por dentro da lei
GPS
Ao entrar no seu recém adquirido carro, percebeu
que o GPS não estava lá....
Maurício anunciou a venda do seu carro. Benjamin se interessou e após examiná-lo e testá-lo decidiu fechar negócio. A
venda foi efetuada e Benjamin recebeu as chaves do seu novo
carro. Porém, ao entrar nele, percebeu que Maurício havia retirado o aparelho GPS que estava lá.
Benjamin reclamou com Maurício dizendo que ele tinha
que devolver o GPS para o carro, já que sua intenção ao comprar o carro era adquiri-lo da forma como verificou e testou,
ou seja, com o GPS incluído. Maurício por sua vez, disse que
vendeu um carro e não um aparelho GPS, e argumentou dizendo que ele não é parte do carro, e portanto, não estava
incluido na venda.
Quem está com a razão?
Resposta:
Está escrito na Guemará 9: Quem vende um navio (sem especificar
os ítens que estão inclusos na venda), está também incluindo na venda o
mastro, as velas, a âncora, e todos os instrumentos necessários para fazer
o navio navegar, como por exemplo, os remos.
Podemos concluir da Guemará que a bússola e a luneta do
navio também fazem parte de “todos os instrumentos necessários para fazer o navio navegar”, pois são de fundamental
importância para um navio em alto mar. Sendo assim, o aparelho GPS, que indica ao motorista o caminho correto a ser
tomado, talvez seja considerado parte intrínseca do carro!
No entanto, o Rav Zilberstein diz que os dois casos são
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distintos, pois o navio navega em mar aberto e os utensílios
são fundamentais para sua condução, enquanto que com o
carro é óbvio que “dá para se virar” sem o GPS, já que por
décadas sempre se dirigiu sem a ajuda dele, e hoje em dia mesmo há muitos motoristas que não possuem GPS. Além disso,
o motorista pode perguntar às pessoas ou a outros motoristas
como chegar ao local desejado.
Portanto, vemos que o aparelho GPS não é parte essencial
do carro, e sendo assim, a razão está com Maurício, e Benjamin tem que se conformar em ficar sem o GPS.
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O PRÊMIO
Ele folheou o jornal e viu a foto de seu amigo
segurando o vale de 20.000 shekalim....
Aconteceu há alguns anos atrás em Israel .... Samuel iria
viajar para a Europa por algumas semanas e antes de viajar
alugou o apartamento para seu amigo David, que ficaria lá até
seu retorno. Faltavam três semanas para Pesach e uma grande
empresa do ramo de produtos de limpeza estava realizando
uma grande promoção – representantes dela visitariam o endereço de apenas três felizardos em três lugares diferentes do
país, e se ao baterem na porta, o morador apresentasse cinco
embalagens de pacotes da empresa, ganharia um vale no valor de 20.000 shekalim (± 10.000 reais) para serem gastos em
produtos da empresa!
Então, num belo dia, a campainha toca na casa de Samuel.
David, que havia alugado o apartamento, abriu a porta e viu
diante dele os representantes da companhia de produtos de
limpeza. “Por acaso você tem os cinco produtos?” perguntaram. “Esperem só um instantinho,” respondeu David. Ele
revirou os armários da casa e encontrou exatamente cinco
produtos!
A imprensa chegou e David foi fotografado recebendo
o vale de 20.000 shekalim das mãos de um dos diretores da
empresa.
Depois de alguns dias, ao retornar de sua viagem pela
Europa, Samuel recebeu no avião um jornal israelense, e ao
folheá-lo deparou-se com a foto de seu amigo David feliz e
contente, segurando o vale de 20.000 shekalim em suas mãos.
Ao ler a reportagem interou-se de como ele ganhou o prêmio
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– os produtos que David encontrou na casa eram dele, do
Samuel!
Mal aterrizou em Israel, Samuel “voou” para sua casa e
disse para David dar-lhe o prêmio, dizendo: “Os produtos
que você mostrou para eles eram meus, foi com meu dinheiro
que você ganhou o prêmio!” David, por sua vez, respondeu:
“Você não estava naquele momento, e se eu não estivesse na
sua casa, eles iriam bater em outra porta; assim, o prêmio foi
ganho por minha causa, e portanto pertence a mim!”
