1
Anais das 40 Mostra de Iniciação Científica do
UniNorte
Manaus
2008
2
Presidente:
Waldery Areosa Ferreira
Reitora:
Maria Hercília Tribuzy de Magalhães Cordeiro
Pró-Reitor Administrativo:
Waldery Areosa Ferreira Jr.
Pró-Reitora Acadêmica:
Leny Xavier Louzada
Diretora de Ensino de Graduação:
Maria Izolda de Oliveira Barreto
Diretor de Pós-Graduação e Pesquisa:
Tristão Sócrates Baptista Cavalcante
Diretora de Extensão:
Júlia Cristina Silveira Camilotto
Coordenadora da Pós-Graduação: Nívia Pires Lopes
Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Stricto Sensu: Lígia Fonseca Heyer
Coordenadora do NIP em Ciências Biológicas e da Saúde: Nívia Pires Lopes
Coordenador do NIP em Ciências Humanas e Lingüística: Lígia Fonseca Heyer
Coordenador do NIP em Ciências Sociais Aplicadas: Paulo Roberto Simonetti Barbosa
Coordenador do NIP em Ciências Exatas e da Terra: Alcides de Castro Amorim Neto
Anais
Organização: Mirna Feitoza Pereira e Márcio Alexandre dos Santos Silva
Programação visual: Márcio Alexandre dos Santos Silva
Logomarca e capa do CD: Assessoria de Comunicação
Reprodução: Juvenal Pinheiro da Costa Filho
Ficha Catalográfica: Valéria Lima Machado
Catalogação na fonte
Mostra de Iniciação Científica do UniNorte (4.: 2008: Manaus)
Anais [resumos] da 4. Mostra de Iniciação Científica do
UniNorte./ Organização Mirna Feitoza Pereira, Márcio Alexandre dos
Santos Silva. – Manaus: Editora do UniNorte, 2008. 71 p.
Evento realizado em 20 e 21 de outubro de 2008.
1. Ciências Biológicas e Saúde - mostra 2. Ciências Humanas e
Lingüística - mostra
3. Ciências Sociais Aplicadas - mostra
I.
Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa. II. Pereira, Mirna Feitoza. III.
Silva, Márcio Alexandre dos Santos. IV. Título
CDD
001.42
3
APRESENTAÇÃO
O Programa Institucional de Iniciação Científica (PROBIC) tem um papel
fundamental para incentivar a investigação científica no Centro Universitário do Norte
(UniNorte). Apesar de sua recente implantação, em 2005, vem contribuindo para que
professores com títulos de mestre e doutor exerçam as atividades de pesquisa e orientação
científica, despertando nos alunos o interesse pela pesquisa, representando uma grande
contribuição para a formação de novos cientistas.
Este ano foram desenvolvidos 16 projetos de pesquisa no PROBIC, dentro das
áreas de Ciências Humanas e Lingüística, Ciências Sociais Aplicadas e Ciências
Biológicas e da Saúde, e um em nível de pós-graduação, no Núcleo de Pesquisa Stricto
Sensu, cumprindo, assim, o objetivo de ser um instrumento de formação que permite
introduzir, na pesquisa científica, estudantes de graduação, com a finalidade de preparálos não somente para o mercado de trabalho como para adquirirem novos conhecimentos
através da pesquisa sistematizada, proporcionando uma formação global.
O PROBIC não só contribui para a formação dos alunos, meta esta que por si só já
justificaria todos os esforços institucionais no custeio de bolsas de pesquisa, como também
se coloca na altura de contribuir com uma base sólida para os programas de pósgraduação que estão sendo implantados no UniNorte.
