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QUINTA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO, 2010 | ANO 2 | Nº 301 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA
Wilson Dias/ABr
Transição Ao lado de Lula, a presidente eleita Dilma
Rousseff disse que não pretende mudar a fórmula do
salário mínimo, nem trazer de volta a CPMF. ➥ P14
R$ 3,00
Legislativo Políticos procuram
brecha para trocar de legenda
antes da fidelidade partidária. ➥ P16
Preço de commodities compensa
perdas com valorização do real
Exportadores de uma cesta de 12 produtos obtiveram ganhos de 7,2% entre janeiro e setembro, enquanto a venda
total do país ao exterior registrou perda financeira de 0,7% no mesmo período. Minério de ferro e petróleo bruto
lideraram essa valorização, com ganhos de 42,5% e 38,5%, respectivamente, na soma de três trimestres. ➥ P12
Kevin Lamarque/Reuters
Plano Obama
amplia derrama
de dólares
no Brasil
A injeção de US$ 600
bilhões na economia pelo
BC americano obrigará o
governo brasileiro a adotar
mais medidas para conter
assédio dos investidores
estrangeiros, que provoca
a apreciação do real. ➥ P4
Crédito faz Itaú obter
lucro recorde de R$ 3 bi
Para o banco, empréstimos crescerão pelo
menos 15% em 2011. No terceiro trimestre, ganho
da instituição foi o maior para o período entre
as instituições financeiras de capital aberto. ➥ P38
Ambev prevê o melhor
de todos os verões
Foram comercializados mais de 2 bilhões de litros
de cerveja no terceiro trimestre. A empresa investiu
R$ 1,5 bilhão do total de R$ 2 bilhões para elevar em
15% a produção e espera recorde para o ano. ➥ P34
Iveco vai fabricar
ônibus no Brasil
Inicialmente, os veículos serão montados
na unidade da companhia do grupo Fiat em Sete
Lagoas, Minas Gerais, em cima de plataformas
de caminhões médios e pesados. ➥ P22
Barack Obama:
pacote de estímulo no
dia seguinte à derrota
Indiana Western
vem ao país com
US$ 100 milhões
Existe a hora de plantar e a hora de
colher. E, em todos os momentos,
o produtor rural conta com o maior
parceiro do agronegócio brasileiro.
Criada para manter o
patrimônio da família
Ali Sayed, gestora já aplicou
US$ 2 bilhões em países
como Austrália e Inglaterra e
analisa aquisições nos setores
de mineração e imóveis. ➥ P42
bb.com.br/agronegocio
INDICADORES
▼
▼
▲
▲
▼
■
▲
▲
▲
▲
▼
▲
TAXAS DE CÂMBIO
Dólar Ptax (R$/US$)
Dólar comercial (R$/US$)
Euro (R$/€)
Euro (US$/€)
Peso argentino (R$/$)
JUROS
Selic (a.a.)
BOLSAS
Bovespa - São Paulo
Dow Jones - Nova York
Nasdaq - Nova York
S&P 500 - Nova York
FTSE 100 - Londres
Hang Seng - Hong Kong
3.11.2010
COMPRA VENDA
1,6937
1,6929
1,7010
1,6990
2,3764
2,3748
1,4031
1,4028
0,4284
0,4280
META EFETIVA
10,66%
10,75%
VAR. % ÍNDICES
0,48 71.904,77
11.215,13
0,24
0,27 2.540,27
1.197,96
0,37
5.748,97
-0,15
2,00 24.144,67
Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001 – SAC 0800 729 0722
Ouvidoria BB 0800 729 5678 – Deficiente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088
2 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
NESTA EDIÇÃO
Marcela Beltrão
Em alta
Terreno livre para a Premium II
O governo do Ceará já desapropriou 95% da área
necessária para a construção da refinaria da Petrobras
em Pecém. O investimento é de US$ 11 bilhões. ➥ P20
Henrique Manreza
Prosperitas compra 70% do Parque X
A gestora de fundos imobiliários usou recursos de fundo
que acumula R$ 1 bilhão para aplicações em imóveis.
Empreendimento, na Anhanguera, é da Halna, JBens e EWP. ➥ P27
Cartão de crédito da Vivo supera meta
Brasil entra na rota dos
ônibus pesados da Iveco
A montadora do grupo Fiat passará a
produzir os veículos na fábrica de Sete
Lagoas (MG), a partir de 2013, sendo
montados em chassis de caminhões
pesados da marca. “Já temos uma
plataforma no mercado brasileiro de
microônibus e estamos trabalhando em
duas grandes plataformas acima desse
segmento”, diz Marco Mazzu, presidente
da subsidiária brasileira. A estratégia para
os próximos cinco anos abrange a expansão
da fábrica mineira para incluir linhas de
montagem para ônibus médios e pesados.
Há a possibilidade de se instalar uma
plataforma exclusiva para os ônibus. ➥ P22
Exportador de commodities
ganha mesmo com real forte
Placo dobra produção de chapas de gesso
Lançado em julho, o produto já tem 400 mil usuários,
90% dos quais são assinantes pré-pagos da operadora.
O objetivo inicial cera chegar a 350 mil em um ano. ➥ P30
Henrique Manreza
Será dada prioridade a paredes para hotéis, resistentes ao
fogo e com isolamento acústico e para escolas, explica Sandro
Maligieri, presidente da empresa do grupo Saint-Gobain. ➥ P26
País na vanguarda em sustentabilidade
Maria Beatriz, diretora da consultoria Planeta
Orgânica, e responsável pela Biofach América Latina,
vê o Brasil se destacando dentro do Bric nesse item. ➥ P11
Dilma nega pressão do PMDB por cargos
Presidente eleita destacou a liderança do vice Michel Temer
e abordou vários temas políticos econômicos, entre eles a
possibilidade do salário mínimo passar de R$ 700 em 2014. ➥ P14
Destoando da pauta total das vendas
brasileiras ao exterior que registraram
perdas de 0,7% de janeiro a setembro, uma
cesta composta por 12 commodities obteve
ganho médio de 7,2% no mesmo período,
de acordo com estudo da consultoria
Austin Rating, que descontou a variação
cambial média do período do preço por
tonelada de cada um dos produtos
exportados. Das 12 commodities, apenas
minério de alumínio, soja e laranja tiveram
perdas financeiras, de 40,8%, 19,6%
e 6,6%, respectivamente. As nove
restantes registram ganhos, com
destaque para minério de ferro (42,5%)
e óleo bruto de petróleo (38,5%). ➥ P12
Patrimônio dos fundos de pensão avança
Divulgação
Expectativa é de encerrar o ano com R$ 530 bilhões, R$ 15
bilhões a mais que os R$ 515,4 bilhões do fim de 2009, prevê
José de Souza Mendonça, presidente da Abrapp. ➥ P40
Tô Aki, da Mentez, só para brasileiros
Aplicativo de localização social para o mercado local será
lançado na próxima semana pela empresa americana,
que estreia na segmento de aplicativos para celulares. ➥ P32
Ambev lucra R$ 1,82 bilhão no trimestre
Houve alta de 47% sobre um ano atrás, enquanto a receita
líquida cresceu 10%, para R$ 5,98 bilhões. A empresa prevê
elevar em 10% as vendas de cerveja no país este ano. ➥ P34
Divulgação
Embaré produz energia com biogás
Shell promove o V-Power etanol na F1
O tradicional laticínio de Lagoa da Prata (MG) utiliza na
cogeração o gás metano oriundo da decomposição da matéria
orgânica descartada e economiza R$ 15 mil por mês. ➥ P18
Companhia investe R$ 15 milhões em ações durante a
competição do próximo domingo, em São Paulo, para
promover o combustível e abrir caminho para a exportação.
Mudança de partido pode ser flexibilizada Brasil entra nos planos da Western Gulf
Automatização alicerça a
expansão de construtoras
A automatização de processos para
aprimorar a gestão foi impulsionada pelo
rápido crescimento do mercado, aumento
das fusões e investimentos recebidos de
fundos de private equity, onde há sempre
a necessidade da divulgação de resultados
transparentes. A Brookfield, oriunda da
incorporação da Company pelo braço
imobiliário da Brascan, em 2008, investiu
R$ 35 milhões em um software com essa
finalidade fornecido pela alemã SAP e
instalado pela IBM . “Nosso antigo sistema
comportava só R$ 300 milhões ao ano
e hoje há empreendimento que sozinho
vale este preço”, justifica Luiz Angelo
Zanforlin, diretor da Brookfield. ➥ P24
Norma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabelecendo que
o mandato pertence ao partido, e não ao parlamentar eleito,
poderá ser alterada com mudança na Constituição. ➥ P16
Até o fim do ano, deverão ser aplicados US$ 100 milhões
e, dependendo do comportamento dos investimentos, o
volume será ampliado para US$ 200 milhões em 2011. ➥ P42
Melissa Golden/Bloomberg
A FRASE
“Está muito claro que o povo
americano quer que ajudemos
a criar um ambiente em que
consigamos os empregos de volta”
John Boehner, líder dos deputados republicanos e provável novo presidente
da Câmara de Representantes, sobre os resultados das eleições nos Estados
Unidos. Os republicanos, que conquistaram pelo menos 60 cadeiras nas
eleições de terça-feira, prometem controlar os gastos do governo Obama.
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 3
EDITORIAL
Henrique Manreza
JUAN CARLO VILLA LA ROUDET, DA OMINT
Dólares, etanol,
comércio e o
pacote dos EUA
Depois de meses de espera e da consequente onda de boatos e especulações
que costuma acompanhar eventos
como esse, o Federal Reserve, ou Fed, o
banco central do Estados Unidos, divulgou ontem um novo pacote de auxílio
para a economia. Até o final de junho de
2011, colocará US$ 600 bilhões no mercado, com a compra de título do Tesouro americano de longo prazo.
Já se previa que o volume de recursos
ficaria entre US$ 500 bilhões e US$ 1
trilhão e, portanto, o mercado não se
surpreendeu com o pacote. A ideia do
Fed é, com o investimento, estimular o
crédito ao consumidor e alavancar a
frágil economia americana. A taxa básica de juros continua entre 0% e 0,25%
ao ano, como se esperava.
Pode ser bom para a
economia americana — o
que nem todos acreditam —,
mas não ajudar o dólar
Se o pacote pode ser bom para a
economia americana — o que nem todos acreditam, é preciso lembrar —,
não deve ajudar o dólar a subir frente a
outras moedas. No Brasil, acredita-se
que poderá se desvalorizar ainda mais,
já que os investidores estrangeiros devem continuar procurando mercados
mais interessantes, como o brasileiro,
que pagam juros mais polpudos do que
os americanos.
A vitória do Partido Republicano,
que conseguiu a maioria na Câmara
dos Representantes, também não deve
causar grandes mudanças nas relações
bilaterais entre Brasil e Estados Unidos. Ainda que os republicanos tendam
a defender o livre comércio, pode gerar
mais protecionismo, como relatado nas
matérias a seguir.
Outra eleição ocorrida em solo
americano, desta vez só na Califórnia,
traz boas notícias para o Brasil. Os
eleitores do estado disseram não à
proposta de suspender o programa de
metas de uso de energias renováveis.
Assim, é provável que cresça a exportação de etanol brasileiro para mover
os carros californianos. A Califórnia
consome o mesmo de combustível que
o Brasil inteiro, e pode comprar 6 bilhões de litros ao ano até 2020. ■
“Moro na TAM, agora na Latam”, brinca o empresário Juan Carlo Villa La Roudet, controlador
do plano de saúde Omint, sobre a ponte aérea Buenos Aires-São Paulo, que usa pelo menos
duas vezes ao mês. No Brasil, o plano, de alto padrão, cresceu 11% no primeiro semestre. ➥ P28
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4 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
DESTAQUE ESTADOS UNIDOS EM CRISE
Pacote de US$ 600 bi
põe dólar ladeira abaixo
Medida do banco central americano vai atrair mais capital para o Brasil e deve ter
pouca eficácia para estimular o consumo e alavancar a frágil economia dos EUA
Priscila Dadona
[email protected]
O Federal Reserve (Fed), banco
central americano, acabou
com uma expectativa de pouco
mais de três meses e anunciou
o seu esperado pacote de compras de títulos do Tesouro. Serão US$ 600 bilhões até o final
do primeiro semestre de 2011
— ou cerca de US$ 75 bilhões
por mês. O excesso de liquidez
vai trazer efeitos indesejados: a
maior depreciação do dólar e a
consequente valorização de outras moedas, principalmente
as de países emergentes, como
é o caso do real.
O objetivo é estimular o crédito ao consumidor e alavancar
a frágil economia americana. A
autoridade monetária afirmou
ainda que vai revisar regularmente o ritmo e o tamanho do
programa e ajustá-lo conforme
as necessidades, dependendo da
recuperação do país.
A medida não surpreendeu
os especialistas, que aguardavam algo em torno de US$ 500
bilhões em um prazo de seis
meses. Porém, a expectativa é
pouco otimista sobre sua eficácia. Isso porque as famílias
americanas estão endividadas,
muitas sofrem com o desemprego e com pouca disposição
para consumir. Com os bancos
“cheios” de dólares e sem ter
para quem emprestar, a tendência é esses recursos sejam
direcionados para ativos de
maior risco, porém mais atrativos. O Brasil entra nesta lista
por ter bons fundamentos
econômicos, ser uma economia com grau de investimento
e uma das maiores taxas de juros do planeta.
Desde que o presidente do
Fed, Ben Bernanke, anunciou
em um discurso no Congresso,
no final de julho, que novas
medidas poderiam ser implantadas, os mercados mundo afora tornaram-se voláteis. No
câmbio brasileiro, o dólar já
perdeu quase 5% (entre julho e
outubro) de seu valor. Ontem,
a perspectiva da atuação do BC
americano provocou nova queda de 0,35% na moeda americana, que encerrou o dia negociada a R$ 1,702.
Efeitos da medida
Roberto Almeida Prado, economista do Itaú Unibanco, acredita
Desde que o
presidente do Fed,
Ben Bernanke,
anunciou em
discurso no
Congresso, no fim
de julho, que novas
medidas poderiam
ser implantadas,
os mercados mundo
afora tornaram-se
voláteis
que a duração do programa mostra para o mercado que os juros
nos Estados Unidos vão ficar “parados” por mais tempo do que se
esperava. A taxa foi mantida ontem pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em
inglês) entre 0% e 0,25%. É o menor patamar da história, mantido
desde dezembro de 2008.
“Esse é o ambiente no qual
vamos viver nos próximos oito
meses. Vamos ver como os
bancos irão reagir”, afirma Almeida Prado.
Para o economista-chefe do
Banif, Mauro Schneider, apesar de o mercado já ter lidado
com a decisão do Fed de injetar
mais dinheiro na sua economia, a confirmação traz também incertezas. “Reforça as
perspectivas de entrada de capital estrangeiro aqui”.
Já o economista do banco
Santander, Cristiano Souza, não
acredita que essa injeção de recursos seja capaz de reverter os
números fracos da economia
americana, que registra desemprego de quase 10%. “Não vejo
um programa para impulsionar
a economia. Os consumidores
estão endividados e pouco propensos a se livrar de suas poupanças”, afirma.
INJEÇÃO DE ÂNIMO
US$
600 bi
é o quanto o Fed vai colocar
no mercado, com a compra
de títulos do Tesouro de
longo prazo, até julho de 2011.
CÂMBIO EM QUEDA
5%
foi a perda da cotação do dólar
frente ao real desde julho. Ontem
a moeda fechou valendo R$ 1,702.
BOLSA EM ALTA
71.904
pontos
foi o patamar de fechamento
da BM&FBovespa, o maior nível
desde outubro de 2008, início
da crise financeira internacional.
Alta foi de 0,48%.
Peso mundial
O economista do Banif lembrou
que o fato de a atividade americana não ir bem tem um peso
muito grande na economia
mundial. “Todas as outras devem sofrer”, garante. Almeida
Prado, do Itaú Unibanco, diz
que a dúvida levantada pelo
Fed, no comunicado, acerca da
recuperação da atividade, do
emprego e da inflação, pode
trazer ainda mais pessimismo.
Para a economia americana
deslanchar, seria preciso promover o “efeito riqueza”, fazendo com que o consumo superasse a renda. “Desse tamanho, vai ter impacto moderado
sobre os ativos”, afirma.
Impacto na bolsa
Na primeira avaliação do pacote do Fed, o principal índice da
BM&FBovespa alcançou ontem
o maior patamar de fechamento desde o final de maio de
2008, antes da crise financeira
global. Em um pregão instável,
o Ibovespa subiu 0,48% para
71.904 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,27 bilhões. ■
Ben Bernanke, presidente do
Fed: recursos para aumentar o
consumo nos Estados Unidos
Para conter real,
Mercado não descarta
novos aumentos do IOF
para tentar conter
capital estrangeiro
A decisão do Fed, de injetar
mais US$ 600 bilhões na economia, levanta a expectativa de
que o governo brasileiro possa
adotar medidas adicionais para
impedir a valorização do real.
Há, inclusive, quem aposte em
novas elevações do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)
para capital estrangeiro.
“Com a política monetária
nos EUA mais frouxa, é bem
provável que o governo possa
usar novamente o IOF”, admite
o economista do Itaú Unibanco, Roberto Almeida Prado.
Economista do Banco Santander, Cristiano Souza também
não descarta novas investidas do
Banco Central (BC) e lembrou
que, com a vitória de Dilma
Rousseff, o governo Luiz Inácio
Lula da Silva não teria problemas
em implantá-las, mesmo faltando apenas dois meses para o
final de seu mandato. “É possível, já que o novo governo deverá dar continuidade ao atual. A
própria Dilma já mostrou preo-
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 5
LEIA MAIS
Ainda que os republicanos
sejam mais liberais
em termos de comércio,
sua vitória no Congresso
dos EUA não deve afetar as
relações entre os dois países.
A maioria republicana na
Câmara torna improvável
a aprovação de leis a favor
dos biocombustíveis, mas
também dificulta a renovação de
subsídios ao etanol americano.
Antes mesmo de o novo
Congresso tomar posse,
os EUA podem se abrir à carne
suína de Santa Catarina e o
etanol brasileiro pode deixar de
sofrer sobretaxa até dezembro.
Jim Young/Reuters
Brasil pode adotar medidas adicionais
“
Só com uma postura
responsável, com
redução dos gastos
públicos, teremos um
2011 mais equilibrado
Gilberto Caetano,
professor da PUC-SP e da Faap
cupação com o câmbio”, relembra o especialista.
O professor de MBA, Ricardo Torres, da Brazilian Business School, acrescentou que
uma nova elevação no imposto
não seria impopular, já que não
tem causado transtorno para a
população mas, sim, para o
mercado financeiro. “No entanto, pode encarecer o crédito, o que seria um problema”,
adianta o professor.
Torres acredita que o IOF é
ruim para a credibilidade do
mercado brasileiro. “É mudar a
regra no meio da partida. Os in-
vestidores ficam com receio de
investir, pois tudo pode mudar
de uma hora para outra”.
Medidas eficazes
Para o professor da Brazilian
Business School, a tão aguardada reforma tributária poderia
ajudar o país a sair desta “guerra de divisas” e o câmbio deixaria de ser um problema. Segundo Torres, com esta carga
tributária as empresas, principalmente as exportadoras, ficam debilitadas. E exemplificou: reduzindo os encargos sociais em 20%, poderia haver
um ganho de 10% no preço final do produto exportado. “Isso
aumenta a lucratividade”, diz.
O professor Gilberto Caetano,
da PUC-SP e da Faap, acredita
que o real só vai deixar de se
valorizar com um ajuste fiscal,
com redução dos gastos públicos, abrindo assim espaço para
a redução nas taxas de juros.
“Tirar mais dinheiro da sociedade brasileira com aumento da
arrecadação não dá. Só com
uma postura responsável, com
redução dos gastos públicos,
teremos um 2011 mais equilibrado”, garante. ■ P.D.
PRINCIPAIS PONTOS
● Especialistas não descartam
novas investidas no câmbio,
mesmo faltando apenas
dois meses de governo Lula.
● O IOF para investimentos em
ativos de renda fixa foi elevado
para 6% no dia 18 de outubro.
● A política fiscal é uma
saída para conter a valorização
do real e impedir a “enxurrada”
de capital estrangeiro no país.
6 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
DESTAQUE ESTADOS UNIDOS EM CRISE
Simpatizantes da ultradireita
comemoram resultado das eleições
para o Congresso dos Estados Unidos
Vitória republicana não afeta o
Para especialistas, tendência é de que país não afrouxe medidas protecionistas, mesmo com domínio da oposição
Juliana Rangel
[email protected]
A vitória dos republicanos nas
eleições para a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos (EUA), equivalente à Câmara dos Deputados em Brasília,
não deverá ter efeito sobre as relações comerciais com o Brasil,
mesmo com o fato de tradicionalmente o grupo ser mais liberal e defensor do livre comércio.
Com um déficit fiscal de
8,9% do PIB em 2010 e o estrangulamento do mercado de
trabalho, com desemprego de
9,6%, o temor é que segmentos mais populistas dos chamados cinturões americanos
— seja de aço, milho ou outros
setores — prevaleçam na defesa do protecionismo.
Para o economista André
Sacconato, da Tendências, a situação comercial não mudará
com o poder maior dos republicanos: “Eles agora estão mais
focados em problemas internos
do que em ir atrás de uma potencial guerra comercial. O que
deve apertar, e isso independe
da eleição, é a pressão para a
China valorizar sua moeda”.
Em última instância, isso
pode beneficiar o Brasil. Ele
acha que o governo chinês direcionaria o excesso de produção para o mercado interno.
“Com o iuane forte, poderíamos vender mais para eles. E
nossas exportações de manu-
“
Na crise financeira
da década de
1930, os países
restringiram
seus mercados,
e o resultado foi
a pior década
de desempenho
do planeta
Ricardo Amorim,
economista
faturados ficariam mais competitivas”, avalia.
Entre os produtos negociados mais importantes para o
Brasil com os EUA estão etanol,
carne “in natura” e açúcar. Recentemente, o Brasil venceu
uma velha disputa com o país
na Organização Mundial do Comércio sobre o algodão. Ficou
acertado que os EUA fariam
concessões como um fundo de
assistência temporário para o
setor brasileiro, mas ainda não
houve desembolsos.
O diretor da Associação do
Comércio Exterior do Brasil, José
Augusto de Castro, lembra que a
“liberalização” dos republicanos
é relativa. Mesmo durante a era
Clinton o Brasil não notava um
endurecimento das negociações
com os democratas. Para ele, a
administração do presidente
Obama está tomando decisões
que em tempos normais não tomaria, ainda que democratas sejam considerados menos liberais.
“O Obama está sendo protecionista porque, com a crise,
ele está tentando criar um ambiente favorável à geração de
empregos. Temos a China do
outro lado do mundo tomando
o lugar dos EUA. Com a desorganização do dólar há a valorização de outras moedas e alguns veem isso como protecionismo”, exemplifica.
Mas, para Castro, parte da
culpa pelo fato do Brasil não ter
avançado em outros aspectos
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 7
Rick Wilking/Reuters
Com oposição, Obama é o ‘pato da vez’
Especialistas alertam para
a possibilidade das negociações
no Congresso travarem até 2014
O domínio dos republicanos na
Câmara dos Representantes pode
até não causar grandes mudanças
no comércio exterior, mas poderá
emperrar propostas do governo
Barack Obama de estímulo à
economia. E, de quebra, travar a
pauta dos próximos dois anos, até
as eleições presidenciais do país.
Para o economista Ricardo
Amorim, da Ricam Consultoria,
“
Uma política monetária
expansionista tem
consequências sobre
o enfraquecimento
do dólar e o
fortalecimento de
moedas emergentes
Monica de Bolle,
economista da Galanto
isso poderia antecipar um cenário de recessão, com repercussões negativas para o mundo.
“Os democratas perderam a
capacidade de aprovar qualquer
projeto. E os republicanos também terão maioria apertada. Eles
terão que negociar e, muito provavelmente, vamos ver um Congresso travado com pouco avanço em legislação”, prevê.
Segundo ele, os republicanos
são contra novos pacotes de estímulo à economia e se mostram
favoráveis a cortes de gastos. “Se
houver um ajuste mais significativo agora, o risco de recessão
nos EUA aumenta. Por outro
lado, se não houver, cresce a
probabilidade de que a recessão
aconteça em dois ou três anos e
que seja mais profunda”.
Para o economista, um dos
riscos de um governo enfraquecido seria a tentativa de fortalecimento do presidente Obama
via política externa. Isso porque
muitos líderes que enfrentam dificuldades domésticas optam por
criar conflitos com outros países,
como uma tentativa de se firmar
politicamente. “O candidato da
vez seria o Irã. E um conflito com
os EUA causaria elevação do preço do petróleo e grande aumento
da aversão a risco no mundo”,
avalia, sem acreditar que o cenário se consolidará.
Falta de habilidade
Brasil
tida como “mais liberal” na Câmara
cabe ao governo brasileiro.
“Foram oito anos de brigas,
sem missões comerciais do governo ao país. Lula e seus ministros foram para África, Europa e América Latina. Foi uma
opção ideológica”, diz.
Para ele, não houve substituição do mercado americano, mas
perda: “A participação dos EUA
em nossas exportações era de
25% e caiu para 10% (em 2009).
Perdemos, e a China agradece,
ocupando o espaço do Brasil”.
Reportagem da CNN Money
publicada no início da semana
mostrou que a maior prova recente do estreitamento entre republicanos e democratas sobre comércio exterior foi o apoio de 99 republicanos a uma decisão sustentada
por 249 democratas, de endurecimento nas pressões sobre a China.
Há dúvidas sobre como
membros do Tea Party, ala mais
radical da direita, lidarão com a
questão. Alguns criadores do
movimento “Americanos para a
prosperidade” apoiam o comércio livre. Mas levantamento do
Wall Street Journal e da NBC
mostrou que 61% dos que se diziam simpáticos ao grupo acreditam que o acordo prejudica os
EUA e 53% de todos os entrevistados têm a mesma visão.
“O Obama tem clareza que
comprar uma guerra comercial aberta não é interesse de
ninguém”, observa o economista Ricardo Amorim, da Ricam Consultoria. ■
ESTADO ANÊMICO
“País não seguiu receita do FMI para a AL”
Para o diretor da América
Latina da Moody’s Analytics
(braço de análises da agência
classificadora de risco), Alfredo
Coutiño, os EUA terão que
focar três diretrizes para sair
da “anemia”. São elas: pedir
para que os Bancos Centrais
parem de acumular reservas em
dólares, imprimir mais dinheiro
(com compra de títulos) e cortar
o déficit fiscal. “As três ações
levariam à depreciação do
dólar que, junto com a redução
de gastos, reduziria o déficit
em conta corrente e fiscal,
que são os principais
empecilhos à recuperação”, diz.