Quem está com a razão?
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Resposta:
A Guemará 10 tráz o seguinte caso: Uma pessoa manda um enviado
comprar uma mercadoria (por exemplo: ela dá $10 para seu enviado
comprar 1kg. de pistache) e o vendedor decide lhe dar uma quantia maior
(por exemplo: com os mesmos $10 o vendedor lhe deu 1kg e 200gr.).
A quem pertence as 200 gramas extras de pistache, ao mandante ou
ao enviado? Rabi Iehuda diz: pertence ao enviado. Rabi Iossi diz: O
mandante e o enviado dividem por igual. E a lei é baseda na opinião
de Rabi Iossi, como podemos observar no Shulchan Aruch 11:
“Se é uma mercadoria do tipo que é pesada ou medida, e foi
acrescentado ao enviado tanto na quantidade ou no peso ou
no tamanho, tudo que foi acrescentado pelo vendedor pertence tanto ao enviado como a quem o enviou, devendo portanto
ser dividido igualmente entre os dois.”
O comentarista Talmúdico HaRif explica que o motivo
de Rabi Iossi dizer que dividem, é devido ao proveito obtido
pelo enviado ter sido através do dinheiro de quem o enviou.
Também está escrito no Talmud Ierushalmi que “através do
dinheiro desse e das pernas daquele, os dois dividem.” Está
explícito que já que o lucro do enviado vem através do dinheiro de quem o enviou, ele tem que dividir o lucro com
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ele. Também está escrito na Agahót Ashri de Ketubot que o
motivo principal é que o mazal (“sorte”) dos dois juntos foi o
que levou a este lucro, e portanto, dividem.
Assim sendo, podemos aprender para o nosso caso, que
uma vez que o vale de 20.000 shekalim foi obtido com os produtos que Samuel havia comprado e com a presença oportuna
de David no apartamento, aqui também podemos dizer que
foi “o dinheiro de um e os pés do outro”, e que o mazal deles
juntos levou ao prêmio. Portanto, eles o dividem igualmente.
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A PIZZA
Ele decidiu comprar uma fatia para ele também e
acabou ganhando o prêmio de $1.000....
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Hélio estava conversando com seus amigos quando recebeu o telefonema de seu irmão pedindo para que fosse encontrá-lo no centro comercial. Ele disse a eles que voltaria em
meia hora, e um deles pediu para que na volta lhe comprasse
uma fatia de pizza, já que estaria perto da pizzaria. Os outros
seis rapazes que estavam junto com ele gostaram da idéia e pediram para que comprasse uma fatia para eles também. Hélio
recebeu o dinheiro deles para comprar sete fatias, uma para
cada um.
Ao chegar na loja, Hélio viu um cartaz onde estava escrito: “GRANDE PROMOÇÃO! COMPRE UMA PIZZA INTEIRA (OITO FATIAS) E CONCORRA A UM PRÊMIO
DE $1.000!” Sendo assim, Hélio decidiu comprar um pedaço
para ele também; pediu uma pizza inteira, recebeu um bilhete
de raspadinha, raspou e ganhou!!!!
Seus amigos, ao saberem do ocorrido, disseram para ele:
“Hélio, nós também temos parte neste prêmio, pois sem o
dinheiro de nossas sete fatias você não teria conseguido a raspadinha, já que não teria comprado a pizza inteira!”
A quem pertence os $1.000?
Resposta:
Está escrito no Shulchan Aruch (livro de leis judaicas) 12:
“Se é uma mercadoria do tipo que é pesada ou medida, e foi
acrescentado ao enviado tanto na quantidade ou no peso ou
no tamanho, tudo que foi acrescentado pelo vendedor perten-
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por dentro da lei
ce tanto ao enviado e a quem o enviou, devendo portanto ser
dividido igualmente entre os dois.”