Ligia Fonseca Heyer
Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Stricto Sensu/
Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa
UniNorte
4
SUMÁRIO
I. NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA
SAÚDE
ALTERAÇ$ÕES NOS PARÂMETROS CINEMÁTICOS E ELETROMIOGRÁFICOS
DURANTE SÉRIES INTERVALADAS EM EXERCÍCIOS CONTRA-RESISTÊNCIA
PARA MEMBRO SUPERIOR EM INDIVÍDUOS TREINADOS
8
Genner Pinheiro Cruz Neto e Ewertton de Souza Bezerra
AVALIAÇÃO DO VALOR NUTRITIVO E FITOQUÍMICA DE PLANTAS
MEDICINAIS CONSUMIDAS IN NATURA NA CIDADE MANAUS
12
Beatriz S. Gouvea, Eva Maria Cavalcante Atroch, Francisca das Chagas A. Souza
AVALIAÇÃO MOTORA DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS:
CATEGORIA DE MOVIMENTO ESTABILIZADORA
Solange Cruz, Josiene de Lima Mascarenhas
AVALIAÇÃO DA POSTURA DE CRIANÇAS EM AMBIENTE ESCOLAR
Simone Peres Carneiro, Jansen Atier Estrazulas
16
19
A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO MANIPULATIVO PARA PORTADORES DE
23
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
Lidiane Viégas Lessa, Josiene de Lima Mascarenhas
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: CONTRIBUINDO PARA O DESENVOLVIMENTO
MOTOR DE PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS 26
Joicy Dias dos Reis, Josiene de Lima Mascarenhas
ESTUDO DA DIVERSIDADE DE BACTÉRIAS DAS AREIAS DAS PRAIAS DA
CIDADE DE MANAUS-AM
Larissa dos Santos Ferreira, Alessandra Alves Drumond-Siqueira
30
ESTUDO DA DIVERSIDADE DE FUNGOS FILAMENTOSOS E LEVEDURAS DAS
AREIAS DOS BALNEÁRIOS (PRAIAS) NA CIDADE DE MANAUS-AM
33
Hananda Gabrielle Nunes dos Santos, Alessandra Alves Drumond-Siqueira
INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA NO
DESENVOLVIMENTO MOTOR DE PORTADORES DE NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS
Lorena da Glória Lins, Josiene de Lima Mascarenhas
37
ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS PRESENTES NA MICROBIOTA
NORMAL DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum) E ACARÁ-BANDEIRA
(Pterophyllun scalare) CULTIVADOS EM CATIVEIRO, MANAUS-AM
41
5
Keillen Monick Martins Campos, Cristiany de Moura Apolinário e Silva, Alessandra
Alves Drumond Siqueira
ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS PRESENTES NA MICROBIOTA
NORMAL DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum) CULTIVADOS EM
CATIVEIRO, MANAUS – AM
46
Simon Batista Castilho, Cristiany de Moura Apolinário e Silva
II. NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS E
LINGÜÍSTICA
REPERTÓRIOS DE LEITURA E ESCRITA E ÍNDICES DE CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA ENTRE CRIANÇAS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E/OU
COM HISTÓRICO DE FRACASSO ESCOLAR
51
Dayse da Silva Albuquerque, Gustavo Paiva de Carvalho, Williames Augusto Bacelar
Souza e Karla Alessandra de Amorim D’Elía
III. NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
ESTUDO DOS CONTEXTOS URBANO E AMBIENTAL DAS PALAFITAS DA
CIDADE DE MANAUS
Taissa Dias Barros, Mirna Feitoza Pereira, Márcia Honda Nascimento Castro
56
A TUTELA JURÍDICA DOS CONHECIMENTOS TRADICIONAIS ASSOCIADOS
ENQUANTO ESPÉCIE DE PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL NA
AMAZÔNIA
60
Alberto Luiz Silva Ferreira Filho, Fabiana da Silva Barreiros, Francisco João Leite,
Marcelo Augusto Andrade de Oliveira e Raimundo Pereira Pontes Filho
LEVANTAMENTO HISTÓRICO DA INCIDÊNCIA DE PALAFITAS NA CIDADE
DE MANAUS, COM ÊNFASE NOS IGARAPÉS DE EDUCANDOS E SÃO