Mas ele não acredita que uma
vitória dos republicanos
ajudará o governo Obama
nessa missão. “Acho difícil
que um Congresso dominado
por republicanos adote essas
medidas, já que eles geralmente
são a favor de baixar tributos.
No entanto, para a saúde
da economia e para
a proteção das próximas
gerações, seria inteligente
se eles começassem a impor
ordem e disciplina fiscal
em algum momento”, avalia.
Em relatório chamado “O ajuste
incompleto”, a Moody’s Analytics,
disse ontem que os EUA não
adotaram a receita tradicional
prescrita pelo FMI para
a América Latina. E que, por isso,
não conseguem crescer. J.R.
A economista da Galanto Consultoria, Monica Baumgarten de
Bolle, diz que, com a maioria republicana, Obama ficará com
“total falta de habilidade para estimular a economia”.Para ela, o
presidente passa a contar a partir
de agora somente com o Federal
Reserve (Fed, o BC americano).
“Sobra só uma política monetária expansionista, com a compra de títulos do Tesouro, já anunciada (ontem). E isso tem consequências sobre o enfraquecimento do dólar e o fortalecimento de
moedas emergentes, que é ao que
já estamos assistindo agora”, diz.
O risco de estagnação do Congresso é grande. “Os vejo paralisando toda e qualquer iniciativa
de estímulo fiscal para se preparar para as eleições de 2012. Com
isso, o Obama ficaria como um
‘lame duck’. Ou seja, um patinho
que, sem apoio e sem sustento,
fica esperando que atirem nele”,
lamenta. Para ela, além do um
pacote de recompra de títulos, o
governo vai continuar dando declarações de que os EUA conviverão com inflação mais elevada
por mais tempo no futuro.
O presidente Obama negou
que a vitória republicana nas legislativas signifique uma rejeição
aos seus programas, mas assumiu
total responsabilidade sobre a
lentidão da reativação econômica
do país. Ele afirmou que está disposto a trabalhar juntamente
com os republicanos após seu
triunfo e reconheceu que o resultado das eleições evidencia que os
americanos se sentem profundamente frustrados. “O voto de ontem confirmou o que tenho ouvido das pessoas em todo os EUA.
As pessoas estão frustradas. Estão profundamente frustradas
com o ritmo da recuperação
econômica e com as oportunidades que esperam para seus filhos e netos”, disse.
Os republicanos tiraram pelo
menos 52 cadeiras dos democratas, mais do que as 39 que
precisavam para conquistar o
controle da Câmara. No Senado,
porém, não conseguiram maioria. ■ J.R., com agências
8 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
DESTAQUE ESTADOS UNIDOS EM CRISE
Etanol pode
ganhar com
combate ao
déficit fiscal
Embora avessos a medidas ambientais,
republicanos tendem a cortar subsídios
Luiz Silveira
Divulgação
[email protected]
O etanol e outras fontes de
energia renovável sofreram
uma derrota com a eleição de
uma maioria republicana na
Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, na última terçafeira, mas o produto brasileiro
pode até se beneficiar da nova
configuração do Legislativo.
A maioria republicana na
Câmara torna ainda mais remota a possibilidade de que seja
aprovada uma legislação nacional de redução da emissão de
gases causadores do efeito estufa, que poderia estimular os
combustíveis alternativos.
Mas o mesmo Partido Republicano calcou sua campanha
eleitoral na redução do déficit
fiscal americano, o que tende a
passar pela diminuição dos
subsídios à produção agrícola
— incluindo o etanol. “O déficit fiscal é tão preocupante
para os americanos quanto a
inflação é para os brasileiros”,
compara o representante-chefe da União da Indústria de
Cana-de-açúcar (Única) em
Washington D.C., Joel Velasco.
O custo dos subsídios ao etanol
são de cerca de US$ 6 bilhões
por ano, segundo ele.
A predisposição republicana
à redução dos subsídios poderá
esbarrar no fato de o partido
ter uma grande base ruralista,
alerta Pedro de Camargo Neto,
especialista em comércio agrícola internacional e presidente
executivo da associação brasileira das indústrias de carne
suína (Abipecs). “A bancada
agrícola é predominantemente
republicana e pode até querer o
livre comércio, mas quer subsídio”, avalia.
A redução dos subsídios para
cortar os gastos públicos, portanto, pode ser um benefício indireto da legislatura de maioria
republicana para o Brasil. Afinal, as dificuldades econômicas
dos Estados Unidos tornam
mais difícil que os parlamentares do partido exerçam sua posição histórica liberal. A grande
prova de fogo será a renovação
do Farm Bill, a legislação para o
apoio à agropecuária, em 2012.
Joel Velasco
Representante da
Unica nos EUA
“Os subsídios ao
etanol custam cerca de
US$ 6 bilhões por ano,
e a campanha republicana
foi baseada na redução
dos gastos públicos.
O déficit fiscal é tão
preocupante para os
americanos quanto a inflação
é para os brasileiros”
A maioria republicana afasta a chance de os EUA
aprovarem uma lei de controle das emissões de poluentes,
mas dificulta a manutenção dos subsídios ao etanol local
Califórnia
As eleições trouxeram ainda
uma importante vitória para o
etanol na Califórnia, onde os
eleitores rejeitaram uma proposta de suspender o programa
de metas de uso de energias
renováveis até que o desemprego caísse a níveis normais
no estado. A aprovação da medida seria um passo atrás na
adoção dos biocombustíveis
nos Estados Unidos, já que a
Califórnia é o estado mais rico
e mais comprometido com as
energias renováveis.
Na Califórnia destaca-se ainda o fato de o estado ser um dos
poucos redutos em que o Partido
Democrata conseguiu sucesso
nessas eleições. O governador
republicano Arnold Schwarzenegger será sucedido pelo exgovernador democrata Jerry
Brown. “A Califórnia equivale ao
Brasil em consumo de combustíveis, e pode chegar a comprar 6
bilhões de litros de etanol brasileiro por ano até o fim da década”, diz Velasco. ■
Decisão sobre porco
Produtos brasileiros podem ter
acesso ao mercado americano
liberado até o fim de 2010
A abertura do mercado americano para a carne suína de Santa
Catarina e o fim da sobretaxa
sobre o etanol brasileiro têm
grandes chances de ocorrer até
o fim do ano, independentemente das eleições legislativas e
para governador de anteontem.
O etanol brasileiro está correndo contra o relógio nos Estados Unidos. Os subsídios à produção americana, de US$ 0,45
por galão, e a sobretaxa de
US$ 0,54 por galão sobre o etanol importado expiram no dia
31 de dezembro e dependem de
votação do Congresso para serem renovados. “Estamos aos
30 minutos do segundo tempo,
e se a partida terminar em zero
O subsídio à produção
americana de etanol
e a sobretaxa sobre
o biocombustível
importado vencem
em 31 de dezembro,
e podem não ser
renovados pelo
Congresso atual por
falta de tempo
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 9
Jeffrey Sauger Bloomberg
FONTES RENOVÁVEIS
Energia nuclear é caminho para republicano apoiar o meio ambiente
As usinas nucleares tendem a
ganhar mais espaço nos Estados
Unidos. O Partido Republicano,
que assumirá o controle da
Câmara dos Deputados, é a favor
de promover esse tipo de energia
dentro das legislações de energia
limpa, que hoje dão mais espaço
a fontes como a eólica, a solar
e os biocombustíveis. Legislações
sobre uso de energias renováveis
para reduzir a emissão de gases
do efeito estufa e a dependência
energética americana podem
passar no Congresso se as usinas
nucleares forem inseridas no
programa, disse David Crane,
principal executivo da empresa de
eletricidade NRG Energy. No ano
passado, um projeto de controle
de emissões foi aprovado na
Câmara, de maioria democrata,
mas foi rejeitado pelo Senado.
O deputado republicano Fred
Upton, cotado para assumir
o Comitê de Energia e Comércio
da Câmara, apoia a energia
nuclear como forma de criar
empregos em seu estado, o
Michigan. O senador democrata
Tom Carper disse que as
propostas para incluir a energia
nuclear e o carvão de fontes
renováveis nos programas
de energia limpa podem ser
o caminho que permitirá um
acordo entre os dois partidos
para aprovar alguma legislação de
controle de emissões. Bloomberg
O sabor do café
da Colômbia é único.
Já voos da Avianca para
lá, são dois por dia.
Voe para a Colômbia
com quem mais conhece
a Colômbia. Voe Avianca.
e álcool sai este ano
a zero, nós somos campeões”,
diz o representante-chefe da
União da Indústria de Canade-açúcar (Unica) em Washington, D.C., Joel Velasco.
As eleições adiaram os trabalhos do Congresso, e há diversas
medidas para serem votadas no
apagar das luzes, antes que esta
legislatura termine. “Há uma janela de duas semanas de trabalho legislativo para votar muita
coisa, e se o Congresso não fizer
nada, a tarifa cai”, explica Velasco. Em seus cálculos políticos, já
existe uma chance de “quase
50%” de que o subsídio e a sobretaxa acabem.
Decisão técnica
Já no caso da carne de porco, a
decisão está na esfera técnica e
não depende diretamente de decisões políticas. Ainda assim, a
publicação acerca da abertura
do mercado americano para a
carne suína de Santa Catarina
teria sido adiada para depois das
eleições, justamente para evitar
protestos de regiões produtoras,
diz o presidente executivo da
Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de
Carne Suína (Abipecs), Pedro de
Camargo Neto. “O resultado das
eleições não chega a afetar o
processo de Santa Catarina, que
já está concluído”, diz.
A liberação havia sido prometida para setembro, adiada
para outubro e finalmente para
novembro, segundo Camargo
Neto. Santa Catarina é o estado
brasileiro com o melhor status
sanitário internacional, o que o
credencia a exportar produtos
animais para um maior número de países. ■ L.S.
A Avianca lança um novo voo para a Colômbia,
saindo de São Paulo às 2h15 e chegando a
Bogotá às 5h20. Assim, você evita os horários
de pico nas duas metrópoles e pode pegar
conexões para o Caribe, México, Estados
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10 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
OPINIÃO
José Dirceu
Adriano Pires
Advogado, ex-ministro da Casa Civil e
membro do Diretório Nacional do PT
Diretor do Centro Brasileiro
de Infraestrutura (CBIE)
Os desafios de Dilma
Superpotência energética
Após uma eleição marcada pelo abandono, por parte
do candidato José Serra, do debate político e programático e pela predominância de temas como religião e
aborto, o Brasil elegeu pela primeira vez, com 56%
dos votos, uma mulher presidente da República. Dilma Rousseff substituirá o presidente Lula com a responsabilidade de transformar o desejo das urnas em
realidade. Esse desejo se constitui numa agenda realizadora por parte da nova presidente e do novo Congresso Nacional. Os avanços conquistados pelo país no
governo Lula serão continuados com Dilma. Essa continuidade passa por realizar, enfim, as reformas política e tributária. Mas inclui ainda: priorizar a educação e a inovação tecnológica; o crescimento com distribuição de renda; a estabilidade com criação de emprego e reformas sociais; a aceleração dos PACs 1 e 2; a
entrega de 2 milhões de novas moradias com o Minha
Casa, Minha Vida e a melhoria dos serviços de saúde,
educação, transporte e segurança. Além disso, será
preciso concluir obras cruciais à infraestrutura nacional — por exemplo, as ferrovias Norte-Sul e Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco.
Dilma terá a responsabilidade de preparar o país
para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. Não é pouco: requer obras de grandes dimensões, como ampliar
e construir novos aeroportos, para atender uma demanda que já é crescente. Tal desafio se repete nos setores portuário, ferroviário e rodoviário. O PAC 2 volta-se às grandes cidades para resolver antigos problemas nas áreas de habitação, transportes, saneamento,
lazer e cultura. Ou seja, é preciso fazer da Copa e da
Olimpíada um pretexto para que as futuras gerações
tenham um Brasil de fato desenvolvido e sem miséria.
Na área econômica, os desafios já estão colocados.
É preciso que o próximo governo melhore a gestão e
as contas públicas, criando mecanismos para estimular aumento dos investimentos públicos para que
a relação investimento/PIB chegue à casa dos 22% a
25%, com atração de investimentos privados e realização de parcerias. Essa preocupação deve vir acompanhada do fortalecimento das políticas industriais
no caminho de uma produção de traço inovador e
com um novo patamar de avanço tecnológico, capazes de oxigenar nosso setor exportador.
O potencial energético do Brasil não possui paralelo em
nenhum outro país no mundo. As reservas provadas da
camada pré-sal já somam 15,5 bilhões de barris, mas
estimativas indicam um potencial entre 60 e 100 bilhões de barris de petróleo na região. As reservas de
gás natural também poderão se ampliar significativamente, pois o petróleo localizado no pré-sal possui gás
natural associado. Outro grande potencial brasileiro
está nas reservas de urânio, minério utilizado como
combustível nas usinas termonucleares. De acordo
com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o país
ocupa a sexta posição no ranking mundial de reservas
de urânio, com aproximadamente 309 mil toneladas.
O Brasil possui também um grande potencial de
energias renováveis, com grande destaque para a
energia hídrica. A Eletrobras estima que o potencial
hidroelétrico brasileiro seja de 243,6 GW, sendo que
apenas 32%, ou 78,6 GW, já foi explorado. Do potencial total remanescente de 165 GW, a região Norte possui 88,9 GW, ou 54% do total, possibilitando ao país
ampliar significativamente sua capacidade instalada
por meio de novas usinas hidroelétricas (UHEs).
Evitar prejuízos cambiais não
significa abandono ao câmbio
flutuante, mas, sim, encontrar
soluções para defender o Brasil
Urge também enfrentar a grave questão cambial,
que depende não apenas de medidas internas, algumas
já tomadas pelo atual governo, mas de articulações e
alianças internacionais. Para tanto, Dilma já tem viagem marcada com o presidente Lula para a reunião do
G20, em Seul, com o intuito de debater com as principais nações como evitar uma guerra comercial e cambial — sem que o Brasil aceite pagar uma conta que não
é nossa. Evitar prejuízos cambiais não significa abandono ao câmbio flutuante, mas, sim, encontrar soluções para defender o Brasil de moedas subvalorizadas.
Tais políticas serão complementadas com ações no setor comercial, para debelar táticas de outros países que
prejudicam as indústrias brasileiras. Como se vê, há
muito a ser feito, mas o horizonte é animador. ■
Em um mundo onde há cada vez mais
dependência energética, o potencial
brasileiro coloca o país em posição
privilegiada no cenário internacional
O aproveitamento do potencial bioenergético brasileiro teve como grande marco inicial a implantação
do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) em
1975, com o objetivo de diminuir a dependência do
mercado interno de combustíveis derivados do petróleo. Com o advento dos veículos flex fuel, em 2003, a
produção de etanol no Brasil ganhou novo impulso.
Em 2009, o Brasil produziu 25,7 bilhões de litros de
etanol carburante, sendo o segundo maior produtor
do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, cuja produção é de 41,2 bilhões de litros. O Brasil poderá se
tornar um grande exportador de etanol. O crescimento da preocupação ambiental no mundo devido à intensificação do efeito estufa, causado principalmente
pela queima de combustíveis fósseis, poderá contribuir para que o etanol se transforme em uma commodity internacional. Outro biocombustível que começa
a obter destaque no país é o biodiesel.
Por ter grande parte de seu território situado na
zona intertropical, o Brasil goza de posição privilegiada em termos de insolação, caracterizando um imenso
potencial para aproveitamento da energia solar, térmica e fotovoltaica. Outra fonte de energia renovável
que apresenta grande potencial no Brasil é a eólica. O
potencial de geração eólica brasileiro é de aproximadamente 143 GW, podendo atingir, portanto, uma geração anual de 272 TWh. Desde 2005, a capacidade
instalada de aerogeradores no Brasil vem se ampliando
a 35% ao ano, e em outubro de 2010 já soma 798 MW,
correspondendo a 0,72% da capacidade total de geração de energia elétrica do país. Até 2013, a EPE estima
que a capacidade instalada total de aerogeradores no
Brasil alcance 3.000 MW. Em um mundo onde os países estão cada vez mais dependentes uns dos outros
em relação à garantia do suprimento energético, o
enorme potencial brasileiro coloca o país em posição
privilegiada no cenário internacional. ■
CARTAS
ESSENCIS VAI RECICLAR METAIS
DE ALTO VALOR INDUSTRIAL
Parabéns pela matéria sobre resíduos sólidos.
Realmente, após a aprovação da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, deveremos ter
um cenário para novos investimentos no Brasil.
Tanto na coleta e tratamento dos resíduos,
como na ampliação do parque reciclador.
Porém, a política também dará um impulso
social enorme na categoria dos catadores.
O grande desafio será aliarmos os aspectos
econômicos com os sociais. Quando estiver
pronto, esse modelo será, com certeza, algo
para ser copiado pelos outros países emergentes.
Nós do Cempre acreditamos que estamos
no caminho certo e todos nossos associados
estão unidos em prol da consolidação da política
e dos novos cenários que ela trará ao país.
Mais uma vez, parabéns pelo belo trabalho
que você vem desenvolvendo na cobertura
da Política Nacional de Resíduos Sólidos
e do incremento da reciclagem no Brasil.
Victor Bicca Neto
Presidente do Compromisso Empresarial
para a Reciclagem (Cempre)
O PREÇO DE QUEM PAGA SEUS IMPOSTOS
EM DIA - ARTIGO DE COSTÁBILE NICOLETTA
Foi grande a minha satisfação ao ler o texto
no BRASIL ECONÔMICO do dia 28 de outubro,
menos pela gentil referência ao artigo de
minha autoria e mais pela pertinência das
colocações, que em muito contribuem para
o esclarecimento da opinião pública acerca
de tema de tão grande relevância para o país.
Parabenizo esse veículo de comunicação que,
em seu ainda pouco tempo de vida, já escreve
páginas importantes da imprensa brasileira.
André Franco Montoro Filho
Presidente executivo do Instituto Brasileiro de
Ética Concorrencial (ETCO)
VITÓRIA DE DILMA ROUSSEFF
Realmente, o período do discurso já passou.
Agora vem o principal: colocar em prática
as promessas. É agora que vamos verificar
no orçamento da nova presidente de onde ela
vai tirar tanto dinheiro para cumprir as metas.
Espero que Dilma tenha a visão de que
é mais importante gerar emprego do
que ficar sustentando as pessoas
com programas como o Bolsa Família.
Silvio Negrão Neto
Curitiba (PR)
A melhor receita para o novo governo,
ao meu ver, é dar dinheiro como o Bolsa
Família faz. Mas o que faria realmente
a diferença seria uma bolsa para a educação.
Só receberia quem realmente estivesse
frequentando as aulas e obtendo um rendimento
satisfatório durante todo o ano letivo. Os pais
só teriam direito à bolsa se fossem participantes
nas escolas, e os alunos ganhariam bônus a mais
por desempenhos melhores. Isso, acredito eu,
geraria maior interesse e aproveitamento
dos alunos, principalmente os mais carentes.
Paulo Ribeiro da Conceição
Rio de Janeiro (RJ)
A eleição da candidata da situação,
Dilma Rousseff, é um indicativo de que
a maioria dos eleitores aprova os
encaminhamentos adotados pelo governo
do qual ela fez parte nos últimos oito anos.
A oposição não conseguiu fazer críticas nem
apresentar alternativas que significassem
avanços em relação a questões econômicas
ou sociais. Mas o voto não encerra a questão
maior, que é a certeza de que o que está dando
certo vai continuar sendo aplicado ou de que
propostas de campanha sejam implementadas.
Uriel Villas Boas
Santos (SP)
Cartas para Redação - Av. das Nações Unidas, 11.633 –
8º andar – CEP 04578-901 – Brooklin – São Paulo (SP).
[email protected]
As mensagens devem conter nome completo, endereço e telefone e assinatura. Em razão de espaço ou
clareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se o direito de editar as cartas recebidas.
Mais cartas em www.brasileconomico.com.br.
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 11
Mike Blake/Reuters
Califórnia veta “yes we cannabis”
Eleitores da Califórnia rejeitaram através de votação a possibilidade
de o estado se tornar o primeiro dos Estados Unidos a legalizar
a maconha para o uso recreativo. A chamada Proposta 19 atraiu
a atenção de todo o país, pois a legalização da droga deixaria
a Califórnia em desacordo com as leis federais. O governo
do presidente Barack Obama já havia garantido que continuaria a
processar pessoas no estado por porte e cultivo de maconha. Reuters
Carl Court/AFP
ARTE SE RECUPERA DA CRISE
O quadro “La bella
romana”, de Amedeo
Modigliani, foi vendido
ontem em Nova York
por um valor que bateu
todos os recordes das
obras do artista italiano:
US$ 68,9 milhões.
A pintura, que
representa uma mulher
semi nua, havia sido
avaliada em mais de
US$ 40 milhões pela
casa de leilões Sotheby’s,
mas o valor final superou
com folga as expectativas.
O recorde anterior
para uma obra
de Modigliani era de
US$ 43,1 milhões, para
uma escultura vendida
em junho deste ano.
Os grandes leilões
recentes de arte
impressionista, moderna
e contemporânea
mostram que esse
mercado vem se
recuperando dos efeitos
da crise internacional, de
acordo com especialistas.
ENTREVISTA MARIA BEATRIZ COSTA Organizadora da feira Biofach América Latina
“O Brasil está na vanguarda socioambiental”
Para consultora do mercado de
orgânicos, nenhum país do Bric
tem estrutura do país na área
Luiz Silveira
em São Paulo. Em eventos internacionais ligados a mercados
de orgânicos e à sustentabilidade, ela afirma que o Brasil têm
se sobressaído.
[email protected]
Diretora executiva do site e consultoria Planeta Orgânico, Maria Beatriz trouxe para o Brasil
uma edição regional da feira
alemã de alimentação natural
Biofach, a Biofach América Latina. A edição deste ano começou ontem e dura até amanhã,
O Brasil está ficando para trás
na exploração do comércio
global de itens sustentáveis?
Precisei ir até Copenhague,
participar de um evento chamado Green Megafood, para
perceber que o Brasil está na
vanguarda. Há uma tendência
global no consumo dos chama-
Divulgação
“As grandes
empresas vão
precisar ter
compromissos
socioambientais,
e quem pode
oferecer isso
é o Brasil”
dos produtos de bioma, por
exemplo, que o Brasil tem aos
montes por ser muito diverso.
Na França só se fala em biodiversidade. Mas aqui já trabalhamos a sociobiodiversidade,
conceito pouco conhecido lá
fora. Não adianta dar atenção ao
lado ambiental sem cuidar do
social. Não tem efeito.
O Brasil tem, realmente,
potencial para exportar
produtos orgânicos?
Os consumidores estrangeiros
cobram o compromisso das empresas com o meio ambiente. As
grandes companhias vão precisar ter compromissos socioambientais formais, e quem pode
oferecer isso é o Brasil.
Outros países não têm
essa capacidade?
Eu não vejo nos outros países do
Bric (Rússia, Índia e China)
nada parecido com o Plano Nacional da Promoção da Sociobiodiversidade que temos aqui,
por exemplo. ■
12 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
BRASIL
Preço de commodity compensa
Estudo elaborado pela Austin Rating mostra mais ganhos que perdas financeiras entre os exportadores de
Eva Rodrigues
[email protected]
Enquanto alguns setores industriais choram e falam em desindustrialização, os exportadores
de commodities silenciam diante
da valorização contínua do real.
O que explica as diferentes reações? Enquanto a pauta total de
exportações brasileiras registrou
perdas financeiras de 0,7% entre
janeiro e setembro de 2010 ante o
mesmo período do ano passado,
os exportadores de uma cesta de
12 commodities obtiveram ganhos de 7,2% no mesmo período.
O estudo, feito pela Austin Rating a pedido do BRASIL ECONÔMICO, descontou a variação cambial
do período do preço médio por
tonelada de cada um dos produtos exportados. Entre as 12
commodities, somente suco de
laranja (-6,6%), soja (-19,6%) e
minério de alumínio (-40,8%)
tiveram perdas financeiras. As
demais commodities registraram
ganhos, com destaque para minério de ferro (42,5%) e óleo bruto de petróleo (38,5%).
Os números trazem alívio ou
inquietude a setores específicos
de exportação e deixam claro
que, no caso das commodities, o
movimento de alta nos preços
tem sim compensado largamente a insistente valorização
do real. Para o economista-chefe da Austin Rating e responsável pelo estudo, Alex Agostini, o
câmbio valorizado é menos
ruim para o Brasil do que o baixo
crescimento global. “Se o Brasil
tem um câmbio valorizado mas
o mundo — ou ao menos os nossos principais parceiros comerciais — apresenta crescimento,
pode-se ganhar pelo alto volume de exportações mesmo com
preços menores”, observa.
A soja registrou
perda financeira
de 19,6% nas
exportações entre
janeiro e setembro
de 2010, resultado
do pior dos mundos:
preços em baixa
e real em alta
Agostini também vê vantagens do câmbio valorizado
para a modernização da indústria nacional, uma vez que os
preços baixos facilitam a importação de peças e itens de
alta tecnologia — o resultado é
a maior agregação de valor aos
produtos nacionais. “Vejo menos um problema de desindustrialização e mais uma oportunidade para que o setor industrial ganhe produtividade e fique mais competitivo.”
Destaque de ganhos financeiros no estudo da Austin Rating, o minério de ferro foi dire-
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 13
Jo Yong-Hak/Reuters
OCDE prevê desaceleração do crescimento
A recuperação econômica dos 30 países mais ricos do mundo
registrou uma desaceleração maior que a prevista desde o início do ano.
Em relatório divulgado ontem na reunião do G20, a cúpula da OCDE
revisou para baixo as projeções de crescimento do grupo. Para este ano,
a expansão deve ficar entre 2,5 a 3%, já para 2011, o crescimento desses
países deve ser de, no máximo, 2,5%. Em suas projeções anteriores,
a organização previa um crescimento de 2,7% em 2010 e 2,8% em 2011.
FIA. O MBA
com a marca do
conhecimento.
A referência em escola de negócios.
Inscrições: tF I A . C O M . B R
Qilai Shen/Bloomberg
Minério de ferro: mesmo
com a valorização
cambial, altos preços
compensam as
exportações
CESTA DE COMMODITIES EXPORTADAS
Ganho financeiro descontado o impacto cambial do período
de janeiro/setembro de 2010
PRODUTOS
VARIAÇÃO % – JAN-SET/2009/JAN-SET/2010
VOLUME
FINANCEIRO
(US$)
COMMODITIES
QUANTIDADE PREÇO MÉDIO
(US$/TON.)
