UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
DEPARTAMENTO DE PROJETO AUP 266 Planejamento de Estruturas Urbanas
ANDRÉ BOUTEILLER KAVAKAMA
Nº USP 6451679
ANELISE BERTOLINI GUARNIERI
Nº USP 6451770
CAMILA RIBEIRO NOGUEIRA
Nº USP 6452468
NATASHA BUGARIN
Nº USP 6452298
RAISA DRUMOND DE ABREU NEGRAO
Nº USP 6451807
Professora Maria Cristina da Silva Leme
RELATÓRIO JUNDIAÍ
SETOR 2
SÃO PAULO, MAIO DE 2009.
A cidade de Jundiaí
1. Inserção regional
Jundiaí está numa posição estratégica do corredor econômico, conectada
com São Paulo, o maior centro consumidor do país, e com o interior do Estado,
principalmente Campinas. Sua malha viária é privilegiada pela presença das
rodovias Anhangüera e Bandeirantes. Pela Rodovia SP-300 liga-se a Itu e Jarinú.
Possui ainda ligação com outras rodovias estaduais: Rodovia D. Gabriel Paulino
Bueno Couto, Rodovia Tancredo de Almeida Neves, Rodovia Constâncio Cintra e
Rodovia Geraldo Dias. Além delas, a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, ainda em
funcionamento, conecta o município com outras regiões. Localiza-se, portanto, em
uma área de fácil acesso, porém a Serra do Japi e Serra dos Cristais se coloca como
um empecilho para a conurbação do município com São Paulo.
O município tem investido no turismo rural, e a partir disso faz parte do
Pólo Turístico do Circuito das Frutas, um consórcio turístico intermunicipal que
engloba, além de Jundiaí, as vizinhas cidades de Indaiatuba, Itatiba, Itupeva,
Jarinu, Louveira, Morungaba, Valinhos e Vinhedo.
Todas elas apresentam uma identidade comum, onde se destaca a
importância da fruticultura. Em Jundiaí pode-se verificar a existência de grande
número de chácaras e pequenos núcleos produtores, principalmente na porção
norte do município, onde se destaca a produção de milho, feijão, arroz, batata,
legumes, frutas, especialmente a uva.
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2. Expansão urbana
O crescimento do município se intensifica a partir da segunda metade do
século XIX com a produção cafeeira, e junto com ela chegam a ferrovia SantosJundiaí, inaugurada em 1867, e a implementação de indústrias. Os grandes
produtores rurais, na busca de mais mão de obra,
incentivaram o processo de
imigração, o que estimulou o crescimento comercial e industrial e, ainda, do
segmento de serviços e infra-estrutura urbana.
É possível perceber a partir do mapa da expansão urbana que o processo de
industrialização de Jundiaí acompanhou as vias de circulação, com isso, as
indústrias se concentravam nas regiões próximas à ferrovia. Segundo a prefeitura,
nos anos 30 e 40, ocorreu novo impulso industrial e após a inauguração da Rodovia
Anhanguera, em 1948, mais empresas procuraram a cidade, aproveitando também
a abertura da economia ao capital estrangeiro em 1950.
Após 1983, há uma tendência de crescimento do centro em direção a
macrozona rural já consolidada, justamente em função da incorporação de um
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novo segmento agrícola, a fruticultura.
O relevo atua como uma barreira natural à expansão urbana em direção à
área de preservação ambiental e à reserva biológica.
Hoje, a implementação de um novo sistema de transporte, o Sistema
Integrado de Transporte Urbano (SITU), pode se tornar um estímulo ao
desenvolvimento de pólos de serviços e comércio em outras partes da cidade.
3. Diagnóstico do município de Jundiaí
A prancha elaborada pela equipe (em anexo) procura sintetizar as principais
deficiências da cidade de Jundiaí. A partir delas localizamos as áreas de maior
necessidade de intervenção e pontuamos suas maiores potencialidades.
A partir do diagnóstico levantado de cada área pelas equipes, podemos notar
que a principal deficiência de Jundiaí é a falta de espaços verdes públicos. Segundo
a prefeitura, há um grande número de praças, no entanto, quase todas elas são
apenas canteiros nos cruzamentos das vias, caracterizados por pouca arborização e
descuido. Diante desse quadro o grupo vê a necessidade da criação de áreas livres
de qualidade nos vazios urbanos existentes, não apenas como forma de oferecer
qualidade de vida aos moradores e usuários, como também para aumentar a
permeabilidade do solo da cidade, principalmente na área central.
Ainda na área central, a malha viária, por ser muito antiga, possui ruas
estreitas que prejudicam fluxo de veículos no local, que circulam ali justamente
pela grande concentração de serviços institucionais e comércio diversificado. A
obstrução do trânsito talvez pudesse ser resolvida criando-se trechos de ruas
exclusivas para pedestres, além das já existentes, e desviando-se o fluxo para
outras vias coletoras de forma a diminuir o número de veículos que se deslocam em
direção ao centro.