RAIMUNDO
Márcio Alexandre dos Santos Silva, Mirna Feitoza Pereira, Milke Cabral Alho
62
A SOBERANIA NACIONAL NA AMAZÔNIA LEGAL SOB A ÓTICA
CONSTITUCIONAL AMBIENTAL BRASILEIRA
66
Alexander Cavalcante Xavier, Danielle Costa de Souza, Marcella Santos d’Oliveira,
Raimundo Pereira Pontes Filho, Helso do Carmo Ribeiro Filho
IV. NÚCLEO DE PESQUISA STRICTO SENSU
ESTABELECENDO PRÉ-REQUISITOS PARA A LEITURA COM ALUNO
DA APAE
Juliana dos Santos Leão,Maria do Perpétuo Socorro Silva de Lima, Jaci Augusta
Neves de Souza
69
6
7
ALTERAÇÕES NOS
PARÂMETROS CINEMÁTICOS E
ELETROMIOGRÁFICOS
DURANTE SÉRIES
INTERVALADAS EM EXERCÍCIOS
CONTRA-RESISTÊNCIA PARA
MEMBRO SUPERIOR EM
INDIVÍDUOS TREINADOS
Genner Pinheiro Cruz Neto1,
Ewertton de Souza Bezerra2
INTRODUÇÃO
Atualmente o treinamento de força é
utilizado como uma modalidade de prática
de exercícios amplamente difundida no meio
do treinamento esportivo, bem como em
práticas recreativas e até durante
recuperações de patologias. Gerando
adaptações morfofuncionais tanto no
músculo esquelético, como no cardíaco,
podendo estas adaptações ser crônicas e
agudas, dependentes das combinações de
muitas variáveis. Segundo Kramer et al.
(2000) estas podem ser o número de séries,
quantidade, tipo e ordenação dos exercícios,
assim como, o tempo de recuperação entre
as séries realizadas. No entanto, o tempo de
intervalo entre as séries pode ser
determinante para o alcance dos resultados
almejados, desse modo, o objetivo do
referido trabalho foi investigar as alterações
dos movimentos articulares e do nível de
atividade máxima (root mean square-RMS)
dos músculos envolvidos no exercício
supino horizontal, em séries intervaladas
para indivíduos treinados.
1. Aluno do PROBIC. Curso de Educação Física.
2. Mestre em Biomecânica- EEFE-USP,
orientador do bolsista e professor do UniNorte.
METODOLOGIA
O grupo experimental foi composto de
cinco voluntários (26,2 ± 5,6 anos; 77,54 ±
9,56 Kg; 168,1 ± 4,20 cm), sendo todos
treinados com mais de dois anos de
experiência com o movimento estudado.
Como critério de inclusão, os mesmos não
poderiam apresentar qualquer lesão osteomio-articular no membro superior. Todos os
voluntários foram informados sobre os
objetivos e procedimentos do estudo e
assinaram um termo de consentimento livre
e esclarecido que foi previamente aprovado
pelo Comitê de Ética do Centro
Universitário do Norte, Manaus, AM.
Foram realizados 4 sessões durante
o procedimento experimental. Na sessão 1
verificou-se as medidas antropométricas, na
sessão 2 e 3 foram realizados teste e reteste
para a obtenção da carga máxima para
10RM, respectivamente, na sessão 4 a coleta
dos dados cinemáticos e eletromiográficos.
Entre as 1 e 2 sessão 24 horas foram
adotadas de intervalo, já entre a 2 e 3 foram
48 horas e entre a 3 e 4, 72 horas foram
dadas tentando evitar acumulo de fadiga que
poderia comprometer os resultados.
O exercício supino horizontal foi
selecionado devido ao seu grande emprego
nos programas de treinamento e em
investigações experimentais. A carga
utilizada foi estimada a partir da realização
de um teste que foi realizado em dois dias
distintos, sendo estes separados por um
mínimo de 48 horas, como os resultados
mostraram diferenças entre o teste e reteste,
92,44±18,24 e 98,22±16,98 para p<0,05,
respectivamente, a carga obtida no segundo
dia para cada um dos sujeitos foi a aplicada
no dia da coleta dos dados cinemáticos e
eletromiográficos.