(KG)
GANHO OU PERDA
FINANCEIRA
7,2%
42,6%
13,9%
25,2%
AÇÚCAR
59,7%
14,9%
38,9%
CACAU
28,7%
7,0%
20,2%
2,9%
2,3%
CAFÉ
24,4%
4,0%
19,5%
ÓLEO BRUTO DE PETRÓLEO
86,8%
15,5%
61,8%
144,4%
-30,9%
69,0%
MINÉRIO DE ALUMÍNIO
91,7%
15,2%
66,4%
MINÉRIO DE MANGANÊS
159,6%
98,2%
31,0%
CELULOSE
MINÉRIO DE FERRO
19,0%
42,5%
12,1%
47,6%
1,9%
44,9%
24,0%
2,6%
-26,5%
39,6%
19,5%
ESTANHO BRUTO
-70,5%
-78,5%
37,4%
17,6%
-5,1%
1,0%
-6,1%
SUCO DE LARANJA
6,8%
-2,1%
9,1%
11,8%
15,9%
TOTAL EXPORTAÇÕES BRASIL
29,6%
VARIAÇÃO NO PERÍODO,
EM R$/US$
-19,6%
-6,6%
-0,7%
16,8%
COTAÇÃO MÉDIA NO PERÍODO,
EM R$/US$
Jan-Set/09 = 2,0794 e Jan-Set/10 = 1,7803
Fonte: MDIC – Elaboração: Austin Rating
Romero Cruz
Divulgação
J.A.Castro
Presidente da AEB
Alex Agustini
Economista-chefe
da Austin Rating
“Commodities se transformaram
em ativos financeiros, o que
traz um fator especulativo.
Mas ninguém, em sã consciência,
sabe o que vai acontecer
com os preços em 2011”
“Se o Brasil tem um câmbio
valorizado mas o mundo —
ou ao menos nosso parceiros —
cresce, pode-se ganhar pelo
alto volume de exportações,
mesmo com preços menores”
perda cambial
uma cesta de 12 produtos selecionados
tamente beneficiado pela alta
demanda chinesa. “Claramente
em função da China, houve uma
mudança de parâmetro e os reajustes de preços passaram a ser
trimestrais. E hoje, mesmo com
os preços lá em cima, e com dados oficiais de que há 500 milhões de toneladas de aço em
estoque, a China continua comprando minério — é uma estratégia no mínimo estranha essa
de fazer estoque com preços altos, mas está ocorrendo”, diz o
vice-presidente da Associação
de Comércio Exterior do Brasil
(AEB), José Augusto de Castro.
Outro produto de grande relevância na pauta exportadora, a
soja acumulou perdas financeiras
de 19,6% no período de janeiro a
setembro, resultado do pior dos
mundos para o setor: preços em
baixa e real valorizado. Mas o cenário começa a ser alterado e os
preços aumentaram 14,5% em
dólar de julho a outubro por conta
da colheita menor que o esperado
nos Estados Unidos, explica a economista da Tendências Consultoria, Amaryllis Romano. “Isso alterou um pouco os fundamentos de
mercado e a trajetória de preços se
inverteu nos últimos meses.”
Em dez meses, as importações
cresceram 43,8% e as
exportações avançaram 29,7%
38,5%
ALUMÍNIO BRUTO
SOJA
Balança tem
superávit de
US$ 1,85 bilhão
Na avaliação do vice-presidente da AEB, o Brasil colhe os
bons frutos de um cenário global positivo para as commodities desde 2001. “Talvez este
seja o maior período de crescimento mundial de preços de
commodities. Aliado ao fato de
que, num mundo absurdamente
líquido como o de hoje, as
commodities se transformaram
em ativos financeiros, o que traz
aos preços o componente especulativo”, diz Castro. “Mas ninguém, em sã consciência, pode
dizer o que vai acontecer com
esses preços em 2011.” ■
A balança comercial brasileira
registrou superávit de US$ 1,85
bilhão em outubro, ante saldo
positivo de US$ 1,32 bilhão em
igual período de 2009. No ano,
o superávit comercial acumulado é de US$ 14,63 bilhões,
uma queda de 35% em relação
ao saldo verificado no mesmo
período de 2009.
O resultado veio alinhado às
projeções do Santander, que espera um saldo de US$ 14,5 bilhões para 2010. “Nossa projeção
considera a sazonalidade desfavorável para a balança comercial
nos últimos meses do ano. Novembro deve ter um superávit
pequeno e dezembro deve registrar déficit”, diz a economista
Tatiana Pinheiro.
No mês de outubro, a economista observa um movimento
diferente da tendência vista ao
longo do ano de crescimento das
importações em ritmo maior que
o das exportações. “Tanto na
comparação com o mês anterior,
quanto na anual, as exportações
do mês tiveram um desempenho
melhor do que as importações.”
De acordo com os dados dessazonalizados pelo Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), pelo critério
da média diária, as exportações
evoluíram 4,5% e as importações
recuaram 1,1% em outubro frente a setembro. Vale notar que no
mês anterior, nessa mesma base
de comparação, as importações
tinham sido mais dinâmicas do
que as exportações (altas de
2,7% e 1,0%, respectivamente).
Tatiana Pinheiro acrescenta que
o fator preço contribuiu para as
exportações em outubro: “Os
preços de exportações registraram alta de 30,6% ante o mês de
outubro de 2009.”
De qualquer maneira, ao longo do ano o que se vê é um cenário marcado por demanda
doméstica fortemente alavancada pelo consumo das famílias,
o que resultou em crescimento
das importações bem acima das
exportações — em dez meses, as
importações cresceram 43,8% e
as importações avançaram
29,7%. “Somente a partir de
maio, com a alta do minério de
ferro e de outras commodities, é
que vimos as exportações cres-
cendo em maior ritmo”, diz a
economista do Santander.
Na abertura feita pelo Iedi, o
destaque de exportações no
mês foi do item manufaturados,
que interrompeu dois meses de
resultados baixos (queda de —
2,3% em setembro e aumento
de apenas 0,9% em agosto) e
obteve aumento de 8,3% em
outubro, sempre na comparação com o mês anterior com
ajuste sazonal. “Já do lado de
produtos básicos, a queda de
1% em outubro deve ser interpretada como uma mera acomodação após dois meses seguidos de excepcional desempenho (+8,9% em setembro e
+7,9% em agosto)”, aponta o
Instituto em relatório. ■ E.R.
No segmento
de bens de capital,
o Iedi observa
a ocorrência de
queda que levou
a valores negativos
as importações do
mês. “O recuo após
o ajuste sazonal
foi de 3,9%, mas
não consideramos
que esse percentual
indique queda
no ímpeto do
investimento”, aponta
o Iedi em relatório
14 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
BRASIL
Divulgação
VAREJO
AGRICULTURA
Alta no comércio em outubro projeta
tendência de avanço para último trimestre
Produção de laranja em SP deve render
US$ 2 bilhões à balança do agronegócio
As vendas do comércio voltaram a subir em outubro, o que confirma
a tendência de crescimento neste último trimestre, segundo a Serasa
Experian. Houve alta de 1,6% sobre setembro, que havia subido 0,3%
sobre agosto. O aumento nas vendas soma 9,9% entre janeiro e outubro.
A alta de 1,7% dos supermercados e comércio de alimentos, e o avanço
de 0,9% em móveis e eletroeletrônicos puxaram os números do mês.
O secretário da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, João de
Almeida Sampaio, calcula que a laranja deverá render US$ 2 bilhões à
balança comercial do agronegócio. A caixa de laranja, este ano, registra
valor médio de R$ 15. No ano passado, ficou abaixo de R$ 5. No entanto,
o lucro deste ano, segundo ele, não deverá superar os prejuízos dos
anos anteriores. Dos laranjais paulistas saem 85% da produção brasileira.
Dilma afasta especulações sobre
Em primeira entrevista ao lado de Lula, a presidente eleita ressalta papel do PMDB na negociação com a base
Paulo Justus
Salário mínimo
[email protected]
Dilma repetiu o que afirmou durante a campanha, que deve
manter a fórmula de reajuste do
salário mínimo, que consiste na
inflação acrescida ao crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) de dois anos antes. A presidente eleita admitiu a possibilidade de fazer uma “compensação” no próximo ano, quando a
referência para o reajuste será o
ano de 2009, em que o Brasil não
apresentou crescimento. “Num
cenário de PIB crescendo às taxas que esperamos, vamos ter
um salário mínimo em 2014 bem
acima de R$ 700.”
Em seu primeiro comunicado
conjunto com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a presidente eleita Dilma Rousseff (PT)
afastou as especulações sobre a
formação do novo ministério e
descartou pressão por parte do
PMDB por cargos. “Nunca o
PMDB chegou para mim propondo ou pedindo cargo. Até
agora estão participando sem
conflito. A liderança do meu
vice é muito importante para
garantir que haja esse enfoque”,
disse em entrevista coletiva na
manhã de ontem.
A presidente eleita passou por
vários temas estratégicos e de interesse para o país. Evitou falar
sobre o pré-sal, que ainda depende da aprovação do marco
regulatório no Congresso. “O
pré-sal está na pauta agora, terá
de ser discutido agora. Qualquer
coisa que eu fale para você estaria atravessando dois meses”,
disse. Veja a seguir o que Dilma
falou sobre seu próximo governo.
Volta da CPMF
Depois de Lula ter dito, em sua
fala inicial, que a CPMF retirou
importantes recursos da Saúde, Dilma afirmou que não
pretende trazer o tributo de
volta, mas que vê uma movimentação de governadores
para procurar mais recursos.
“Tenho muita preocupação
com a criação de imposto, preferiria que a gente tivesse outros mecanismos. Tenho visto
uma mobilização dos governadores nessa questão. Não posso
fingir que não vi”, disse.
Trem de alta velocidade
A presidente eleita classificou
como absurda a crítica ao trem
de alta velocidade (TAV), levan-
tada pela oposição durante a
campanha. “O trem-bala é
compatível com um país continental e com grande densidade
populacional no Sudeste e no
Sul como o Brasil”, afirmou.
Lula e Dilma descem a rampa interna
do Planalto para falar com jornalistas:
sem detalhes sobre o pré-sal
Relações exteriores
Dilma lamentou o caso da iraniana Sakineh, condenada ao
apedrejamento e disse que terá
uma manifestação clara que
conduza à melhoria dos direitos
humanos. Sobre o papel do Brasil com o exterior, disse que o
país está progressivamente se
tornando uma potência regional. “O diálogo continua com
todos os países do mundo. Não
temos nenhuma política de
agressão, de violência. Aqueles
que dialogarem conosco em paz
serão recebidos em paz”, disse.
Reforma agrária e MST
Dilma agradeceu
ao telefonema do
governador eleito
Geraldo Alckmin,
que a cumprimentou
pela vitória. A
presidente eleita
também agradeceu
à imprensa
A candidata disse que não pretende tratar o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) como um caso de polícia,
mas ressaltou que não vai aceitar ilegalidade. “Não compactuo com ilegalidades, nem com
invasão de prédios nem de propriedades.”
Dilma também acenou para a
oposição, agradecendo a ligação
que recebeu do governador
eleito de São Paulo, Geraldo
Alckmin, e agradeceu também
ao trabalho da imprensa durante a campanha. “Isso é o esperado de um presidente, que, ao
fim das eleições, tem de se expressar como um ponto de unidade do país”, diz, Aldo Fornazieri, diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. ■
Cargos a serem indicados por Lula sinalizam
Ministro do STF e presidentes
da Anatel e do Cade são
definições mais urgentes
Cláudia Bredarioli e
Fabiana Monte
[email protected]
Os nomes que imprenscindivelmente o presidente Lula precisará
indicar nos próximos dias para
preencher cargos de confiança já
devem começar a cumprir o papel de satisfazer os partidos que
são parte da coligação vencedora
e sinalizar o perfil da presidente
eleita Dilma Rousseff para a composição de sua equipe.
“Tem tanto cargo no Brasil
que provavelmente essa distribuição será tranquila. Essas nomeações do Lula devem estar
combinadas com a Dilma”, comenta o cientista político Rubens Figueiredo. Neste contexto,
parece não haver muito sentido
na declaração de ontem do atual
presidente de que irá assistir ao
próximo governo “da arquibancada e sem corneta”. Para Figuei-
redo, Lula já deu mostras de que
não respeita os limites institucionais e “terá dificuldades em assumir o posto de ex-presidente”.
Entre os cargos a serem definidos com urgência destacam-se
o de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), de presidente
do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) e de
presidente da Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel).
A urgência da definição do
ministro do STF — para preencher vaga que se abriu com a
Presidente vai
definir em conjunto
com a eleita os
nomes que devem
ocupar os cargos de
confiança em aberto
aposentadoria de Eros Grau, em
agosto — envolve a definição sobre o posicionamento da Corte
em relação à Lei da Ficha Limpa.
“O ideal seria o STF decidir ainda
este ano a questão da Ficha Limpa
em razão da insegurança jurídica
instaurada no país em relação a
esse tema”, diz o especialista em
direito eleitoral Péricles d’Ávila
Mendes Neto, do escritório Pinheiro Neto Advogados.
Até o fim desta semana, Lula
também vai decidir quem substituirá o atual presidente da Anatel,
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 15
Murillo Constantino
PREÇOS
EXPECTATIVA
Alimentos e habitação puxam desaceleração
de inflação semanal em sete capitais
Famílias brasileiras mantêm otimismo
com a economia nos próximos 12 meses
O IPC-S, que mede a variação de preços em sete capitais, apresentou
variação de 0,59% no fechamento de outubro, o que significa um
decréscimo de 0,07 ponto percentual em relação à taxa da semana
anterior (0,66%). os preços diminuíram em seis das sete categorias
avaliadas na última semana de outubro. Os destaques foram:
alimentação (de 1,51% para 1,38%), e habitação (de 0,29% para 0,20%).
As famílias brasileiras continuam otimistas com a economia. Segundo o
Índice de Expectativas das Famílias (IEF) de outubro, do Ipea, a proporção
dos que esperam uma melhor situação nos próximos 12 meses varia
de 55%, para quem recebe até um salário mínimo, a 64,7%, para quem
recebe entre quatro e cinco salários mínimos. Por escolaridade, a variação
fica entre 57,6% (superior incompleto) e 64,4% (médio incompleto).
formação de novo ministério
aliada e diz que o partido não a procurou pedindo cargos para o próximo governo
Ricardo Stuckert/PR
CARTAS COMEÇAM A SER POSTAS NA MESA
1
perfil da equipe
Ronaldo Sardenberg, e indicará
ainda o substituto do conselheiro
Antônio Bedran, atual vice-presidente da agência reguladora,
também em fim de mandato. O
escolhido estará entre os conselheiros da Anatel: Emília Ribeiro,
Jarbas Valente e João Rezende.
Outra opção seria a prorrogação
do mandato de Sardenberg.
“Acredito ele vai aproveitar para
ter alguém que seja afinado com
Dilma durante o processo de transição, porque questões importantes têm que ser resolvidas pela
agência no ano que vem. E o atual
presidente não tem a menor afinidade [com Dilma]”, afirma um especialista. Para outra fonte, Lula
deverá optar por um “mandato
tampão”, prorrogando a gestão de
Sardenberg à frente da Anatel até
31 de dezembro, para que a escolha
definitiva do próximo presidente
ocorra no governo Dilma.
Hoje o atual presidente Cade,
Arthur Badin, se pronuncia para
fazer um balanço de seus dois
anos de gestão. No dia 6, termina
seu mandato. ■
2
3
PSB busca espaço no
governo após eleição
Expectativa de novo
conselheiro na Anatel
Mercado quer saber
cargo de Palocci
A Comissão Executiva Nacional
do Partido Socialista Brasileiro
(PSB) realiza hoje, em Brasília,
reunião para avaliar o resultado
das eleições de 2010 e as
perspectivas da legenda para
os próximos anos. Tendo eleito
seis governadores, 35 deputados
federais e quatro senadores,
o partido já afirmou ganhar
força para disputar mais espaço
no governo federal. “Será um
importante momento para
avaliarmos todo o êxito alcançado
tanto em primeiro quanto em
segundo turno nas eleições”,
afirmou o primeiro secretário
Nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Um dos nomes que aparecem na
lista à vaga do conselho na Anatel
é o de Cezar Alvarez, chefe de
Gabinete-Adjunto de Agenda
da Presidência da República
e um dos idealizadores do Plano
Nacional de Banda Larga. Alvarez
seria indicado como conselheiro
da agência reguladora e, depois,
como presidente da Anatel.
“Pelo interesse de Cezar Alvarez
pelo setor de telecomunicações,
não seria surpresa sua indicação
para a vaga do Bedran. Se ele
for para o conselho é quase
certeza que será o presidente
[da Anatel]”, afirmou uma fonte
do setor de telecomunicações.
De olho na montagem na equipe
do próximo governo, a consultoria
MB Associados, avalia que o
nome e a definição de função
mais esperada pelo mercado
é a de Antonio Palocci. Dilma
Rousseff sinaliza preferir um
técnico na Casa Civil e Palocci
é político. Além disso, ele poderia
num eventual cargo no núcleo
do Planalto se transformar em
alvo político, mesmo tendo sido
inocentado pelo STF no caso da
violação do caseiro Francenildo
Costa. De qualquer forma, Palocci
será essencial na intermediação
política e na definição da política
econômica, segundo a MB.
16 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
BRASIL
Divulgação
LEGISLATIVO
ELEIÇÕES
Primeiro suplente de Tuma
assume cadeira no Senado
Jader Barbalho é o ficha
suja com maior arrecadação
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), empossou ontem
o primeiro suplente do senador Romeu Tuma (PTB-SP), que morreu
no último dia 26 de outubro. A vaga será ocupada por Alfredo Cotait
Neto (DEM), ex-secretário de Relações Institucionais da Prefeitura de
São Paulo. Ele ficará no cargo até 2 de fevereiro de 2011. “Espero fazer
jus à biografia daquele que a ocupou antes de mim”, disse em solenidade.
Com a candidatura barrada no Supremo Tribunal Federal,
Jader Barbalho (PMDB-PA) obteve a maior arrecadação entre
os fichas sujas mais votados nestas eleições: R$ 4 milhões. Os dados
foram divulgados ontem, na prestação final de contas dos candidatos,
pelo Tribunal Superior Eleitoral. Barbalho obteve 1,8 milhão de
votos e teria sido eleito em segundo lugar no Senado pelo Pará.
Líderes decidem adiar “janela”
que permite dança das cadeiras
Mecanismo que torna possível a vereadores, deputados e senadores mudarem de partido
a partir de 2011 depende de amplo consenso para que se modifique a Constituição
Wilson Dias/ABr
CONTRA O RELÓGIO
Congresso Nacional
volta ao trabalho
A Câmara dos Deputados
recomeçou ontem suas atividades
com baixo quórum e muito
trabalho pela frente. No pouco
tempo que resta até o recesso
de dezembro, os deputados têm
a missão de destrancar o mais
rápido possível a pauta, obstruída
por 11 medidas provisórias (MPs).
Uma das mais importantes para
o governo é a que permite aos
municípios com dívida superior
à receita líquida real que façam
novos empréstimos para obras
relacionadas à Copa de 2014 e
às Olimpíadas de 2016. Outra MP
pendente suspende impostos de
bens e serviços usados nas obras
de estádios para a Copa e institui
benefícios fiscais para obras
do programa Minha Casa, Minha
Vida. O debate mais importante
do dia ontem na Câmara
aconteceu na Comissão Mista
de Orçamento, onde se discutiu o
relatório do orçamento para 2011.
No Senado o dia foi tomado por
homenagens a Romeu Tuma.
Congresso
retomou os
trabalhos com
a missão de
“destravar”
a pauta
Pedro Venceslau
[email protected]
Até o dia 27 de março de 2007 o
Congresso Nacional brasileiro
era conhecido como um dos
mais infiéis do mundo. Naquela
data entrou em vigor a norma
do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) que proíbe deputados estaduais, federais, vereadores e
senadores de mudarem de legenda ao bel prazer das conveniências. Por 6 votos a 1, os ministros do Tribunal decidiram
que o mandato pertence ao partido e não ao eleito.
A prova de fogo da medida será
a próxima legislatura, que toma
posse em 2011. Apesar do entrave
legal, líderes da situação e até da
oposição articularam abertamente, durante a campanha presidencial, a abertura de uma “janela de transferência” para os mandatos que começam ano que vem.
“
Eu defendo a
‘janelinha’. Acho
que ela fortaleceria
o PDT, pois atrairia
muita gente que
deseja vir para
a base do governo
mas não consegue
Paulinho da Força,
deputado federal (PDT-SP)
A estratégia era construir um
consenso entre as lideranças
para modificar a Constituição e
alterar a norma em vigor. Dessa
forma, políticos de partidos que
apoiaram José Serra (PSDB) poderiam migrar para siglas da
base aliada, Aécio Neves estaria
livre para ingressar no PMDB
(como foi fortemente ventilado), Gilberto Kassab poderia
realizar o sonho de ressuscitar o
MDB e a oposição seria drasticamente desidratada.
“A janela seria possível através de uma Emenda Constitucional, o que exige quórum
qualificado. É viável, mas seria
preciso uma grande unanimidade”, afirma o deputado federal João Almeida (PSDB-BA),
líder dos tucanos na Câmara.
Os primeiros movimentos subterrâneos da Câmara, que voltou ao trabalho ontem, e os
discursos dos líderes governis-
tas mostraram um claro recuo
na disposição de alterar a lei,
pelo menos no curto prazo.
“Essa solução não será no curtíssimo prazo. Provavelmente
acontecerá no bojo da reforma
política”, informa um credenciado líder da base lulista. “Defendo a ‘janelinha’, pois fortaleceria o PDT e atrairia muita
gente que deseja vir para a base
do governo mas não consegue.
Mas acho que isso só será possível mais para a frente”, pondera o deputado Paulinho da
Força (PDT-SP).
Entre petistas circula uma
tese curiosa. A “janela” facilitaria ainda mais a vida de Dilma
Rousseff pois ampliaria sua
base de apoio e a deixaria menos dependente do instável
PMDB. Por outro lado, o ex–governador mineiro Aécio Neves
poderia fundar um novo partido ou mudar-se para o PMDB
para disputar a eleição presidencial de 2014 sem a pecha de
oposicionista. “A base do governo sempre consegue adotar
medidas casuísticas como essa.
Basta querer e mobilizar suas
bases”, pondera a deputada
Luiza Erundina (PSB-SP), contrária à janela.
Alternância
As negociações entre PT e
PMDB sobre os nomes que ocuparão as presidências da Câmara
e Senado em 2011 devem ser
congeladas até a posse da nova
legislatura. A ideia é concentrar
esforços na formação do novo
governo e evitar atritos entre as
duas maiores bancadas. Até o
momento só ficou decidido que
os partidos farão um rodízio nos
próximos quatro anos. O PSB,
que ampliou sua bancada de 34
para 41 deputados, terá papel
decisivo na disputa. ■
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 17
Este anúncio é de caráter exclusivamente informativo, não se tratando de oferta de venda de cotas.
ANÚNCIO DE ENCERRAMENTO DA DISTRIBUIÇÃO PÚBLICA DE COTAS DA PRIMEIRA EMISSÃO DO
Rio Bravo Energia I - Fundo de Investimento em Participações
CNPJ/MF n.º 12.188.161/0001-30
Administração e Gestão
Rio Bravo Investimentos Ltda.
Avenida Chedid Jafet, nº 222, Bloco B, 3º andar
São Paulo - SP
Distribuição
Rio Bravo Investimentos Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda.
Avenida Chedid Jafet, nº 222, Bloco B, 3º andar
São Paulo - SP
Assessor de Investimentos
Rio Bravo Project Finance Assessoria Empresarial Ltda.
Avenida Chedid Jafet, nº 222, Bloco B, 3º andar
São Paulo - SP
RIO BRAVO INVESTIMENTOS LTDA., sociedade limitada com sede na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Chedid Jafet, n.º 222, Bloco B, 3º andar, inscrita no CNPJ/MF
sob o n.º 03.864.607/0001-08, na qualidade de instituição administradora (“Administradora”) e RIO BRAVO INVESTIMENTOS DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS
LTDA., sociedade limitada com sede na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Chedid Jafet, n.º 222, Bloco B, 3º andar, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 72.600.026/0001-81,
responsável pela distribuição de cotas (“Oferta”), nominativas e escriturais, da primeira emissão do Rio Bravo Energia I - Fundo de Investimento em Participações (“Fundo”), que foram
objeto de distribuição pública primária exclusivamente no mercado brasileiro, em mercado de balcão não organizado, para investidores qualificados assim definidos na Instrução n.º 409,
de 18 de agosto de 2004, conforme alterada, da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”), comunicam que foram subscritas 3.000 (três mil) Cotas no âmbito da Oferta.
O Instrumento Particular de Constituição do Rio Bravo Energia I - Fundo de Investimento em Participações, firmado pela Administradora, registrado no 4º Oficial de Registro de Títulos e
Documentos da Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, em 01 de julho de 2010, sob o n.º 5116072 deliberou pela constituição do Fundo, aprovou seu regulamento (“Regulamento”)
e a sua primeira emissão de cotas (“Primeira Emissão”).
O encerramento da Oferta ocorreu em 29 de outubro de 2010. O preço unitário de emissão das Cotas no âmbito da Oferta, na respectiva data de emissão, foi de
R$ 100.000,00 (cem mil reais), tendo sido subscritas 3.000 (três mil) Cotas, perfazendo o montante total de:
R$ 300.000.000,00
(Trezentos milhões de reais)
A Oferta foi registrada na CVM em 11 de agosto de 2010, sob n.º CVM/SRE/RFP/2010/008, nos termos da Instrução CVM n.º 391, de 16 de julho de 2003, conforme alterada e da
Instrução CVM n.º 400, de 29 de dezembro de 2003, conforme alterada.
A Administradora contratou o ITAÚ UNIBANCO S.A., sediado na Praça Alfredo Egydio de Souza Aranha, 100, São Paulo - SP, CNPJ nº 60.701.190/0001-04, para a prestação dos
serviços de escrituração das Cotas.
