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A distribuição cinematográfica entre Brasil e Argentina:
uma análise preliminar
V Mostra de
Pesquisa da PósGraduação
Marília Schramm Régio1, Prof. Dr. João Guilherme B. Reis e Silva (orientador)
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
Faculdade de Comunicação Social, PUCRS, Famecos
Resumo
O cinema desde seu surgimento aperfeiçoou tecnologias a estética nos filmes e gerou
difusões entre os países. A partir da metade do século XX o cinema é considerado um
produto, com aspectos políticos, econômicos, comunicacionais e culturais que conseguem
fazê-lo circular pelo mundo a fim de ser consumido. O presente texto tem como objetivo
principal apresentar análises preliminares referente à distribuição cinematográfica no Brasil
de filmes nacionais e estrangeiros no primeiro semestre de 2009, dando destaque a produções
argentinas.
Introdução
A indústria cinematográfica é composta por três áreas que constroem sua estrutura: a
produção, a distribuição e a exibição; sendo elas dependentes uma da outra para seu
funcionamento. A produção abrange o capital e principalmente recursos humanos
especializados para o trabalho no setor. A distribuição comanda a circulação dos filmes no
mercado, na colocação do produto em determinada janela, além de ser responsável pelo
departamento publicitário que na maioria das vezes envolve o futuro espectador. E por fim, a
exibição que vende os ingressos das salas, expondo para o público o filme na grande tela.
Segundo Alessandra Meleiro a produção cinematográfica do Brasil e da Argentina é
superior aos demais países da América Latina. No período de 2001 a 2005, 183 filmes
brasileiros foram produzidos e a Argentina obteve o número de 232 longas-metragens.
Enquanto que países como o Chile e México alcançaram um total de produções de 62 e 151,
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Mestranda em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
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respectivamente. Os cinemas brasileiros e argentinos comportam fatores econômicos, sociais
e tecnológicos que abrangem a compreensão do fato cinematográfico. De acordo com Metz, o
cinema “constitui um complexo mais vasto (do que o filme), dentro do qual, entretanto, três
aspectos predominam mais fortemente: aspecto tecnológico, aspecto econômico, aspecto
sociológico” (1972, p.11).
O objetivo deste trabalho é apresentar análises preliminares dos títulos distribuídos no
Brasil no primeiro semestre de 2009, especificamente filmes argentinos. Cabe ressaltar que
esta pesquisa faz parte de uma primeira fase do projeto de dissertação, iniciado em março de
2010.
Metodologia
Para a realização dessa análise foi utilizado o método comparativo de trabalho, que
nos possibilita visualizar com melhor clareza as assimetrias da distribuição cinematográfica
no Brasil. Consideramos neste primeiro momento uma análise dos tipos de distribuidoras
(majors e independentes) e os lançamentos (país de produção e renda) do primeiro semestre
de 2009 no Brasil, além de verificar se há a circulação de filmes argentinos no país.
Resultados
Nesta análise preliminar, verificamos uma assimetria no setor referente ao primeiro
semestre de 2009 no Brasil. Houve a participação de 39 distribuidoras, entre elas majors2,
independentes3 e aquelas em que a própria produção4 fica responsável pela circulação de seus
filmes.
As majors foram responsáveis por 111 filmes, as independentes por 252 e as
produtoras com distribuição própria por 12 títulos. Mesmo com a diferença de 141 filmes as
majors tiveram uma renda muito superior, sendo acima de R$ 300 milhões, enquanto as
empresas independentes obtiveram um pouco mais de R$ 99 milhões. Os filmes lançados no
período foram de 108 de produções nacionais, 147 norte-americanos e 128 de outros países.
2
Fox, Columbia (Sony e Disney), Paramount (Paramount e Universal) e Warner.
Playarte, Wmix (Imagem), SM (Paris), Freespirit (Downtown), Cannes (Europa), Tag Cultural (Imovision),
Filmes da Estação, Rain (Moviemobz), Cinarte Pompéia (Imax), Five Stars (Focus e Flashstar), Antonio
Fernandes (Califórnia), Providence (Pandora), Videofilmes, Filmes de mostra, AB Filmes, Reserva Nacional
(Imovision), Polifilmes, Pipa, Panda, De Felippes (Gávea Filmes), Sereia Filmes, Usina Digital e Serendip.
4
G7, Canal Brasil, Raiz Filmes, Invídeo (Vortex), Já Filmes, Rec Produtores, Labo Comunicação, Raquel
Gerber – Distribuição Própria, República Pureza, Canal 3 e 24 VPS Filmes.
3
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Estes incluem a Argentina5, que teve apenas dois filmes lançados no primeiro semestre de
2009, Ninho vazio, de Daniel Burman e A janela, de Carlos Sorin, ambos distribuídos por
empresas independentes. Há uma dominação de filmes americanos no país, em 2009 no
primeiro semestre, os filmes nacionais tiveram 19% de renda, os de outros países 4% e os
norte-americanos 75%.
Tratando-se de um projeto em fase inicial, ainda não é cabível apresentar conclusões,
embora esta análise preliminar tenha evidenciado que estamos diante de um tema que aborda
assimetrias constantes de mercado e uma hegemonia de um país e algumas empresas. Esta
pesquisa quer contribuir para que possamos ter uma noção mais clara do funcionamento da
distribuição cinematográfica entre Brasil e Argentina, países que vem desenvolvendo um
crescimento da produção de filmes.
Referências
MELEIRO, A., Cinema no mundo: indústria, política e mercado. São Paulo: Escrituras. 2007.
MELEIRO,A., Dinâmica e Estrutura da circulação internacional de produtos audiovisuais entre países do
MERCOSUL. Revista Famecos. , N° 14 (2005), pp. 1 – 5.
METZ, C., A significação no Cinema. São Paulo: Perspectiva. 1972.
SILVA, J., Cenários tecnológicos e institucionais do cinema brasileiro na década de 90. Porto Alegre:
Sulina. 2009.
Site:
www.ancine.gov.br
www.filmeb.com.br
5
Em 2009 foram distribuídos no Brasil mais quatro filmes argentinos, além dos já mencionados. Gigante, de
Adrián Biniez, Vila 21, de Ezio Massa, Um namorado para minha esposa, de Juan Taraturo e Alguns motivos
para não se apaixonar, de Mariano Mucci. Todos distribuídos por empresas independentes.
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