No entanto, isto se aplica apenas quando o lucro foi obtido
através da tarefa pela qual o enviado foi ordenado a realizar;
por exemplo: Salomão enviou seu amigo Bernardo para comprar 2 quilos de batata e ele voltou com 3 quilos, pois recebeu
o quilo extra de brinde do dono da mercearia. Neste caso, o
quilo extra é dividido igualmente entre Salomão e Bernardo,
já que foi ganho como consequência deste envio. Porém, no
nosso caso, o que Hélio recebeu foi através de uma ação que
ele realizou que não fazia parte do envio. Se ele tivesse cumprido sua missão, teria voltado apenas com as sete fatias de
pizza, sem nenhuma raspadinha (já que necessitava de oito
pedaços para ganhar). Portanto, o prêmio de $1.000 foi ganho
através de uma ação independente de Hélio, e o prêmio deve
permanecer com ele (De todos modos, seria bonito da parte
dele repartir ou dar uma parte da bolada para seus amigos, já
que eles tiveram certa participação no seu sucesso).
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RAV ITZCHAK ZILBERSTEIN
O ASPIRADOR
Ele voltou para casa satisfeito, trazendo consigo o
aspirador que sua esposa tanto queria....
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Era época de começar a limpar a casa para Pessach. Ester
havia decidido que neste ano limparia a casa com aspirador de
pó e não como nos anos anteriores, quando limpava com sua
vassoura velha. Então, deu um ultimato a Rogério, seu marido,
“Ou você me arruma um aspirador ou então você é quem vai
limpar a casa!” Como Rogério não tinha dinheiro sobrando,
resolveu pedir emprestado para seu amigo Isaac. “Sim, claro
que posso te emprestar!” respondeu Isaac, “Bom proveito!”
Rogério voltou para casa satisfeito, já que havia conseguido
o aspirador que sua esposa tanto queria para limpar a casa
para Pessach, sem gastar nenhum tostão. No entanto, ao ligarem o aspirador, ele não funcionava. Tentaram em todas as
tomadas da casa, porém sem sucesso. No dia seguinte tentaram mais uma vez e nada. Rogério então conseguiu um outro
aspirador emprestado com um vizinho, e desta vez funcionou
perfeitamente. Ester ficou feliz, Rogério ficou feliz e a casa
ficou limpinha para Pessach.
Após um mês, Rogério lembrou-se de devolver o aspirador
quebrado de Isaac. Ele contou a Isaac que desde a primeira vez
que tentou utilizá-lo não havia funcionado, e desculpou-se pelo
atrazo na devolução, dizendo que devido à correria dos preparativos para Pessach acabou se esquecendo de devolver logo.
“Eu acredito em você, porém por que você não me devolveu logo!” esbravejou Isaac.
“Eu já te disse,” respondeu Rogério, “eu tava atolado com
os preparativos de Pessach!”
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“Sabe o prejuízo que você me deu?” disse Isaac, “Até semana passada, o aspirador estava na garantia de um ano, e
a fábrica me daria um novo! Agora ela não vai cobrir nada!
Portanto, o correto é você me dar um novo ou pelo menos
pagar o conserto dele.”
“Por quê?! Você me emprestou um aspirador quebrado!
Como é que eu ia adivinhar que a garantia dele estava prestes
a vencer? Você devia ter me avisado!”
E então, quem está com a razão?
Resposta:
O Rav Zilberstein pensou em dizer que Rogério é obrigado a pagar o conserto do aspirador, pois deveria ter avisado
ao Isaac que o aspirador estava quebrado. Ele baseia sua resposta
na Guemará 13 que tráz o seguinte caso: Uma pessoa entrega seu boi que
não tinha dentes aos cuidados de um pastor. O pastor leva o boi para
pastar junto com o os outros animais e em pouco tempo acaba morrendo.
O dono do boi reclama com ele:
“Você o alimentou?”
“Sim, eu levava ele junto com o rebanho para pastar”
disse o pastor.
“E você observou se ele estava comendo direitinho?”
perguntou o dono do boi.
“Não, eu o deixei pastando junto com os outros!”
respondeu o pastor.
“E você não percebeu que ele não tinha dentes?
Você tinha que ter ficado prestando atenção se ele comia direito!”
“Como eu podia saber disso? Por acaso sou dentista?
Você não me avisou nada!”
A Guemará nos diz que o pastor tem que pagar pois deveria ter verificado se o boi estava pastando direitinho e avisar
ao dono. Do mesmo modo, o Rav Zilberstein pensou em di-
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RAV ITZCHAK ZILBERSTEIN
zer que Rogério deveria ter chegado para Isaac e dito que o
aspirador não funcionava.