As Cotas foram subscritas por:
Classificação dos Adquirentes das Cotas
Pessoas Físicas
Número de
Adquirentes
Qtde. de Cotas
Subscritas
Valor da
Subscrição
2
150
15.000.000,00
1
35
3.500.000,00
18
2.795
279.500.000,00
1
20
2.000.000,00
22
3.000
300.000.000,00
Clubes de Investimento
Fundos de Investimento
Entidades de Previdência Privada
Companhias Seguradoras
Investidores Estrangeiros
Instituições Intermediárias Participantes da Oferta
Instituições Financeiras ligadas ao Administrador, coordenadores da Oferta, coordenadores contratados e/ou
corretoras consorciadas
Demais Instituições Financeiras
Demais Pessoas Jurídicas ligadas ao Administrador
Demais Pessoas Jurídicas
Sócios, Administradores, Prepostos e demais Pessoas ligadas ao Administrador
TOTAL
Ao investidor é recomendada a leitura cuidadosa do Regulamento ao aplicar seus recursos no Fundo, com especial atenção às informações que tratam do objetivo e política de investimento
do Fundo, da composição da Carteira e das disposições do Regulamento que tratam sobre os fatores de risco aos quais o Fundo e, consequentemente, o investidor, estão sujeitos.
O Fundo não conta com garantia da Administradora, do gestor do Fundo e de qualquer mecanismo de seguro ou do Fundo Garantidor de Créditos - FGC.
18 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
INOVAÇÃO & SUSTENTABILIDADE
SEXTA-FEIRA
SEGUNDA-FEIRA
TECNOLOGIA
EDUCAÇÃO
Laticínio Embaré
gera biogás e
obtém eletricidade
Empresa é pioneira no setor de alimento em processo que reduz
aquecimento global, economiza energia e mantém a água limpa
Martha San Juan França
[email protected]
A Embaré, tradicional fabricante de derivados de leite e caramelos, dá o exemplo para outros laticínios de como se pode
estender o aproveitamento do
biogás, gerado em sua estação
de tratamento de efluentes,
para a produção de eletricidade. A prática está se alastrando
entre os aterros sanitários e
existem iniciativas também entre as granjas, que aproveitam a
matéria orgânica proveniente
dos dejetos de suínos, de aves
ou do gado, para gerar gás. Mas
ainda é uma novidade na indústria de alimentação.
Localizada em Lagoa da Prata (MG), a empresa já tinha sido
pioneira há 14 anos ao instalar
uma Estação de Tratamento de
Efluentes (ETE) para cuidar da
água utilizada na fabricação
dos derivados de leite antes de
retornar ao meio ambiente. Na
época, os resíduos, entre eles a
gordura que provoca a proliferação de microorganismos que
consomem o oxigênio da água,
passaram a ser submetidos a
tratamento biológico em células de areação e lagos de estabilização antes de serem devolvidos aos mananciais.
Estação de
tratamento que
custou R$ 5,5 milhões
ganhou um centro
de educação
ambiental para que
comunidade e escolas
possam aprender
a transformar
metano em energia
Novos investimentos
Com o aumento de 60% da capacidade instalada, previsto
para os próximos anos, foram
necessários novos investimentos na modernização e ampliação da estação de tratamento.
“Pensamos então em resolver
também o problema do mau
cheiro que exalava do metano,
Benefício dos créditos de carbono
O setor de tratamento de lixo
saiu na frente e foi um dos
primeiros a usar o metano
para produção de eletricidade e
a garantir créditos de carbono
por meio do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL),
no âmbito do Protocolo de Kyoto,
que contribuem para a redução
do aquecimento global. Em
seguida, vieram as granjas que
investem em biodigestores para
iluminação, aquecimento e
para a movimentação de
geradores de suas propriedades.
No oeste do Paraná, por exemplo,
um projeto em parceria entre
o governo do estado e a
hidrelétrica de Itaipu prevê o
transporte de biogás para um
gasoduto e uma microcentral
termelétrica. O projeto da
Embaré recém-inaugurado foi o
primeiro MDL na América do Sul
a pleitear o selo da Gold Standard
Foundation, por reunir geração de
energia renovável com inegáveis
benefícios à comunidade. M.F.
um dos subprodutos da decomposição da matéria orgânica,
que incomodava a comunidade
do entorno”, diz o diretor industrial da Embaré, Hamilton
Antunes. A empresa contatou a
MundusCarbo, parceira da Key
Associados, especializada em
projetos de sustentabilidade,
para o aproveitamento do gás.
“Transformar o metano em
energia é um do melhores projetos destinados a conter o
aquecimento global”, afirma
João Mendes, consultor da Key.
Ele explica que isso ocorre porque o metano, como o dióxido
de carbono, é um dos gases do
efeito estufa e responde por
parte das emissões brasileiras
que contribuem para as mudanças climáticas.
Com a orientação da consultoria, a Embaré acrescentou à
estação de tratamento um novo
sistema de captura e queima de
3 milhões de litros de metano,
que serão gerados diariamente.
Pelo processo, os efluentes são
bombeados até o tratamento,
fora da zona urbana, por uma
tubulação de 2,5 quilômetros de
extensão. É feita a separação física de sólidos e de gordura e o
material resultante passa por
lagoas cobertas de material
plástico, onde é feita a decomposição anaeróbia (obtida por
bactérias que sobrevivem na
ausência de oxigênio).
O metano ou biogás resultante é captado e conduzido à
unidade de cogeração de energia
elétrica. Mais de R$ 5 milhões
foram gastos para a modernização e ampliação da estação de
tratamento. Ao todo, são gerados 100 kWh de energia, resultando numa economia de aproximadamente R$ 15 mil por mês.
A Embaré pretende investir em
mais um gerador para produzir
energia suficiente para tornar
auto-suficiente o seu clube de
funcionários sediado nas vizinhanças. Todo funcionamento
da estação poderá ser visto com
a abertura de um Centro de Educação Ambiental. Aberto a estudantes, ensina como tratar água
poluída e como transformar gás
metano em energia. “Pretendemos dar um exemplo às prefeituras e empresas da região que
podem fazer o mesmo em seus
aterros”, diz Antunes. ■
POTENCIAL
ENERGIA
12 bi kWh
100 kWh
Cálculo de quanto o país pode
gerar de energia por biogás
anualmente, considerando
todas as fontes em potencial.
é a quantidade de energia obtida
com o sistema de cogeração
da Embaré. Equivale a uma
economia de R$ 15 mil por mês.
CARBONO
TRATAMENTO
71,3
mi
de toneladas de carbono
3
mi de litros
de metano podem ser
equivalente que deixariam de ser
lançados na atmosfera por ano com
a geração desse tipo de energia.
capturados nas lagoas
da estação de tratamento
de efluentes da Embaré.
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 19
TERÇA-FEIRA
QUARTA-FEIRA
EMPREENDEDORISMO
GESTÃO
Divulgação
Estação de Lagoa da Prata da
Embaré: lagoas aeróbias cobertas
incham com o metano armazenado
LUCIANO
MARTINS COSTA
Jornalista e escritor, consultor
em estratégia e sustentabilidade
Projetos de energia
versus retorno financeiro
EXPERIÊNCIAS SE ESPALHAM PELO PAÍS
1
2
3
Cemig comercializa
biogás de aterro
Usina do Rio é
pioneira no projeto
Programa agrega
pequena propriedade
A Companhia Energética de Minas
Gerais (Cemig) deve comercializar
a partir de 2011 a energia
gerada do biogás, produzido
no aterro sanitário da BR-040,
desativado em 2007. O contrato
de compra foi assinado com
o Consórcio Horizonte Asja.
A usina Nova Gerar, no aterro
sanitário de Nova Iguaçu (RJ),
foi a primeira a usar o metano
como combustível para produção
de eletricidade e requerer
créditos de carbono. Em São
Paulo, um projeto semelhante foi
criado no Aterro Bandeirantes.
A Sadia criou em 2005 um
programa de geração de energia
de biogás que pode agregar
granjas que sigam as mesmas
diretrizes, sem que seja
necessário passar pelo trâmite
burocrático de obtenção de
créditos de carbono pela ONU.
Os debates sobre a questão da energia ainda estão presos
aos temas da geração e distribuição em larga escala. Observado do ponto de vista mais abrangente, o tema remete a iniciativas que contemplam os grandes consumidores, como as cidades maiores e os complexos industriais. Num país com as características do Brasil, onde
boa parte dos mais de 190 milhões de habitantes se distribui pelas regiões litorâneas, a tendência das políticas
de energia é também concentrar a oferta desse e de outros itens de infraestrutura nessa faixa do território.
Essa distribuição demográfica tem levado os gestores
públicos e investidores privados a privilegiar as grandes
concentrações, onde supostamente se encontram os melhores mercados e maiores facilidades para a entrega do
serviço. No entanto, o rápido crescimento econômico
dos últimos anos, que também se verifica nas zonas de
menor densidade populacional, como as regiões em torno dos grandes negócios agroindustriais, tem exigido a
interiorização da oferta de energia.
Restam desassistidos, porém, os habitantes das regiões
menos densas com grande vulnerabilidade ambiental,
onde não se pode recomendar atividade agrícola ou pastoril extensiva nem cabem plantas industriais. Nesses
rincões, a necessidade de energia esbarra no desequilíbrio entre procura e retorno financeiro: a poudemanda, encarece a
Comprova-se como ca
oferta da energia protais iniciativas
duzida e transmitida
pelas grandes redes e o
reduzem riscos e o
retorno desaconefeito que produzem baixo
selha investimentos na
na comunidade
produção local.
Para comunidades
e nos públicos de
com essas características
interesse em termos é que surgiram muitos
de educação para
projetos de desenvolvimento sustentável que
a sustentabilidade
carregam soluções inovadoras, muitas vezes
embasadas no conhecimento tradicional. O uso de metano produzido em depósitos
de resíduos orgânicos, por exemplo. Ou a produção de energia, a partir do mesmo princípio, da queima de gás residual.
Mas nem tudo é solução emergencial. Também são registrados os projetos de produção de energia a partir de
fontes alternativas surgidos do puro desejo de fazer a
coisa certa. É necessário, para isso, ter mais do que a
convicção em favor da sustentabilidade. É preciso desenvolver as tecnologias adequadas até seu extremo,
porque o resultado de processos inovadores precisa ser
inequívoco e demonstrado permanentemente.
No caso de empreendedores que decidem transformar
seus negócios em modelos de sustentabilidade a partir da
convicção de que o mais correto também pode ser o mais
rentável, o que se demonstra é que o conhecimento se
associou à consciência ambiental e a uma noção de negócio realista e de longo prazo. São ainda casos isolados,
se comparados ao modelo de negócio predominante,
embora cada vez mais numerosos, e na maioria das vezes
funcionando discretamente.
Quando se analisa uma empresa como a Embaré, no
texto ao lado, pode-se facilmente imaginar o nível de satisfação que oferece ao empreendedor, seus colaboradores e clientes um negócio no qual o gás residual se transforma em fonte de energia, formando uma espiral de resultados compartilhados. Mas também se pode comprovar como tais iniciativas reduzem ou eliminam riscos e o
efeito que produzem na comunidade e nos públicos de
interesse do empreendimento em termos de educação
para a sustentabilidade. ■
20 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
ENCONTRO DE CONTAS
LURDETE ERTEL
Fotos: divulgação
Abrindo
terreno
O governo do Ceará
engatou um mutirão
de desapropriações
para preparar o terreno
de dois dos maiores
empreendimentos
planejados no país.
Depois de vários
adiamentos, deve ser
concluída até dezembro
a liberação dos terrenos
da área destinada a
receber a refinaria
Premium II, da Petrobras.
Segundo o governo
cearense, já foram
desapropriados 95% dos
terrenos da área
escolhida em Pecém para
a construção do complexo
de US$ 11 bilhões. No total,
deverão ser pagos R$ 6
milhões em indenizações.
Em outra frente,
o Palácio de Iracema
negocia a liberação de
terras no traçado da
Transnordestina, que terá
527 quilômetros no
Estado. Até agora, menos
de 40% das áreas já
foram desapropriadas.
Beleza autêntica
Uma península na distante costa do
Canadá faturou o título de costa
mais bela do mundo, em eleição da
revista National Geographic Traveler.
Segundo a publicação, o litoral mais
esplendoroso do planeta fica em Avalon
(foto), uma grande península de 10 mil
quilômetros quadrados localizada a sudeste
da ilha de Terra Nova, no Oceano
Atlântico.A escolha foi feita por 340 peritos
em turismo, que examinaram 99
localidades e regiões ao redor do mundo.
O principal critério foi autenticidade.
Segundo a National Geographic, Avalon se
sobressaiu por conta da “integridade das
rotas costeiras, das aldeias de pesca
coloridas e do desenvolvimento turístico
que preservou o caráter original da região”.
Em segundo lugar, atrás de Avalon, está a
costa de Pembrokeshire, no País de Gales.
Em terceiro, Tutukaka, na Nova Zelândia.
Entre as primeira colocações aparece ainda
a região de Cinque Terre, na Ligúria (Itália).
A região integra a chamada Riviera Italiana.
Philippe Marcou/AFP
Foguetório
Mudança nos bastidores do mais
famoso réveillon do Brasil.
A festa deste ano em Copacabana,
no Rio, terá novo organizador: a função
será da empresa carioca SRCom.
A próxima edição do evento, que
costuma atrair 2 milhões de pessoas,
terá como tema a Década de Ouro –
uma alusão às grandes competições
que o Rio vai sediar nos próximos anos.
Quentes
Três empresas do Brasil fizeram
bonito na lista das 30 marcas mais
quentes do planeta.
Azul, Natura e Havaianas despontaram na
primeira edição do Advertising Age Global
Report - The World’s Hottest Brands.
Doutor Getúlio
O ministro do Trabalho Carlos Lupi
inaugura hoje um busto do ex-presidente
Getúlio Vargas no Sindicato dos
Trabalhadores em TI, em São Paulo.
Confeccionada em bronze pelo escultor
Cícero D’avila, a obra é uma homenagem
aos 80 anos da Era Vargas.
Nas pegadas do pai
Já eleita empresária do ano na
Europa pelo jornal britânico
Financial Times, a espanhola
Ana Patricia Botín (foto)
volta a mostrar que pode estar
sendo preparada, sim, para
ser a sucessora do pai, o
banqueiro Emílio Botin, no
comando do grupo Santander.
Ontem, a mais velha dos seis
herdeiros do magnata espanhol
foi confirmada como presidente
da filial no Reino Unido.
Formada em colégios na Suiça,
na Inglaterra e na Áustria
e bacharel em Economia na
Universidade de Harvard,
Ana Patrícia vinha atuando
no grupo como presidente
do Banesto, controlado
pelo Santander.
A primogênita de Emílio Botin
debutou no universo bancário
nos anos 1980, quando
ingressou no Banco Morgan.
“Em torno
do terceiro ou
quarto filme,
o dinheiro
começava
a ficar sério.
Até então,
eu não tinha
a mínima ideia.
Quando me
dei conta do
quanto eu tinha,
me senti
mal, muito
incomodada”
Emma Watson, atriz de Harry
Potter, que, aos 20 anos, é dona
de uma fortuna de € 23 milhões.
Ela foi a atriz que mais faturou
no mundo em 2009.
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 21
MARCADO
Mais cuidados na terra da garoa
O Hospital Sírio-Libanês vai inaugurar nesta semana
a sua primeira unidade externa em São Paulo.
A nova Unidade Itaim vai oferecer hospital-dia, centro de
diagnósticos, ambulatórios e um novo Centro de Reprodução
Humana, que terá à frente a equipe do médico ginecologista
Maurício Abrão. O investimento no prédio de oito andares,
na Rua Joaquim Floriano, foi de R$ 35 milhões.
● A Câmara de Comércio FrançaBrasil organiza hoje, em São Paulo,
a palestra Perspectivas Econômicas
2011, ministrada por Marcelo Carvalho,
Economista-chefe do BNP Paribas
para a América Latina, e
Vladimir do Vale, estrategista-chefe
do Banco Crédit Agricole.
[email protected]
Pé na tábua
GIRO RÁPIDO
Acaba de ser aberta em Itupeva
(SP) a primeira loja outlet da
paparicada marca californiana
de tênis Vans no país.
A operação aberta no Outlet
Premium vai vender pela metade
do preço peças de coleções
passadas dos tênis da grife
mais famosa entre os skatistas.
A Vans chegou ao mercado
brasileiro em abril, com licença
concedida à 4 Branding.
Do Peru
Parada nos boxes
Hotéis de São Paulo estão
roncando de satisfação com
a ocupação garantida pelo
GP de Fórmula 1, a ser disputado
no próximo domingo em
Interlagos. Onze dos 15 principais
endereços de hospedagem
da Capital já estão lotados
para o final de semana.
A SPturis calcula que a corrida
deva atrair 140 mil visitantes.
Floração
A Le Petit Jardin, maison
de flores e objetos de decoração
do Shopping Cidade Jardim,
está dando os primeiros brotos.
Nesta semana, a butique de flores
abre a primeira filial, no Shopping
Jardim Sul. E no dia 15, a
segunda, no Pátio Higienópolis.
Uma das maiores autoridades
do mundo em pisco e
presidente da Academia
Peruana de Pisco, Johnny
Schuler, participa hoje de uma
degustação e harmonização
de piscos peruanos, promovida
pela Embaixada do Peru e
pela importadora Kapaq, na
Expo Peru 2010, em São Paulo.
Melhores amigos
Mais crédito, meu!
Os peludos vão invadir um dos principais
cartões-postais de São Paulo em 2011.
O Parque Ibirapuera receberá em abril
do próximo ano o Pet Bazzar, que terá
entre as atrações a primeira edição
brasileira do concurso internacional
‘O Cão Mais Feio do Mundo’.
Organizado pela Bullet Eventos e pela
Best Way, o evento terá lojas para
os animais, lanchonetes, palestras
e shows, que esperam atrair 10 mil
donos de mascotes em dois dias.
O segmento pet movimentou
mais de R$ 9,6 bilhões no Brasil
no ano passado e, para 2010, a previsão
é que o crescimento fique entre
3% a 4%, de acordo com a Anfalpet.
O mercado brasileiro de animais
de estimação já ocupa a segunda
posição no ranking mundial.
O PanAmericano está
inaugurando mais uma loja
na capital paulista, no bairro
da Moóca. A nova unidade
terá suporte de tecnologia
web de atendimento e vai
oferecer um leque completo
de produtos financeiros
para pessoas físicas,
incluindo crédito imobiliário.
Ampliação em massa
A Spedini Trattoria Expressa,
especializada em culinária
italiana, pretende ampliar
de 14 para 30 seu número de
unidades em 2011. São Paulo
e Brasília são os principais
alvos. O investimento inicial
para cada loja é de R$ 290 mil.
Tapumes
Brindando
Depois de quase dois anos,
foi concluída a venda de um
terreno da Universidade
Municipal de São Caetano (USCS).
A área de 40,2 mil metros
quadrados foi arrematada
por R$ 53,9 milhões pela
incorporadora Benetti, do Paraná.
Para comemorar seus dois
anos no mercado brasileiro,
a Wine fechou acordo com
a Lvmh e a Irroy para trazer
ao Brasil os champagnes
Montaudon Reserve
Premiere Brut e Irroy Brut.
O negócio está estimado
em R$ 2 milhões.
Trinca
Nome do fotógrafo/Agência
São três as inaugurações
planejadas até dezembro pelo
Grupo Santa Helena, dono
das marcas Suxxar, Cleusa
Presentes e Espaço Santa Helena.
Hoje, a empresa de homewear
corta a fita de uma loja Espaço
Santa Helena no Shopping
Iguatemi de São Paulo.
Em seguida, vem a flagship da
marca Suxxar, na Avenida Faria
Lima, também na Capital.
E em dezembro, abre a primeira
loja outlet do grupo, em Itupeva.
TACADA NA VIZINHANÇA
O Grupo Pestana, maior conglomerado
turístico de Portugal, lança hoje o projeto de
um empreendimento de luxo na Argentina.
O Pestana Buenos Aires Golf Hotel &
Residences será construído em Bella Vista, em
dobradinha com o grupo local Socma. O projeto
combina hotel, residências e campo de golfe.
Com Karen Busic
[email protected]
22 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
EMPRESAS
Iveco vai produzir
ônibus no país até 2013
Inicialmente, os veículos serão fabricados em cima de plataformas de caminhões
médios e pesados, mas a companhia já desenvolve estrutura única para a nova linha
Ana Paula Machado
[email protected]
Dentro do plano de deter até
15% das vendas de veículos
pesados no mercado brasileiro
até 2015, a Iveco Latin America já prepara a entrada no
mercado de ônibus. O presidente da empresa, Marco
Mazzu, disse que os primeiros
veículos serão produzidos na
fábrica de Sete Lagoas, em Minas Gerais, entre 2013 e 2014 e
serão montados a partir de
chassis de caminhões médios e
pesados da marca.
“Hoje, já temos uma plataforma vendida no mercado
brasileiro de microônibus.
Agora, estamos trabalhando
em duas grandes plataformas
acima desse segmento e no
primeiro momento vamos
montar a partir dos chassis
dos nossos caminhões.”
Segundo o executivo, nos
próximos investimentos da
companhia no Brasil, o orçamento deve compreender o
período entre 2011 e 2015, já
estará contemplada a produção de ônibus maiores em Sete
Lagoas.“Assim, vamos entrar
no segmento que mais cresce
no Brasil, o de ônibus médios e
pesados que podem ser usados
no transporte urbano ou rodoviário”, disse Mazzu.
A Iveco faz parte do grupo
Fiat que anunciou aportes no
país de R$ 10 bilhões. O executivo ressaltou que na estratégia da companhia para os
próximos cinco anos incluirá a
expansão da fábrica para contar com uma linha de monta-
O projeto do ônibus
da Iveco estará
no próximo ciclo
de investimentos
da empresa no Brasil,
que vai de 2011 a
2015. A companhia
não divulgou o
montante a ser
aplicado no período,
mas afirmou que
o volume será maior
que o aportado
entre 2009 e 2011,
de R$ 563 milhões
gem para ônibus médios e pesados no país.
Produção na Europa
A montadora italiana já tem
ônibus rodando nos países da
Europa e mantém produção na
Itália e França. A marca vende
no mundo cerca de 9 mil unidades por ano. No Brasil, a
Iveco só produz microônibus
que são dedicados ao transporte escolar. A empresa vendeu até setembro deste ano
465 unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A companhia completa neste ano 10 anos de operação no
Brasil, e ao final de 2010 já terá
cerca de 10% de participação
no mercado de caminhões. A
empresa concorre em todos os
segmentos desde leves aos superpesados. Segundo dados da
Anfavea, a montadora italiana
comercializou 9,78 mil unidades entre janeiro e outubro
deste ano, um crescimento de
80,9% no compartivo com o
volume vendido em 2009, que
totalizou 5,4 mil unidades.
“A meta é deter 15% do
mercado brasileiro em 2015. É
um objetivo plenamente possível, pois, as perspectivas de
crescimento do país nos darão
sustentação para isso.”
E, além de uma linha de
ônibus, Mazzu informou que o
país poderá fabricar o caminhão superpesado 8x4, que
hoje é importado da Espanha.
“Dependendo do crescimento
do mercado, há possibilidade
de se fabricar este modelo
aqui”, ressaltou o executivo. O
8X4 da Iveco é usado nas minas de exploração de minério
de ferro, em substituição aos
caminhões fora de estrada que
normalmente são operados
dentro das minas. ■
Divulgação
Ônibus da Iveco que roda na Europa. Nas fábricas
europeias, a montadora faz também a carroceira
EXPANSÃO
VENDAS
Vendas devem chegar a 30 mil unidades
20,98 mil
O mercado de ônibus no Brasil
vive um dos melhores momentos,
desde 1957, quando a indústria
automobiliística iniciou suas
operações. A previsão é que
sejam vendidos cerca de 30 mil
veículos. No ano passado, as
montadoras comercializaram
aproximadamente 23 mil
unidades. O segmento que mais
vende no país é o de ônibus
urbano, com 70% do volume.
E com a Copa do Mundo em
2014 e as Olímpiadas em 2016,
o potencial de mercado deverá
crescer muito com novos
projetos de transporte coletivo
que devem ser implantados pelas
cidades sedes. A líder do
segmento é a Mercedes-Benz
com 50% de participação,
completou em outubro 400 mil
ônibus vendidos no país, desde
que começou a produzir em 1957.
Até setembro, a montadora
alemã vendeu 12,41 mil unidades,
um volume superior 39,9% aos
8,87 mil ônibus comercializados
no ano anterior.
Outras que também concorrem
no mercado são as suecas Volvo
Latin America e Scania Latin
America, mas no segmento
de ônibus pesados é a alemã
Man Latin America a principal
concorrente da Mercedes. A.P.M.
É o volume vendido de ônibus
no mercado brasileiro de
janeiro a setembro deste ano,
segundo a Anfavea.
PRODUÇÃO
35,83
mil
É a produção de ônibus no Brasil
de janeiro a setembro deste ano.
O volume é 38,1% superior
em relação ao período anterior.
Presidente da Iveco Latin
America, Marco Mazzu:
“Vamos entrar no segmento
que mais cresce no Brasil,
o de ônibus médio e pesado”
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 23
Kevin Lee/Bloomberg
BMW lucra € 874 milhões no terceiro trimestre
Um ano antes, a montadora havia registrado lucro de € 78 milhões.
Com o resultado, a empresa elevou sua previsão para o ano. As receitas
da empresa avançaram 35,6%, para € 15,940 bilhões. O Ebit (lucro antes
de juros e impostos) avançou para € 1,192 bilhão, diante dos € 55 milhões
no mesmo período do ano passado. No trimestre, as vendas de automóveis
totalizaram 366,19 mil unidades, alta de 13%. No acumulado do ano
até setembro, as vendas cresceram 13,1%, para 1,062 milhão de veículos.
Henrique Manreza
Companhia
muda estrutura
de vendas
Foram criados três escritórios
regionais em São Paulo,
Brasília e Curitiba
A Iveco vai modificar sua estrutura de vendas no país. A
companhia, que mantinha o
controle dos pontos de venda
no escritório central, em Belo
Horizonte, vai descentralizar a
operação e criar escritórios regionais em Brasília, Sao Paulo e
em Curitiba.
O vice-presidente comercial
da montadora, Antonio Dadalti, disse que a descentralização
é necessária para aumentar a
presença da Iveco no país e assim, elevar as vendas da marca.
Segundo ele, no novo mapa de
operações da montadora a regional de São Paulo ficará responsável pelas revendas instaladas nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito
Santo, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul. Já Curitiba terá
sob seu chapéu as concessionárias do Sul do país, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do
Sul e Brasília ficará responsável
pelos outros estados.
“Essa mudança foi necessária para que a área comercial se
aproxime mais do mercado em
que ela está trabalhando. Precisamos conhecer os meandros
de cada mercado. Cada região
tem a sua característica”, disse
Dadalti. Hoje, a Iveco tem no
país 92 revendas e a expectativa é abrir mais oito até o final
do primeiro trimestre do próximo ano.