Os
procedimentos
adotados para obtenção da carga em 10
repetições máximas foram os mesmos em
ambos os dias e são descrito a seguir: foi
permitida no máximo 5 tentativas para
atingir a carga para 10 RM com o intervalo
de 5 minutos entre as tentativas; a carga
utilizada na primeira tentativa foi
determinada pelo sujeito (subjetiva) com
8
base em sua experiência de treinamento; o
aumento da carga entre as tentativas foi de
no mínimo 1 kg; os sujeitos foram instruídos
a realizar no máximo 10 repetições por
tentativa mesmo que a carga possibilitasse
mais, sendo considerada válida a tentativa
em que o voluntário realizou 10 repetições
com o máximo de carga possível, ao ocorrer
falha concêntrica ou excêntrica, antes da
décima repetição a ser atingida, a tentativa
foi descartada; para não limitar a geração de
força a velocidade de execução não foi
padronizada entre os sujeitos. (Brown e
Weir, 2001).
Visando estabelecer um padrão de
movimento semelhante entre os voluntários,
o exercício supino reto foi caracterizado da
seguinte forma: inicialmente o sujeito
permaneceu deitado decúbito dorsal em um
banco horizontal com suporte para barra
semi-olímpica (12 Kg). A largura da
empunhadura ficou a critério do sujeito. Na
fase descendente, partindo da posição inicial
a barra foi conduzida verticalmente no
sentido descendente até entrar em contato
com o tórax, realizando abdução horizontal
de ombros e flexão do cotovelo, e na fase
ascendente, o retorno à posição inicial
realizando adução horizontal de ombros e
extensão de cotovelos.
O sinal eletromiográfico foi
adquirido por intermédio do equipamento
EMG 1000 (Lynx Inc.), composto por um
amplificador diferencial de 8 canais centrais
(com quatro canais auxiliares) para eletrodos
passivos pré-amplificados. Tal equipamento
possui faixas de entrada do conversor
programáveis para até ± 10V, sendo que
nesse estudo utilizou-se ± 5V, com taxa de
modo comum de rejeição >100 dB em 60
HZ. A taxa de aquisição em cada canal foi 1
KHz. O EMG 1000 possui uma taxa de
aquisição máxima de 4 Khz por canal com
comunicação com computador PC utilizando
rede ethernet. Este ainda possui uma fonte
de alimentação com entrada de 90 a 240 Vac
ou 12 Vdc. Além de conversor A/D modelo
AC 1160 de 16 canais, com 16 entradas
digitais TTL (transistor-transistor-logic) e 16
saídas TTL, possuindo duas entradas de
contador up/down. Os eletrodos utilizados
no presente estudo foram eletrodos passivos
montados em uma estrutura de poliuretano
com duas placas de prata posicionadas a 10
mm de distância uma da outra. Os eletrodos
foram colocados entre o ponto motor e o
tendão distal de cada músculo estudado
seguindo a direção das fibras musculares
destes (Hermens et al, 2000). A localização
do ponto motor foi realizada através de
pontos anatômicos informados por um
gabarito padrão, tendo antes da fixação o
local sofrido tricotomia e limpeza com
álcool. Os músculos selecionados foram o
peitoral maior (PM), deltóide anterior (DA),
tríceps braquial cabeça longa (TBCL) e reto
abdominal (RA).
Para a avaliação cinemática
marcadores esféricos de isopor (2.5 cm
diâmetro) cobertos com fitas reflexivas
foram posicionados no pontos anatômicos
dos membros superiores: acrômio, epicôdilo
lateral do úmero, ponto médio entre o
esteloíde da ulna e do rádio. Os dados foram
coletados por uma câmera de vídeo de 30
HZ (SONY®, São Paulo, São Paulo, Brazil)
posicionada no plano transversal do
indivíduo durante a realização do exercício,
posteriormente as imagens foram analisadas
no sistema Vicon Motion Analysis System
(Vicon Corporation, Los Angeles, CA.
USA).
As análises das variações angulares
foram realizadas somente na fase
concêntrica, sendo esta estabelecida pela
diferença do segmento braço e relação ao
antebraço, tendo a posição inicial a menor
angulação e a final a maior angulação do
movimento.