Porém, ele perguntou ao Rav Iossef Shalom Eliashiv, que
lhe disse que Rogério está isento de pagar, pois uma vez que
Isaac emprestou algo estragado é como se tivesse emprestado
um boi morto. A Torá só nos obriga a tomar cuidado com um
objeto emprestado quando ele tem o seu valor, porém não
recai a obrigação de cuidar de algo estragado ou morto. Em
nosso caso, se Rogério tivesse entregue o aspirador imediatamente para Isaac, estaria poupando a seu amigo uma perda
financeira, e desta forma realizando uma mitzvá; porém, o
fato dele não ter entregue de imediato, não é motivo para que
o obriguemos a pagar um aspirador (ou mesmo o valor do
conserto) para Isaac.
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PLATOON
Era óbvio que se o soldado ferido fosse
acompanhado pelo médico, suas chances de
sobreviver seriam maiores do que se fosse
acompanhado pelo enfermeiro....
A seguinte pergunta foi feita por um dos principais médicos do exército na Terra de Israel:
Prezado Rabino Itzchak Zilberstein,
Um determinado grupo de soldados foi enviado ao campo de batalha
para lutar contra o inimigo, e eu os acompanhei juntamente com um
enfermeiro. No calor da batalha, um dos nossos soldados foi baleado no
peito. Debaixo de fogo pesado consegui extrair a bala do seu corpo, porém seu estado era muito delicado e ele precisava urgentemente ser levado
de helicóptero para um hospital, para receber o tratamento adequado.
Era óbvio que se eu o acompanhasse no helicóptero até o hospital, suas
chances de sobreviver seriam maiores do que se ele fosse acompanhado
pelo enfermeiro....
A minha pergunta é a seguinte: Qual atitude tomar nesta situação?
Eu deveria acompanhar o soldado ferido, deixando o pelotão sem médico
no campo de batalha (apenas com o enfermeiro), ou talvez fosse melhor
o enfermeiro acompanhar o soldado ferido e eu permanecer no campo
de batalha junto aos soldados, para prestar o serviço médico quando se
fizesse necessário e para tranquilizá-los, já que saberiam que haveria um
médico por perto para qualquer eventualidade?
Atenciosamente,
Doutor ......................
Médico do exército
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RAV ITZCHAK ZILBERSTEIN
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Resposta:
O Rav Zilberstein pensou em dizer que aparentemente caberia ao médico acompanhar o soldado ferido, já que ele não
tem que fazer cálculos em relação a um futuro que ainda não
chegou, pois talvez os outros soldados não viessem a se ferir
e a sua presença não se fizesse necessária. O médico tem que
se preocupar com o doente que está à sua frente e não com os
soldados que no momento estão saudáveis!
Porém, quando o caso foi trazido ao Rav Iosef Shalom
Eliashiv, ele disse que o médico tinha que permanecer com os
soldados no campo de batalha, já que os soldados que estão
lutando debaixo de fogo inimigo têm o mesmo status de um
doente que está diante do médico (apesar de que eles ainda
estejam saudáveis), pois eles também estão em situação de perigo, e não somente o que foi atingido gravemente. Fora isso,
ficariam mais tranquilos ao saberem que em caso de alguém
ser atingido, haveria um médico de prontidão para atendê-los.
Em resumo, deve-se enviar o enfermeiro com o soldado ferido, ficando o médico com os soldados no campo de batalha.
Após enviar esta resposta do Rav Eliashiv para o médico
do exército, o Rav Zilberstein perguntou como ele procedeu,
se acompanhou o paciente no helicóptero ou se permaneceu
com os soldados enviando o enfermeiro para acompanhar o
soldado ferido. O médico respondeu, “Não sabia como proceder....comecei a rezar para D-us do fundo do meu coração,
esperando uma salvação....de repente, vi que enviaram um helicóptero gigantesco que recolheu o soldado ferido juntamente com todos os outros soldados, e todos fomos salvos”.
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A CARTA
E por incrível que pareça, o presidente respondeu
enviando uma carta escrita em próprio punho no
papel timbrado da Casa Branca....
