINSKI, 2008). Surge assim a necessidade de moldar modelos sistemáticos das ações na
enfermagem de acordo com cada instituição, inserindo instrumentos facilitadores no andamento das atividades, tentando suprir essas limitações.
Assumindo também o compromisso de envolver toda a equipe de saúde,
sempre mostrando a importância da sistematização do cuidado, para a
sensibilização e participação ativa dos gestores.
Constatou-se também dentre os estudos, que apesar das dificuldades relacionadas ao processo de implantação da SAE do ponto de vista
gerencial, observa-se uma valorização por parte dos enfermeiros quanto
à necessidade de sistematizar o cuidado, funcionando como um fator incentivador. E uma preocupação não só em dedicar-se apenas à execução
das atividades na garantia assistencial, mas nos benefícios que a sistematização pode oferecer ao cliente e ao profissional de enfermagem.
3.4 Avanços na implantação da SAE
O reconhecimento do contexto de atuação e da necessidade de
aprendizado pode ser considerado um fator positivo e propulsor para a
SAE, que segundo Silva e Moreira (2010), é necessário uma reflexão acerca
das necessidades em sistematizar a assistência de enfermagem, pois indica o momento certo para novas investigações em prol do conhecimento
contínuo da prática de enfermagem embasada em princípios científicos
que precisam ser realizadas à medida que a profissão busca por mudanças, quebras de paradigmas diante de uma nova visão de realidade indo
de encontro à hegemonia do modelo biomédico.
Em estudo descritivo e exploratório realizado por Takahashi et
al.(2008), identificou-se diversas facilidades e dificuldades na fases de execução do PE na SAE. Dentre as facilidades mencionadas pelos enfermeiros,
de forma geral, está relacionado com os conhecimentos adquiridos, tanto
teóricos como práticos na sua aplicabilidade diária. Mostrando a importância do conhecimento científico, com base na tomada de decisão e na
escolha de intervenções para assistir o paciente, subsidiando o raciocínio
crítico e clínico em enfermagem.
A literatura demonstra um crescimento nas iniciativas para se implantar metodologias assistenciais, aplicando-se diante dos obstáculos
instrumentos que facilitem e proporcionem sua execução.
Dentre os avanços da SAE pode-se observar a informatização, com
a criação de softwares para a confecção de materiais no controle e registros de cuidados aos pacientes, bem como a busca por conhecimentos
específicos na área médica e de enfermagem para uma melhor conduta
diante das possíveis mudanças. Não esquecendo a valorização da relação
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.52-58, Jul-Ago-Set. 2012.
Desafios na implantação da sistematização da assistência de enfermagem: uma revisão de literatura
e comunicação entre profissionais e a adequação das instituições de saúde, promovendo interações em grupos de estudos e assim qualidade na
saúde (FULY et al.,2008; CIANCIARULLO et al., 2008; CARDOSO; SILVA, 2010).
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do levantamento bibliográfico, fica evidente a busca por
novas investigações no que se refere à SAE. Apesar do crescimento e
iniciativas na implantação de novas metodologias assistenciais, ainda se
faz necessário uma maior articulação científica para ser encarada como
elemento fortalecedor da identidade profissional e nas buscas por uma
assistência de qualidade.
Evidencia-se a importância da SAE, que precisa ser entendida e
valorizada por todos, considerando a própria equipe de enfermagem, os
demais profissionais da saúde, os gestores responsáveis por captar e empregar recursos tanto materiais como humanos para garantir a exeqüibilidade e o custo-efetividade dos projetos institucionais.
Há necessidade de utilização de estratégias gerenciais que possam
favorecer ações coletivas para uma melhor organização, multidimensional, em que os enfermeiros se preocupem mais em envolver de forma
mais intensa e direta a equipe técnica no processo de implantação da SAE,
tendo em vista que estes são fundamentais executores da prescrição de
enfermagem, na tentativa de fornecer subsídios, superar os diversos desafios na sua implantação e execução e torná-la efetiva nas instituições
de saúde.
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REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN
Nomenclatura de diagnóstico e intervenções de enfermagem pela
CIPE em consulta ambulatorial às puérperas
Diagnosis and classification of nursing interventions by ICNP outpatient visit in the postpartum
El diagnóstico y la clasificación de las intervenciones de enfermería por el CIPEambulatorio visita en el
postparto
Valessa de Lima Ximenes
Especialista em Saúde da Mulher e em Saúde da
Família, Enfermeira Obstetra. Teresina, Piauí, Brasil.
E-mail: [email protected].
Inez Sampaio Nery
Doutora em enfermagem, professora do Programa
de Pós-graduação em enfermagem, UFPI . Teresina,
Piauí, Brasil. E-mail: [email protected].
RESUMO
O cuidado humanizado do enfermeiro no ambulatório de pós-natal é de extrema importância, pois
visa uma assistência individual e holística, estabelecendo vínculo de confiança com a puérpera e
familiares. Com o intuito de socializar experiências bem-sucedidas na realização da consulta de enfermagem às puérperas, relatamos os principais diagnósticos pela Classificação Internacional para a
Prática de Enfermagem - CIPE versão 1. Este trabalho teve como objetivo a elaboração de um plano
de cuidados de enfermagem que abranja: investigações precoces para detectar desvios nas mudanças normais; medidas para o alívio da dor, desconforto; medidas de segurança para prevenir a lesão
ou a infecção; medidas de orientação e de aconselhamento relativas ao autocuidado; cuidados com
o recém-nascido. Para isto foi utilizada a experiência da prática profissional em um hospital de referência, em Recife – PE. Após várias consultas, foram identificados os diagnósticos de enfermagem
mais frequentes segundo a CIPE. Acredita-se que a inclusão desta nomenclatura na consulta de pós-natal de baixo risco, melhorará ao serviço acesso aos dados, gerando informações e conhecimento
para melhoria na qualidade da assistência, do ensino e da pesquisa.
Descritores: Assistência à saúde. Período pós-parto. Enfermagem.
ABSTRACT
The humanized nursing care in the postnatal clinic is of extreme importance since it refers to an
individual and holistic care, establishing a bond of trust with the postpartum and their families. In
order to socialize successful experiences in the consultation to nursing mothers, we reported the
main diagnoses by the ICNP version 1. This work aimed at developing a nursing care plan covering:
early investigations to detect deviations from normal changes, measures to relieve pain, discomfort,
security measures to prevent injury or infection, measures of guidance and advice on self-care, care
with the NB. For this we used the experience of professional practice in one hospital, in Recife – PE.
After several consultations have identified the most frequent nursing diagnoses according to the
ICNP. It is believed that the inclusion of this nomenclature in the consultation post-natal low-risk,
improve service access to data, creating information and knowledge to improve the quality of care,
teaching and research.
Descriptors: Delivery of health care. Postpartum period. Nursing.
RESUMEN
Submissão: 06.02.2012
Aprovação: 03.05.2012
El cuidado de enfermería humanizado en el ambulatorio posterior al parto es de suma importancia
ya que se refiere a una atención individual e integral, estableciendo un vínculo de confianza con las
madres de recién nacidos y sus familias. Con el fin de socializar experiencias exitosas en la consulta a
las madres lactantes, reportamos los principales diagnósticos por la CIPE versión 1. Este estudio tiene
como objetivo desarrollar un plan de cuidados de enfermería que incluya: las investigaciones para
detectar desviaciones de los primeros cambios normales, las medidas para aliviar el dolor, la incomodidad, las medidas de seguridad para prevenir una lesión o infección, las medidas de orientación
y asesoramiento en relación con el auto cuidado, el cuidado del recién nacido. Para ello se utilizó
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012.
59
Ximenes, V. L., Nery, I. S.
la experiencia de la práctica profesional en un hospital de referencia en
Recife - PE. Después de varias consultas han identificado los diagnósticos
de enfermería más frecuentes de acuerdo a la CIPE. Se cree que la inclusión de esta nomenclatura en consulta con el post-parto de bajo riesgo,
mejorar el acceso a los servicios de datos, generación de información y
el conocimiento para mejorar la calidad de la atención, la docencia y la
investigación.
Descriptores: Prestación de Atención de Salud. Periodo de Posparto. Enfermería.
1
INTRODUÇÃO
Puerpério é o nome dado à fase pós-parto, em que a mulher experimenta modificações físicas e psíquicas, tendendo a voltar ao estado
que a caracterizava antes da gravidez. Estes ajustes e adaptações ocorrem
não apenas para a mãe, mas para todos os membros da unidade familiar
e se inicia no momento em que cessa a interação hormonal entre o ovo
e o organismo materno. Geralmente isto ocorre quando termina o descolamento da placenta, logo depois do nascimento do bebê (RICCI, 2008).
