letraset
Revista digital do curso de Design Gráfico da Faculdade Satc - número 2 - ago/2014
Conheça os trabalhos da
designer e ilustradora
Karen Hofstetter
página 14
Entrevista com a
Designer Renata Rubim
página 30
Bum bum bum 20 anos de
Castelo Rá-Tim-Bum
página 34
A surpresa lúdica
no trabalho de
Stefan Sagmeister
página 24
Realização:
3
EXPEDIENTE
EDITORIAL
4
Diretor Faculdade
Carlos Antônio Ferreira
Coordenação de Ensino
Jovani Castelan
Coordenação do curso de Design Gráfico
Diego Piovesan Medeiros
Editores
Amanda Rodrigues Anselmo
Davi Frederico do Amaral Denardi
Diego Piovesan Medeiros
Rafael Hoffmann Maurilio
Agradecimento
Laboratório de Orientação em Design
Núcleo Multimídia
Colaboradores
Álvaro Dias
Bruno Porto
Diego Piovesan Medeiros
Guilherme Sebastiany
Jan Raphael Reuter Braun
Jovani Castelan
Karen Hofstetter
Marcelo Pliger
Rafael Hoffmann Maurílio
Renata Rubim
Thales Molina
Thiago Mendes
Tobias Carmargo
Victor Biachin
ISSN
2357-769X
Revista Letraset - Número 2
Neste segundo número da revista Letraset procuramos discutir a produção
criativa de grandes nomes do design. Nossa matéria principal discute o trabalho do
designer americano Stefan Sagmeister, a
partir de uma discussão do trabalho proposta pelo designer Marcelo Pliger, que já
entrevistou Sagmeister em seu estúdio em
Nova Iorque.
O design nacional é tratado em duas
entrevistas com designers brasileiros,
uma delas com Renata Rubim, um dos expoentes do design de superfície nacional,
e outra com a designer gráfica Karen Hofstetter, especialista em ilustração e tipografia.
Também descobrimos um excelente
trabalho de curadoria de ilustração, levado a cabo pelo jornalista Thales Molina
e pelo designer Victor Bianchin. Os dois
conseguiram mobilizar mais de 10 ilustradores para comemorar os 20 anos do
Castelo Rá-tim-bum com uma galeria de
ilustrações inéditas de cada um dos personagens do programa.
Além disso, convidamos os profissionais Bruno Porto e Guilherme Sebastiany
para discutir a regulamentação da profissão de designer, um dos temas mais polêmicos da comunidade de design brasileira, principalmente agora que está em fase
final de aprovação no congresso nacional.
E como sempre, contamos com textos
inéditos de temas relevantes para o design, como design estratégico, branding,
ilustração, mídias sociais, impressão 3D e
projeto gráfico. Boa leitura!
sumário
Endobranding
A imagem da marca
vem de dentro
A resiliência
das marcas
A comunicação construindo
a marca para o público
interno.
10
Logo - muda algo
mexer nele?
08
Os trabalhos da
designer e ilustradora
Karen Hofstetter
09
A Rede
pronto 3D
Cabeça do
estudante
Nesta edição o processo de
desenvolvimento do projeto
de Design Superfície
40
Entrevista com a
Designer
Renata Rubim
PRONTO 3D - Laboratório
de Prototipagem e Novas
Tecnologias Orientadas
38
14
30
A surpresa lúdica
no trabalho de
Stefan Sagmeister
24
Bum bum bum
20 anos de
Castelo Rá-Tim-Bum
34
Brainstorm
Regulamentação
da profissão
22
A atuação do
Designer nas
mídias sociais
20
design estratégico
design estratégico
A resiliência das marcas
N
Diego Piovesan
Mestre em Design pela
Universidade Federal
do Rio Grande do Sul
- UFRGS. Doutorando
em Design pela UFSC e
Coordenador do curso
de Design Gráfico da
Satc.
8
o mundo contemporâneo, uma marca não está sozinha na conquista de
seus clientes, não está sozinha na
tentativa de inovação e muito menos na
conquista de espaço e lucro competitivo.
Para sobreviver em um mercado competitivo regido por uma sociedade exigente
e informada, indiferente da classe social,
é necessário que a personalidade de uma
marca ou indivíduo assuma uma fluidez
e a forma aberta desta sociedade. Dentro deste mercado competitivo, as marcas
precisam estar preparadas para mudanças e, também, para enfrentar desafios e
conflitos. Eis que o termo resiliência pode
ser aplicado e seguido dentro de uma organização com o ideal de resistência e durabilidade.
Chegar a uma definição de resiliência
é uma tarefa complicada, pois esse termo
tem sido utilizado de forma distinta por
inúmeros campos do conhecimento. Na
engenharia, o sentido de resiliência é atri-
buído ao grau que uma estrutura consegue
retornar ao estado original após uma perturbação. Em ecologia, tem o significado
de capacidade de um ecossistema evitar
sua degradação irreversível. Já na área de
psicologia, a definição de resiliência está
ligada à capacidade do indivíduo de absorver um trauma de maneira eficaz.
Originalmente o conceito de resiliência surgiu da engenharia, em 1620, com
estudos envolvendo elasticidade de materiais. Uma palavra derivada do latim resilientia, do verbo resilio (re + salio) que
significa “saltar para trás”, recuperar-se,
voltar ao seu estado normal.
Mesmo que aplicados de formas específicas em cada área, resiliência possui
duas características em todas. A de continuidade e a de recuperação na eventualidade de uma mudança. Atualmente, esse
termo está também relacionado ao mundo
empresarial e das marcas, pois no mercado competitivo, agentes externos e interRevista Letraset - Número 2
nos fazem parte do cotidiano que, seja de
forma micro ou macroambiental, interferem no desempenho de cada organização.
