VIRTUDES TEOLOGAIS
Meu testemunho tem por base a experiência vivida em Alessandria, durante a
peregrinação cleliana que realizei nos meses de junho/julho de 2015.
Muitos fatos da vida e palavras de Madre Clélia me incentivam e são fonte de
inspiração para minha caminhada, porém nada me tocou tão profundamente como
esse fato, “novo” para mim, comentado por Ir. Chiara Cervato, ao nos conduzir ao
quarto de Madre Clélia na Casa de Alessandria.
Foi uma experiência única, mas muito triste, dolorosa! Ir. Chiara nos contou que
naquele quarto, Madre Clélia viveu alguns anos de relativa calmaria, e até alegria, pelo
florescer das vocações e a expansão missionária do Instituto, porém já enfrentava
tribulações devido às divisões internas principalmente em relação à Piacenza. Mas,
após as visitas apostólicas que a destituíram do cargo em 1911, a Madre passou nada
mais nada menos que 5 anos reclusa naquele quarto, sem poder se comunicar com
ninguém, sem poder sair dali nem sequer para a capela, que era anexa ao próprio
quarto! E o que mais me impressionou foi que isso aconteceu quando ela tinha cerca
de 50 anos! Na flor da idade adulta, com todo o zelo que ela trazia no coração pelo
Reino do Coração de Jesus, pelo seu querido Instituto, por cada filha... ela ficou
simplesmente trancada entre quatro paredes e sem reclamar, confiando no Coração de
Jesus, abandonando-se à vontade de Deus, aceitando tudo e tudo oferecendo por
amor a Deus e ao Instituto. Quem de nós se imagina numa situação dessas? Quanto
Madre Clélia deve ter sofrido, dia após dia, isolada dentro de sua própria congregação,
ao longo daqueles 5 anos!?! Principalmente a dor da indiferença de suas filhas, o
silêncio, a solidão... até culminar com sua partida para o exílio – o qual na verdade já
havia começado ali, naquele quarto, e que culminaria apenas com sua morte.
Com certeza, com essa experiência, Madre Clélia foi provada e amadureceu na
fé, acreditando que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (cf. Rm 8,28),
na esperança, pois confiava plenamente no Coração de Jesus e que cada sacrifício
feito por seu amor não fica sem recompensa, e na verdadeira caridade, porque creio
que ali, mais que em qualquer outro lugar, ela experimentou na pele o que se tornou
depois seu lema: “Deus só para mim é tudo!”, pois ali ela só teve a Deus como apoio e
refúgio. Sem contar com seu magnífico exemplo de humildade: ela verdadeiramente
aceitou morrer para que o Instituto pudesse florescer: “Se o grão de trigo que cai na
terra, não morre, ele fica só. Mas, se morre, ele produz muito fruto” (Jo 12, 24).
Por isso e muito mais, tenho certeza de que Madre Clélia é uma grande santa e,
com sua vida e seus ensinamentos, nos anima a seguir o mesmo caminho, a fim de
“sermos santas, logo santas e grandes santas”, como Jesus espera de cada uma de
nós.
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Ir. Emily Luci Buch - ASCJ
Curitiba, novembro de 2015.
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