O puerpério imediato inicia-se após o término da dequitação e
estende-se até o 10º dia, que corresponde à chamada crise genital, que
prevalecem os fenômenos catabólicos e evolutivo das estruturas hiperatrofiadas ou hiperplasiadas pela prenhez, quando são mais frequentes e
graves as complicações hemorrágicas e suas consequências (REZENDE;
MONTENEGRO, 2006).
O cuidado humanizado do enfermeiro no ambulatório de pós-natal é de extrema importância, pois visa uma assistência individual e
holística, estabelecendo vínculo de confiança com a puérpera e familiares.
As necessidades educativas devem ser desenvolvidas individualmente e
em grupo, como: os cuidados com recém-nascido (RN) e o aleitamento
materno, cuidados com a ferida operatória (FO) nos casos de cesariana e
episiorrafia, verificação dos sinais vitais, orientações quanto ao sono, alimentação, ingesta hídrica, higienização íntima, eliminações, prescrições
de medicamentos e o planejamento familiar.
A falta de um vocabulário comum ainda é um dos grandes obstáculos no desenvolvimento de sistemas clínicos na área de saúde no que
diz respeito à documentação do cuidado prestado que possa servir de
base para análise do custo e benefício deste cuidado e representação desta informação para a saúde da população (LIMA; NÓBREGA, 2009).
Atualmente a Enfermagem conta com certo número de sistemas
de classificação cujos desenvolvimentos estão relacionados com alguma
das fases do processo de enfermagem, entre os quais os mais utilizados
e conhecidos são a Taxomonia II da NANDA Internacional; a Classificação
das Intervenções de Enfermagem - NIC; a Classificação dos Resultados de
Enfermagem - NOC; o Sistema de Classificação de Cuidados Clínicos - CCC,
anteriormente denominado de Classificação dos Cuidados Domiciliares de
Saúde - HHCC; e a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem - CIPE (NÓBREGA Convite_Casamento_Monica_P, 2003).
A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem é um
sistema de linguagem de enfermagem unificado que contempla os fenômenos, intervenções e resultados de enfermagem como elementos
primários de sua construção. A necessidade do desenvolvimento desse
sistema de classificação internacional foi apresentada ao Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) durante a realização do Congresso Quadrienal, realizado em 1989, em Seul – Coreia do Sul, onde foi votada e aprova60
da a proposta para desenvolver um sistema de Classificação Internacional
para a Prática de Enfermagem - CIPE (NÓBREGA; GUIÉRREZ, 2000).
A primeira versão foi a CIPE versão Alfa, publicada em 1996, sobre
a qual o próprio CIE estimulou comentários, observações e críticas para o
melhoramento e a possibilidade da construção da Versão Beta publicada
em 1999. Em continuação ao desenvolvimento, publicou-se a Versão Beta
2 em 2001, Versão 1.0 em 2005. Em 2008, foi disponibilizada, eletronicamente, a Versão 1.1. Esta versão apresentou 389 novos termos e incluiu um
rol de diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem, com termos pré-combinados, sugerindo a composição de catálogos para facilitar
o uso da CIPE nas diferentes áreas de atuação da profissão. Existe a Versão
1.1 que está disponível na língua inglesa e a Versão 2.0 que foi lançada,
em julho de 2009, no Congresso Quadrienal do ICN (CUBAS Convite_Casamento_Monica_P, 2011).
As justificativas para sua elaboração foram inicialmente vinculadas
à falta de um sistema de classificação da linguagem da profissão, necessário para que a enfermagem pudesse contar com dados confiáveis na
formulação de políticas de saúde, no gerenciamento de custos, na informatização dos serviços de saúde e no controle de seu próprio trabalho
(INTERNACIONAL COUNCIL OF NURSES, 2008).
Têm sido apresentadas as seguintes vantagens da CIPE: estabelece uma linguagem comum para a prática de enfermagem, melhorando
a comunicação profissional; representa os conceitos usados nas práticas
locais, em todos os idiomas e áreas de especialidade; descreve os cuidados de enfermagem prestados às pessoas no âmbito mundial; possibilita
a comparação de dados de enfermagem entre populações de clientes,
contextos, áreas geográficas e tempos diversos; estimula a pesquisa por
meio da vinculação de dados disponíveis em sistemas de informação de
enfermagem e de saúde; fornece dados sobre a prática, de modo a influenciar a educação em enfermagem e a política de saúde (CONSELHO
INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM, 2003).
Com o intuito de socializar experiências bem-sucedidas na realização da consulta de enfermagem às puérperas, relatamos os principais
objetivos da consulta, o protocolo de atendimento, os diagnósticos pela
CIPE e o plano de cuidado.
O principal objetivo da consulta de pós-natal de baixo risco é identificar possíveis alterações no período pós-parto, a fim de agir precocemente, prevenindo as complicações puerperais. Após a detecção de complicações, as pacientes deverão ser encaminhadas com a maior brevidade
para os profissionais especializados. Dependendo do grau de gravidade e
complicações, a paciente deverá ser encaminhada à emergência obstétrica para avaliação.
Dessa forma, o enfermeiro deve oportunizar a consulta do pós-natal para sistematização de ações educativas e assistenciais. O período
ideal para consulta pós-natal preconizado e normatizado pelo Programa
de Assistência Integral a Saúde da Mulher e da Criança (PAISMC) deverá
ocorrer do 7º ao 10º dia pós-parto e tem como objetivo atender as necessidades do binômio mãe-filho, contemplando os aspectos preventivos,
educativos e terapêuticos de acordo com as necessidades identificadas na
consulta (BRASIL, 2001).
Para a elaboração da assistência de enfermagem é primordial a garantia da individualidade da puérpera. O enfermeiro deve considerar que a
paciente é uma pessoa única, com problemas distintos e necessidades específicas. Outro fator importante é garantir o uso de uma linguagem de fácil
compreensão, bem como orientações práticas e definidas através da proposta de assistência implementada pelo serviço de enfermagem da instituiRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012.
Nomenclatura de diagnóstico e intervenções de enfermagem pela CIPE em consulta ambulatorial às puérperas
Foi utilizada a experiência da prática profissional no período de novembro de 2009 até janeiro de 2011, em um ambulatório de pós-natal
de baixo risco de um hospital escola de referência na cidade do Recife
- PE, o qual é um hospital escola, atuando nas esferas de ensino, pesquisa,
extensão e referência terciária em ginecologia e obstetrícia no Estado de
Pernambuco, atendendo gestantes, parturientes e puérperas de baixo e
alto risco, com residência em enfermagem, e é campo de estágio para
graduandos, onde as consultas eram realizadas por enfermeiros, onde foram elaborados, testados e implantados os diagnósticos de enfermagem
pela CIPE.
A implantação desses diagnósticos e intervenções de enfermagem
se faz necessária, pela tentativa de motivar enfermeiros assistenciais e
docentes para a prática nessa área, capacitando-os para uma assistência
técnico-científica, visando contribuir para o aprendizado dos alunos, oferecendo assim, um atendimento humanizado de melhor qualidade a cada
mulher.
Todas as puérperas, após o parto são previamente marcadas com o
retorno com 7 a 10 dias para a consulta de pós-natal, onde a intervenção
médica só é efetuada quando solicitada pela enfermeira.
A partir dessas considerações, este trabalho se justifica a medida
que proporciona reflexão que pode contribuir e despertar o interesse e a
atenção dos enfermeiros para a autonomia da sua consulta de pós-natal,
oportunizando, ainda, a implementação desse novo modelo de assistência em outras maternidades.
de enfermagem (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2002).
De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), a
Resolução 272/2002 considera a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), como sendo atividade privativa do enfermeiro. Esta Sistematização utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de assistência
de Enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção,
recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade
(CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2002).
A Classificação de Fenômenos de Enfermagem é utilizada para criar
diagnóstico de enfermagem, intervenções, para facilitar o uso na prática,
constituída por sete eixos: foco da prática de enfermagem, Julgamento,
meios, ação, tempo, localização e cliente. Nesta classificação, fenômeno
de enfermagem é definido como aspecto de saúde de relevância para a
prática de enfermagem; e diagnóstico de enfermagem, como um título
dado pela enfermeira para uma decisão sobre um fenômeno, que é foco
das intervenções de enfermagem (CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM, 2007).
Para a etapa de construção da Nomenclatura de Intervenções de
Enfermagem para a consulta de pós-natal das puérperas, inicialmente
foram observadas as queixas mais frequentes relatadas pelas pacientes
na hora das consultas, com isso foram elaborados os diagnósticos de
enfermagem pela CIPE versão 1.0, utilizando os eixos, incluindo obrigatoriamente um termo do eixo Foco e um do eixo Julgamento e incluindo,
também, outros eixos conforme a necessidade.