Tanto na região do centro histórico, como nas áreas residenciais próximas à
Estação Ferroviária de Jundiaí, verifica-se a pouca preservação das construções
antigas. Junto à Estação, as residências que antigamente serviam para abrigar
funcionários e comerciantes envolvidos com a ferrovia, hoje se encontram
deterioradas e sem devida atenção. Uma revitalização da área residencial e mesmo
comercial próxima ao museu ferroviário e na região do centro histórico se faz
necessária, pois além da melhoria da paisagem urbana, talvez estimulasse uma
maior circulação de pessoas no local em horários diferentes do de serviço.
Regiões exclusivamente comerciais ou industriais por funcionarem apenas em
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horário comercial, tendem a ter seus arredores pouco movimentados quando as
lojas e fábricas se fecham. Como não existe uma vigilância constante, já que o
prédio de se encontra vazio, o trajeto noturno por tais localidades pode oferecer
perigo para os pedestres, sendo então evitado. Para permitir pela maior parte do
tempo uma movimentação de pessoas é necessário que se adotem medidas que
mesclem os diferentes usos do solo.
Pela troca de informações entre as equipes percebemos que a zona
periférica do município é pouco servida de infra-estrutura. As áreas mais afastadas
carecem de um sistema de vias articulado com o centro da cidade. É notável na
zona rural e na porção noroeste de Jundiaí a dificuldade de circulação e o não
atendimento de um transporte público. Visando suprir essa necessidade, a criação
de um projeto de melhoria de infra-estrutura, buscando uma maior articulação
entre elas e a cidade é imprescindível.
Ainda no perímetro urbano, embora em pontos mais afastados como no
quadrante noroeste, na região mais próxima à represa (Jardim São Camilo) e no
limite com Várzea Paulista (Vila Nambi e Jardim Tamoio), há núcleos de
submoradias que revelam uma ocupação irregular do solo. De acordo com as
apresentações das demais equipes, nesses locais a carência de infra-estrutura e o
estado de conservação das moradias revelam a ausência de políticas eficientes para
habitação social na administração municipal. Além disso, áreas como do Jardim São
Camilo podem prejudicar zonas de conservação, próximas às significativas
coberturas vegetais. Diagnosticamos então que há necessidade de levar melhorias
para a vida urbana dessas regiões em aspectos de infra-estrutura, habitabilidade,
economia e convivência em sociedade, principalmente com a adoção de políticas
de incentivo a atividade comunitária.
O município, por ser cortado pela Anhanguera e Bandeirantes e pela ferrovia
Santos-Jundiaí, depara com a deficiência de comunicação entre áreas urbanas
separadas por essas grandes vias, deixando o território um pouco fragmentado. A
falta de um maior número de transposições ao longo da ferrovia, principalmente na
sua porção mais sul acaba isolando áreas que poderiam ter uma vida em comum. O
mesmo acontece ao longo também da porção sul da Rodovia Anhanguera, onde a
Vila Maringá, apesar da alta densidade de uso residencial, se prejudica pela
comunicação escassa com o outro lado da rodovia. Além das citadas, ainda há
outras áreas onde se verifica a necessidade de criação de novas transposições para
melhorar o uso misto da cidade.
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Outro conflito constatado foi com relação aos pedestres. Nas vias de maior
fluxo de veículos e na ferrovia, o cruzamento desses de torna bastante complicado.
A criação de áreas próprias e mais seguras de travessia, com transposições mais
próximas entre si também é uma proposta.
As áreas significativas de chácaras de recreio além dos condomínios
residenciais situados a oeste da Rodovia Bandeirantes e logo acima da Zona de
Conservação da Serra do Japi se encontram muito isolados do núcleo urbano do
município, em regiões de difícil acesso. Podemos dizer que isso prejudica a vida
urbana por não haver um uso combinado de residência, comércio e serviços, uso
que auxilia na redução de deslocamento da população local. Levar o sistema de
transporte público do município até o local, além de criar parques e áreas de
recreação e lazer públicas que permitam acesso a Zonas de Conservação talvez
constituem algumas medidas para melhor a circulação de pessoas no local e
diminuir a segregação que nele existe.
A proximidade entre as zonas industriais e de conservação é uma clara
ameaça. Não apenas pela inicial necessidade de se abrir vias que permitam o
escoamento de mercadorias mas também pela irresponsável liberação de detritos
industriais, que possam prejudicar a mata vizinha. Um modo de lidar com isso além
da desapropriação destas industrias seria colocar em vigência uma lei ambiental
muito restritiva com relação por exemplo ao tratamento desses detritos, assim
como o impedimento de instalações de novas industrias na área.
Além disso como são regiões ricas em mananciais é preciso atentar para o
desenvolvimento de atividades urbanas com relação à hidrografia da cidade. Não
apenas as indústrias pode liberar seu lixo no rio mais próximo, como as próprias
residências também o podem. Na cidade, exemplo muito significativo disso é a
poluição do rio Jundiaí. Envolto em meio urbano, sua degradação é fruto
principalmente da falta de tratamento de esgotos. Assim é imperativo proceder a
favor da despoluição das águas e estabelecer um plano efetivo e abrangente de
saneamento público.