Os fatores microambientais são formados pelos agentes que afetam a capacidade da empresa de produzir, como fornecedores, logística, clientes e concorrentes. O
macroambiente consiste em forças, muitas
vezes fora do controle, como as demográficas, econômicas, políticas e socioculturais que diretamente afetam as vendas e
o lucro das organizações. Um exemplo de
força macroambiental que corrobora com
as questões do crescimento da competitividade das marcas é a gradual abertura de
novos e consideráveis mercados, como a
China, afetando empresas locais em diversos segmentos. Os agentes macroambientais são os mais complexos de se controlar ou prever. Por essas circunstâncias, as
empresas podem e irão enfrentar em sua
jornada algum choque econômico ou energético, uma mudança tecnológica ou comAgosto de 2014
petitiva, uma possível escassez de matéria-prima, ou até mesmo o encarecimento
de fatores ambientais que nem eram pensados no planejamento da marca.
O contexto externo e interno, micro e
macro, nas empresas, ampliou o risco e
com isso, o tempo de existência das marcas. Nem todo risco pode se tornar uma
crise, pois algumas vezes cria um problema e oportunidades a serem exploradas.
Acabam se tornando crises, pois causam
sensação de perda de controle, de consequências. Com isso, essas crises colocam
a prova a resiliência das marcas e organizações.
É nesse momento que a resiliência deve
existir e ser ampliada, para fortalecer as
marcas nessas circunstâncias de crise e
fazer com que as mesmas retomem seu lugar no mercado de forma sadia. Empresas
com o perfil resiliente desenvolvem constantemente mecanismos para corrigir os
problemas antes que os mesmos aconte- »
9
design cambiante
identidade visual
Quadro 3. Atributos de organizações resilientes, comparados com a resiliência em indivíduos.
Indivíduos com elevada resiliência
Autoeficácia e autoconfiança
Otimismo aprendido
Temperança
Empatia
Competência social
Proatividade
Flexibilidade mental
Solução de problemas
Tenacidade
10
Organizações com elevada resiliência
Apres enta m vi s ã o de futuro e pres erva m s ua i denti da de.
Atra em e retêm ta l entos .
Pres erva m o oti mi s mo mes mo nos pi ores momentos . Cul ti va m
o s uces s o.
Tra ba l ho em equi pe promove a tempera nça dos membros .
Cl i ma orga ni za ci ona l s a udá vel pres erva a norma l i da de,
qua l i da de de vi da e rota ti vi da de.
Apres enta m coes ã o i nterna e va l ores es pos a dos . Va l ori za m a
éti ca e tra ns pa rênci a .
Pres erva m s ens o de pertenci mento dos funci oná ri os , víncul os
com cl i entes e com a rede de i nteres s a dos (skakeholders
Sól i da proxi mi da de com a comuni da de e s oci eda de, ma ni fes ta
por mei o da res pons a bi l i da de s oci a l e boa reputa çã o.
Li dera nça é referênci a i ns pi ra dora , reconheci da dentro e fora .
Redes s oci a i s s ã o fortemente emul a da s e promovem rel a çã o
s ól i da . Es tra tégi a s s ã o formul a da s e fa zem s enti do frente à
i denti da de.
Ma ni fes ta m
ca pa ci da de
empreendedora ,
s obretudo dura nte a s cri s es .
Apres enta m ca pa ci da de de a uto-orga ni za çã o depoi s de cri s e.
Ma ni fes ta m fl exi bi l i da de opera ci ona l e ca pa ci da de de
a prender. Tol era m muda nça s , fa zem experi mentos .
Apres enta m ca pa ci da de de recupera çã o da es trutura e
s i s tema s de tra ba l ho depoi s de cri s es . Apres enta m
di na mi s mo decorrente da qua nti da de de projetos executa dos
com êxi to.
Demons tra m bus ca pers i s tente por es tra tégi a s e objeti vos .
Advoga m ca us a s com tena ci da de.
Fonte: Sabbag (2012, p.206).
Revista Letraset - Número 2
çam com proporções irremediáveis. A ferramenta base para esse cuidado é o feedback, podendo com isso se autocorrigir e
aprender enquanto crescem.
Ter a informação é a chave para o conhecimento das marcas, mas não é apenas a informação do que aconteceu, mas
também do que acontecerá. A pesquisa de
tendências e megatendências mundiais,
mesmo para a marca regionalizada, pode
ser um suporte de conhecimento na condução de sua empresa, pois um novo produto ou serviço provavelmente terá mais
sucesso se estiver de acordo com fortes
tendências, e não contra elas. É interessante observar que as características expostas valem tanto para pessoas quanto
para empresas e seria um tanto dicotômico pensar que são duas situações diferentes, já que as marcas e as empresas são feitas por e para pessoas. No quadro ao lado,
percebe-se uma comparação por analogia
de indivíduos e organizações com elevada
resiliência.
Resiliência é a competência de indiví-
Agosto de 2014
duos ou organizações que fortalece, permite enfrentar e até aprende com adversidades e desafios. Pode ser considerada
como uma competência, pois pode ser
aprimorada, reunindo consciência, atitude e habilidades que surgem nos processos enfrentados no dia a dia.
Para fortalecer a resiliência de uma
marca ou organização, é necessário aumentar sua capacidade de resistência à
pressão para ultrapassar os limiares críticos e também preservar ou expandir a
gama de nichos as quais o sistema consegue adaptar-se de maneira saudável.
Unindo esses conceitos, um exemplo simples e cultural é o de flexibilidade do bambu, muito cultuado no Japão. O bambu representa a soma de solidez e flexibilidade.
Cresce com força mas possui uma mescla
de solidez com leveza. Características resilientes que as marcas devem ter, crescendo com força, mas possuindo flexibilidade para lidar com todas as adversidades
e assim ter uma vida longa com seus produtos e serviços.
11
design estratégico
design estratégico
Endobranding - A imagem da
marca vem de dentro
Logo - muda algo mexer nele?