Para cada diagnóstico de enfermagem, elegeram-se intervenções
de enfermagem, resultando de uma lista de 40 intervenções de enfermagem, que, nesta pesquisa, foi denominada de Nomenclatura de Intervenções de Enfermagem para a consulta de pós- natal. Para compor as
intervenções de enfermagem foi utilizado obrigatoriamente um termo do
eixo Ação e um termo Alvo, que pode ser um termo de qualquer um dos
eixos, exceto do eixo Julgamento (CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM, 2007).
3
3.1 Protocolos de Atendimento
ção – Procedimento Operacional Padrão – POP (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2007).
O plano de cuidados de enfermagem abrangerá investigações
precoces para detectar desvios nas mudanças normais; medidas para o
alívio da dor, desconforto; medidas de segurança para prevenir a lesão ou
a infecção; medidas de orientação e de aconselhamento relativas ao autocuidado; cuidados com o RN.
2
METODOLOGIA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PÓS-NATAL E A SAE
De acordo com a Lei no 7.498/86, que regulamenta o exercício
profissional da enfermagem, compete ao enfermeiro, como membro da
equipe de saúde, prestar assistência à gestante, à parturiente e à puérpera;
acompanhar a evolução do trabalho de parto e execução do parto sem
distócia (SANTOS; BURNI, 2006).
A elaboração da assistência de enfermagem é um dos meios que
o enfermeiro dispõe para aplicar seus conhecimentos técnico-científicos e
humanos na assistência ao paciente e caracterizar sua prática profissional,
colaborando na definição do seu papel (SILVA, 2008).
Para que as ações dos enfermeiros, desempenhadas em qualquer
área, tenham um maior grau de resolutividade, estes necessitam atuar de
forma sistematizada. Uma destas formas é através da elaboração do Processo de Enfermagem (NEEL, 2004).
O enfermeiro tem a importante responsabilidade de tomar decisões exatas e apropriadas. A tomada de decisão é uma competência que
distingue os enfermeiros dos profissionais técnicos e auxiliares, vistos que
o processo de enfermagem capacita o enfermeiro a implementar e organizar o cuidado de enfermagem. O referido processo é utilizado para
identificar, diagnosticar e tratar as respostas humanas à saúde e à doença,
através do histórico, diagnóstico, prescrição, implementação e evolução
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012.
Para operacionalização da consulta de enfermagem é necessário
estabelecer protocolos, objetivando eficiência e eficácia no atendimento
como: números de consultas realizadas por enfermeira(o), padronização e
prescrição de medicamentos, solicitação de exames e encaminhamentos.
3.1.1 Consulta de pós-natal
O manual de pré-natal e puerpério do Ministério da Saúde propõe
ao enfermeiro os seguintes tópicos: Acolhimento da mulher na consulta
do pós-natal, Entrevista, Exame físico no pós-natal (BRASIL, 2006)
a) Acolhimento da mulher na consulta do pós-natal:
É o momento em que o enfermeiro identifica-se, recebe a paciente
com respeito e gentileza, informa sobre os passos da consulta, acolhendo
dentro dos princípios de humanização.
b) Entrevista:
Compreende uma técnica comum às atividades profissionais, onde
o profissional interage com a paciente, fazendo um questionamento sobre
a história obstétrica pregressa da puérpera e suas queixas. As principais
61
Ximenes, V. L., Nery, I. S.
queixas apresentadas pelas puérperas na consulta de pós-natal são:
• Cefaleia – queixa comum entre mulheres submetidas à cesárea
com precoce deambulação ou a elevação da cabeça. Outra causa da cefaleia pós-raqui se relaciona com a técnica na punção da dura-máter. Pode
também estar relacionada ao aumento da pressão arterial na gestação,
insônia, fadiga e cansaço característicos do período pós-parto (BARROS;
MARIM; ABRÃO, 2002).
. Dor - a dor segundo a CIPE é um tipo de percepção sensorial de
partes do corpo, normalmente acompanhado por experiência subjetiva
de intenso sofrimento, alterações do tônus muscular e associada à dificuldade de dormir (NEEL, 2004).
As puérperas queixam-se frequentemente de dores nas mamas,
em ferida operatória (FO), episiotomia, perineais e cólicas abdominais.
A contração uterina que ocorre fisiologicamente após o parto pode ser
bastante dolorosa. Em alguns casos pode ser necessária a administração
de analgésicos (CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM, 2003). É
importante destacar que a dor pode causar ansiedade, depressão, irritabilidade, alteração no sono e apetite.
• Alterações no sistema urinário. Os principais distúrbios encontrados na consulta do trato urinário são: disúria, dor lombar, polaciúria e
urgência miccional. Estas podem estar relacionadas a distúrbios inflamatórios da bexiga.
A dor no canal uretral pode ser devido à retenção da urina vesical, à
cateterização ou ao traumatismo vesical durante o parto. A incontinência
urinária no pós-parto geralmente é devida à distensão da bexiga com fluxo excessivo ou ao relaxamento dos músculos do assoalho pélvico (BRANDEN, 2000; CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM, 2003).
c) Exame físico no pós-natal
O exame físico segue as diretrizes padrão com avaliação no sentido
craniocaudal, que possibilita a identificação do aspecto geral, as condições
de higiene, a integridade da pele e mucosas, além da presença de anormalidades geral e específicas.
3.2 Diagnósticos e intervenções de enfermagem pela CIPE
Após várias consultas, foram identificados os diagnósticos de enfermagem mais frequentes segundo a CIPE versão 1: Dor leve, dor moderada, dor severa em locais diversos, cólica nível alto ou baixo, cefaleia nível
alto ou baixo, Padrão alimentar prejudicado, amamentação prejudicada,
padrão de eliminação urinária prejudicado, edema, sono prejudicado, ansiedade, autocuidado prejudicado, suporte familiar prejudicado, risco para
infecção de ferida cirúrgica.
Em seguida foi elaborado um plano de cuidado às puérperas para
atendimento na consulta pós-natal.
Diagnóstico de Enfermagem
Intervenções de Enfermagem para a consulta de pós-natal.
Dor ( )
Local:____________
Intensidade:
( )Leve ( ) Moderada
( ) Severa
( ) Registrar faces da dor;
( ) Registrar características e intensidade da dor;
( ) Outros.
Cólica ( )
Nível: Alto ( )
Baixo ( )
( ) Orientar sobre involução uterina;
( ) Registrar características dos lóquios;
( ) Outros.
Cefaleia ( )
Nível: Alto ( )
Baixo ( )
( ) Orientar repouso em decúbito dorsal;
( ) Estimular ingesta hídrica;
( ) Outros.
Padrão alimentar prejudicado ( )
Nível:
( ) Aumentado
( ) Diminuído
( ) Registrar aceitação da dieta;
( ) Instruir quanto à dieta correta;
( ) Outros.
Amamentação Prejudicada ( )
Nível:
( ) Aumentado
( ) Diminuído
( ) Registrar características e as anormalidades
mas_____________________________________;
( ) Orientar amamentação , pega correta, massagem...
( ) Solicitar orientação do BHL (Banco de Leite Humano);
( ) Outros.
das
ma-
Fonte: Pesquisa Direta
62
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012.
Nomenclatura de diagnóstico e intervenções de enfermagem pela CIPE em consulta ambulatorial às puérperas
( ) Descrever características da diurese;
( ) Registrar distúrbios de eliminação urinária:
Disúria( ) Bexigoma( ) Incontinência ( ) Oligúria( )
( ) Estimular quanto à ingesta hídrica;
( ) Outros.
Padrão de eliminação urinária prejudicado ( )
Nível:
( ) Aumentado
( ) Diminuído
( )Registrar frequência e características da eliminação intestinal;
( ) Estimular quanto à ingesta hídrica;
( ) Outros.
Padrão de eliminação intestinal prejudicado ( )
Nível:
( ) Aumentado
( ) Diminuído
( ) Descrever as características do edema;
( ) Manter MMII ( Membros Inferiores) elevados;
( ) Outros.
Edema ( ) Local:_________
Nível:
( ) Aumentado
( ) Diminuído
Sono prejudicado ( )
Nível:
( ) Aumentado
( ) Diminuído
( ) Orientar quanto ao melhor horário do sono e a importância do ambiente
adequada;
( ) Outros.
Ansiedade ( )
Nível: Alto ( )
Baixo ( )
( ) Escutar quais as angústias e medos;
( ) Orientar e tirar as dúvidas;
( ) Encaminhar à psicologia s/n;
( ) Outros.
Autocuidado Prejudicado ( )
( ) Orientar quanto à higiene íntima;
( ) Orientar quanto à troca de absorvente a cada 4h;
( ) Orientar a importância do asseio após ir ao banheiro;
( ) Outros.
Suporte familiar Prejudicado ( )
( ) Reforçar / Estimular a importância do apoio familiar a puérpera;
( ) Estimular a participação do pai no cuidado ao RN ( Recém-Nascido):
( ) Outros.