Aconteceu há dois anos atrás com uma garota norte-americana de 10 anos. Todos os dias ela chegava atrasada na escola devido à sua preguiça, até que num certo dia a diretora a
expulsou da escola. A garota, inconformada com a situação,
tomou uma medida extrema – escreveu uma carta para o presidente contando sua situação e pediu para que ele interviesse
no assunto, pedindo para a diretora aceitá-la novamente na
escola....E por incrível que pareça, o presidente respondeu,
enviando uma carta escrita em próprio punho no papel timbrado da Casa Branca, na qual pedia à diretora para reconsiderar o assunto e receber a aluna de volta na escola.
A aluna entregou a carta para a diretora, que após sua leitura, a reintegrou imediatamente à escola. A garota voltou para
casa muito contente e seu pai pediu para que ela lhe entregasse a carta, já que uma carta escrita a mão pelo presidente tem
um valor inestimável para colecionadores, e eles poderiam ganhar muito dinheiro com sua venda. A garota disse que havia
ficado com a diretora e que no dia seguinte a pediria de volta.
A diretora, por sua vez, negou-se a devolver, dizendo que
a carta havia sido direcionada a ela, e mostrou como prova o
que estava escrito no começo da carta – “Ilustríssima diretora....”, sendo portanto dela. A garota refutou, dizendo que
o presidente escreveu desta forma apenas para despertar a
compaixão da diretora para que a recebesse de volta, porém a
carta era dela e não da diretora.
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E aí, quem ganha a carta?
Resposta:
Aparentemente diríamos que a razão está com a diretora,
já que o conteúdo da carta era direcionado a ela. No entanto,
o Rav Zilberstein disse que com certeza o presidente sabe
muito bem que uma carta sua vale muito dinheiro e faz sentido dizer que sua intenção não era a de enriquecer a diretora,
e sim agradar e alegrar a garota. Portanto, conclui o Rav Zilberstein, parece que a carta pertence à garota.
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CONCORRÊNCIA
Ele ficou temeroso em revelar ao seu cliente a
existência de uma outra loja, e este acabar se
tornando um cliente do novo lugar....
Jacó era dono de uma livraria. Certo dia, seu antigo cliente
Michel, entrou na loja procurando um determinado livro. Jacó
pediu desculpas dizendo que o mesmo estava em falta. Michel
ficou decepcionado, pois ele iria viajar por uns dias e queria
aproveitar para estudá-lo na viagem.
Jacó sabia que seu cliente poderia encontrar o livro desejado numa outra loja que havia inaugurado não muito longe
dali, porém, esta nova loja era uma concorrente dele, sendo
maior, com maior estoque, várias promoções, etc.... Ele ficou
temeroso em mandar Michel para lá e ele acabar tornando-se
cliente do novo lugar.
No entanto, Jacó ficou com a consciência pesada e resolveu perguntar ao Rav Zilberstein se agiu corretamente ao esconder essa informação de seu cliente ou se deveria ter contado a ele sobre a existência da nova loja, sem ficar fazendo
cálculos se iria perder o cliente ou não.
Resposta:
Está escrito na Guemará 14 que todo o dinheiro que alguém
vai receber durante o ano é decretado em Rosh Hashaná, e
também está escrito em outra Guemará 15 que uma pessoa
não encosta num fio de cabelo do que está destinado à outra
pessoa.
Por que nossos Sábios utilizaram justamente o exemplo de
“um fio de cabelo”? O livro Nachalat Eliahu explica trazendo
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o que está escrito na Guemará 16: “Muitos fios de cabelo criei
no homem, e para cada um criei um poro exclusivo, de forma
que dois fios não viessem a se alimentar do mesmo local....”
Não há duas coisas mais próximas do que um fio de cabelo do
outro, e mesmo assim, um não pega o alimento do outro. Assim também é com a parnassá, com o sustento do ser humano. Mesmo que as lojas estejam coladas uma à outra, a pessoa
tem que estar ciente que o outro não está tirando nada dela.
Ao contrário, às vezes foi decretado ao lojista uma redução
das suas vendas como kapará, expiação, e na verdade é um
chessed, uma bondade que Hashem está fazendo com ele, pois
a vinda de um concorrente para tomar parte de seus clientes
vem justamente para substituir uma perda muito maior que
estaria destinada a ele ou algum problema de saúde. Portanto,
Jacó não deveria temer em perder dinheiro revelando a existência da nova loja para Michel.
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