A comunicação construindo a marca para o público interno.
J
Alvaro Dias
Publicitário e mestre
em Ciências da Linguagem pela Unisul. Atualmente é doutorando na
área de Mídias do Conhecimento do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia e Gestão do Conhecimento
(EGC - UFSC).
12
aime Troiano (presidente do Grupo
Troiano, primeiro grupo de branding
no Brasil) defende que a cultura da
marca deve ser primeiramente disseminada internamente na organização. O que
isso nos mostra é que o conceito/imagem da marca, antes de ser passado para
o público externo, deve estar fortalecido
nos corredores das organizações, ultrapassando os departamentos de Design,
de Publicidade e de Marketing, para ser
compartilhado em todas as estruturas internas da organização.
Logo, gerir o conhecimento da marca
significa planejar e definir os meios necessários à sua comunicação, no sentido
de proporcionar o desenvolvimento, manutenção e controle da imagem da marca
junto ao público interno.
Será que não podemos pensar numa
relação entre o branding e o endomarketing, construindo um conceito que come-
ça a ser discutido no mercado de “endobranding”?
A imagem de marca é resultado de
todo o processo de interação entre a marca e os seus públicos, o que resulta numa
percepção na base da qual estará a maior
ou menor predisposição para atribuir
à marca um valor elevado no mercado.
Logo, analisar a imagem de marca é estudar a relação organização-públicos, cuja
gestão eficiente parece trazer inúmeras
vantagens pela capitalização no valor da
marca. E, nesse sentido, o conceito de
imagem parece ser simultaneamente um
produto (efeito final) e um processo (ao
longo do tempo).
A comunicação é um processo interativo e contínuo. E a observação mostra
que o processo deve começar de dentro,
de uma marca construída pela comunicação interna. Comunicação que não deve
parar nunca.
Revista Letraset - Número 2
O
que chamamos de logo pode vir da
junção de dois elementos: LOGOTIPO, que é a particularização da escrita de um nome. Ou seja, o tipo de letra (texto) em que ele é escrito; e o SÍMBOLO, que
é um sinal gráfico que com o tempo passa a
identificar um nome, ideia, produto ou serviço. Para simplificar, continuarei chamando de logo.
A opção de redesenhar o logo pode levar
a grandes mudanças no reconhecimento da
empresa e mesmo de sua posição no mercado, tanto positivas como negativas. Desse modo, dependendo de como foi feito e se
realmente era necessário fazer.
Como assim “necessário fazer”? Não é
de praxe modificar o logo de vez em quando? A resposta é: DEPENDE!
Ficou frustrado? Calma, já explico. O
motivo para a mudança deve ser avaliada e
discutida com um bom profissional.
Nessa hora, vou puxar a “brasa pra nossa
Agosto de 2014
sardinha”. Consideramos que um dos profissionais mais bem qualificados é o DESIGNER GRÁFICO. Mas é claro que ele poderá
trabalhar com uma equipe multidisciplinar,
com a colaboração de publicitários, gerentes de marketing e de outros especialistas.
Só não confunda o DESIGNER GRÁFICO
com aquele seu sobrinho que sabe mexer
em softwares de edição de imagem.
O verdadeiro DESIGNER trabalha de forma metódica. Para ter uma ideia, além de
saber tudo sobre a empresa, parte do trabalho está em buscar uma série de informações, como: qual é seu mercado? Quem é
seu concorrente? E um dos mais importantes, quem é seu público-alvo?
No final, todo esse trabalho é o que dirá
se é necessário mudar seu logo. Só depois
disso é que o projeto continuará e assim
possibilitar que a “cara” de sua empresa seja
diferenciada das concorrentes e, ao mesmo
tempo, reconhecida por seu público.
Jan Raphael Reuter Braun
Mestre em Design pela
Universidade Federal de
Santa Catarina, professor do curso de Design e
coordenador do Laboratório de Orientação em
Design - LOD.
13
inspiração
inspiração
Entrevista com
Karen Hofstetter
Designer, ilustradora, publicitária,
fotógrafa, necessariamente nesta desordem.
Karen Hofstetter, nascida em São
Paulo, formou-se em publicidade, trabalhou como diretora de arte, tomou
aulas com Catarina Gushiken, estudou
design gráfico na Escola Panamericana
de Arte, fotografia no Senac, e nunca
parou de tocar flauta.
Em 2010, Karen trocou quatro rodas para duas e mudou-se para Berlim,
onde se inspirou e espalhaou criações,
misturando música, arte e pessoas.
14
Tua formação é em publicidade, mas trabalhas mais com design e ilustração. Chegasse a exercer “oficialmente” a profissão de publicitária?
Sim! Durante a faculdade e depois de
formada trabalhei durante cinco anos em
agência de publicidade. Em pequenas,
médias e grandes. A experiência por ter
transitado em agências focadas em embalagem e PDV, em peixes grandes como
W/Brasil e em agências boutiques como a
Centoeseis, me trouxeram uma referência
muito ampla de como e pra onde o mercado pode se estender.
Foram através dessas experiências que
eu comecei a definir onde eu mais me encaixava, e que por fim me direcionaram a
ter o modelo de trabalho que tenho hoje.
Tens um estilo bem próprio, como isso se
desenvolveu? E como foi usar esse estilo e transformá-lo em produtos e em uma
renda extra?
Pra ser sincera, tenho a sensação que
o meu estilo está sempre se reinventando, amadurecendo. Quando olho ilustrações ou design que fiz há 3 anos, já tenho
uma outra visão, e faria tudo diferente! É
Revista Letraset - Número 2
»
Ilustração “Você”
Karen Hofstetter
Agosto de 2014
»
15
inspiração
inspiração
difícil explicar como isso se desenvolve,
mas acredito que o meu traço e algumas
características do trabalho são o reflexo
das minhas experiências, repertório e influências. Tenho de um lado uma influência brasileira muito grande inspirada em
flores, cores, poesia e natureza. Por outro
lado, gosto da geometria e do minimalismo alemão. Acho que essa mistura é um
pouco do que faço.