Risco para infecção de ferida cirúrgica ( )
( ) Registrar características da F.O (Ferida Operatória).
( ) Registrar características da episorrafia;
( ) Outros
Fonte: Pesquisa Direta
Tabela 1 – Principais diagnósticos e intervenções de enfermagem
às puérperas na consulta de pós-natal, segundo a CIPE versão 1.
O esforço despendido na elaboração de sistemas de classificação
dos termos da linguagem profissional pode contribuir para promover a
autonomia dos enfermeiros no julgamento sobre as necessidades humanas da clientela, para facilitar o uso de conhecimentos específicos e para
a realização de estudos sobre a qualidade do cuidado de enfermagem.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acredita-se que a inclusão desta nomenclatura na consulta de
pós-natal de baixo risco, melhorará ao serviço acesso aos dados, gerando
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012.
informações e conhecimento para melhoria na qualidade da assistência,
do ensino e da pesquisa. A utilização deste diagnóstico de intervenções de
enfermagem na consulta pós-natal tornou o atendimento mais completo,
ágil e dinâmico.
Reconhece-se que os diagnósticos e as intervenções de enfermagem podem ser passíveis de inclusão, revisão, modificação ou exclusão,
pelo fato de um sistema de classificação ser considerado um processo em
contínuo desenvolvimento.
Diante disto, esta proposta pode oferecer subsídios tanto para a
otimização do atendimento às puérperas bem como para a geração de
conhecimento dentro da assistência em enfermagem.
63
Ximenes, V. L., Nery, I. S.
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64
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012.
REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN
Infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva neonatal: uma
revisão da literatura
Hospital infection in neonatal intensive care unit: a literature review
Hospital de la infección en la unidad de cuidados intensivos neonatal: una revisión de la literatura
Juliana Oliveira de Sousa
Enfermeira. Especialista em Terapia Intensiva. Teresina
- PI ,Brasil .Email: [email protected]
Thaís Regina Carvalho Linhares
Enfermeira, Pós-graduação em Saúde Mental e em
Urgência e Emergência pela Faculdade de Saúde
Ciencias Humanas – UNINOVAFAPI, Teresina – PI,
Brasil. Email:[email protected]
Daniele Martins de Sousa
Especialista em Urgência e Emergência,
UNINOVAFAPI, Enfermeira plantonista do Hospital
Mariano Castelo Branco - HMCB, Enfermeira da
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do
HMCB. Teresina - PI ,Brasil .Email: danielemartinss@
hotmail.com
Erida de Oliveira Soares
Especialista em Saúde da Familia e em Urgencia
e Emergência, docente da Faculdade de Saúde
Ciências Humanas - UNINOVAFAPI, Enfermeira da
FMS Hospital Maternidade Buenos Aires e Hospital
Mariano Castelo Branco. Teresina - PI ,Brasil .Email:
[email protected]
RESUMO
O artigo teve como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre Infecção Hospitalar em Unidades
de Terapias Intensivas Neonatais (UTIN). Foi realizada uma revisão de literatura na base de dados do
SCIELO, utilizando-se como palavras- chave: Infecção Hospitalar, UTI Neonatal, Neonatologia. Nesses
termos foram selecionados, de forma sistemática, um total de dez artigos pertinentes ao tema abordado. Através da literatura consultada, verificou-se que, para a prevenção da infecção hospitalar nas
UTIN, alguns cuidados essenciais devem ser tomados quanto ao ambiente, ao pessoal, à paramentação, equipamentos e ao recém-nascido. Sendo assim, observou-se que a existência de rotinas para
prevenção de infecções hospitalares e de pessoal em número suficiente para cumpri-las é relevante
na profilaxia e no controle de infecção hospitalar nessas unidades neonatais. A infecção hospitalar
possui dimensões complexas do cuidado à saúde e está em constante transformação.
Descritores: Infecção hospitalar. UTI neonatal. Neonatologia.
ABSTRACT
The article aims to review the literature on Nosocomial Infection in Neonatal Intensive Care Units
Units (NICU), the pursuit of material was in the SciELO database. We used the keywords: Infection,
NICU, Neonatology. In these terms were selected systematically, a total of ten articles relevant to the
topic discussed. Through literature, we found that for the prevention of nosocomial infections in
the NICU, some care must be taken as essential to the environment, the staff, the attire, equipment
and the newborn. Thus, we observed that the existence of routines for infection prevention and
hospital staff in sufficient numbers to meet them is relevant in prevention and control of nosocomial
infection in these neonatal units. Hospital infection has complex dimensions of health care and is
constantly changing.
Descriptors: Infection. NICU. Neonatology.
RESUMEN
El artículo tiene como objetivo revisar la literatura sobre la infección nosocomial en unidades de cuidados intensivos neonatales unidades (UCIN), la búsqueda del material estaba en la base de datos
SciELO. Se utilizaron las palabras clave: Infección, UCI neonatología. En estos términos se seleccionaron sistemáticamente, un total de diez artículos relacionados con el tema tratado. A través de la
literatura, encontramos que para la prevención de las infecciones nosocomiales en la UCI neonatal, algunos se debe tener cuidado es esencial para el medio ambiente, el personal, el equipo de
vestimenta, y el recién nacido. Así, observamos que la existencia de rutinas para la prevención de
infecciones y el personal del hospital en número suficiente para satisfacer ellos es relevante en la
prevención y control de la infección nosocomial en las unidades neonatales. La infección hospitalaria
tiene dimensiones complejas de la atención de la salud y está cambiando constantemente.
Descriptores: Infección. UCI Neonatal. Neonatología.
Submissão: 25.01.2012
Aprovação: 11.05.2012
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.65-68, Jul-Ago-Set. 2012.
65
1
INTRODUÇÃO
O nascimento de um recém-nascido prematuramente repercute
diretamente em seu desenvolvimento. Destaca-se que a dinâmica natural do desenvolvimento é interrompida, tornando-o vulnerável e, muitas
vezes, levando-o a ser tratado em uma unidade de terapia intensiva. A
morbidade e a mortalidade no período da neonatologia atingem principalmente os recém-nascidos prematuros e/ou de baixo peso.
Os primeiros berçários para atender a prematuros surgiram em fins
do século XIX. No início do século XX, passaram a atender os demais recém-nascidos. A finalidade desses berçários era manter a termorregulação
dos bebês, alimentá-los através de técnicas cuidadosas e protegê-los de
infecções através do isolamento. No decorrer do século XX, os berçários
passaram a ser Unidades de Internação Neonatal e Unidades de Terapia
Intensiva Neonatal (UTIN) (KAMADA; ROCHA; BARBEIRA, 2003).
A atenção neonatal cresceu muito no Brasil nos últimos vinte anos,
tanto no setor privado quanto no público, com um excesso de leitos no
primeiro e escassez no segundo. Este crescimento, porém, foi feito sem
um adequado planejamento estratégico de ambos os setores, não existindo igualdade na distribuição dos leitos de UTI neonatal entre as várias
regiões do país, os estados e no interior dos estados (RIBEIRO; REGO, 2008).
Em regiões mais desenvolvidas em termos socioeconômicos no nosso país, como as regiões Sudeste e Sul, ocorre uma maior concentração dos
leitos de UTI neonatal, com limitado acesso aos setores da população menos favorecidas. No estado do Rio de Janeiro, o número de leitos está dentro dos limites recomendáveis, no entanto, com grande concentração nas
regiões centrais, onde se situa a capital, em detrimento do interior. Em São
Paulo, existe uma alta concentração de leitos nas regiões centrais da cidade
e uma baixa concentração nas regiões periféricas, com excesso de leitos no
setor privado e escassez no setor público. Por outro lado, não existe um sistema de transporte efetivo para crianças criticamente doentes e mulheres
com gravidez de alto risco que permita uma concentração de recursos e experiência em unidades com mais leitos, conforme tendência internacional,
favorecendo a criação de pequenas unidades em áreas com pouca densidade populacional. Além disso, existem muitas diferenças na qualidade dos
serviços oferecidos, variando de unidades extremamente sofisticadas para
outras sem uma estrutura mínima básica (RIBEIRO; REGO, 2008).
Pacientes internados em hospitais estão sujeitos a uma ampla variedade de microorganismos patogênicos, principalmente em Unidade de
Terapia Intensiva (UTI), onde são utilizados antimicrobianos potentes e de
largo espectro, e os procedimentos invasivos são de rotina (CARVALHO
Revista Brasileira de Enfermagem, 2011). O Ministério da Saúde (MS), na
Portaria nº 2.616 de 12/05/1998,define Infecção Hospitalar (IH) como a infecção adquirida após a admissão do paciente na unidade hospitalar e que
se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares (BRASIL, 1998).