Segundo ele, o pontapé inicial para a nova estratégia foi o
lançamento do caminhão médio
Vertis, de 9 a 13 toneladas, um
veículo geralmente usado em
entregas urbanas. “Com essa
estratégia vamos conseguir ficar mais perto do varejo, que é o
grande comprador desse caminhão”, afirmou o executivo.
O Iveco Vertis foi desenvolvido internamente pela engenharia brasileira e recebeu investimentos de R$ 55 milhões. O
modelo vai concorrer num segmento que representa cerca de
20% do mercado total, com 30
mil unidades vendidas este ano.
“Desse segmento, esperamos
deter entre 8% e 10% das vendas, já no primeiro ano. É o último modelo que precisamos para
completar a nossa linha de caminhões no Brasil.”
Com o Vertis, a Iveco conseguiu integrar a base da engenharia da empresa brasileira à
rede mundial da companhia.
“Objetivo cumprido: o projeto é
local e a plataforma tecnológica
é mundial, diz Renato Mastrobuono, diretor de Desenvolvimento de Produto da Iveco Latin
America. ■ A.P.M.
Expectativa é
chegar a 110 revendas
Iveco no Brasil ao
final de 2011. Até
o primeiro trimestre
do próximo ano,
a montadora
vai abrir oito lojas,
chegando a 100
pontos de venda
24 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
EMPRESAS
Hannelore Foerster/Bloomberg
JUSTIÇA
Novo presidente da HP irá depor
em julgamento da Oracle-SAP
O novo presidente da HP, Leo Apotheker, irá depor no maior julgamento
dos últimos anos no Vale do Silício, respondendo a acusações de roubo de
software da Oracle pela SAP, empresa já comandada por ele. Larry Ellison,
atual presidente da Oracle, também será testemunha no processo. A SAP
admitiu o download indevido de software da Oracle, mas as empresas
discordam quanto ao montante que deve ser pago como indenização.
Brookfield investe R$ 35 mi
em software para expandir
Crescimento do mercado de construção leva companhia a automatizar processos
Carlos Eduardo Valim
[email protected]
A construtora Brookfield Incorporações colocou em operação
um sistema de gestão integrada
há quatro meses, um esforço
que consumiu investimentos de
R$ 35 milhões e uma equipe dedicada por cerca de nove meses
apenas para que o software fosse instalado. O projeto representa o momento do segmento
de construção, que vem ampliando fortemente seus investimentos em tecnologia.
Diversos fatores contribuíram
para as empresas da área buscarem formas de automatizar processos e organizar informações
para aprimorar a gestão e se expandir de forma estruturada.
Entre eles, estão o rápido crescimento do mercado, a abertura de
capital de empresas e uma onda
de fusões e investimentos recebidos de fundos de private
equity. No caso da abertura de
capital, existe a obrigação adicional de divulgação de resultados transparentes e precisos.
E as mudanças prometem
continuar com o horizonte de
projetos para atender a programas de incentivo à casa própria,
como o Minha Casa, Minha Vida,
e às demandas de infraestrutura
energética e de transportes, com
vistas à Copa do Mundo de 2014
e a Olimpíada de 2016.
Com tantas mudanças em tão
pouco tempo, muitos softwares
utilizados nas empresas passaram a não dar conta do crescente
volume de informações. No passado, o chefe de cada obra tinha
autonomia para cuidar de detalhes como a gestão de compras
de insumos. Com a expansão dos
negócios, esta prática tornou-se
inviável, pois não há aproveitamento de uma estratégia comum. “Hoje há construtoras
com quase 100 obras sendo realizadas simultaneamente, e muitas estão dobrando de tamanho a
cada ano. Neste ritmo, existe um
momento em que os processos se
desorganizam, então, não há
margem de lucro que resista”,
diz o associado da divisão de
consultoria da IBM Renato Viana.
A gigante de tecnologia foi a
responsável pela instalação do
“
Hoje há construtoras
com quase 100 obras
simultâneas e muitas
estão dobrando de
tamanho a cada ano
Renato Viana,
divisão de consultoria da IBM
software de gestão fornecido pela
alemã SAP na Brookfield. “Os investimentos de R$ 35 milhões devem ser amortizados em cinco
anos”, diz o diretor da unidade
Sul e interior de São Paulo da
construtora, Luiz Angelo Zanforlin. O executivo era um dos sócios
da Company, que atuava em São
Paulo e foi comprada em 2008
pelo braço imobiliário da Brascan,
formando a Brookfield. Antes, ela
ainda havia integrado a MB Engenharia, focada no Centro-Oeste.
Segundo ele, a empresa resultante não poderia continuar operando sem um novo sistema mais
complexo, após a fusão, com a
quantidade de clientes, insumos
e abrangência geográfica a que
chegou. “O nosso sistema antigo
suportava só R$ 300 milhões ao
ano. Hoje há empreendimento
que sozinho tem este valor”,
afirma Zanforlin. “A Company
faturou R$ 250 milhões em
2004. Chegamos a R$ 500 milhões em 2006. Com a fusão,
passamos para R$ 1,5 bilhão.”
Neste ano, a empresa registrou
receita líquida de R$ 1,7 bilhão
apenas no primeiro semestre.
Sofisticação
Depois de todo o esforço de revisão e definição dos processos, o
sistema foi desenhado para automatizar as práticas de cada empresa integrada. Executivos com
poder de decisão das três organizações participaram do processo. Para Zanforlin, a empresa
tem agora as bases prontas para
crescer. “Foi o mais sofisticado
projeto de implementação de
sistema de gestão do setor, aproveitando bem as experiências
anteriores”, diz Viana, da IBM.
A Brookfield decidiu adotar o
sistema de gestão ao mesmo tempo que implementava também
um módulo de software de análise de dados, conhecido como business intelligence, para que as
informações registradas pudessem ser organizadas e auxiliar a
tomada de decisão pelos executivos. “Não era tradição do setor investir em tecnologia e isso está
mudando nos últimos anos.” A
IBM participou de sete projetos do
segmento imobiliário, começando com a Cyrela, realizado em
1997 (ver reportagem ao lado). ■
EVOLUÇÃO IMOBILIÁRIA
Pioneirismo
A primeira empresa a adotar
um grande sistema de gestão
foi a Rossi, há uma década,
um exemplo que demorou
a ser seguido pelas demais.
1ª onda
A Even implementou alguns
módulos de software de gestão,
depois da metade da década, mas
projetos mais amplos começaram
com Cyrela e Gafisa, em 1997.
Maturação
Após a abertura de capital
em 1996, algumas empresas
adotaram sistemas de gestão,
como a MRV Engenharia,
PDG Realty e Rodobens
Negócios Imobiliários.
Sofisticação
A Brookfield Incorporações
começou seu projeto no
último ano, para que pudesse
incorporar as companhias
que adquiriu. Mas, com isso,
contou com a experiência
das empresas de tecnologia
nas implementações anteriores.
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 25
Robert Galbraith/Reuters
AQUISIÇÃO
HARDWARE
Dell compra empresa de
computação em nuvem Boomi
Pesquisa mostra que Apple detém
95% do mercado de tablets
Para ampliar sua capacidade de fornecer software pela internet,
a Dell anunciou a compra da empresa de serviços de computação
em nuvem Boomi. A segunda maior fabricante de PCs do mundo não
revelou os termos do acordo. A Boomi levantou US$ 4 milhões em
2008 por meio de financiamento institucional liderada pelo fundo de
investimentos FirstMark Capital. A companhia foi fundada em 2000.
A Apple encerrou o terceiro trimestre controlando 95% do mercado
mundial de computadores tablet, diz pesquisa da Strategy Analytics.
A fabricante começou a vender o tablet iPad em abril deste ano. O mercado
total cresceu de 3,5 milhões de aparelhos no segundo trimestre para
4,4 milhões nos três meses encerrados em setembro, segundo a pesquisa,
que também espera crescimento da plataforma Android nesse segmento.
Divulgação
Luiz Zanforlin, diretor da Brookfield,
espera retorno sobre o investimento
em sistemas no prazo de cinco anos
Fornecedores
animam-se
com demanda
Companhias de softwares
começam a focar neste mercado,
de olho na sua expansão
O segmento de construção movimentou mundialmente, no último ano, cerca de US$ 14 bilhões com investimentos em
tecnologia, incluindo hardware,
software e serviços. Segundo o
analista Reinaldo Roveri da empresa de pesquisas IDC, esse valor representa aproximadamente
1% dos gastos totais no mundo
com tecnologia da informação.
“No Brasil não temos esta medição. Ela é contabilizada em
conjunto com o segmento de
manufatura. Uma percepção
qualitativa, porém, é que o setor
de construção no Brasil tende a
ser mais movimentado que a
média mundial em se tratando
de TI”, afirma. “Isso se deve tanto à necessidade do setor de se
desenvolver, assim como o bom
momento atual no Brasil, com a
alta dos imóveis e as perspectivas
de investimentos em função da
Copa e Olimpíada.”
Crescimento de operações e
investimentos externos a um
setor são sinônimos de oportunidades de vendas para as empresas de tecnologia. E elas começam a se mover para criar
ofertas específicas.
A Disoft, que fornece software
de crédito e entrou na oferta de
terceirização de gestão de infraestrutura tecnológica, está estudando explorar esse mercado,
diz o principal executivo, Armando Buchina. “Não existe uma
solução completa para a cadeia,
que vai desde a empresa securitária, passando pela imobiliária”.
Quem está atuando no segmento tem conseguido bons resultados. A Astrein, que possui
software para a gestão e manutenção de grandes obras, cadastrando insumos e fornecedores,
está crescendo 37% ao ano,
“
Nos últimos cinco
anos, a construção
foi um dos pilares
do nosso crescimento,
com média de
expansão superior
a 20% ao ano
Gilsinei Hansen,
diretor de software da Totvs
desde 2006. Nos últimos meses,
fechou contratos com Odebrecht, Alusa, Galvão Engenharia, Multitek e OAS.
Segundo o diretor comercial
da Astrein, Alexandre Siqueira,
aparece um “projeto atrás do
outro”. “Agora as empresas estão fazendo de 70 a 100 obras simultâneas, e comprando material por valores entre R$ 1 bilhão
e R$ 4 bilhões por construção”,
diz. “Elas precisam ter controle,
porque 40% do faturamento por
obra é gasto em compras.”
A maior empresa nacional de
software, a Totvs, atua junto ao
segmento há 20 anos e possui 2,1
mil clientes na área. “Nos últimos cinco anos, a construção foi
um dos pilares do nosso crescimento, com média de expansão
superior a 20% ao ano”, afirma o
diretor de software, Gilsinei
Hansen. “Agregamos uma média
de 15 novos clientes deste mercado a cada mês.” Isso se explica
pelo setor ser mais retardatário
que o de manufatura, por exemplo. “Uma indústria de R$ 3 milhões de faturamento já pode ter
problemas sérios se não tiver a
cultura do sistema de gestão.
Mas é normal uma construtora
muito maior sem ter essa categoria de software.” Mas isso deve
durar pouco tempo. ■ C.E.V.
Brasilprev Seguros e Previdência S.A.
CNPJ nº 27.665.207/0001-31 - NIRE 3530013990-9
Extrato da Ata da 204ª RECA
I. Dia, Hora e Local: 24/5/10, 12h, sede da Brasilprev. II. Membros: Pres. do Conselho: Sr. Paulo Rogério Caffarelli,
Conselheiros: Srs. Larry Donald Zimpleman, Norman Raul Sorensen Valdez, Luís Eduardo Valdés Illanes, Roberto
Andrés Walker Hitschfeld, Marco Antonio da Silva Barros, Nelson Machado e Amauri Sebastião Niehues. III.
Convidados: Sr. Tarcísio José Massote de Godoy, Diretor-Presidente, Diretores: Srs. José Eduardo Vaz Guimarães,
Miguel Cícero Terra Lima, Elenelson Honorato Marques e Alejandro Elizondo Rodriguez. IV. Secretário: Sr. Rodrigo
Pecchiae. V. Pauta: 1) Substituição de Membro Suplente: renúncia do Sr. Francisco Mozó José Dias, e como
substituto, por unanimidade, Sr. Jorge José Redón Pantoja, com posse de 1 ação, correspondente a 0,0001%, do
cap. social da Cia., até a AGO/11. VI. Encerramento: Nada mais a tratar, foi lavrada a ata, aprovada e assinada pelos
presentes. JUCESP nº 380.137/10-0 em 22/10/10. Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária-Geral.
26 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
EMPRESAS
Divulgação
ARQUITETURA
ÓLEO E GÁS
São Carlos investe R$ 64 milhões em
compra e retrofit de imóvel em São Paulo
GE fecha dois contratos de venda de
equipamentos no Brasil por US$ 120 milhões
A companhia de investimentos e administração de imóveis comerciais
adquiriu o Edifício Barros Loureiro, localizado na Avenida 9 de Julho,
região nobre de São Paulo por R$ 39 milhões. O edifício, que estava
desativado havia três anos, demandará um investimentos de R$ 25
milhões em modernização. Com o negócio, chega a R$ 446 milhões
o investimento da companhia em aquisições no ano de 2010.
Os equipamentos de perfuração e controle de poços de petróleo
e gás serão fabricados nas unidades da companhia em Houston (EUA)
e em Cingapura. O primeiro contrato foi fechado com a divisão de óleo
e gás da Odebrecht, que comprou dois sistemas completos de perfuração.
O segundo, com a Daewoo Shipbuilding & Marine Engeneering,
que implantará equipamentos em embarcação da Petroserv.
Placo pretende
vender
paredes de
gesso a hotéis
Sandro Maligieri, presidente da Placo, que vai à sede da Saint-Gobain para definir
produtos do portfólio da companhia que podem se adequar ao mercado brasileiro
Fabricante de drywall investe em
produtos do portfólio da Saint-Gobain
que não são apenas de habitação
Natália Flach
[email protected]
A Placo, empresa do grupo
Saint-Gobain que há 15 anos
produz no Brasil paredes de
gesso chamadas de drywall,
vai investir R$ 35 milhões para
aumentar em mais de 50% a
capacidade produtiva da sua
fábrica, em Mogi das Cruzes
(SP). De acordo com Sandro
Maligieri, presidente da companhia, novos equipamentos
capazes de processar maior
quantidade de matéria-prima
estão sendo comprados. “Mas
não vamos descartar os antigos. Vamos guardá-los, porque
serão reutilizados daqui a um
tempo”, afirma.
As máquinas que estão operando hoje passarão a produzir
itens que ainda não fazem parte
do portfólio da fabricante no
Brasil. “Viajo no fim do mês
para a sede da Saint-Gobain, na
França. Vou dar preferência a
produtos e tecnologias que não
são voltados para a construção
de moradias ou de escritórios e
que podem se enquadrar no
perfil do mercado brasileiro.”
A ideia é diversificar a atuação e aproveitar o momento
propício para a construção civil, por conta da Copa do Mundo e da Olimpíada. “Pensamos
em um sistema que necessite
ser mais resistente, com reforço no que se refere ao isolamento acústico e resistência ao
fogo, para locais que exigem
estas características”, diz. Uma
das possibilidades são placas de
drywall para hoteis.
Atualmente, a capacidade
produtiva da unidade no interior paulista é de 14,5 milhões
de metros quadrados por ano de
O investimento
de R$ 35 milhões
vai permitir
o aumento de quase
50% da capacidade
produtiva da
fabricante, que hoje
é de 14 milhões
de metros quadrados
por ano e vai passar
a ser, no fim
do ano que vem,
de 22 milhões
de metros quadrados
chapas de gesso, e, no fim de
2011, chegará a 22 milhões de
metros quadrados por ano. Segundo o executivo, os recursos
para essa ampliação são provenientes do caixa da subsidiária
brasileira e de uma área da
Saint-Gobain responsável pelas
operações da Argentina, Brasil e
Chile. “Não temos obrigação de
fazer empréstimo com a SaintGobain. Mas preferimos deixar
tudo dentro de casa.”
Os principais investimentos
serão feitos nas áreas de calcinação — processo de aquecer
uma substância a altas temperaturas — e secagem do gesso
para a preparação do drywall.
Atualmente, a empresa compra
100 mil toneladas de matériaprima e com a expansão, as
aquisições de blocos de gesso,
vindas do Nordeste, devem aumentar de 30% a 35%, segundo Maligieri. “O aumento dos
nossos estoques não seguirá o
aumento de mais de 50% da
capacidade produtiva, mas ficará bem próximo.”
Receita
A Placo deve faturar este ano
R$ 100 milhões, e a expectativa
para 2011 é que a fabricante tenha um aumento de 10% a 15%
sobre essa receita. “Queremos
acompanhar o crescimento orgânico do mercado de drywall,
que deve crescer, no ano que
vem, de 10% a 15%”, afirma
Maligieri. Nos últimos dois anos,
a companhia comercializou 20
milhões de metros quadrados de
chapas de drywall, com distribuição concentrada nas regiões
Sul e Sudeste do país.
Além da expansão da capacidade produtiva da fábrica, a Placo vai investir na melhoria das
instalações do local. De acordo
com Maligieri, serão construídos
armazéns e restaurante e o edifício administrativo passará por
uma ampliação. “Vamos aumentar também de 50 a 60 metros quadrados a nossa fábrica
para receber o maquinário que é
de grande porte.” Serão criados
700 empregos indiretos. ■
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 27
Evandro Monteiro
ENERGIA 1
ENERGIA 2
Dinamarquesa Vestas fecha a venda de 38
turbinas para parques eólicos no Nordeste
Aneel leiloa 685 quilômetros de linhas de
transmissão e dez subestações em dezembro
Um dos projetos fica na Bahia e o outro no Rio Grande do Norte,
mas a fabricante dos equipamentos não informou o nome dos clientes.
O lote está dividido em máquinas de dois modelos, 16 delas com capacidade
de gerar 3 MW cada e as demais 1,8 MW cada. Juntas, elas irão produzir
86 MW. Os dois contratos incluem transporte, instalação e cinco anos
de manutenção. As entregas deverão começar em setembro de 2011.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou ontem que
irá licitar em 9 de dezembro os nove lotes de transmissão de energia,
com investimentos previstos da ordem de R$ 890,9 milhões. Segundo
a agência reguladora, a soma das Receitas Anuais Permitidas (RAP)
máximas dos nove lotes é de R$ 108,6 milhões. Vence o leilão a empresa
ou o consórcio que oferecer a menor RAP em cada lote licitado.
Marcela Beltrão
Prosperitas
adquire 70%
do Parque X
Gestora de fundos imobiliários
usa recursos do terceiro fundo
recém-captado de R$ 1 bilhão
RECEITA
VENDAS
R$
100 mi
é a expectativa de
Fabricante abrirá 5 unidades de venda em 2011
faturamento para 2010.
Para o ano que vem, a Placo
espera uma receita de 10% a 15%
maior, seguindo o crescimento
do mercado de drywall.
INVESTIMENTO
R$
35 mi
é quanto a Placo vai investir para
aumentar em mais de 50% a
sua capacidade produtiva no país.
Os recursos vêm do caixa da
subsidiária e da sede francesa.
A Placo possui uma estrutura
própria de vendas de chapas
de drywall e de itens relacionados
ao produto, como perfis
de metal, parafuso, cantoneira
e ferramentas, chamada
“Placocenters”. Até o fim
deste ano, serão 24 unidades
espalhadas pelo país. “Vamos
abrir um em Campo Grande,
neste mês, e outro em
Porto Velho, em dezembro”,
diz Sandro Maligieri,
presidente da fabricante.
O executivo afirma que,
no ano que vem, devem
ser abertas cinco unidades:
duas no Nordeste, uma no
interior de São Paulo, uma no
Centro-Oeste e outra no Sul.
“Os centros são feitos a partir
de uma parceria da Placo
com investidores”, afirma.
Hoje, 70% da receita da fabricante
é proveniente da venda das placas
de drywall e 30% da revenda de
materiais e ferramentas. Nessas
unidades, os consumidores
podem contratar mão de obra
e fazer orçamentos. N.F.
A gestora de fundos imobiliários
Prosperitas adquiriu 70% do
condomínio logístico Parque X,
na Via Anhanguera, que pertencia às empresas de empreendimentos imobiliários Halna, JBens
e EWP. Luciano Lewandowski,
sócio-diretor da Prosperitas, não
revela o montante investido no
agora chamado Centro Brasil Logística (CLB) Ribeirão Preto. Mas
adianta que foram usados recursos do fundo recém-captado pela
companhia, que possui R$ 1 bilhão a ser aplicado no mercado
imobiliário brasileiro.
Em uma área de quase 200 mil
metros quadrados, o investimento na operação do então Parque X foi de R$ 85 milhões, e o
aluguel dos módulos estava previsto para ser de R$ 16 por metro
quadrado. “No total, serão cinco
blocos que vão variar de 10 mil a
17 mil metros quadrados”, disse
Arnaldo Halpern, diretor da Halna, em junho deste ano.
Outros três empreendimentos, que estão em desenvolvimento pela Prosperitas, seguem
o mesmo conceito: o CLB Guarulhos, CLB Campinas e o CLB
Confins (MG). A Prosperitas estima que, até o fim de 2011, os
condomínios estarão presentes
em mais de 15 cidades brasileiras. “A ideia é que 50% deles sejam especulativos e os outros
50%, construídos sob medida”,
declara Lewandowski.
Hoje, o portfólio da gestora
está dividido igualmente em
condomínios logísticos, loteamentos, shoppings e edifícios
Condomínio
Logístico na
Via Anhanguera
pertencia a três
companhias
imobiliárias: Halna,
JBens e EWP
comerciais. “A metade do fundo
3 já está comprometida. Queremos que 25% dele seja para investimentos em CLBs”, diz.
A rentabilidade dos fundos 1
e 2, segundo o executivo, é de
20% e a expectativa é manter
essa margem. “Captamos um
novo fundo assim que comprometemos 75% dos recursos do
fundo anterior. Por isso, acredito que, em meados do ano que
vem, já vamos captar outro.”
Sobre a possível compra da
empresa de loteamentos Cipasa
pela gestora, Lewandowski
desconversa. “Temos total liberdade no terceiro fundo, inclusive, para comprar empresas.
Mas não é o caso no momento”,
afirma. “O que temos certo é
que vamos investir em três shoppings, em loteamento em São
Paulo e em parques logísticos
em Curitiba, Minas Gerais, Ribeirão Preto e Recife.” ■ N.F.
Brasilprev Seguros e Previdência S.A.
CNPJ nº 27.665.207/0001-31 - NIRE 3530013990-9
Extrato da Ata da 211ª RECA
I. Data/Hora/Local: 13/9/10, 15h, sede da Brasilprev/SP. II. Membros: Presidente do Conselho, Sr. Paulo Rogério Caffarelli, e Conselheiros: Srs. Larry
Donald Zimpleman,Norman Raul Sorensen Valdez, Luís Eduardo Valdés Illanes, Roberto Andrés Walker Hitschfeld, Marco Antonio da Silva Barros,
Amauri Sebastião Niehues e Francisco de Assis Leme Franco. III. Convidados: Srs. Miguel Cícero Terra Lima, Elenelson Honorato Marques, Alejandro
Elizondo Rodriguez e Carlos Manuel de Oliveira Madureira. IV. Secretário: Sr. Rodrigo Pecchiae. V. Pauta: 1. Substituição do Diretor-Presidente:
proposta e aceita, por unanimidade, a substituição do Sr. Tarcísio José Massote de Godoy, pelo Sr. Sérgio Ricardo Silva Rosa, que terá mandato
até a AGO/2011 para Diretor de Relações com a SUSEP. O Sr. Presidente do Conselho e os demais Conselheiros agradeceram o Sr. Tarcísio Godoy
pelos relevantes serviços prestados à Cia. 2. Remuneração de saída do Sr. Tarcísio José Massote de Godoy: O Conselho de Administração, por
unanimidade, definiu (i) pro labore variável no total de R$ 273.087,50 (férias, saldo de vencimentos, 13º, liberação dos depósitos do FGTS etc.). (ii)
que o ex-administrador deverá celebrar “Termo de Transação” com a Brasilprev, com o objetivo de extinguir deveres e responsabilidades decorrentes
da relação jurídica extinta, implicando na quitação ampla, geral e irrevogável de todo e qualquer crédito que possa ser entendido como devido, em
função do cargo exercido, para nada mais requerer a que título for e a qualquer tempo, judicial ou extrajudicialmente. 3. Responsabilidade dos
administradores segundo regulamentação SUSEP e CNSP: As responsabilidades perante cada Diretoria ficou estabelecida, por unanimidade, da
seguinte forma: Sr. Sérgio Ricardo Silva Rosa, Diretor-Presidente, como: (i) Diretor de Relações com a SUSEP. Sr. Miguel Cícero Terra Lima,
Diretor Comercial e de Marketing, como: (i) Diretor Responsável pelos Controles Internos; (ii) Diretor Responsável pelos Controles Internos
Específicos para Prevenção de Fraude. Sr. Alejandro Elizondo Rodríguez, Diretor de Planejamento e Controle, como: (i) Diretor Responsável
pelo Acompanhamento, Supervisão e Cumprimento das Normas e Procedimentos de Contabilidade; (ii) Diretor Responsável Técnico. Sr.
Elenelson Honorato Marques, Diretor Financeiro, como: (i) Diretor Responsável Administrativo e Financeiro e, Sr. Carlos Manuel de Oliveira
Madureira, Diretor de Tecnologia, como: (i) Diretor Responsável pelo Cumprimento da Lei 9.613/98; (ii) Diretor Responsável pelo prazo da
portabilidade. As nomeações dar-se-ão sob a condição de os eleitos completarem o prazo de gestão dos substituídos, com mandato até a AG/2011.
V. Encerramento: Nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente ata, aprovada, assinada por mim, Rodrigo Pecchiae, Secretário e por todos os
Conselheiros presentes. JUCESP nº 380.138/10-4 em 22/10/10. Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária-Geral.
28 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
EMPRESAS
Divulgação
ESTIMATIVA
FALÊNCIA
Faturamento de comércio eletrônico
brasileiro chega a R$ 15 bilhões
Endividamento faz estúdio americano
MGM pedir concordata
A camara-e.net – Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, espera
um forte crescimento do comércio eletrônico neste Natal, devendo
registrar um crescimento da ordem de 40% . “O faturamento das
vendas on-line do segmento do e-varejo deve superar R$ 15 bilhões
em 2010 e a previsão de crescimento para o último trimestre
é de R$ 3,3 bilhões”, prevê Manuel Matos, presidente da camara-e.net.