Em 2010 fiz um curso de ilustração
com a Catharina Gushiken em São Paulo.
Foi quando não parava de desenhar, e, entre o papel e o digital, comecei a ter vontade de ver as cores espalhadas em outras
superfícies! Descobri que a Society6 era
uma empresa que justamente cuidava de
toda a produção e envio de produtos bacanas a partir de artes que artistas do mundo todo enviavam - e páh! Foi um prato
cheio de satisfação! Comecei a chamar os
produtos que levam as minhas estampas e
ilustras de #kgoodies nas redes sociais, e
eles se espalharam rapidinho pelo mundo!
E a renda extra, bem; faz bem pra qualquer
freelancer, né?! :)
Ilustração “Love”
Karen Hofstetter
16
Revista Letraset - Número 2
bisco algumas coisas, faço anotações, preciso de total sossego. Na hora de produzir,
aumento o som e só paro quando estou satisfeita com a linha criativa.
Não acredito na inspiração que “vem
do nada”. O ócio é necessário, mas só pra
organizar na cabeça tudo o que vejo por
aí. Tenho álbum de fotos, sou viciada em
Pinterest, compro livros toda semana. Mas
essas são apenas as ferramentas “mais fáceis” que estão por perto. Filmes, músicas,
uma tarde no parque, aquela conversa de
madrugada, o bar com os amigos, o almoço de domingo ou qualquer pessoa com
quem convivo (até o padeiro que já sabe
qual pãozinho eu vou levar) são as minhas
maiores inspirações. Não existe um “momento certo” pra se inspirar. A vida por inteiro é mais do que inspiradora, e isso já
basta.
Como (e por que) foi a decisão de mudar
pra Berlim e trabalhar aí? Como tem sido
a experiência?
Um recomeço de vida! Estava infeliz
com o meu trabalho e com o dia a dia em
SP. Nunca fui do tipo que reclamava do
Como é teu processo de criação e quem te trânsito e da violência, mas em 2009 senti
inspira?
um desconforto na minha maneira de viComeço com o silêncio. Enquanto ra- ver. Nunca tinha vindo pra Berlim. Naque»
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17
inspiração
inspiração
le ano, dois amigos voltaram de lá e me
disseram: “Karen, essa cidade é incrível,
você precisa conhecer!” – e eu fiquei com
isso na cabeça. Quando resolvi que estava
na hora de mudar, não pensei duas vezes
, pedi demissão e comprei uma passagem
só de ida.
Foi difícil no primeiro ano, não tinha
contatos profissionais, conhecia muito
pouco do mercado aqui, e quando a situação ficou apertada, resolvi começar a
fazer alguns trabalhos como freelancer,
e já que meu network no Brasil era mais
amplo, vi que mesmo de Berlim o trabalho
era possível. Comecei com projetos pra
amigos, conhecidos, indicações, e quando
me dei conta estava com o mês todo lotado de trabalhos legais. Já tinha parceiros
no Brasil e em 2010 abri minha empresa.
Me estabilizei fazendo o que eu gostava, e
no fim percebi que ter trocado o meu carro
por uma bicicleta foi o meu maior grito de
liberdade.
www.karenhofstetter.com
Instagram: @karenhofstetter
Facebook: www.facebook.com/kgoodiesanddesign
Pinterest: www.pinterest.com/karenhofstetter
18
Ilustração “KGoodies”
Karen Hofstetter
Revista Letraset - Número 2
Agosto de 2014
19
egresso
egresso
A atuação do designer nas
mídias sociais
O
objetivo do design desde sempre
foi o de dotar os artefatos de significado por meio de sua morfologia.
A Bauhaus formalizou o caráter unificado,
global, técnico e científico, enquanto que
a escola de Ulm, sua essência multidisciplinar, racionalismo e métodos analíticos.
Tais características se tornaram mais evidentes no século XXI, pela necessidade de
projetar as relações e experiências entre
os artefatos e os usuários, concebendo-os
de maneira sistêmica (produtos, serviços
e comunicação) e não apenas como uma
única mercadoria isolada.
A evolução da prática profissional do
design fez com que se deixasse de atuar apenas no âmbito operacional para se
compor também o âmbito estratégico das
empresas. A bagagem evolutiva do design
lhe permite atuar neste âmbito junto a outras disciplinas. Isso faz com que o designer atue não apenas na ponta do processo,
mas também no projeto das estratégias
organizacionais.
20
Revista Letraset - Número 2
Agosto de 2014
É neste escopo que o designer pode
realizar projetos para mídias sociais. Entende-se que a comunicação das empresas
deve apresentar quem é a marca e como
ela se relaciona com seus clientes, isso é
reflexo das estratégias organizacionais. É
na criação de conteúdo que a marca e suas
estratégias estão traduzidas e são apresentadas para o seu público. Desta forma
o designer pode atuar na mediação entre
o que é a empresa e qual o conteúdo a ser
publicado nas mídias sociais. É claro que o
designer pode atuar apenas no fim do processo e criar o conteúdo em si (infográficos, imagens, games, vídeos e etc.), mas
seria um subaproveitamento das competências dos designers.
Portanto, o designer pode projetar as
estratégias de comunicação - com base na
gestão da marca - que irão balizar o que,
o como e os quais conteúdos (de maneira
geral) serão produzidos e publicados nas
mídias sociais.
Tobias Camargo
Mestrando em Design Estratégico pela
Unisinos, possui graduação em Design
pela Faculdade Satc
(2012). Tem experiência na área de Design
Gráfico, atuando principalmente nos seguintes temas: design
web, mídias sociais,
usabilidade e marketing digital.