A década de 80 foi muito importante para o desenvolvimento do controle das IH no Brasil. Começou a ocorrer uma conscientização por parte dos profissionais de saúde a respeito do tema CCIH (Comissões de Controle de Infecção
Hospitalar) com instituições em vários estados do país. Em junho de 1883, o MS
publicou a Portaria 196, primeiro documento normativo oficial. Em 1992 publicou a Portaria 930 que, entre outros avanços, defendia a busca ativa de casos. Em
1997 aprova a Lei 9431, tornando obrigatória a presença da CCIH e do Programa
de controle de IH independente do porte e da estrutura hospitalar. A implantação e execução destes programas deveriam reduzir a incidência e a gravidade
das IH ao máximo possível (PEREIRA Revista Brasileira de Enfermagem, 2005).
66
A evolução da IH está relacionada com o desenvolvimento social
e o modo próprio de compreensão do processo saúde-doença, também
com a geração de modelos tecno-assistenciais para sua assistência. Nos
tempos atuais, a IH é potencialmente determinada pela evolução tecnológica dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos invasivos, demandados pelo modelo da assistência. Acrescente-se a isto, os medicamentos
imunossupressivos, principalmente os antibióticos, a maior expectativa de
vida e o aumento de demanda por assistência a pacientes imunodeprimidos e com doenças crônicos-degenerativas, que aumentam o risco das
Infecções Hospitalares resistentes (GUINTA; LACERDA, 2006).
A problemática das IH, portanto, deve ampliar-se à perspectiva de
sua determinação social, ou seja, suas práticas de prevenção e controle
não dependem apenas de ações focais, no âmbito restrito de um Programa de Controle de IH (PCIH). Dependem também e, fundamentalmente,
de ações ampliadas e relacionadas às formas com que as políticas de saúde são introduzidas e distribuídas, à qualidade da assistência em geral, à
reformulação ou inovação de modelos tecno-assistenciais e à elaboração
de estratégias de avaliação (LACERDA, 2001).
O problema de Infecção Hospitalar (IH) no Brasil cresce a cada
dia, considerando que o custo do tratamento dos clientes com IH é três
vezes maior que o custo dos que não possuem infecção. Mesmo com a
legislação vigente no país, os índices de IH permanecem altos, 15,5%, o
que corresponde a 1,18 episódios de infecção por cliente internado com
IH nos hospitais brasileiros. Também temos mais um agravante, o fato das
instituições de saúde pública possuírem a maior taxa de prevalência de IH
no país, 18,4% (MOURA Revista Brasileira de Enfermagem, 2007).
As taxas gerais de infecção hospitalar em unidades neonatais de
países desenvolvidos variam de 8,4 a 26%. No Brasil, Unidades de Terapia
Intensiva Neonatal (UTIN) de nível terciário possuem taxas de infecção entre 18,9 a 57,7%, havendo referência de causas possíveis das elevadas taxas
de infecção: condições de trabalho, estrutura física da UTIN e número de
profissionais de enfermagem por leito. Nenhum desses estudos, entretanto,
analisou o local de nascimento dos RN assistidos (PINHEIRO Revista Brasileira de Enfermagem, 2009).
Para se identificar a taxa de prevalência de IH depende-se da
utilização de técnicas de Vigilância Epidemiológica, dos critérios de diagnóstico e dos fatores de risco intrínsecos e extrínsecos presentes numa
determinada unidade de saúde em um dado período de tempo. As taxas
de incidência de infecção hospitalar para pacientes internados em UTI
variam, conforme o tipo de unidade e a população atendida, em razão
da gravidade da doença básica, da restrição de pacientes no leito, do uso
frequente de sedação e das alterações no nível de consciência e dos múltiplos procedimentos invasivos das vias respiratórias, onde o principal fator
de risco é o uso de ventilação mecânica juntamente com o tempo prolongado de utilização, somando também como fatores de risco: contaminação dos equipamentos e das soluções utilizadas na terapia ventilatória;
condições favoráveis de aspiração, entre outros (COUTO, 2003).
O autor acima citado ainda comenta que os pacientes admitidos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão sujeitos a riscos de 5
a 10 vezes maior de adquirir infecção que aqueles de outras unidades
de internação do hospital, além de mais vulneráveis intrinsecamente à
infecção, e são frequentemente expostos aos fatores de risco, tais como:
procedimentos invasivos, cirurgias complexas, drogas imunossupressoras,
antimicrobianos e as interações com a equipe de saúde e os fômites.
As unidades de terapia intensiva são importantes para prover
suporte de vida para falências orgânicas graves e a monitorização intenRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.65-68, Jul-Ago-Set. 2012.
siva que permita a identificação precoce e o tratamento apropriado das
intercorrências clínicas graves. Constituem níveis de atendimento à saúde
de alta complexidade, atuando de forma decisiva quando há instabilidade
de órgãos e sistemas funcionais com risco de morte (MARTINS, 2006).
Diante da vulnerabilidade dos pacientes internados nas UTIs principalmente dos neonatos nas UTINs que é considerada área crítica, onde
há um maior número de pacientes graves e submetidos a diversos procedimentos invasivos, portanto com um maior número de infecção, é que se
entende a relevância deste estudo para toda a área da saúde inclusive da
enfermagem, e tem como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre
Infecção Hospitalar em Unidades de Terapias Intensivas Neonatais.
2
METODOLOGIA
O estudo trata-se de uma revisão da literatura referente à infecção
hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. O método escolhido
permitiu a identificação e análise de dados escritos em livros, artigos de
revistas, dentre outros. Sua finalidade é, sobretudo, colocar o pesquisador
em contato com o que já foi produzido a respeito do seu tema de pesquisa. Nesta proposta metodológica o investigador vai se deparar com
dois tipos de dados: aqueles que são encontrados em fontes de referência
(dados populacionais, econômicos, históricos e etc.) e aqueles dados especializados em cada área do saber, fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa. O conjunto de materiais escritos e gravados, mecânica ou
eletronicamente, que contêm informações elaboradas e publicadas por
outros autores e a utilização total ou parcial de quaisquer dessas fontes é o
que se caracteriza uma pesquisa como bibliográfica (GIL, 2008).
A busca do material foi na base de dados do Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando como limitações os textos completos no
idioma português e os tipos de assuntos mais relacionados com a pesquisa. Foram utilizadas as palavras-chave: Infecção Hospitalar, UTI Neonatal,
Neonatologia, conforme apresentação do vocabulário contido nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS). Nesses termos foram selecionados, de
forma sistemática e criteriosa, um total inicial de 12 artigos pertinentes ao
tema abordado cujos critérios de inclusão foram a presença das palavras-chave selecionadas e a relevância do assunto para o estudo.
Numa avaliação inicial por meio dos resumos verificou-se que seis
artigos abordavam o controle de infecção hospitalar, quatro abordavam a
prevalência de infecções em UTIN, seis destacavam a relação entre a infecção hospitalar e a neonatologia e os outros cinco estudos refletiam sobre
os riscos de procedimentos invasivos em UTIN.
Com a realização da análise destes artigos, na íntegra, em um momento posterior foram excluídos dois artigos por possuírem uma significativa inconsistência metodológica além de não traduzir de forma clara alguma contribuição para este estudo. Assim, para esta revisão trabalhou-se com 10 artigos.
Para a extração de dados dos artigos utilizou-se um instrumento
o qual contempla os itens: identificação do artigo, características metodológicas do estudo, local do estudo e resultados encontrados. A análise
dos dados foi realizada de forma descritiva. Os estudos foram reunidos por
similaridade semântica o que permitiu avaliar as evidências, bem como
identificar a necessidade de investigações futuras acerca da temática.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste estudo após confrontarmos os resultados encontrados com a
revisão da literatura, observou-se pontos relevantes dentro dos vários conRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.65-68, Jul-Ago-Set. 2012.
textos analisados e que são de grande importância para esta discussão.
Por meio da literatura consultada, verificamos que para a prevenção da
infecção hospitalar nas UTIN, alguns cuidados devem ser tomados quanto ao ambiente, ao pessoal, a paramentação, equipamentos e ao recém-nascido.
Com o parto hospitalar, a Unidade de Internação Neonatal é o local
onde os recém-nascidos são recebidos e têm o primeiro contato com a
flora microbiana hospitalar, sendo ali colonizados. Assim geralmente, após
48 horas do nascimento, os tecidos são invadidos por microrganismos de
origem predominantemente materna. Depois se instalarão microrganismos originários da equipe de saúde, de outras crianças e de visitantes,
podendo desenvolver infecções exógenas ou por invasão adquirida (KAMADA; ROCHA, 1997).