A Metro-Goldwyn-Mayer Studios, um dos estúdios mais famosos de
Hollywood, pediu concordata ontem, após tentar durante anos reduzir seu
endividamento. O investidor bilionário Carl Icahn disse que chegou a um
acordo com a MGM e seus credores antes do pedido de proteção contra
falência para ajudar o estúdio. Icahn também terá o direito de apontar um
diretor para o conselho da MGM quando a empresa sair da concordata.
Plano de saúde de luxo, vendido
no Brasil, ganha prestígio na Omint
Modelo nacional deve ser exportado para América Latina. Na Argentina, empresa é focada em serviço popular
Henrique Manreza
RECEITA
R$ 260 mi
foi o faturamento no primeiro
semestre, alta de 11% em relação
ao mesmo período do ano
passado. Valor é equivalente
ao da matriz, que foi de US$ 171
milhões no primeiro semestre.
PREVISÃO
R$
550 mi
é a estimativa de receita
da companhia para este ano,
um aumento de 14% em
relação a 2009. A meta é ter
100 mil clientes cadastrados
até o fim de dezembro.
TAMANHO
92
mil
clientes faziam parte do plano
da empresa no primeiro semestre
deste ano, o que representa um
crescimento de 6% ante os seis
primeiros meses do ano passado.
Juan Carlo La Roudet,
controlador da Omint,
acompanha os negócios
no Brasil com pelo menos
duas visitas ao mês
Regiane de Oliveira
[email protected]
O empresário argentino Juan Carlo Villa La Roudet, fundador do
plano de saúde Omint, desde que
decidiu investir no Brasil, há 30
anos, divide seu tempo entre o
Brasil e Argentina. “Eu moro na
Tam, quer dizer, agora na Latam”,
brinca ele, sobre a ponte aérea
Buenos Aires-São Paulo. Pelo
menos duas vezes por mês, Roudet vem ao país para acompanhar
o andamento dos negócios da
operadora voltada para o atendimento de alto padrão, com mensalidades a partir de R$ 502 para
clientes de 33 anos de planos
corporativos. O mesmo serviço
para clientes individuais sai por
R$ 999. E ele não tem se decepcionado nas últimas vindas ao país.
Os negócios acompanham o
bom momento da economia. A
empresa teve um crescimento de
Para empresário,
apenas em São
Paulo há 500 mil
potenciais clientes
das classes A e B,
o que prova vigor
do mercado nacional
11% nas vendas no Brasil no primeiro semestre, em relação ao
mesmo período do ano passado,
com um faturamento de R$ 260
milhões, quase o mesmo da matriz, a Argentina, que chegou
US$ 171 milhões (cerca de R$ 290
milhões) no período. “As duas
operações têm hoje praticamente o mesmo tamanho”, diz Roudet. A diferença: o negócio argentino é mais diversificado,
tem planos de todas as modalidades e uma extensa rede própria de atendimento, especialmente hospitais.
O número de clientes no Brasil também cresceu no primeiro
semestre, para 92 mil associados, 6% a mais que o registrado
nos seis primeiros meses de
2009. Paralelamente, o custo
com a operação médica (sinistralidade) caiu 2% no período,
para 73,3%. A Omint espera fechar o ano com receita de R$ 550
milhões, alta de 15% perante o
ano passado, e 100 mil vidas.
“A companhia dobrou de tamanho nos últimos cinco anos,
afirma André Coutinho, diretor
geral da empresa no Brasil. E um
dos fatores que ajudou a impulsionar os negócios foi a ampliação dos clientes corporativos,
que hoje respondem por 84% do
total de associados. Em 2000,
eram apenas 66%.
Este cenário é fruto, principalmente, das mudanças na legislação brasileira, com a criação da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Nenhum país encontrou uma fórmula mágica para
resolver os problemas da área de
saúde”, afirma Roudet. “No Brasil, a regulamentação foi feita depois de muito estudo, com foco na
padronização dos serviços.”
De acordo com o empresário, o
problema da legislação brasileira é
que ela cria uma “commoditiza-
ção” da oferta, não permitindo às
empresas diversificar a cobertura.
Segundo ele, isto limita a entrada
de novos clientes, mas não prejudica os negócios da Omint. “As
regras da ANS estão sempre atrás
da nossa oferta”, diz. Por isso, diz
Roudet, os clientes têm uma média de permanência de nove anos
na carteira da empresa.
A empresa não tem planos de
trazer produtos mais populares
para o Brasil, como oferece na
Argentina, mas estuda levar o
modelo de negócio nacional a
outros países da América Latina. “Ainda temos um espaço
muito grande para ocupar no
Brasil. Crescer a todo custo, sacrificando a qualidade não está
em nossos planos”, afirma Roudet. Como exemplo, o empresário conta que só em São Paulo há
500 mil potenciais clientes das
classes A e B, que podem integrar a carteira da empresa. ■
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 29
30 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
EMPRESAS
Divulgação
TELECOMUNICAÇÕES
PESQUISA
Usuários de smartphones são responsáveis
por dois terços do tráfego mundial de dados
15% dos brasileiros já terminaram um
relacionamento por mensagem de celular
Os usuários de celulares inteligentes geram dois terços do tráfego de
dados por telefonia móvel em todo o mundo, apesar de apenas 13% dos
assinantes terem aparelhos desse tipo, segundo pesquisa da consultoria
Informa Telecoms & Media. E a expectativa é que o tráfego gerado por
cada assinante com smartphone cresça 700% nos próximos cinco anos,
à medida que passem mais tempo na internet.
Uma pesquisa realizada pela Nokia em parceria com a TNS Research
indica que 15% dos brasileiros já terminaram um relacionamento
por meio de mensagem de celular. Além disso, essa ferramenta
é usada por 27% dos participantes do estudo para dar início a uma
paquera e 47% deles sentem-se mais livres para paquerar quando
estão usando alguma ferramenta tecnológica.
Cartão de crédito está entre
prioridades da Vivo para 2011
Oferecido em parceria com a Itaucard, cartão aumentou em 30% as recargas de R$ 12 para pré-pagos
Marcela Beltrão
Fabiana Monte
Maurício Romão, diretor de
produtos financeiros da
Vivo: meta é ter pelo menos
1 milhão de clientes até
dezembro do ano que vem
[email protected]
A Vivo projeta encerrar o ano
com 500 mil clientes do cartão
de crédito oferecido em parceria com a Itaucard. O produto
foi lançado em julho do ano
passado, com a expectativa de
atingir 350 mil usuários no primeiro ano. O total de assinantes está em torno de 400 mil,
diz Maurício Romão, diretor de
produtos e serviços financeiros
da operadora. O número ainda
é pequeno se comparado aos
57,7 milhões de clientes da
Vivo, mas é significativo em se
tratando de um cartão de crédito com duas marcas, afirma
Álvaro Musa, presidente da
consultoria financeira Partner
Consult. “Não é fácil colocar
500 mil cartões, quaisquer que
sejam, na mão das pessoas para
que elas usem”, afirma.
A meta para o ano que vem é
conquistar pelo menos 500 mil
novos usuários e aumentar a
rentabilidade que o novo negócio trouxe para a operadora.
“Dividimos receitas e custos
com o Itaú. Todos os controles
são do banco, mas participamos
de todas as decisões”, diz Romão. Pelos cálculos do executivo, houve um crescimento médio mensal de 30% no volume
de recargas de R$ 12 — valor mínimo para bonificação quando a
recarga é paga com o cartão.
A aposta é que o dinheiro de
plástico possa levar a uma sofisticação do uso dos serviços de
telecomunicações, graças a um
programa de fidelidade que
acumula pontos para serem trocados por celulares. “Ao trocar
de aparelho, o cliente vai adquirir um modelo mais sofisticado,
gerando impacto na receita com
o aumento do consumo de dados”, diz Romão. Além disso, o
cartão é visto como uma ferramenta que pode reduzir os níveis de inadimplência entre
clientes pós-pagos, pois é possível pagar a conta na fatura do
cartão de crédito.
“E o principal impacto é a fidelização. Quanto mais produtos o cliente tiver à sua disposição, mais tempo continuará
com o nosso serviço.”
LUCRO ATÍPICO
Venda da Vivo faz
Portugal Telecom
lucrar € 5,35 bilhões
A Portugal Telecom registrou
lucro líquido de € 5,35 bilhões,
equivalente a R$ 12,6 bilhões,
no terceiro trimestre, ante ganho
de € 116,1 milhões no mesmo
período do ano passado.
O resultado foi impulsionado
pela venda da Vivo, por
€ 7,5 bilhões, para a Telefônica.
O negócio foi fechado em julho.
A companhia informou que,
apesar do salto no lucro, as
receitas operacionais subiram
apenas 0,3%, para € 952,2
milhões, enquanto o lucro antes
de juros, impostos, depreciação
e amortização (Ebitda, na sigla
em inglês) recuou 3,8%, para
€ 381,9 milhões. A empresa ainda
informou aos órgão reguladores
portugueses que pagará um
dividendo extraordinário de
€ 1,65 por ação, em decorrência
da venda da operadora brasileira.
Além do dividendo extraordinário
— que somará mais de € 1,5 bilhão
—, a empresa vai aumentar
o dividendo ordinário, dos atuais
€ 0,57 para € 0,65. Redação com
agências internacionais
Bancarização
Cerca de 90% dos usuários do
cartão são clientes pré-pagos da
Vivo. A maioria ainda prefere
cartões nacionais, que são 67%
do total; seguidos pelos internacionais com 28% e pelos gold
e platinum, que totalizam 5%.
O dinheiro de plástico é oferecido por meio do call center da
Vivo, por mala direta e em algumas lojas, que devem fortalecer
a oferta do produto no ano que
vem. A Vivo não informa o tamanho da base de assinantes
com crédito pré-aprovado para
obter o cartão. Mas conta que a
seleção foi feita por meio de um
processo de análise que consi-
TENDÊNCIA
✽
Outras empresas têm
iniciativas semelhantes
A Tim também tem uma parceria
com a Itaucard para cartões de
crédito, que devem ser lançados
nos próximos meses. Já a Oi terá
um cartão com o Banco do Brasil
e também com uma versão
virtual, graças a acordo com a
Cielo. A meta é ter 1 milhão de
usuários por ano a partir de 2012.
dera critérios do Itaú e da operadora. “Uma das dificuldades
da concessão de crédito é desconhecer o cliente. Mas se ele é
cliente da Vivo e tem determinada média mensal de gastos,
fazemos um modelo que ajuda.
Assim conseguimos dar um limite maior do que o banco daria
sozinho”, diz Romão.
Para o executivo, dessa forma
o cartão ajuda na chamada bancarização, concedendo crédito a
camadas da população que até
recentemente estavam fora da
mira das instituições financeiras. Este, inclusive, é um dos
motivos pelos quais a região
Nordeste é a segunda em número
de portadores do cartão de crédito da operadora. A região soma
16% dos clientes, perdendo apenas para o Sudeste, com 40%.
“O público do Nordeste compra
mais o cartão porque falta crédito para ele”, diz Romão.
Na avaliação de Álvaro Musa,
a parceria entre bancos e operadoras para a oferta de cartões de
duas bandeiras é o início de um
relacionamento que vai evoluir
para o telefone móvel substituir o
tradicional dinheiro de plástico.
“O caminho do pagamento eletrônico via celular é inevitável”,
diz. Vivo e Itaucard já têm 600
mil pontos de venda aptos a receber pagamentos via celular. ■
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 31
32 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
EMPRESAS
Daniel Acker/Bloomberg
TELECOMUNICAÇÕES
SEGURANÇA
Globenet aumenta capacidade para
atender à demanda de consumidores
Receita da Mcafee cresce 8% no
trimestre e atinge US$ 523 milhões
A Globenet, subsidiária da Oi e fornecedora internacional de capacidade
submarina por atacado, vai aumentar a capacidade de sua rede em
200 Gbps, dos atuais 360 Gbps para 560 Gbps, para poder atender a
demanda dos usuários do serviço de acesso à internet em alta velocidade
e às aplicações focadas em mídia, redes sociais e outros aplicativos, o que
tem exigido mais banda do que e-mail ou simples navegação pela web.
A Mcafee, especializada em software de segurança, anunciou
receita recorde no último trimestre, de US$ 523 milhões,
aumento de 8% comparado com igual período do ano anterior.
No período, a empresa anunciou acordo definitivo de aquisição
pela Intel Corporation, indicando valor do negócio a US$ 48
por ação, à vista. O negócio foi avaliado em US$ 7,7 bilhões.
Fotos: divulgação
Mentez planeja ter
7 milhões de usuários
com novo software
Meta de conquista de usuários deve acontecer em seis
meses no Brasil, que responde por 80% da receita mundial
João Paulo Freitas
Divulgação
[email protected]
Está previsto para a próxima semana o lançamento da primeira
versão do Tô Aki, aplicativo de
localização social dedicado ao
mercado brasileiro. O produto
foi idealizado e desenvolvido
pela Mentez, empresa americana de jogos para redes sociais,
sendo o mais conhecido deles a
Colheita Feliz, sucesso entre os
usuários brasileiros do Orkut.
A iniciativa marca a entrada
definitiva da empresa no mundo
das aplicações para celular no
país, segmento que cresce em
todo o mundo. Segundo pesquisa do Gartner divulgada em janeiro, o gasto mundial em lojas
de aplicações móveis será de
US$ 6,2 bilhões este ano. O estudo estima que até 2014 a receita deste segmento subirá
para US$ 29,5 bilhões.
A expectativa é que o Tô Aki
conquiste 7 milhões de usuários
em apenas seis meses. “Teremos
uma base de informações e dados demográficos bem apurados
e segmentados para auxiliar
nossos estabelecimentos parceiros. A ideia é alcançar 85 mil
anunciantes em 12 meses”, afirma o colombiano Juan Franco,
presidente da Mentez.
Antes do Tô Aki, a Mentez
havia explorado esse mercado
de modo pontual. “Já desenvolvemos, por exemplo, um
aplicativo para BlackBerry que
permite ao usuário acessar o
Orkut. Mas o Tô Aki é nosso
primeiro sistema de grande
porte para o mercado brasileiro
de celular”, diz Franco. O projeto Tô Aki tem como parceiros
o GuiaMais, site brasileiro de
busca por empresas, produtos e
serviços, além da agência de
publicidade GNova.
Com o novo produto a Mentez visa explorar o crescente uso
das redes sociais nos celulares.
O aplicativo não será limitado
aos telefones inteligentes. Quem
Juan Franco
Presidente
da Mentez
“Com o novo jogo, teremos
uma base de informações
e dados demográficos
bem apurados e segmentados
para oferecer aos clientes.
A ideia é alcançar 85 mil
anunciantes em 12 meses”
tiver um celular comum poderá
explorar o Tô Aki por meio de
mensagens de textos.
Para usar a novidade será
necessário criar uma conta no
site do Tô Aki, cadastrar seu
número de celular e também
algumas redes sociais — entre
Orkut, Facebook e Twitter. Só
então a pessoa poderá informar
onde se encontra. O sistema do
GuiaMais localizará o ponto e as
redes cadastradas serão atualizadas com os dados do usuário.
Será possível, entre outras coisas, ler os comentários de quem
já foi ao local e convidar amigos
para um encontro.
A principal fonte de receita
da Mentez é a venda de créditos
para as cerca de 10 milhões de
pessoas que se divertem com
seus jogos semanalmente. Esse
créditos possibilitam que os
usuários comprem novos itens e
funcionalidades para os jogos.
Sociabilidade
Segundo Franco, a empresa está
mais que satisfeita com o mercado brasileiro. Prova disso é
que nos próximos dois meses a
Mentez contratará 50 profissionais para reforçar sua equipe local, hoje formada por 28 pessoas. “O Brasil é muito importante para nós. Cerca de 80% da
receita da Mentez é obtida aqui”,
afirma. “Este ano nosso faturamento no Brasil crescerá aproximadamente 500% em relação ao ano passado. E a perspectiva é que no próximo ano
avancemos mais 300%. A ideia
é que o negócio no Brasil alcance um faturamento de R$ 100
milhões em 2011.”
O executivo atribui a estimativa ao bom momento da economia do país e ao estilo dos brasileiros. “Eles adoram redes sociais
e gostam de se comunicar com os
amigos. Os brasileiros são muito
sociáveis por natureza. A combinação dessas variáveis criam
uma oportunidade muito grande
para a Mentez aqui”, afirma. ■
Sucesso no Brasil, o jogo Colheita Feliz, da Mentez, conta com
6 milhões de usuários e ainda é o principal produto da empresa
ESTIMATIVA
500%
É a expectativa de aumento do
faturamento da empresa no Brasil
este ano, com relação a 2009.
Em 2011, deve aumentar 300%.
LAZER
10
milhões
É o número de pessoas que se
divertem por semana com alguns
dos jogos para redes sociais
desenvolvidos pela Mentez.
APLICATIVOS
✽
Sistemas feitos para
os usuários finais
Aplicativos são programas
de computador que
desempenham tarefas práticas,
focadas no usuário. Ele é
diferente de outros tipos de
softwares, como os sistemas
operacionais. Podem ser jogos e
ferramentas de entretenimento.
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 33
34 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
EMPRESAS
Milton Michida/Governo do Estado de SP
TRANSPORTE
Linha 4 - Amarela do Metrô paulistano tem
quase o triplo da demanda inicial esperada
Luís Valença, diretor-presidente da ViaQuatro, concessionária do trecho,
diz que as estimativas apontavam para um fluxo de até 5 mil pessoas,
entre as estações Paulista e Faria Lima, das 9h as 15 h. Mas o movimento
médio é de 12 mil pessoas por dia. O erro, diz, se deve ao fato de as
estimativas terem sido baseadas em estudos que consideravam o fluxo
com as seis estações da primeira etapa do projeto em operação.
Jadson Marques/O Dia
Fábrica da Ambev no Rio de Janeiro:
companhia vendeu 2,03 bilhões de litros
de cerveja no país no terceiro trimestre
Ambev registra alta de 12,5% nas
vendas e se prepara para o verão
Regiões Norte e Nordeste foram destaque na comercialização de cerveja com crescimento de 25% sobre 2009
Fábio Suzuki
[email protected]
As novidades lançadas ao longo
do ano somadas à alta na renda
da população brasileira levaram a
Ambev a comercializar 2,03 bilhões de litros de cerveja no país
no terceiro trimestre, uma alta
de 12,5% em relação ao mesmo
período do ano passado. O resultado positivo é uma mostra do
consumo elevado que está previsto para a bebida no verão que
se aproxima, apontado como o
melhor de todos os tempos para a
indústria cervejeira.
Líder no segmento com cerca
de 70% do volume comercializado
no Brasil, a Ambev vem se preparando para absorver a alta na demanda esperada para os próximos
meses. Dos R$ 2 bilhões em investimentos divulgados para 2010
pela companhia para aumentar
em 15% sua capacidade de produção, a empresa já aplicou R$ 1,5
bilhão e afirma que atingirá o
montante previsto até dezembro.
“Sem esse investimento teríamos problemas. Pode até ocorrer
falta de produto por conta do volume consumido nos próximos
meses, mas será um problema
pontual que poderemos resolver
rapidamente”, afirmou Nelson
Jamel, diretor financeiro e de relações com investidores da Ambev, ontem durante a divulgação
dos resultados da companhia.
A Ambev ressalta que o aumento da capacidade produtiva
provoca também maiores esforços nas áreas de logística e
distribuição, mas os valores não
foram divulgados.
EBITDA
R$ 2,65 bi
foi o lucro antes dos juros
e impostos obtido pela Ambev
no terceiro trimestre deste ano.
EM TRÊS MESES
R$
6 bilhões
foi a receita líquida que a
companhia atingiu no terceiro
trimestre de 2010 com
crescimento orgânico de 12,6%
em relação ao ano passado.
butos sobre os produtos.
“Se permanecerem as taxas
atuais, teremos todas as condições de manter os investimentos
em produção e inovação”, diz
Jamel. A empresa diz que as
perspectivas com o governo de
Dilma Rousseff são positivas
pela “continuidade na política
macroeconômica do país”.
No início do próximo ano, a
companhia lançará no mercado
brasileiro a cerveja americana
Budweiser, que necessita de
equipamentos específicos para
sua produção. Entretanto, as
ações para a fabricação da bebida
já estão incluídas nos incrementos
industriais realizados neste ano.
No próximo ano
Latas
Já para 2011, a Ambev ainda não
definiu o montante que será
aplicado em suas unidades mas
afirma que o valor será definido
de acordo com as medidas adotadas pelo governo para os tri-
Um problema enfrentado neste
ano pela indústria de cervejas por
conta do aumento do consumo da
bebida no país foi a falta de latas
de alumínio no mercado, que
obrigou a Ambev a importar em-
balagens a partir de março deste
ano. Segundo a companhia, os
problemas devem ser solucionados a partir dos primeiros meses
do próximo ano e até lá serão utilizadas latas trazidas de fora do país.
“Devemos eliminar as importações apenas no primeiro
trimestre de 2011”, afirma o diretor da Ambev, ao citar os investimentos realizados pelos fabricantes nacionais de latas para
aumentar em 30% a capacidade
de produção no país.
Destaque nas vendas
Dentro do resultado positivo alcançado pela Ambev neste ano,
destaca-se o crescimento nas
vendas nas regiões Norte e Nordeste do país, que atingiu 25%
até setembro em comparação ao
mesmo período de 2009. Entre
os destaques, a empresa aponta
a comercialização da Brahma
Fresh, produto lançado especificamente para as duas regiões. ■
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 35
Henrique Manreza
AUTOPEÇAS
MONTADORAS
Lucro da Fras-le recua 16% com alta
de preços do aço e fica em R$ 9,8 milhões
Vendas da GM sobem no mês
com crescimento da indústria nos EUA
A receita líquida avançou 11,7% na mesma base de comparação, para
R$ 174,2 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação
e amortização) teve alta de 4,1%, para R$ 15,2 milhões. Segundo a Fras-le,
apesar do aumento das vendas, a queda no lucro refletiu a alta nos preços
do aço e mão de obra. O resultado foi sustentado pelo desempenho das
exportações, que atingiram US$ 26 milhões, avanço de 17,6% sobre 2009.
A General Motors informou ontem uma alta de 3,5% nas vendas
de outubro, ficando bem atrás de concorrentes menores em um mês
em que a expectativa era de um pico na lenta recuperação da indústria.
A GM, que deve anunciar sua abertura de capital e lançar um roadshow
para a operação nos próximos dias, afirmou que as vendas cresceram
12,8% em suas quatro principais marcas: Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC.
NOS QUATRO CANTOS DO PAÍS
FORA DO MERCADO
Investimentos da Ambev para aumentar em 15% a sua capacidade de produção este ano
Companhia retira garrafas de 630 ml da prateleira
R$ 71 milhões
R$ 144 milhões
R$ 125 milhões
para nova linha de produção
em Manaus (AM)
na duplicação da filial
Equatorial em São Luís (MA)
para unidades fabris e CDDs*
no estados da Bahia, Ceará,
Rio Grande do Norte e Sergipe
R$ 70 milhões
para ampliação da fábrica
em João Pessoa (PB)
R$ 1,5 BILHÃO
é o investimento já realizado pela
companhia este ano, dentro dos
R$ 2 bilhões que serão inseridos
até o fim de 2010
12%
é o aumento da capacidade de
produção já obtida pela Ambev
com os investimentos realizados
até o momento
R$ 260 milhões
na nova fábrica em Itapissuma (PE)
R$ 314,5 milhões
para ampliação da fábrica de Sete
Lagoas, CDD* de Uberlândia
e construção CDL em Santa Luzia (MG)
R$ 40 milhões
na reativação da cervejaria
de Petrópolis (RJ)
R$ 375 milhões
para ampliação das fábricas de Agudos,
Guarulhos, Jacareí e Jaguariúna (SP)
R$ 152 milhões
R$ 6,2 milhões
para ampliação da fábrica de Viamão (RS)
na ampliação do CDD* de Palhoça (SC)
Fonte: empresa
*Centro de Distribuição Direta
As garrafas de 630ml
comercializadas no Rio
de Janeiro e no Rio Grande
do Sul estão com seus
dias contados. Em acordo
realizado junto ao Conselho
Administrativo de Defesa
Econômica (Cade), a Ambev
se comprometeu a encerrar
as vendas do produto em
até 60 dias nos pontos
de venda do sul do país e
em no máximo 270 dias
no mercado fluminense. As
embalagens são comercializadas
pela empresa há dois anos.
O processo contra a venda
dos produtos da Ambev é
representado pela marcas
Kaiser (Grupo Heineken)
e Imperial, e também pelas
entidades Associação dos
Fabricantes de Refrigerantes
do Brasil (Afrebras) e Associação
Brasileira de Bebidas (Abrabe).
O principal motivo da ação
é que as embalagens contém
a inscrição “Ambev”, o que
impede o compartilhamento
dos vasilhames com outras
empresas pelo sistema
retornável dos produtos.
No Rio Grande do Sul,
o produto era comercializado
na marca Bohemia e no Rio
de Janeiro a marca Skol.
Em comunicado, a Ambev diz que
“entende que não existe qualquer
infração à ordem econômica”
e que optou por uma negociação
com o Cade para a retirada
das embalagens do mercado.
Já a Abrabe afirma que
“a posição do Cade merece
comemoração, pois preserva o
atual sistema de distribuição de
cervejas, baseado no intercâmbio
de vasilhames retornáveis”. F.S.
36 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
CRIATIVIDADE
RUY BARATA NETO
Shell investe R$ 15 mi na Fórmula 1
Companhia prepara terreno para a exportação do combustível à base de etanol
Murillo Constantino
A subsidiária nacional da Shell
aproveita a exposição internacional do Grande Prêmio do
Brasil de Fórmula 1, que ocorre
no próximo fim de semana, em
São Paulo, para promover seu
combustível à base de etanol:
o V-Power etanol. O produto
é central nas ações de marketing associadas ao evento —
que este ano estão orçadas em
R$ 15 milhões, cerca de 40%
dos gastos totais em publicidade da área de distribuição, que
compreende as operações de
postos de gasolina.
O montante gasto apenas no
Grande Prêmio aumentou em
cerca de R$ 1 milhão quando
comparado à edição do ano passado, segundo o diretor de vendas da companhia, Emílio Gouveia. O aumento foi feito para
abrigar ações paralelas como o
evento Racing Festival, idealizado por Felipe Massa, e a importação do mesmo simulador de corrida da Ferrari usado pelo piloto
no período de recuperação do
acidente no GP da Hungria de
2009. A máquina, de uso exclusiva de pilotos, é apresentada ao
público pela segunda vez no
mundo. A primeira apresentação
se deu em Valência, na Itália, durante o verão europeu deste ano.