21
brainstorm
brainstorm
Regulamentação da
profissão de Designer
A
Por Bruno Porto
por Guilherme Sebastiany
Designer gráfico, professor e consultor em design. Nasceu no Rio de
Janeiro, onde se formou em Design
Gráfico e pós-graduou em Gestão
Empresarial / Marketing, tendo estudado também na School of Visual
Arts, em Nova York.
Formado em arquitetura e urbanismo pela USP e MBA em Brandingpelo ITAE. Foi professor de design e
no MBA em Branding. Com 15 anos
de experiência em criação de marcas, possui projetos desenvolvidos
no Brasil e exterior.
pesar do árduo e moroso processo,
a regulamentação da profissão não
me preocupa mais devido a relevância e destaque que o design tem ganho,
principalmente na última década, perante
a sociedade e dentro das diferentes esferas governamentais. Felizmente, mais dia,
menos dia, ela vai acontecer, é fato praticamente consumado. Porém, o que deve
ser evitado a todo custo é a criação de um
sindicato para os designers. A principal
função de um sindicato é a fiscalização das
práticas incorretas da profissão, e isto não
é só inviável como desnecessário no âmbito do design gráfico e da comunicação
visual, áreas em que atuo. O profissional
22
que usar Comic Sans ou entupir um site
de degradês vai ter seu registro cassado?
Aquele que pixelar uma imagem no cartaz
de um show de rock será advertido e pagará uma multa? No que concerne os designers gráficos, um sindicato só serviria
para onerar os profissionais e criar mais
um buraco negro de recursos e burocracia.
A Justiça comum já atende a grande maioria das questões relacionadas ao mercado
de comunicação visual, e o Ministério do
Trabalho – que já existe e executa esta função em outras profissões – simplesmente
passaria a fiscalizar se a contratação de
designers profissionais capacitados – segundo as definições do Projeto de Lei –
está sendo feita dentro da lei.
Revista Letraset - Número 2
T
enho bons amigos, pessoas inteligentes e em quem confio, a favor da
regulamentação. Mas tenho também
muitos bons amigos, igualmente inteligentes, contra. Alguns outros ainda são a
favor da regulamentação, mas são contra
o projeto atual de lei. Todos os lados tem
ótimos argumentos. Mas e a minha opinião? Não sei! Não sou a favor nem contra
a regulamentação, sou apenas DESCRENTE dela. Quero e desejo muito estar errado, mas acredito que a regulamentação
da profissão não trará nenhuma mudança
nem imediata nem a longo prazo para o
meu dia a dia de trabalho no escritório. Sei
que pode beneficiar muito a quem depenAgosto de 2014
de de verba pública ou privada oriunda de
projetos de incentivo a cultura ou isenção
fiscal. Mas este não é o meu caso e não é
também a realidade de (suponho) 95% ou
mais dos profissionais de design.
A ampliação, por exemplo, do SIMPLES
NACIONAL para a área de Design teria um
impacto mais profundo no nosso segmento do que qualquer regulamentação. Será
que é essa a questão? Reconhecimento ou
legitimação profissional? Para isso existem outros caminhos.
Receio apenas que a única mudança
que ocorra, infelizmente, seja a obrigatoriedade de pagamento de uma contribuição anual compulsória a algum Conselho
Regional de Design que venha a ser formado, assim como já é em outras profissões
regulamentadas. E acima de tudo, espero
mesmo estar errado sobre tudo isso que
escrevi acima!
23
grande nomes do design internacional
grande nomes do design internacional
Cartaz para a
AIGA Detroit
Stefan Sagmeister
A surpresa lúdica no trabalho de
Stefan Sagmeister
P
Por Marcelo Pliger
Designer, divide seu
tempo entre a redação
da Folha de S.Paulo,
onde trabalha desde
1997, e em seu próprio
estúdio. Mestre em
Comunicação e Semiótica na Pontifícia
Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP).
Professor de jornalismo
e design da Escola Superior de Propaganda e
Marketing (ESPM).
24
ara minha surpresa, Stefan Sagmeister, um dos designers mais respeitados do mundo, havia aceitado meu
pedido de entrevista na primeira tentativa, com um simpático e-mail que era assinado com um “da adorável rua 14”. Stefan vivia e trabalhava em uma cobertura
duplex no Chelsea, consolidado bairro artístico de Nova York. Ele é um sujeito estranhamente alto, cerca de dois metros de
altura, e me recebeu vestido em uma elegante roupa branca com o detalhe de uma
gravata borboleta amarrada no pescoço.
Poderia substituir Willie Wonka na Fábrica de Chocolate. Um sujeito excêntrico.
Excentricidade é uma boa palavra para
resumir o trabalho de Sagmeister. Seus
melhores trabalhos causam um estranhamento que nos leva a olhá-los com mais
cuidado. Ele diz que seu objetivo é tocar
o coração das pessoas. Normalmente faz
isso inserindo surpresas óticas e jogos lúdicos em suas peças gráficas. A estratégia
é similar à de um mágico que atrai a atenção da plateia. Uma cartola numa mão,
um coelho na outra e subitamente surge
um liquidificador. O inesperado é que faz
a plateia ser surpreendida e sorrir.
Um exemplo desse recurso no trabalho
de Sagmeister é a embalagem do CD Mountains of Madness. A capa do encarte tem
duas imagens sobrepostas. Uma na cor
vermelho e outra na cor azul. Sob o plástico vermelho da caixa, os traços em vermelhos desaparecem e só conseguimos ver a
foto de um homem. Quando tiramos o encarte da caixa, o impresso azul se revela,
e a foto do homem é substituída por sua
imagem gritando. Surpresa.