Apesar do avanço tecnológico e o aparecimento dos antibióticos,
nas últimas décadas, as infecções constituem uma das causas mais importantes nos altos índices de morbi-mortalidade neonatal (KAMADA;
ROCHA, 1997; LOPES Revista Brasileira de Enfermagem,2008). Os aspectos
sócioeconômicos e culturais contribuem para esta na maioria dos hospitais brasileiros, além da carência qualitativa e quantitativa de recursos
materiais e humanos e a precária saúde do povo (PIZZATO; POIAN, 1988).
A dificuldade na limpeza do instrumental utilizado pelos profissionais de saúde serve como veículo, e geralmente é agravada, porque quase sempre se lida com pessoal deficiente em número e comumente em
qualidade; acarretando em sobrecarga para a equipe de trabalho. Assim,
observa-se a quebra da técnica, não se realizando a lavagem das mãos
nem a limpeza adequada do material; não sendo possível, muitas vezes,
afastar os portadores de processos infecciosos, porque não há substitutos
para o trabalho (KAMADA; ROCHA, 1997).
As maiores taxas de infecção hospitalar são vistas geralmente em
pacientes nos extremos da idade e nos serviços de oncologia, cirurgia e
terapia intensiva. Assim, os dados de incidência e prevalência de infecção
hospitalar obtidos em diferentes estudos, mesmo em crianças, refletem
tais características populacionais e institucionais (TURRINI; SANTO, 2002).
No nosso país, os dados sobre infecção hospitalar são pouco
divulgados. Além do que, esses dados não são consolidados por muitos
hospitais, o que dificulta o conhecimento da dimensão do problema no
Brasil. Como os pacientes que falecem após 48 horas de internação frequentemente apresentam infecção hospitalar associada, sendo as causas
de morte descritas na declaração de óbito uma importante fonte de dados
para o dimensionamento do problema (TURRINI, 1996; BARBOSA, 2004).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as
estatísticas de mortalidade sejam apresentadas segundo a denominada
“causa básica de morte”, definida como: (a) doença ou lesão que iniciou
a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à
morte, ou (b) as circunstâncias do acidente, ou violência que produziram a
lesão fatal. A causa básica de morte é mostrada nas chamadas estatísticas
primárias, que descrevem a mortalidade de populações.
O controle de doenças que provocavam mortes precoces determinou o aumento da sobrevida de populações. Para descrever melhor o
padrão da mortalidade nessas populações, houve necessidade de levar
em consideração, além da causa básica, todas as demais mencionadas na
declaração de óbito. Deste modo, as afecções geradas como complicações
da causa básica, chamadas causas consequenciais, e outras presentes no
momento da morte, chamadas causas contribuintes, juntas, definem as
causas múltiplas de morte.
67
4
CONCLUSÃO
O estudo mostrou que vários são os motivos causadores de uma
Infecção Hospitalar em uma Unidade de Terapia Intensiva inclusive a Unidade Neonatal. O controle de infecção hospitalar ao longo dos anos foi
evoluindo e se evidenciando como um grande fenômeno que não está
limitado apenas ao meio hospitalar, mas, também, a todos os estabelecimentos da área de saúde, nos quais se desenvolvem ações consideradas
de risco e associadas ao aparecimento das infecções.
As UTIs neonatais são estruturas assistenciais que visam à atenção aos recém-nascidos extremamente doentes, cuja condição clínica
constitui uma ameaça imediata à vida, necessitando de intervenções com
tecnologias e aparelhagem sofisticadas e caras, como nos casos de prema-
turidade e enfermidades congênitas.
Os artigos analisados mostram a importância destas pesquisas
científicas para os profissionais da área da saúde e de todo setor acadêmico. Observou-se que a existência de rotinas para prevenção de infecções hospitalares e de pessoal em número suficiente para cumpri-las
é relevante na profilaxia e no controle de infecção hospitalar nas UTIs
neonatais.
A IH possui dimensões complexas do cuidado à saúde e está em
constante transformação. Sendo assim, a IH é um evento histórico e social,
não apenas biológico, precisando de investimentos científicos, tecnológicos e humanos para a incorporação de medidas de prevenção e controle,
sem perder de vista a qualidade do cuidado prestado pelos profissionais
da saúde, principalmente da equipe de enfermagem.
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São Paulo. São Paulo, 1996. 68
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.65-68, Jul-Ago-Set. 2012.
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69
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autor, pela instituição responsável ou título incluído na sentença devem
ser em caixa-alta baixa, e quando estiverem entre parênteses caixa-alta.
Ex.:
Exemplos:
Conforme Frazer (2006), a música sempre foi o ponto central na
vida de Madame Antoine
tica: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34.
b.
Único autor para o livro todo – Substitui-se o nome do autor
por um travessão de seis toques após o “In.”:
PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida?
São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93.
Congressos, simpósios, jornadas, etc.
CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5., 1999, Rio
de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999.
Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, jornadas, etc.
SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São
Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55.
Dissertações, Teses e Trabalhos acadêmicos
“No caso de Madame Antoine, o gosto pela música foi, desde a infância, central em sua vida.” (FRASER, 2006, p.37)
BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f.
Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e
Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília.
As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar contidas entre aspas duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação
no interior da citação. Ex:
Publicações periódicas consideradas no todo (relativo à coleção)
“Ele se conservava a estibordo do passadismo, tão longe quanto
possível” (CONRAD, 1988, p.77)
CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz,
1965- . Semestral
Artigo de publicações periódicas
As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, espaço simples, com
letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas. No caso de documentos datilografados, deve-se observar apenas o recuo. Ex:
LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989.
Partes de revista, boletim, etc.
A sete pessoas, Daniel Seleagio e sua mulher Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel e
Paulo Reynaud, encheram a boca de cada um com pólvora,
a qual, inflamada, fez com que suas cabeças voassem em
pedaços (FOX, 2002, p.125)
LISTAGEM DAS REFERÊNCIAS - EXEMPLOS
Livros como um todo
SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 2005. 384p.
Capítulo de livro
a.
70
Autor do capítulo diferente do responsável pelo livro no
todo.
ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In:
BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé-
Inclui volume, fascículo, números especiais e suplementos, entre
outros, sem título próprio. Ex:
VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p.
Artigo de Jornal
ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio
Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16.
Legislações - Constituição
BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995
Leis e decretos
BRASIL., Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe
sobre documentos e procedimentos para despacho de
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.68-71, Jul-Ago-Set. 2012.
aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, jan./mar. 1984.
Documentos em Meio Eletrônico
Artigos de periódicos (revistas, jornais, boletim)
SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco,
Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: www.sus.inf.br/
frame-artig.html. Acesso em: 31 jul.2000.
XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do
Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponível em: http://
www.biblioteca.htm. Acesso em: 19 mar. 2008.
TERMO DE RESPONSABILIDADE
Cada autor deve ler e assinar os documentos (1) Declaração de Responsabilidade e (2) Transferência de Direitos Autorais.
Primeiro autor: _______________________________________________________________________________________
Título do manuscrito: __________________________________________________________________________________
Todas as pessoas relacionadas como autores devem assinar declaração de responsabilidade nos termos abaixo:
•
Certifico que participei suficientemente do trabalho para tornar pública minha responsabilidade pelo conteúdo;
•
Certifico que o artigo representa um trabalho original e que não foi publicado ou está sendo considerado para publicação
em outra revista, que seja no formato impresso ou no eletrônico;
Assinatura do(s) autor(es) Data: ___________________________________________________________________________
TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que em caso de aceitação do artigo, concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva da Revista Interdisciplinar.
Assinatura do(s) autor(es) Data: ___________________________________________________________________________
ENVIO DE MANUSCRITOS
Os manuscritos devem ser endereçados para a Revista Interdisciplinar, em 3 vias impressas, juntamente com o CD ROM gravado para o seguinte
endereço:
Revista Interdisciplinar
Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai
Teresina – Piauí - Brasil
CEP: 64057-100
Telefone: + 55 (86) 2106-0726
Fax: + 55 (86) 2106-0740
E-mail: [email protected]
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INTERDISCIPLINARY MAGAZINE - NORMS FOR PUBLICATION
ARTICLE CATEGORIES
The Interdisciplinary Magazine publishes original articles, reviews,
case studies, and also a student’s page, all this in the areas of health, human sciences and technology.
Original articles: contributions destined to reveal results of new
research. They are typewritten (using New Roman Times, #12) and printed
on sheets of A4 sized (210 X 297 mm) paper, double spaced, with an upper
left margin of 3.0 cm., and a lower right one of 2.0 cm. The original articles are at least 15 pages long, and at most 20 pages (including black and
white illustrations, graphics, charts, photographs etc.) The charts and figures should be limited to five per group. Figures will be accepted, as long
as they do not repeat data contained in the tables. It is recommended that
the number of bibliographic references be twenty at most. The structure
is conventional and is made up of an introduction, methodology, results,
discussion and final conclusions.