O simulador ficará exposto no
centro de convivência (chamado
de Hospitality Center) do Autódromo de Interlagos. Segundo a
gerente de marketing da empresa, Carolina Marques, 2,5 mil
pessoas serão levadas ao espaço,
a convite da Shell, no fim de semana do GP, para ações de relacionamento. A ideia é divulgar a
parceria com a Ferrari, que dura
60 anos, para o desenvolvimento
de novos combustíveis, primeiro
usados em carros de F1, e, mais
tarde, em carros comuns.
Um exemplo é o do componente FMT (sigla em inglês para
tecnologia para redução de atrito), usado em carros de corrida e
também no etanol aditivado da
Emílio Gouveia, diretor de vendas da Shell: novo
combustível à base de etanol já corresponde a 30%
das vendas em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia
Os postos de gasolina
da Shell somam
2,7 mil unidades
no Brasil. Cerca
de 150 foram
abertas este ano
e a perspectiva
é de crescimento
de 8% ao ano.
A verba de marketing
acompanha
a mesma taxa
Shell, depois de também ter sido
experimentado na gasolina VPower da companhia.
O engenheiro de combustíveis
da Shell, Gilberto Pose, não
vê mais empecilhos para que
o etanol conquiste o mundo.
Para ele, é necessário apenas
mais um desafio para melhorar
a qualidade do combustível:
diminuir a quantidade de água
do etanol produzido no Brasil,
o que depende da Agência
Nacional do Petróleo (ANP).
Que mudanças determinaram
o sucesso do etanol?
Exportação
A transferência de componentes
da gasolina aditivada para o etanol é o que torna o produto apto a
exportação para os países da Europa. Essas substâncias ajudam a
melhorar a fluidez do combustível no motor, evitando assim risco de corrosão por conta do índice de até 7% de água e de manter
limpos os bicos injetores dos
carros atuais. “Quando o etanol
partir para ganhar o mercado internacional, como se pretende, já
temos tecnologia para isso”, diz
o engenheiro de combustíveis da
Shell no Brasil, Gilberto Pose.
Isso deve acontecer ainda nos
próximos anos e depois que entrar em operação a joint venture, no Brasil, entre a Shell e a
Cosan, maior produtora de etanol do mundo. Por enquanto, há
apenas protocolos de intenções
firmados e o negócio só começa
com a aprovação de órgãos reguladores europeus.
Enquanto a aprovação não
sai, a Shell continua como concorrente da Cosan, dona da Esso
no Brasil, na área de distribuição, e está preocupada mesmo
em consolidar o V-Power etanol
no país. Segundo o diretor de
vendas, Emílio Gouveia, 500
postos de gasolina da marca
vendem o produto em São Paulo,
Rio de Janeiro e Bahia.
Nestas unidades, cerca de
30% das vendas são do etanol VPower, percentual alto para o
curto espaço desde o seu lançamento entre julho e agosto deste
ano. “Apenas em São Paulo mais
de 50% das vendas são do produto”, diz Gouveia. A perspectiva,
segundo ele, é até o fim do ano
entrar em Curitiba e completar o
Estado de São Paulo. Com o crescimento do número de carros flex
nos últimos anos, o Brasil é hoje o
terceiro maior mercado da Shell
no mundo. ■
Quais foram os avanços?
quantidade de água do etanol.
TRÊS PERGUNTAS A...
... GILBERTO POSE
Engenheiro de combustíveis
da Shell
O desafio é reduzir
a água do etanol
brasileiro
A grande mudança veio da
indústria automobilística, que
passou a desenvolver carros
com sistema eletrônico de bicos
injetores. Nós passamos a adaptar
o combustível à base de etanol
nos nossos carros, começamos
os estudos com essa fonte
de energia há mais de três anos.
Usamos aditivos no etanol para
melhorar a performance em
motores com injeção eletrônica,
como o detergente dispersante que
mantém os bicos limpos
e ajuda na economia do
combustível; temos um outro
exemplo de componente, o FMT,
que reduz o atrito do bico e elimina
o efeito corrosivo causado pela
Quais os desafios para
o futuro do etanol?
Acho que é a diminuição
do percentual de água, que
é de 7%. Se ela for reduzida,
podemos ganhar em energia
do combustível para o motor.
A Agência Nacional do Petróleo
(ANP) já começou a discutir isso.
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 37
Divulgação
Projetos sociais valem desconto no IR
As empresas interessadas em fazer doações a projetos sociais,
beneficiando-se de renúncia fiscal, podem destinar, até o dia 31 de
dezembro, parte do imposto de renda a pagar. Uma das formas de usar
o benefício é por meio de doações a projetos sociais aprovados pela
Lei Federal nº 8.313 de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet.
Em São Paulo, a Fundação Dorina Nowill para Cegos utiliza essa forma de
captar recursos para ampliar o número de livros para deficientes visuais.
[email protected]
Divulgação
Divulgação
MARCELO PONTES
ANÚNCIO DA SEMANA
Professor de marketing nos
cursos de administração
e comunicação da ESPM
Turismo pede atenção de
governo e de brasileiros
A concessionária CCRAutoban comemora a eleição
da Rodovia Bandeirantes, em São Paulo, como
a melhor estrada do país pela revista especializada
Quatro Rodas, com a veiculação de um anúncio
feito de asfalto. O interessante é que a agência
resolveu literalmente levar um pedaço do próprio
asfalto da rodovia para um contato, digamos,
bem mais próximo com o público em geral.
“Fazer uma campanha para uma rodovia é
complicado, então resolvemos proporcionar
a experiência e colocar, de verdade, um pedaço
de estrada no anúncio”, explica Guga Ketzer,
sócio e diretor-geral de criação da Loducca. Toda a
produção do anúncio, da criação à concepção final,
durou mais de 60 dias. Foram utilizadas mais de 2
toneladas de asfalto e centenas de quilos de cola.
FICHA TÉCNICA
Agência: Loducca
Cliente: CCR
Criação: Guga Ketzer,
Wagner Fragata e Weber Luiz.
Direção de criação: Cássio
Moron, Marco Monteiro, Pedro
Guerra e Guga Ketzer (geral)
Produtor executivo de criação:
Sid Fernandes
Aprovação do cliente: Francisco
Bulhões e Jocelyn Cárdenas
A chegada das festas de fim de ano e do verão é uma época
propícia para discutirmos o turismo no Brasil. Ainda mais
com a proximidade da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Rio — proximidade sim, pois algumas das obras necessárias para esses eventos já estão atrasadas.
É clichê dizer que o potencial turístico do Brasil é enorme, pois temos clima bom o ano todo, natureza abençoada,
8 mil quilômetros de praias lindas e, principalmente, um
povo alegre e acolhedor. É evidente que estes argumentos
são verdadeiros. Porém, achar que o turismo vai se desenvolver apoiado nessas variáveis é ignorância. Dados do Ministério do Turismo, publicados em outubro, mostram um
cenário bastante aquém das nossas possibilidades. O déficit
gerado pelo turismo, de janeiro a setembro de 2010, é de
US$ 7,1 bilhões. O Brasil recebeu, em 2009, 4,8 milhões de
turistas estrangeiros, mesma quantidade de 2004. Isso significa que temos apenas 0,55% de market share no turismo mundial — muito pouco para o nosso potencial.
É importante lembrar que o turismo é um setor multifacetado, ou seja, composto por dezenas de segmentos
que têm um forte grau
de interdependência —
hotéis, agências e opeCultura turística é
radoras de turismo,
saber que o turismo transportes, bares e restaurantes e outros. Sem
é a indústria que
falar na infraestrutura
mais emprega
necessária: aeroportos,
no mundo. Por isso, portos, estradas, comunicações, saúde e, claro,
precisamos
segurança pública.
entender o turista
Exatamente por isso,
como cliente, como é fundamental uma política de Estado que não
alguém que gera
apenas aglutine e direempregos e divisas
cione todos esses agentes, mas que também
desenvolva no país o
que poderíamos chamar de “cultura turística”.
Cultura turística é saber que o turismo é a indústria que
mais emprega no mundo. Por isso mesmo, precisamos entender que o turista não é alguém que vem atrapalhar nosso
cotidiano: ele é cliente, gera empregos, divisas, e contribui
para o nosso desenvolvimento. Cultura turística é também
entender que devemos oferecer serviços de qualidade. Por
exemplo: muitos turistas querem conhecer nossas atrações
exóticas. No entanto, ficar hospedado na selva amazônica é
bem diferente de ser tratado de maneira selvagem. É ainda
entender que não devemos olhar o turista como alguém que,
por não ser tão “malandro” como nós, pode ser ludibriado.
O turista é um cidadão, um ser humano e, por fim, um
cliente — e como tal, deseja e merece todo o nosso respeito.
Por isso, apostar apenas em nossas belezas naturais e na
hospitalidade do nosso povo para conquistarmos a posição
que podemos ter no cenário turístico mundial é, antes de
tudo, sinal de desconhecimento e de incompetência na
gestão de uma indústria que pode ser uma das grandes alavancas para o nosso desenvolvimento. Há muito por fazer.
Com a palavra, nossos governantes. Os discursos de campanha para o setor turístico foram pobres, superficiais e vazios. Tomara que as ações sejam melhores. Será um desperdício (mais um) se perdermos mais essa oportunidade. ■
38 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
FINANÇAS
Itaú projeta
crédito 15%
maior em 2011
Previsão inicial está abaixo do crescimento registrado neste
ano, que é de 17,7% nos 12 meses encerrados em setembro
Ana Paula Ribeiro
[email protected]
O Itaú Unibanco acredita que a
economia brasileira ainda estará
em processo de recuperação no
próximo ano e, por essa razão, há
espaço para um crescimento das
operações de crédito em patamares muito superiores ao da expansão do Produto Interno Bruto
(PIB). A expectativa é que o total
de empréstimos tenha um aumento em torno de 15%, com
base em uma projeção de PIB
para 2011 de 4,6%. “Ainda há um
processo de recuperação e isso
nos permite esperar um crescimento em torno de 15%. Pode até
ser um pouco mais. Ainda estamos estudando”, afirmou o diretor corporativo de Controladoria
da instituição, Rogério Calderon.
Esse patamar de crescimento é
um pouco inferior ao que está
sendo registrado em 2010. Até setembro, a carteira de crédito do
Itaú Unibanco (sem avais e fianças) somava R$ 279,035 bilhões,
expansão de 17,7% em relação a
igual mês do ano passado. Calderon acredita que o crescimento no
ano deverá ficar entre 21% e 22%.
O maior volume nas operações ajudou o Itaú Unibanco a
alcançar um lucro recorde para
o terceiro trimestre entre todos
os bancos de capital aberto, segundo números da Economatica. Entre julho e setembro, a
instituição apresentou um lucro
líquido contábil de R$ 3,034 bilhões, valor 33,8% superior ao
registrado no mesmo período do
passado. Dos grandes bancos,
apenas o Banco do Brasil ainda
não publicou os seus resultados.
Entre janeiro e setembro, o Itaú
Unibanco acumula um lucro de
R$ 9,433 bilhões, expansão de
37,6% na comparação com os
nove primeiros meses de 2009.
Já o lucro recorrente, que exclui os itens extraordinários, ficou em R$ 3,158 bilhões, crescimento de 17,5%. O principal
efeito extraordinário do período
foi a provisão feita pelo Itaú para
contingências cíveis ligadas a
Banco vê espaço
para a redução
marginal da
inadimplência
no quarto trimestre
do ano. Atrasos
acima de 90 dias
representavam
4,3% do total das
operações de crédito
planos econômicos. Apesar do
crescimento, o resultado veio
um pouco abaixo do esperado
pelos analistas do setor, que não
contavam com o forte aumento
de despesas ocorridas.
De acordo com o diretor corporativo, os gastos a mais são
justificados pela antecipação no
processo de migração das agências do Unibanco para a bandeira Itaú. Entre julho e setembro,
as despesas não decorrentes de
juros da instituição financeira
somaram R$ 7,975 bilhões, valor 15,5% superior ao terceiro
trimestre de 2009. Excluídos os
R$ 406 milhões ligados à migração de agências, o avanço teria
sido um pouco menor, de 9,8%.
Apesar do crescimento da
despesa acima do esperado, os
analistas avaliaram os resultados
como positivos. Para Nataniel
Cezimbra, do BB Investimentos,
a integração ainda apresentará
algum efeito na despesa no
quarto trimestre, mas o banco se
beneficiará do aumento da margem financeira. Já segundo Luciana Leocadio, da Ativa Corretora, o Itaú irá se beneficiar não
só do aumento do crédito e da
redução da inadimplência em
todo setor, mas também da obtenção das sinergias decorrentes
da fusão. Ontem, as ações preferenciais do Itaú fecharam em
queda de 0,31%, a R$ 42,15. Já o
Ibovespa subiu 0,48%.
RESULTADO DO ITAÚ
Inadimplência
Sobre a qualidade da carteira,
Calderon acredita que há um espaço marginal para a melhora
no quarto trimestre. A expectativa está baseada no crescimento do crédito imobiliário e consignado, operações de menor
risco. A inadimplência geral em
setembro (atrasos acima de 90
dias) era de 4,3%, ante 4,6% de
junho e 5,9% do final do terceiro trimestre do ano passado.
Em 2009, a inadimplência já
apresentou uma melhora de 1,3
ponto percentual, sendo que a
estimativa era de uma melhora
de um ponto percentual. ■
Lucro é recorde para o período
LUCRO CONTÁBIL,, EM R$ BILHÕES
Variação
+33,8%
3,2
200000
3,03
LUCRO AJUSTADO,, EM R$ BILHÕES
Variação
+17,5%
3,2
20
3,16
2 86
2,86
2,257143
Variação
700,0
,0
+12,1%
662
6
662,5
62 5
2,88
8857
857
57
714
4
2,571429
2
571429
ATIVOS, EM R$ BILHÕES
2,27
2,69
625,0
612,4
587,5
2,52
550,0
1,942857
2,18
512,5
1,628571
475,0
1,84
1,314286
437,5
1,000000
1,50
3º TRI/09
3º TRI/10
Fontes: Itaú Unibanco e Brasil Econômico
400,0
0
3º TRI/09
3º TRI/10
3º TRI/09
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 39
Ricardo Stuckert
Lula promete briga no G20 por câmbio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que não
tomará medidas impopulares nos últimos dois meses de governo,
e sim que fará o necessário para que Dilma Rousseff assuma o
próximo governo sem nenhuma dificuldade. Lula também afirmou
que os Estados Unidos e a China estão engajados em uma “guerra
cambial”, e que os dois irão à reunião do G20, nos dias 11 e 12, em
Seul, para “brigar” para que o real não fique valorizado demais.
AGENDA DO DIA
● Às 7h, a Fipe divulga
o IPC de outubro.
● Às 9h, o IBGE divulga a pesquisa
industrial mensal de setembro.
● Às 9h, o Banco da Inglaterra
divulga a nova taxa de juros.
● Às 10h45, o Banco Central
Europeu divulga a taxa de juros.
Henrique Manreza
Ganho com
integração só
no ano que vem
Migração das agências já foi
concluída, mas ainda falta
eliminar sistemas do Unibanco
Rogério Calderon, diretor
do Itaú: há espaço para
melhora da inadimplência
INTEGRAÇÃO
R$
1,2 bi
é a previsão para os gastos
CARTEIRA DE CRÉDITO, EM R$ BILHÕES
686,2
Variação
+17,7%
300
279,0
com a migração de agências do
Unibanco para a bandeira Itaú.
Desse total, R$ 500 mil já estavam
provisionados. O restante tem
impacto nas despesas de 2010.
INADIMPLÊNCIA
6
5,9%
O Itaú Unibanco espera que no
ano que vem seja possível colher
os benefícios da integração com
o Unibanco, anunciada em novembro de 2008. “Acredito que
2011 será o primeiro ano impactado integralmente pelas sinergias do processo de fusão”, afirmou o diretor corporativo de
Controladoria, Rogério Calderon. No entanto, o banco segue
sem dar projeções para as sinergias que serão captadas até o final desse processo.
De acordo com o executivo,
não é possível projetar o total das
sinergias porque esses ganhos e
reduções de despesas ocorrem
em um momento de expansão
das operações do banco e que é
difícil segregar quais foram os
benefícios conseguidos com a
integração e o que é resultado de
uma maior atividade comercial.
O único indicativo fornecido
de possível ganho com a integração foi o de despesas. Segundo
ele, em 2008, as despesas totais
dos dois bancos ficaram em torno de R$ 30 bilhões. Ao considerar a inflação de 2009 e 2010,
nesse ano esses gastos chegariam
a mais ou menos R$ 33 bilhões,
mas a expectativa é que essa
conta encerre o ano nos mesmos
R$ 30 bilhões de 2008. “Ainda
vamos colher boa parte dos benefícios que virão pela integração das agências e tombamento
(eliminação) dos sistemas que
eram do Unibanco”, explicou.
O banco estima gastar cerca
R$ 1,2 bilhão com o processo de
integração em 2010. Segundo o
executivo, R$ 500 milhões já estão provisionados, mas o restante
afeta o resultado operacional. Só
no terceiro trimestre, os gastos
com migração foram de R$ 406
milhões, ante R$ 235 milhões do
segundo trimestre. Foi no processo de migração que o banco
consumiu grande parte dos seus
esforços na rede de atendimento
Banco abriu menos
agências em 2010,
mas já tem 110
pontos definidos
para expandir
rede de atendimento
até início de 2011
em 2010. Isso fez com que o número de agências abertas ficasse
abaixo do registrado tradicionalmente. Em geral, segundo Calderon, o Itaú abre entre 120 e 150
pontos tradicionais de atendimento a cada ano. Nesse ano, foram abertas apenas 60.
No entanto, explicou Calderon, até o final do ano um número similar deve ser inaugurado. “Temos 110 pontos definidos, mas só uma parte será
inaugurada em 2010.”
Sobre o processo de internacionalização, que o Itaú em vezes
anterior afirmou que ficaria para
depois da integração, ainda não
está definido quais serão os próximos passos. “Sempre falamos que
a internacionalização era uma
consequência do nosso tamanho.
Não significa que tenhamos pressa alguma para fazer isso.” ■
270
70
240
237,1
5
210
4,6%
4,3%
4
180
3
150
120
3º TRI/10
2
3º TRI/09
3º TRI/10
3º TRI/09 2º TRI/10 3º TRI/10
CAPTAÇÃO
R$
2,4 bi
é quanto o banco emitiu em
letras financeiras (LFs) no terceiro
trimestre do ano. O instrumento
servirá para alongar prazos
das operações de crédito.
Terra Verde Bioenergia Participações S.A.
CNPJ/MF nº 09.273.840/0001-00 - NIRE 35.300.349.164
Edital de Convocação - Assembleia Geral Extraordinária
Ficam convocados os Srs. Acionistas a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária,
que se realizará no dia 12 de novembro de 2010, às 10 horas, na sede social da Companhia,
para deliberarem sobre a rescisão dos contratos celebrados pela Companhia e providências
necessárias junto aos órgãos reguladores. As pessoas que comparecerem à Assembleia deverão
provar a sua qualidade de acionista mediante apresentação de documento de identidade e/ou
procuração outorgada por Acionista da Companhia, na forma e prazo do Art. 126, § 1° da Lei n° 6.404,
de 15/12/1976, conforme alterada.
São Paulo, 03 de novembro de 2010
Luiz Otavio Assis Henriques
Presidente do Conselho de Administração
40 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
FINANÇAS
Marcela Beltrão
RESULTADO
AQUISIÇÃO
Lucro da Porto Seguro avança 177% e
soma R$ 203,1 milhões no terceiro trimestre
BC autoriza Banco do Brasil
a comprar Banco Patagônia
A Porto Seguro anunciou ontem lucro líquido de R$ 203,1 milhões
no terceiro trimestre, alta de 177,1% frente ao ganho de R$ 73,3 milhões
apurado um ano antes. O lucro por ação quase dobrou, passando
de R$ 0,32 para R$ 0,62. A receita total cresceu 46,5% entre julho e
setembro, em relação ao mesmo período de 2009, para R$ 2,418 bilhões.
A sinistralidade total caiu 2,2 pontos percentuais, para 56,2%.
O Banco do Brasil (BB) informou ontem que obteve autorização do
Banco Central (BC) para a compra do Banco Patagônia, na Argentina.
Os dois bancos haviam acordado a venda de 51% do capital do Banco
Patagônia, por US$ 479,66 milhões. Com a aprovação, o BB deverá
fazer uma oferta pública de ações do banco argentino, que pode elevar
sua participação no Patagônia para 75% do capital votante.
Fundos de pensão devem fechar ano
De acordo com levantamento realizado pela Abrapp, volume supera em R$ 15 bilhões recorde registrado em
Henrique Manreza
Para José Mendonça, presidente da Abrapp, crescimento ainda
é modesto quando comparado ao potencial do segmento
Vanessa Correia
[email protected]
Os fundos de pensão brasileiros devem encerrar o ano com
patrimônio líquido recorde de
R$ 530 bilhões, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar (Abrapp), a pedido do BRASIL ECONÔMICO.
O montante supera em R$ 15
bilhões o recorde registrado em
dezembro do ano passado (de
R$ 515,4 bilhões). “O crescimento registrado até então é
pequeno comparado ao enorme
potencial de expansão”, ressalta
José de Souza Mendonça, presidente da entidade.
Até meados deste ano, especialistas acreditavam que o fraco desempenho da bolsa de valores — devido, principalmente,
à valorização registrada em
2009 — atrapalharia o avanço
do patrimônio líquido em 2010.
Rentabilidade
acumulada desde
1995 é de 1.377,9%,
ante meta atuarial de
667,6% (INPC+6%)
Por essa razão, a expectativa
de renovação do recorde foi comemorada pelo mercado. “Em
maio, os fundos de pensão somavam patrimônio líquido de
R$ 510 bilhões, valor que, aliado
à evolução econômica, permitiu
projeções mais arrojadas”,
completa Mendonça.
Razões
Não foi só a melhora da performance da BM&FBovespa que
impulsionou as projeções para
este ano. “O crescimento econômico elevou a produtividade
das empresas, levando-as a
contratar mais funcionários.
Isso gera impacto na massa de
novos contribuintes de previdência complementar fechada”, explica Nelson Ferreira
Fonseca, consultor sênior da
área de previdência e atuário da
Luz Engenharia Financeira.
Ainda assim, enquanto o
mercado formal de trabalho registrou o ingresso de 14 milhões
de pessoas nos últimos oito
anos, apenas 550 mil trabalhadores passaram a contribuir
com fundos de pensão. “O crescimento foi modesto em relação
ao número de novos trabalhadores. Ou seja, pelo menos 13,5
milhões de pessoas são potenciais participantes desse sistema”, pondera Fonseca.
O consultor sênior e atuário
da Luz Engenharia Financeira
também atribuiu o avanço do
patrimônio líquido em 2010 à
rentabilidade apresentada pelos títulos públicos atrelados ao
IPCA (NTN-Bs) e à Selic (LFTs)
— a rentabilidade média das
NTN-Bs (medida pelo IMA-B)
no ano (de 4 de janeiro a 29 de
outubro) é de 10,9% para vencimento inferior a cinco anos e
16,1% para vencimento superior a cinco anos. “Ambos os
papéis são predominantes nas
carteiras dos fundos de pensão”, afirma o consultor.
De acordo com Associação
Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de
pensão detinham 33,1% dos títulos indexados ao IPCA em junho deste ano, o maior investidor deste título.
Ganhos
No ano até junho, a rentabilidade das entidades fechadas de
previdência complementar é de
2,56%; em doze meses, a rentabilidade é de 13,3%. Mas a análise do desempenho dos fundos
de pensão não pode ser feita no
curto prazo, uma vez que o horizonte de investimento é de
longo prazo: de 1995 até junho
deste ano, o ganho acumulado
de 1.377,9% ante meta atuarial
de 667,67% (INPC + 6%).
Também é preciso considerar
que o volume de benefícios pagos por ano é de aproximadamente R$ 32 bilhões, enquanto
as contribuições somam R$ 17,5
bilhões anuais. ■
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 41
Hannelore Foerster/Bloomberg
RATING
MERCADOS
S&P eleva nota de classificação
de risco do Banco Mercantil do Brasil
Bolsas da Europa fecham em queda
por cautela antes do Federal Reserve
Em 1º de novembro de 2010, a Standard & Poor’s Ratings Services
elevou os ratings do Banco Mercantil do Brasil S.A. (“BMB”), incluindo
a elevação dos seus ratings de crédito de contraparte de longo prazo
na escala global, de ‘B’ para ‘B+’, e na Escala Nacional Brasil, de ‘brBBB-’
para ‘brBBB’. Ao mesmo tempo, reafirmamos seus ratings de crédito de
contraparte de curto prazo ‘B’ na escala global. A perspectiva é estável.
Os índices de bolsas de valores da Europa terminaram em baixa ontem,
diante de receio dos investidores de que o Federal Reserve injetará menos
dinheiro na economia do que o esperado. O índice FTSEurofirst 300,
que mede o comportamento dos mais importantes papéis do continente,
caiu 0,52%, para 1.087 pontos. O indicador acumula valorização
de 6% desde o início de setembro por expectativa sobre a ação do Fed.
com patrimônio de R$ 530 bilhões
dezembro de 2009, quando as entidades fechadas de previdência complementar acumularam R$ 515,4 bilhões
■ VOLUME
CARTEIRA
Renda variável deve ganhar espaço no próximo ano com queda do juros
Em maio, a carteira consolidada
dos fundos de pensão era
composta por 62,2% em renda
fixa, 30,1% em renda variável e
7,7% em outros ativos — entre
investimentos estruturados,
investimentos no exterior, imóveis
e operações com participantes —,
segundo a Associação Brasileira
das Entidades Fechadas de
Previdência Complementar
(Abrapp). Mas a tendência é que a
parcela alocada em ações cresça
à medida que a taxa de juros caia.
“A partir do ano que vem,
os fundos de pensão devem
ser mais ousados em renda
variável”, diz Nelson Ferreira
Fonseca, consultor sênior
da área de previdência e atuário
da Luz Engenharia Financeira.
O maior percentual alocado
em renda variável foi registrado
em dezembro de 2007: 36,7%.
Em contrapartida, o menor
percentual alocado em ações
foi observado em dezembro de
2008, auge da crise financeira
mundial: 28%. “É provável
que em 2011, os fundos de
pensão aproximem-se do recorde
de investimento em ações”,
completa o especialista.