É importante perceber, no entanto, que
não se trata de qualquer surpresa. Normalmente seus projetos ressaltam a presença
humana na criação. Eles revelam o modo
como a imagem foi criada. Seu trabalho
mais importante provavelmente é o cartaz
para uma conferência que apresentaria
na academia de arte de Cranbrook. Com a
ajuda de um estagiário e um estilete, Stefan escreveu o texto do cartaz cortando a
própria pele. A foto do torso nu, com as letras marcadas a sangue causam impacto.
Boa parte da sua capacidade criativa »
Revista Letraset - Número 2
Agosto de 2014
25
grande nomes do design internacional
grande nomes do design internacional
está baseada nas teorias de Edward de
Bono, professor da Universidade de Oxford que em 1967 cunhou o termo “pensamento lateral”, uma técnica de solucionar
problemas associando ideias indiretas que
não podem ser obtidas utilizando o raciocínio passo a passo da lógica tradicional.
A criatividade, no entanto, não é a única
qualidade do designer. Ele é meticuloso.
Os projetos são detalhadamente elaborados e Stefan confessa ser obsessivo com
detalhes.
Quando abriu seu estúdio, no início dos
anos 90, após um tempo curto trabalhando
com o americano Tibor Kalman, Sagmeister focou a indústria da música. Criou projetos brilhantes para músicos importantes
como os Rolling Stones, Lou Reed, David
Byrne e Jay-Z. Na última década passou a
focar trabalhos mais corporativos, desenvolvendo projetos para grandes empresas
com altos e baixos em termos criativos.
No ano passado, Sagmeister foi condecorado com a medalha AIGA. A poderosa associação de designers gráficos americana concede a premiação a indivíduos
em reconhecimento de suas realizações
no campo do design.
H.P. Zinker “Mountains of Madness”
Stefan Sagmeister
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Revista Letraset - Número 2
Story
Branding / Identities
Stefan Sagmeister
Agosto de 2014
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ilustração
ilustração
Standard Chartered Comercial - Film & Publicidade
Stefan Sagmeister
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Campanha “Aizone”
Stefan Sagmeister
Revista Letraset - Número 2
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grandes nomes do design nacional
grandes nomes do design nacional
Entrevista com
Renata Rubim
É designer de superfícies e consultora de cores.
Autora de “Desenhando a Superfície”, Ed. Rosari SP, colabora com a difusão do design em projetos
industriais e educativos. Seus projetos a frente do
escritório Renata Rubim Design & Cores (RRD&C)
já receberam diversos prêmios nacionais e
internacionais.
Se observarmos nessas duas décadas
que o Design de Superfície vem se fortalecendo no Brasil, na sua visão, as empresas atualmente estão investido nos profissionais no que diz respeito ao Design
de Superfície?
Elas estão investindo nos profissionais
e na área, não necessariamente elas conseguem reconhecer qual é o profissional
mais adequado e nem sempre elas optam
por um profissional brasileiro, mas elas
percebem que há esse interesse e essa necessidade porque isso acrescenta valor a
maioria dos produtos.
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Um designer de superfície pode atuar
em que áreas no mercado de trabalho?
O designer de superfície deve atuar
naquilo que mais o agrada como profissional, por exemplo, se uma pessoa tem uma
vocação pra moda, não faz sentido trabalhar em uma área mais técnica. Se alguém
gosta muito de fazer estampas para moda,
não necessariamente vai se interessar no
design de superfície voltado a acessibilidade de deficientes visuais. O design de
superfície deveria ser encarado também
como uma maneira de embelezar a vida
dos deficientes visuais, porque eles podem
Revista Letraset - Número 2
sentir com o tato, em vez de usar os olhos.
Mas não são todas as pessoas que têm uma
multiplicidade de interesses. Ele pode ser
mais têxtil, mais cerâmico, mais de papéis
ou de moda. Não necessariamente as pessoas têm esse vocabulário e esse interesse
amplo.
muitos dos professores desconhecem ainda a realidade do mercado. Isso não é só no
design de superfície, isso é no design em
geral e em outras áreas também, como na
arquitetura e até na medicina. Quem não é
um profissional de mercado pode discutir
uma série de conceitos, técnicas e metodologias, mas é diferente do que conhecer
o mercado, saber as diferenças de cada
região, diferenças de nichos de mercado
e como fazer a estratégia de prospecção,
além de uma série de práticas do cotidiano. Eu não sei se as universidades estão
preparadas. Porém, não se pode generalizar, depende do perfil do professor, depende de cada caso.
Qual a área mais promissora ou que
terá crescimento nos próximos anos?
Provavelmente a indústria do revestimento, porque o design de superfície é a
pele de qualquer coisa, de qualquer produto. Existe um olhar muito especial para a
área de revestimento, mas não é só por uma
questão de moda, de tendência, é também
um resultado da tecnologia cada vez mais
desenvolvida. Essa área teve avanços tecPela sua experiência na área, o design
nológicos que permitem cada vez mais a de superfície pode atribuir característiexploração dessa superfície.
cas perceptivas e emocionais às superfícies dos objetos?
As universidades estão preparadas
Sim, sem dúvida. Ele remete a assopara formar esse profissional?
ciações que todos fazemos. Tanto na cor,
Eu não tenho certeza porque não faço como na textura, ele pode atrair ou repeparte de nenhum quadro acadêmico atual- lir. Depende da superfície, da cor, depende
mente. Minha participação tem sido mais de onde está trabalhada essa superfície.
na extensão universitária, com workshops Qualquer elemento visual pode sempre ree palestras. Mas pelo que ouço dos alunos, meter a associações.
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grande nomes do design nacional
grande nomes do design nacional
Como você vê a pesquisa em Design de
Superfície nas universidades ou na indústria?
Acredito que são muito interessantes,
mas nem sempre ligadas ao mercado, a
realidade. Elas são pesquisas. A indústria
mundial é muito avançada em termos de
pesquisa, na indústria nacional não sei dizer. Mesmo porque quase todos os equipamentos modernos das indústrias, são importados. Não conheço nenhuma máquina
brasileira que produza resultados de alta
tecnologia.