Reviews: systemized critical evaluations of scientific literature or
opinions about certain subjects, with conclusions. The procedures adopted and the delimitation of the theme should be included. Its length is
limited to fifteen pages.
Original case studies: evaluated studies, or brief notes on research
containing new and relevant subjects, they should follow the same norms
as the original articles and are limited to five pages.
The Student Page: dedicated to publishing articles developed by
undergraduate students. These articles will have footnotes written by supervising professors. Their presentations follow the same norms as those
demanded by the original articles, limited to five pages.
All manuscripts will be turned in with an information sheet which
will have the names of the authors, their academic backgrounds, employers, current positions, complete addresses and e-mails. One of the authors
will take responsibility for any needed correspondence.
Once the article is accepted for publication, it is with the condition
that the copyright belongs exclusively to the magazine, (see attachment).
The papers will be evaluated by the Editorial Council, and the Publishing Commission. The articles that are rejected will not be returned. The
authors will receive a written explanation for the refusal.
72
All concepts, ideas, and prejudices contained in the publications are
the sole responsibility of its authors.
In research involving persons, the authors should clearly state
whether or not their project was approved by the Research Ethics Committee (CEP) It is also necessary to show clearly that the participants involved
give their total consent, in accordance with resolution number 196 of the
National Health Council of October 10, 1996.
THE FORM AND PREPARATION OF THE MANUSCRIPT
The Interdisciplinary Magazine recommends that the papers follow
the orientations of the norms of the ABNT to make a list of references and
indicate them together with the quotes.
THE MANUSCRIPTS
Three copies of the manuscript should be printed, and one put on
CD with an archive developed on the MS WORD TEXT EDITOR.
The Identification Page: title and subtitle of the article with a maximum of fifteen words, concise, though informative, in three languages
(Portuguese, English and Spanish);with the name(s) of the author(s), six
maximum, their university status, position(s), the name of the institution
the work should be attributed to, city, state, complete address, including
the e-mail of the researcher responsible for the group.
The Abstracts and Key words: the abstract, written in the three
languages mentioned above, should contain one hundred to two hundred
words, be single spaced, stating the objective of the research, methodology, along with the main results and conclusions. The newest and most
important aspects of the study should be emphasized. Underneath the
abstract should be three to five keywords related to the theme. The three
abstracts will be presented in sequence on the first page, including titles
and keywords in their respective languages.
The Illustrations: Charts should be consecutively numbered using
algorisms, in the order which they are mentioned in the text, charts use
only one set of numerations for the whole text. The same should be done
for any images (Photographs, designs, graphics, etc) they are to follow the
same rules as mentioned for charts.
The Footnotes: should be mentioned in alphabetical order, appe
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.72-74, Jul-Ago-Set. 2012.
aring at the beginning of the page, and be restricted to three footnotes per article.
São Paulo: Loyola, 2001.p.67-93.
Congresses, symposiums, etc.
Testimonies: follow the same rules as quotes, but are in italics. The
code which each testimony represents should be in parenthesis, and unmarked.
Quotes in the text:
Examples
In the quotes where the last name of the author, or the responsible
institution is mentioned, the name should begin with a capital letter, the
rest small., but when in parenthesis should be completely in Capital letters..
According to Frazer (2006), music was always a main part of Madame Antoine’s life.
“In the case of Madame Antoine, her love of music was, since childhood, a main part of her life” (FRASER, 2006, p.37)
CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5, 1999, Rio de
Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABRASCO, 1999.
Work presented in congresses, symposiums, etc
SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São
Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55.
Dissertations, Theses and Academic papers.
BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f.
Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e
Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. 5
Periodical Publications considered as one.
Direct quotes of up to three lines in the text, should be between
double quotation marks. Singular quotation marks are to be used for
quotes within quotes. Ex:
“He maintained himself to the starboard of living in the past, as far
away as possible.” (CONRAD, 1988, p.77)
Direct quotes from the text with more than three lines, should have
a left margin of 4 cm, be single spaced, with a smaller sized letter than the
text, and without quotation marks, in the case of typed documents, the
margin is all that must be done. Ex:
CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz,
1965- . Semestral
Publication of a periodical article
LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989.
Parts of a magazine, bulletin, etc.
Include volume, number, and special editions, without a specific title,.:
The seven people, Daniel Seleagio and his woman Giovanni
Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel
and Paulo Reynaud, filled their mouths with gunpowder,
which when lit, blew their heads apart. (FOX, 2002, p.125)
REFERENCE LISTS - EXAMPLES
VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p.
Articles from Journals
ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio
Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16.
Entire Books
Legislations – Constitution
SILVA, A. F. M. Genética humana. 7. ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 2005. 384p.
The Chapter of a Book
a.
The author of the chapter not being the author of the book
ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioética: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. P.17-34.
b.
The book having only one author – substitute the name of
the author with an underline of six spaces after the word IN:
PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida?
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.72-74, Jul-Ago-Set. 2012.
BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995
Laws and Decrees
BRASIL, Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe
sobre documentos e procedimentos para despacho de aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação
e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, Jan./mar. 1984.
Documents in the Electronic Medium.
Articles in periodicals (magazines, journals)
73
SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: HYPERLINK “http://
www.sus.inf.br/frame-artig.html”
www.sus.inf.br/frameartig.html. Acesso em: 31 jul.2000.
XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponivel em http www.biblioteca.htm.
Accesso em 19. mar. 2008.
TERMS OF RELEASE
Each author should read and sign the documents (1) Declaration of
Responsibility and) Transference of Copyright
First author: _________________________________________________________________________________________
Title of the manuscript: _________________________________________________________________________________
All the people involved in the project with the authors should sign and swear to the release form below.
•
I certify that I participated sufficiently enough in this research to sign a term of release making the content of my work
public.
•
I certify that the article is an original paper and was not, nor is being considered to be published in any form, printed or
electronic
Signature of the author(s) Date: ___________________________________________________________________________
TRANSFER OF COPYRIGHT:
I declare, in the case of my article being accepted, to agree to the copyright being signed over exclusively to the magazine, Revista Interdisciplinary.
Signature of the author (s) Date: SHIPPING OF MANUSCRIPTS
Three printed copies of the manuscripts should be sent to Revista Interdisciplinary, together with a copy on CD to the following address:
Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai
Teresina – Piauí - Brasil
CEP: 64057-100
Telefone: + 55 (86) 2106-0726
Fax: + 55 (86) 2106-0740
E-mail: [email protected]
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Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.72-74, Jul-Ago-Set. 2012.
REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICACIÓN
CATEGORIAS DE ARTICULOS
La Revista Interdisciplinar publica articulos originales, revisiones,
relatos de casos, reseñas y página del estudiante, en las áreas de la salud,
ciencias humanas y tecnológicas.
Articulos originales: son contribuciones destinadas a divulgar resultados de investigación original inédita. Digitados (Times New Roman
12) e impresos en hojas de papel A4 (210 X 297 mm), con espacio duplo,
margen superior y izquierda de 3,0cm e inferior y derecha de 2,0 cm, haciendo un total mínimo de 15 páginas y máximo de 20 páginas para los
articulos originales (incluyendo en negro y blanco las ilustraciones, gráficos, tablas, fotografias etc). Las tablas y figuras deben ser limitadas a 5 en
el conjunto. Figuras serán aceptas, desde que no repitan datos contidos
en tablas. Se recomenda que el número de referencias bibliográficas sea
el máximo 20. La estructura es la convencional, conteniedo introdución,
metodología, resultados y discusión y conclusiones o consideraciones finales.
Revisiones: evaluación crítica sistematizada de la literatura o reflexión sobre determinado asunto, debendo contener conclusiones. Los procedimientos adoptados y la delimitación del tema deben estar inclusos. Su
extensión se limita a 15 páginas.
Relatos de casos: estudios evaluativos, originales o notas prévias
de pesquisa conteniedo datos inéditos y relevantes. La presentación debe
acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, limitandose a 5 páginas.
Reseñas: reseña crítica de la obra, publicada en los últimos dos
años, limitandose a 2 páginas.
Página del Estudiante: espacio destinado a la divulgación de estudios desarrollados por alumnos de la graduación, con explicitación del
orientador en nota de rodapie. Su presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, con extensión limitada a 5
páginas.
Todos los manuscritos deverán venir acompañados de ofício identificando el nombre de los autores, titulación, lugar de trabajo, cargo atual,
dirección completa, incluyendo el eletrónico e indicación de uno de los
autores como responsable por la correspondencia.
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.75-77, Jul-Ago-Set. 2012.
La aceptación para publicación está condicionado a la transferencia
de los derechos autorales y exclusividad de la publicación (ver anexo).
Los trabajos serán evaluados por el Consejo Editorial y por la Comisión de Publicación. Los trabajos recusados no serán devueltos y los autores
receberán parecer sobre los motivos de la recusa.