Para José de Souza Mendonça,
presidente da Abrapp, as
entidades ainda estão na “fase do
namoro” com outras modalidades
de investimento. “O mercado
é tão dinâmico que não saberia
dizer a composição do portfólio
dos fundos de pensão daqui
a dois anos”, brinca. V.C.
Patrimônio líquido dos
fundos de pensão em maio
deste ano somava
R$
■ GANHOS
De janeiro a maio,
rentabilidade da carteira dos
fundos de pensão era de
509 2,39
bi
%
■ RENDA FIXA
■ AÇÕES
Parcela alocada pelos
fundos de pensão em
títulos públicos e privados
Participação da renda
variável na carteira dos
fundos de pensão
62,2
%
30,1
%
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COMPANHIA
AÉREA OFICIAL
ORGANIZAÇÃO
ASSESSORIA
DE IMPRENSA
COMUNICAÇÃO
42 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
FINANÇAS
Shannon Stapleton/Reuters
ACORDO
NEGÓCIOS
CVM encerra processo contra
Rothschild na venda da GVT
BNY Mellon diz que prepara
aquisição de consultorias de fortunas
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou que aceitou proposta
da Rothschild & Cie Banque para encerrar processo administrativo
por suposto envolvimento da gestora de investimentos em irregularidades
na venda da GVT para o grupo francês Vivendi. Segundo a CVM,
a Rothschild & Cie Banque ofereceu pagamento de R$ 500 mil para
extinguir o processo, sugestão aceita pelo colegiado da autarquia.
A divisão de fortunas do Bank of New York Mellon está procurando fazer
aquisições de empresas de consultoria financeira nos Estados Unidos,
uma vez que a recuperação dos mercados incentiva cada vez mais
companhias a se colocar à venda. O presidente do banco, Lawrence
Hughes, diz que o número de consultorias à venda multiplicou no último
ano e que sua divisão tem um lista “robusta” de aquisições em potencial.
Divulgação
Ahsan Sayed, presidente da
Western Gulf, quer começar com
mineração e mercado imobiliário
Western Gulf desembarca no país
com apetite para ir às compras
Gestora de origem indiana quer aplicar US$ 280 mi no país até 2011; no mundo, empresa investe US$ 2 bi
Maria Luíza Filgueiras
[email protected]
A casa de investimentos Western
Gulf Advisory foi criada apenas
para a manutenção do patrimônio
da família indiana Ali Sayed, mas
avançou com uma atuação de financeira e participação acionária
na busca pela multiplicação de riqueza. Entre 2008 e 2010, investiu
US$ 2 bilhões em mercados diversificados, como Austrália, Inglaterra e Irlanda. Agora, o presidente da companhia, Ahsan Ali
Sayed, prepara pouso no Brasil e
não faz modéstia em relação à sua
capacidade de investimento.
“Os mercados emergentes
manterão crescimento forte nos
próximos anos e queremos participar disso”, diz Ali Sayed. Até
agora, o único canal de investimento da família que incluía o
Brasil era um fundo dedicado ao
conjunto BRIC (Brasil, Rússia,
China e Índia), mas o interesse
passou a incluir injeção direta de
capital em empresas brasileiras.
“Queremos começar com mineração e mercado imobiliário. Já
tenho propostas e perfis na minha
mesa, que serão avaliados com
cuidado”, diz o executivo, de seu
escritório em Bahrein, onde a
economia é fortemente dependente de commodities como petróleo e gás, mas é um centro financeiro que tem sido comparado
à Suíça em relação ao volume de
ativos e oferta de serviços e produtos bancários, como um centro
financeiro do Oriente Médio.
O objetivo inicial é ter US$ 100
milhões aplicados no Brasil até o
fim deste ano. “Vamos ver como
esses investimentos evoluem,
para chegarmos entre US$ 200
O único canal
de investimentos
da família que
incluía o Brasil
até agora era um
fundo dedicado
ao grupo Bric
milhões e US$ 280 milhões até o
fim de 2011”, afirma Sayed, que
gerencia a fortuna resultante de
mais de 150 anos de atuação da
família em financiamentos e agricultura no sul da Índia. Infraestrutura também está no alvo.
Sayed trabalha com a estimativa de que serão necessários investimentos da ordem de US$ 80 bilhões no país para sediar a Copa
do Mundo em 2014 e os Jogos
Olímpicos em 2016. “É uma
grande oportunidade para a companhia no Brasil, considerando
que temos liquidez suficiente para
financiar obras grandes”, diz.
O interesse principal é compra
de participações acionárias no
país, mas, segundo o executivo,
as outras atividades da empresa
também podem ser ativadas no
mercado brasileiro — finanças
corporativas e dívida. ■
■ APORTE
Volume inicial de recursos a
ser aplicado no Brasil é de
US$
100
mi
■ AMBIÇÃO
Meta, até o fim de 2011,
é gerir um total de
US$
280
mi
■ GLOBAL
Valor investido no mundo
US$
2
bi
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 43
44 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
INVESTIMENTOS
RENDA FIXA
Thais Folego
[email protected]
Fundo
ITAU PERS MAXIME RF FICFI
BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI
BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI
CAIXA FIC EXECUTIVO RF L PRAZO
CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO
BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI
BB RENDA FIXA 200 FIC FI
BB RENDA FIXA 50 FIC FI
ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI
BB RENDA FIXA LP 100 FICFI
Petrobras volta às carteiras recomendadas
e Bernardo Miranda, do BTG Pactual.
Gerdau, que não estava entre as “top 10”,
ficou neste mês na oitava posição. “Incluímos Gerdau devido à fraqueza recente de
suas ações (queda de mais de 3% em outubro
e de mais de 20% em 2010) e às boas perspectivas no médio e longo prazo”, explicam
em relatório os analistas do Citi Fernando Siqueira e Hugo Rosa. “Petrobras e siderurgia
ganham relevância quando buscamos papéis
que não performaram”, diz Mônica.
Ela acredita, inclusive, que a continuidade da performance positiva da bolsa brasileira está condicionada à recuperação das
empresas ligadas a commodities. “O que
mais preocupa nesse cenário de expectativa
positiva são novas medidas a serem adotadas
para contenção da apreciação do Real frente
ao dólar após as eleições e o fluxo de notícias
potencialmente negativo do front externo.”
A ação preferencial da Vale (VALE5) continua sendo, de longe, a ação preferida entre
as 16 corretoras consultadas pelo B RASIL
ECONÔMICO. Está em praticamente todas as
carteiras recomendadas para o mês de novembro. Houve, porém, boas mexidas, com
as saídas de AES Tietê, Gafisa e CCR entre as
dez mais recomendadas para dar lugar a Pão
de Açúcar, Gerdau e Ambev.
“A divulgação de dados ainda robustos
da economia chinesa, com produção industrial acelerando e crescimento das importações de minério de ferro por parte
daquele país, associada à divulgação de excelentes resultados pela Vale ao final do
mês de outubro, deram o tom do comportamento dos papéis da mineradora, renovando o otimismo do mercado quanto à
sustentabilidade dos bons resultados da
Vale para os próximos anos”, comenta a
estrategista da Ativa, Mônica Araújo.
As perspectivas de que papéis ligados a
commodities e siderurgia comecem a andar
fizeram com que as preferenciais de Petrobras (PETR4), que perderam peso nas carteiras nos últimos meses, com algumas corretoras até mesmo excluindo o papel, voltassem a figurar como a segunda mais recomendada. “Petrobras retorna para o 10 SIM
(lista das 10 ações mais recomendadas da
corretora) pela primeira vez neste ano”, comentam Carlos Sequeira , Antonio Junqueira
Fundo
Pão de Açúcar
RENT. OUT/10, EM %
8,95
8,85
8,84
8,35
7,79
7,66
6,50
5,99
5,64
5,48
7,59
7,47
7,46
7,05
6,58
6,49
5,51
5,11
4,70
4,67
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
1,00
1,00
1,00
1,10
1,50
2,00
3,00
3,50
4,00
4,00
80.000
50.000
30.000
5.000
5.000
200
50
300
100
Rent. (%)
12 meses No ano
1/NOV
3/NOV
3/NOV
3/NOV
1/NOV
3/NOV
3/NOV
3/NOV
3/NOV
3/NOV
9,00
8,63
8,61
6,98
6,68
6,37
5,94
5,35
4,91
4,56
7,57
7,24
7,28
5,93
5,67
5,42
5,17
4,54
4,15
3,91
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
0,70
1,00
1,00
2,50
2,47
3,00
3,00
4,00
4,50
5,00
10.000
80.000
ND
5.000
100
200
30
1.000
100
100
AÇÕES
Uma ação que ganhou bastante espaço nas
carteiras de novembro foi a do Pão de Açúcar, que não aparecia entre as principais recomendações de outubro, e agora ocupa a
quinta posição. “O preço da ação da empresa
apresenta desconto em relação ao setor, o
que, em nossa visão, vai se estreitar à medida que a divisão Casas Bahia aumentar sua
visibilidade”, avalia em relatório Cida Souza,
estrategista da Itaú Securities. ■
Nº DE RECOMENDAÇÕES
3/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
3/NOV
3/NOV
3/NOV
3/NOV
1/NOV
Data
BB REFERENCIADO DI LP ESTILO FIC FI
ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI
BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI
BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI
BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI
BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI
HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS
ITAU PREMIO REF DI FICFI
BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER
SANTANDER FIC FI CLAS REF DI
Fundo
Data
BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI
CAIXA FMP FGTS VALE I
BRADESCO FIC DE FIA
BRADESCO FIC DE FIA MAXI
BRADESCO FIC DE FIA IV
SANTANDER FIC FI ONIX ACOES
UNIBANCO BLUE FI ACOES
ITAU ACOES FI
ALFA FIC DE FI EM ACOES
BB ACOES PETROBRAS FIA
Pão de Açúcar, Gerdau e Ambev ganham espaço nas carteiras
SETOR
Rent. (%)
12 meses No ano
DI
AS PREFERIDAS DO MERCADO PARA NOVEMBRO
EMPRESA
Data
Rent. (%)
12 meses No ano
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
22,18
21,97
12,10
12,02
11,99
10,56
8,86
7,55
3,73
(26,24)
12,09
10,96
1,91
1,79
1,77
(0,26)
(0,33)
(1,99)
(5,15)
(28,77)
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
2,00
1,90
4,00
4,00
ND
2,50
5,00
4,00
8,50
2,00
200
100
200
1.000
200
RENT. ANO, EM %
MULTIMERCADOS
12
VALE (VALE5) MINERAÇÃO
PETROBRAS (PETR4)
10
PETRÓLEO
PETRÓLEO
PÃO DE AÇÚCAR (PCAR5)
VAREJO
TRACTEBEL TBLE3)
ENERGIA
5
VAREJO
AMBEV (AMBV4)
BEBIDAS
9,94
1,22
5
0
2
4
4,09
OBS:
Banco do Brasil e
Bradesco também
receberam 4
recomendações
4
6
3,43
8
10
12
23,13
-3,68
4,21
-3,08
-23,71
18,31
18,40
15,33
-10
-5
0
5
10
15
20
Data
REAL CAP PROT VGOGH 4 FI MULTIM
REAL CAP PROT VGOGH 3 FI MULTIM
CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC
BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI
ITAU PERS K2 MULTIM FICFI
ITAU PERS MULTIE MULT FICFI
ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI
ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI
ITAU PERS MULT MODERADO FICFI
SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM
30,53
14,14
6
CSN (CSNA3) SIDERURGIA
LOJAS AMERICANAS (LAME4)
2,58
6
GERDAU (GGBR4) SIDERURGIA
Fundo
-27,98
7
5
15,42
-5,28
8
ITAÚ UNIBANCO (ITUB4) FINANCEIRO
OGX (OGXP3)
4,34
39,13
Rent. (%)
12 meses No ano
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
1/NOV
12,76
9,81
9,01
9,00
8,75
8,59
8,31
7,95
7,75
7,03
10,81
6,94
7,65
7,48
7,12
7,11
4,28
5,10
5,42
4,77
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
2,30
2,50
1,50
1,50
1,50
1,25
2,00
2,00
2,00
2,00
-30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40
Fontes: Ágora, Ativa, Banco do Brasil, BTG Pactual, Citi, Coinvalores, Itaú, Geração Futuro, Souza Barros, Spinelli, Socopa,
Omar Camargo, Brascan, WinTrade, Safra, Tov, Economatica e Brasil Econômico
*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.
Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico
IBOVESPA
IBRX-100
SMALL CAP - SMLL
MIDLARGE CAP - MLCX
22.750
1.456,0
1.000
22.675
1.449,5
997
71.700
22.600
1.443,0
994
71.450
22.525
1.436,5
991
(EM PONTOS)
72.200
Máxima
72.109,97
Mínima
71.510,43
Fechamento 71.904,77
71.950
71.200
1.430,0
22.450
10h
Fonte: BM&FBovespa
11h
12h
13h
14h
15h
16h
17h
5.000
10.000
20.000
50.000
5.000
5.000
5.000
5.000
50.000
10h
17h
988
10h
17h
10h
17h
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 45
BOLSA
JURO
Giro financeiro
Contrato futuro
R$ 7,3 bilhões 11,33%
foi o volume financeiro registrado ontem no segmento
acionário da BM&FBovespa. O principal índice encerrou
a sessão com variação positiva de 0,48%, aos 71.904 pontos.
foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com vencimento
em janeiro de 2012, o de maior liquidez ontem. O giro neste
contrato foi de R$ 15,6 bilhões, em 177.725 contratos negociados.
HOME BROKER
Petrolífera reverte tendência de baixa
Petrobras PN, fechamento em R$
31,00
30,00
30
29,30
29,00
29
28,00
28
27,70
27,00
27
26,35
26,00
26
25,00
25
24,00
24
1/JUN
1/JUL
2/AGO
2/SET
1/OUT
3/NOV
Fontes: Leandro Ruschel, Economatica,
BM&FBovespa e Brasil Econômico
Suporte
Objetivo
Resistência forte
PETR4
Ontem, as ações preferenciais de Petrobras
romperam a resistência (ponto que, se superado, indica
a possibilidade de continuidade de movimento de alta da
ação) dos R$ 26,50, fechando cotadas a R$ 27, com alta
de 1,92%. Rompido esse patamar, as ações revertem a
tendência de baixa que vinham apresentando e agora
mostram viés de alta, avalia Leandro Ruschel, sócio
da Leandro & Stormer. “Agora o suporte imediato, que
a ação não deve perder para manter o viés positivo,
é de R$ 26,35”, diz. Suporte é o patamar que, se perdido,
aponta para uma chance de queda em sequência do
papel. O próximo objetivo que a ação deve buscar é
a região dos R$ 27,70, tendo uma resistência forte nos
R$ 29,30. Também ontem, o Ibovespa testou a resistência
dos 72 mil pontos, mas não a ultrapassou, fechando aos
71.904 pontos. “Para confirmar a tendência histórica de
um quarto trimestre forte para a bolsa, o índice tem que
romper essa resistência”, diz o grafista. “Hoje (ontem)
houve um aumento do volume, mas demonstra indecisão.”
Outro índice que está num ponto de indecisão é o Dow
Jones, comenta Ruschel. Há duas semanas o índice
americano vem testando a máxima do ano dos 11.245,
pontos batido em abril deste ano, mas não o supera.
NA REDE
“EMBR3 rompe resistência em
R$ 12,30 mas já depois de alguns
dias de alta. Prefiro aguardar
correção para montar posição”
@leandrostormer, trader e analista gráfico
“Fed injetará US$ 600 bi na economia,
US$ 75 bi/mês. Montante pode ser
maior se o Fomc (comitê
de mercado aberto) achar necessário.
Melhor! Cautela com inflação futura ”
@OmarCamargo_Inv, corretora de valores
46 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
Jose Manuel Ribeiro/Reuters
MUNDO
Parlamento português passa orçamento
O Parlamento português adotou ontem, em primeira leitura,
o orçamento de austeridade sem precedentes apresentado para 2011 —
prevê corte dos salários do setor público e das ajudas sociais, assim como
um aumento dos impostos. Para conquistar sua aprovação, o partido
do primeiro-ministro socialista, José Sócrates, e a principal força da
oposição selaram um acordo no sábado, segundo o qual o Partido SocialDemocrata (PSD, centro-direita) se absteria de votar, como ocorreu ontem.
Jason Lee/Reuters
Trabalhador chinês do setor
de construção civil: expansão
imobiliária preocupa
Bird alerta para exposição da
China a desequilíbrios globais
Banco revisa estimativa de crescimento para 2010, mas diz que pode haver onda de protecionismo no mundo
A economia chinesa crescerá
10% em 2010 e suas perspectivas continuam sendo boas, mas
o país estará exposto às consequências dos desequilíbrios
mundiais, segundo um relatório
do Banco Mundial (Bird). O documento foi divulgado ontem,
uma semana antes da cúpula do
G20, que tentará evitar a ameaça de uma “guerra cambial”.
Segundo o informe trimestral
divulgado ontem pelo banco, a
revisão — a projeção anterior era
9,5% — foi feita mesmo com o
fim do plano de estímulo ao consumo interno, adotado depois da
crise financeira, e após as novas
medidas para evitar o reaquecimento do setor imobiliário.
O Produto Interno Bruto
(PIB) do país subiu para 11,9%
no primeiro trimestre, 10,3% no
segundo e 9,6% no terceiro, números que se mantêm “surpreendentemente altos”, indicou o Banco Mundial, estimando que as perspectivas chinesas
“continuam sendo boas”.
Um fracasso
no reequilíbrio
do modelo de
crescimento chinês
é um dos maiores
riscos a médio
prazo, tanto para
a China como para a
economia mundial
Para 2011, o Bird prevê um
crescimento de 8,7% da China.
“Após o fortíssimo crescimento que observamos recentemente, a China deve poder passar sem problemas a um índice
de crescimento mais fácil de sustentar em 2011 a médio prazo”,
declarou o principal responsável
pelo relatório, Louis Kuijs.
Para ele, a esperada desaceleração do crescimento mundial e
das importações provavelmente
vão afetar as exportações chinesas. O Bird insiste na necessidade
de reequilibrar o crescimento com
uma demanda interna maior.
A China é acusada pelos Estados Unidos (EUA) e pela Europa de manter o iuane artificialmente baixo para favorecer
seus exportadores.
“Um fracasso no reequilíbrio
do modelo de crescimento chinês é um dos maiores riscos a
médio prazo, tanto para a China como para a economia
mundial”, afirma o relatório.
Na avaliação do banco, a com-
binação de importantes excedentes nas contas correntes de
alguns países, como a China,
com déficits de outras nações,
como os EUA, apresenta riscos
econômicos e financeiros que
podem dar lugar a medidas
consideradas polêmicas.
O relatório lembra que bancos centrais de alguns países intervieram nos últimos meses
para tentar baixar a cotação de
suas moedas, e os economistas
temem que esta situação leve a
uma onda de protecionismo.
Na China, “o excedente comercial deve continuar aumentando em 2011 e a médio prazo”,
acredita o Bird. Além disso, os
excedentes das contas correntes
devem continuar subindo, devido à renda dos investimentos
chineses no exterior.
O G20 das Finanças, que se
reuniu na Coreia do Sul em outubro, instou seus membros a limitar os desequilíbrios das contas correntes. Os EUA defendem
um teto de 4% do PIB. ■ AFP
EXPANSÃO ECONÔMICA
10%
É a nova estimativa para
crescimento da economia
chinesa em 2010. No primeiro
trimestre, a alta foi de 11,9%.
No segundo, de 10,3%.
E, no terceiro, de 9,6%.
LIMITE
4%
É o teto proposto pelos EUA
para o déficit das economias
globais em relação ao PIB. A
ideia foi lançada em reunião dos
ministros do G20 em outubro.
EQUILÍBRIO
8,7%
É a previsão de crescimento
do PIB em 2011. Segundo
o Bird, a partir do ano que vem,
país terá expansão anual
a um ritmo mais sustentável.
Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 47
48 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010
BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida das
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ÚLTIMA HORA
Antonio Cruz/ABr
Agronegócio terá
superávit recorde
Apesar do dólar fraco, o agronegócio brasileiro deverá
fechar o ano com superávit superior a US$ 60 bilhões. O
número foi apresentado ontem, em Curitiba, pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner
Rossi. O setor é responsável por quase metade das exportações brasileiras. “Em 2009, essa participação chegou
aos 42% e este ano será ainda maior, gerando um superávit extraordinário. Devemos chegar ao fim do ano com
US$ 72 bilhões de exportações provenientes do agronegócio. E vamos importar apenas algo em torno de US$ 12
a US$ 14 bilhões”, disse o ministro.
Segundo Rossi, o país está aproveitando bem este
momento de ampliação do consumo de alimentos em
todo o mundo. “O Brasil é hoje o grande fornecedor de
proteínas, tanto de origem animal. Já exportamos alimentos para 215 países e somos os maiores exportadores
de vários produtos, além dos tracionais café, açúcar e
suco de laranja. Estamos nos destacando nas exporta-
Costábile Nicoletta
[email protected]
Diretor Adjunto
Pouco charme,
muita rentabilidade
ções de carne bovina, suína e de aves e já ocupamos a
condição de maiores exportadores do complexo soja”.
O ministro Wagner Rossi foi a Curitiba participar da
abertura do Fórum Sementes de um Novo Brasil, promovido pela multinacional Syngenta, uma das maiores
produtoras mundias de sementes e defensivos agrícolas
e uma das líderes em pesquisa e desenvolvimento no setor de biotecnologia agrícola. ■ Agência Brasil
Rebecca Cook/Reuters
Sofisa reverte prejuízo
e lucra R$ 23,9 milhões
Oferta de ações deve
render US$ 13 bi à GM
A montadora finalizou ontem os termos da oferta pública
inicial de quase US$ 13 bilhões para saldar sua controversa
concordata, financiada pelo governo dos Estados Unidos,
e reduzir a participação do Tesouro norte-americano para
acionista minoritário. A montadora planeja vender 365
milhões de ações ordinárias a um preço de entre US$ 26 e
US$ 29, o que geraria US$ 10 bilhões. Além disso, a GM planeja vender cerca de US$ 3 bilhões em ações preferenciais
que se converteriam em ações ordinárias. ■ Reuters
O Banco Sofisa registrou no terceiro trimestre lucro líquido de R$ 23,9 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 10,7
milhões em igual período do ano passado. No ano, o resultado da instituição chega a R$ 61,1 milhões, ante R$ 1,9
milhão nos primeiros nove meses de 2009. “Acredito que
vamos gradualmente voltar para a nossa rentabilidade
histórica”, afirmou o diretor de relações com investidores, Ricardo Simone Pereira. De acordo com o executivo,
o patamar ideal é entre 16% e 18%. No terceiro trimestre, a rentabilidade ficou em 12,5%.
Para atingir a meta, o banco decidiu concentrar os
esforços apenas no crédito a empresas. Também tem reduzido despesas e elevado a recuperação de créditos em
atraso. A carteira de empréstimos em setembro era de
R$ 2,922 bilhões, alta de 10,5% em 12 meses.
Como a expectativa é de crescimento da carteira, o banco tenta ampliar as suas fontes de captação. Na semana que
vem, deve finalizar um empréstimo de mais de US$ 100
milhões com o Banco Mundial. Além disso, planeja fazer a
sua primeira captação via emissão de letras financeiras
(LFs). “Estamos aguardando primeiro a regulamentação da
oferta pública para aí sim fazer alguma emissão de letra financeira no começo do ano que vem.” ■ Ana Paula Ribeiro
Presidente da Anatel fica mais um ano no cargo
A informação foi confirmado pelo ministro das Comunicações, José Artur Filardi, que se reuniu com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no final da tarde de ontem. O mandato como presidente da Agência Nacional de Telecomunicações termina amanhã. Sardenberg, que também ocupa uma vaga no Conselho Diretor da agência até 2011, foi
nomeado para o cargo no dia 1º de julho de 2007 e reconduzido em junho de 2008. O governo ainda não definiu
quem substituirá o conselheiro Antônio Bedran, cujo mandato termina hoje. ■ Agência Brasil
Ser um importante exportador de commodities não
tem muito charme entre os analistas econômicos.
Afinal, em vez de o país vender produtos acabados e
com alto conteúdo tecnológico, abastece o mercado
mundial com matérias-primas obtidas por meio de
um processo extrativista, como o minério de ferro.
Além de não ser um negócio charmoso, corre o risco
de ser tachado de ambientalmente incorreto.
Levantamento realizado pela consultoria Austin
Rating, detalhado nas páginas 12 e 13 pela repórter
Eva Rodrigues, mostra que, enquanto a pauta total
de exportações brasileiras registrou perdas financeiras de 0,7% no período compreendido entre janeiro e
setembro, em relação ao acumulado dos três trimestres do ano passado, empresas que embarcaram para
o exterior uma cesta de 12 commodities obtiveram
ganhos de 7,2% no mesmo prazo em estudo.
A grande vedete dessa cesta foi o minério de ferro, que apresentou um avanço de 42,5%. Isso explica por que a Vale — uma das principais fornecedoras mundiais desse insumo — acumulou no período um lucro de R$ 20 bilhões, metade dele obtida somente no último trimestre.
O lucro da Vale em três trimestres
deste ano quase se iguala à
soma do resultado de três dos
maiores bancos instalados no país
Para ter uma ideia da grandeza desse resultado,
ele é apenas R$ 1,9 bilhão inferior ao lucro auferido
em conjunto nesse período por três dos maiores
bancos instalados no país que já divulgaram seu desempenho: Bradesco (R$ 7,1 bilhões), Santander
(R$ 5,4 bilhões) e Itaú Unibanco (R$ 9,4 bilhões). As
três instituições financeiras também conseguiram
resultados excelentes. Entre as principais razões
desse azul cintilante no balanço estão as operações
de crédito, aquele item que mais se espera que um
banco faça com sua matéria-prima.
A valorização do minério de ferro compensou a
desvantagem da baixa cotação do dólar no Brasil.
São as forças da oferta e da procura teimando se impor à tentação do controle do câmbio, ao qual recorre grande parte das companhias que vivia cobrando
do governo respeito às leis do mercado. ■
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Para a agência de risco Austin Rating, o aumento
de liquidez no sistema financeiro americano não deverá
se reverter em alta nos financiamentos de investimentos
ou consumo privado, mas em ampliação da carteira
de ativos de países emergentes. Mais dólares em busca
de melhores retornos, apreciando ainda mais o real.
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ENQUETE
Definida
a eleição
presidencial,
a ação da
Petrobras deve
se recuperar
na bolsa até
o fim do ano?
Não
33%
Sim
67%
Fonte: BrasilEconomico.com.br
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