Na indústria temos hoje uma ferramenta aliada ao design que são as redes sociais. Essas tecnologias digitais roporcionam um contato direto com o mundo todo,
não só mais fácil, mas muito mais democrático e menos hierárquico. É possível ter
acesso a informações que os formadores
de opinião e pesquisadores discutem com
muita agilidade. É mais fácil conhecer os
profissionais e eventos da área, como as
feiras, os calendários de atividades, e isso
facilita muito a vida do designer. É preciso
aproveitar bem essas ferramentas e atuar
de uma forma mais transversal, o designer
de superfície não pode se isolar.
Trabalhos produzidos pela
Designer Renata Rubim
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Letraset entrevistou os idealizadores de uma das maiores produções da TV brasileira
A
Thales Molina
Victor Bianchin
De Guarulhos, formado em bacharel em design pela Universidade
Federal de Pernambuco. Hoje é
designer da Mundo Estranho.
É de Santo André, mas hoje mora
em São Paulo. Formado em Jornalismo na Cásper Líbero. Hoje é
editor da revista Mundo Estranho.
o produzir uma revista voltada para o
público jovem, nos deparamos com o
aniversário de 20 anos do Castelo RáTim-Bum, uma das maiores produções da TV
brasileira e, também, um dos maiores marcos de nossas infâncias.
Para não deixar a data passar em branco,
fomos atrás de amigos ilustradores para dar
corpo a um projeto ousado: ilustrar vários
elementos do programa, de personagens a
cenários, passando por bonecos e criaturas
fantásticas. Para a tarefa, procuramos pessoas não apenas talentosas, mas que tivessem sido inspiradas pelo programa quando
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crianças e ainda o guardassem em sua memória afetiva.
Não bastaria só homenagear: assim como
o Castelo mudou a TV brasileira ao criar algo
novo para seu público, queríamos mostrar visões diversas sobre o programa, unidas pelo
conceito mas diferentes entre si, fazendo jus
àquilo que o Castelo sempre pregou: a criatividade.
Esperamos que, assim como nós, você se
divirta tanto quanto naquela época em que
o Tio Victor, escandalizado pelas travessuras
de Nino e seus amigos, olhava para o teto de
seu Castelo e gritava “raios e trovõõõões!”.
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inspiração
inspiração
Bum bum bum 20 anos
de Castelo Rá-Tim-Bum
Como surgiu a ideia de fazer a página?
Em 2007, eu e meu colega André Cid produzimos, como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo, um almanaque sobre o Castelo Rá-Tim-Bum. Entrevistamos mais de 60
pessoas, juntamos mais de mil imagens, fizemos um longo trabalho de apuração e conseguimos tirar 10. Esse livro serviu de base para
uma matéria que a revista Mundo Estranho
(onde eu e o Thales trabalhamos) publicou
este ano. Dessa matéria veio a ideia de fazer o
projeto de ilustrações.
Como se desenvolveu o projeto? Vocês
foram atrás dos artistas ou através da página eles foram entrando em contato?
O Thales idealizou a estrutura. Ele convidou os ilustradores, selecionou os 50 elementos a serem ilustrados e faz o trabalho de receber e emoldurar as ilustras para colocar na
página. A maioria dos participantes é conhecida do Thales do meio de design/ilustração
(o Thales ilustra também). Eu conhecia alguns deles, mas não tinha uma relação forte
porque não lido muito com ilustração. Todos
se mostraram bastante felizes em participar.
Já fizeram algum projeto parecido? Pretendem dar continuidade a esse projeto?
Não, esse é o primeiro projeto. Talvez sim.
Mas, por enquanto, estamos focando a página mesmo. Quando isso se encerrar, veremos
qual o próximo passo.
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inspiração
inspiração
Tinham ideia do sucesso que seria?
Não, não tínhamos. Mas a gente sabe que
o Castelo tocou muita gente e que a memória
afetiva de quem era criança na época é grande. Acho que o mérito não é só nosso, é também do Castelo e da qualidade do programa.
Eles fizeram algo que vai durar pra sempre.
Pretendem ir além do Facebook, com livro, e-book?
Então, ainda não sabemos. Um livro é uma
possibilidade, porém vai depender de alguns
fatores. A parte boa é que o conteúdo vai estar
pronto, então vai depender mais da burocracia.
Raul Aguiar
Tiveram alguma parceria da TV Cultura
ou algum retorno dos atores e produtores do
programa?
Não firmamos nenhuma parceria e a TV
Cultura, até onde a gente sabe, não se pronunciou (embora seria legal se eles ficassem
sabendo!). Várias pessoas da produção curtiram a página ou comentaram por lá, incluindo os atores Cássio Scapin, Luciano Amaral e
Cinthya Rachel, o bonequeiro Jesus Seda, a
cenógrafa Luciene Grecco e o co-criador Flávio de Souza. Ficamos muito felizes em saber
que eles tomaram conhecimento do projeto e
curtiram. Significa muito para nós poder “devolver” o que eles fizeram pra gente quando
éramos pequenos.
Thales Molina
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tecnologia
tecnologia
A Rede Pronto 3D
A
Jovani Castelan
Coordenador de ensino
impressão 3D chega ao mercado como
uma tecnologia facilitadora para auxiliar na criação de protótipos físicos
modelados em softwares CAD. Para o Design, o protótipo feito em 3D não é somente
o poder de ver o objeto em três dimensões e
sim poder analisar detalhadamente as suas
principais características físicas, funcionais,
estéticas e ergonômicas.
e professor da Faculdade Satc. Pesquisador e
representante institucional da Satc junto ao
CNPq. Pós-doutorado
na área de Engenharia
Biomédica. Experiência
profissional focada na
docência, coordenação
e gestão acadêmica.