Todos los conceptos, ideas y presupuestos contidos en las materias
publicadas por este periódico son de intera responsabilidad de sus autores.
En las pesquisas que envolucran seres humanos, los autores deberán dejar claro se el proyecto fue aprovado por el Comité de Ética en
Pesquisa (CEP), así como el proceso de obtención del consentimiento libre
y aclarado de los participantes de acuerdo con la Resolución nº 196 del
Consejo Nacional de Salud de 10 de octubre de 1996.
FORMA Y PREPARO DEL MANUSCRITO
La Revista Interdisciplinar recomenda que los trabajos sigan las orientaciones de las Normas de la ABNT para elaborar lista de referencias e
indicarlas junto a las citaciones.
Los manuscritos deverán ser encamiñados en tres copias impresas y
una copia en CD con arquivo elaborado en el Editor de Textos MS Word.
Página de identificación: título y subtítulo del articulo con máximo
de 15 palabras (conciso, pero informativo) en tres idiomas (portugués, inglés y español); nombre de lo(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando en
nota de rodapié lo(s) título(s) universitario(s), cargo(s) ocupado(s), nombre
de la Institución a los cuales el trabajo debe ser atribuído, Ciudad, Estado
y dirección completos incluyendo el eletrónico del pesquisador proponiente.
Resumenes y Descriptores: el resumen en portugués, inglés y
español, deberá contener de 100 a 200 palabras en espacio simples, con
objetivo de la pesquisa, metodología, principales resultados y las conclusiones. Deverán ser destacados los nuevos y más importantes aspectos del
estudio. Abajo del resumen, incluir 3 a 5 descriptores alusivos a la temática.
Presentar secuencialmente los tres resumenes en la primera página incluyendo títulos y descriptores en los respectivos idiomas.
Ilustraciones: las tablas deben ser numeradas consecutivamente
con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Los
cuadros son identificados como tablas, siguiendo una única numeración
75
en todo el texto. El mismo debe ser seguido para las figuras (fotografias, dibujos, gráficos, etc). Deben ser numeradas consecutivamente
con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto.
Notas de Rodapie: deverán ser indicadas en ordem alfabética, iniciadas a cada página y restrictas al máximo de 03 notas de rodapie por
artículo.
Testimonios: seguir las mismas reglas de las citaciones, pero en
itálico. El código que representa cada depoente debe ser presentado entre
parentesis y sin grifo.
Citaciones en el texto: En las citaciones, las llamadas por el sobrenombre del autor, por la institución responsable o título incluso en la
sentencia deven ser en caja-alta baja, y cuando estea entre parentesis cajaalta. Ex.:
Ejemplos:
Conforme Frazer (2006), la música siempre fue el punto central en
la vida de Madame Antoine
“En el caso de Madame Antoine, el gusto por la música fue, desde la
infancia, central en su vida.” (FRASER, 2006, p.37)
tica: algunos desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34.
b.
Único autor para todo el libro – Se sustituye el nombre del
autor por una raya de seis toques después del “In.”:
PESSINI, L. Fatores que impulsionan el debate sobre la distanásia In: _____.Distanásia: ¿hasta cuando prolongar la
vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93.
Congresos, simposios, jornadas, etc.
CONGRESO BRASILIERO DE EPIDEMIOLOGÍA, 5., 1999, Rio de
Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999.
Trabajos presentados en congresos, simposios, jornadas, etc.
SOUZA, G. T. Valor proteíco de la naranja. In: CONGRESSO
BRASILIERO DE NUTRICIÓN. 3., 2000, São Paulo. Anais...São
Paulo: Asociación Brasiliera de Nutrición. 2000. p.237-55.
Disertaciones, Tesis y Trabajos académicos
BUENO, M.S.S. El salto en la oscuridad: presupuestos y desdobramientos de las políticas atuales para la enseñanza media.
1998 f. Tesis (Doctorado en Educación) – Facultad de Filosofia y Ciencias, Universidad Estatal Paulista, Marília.
Las citaciones directas, en el texto, de hasta tres líneas, deben estar
contenidas entre aspas duplas. Las aspas simples son utilizadas para indicar
citación en el interior de la citación. Ex:
Publicaciones periódicas consideradas en el todo (relativo a la
colección)
“Él se conserbaba a estibordo del pasadismo, tan lejos cuanto posíble” (CONRAD, 1988, p.77)
CUADERNOS DE SALUD PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz,
1965-. Semestral
Las citaciones directas, en el texto, con más de tres línas, deben ser
destacadas con recuo de 4 cm de la margen izquierda, espacio simples,
con letra menor que la del texto utilizado y sin las aspas. En el caso de
documentos datilografados, se debe observar sólo el recuo. Ex:
Las siete personas, Daniel Seleagio y su mujer Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel y
Paulo Reynaud, rellenaron la boca de cada un con pólvora,
la cual, inflamada, hizo con que sus cabezas volasen en pedazos (FOX, 2002, p.125).
Listagen de las Referências - Ejemplos
Articulos de publicaciones periódicas
LIMA, J. Salud pública: debates. Revista Salud. Rio de Janeiro,
v.18, n.2, p.298-301, nov.1989.
Partes de la revista, boletín, etc.
Incluye volumen, fascículo, números especiales y suplementos, entre otros, sin título próprio. Ex:
VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p.
Artículo de Periodico
Libros como todo
SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Libros
Técnicos y Científicos, 2005. 384p.
ALVES, Armando. Mi Teresina no cambio jamás. Meio Norte,
Teresina , 16 ago. 2006. Cuaderno 10, p. 16.
Legislaciones - Constitución
Capítulo de libro
BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995
a.
76
Autor del capítulo diferente del responsable por todo el libro.
ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangencia y dinamismo. In:
BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé-
Leyes y decretos
BRASIL. Decreto n.89.271, de 4 de enero de 1984. Dispõe soRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.75-77, Jul-Ago-Set. 2012.
bre documentos y procedimientos para despacho de aeronave en servicio internacional. Lex: Coletanea de Legislación
y Jurisprudencia. São Paulo, v.48,p.3-4, ener./mar. 1984.
Documentos en Meio Eletrónico
Artículos de periódicos (revistas, periodicos, boletín)
SOUZA. A. F. Salud en primero lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. Jun.2000. Disponible en: www.sus.inf.br/frameartig.html. Aceso en: 31 jul.2000.
XIMENES, Moacir. Qué es una biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponible en: http://www.biblioteca.htm.
Aceso en: 19 mar. 2008.
Termo de Responsabilidad
Cada autor debe leer y asinar los documentos (1) Declaración de Responsabilidad y (2) Transferencia de Derechos Autorales.
Primer autor: ________________________________________________________________________________________
Título del manuscrito: __________________________________________________________________________________
Todas las personas relacionadas como autores deben asinar declaración de responsabilidad en los termos abajo:
•
Certifico que participé suficientemente del trabajo para tornar pública mi responsabilidad por el contenido;
•
Certifico que el artículo representa un trabajo original y que no fue publicado o está siendo considerado para publicación
en otra revista, que sea en el formato impreso o en el eletrónico;
Asinatura de lo(s) autor(es) Fecha: _________________________________________________________________________
Transferencia de Derechos Autorales
Declaro que en caso de aceptación del artículo, concordo que los derechos autorales a él referentes se tornaron propiedad exclusiva de la Revista
Interdisciplinar.
Asinatura do(s) autor(es) Fecha: __________________________________________________________________________
Envio de manuscritos
Los manuscritos deben ser direccionados para la Revista Interdisciplinar, en 3 vias impresas, juntamente con el CD ROM gravado para la siguiente
dirección:
Revista Interdisciplinar
Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai
Teresina – Piauí - Brasil
CEP: 64057-100
Telefone: + 55 (86) 2106-0726
Fax: + 55 (86) 2106-0740
E-mail: [email protected] Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.75-77, Jul-Ago-Set. 2012.
77
REVISTA INTERDISCIPLINAR
FORMULÁRIO DE ASSINATURA
Caro leitor: Para ser assinante da Revista Interdisciplinar, destaque esta folha, preencha-a e envie por correio ou fax, anexando cópia do depósito
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PROFISSÃO: _________________________________________________________________________________________
FONE: ______________________________________________FAX:____________________________________________
E-MAIL: ____________________________________________________________________________________________
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Tipo de Assinatura (anual)
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R$ 100,00
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Institucional
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NÚMERO AVULSO ________________________________________________________________R$ 35,00
Número avulso desejado – Volume ____________________________________ Número _____________________________
INSTRUÇÕES DE PAGAMENTO
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Web site: www.UNINOVAFAPI.com.br • E-mail: [email protected]
FONE: 86 2106.0726 • FAX: 86 2106.0740
78
Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.78, Jul-Ago-Set. 2012.
80
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.x-y, Jul-Ago-Set. 2012.
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