Pela expansão da cidade e pela já existência de chácaras e loteamentos que
avançam para áreas de mananciais, torna-se necessária uma conscientização da
população para se tentar garantir a salubridade dos rios. Porém, tão importante
quanto isso é ter fiscalização para o cumprimento de leis que proíbam a presença
humana nas proximidades de nascentes.
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4. Diagnóstico Setor 2
O setor estudado se insere no contexto urbano do município e está
delimitado à direita pela Rodovia Anhanguera e à esquerda pela Av. 9 de Julho.
Portanto se caracteriza por ser uma região de fácil acesso a população, tanto para
pessoas que chegam de São Paulo, como aquelas vindas do interior do Estado.
É uma região em quase sua totalidade, consolidada pela presença de
residências de médio e alto padrão. A partir da análise da evolução histórica do
território, percebe-se que a área próxima a Av. Nove de Julho é mais antiga,
urbanizada até 1983, por estar contígua ao Centro do município. O vetor de
crescimento acontece rumo à porção sul do setor, que possui uma urbanização
recente, confirmada pela presença de lotes vazios na região do bairro Anhangabaú.
O principal corredor de comércio e serviços do setor, localizado na Av. Jundiaí, que
parte do centro e divide o setor em porções norte e sul, pode ser considerado,
ainda, um vetor de crescimento em direção à região após a Rodovia Anhanguera.
Arruamento do Setor 2
Em visita a campo, chegamos pela Rodovia Anhanguera e, ao entrar na Av. 9
de Julho, que diagnosticamos ser uma via ampla e de trânsito rápido, notamos a
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presença de comercio e serviços diversificados como shoppings, postos de
combustível, grandes redes de alimentação, agências bancárias, mecânicas,
concessionárias de veículos e escritórios. Antes de chegar ao centro, na porção sul
da avenida, há verticalização, enquanto após o cruzamento da Avenida Jundiaí, há
predomínio de construções térreas e sobrados.
O trajeto foi pensado por bairros. Primeiramente entramos no bairro do
Retiro, a direita da Av. 9 de Julho. Embora a primeira impressão fosse de um bairro
tipicamente comercial, percebemos que o predomínio destes estabelecimentos se
encontra na sua principal via, a rua do Retiro. Nela há pouco recuo frontal e lateral
nos lotes e também é onde se encontram as construções mais antigas do bairro. Há
um misto de comércio, serviços e residências. Nas travessas o predomínio é de
residências e o recuo quando presente é mínimo, apresentando em alguns pontos
construções geminadas. A verticalização é pontual próxima à Rua Barão de Teffé e
presente nos conjuntos habitacionais próximo à Av. Prefeito Luis Latorre. Há uma
área ainda desocupada à sudoeste do bairro, onde está sendo canalizado o córrego
Valquíria.
O próximo bairro, Anhangabaú, se localiza abaixo da Av. Jundiaí. Está
caracterizado pela predominância de residências de alta renda. Embora os
primeiros lotes datem do final do século XIX, mais da metade do bairro está se
consolidando agora, essencialmente a porção sul, composta por casas de alto
padrão, com lotes a serem construídos. Percebe-se dois movimentos diferentes de
urbanização: um com traçado do sistema viário bastante regular, localizado à
nordeste, e outro, em que o sistema viário segue as curvas de nível, localizado
nessa porção sul. Os serviços e comércio aparecem, principalmente, na Av Jundiaí,
que é um misto de edifícios altos (dez andares), sobrados e casas térreas, e na Av.
9 de Julho. Na Av. D. Manoela, há algumas clínicas e na rua Carlos de Salles Bloch,
serviços locais, como locadoras e cabeleireiros.
Há oito praças, segundo a prefeitura, porém são pequenas e pouco
utilizadas, pois estão localizadas nos cruzamentos de vias. O mais significativo
espaço público que encontramos é o parque Comendador Antônio Carbonari, onde
acontece a tradicional Festa da Uva. O bairro se valorizou com a construção do
Ginásio de Esportes, e percebemos um uso intenso do complexo, principalmente
nas piscinas que estavam sendo usadas para ministrar aulas de natação.
Verificamos a presença de um grande número de instituições de ensino como
escolas de ensino infantil, fundamental e médio, além de sedes do SENAI e SENAC
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que parecem atender bem a população, a qual apresenta 94% de alfabetização
segundo a prefeitura.
O único terreno com ocupação irregular foi verificado na área sul do bairro
Anhangabaú, porém é pequeno e não expressivo no contexto geral da região.
Uma porção do bairro Parque do Colégio se encontra no Setor 2 e o restante
se estende ao Setor 1. Nela verificamos predomínio de uso residencial, com casas
térreas ao norte do bairro, enquanto que, ao centro, maior verticalização. Os lotes
contam com recuos lateral e frontal. Há oito praças um pouco melhor utilizadas e
localizadas com relação ao resto do setor.
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Diagnóstico Município e Setor 2 - FAU