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PRONTO 3D
O Pronto 3D - Laboratório de Prototipagem e Novas Tecnologias Orientadas – consiste em um espaço de ensino, pesquisa e
extensão na área da materialização. O laboratório objetiva a estruturação de um ambiente de pesquisa, criação, desenvolvimento e
produção de modelos, protótipos, maquetes
e produtos em escala real, auxiliando as diferentes etapas do processo de projeto em
diversas áreas, onde a materialização se faça
necessária.
Revista Letraset - Número 2
Laboratórios por Santa Catarina
O Pronto 3D conta com uma rede de laboratórios de prototipagem rápida e fabricação
digital, voltada às áreas de Design, Arquitetura, Engenharias, Artes e afins.
A Rede Pronto 3D, que fica sob a gestão
dos Cursos de Design de cada universidade
hoje, conta com um total de 5 laboratórios
espalhados pelo estado de SC, com pólos localizados nas cidades de Chapecó (Unochapecó), Criciúma (Satc), Lages (Uniplac), Florianópolis (Ufsc) e Blumenau (Furb), atuando
nas áreas de prototipagem rápida e fabricação digital aplicados à pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos e processos,
oferecendo apoio aos alunos de graduação
e pós graduação, professores, consultoria
e cursos em diferentes áreas. Cada pólo da
Rede Pronto 3D é equipado com tecnologias
aditivas (impressora 3D), subtrativas (Routers CNC) e de corte a laser.
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Uma das aplicações práticas da impressão 3D está nas
cirurgias de reconstituição de crânio. Nesse caso, a impressão de um modelo 3D do crânio do paciente permite
uma pré análise mais rápida e confiável da cirurgia.
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cabeça do estudante
cabeça do estudante
Projeto desenvolvido
pelos acadêmicos:
Bruna Machado
Fabio Dalsenter
Julyssa Perito
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O
projeto selecionado nesta edição da
revista é uma proposta de design de
superfície para a cervejaria Saint Bier,
localizada em Forquilhinha-SC. Os principais materiais solicitados foram uniformes
para a fábrica, escritório e um padrão para
ser usado por parceiros, distribuidores e garçons. Tanto para presentear clientes como
para vender nos vários eventos e festas que
a Saint Bier participa, foram propostos ainda aventais, camisetas e bonés. Foi sugerida
ainda a aplicação do projeto também ao
pub, nas toalhas e guardanapos por exemplo.
O público-alvo da Saint Bier pertence às
classes A, B e C, pessoas da região sul de
Santa Catarina, onde a empresa tem mais
força, e também todas as pessoas que estiverem nas festas e eventos que a empresa
participar. Quanto ao público-alvo do pub,
é mais variado, pois inclui tanto os cola-
boradores quanto os frequentadores. Foi
observado que o ambiente é agradável e
deixa as pessoas a vontade para levar seus
filhos ou reunir os amigos. Também foi notado que houve um aumento da visita no
pub e no consumo de cerveja pelo público
feminino, principalmente as mais jovens.
As informações coletadas a partir de
uma entrevista com o proprietário guiaram
para o início da prática projetual. Decidiuse concentrar os esforços em materiais para
o pub. Para tanto, foi realizado um brainstorm com auxílio de um mapa mental e um
painel de imagens forte. Se decidiu trabalhar
com dois conceitos: Aconchegante, pelo que
o ambiente transmite ao visitante e coleção,
pela forma como o pub é decorado, com coleções de garrafas, canecas e cartazes retrôs,
além de outros objetos.
O processo criativo continuou com a montagem de um painel para referências de coRevista Letraset - Número 2
Painel de referências de projeto
res. As principais referências foram dos tons
ocre do malte e os tons de marrom das fotos
dos barris de chope. Duas tonalidades de cores semelhantes, harmônicas e que proporcionam um contraste suave e agradável, sem
gerar muito impacto visual e transmitindo o
conceito de aconchego.
Um painel de referências gráficas foi
montado, resultando na ideia de criar um
rapport com elementos ligados aos ingredientes da cerveja, mas seguindo o conceito
para fugir do clichê. Portanto, a decisão foi
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de representar os itens mais comuns colecionados em pubs, como rótulos, tampinhas e garrafas. Assim foi feito um estudo das formas dos rótulos de garrafas
de diversas marcas de cerveja. Como os
materiais tem que representar a identidade da Saint Bier, as formas estudadas foram
usadas para desenvolver desenhos como se
fossem rótulos que, em vez de marcas e
informações, contenham elementos relacionados ao produto e à empresa.
O resultado foi um rapport composto
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cabeça do estudante
cabeça do estudante
por rótulos feitos num estilo semelhante
à xilogravura, contendo ramos de malte,
lúpulo, garrafa, caneca, barril de chope,
brasão de Forquilhinha, logo da Saint Bier,
carroça transportando barris e a água representada nos traços em zig-zag. Também contém palavras como cerveja, Bier,
chopp, o nome Saint Bier e o slogan: O sabor
do puro malte. As cores foram aplicadas
gerando dois padrões, o marrom com a es42
tampa contrastando com um tom mais claro
e o ocre com a estampa contrastando com
um tom mais escuro.
Primeiramente os padrões desenvolvidos foram aplicados em produtos relacionados ao pub: toalha de mesa, guardanapos, jogo americano, avental, uniformes
para garçom e cozinheiro. Também foram
sugeridas quatro opções de bonés, uniformes para escritório e para fábrica.
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Exemplos de aplicação do
padrão em produtos
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cabeça do estudante
cabeça do estudante
Detalhes da
aplicação do padrão
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Revista Letraset - Número 2
Agosto de 2014
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letraset
Revista digital do curso de Design Gráfico da Faculdade Satc - número 2 - ago/2014
[email protected]
(48) 3431-7664
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