Todos os dados foram descritos pela
média e desvio padrão. Um teste de
normalidade de shapiro-wilk foi aplicado,
constatando que os dados apresentavam
distribuição normal. Sendo assim, as
análises entre a variabilidade da amplitude
articular entre as diferentes repetições, bem
como para as diferentes séries foi realizada
por um teste T-student para medidas
pareadas. Para a análise da variância entre as
os músculos nas diferentes séries foi
utilizados ANOVA one-way e post hoc de
Scheffe Todos os testes utilizaram nível de
9
significância de p<0,05, sendo tratados no
programa SPSS for Windows 12.0.
DISCUSSÃO
RESULTADOS
De acordo com o posicionamento do
American College of Sports Medicine
(ACSM, 2002) em relação ao treinamento
resistido para praticantes intermediários e
avançados, destaca-se como suficientes
intervalos entre 2 a 3 minutos para
exercícios
multi-articulares,
e
para
exercícios uni-articulares entre 1 e 2
minutos. Entretanto, esta é uma questão
pouco explorada, podendo ser atribuída
principalmente à fadiga muscular, devido ao
fato de tais evidências basearem-se em
estudos relacionados aos efeitos agudos do
treinamento.
Acrescentando,
períodos
de
intervalos menores são acompanhados de
considerável desconforto muscular, devido à
oclusão vascular, conseqüentemente maior
produção de lactato (TESH, LARSON,1982)
e, diminuindo consideravelmente a produção
de força (WILARDSON, BURKETT,
2005).
Os resultados apresentados no
presente estudo que utilizou o intervalo fixo
de 2 minutos entre as séries apresentou
redução quanto ao número de repetições
para alguns indivíduos, desta forma a
concordar com os estudos mencionados
anteriormente. Mas quando analisados o
deslocamento articular e o comportamento
eletromiográfico para os músculos PM, DA,
TBCL e RA, os mesmos não apresentaram
diferenças significativas entre as três séries
realizadas, desta forma podendo atribuir tal
fato ao componente fadiga.
Poucos trabalhos enfatizam os intervalos
entre as séries, o que dificulta em estipular
um período de intervalo suficiente para que
os indivíduos possam se recuperar e não
reduzir o número total de repetições.
Os valores de deslocamento articular
do lado dominante (direito) dos indivíduos
não
apresentaram
modificações
significativas entre as repetições e nem entre
as séries, figura 1.
Figura 1- Média e desvio padrão para o
deslocamento articular do membro superior
durante o exercício supino horizontal.
O mesmo pode ser observado para o
comportamento eletromiográfico para os
músculos PM, DA, TBCL e RA, tabela 1.
Tabela 1- Média e desvio padrão para a máxima
atividade muscular (RMS-Volts) durante as três
séries de execução do exercício supino
horizontal.
Músculos
1 série
2 série
3 série
PM
2,006±0,41
2,122±0,31
2,212±0,34
DA
2,722±0,52
2,856±0,60
2,892±0,64
TBCL
2,356±0,37
2,16±0,65
2,184±0,66
RA
0,316±0,13
0,38±0,09
0,426±0,13
CONCLUSÃO
Os resultados indicam que o
deslocamento articular e o nível de ativação
muscular não são alterados pela fixação do
10
intervalo de descanso entre as séries, quando
este é de 2 a 3 minutos.
REFERÊNCIAS
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS
MEDICINE. Position stand: Progression
models in resistance training for healthy
adults. Medicine and Science in Sports
Exercise, v.34, p.364-380, 2002.
BROWN L.E.; WEIR, J.P. Asep procedures
recommendation I: accurate assessment of
muscular strength and power, Journal of
Exercise Physiology, Duluth, v. 4, n. 3, p. 121, 2001.
HERMENS, H.J., B. FRERIKS, C.
DISEELHORST-KLUG, AND G. RAU.
Development of recommendations for
SEMG sensors and sensor placement
procedures. J. Electromyography Kines. 10.
361-374. 2000.
KRAMER, W.J.; RATANESS, N.; FRY,
A.C.; MCBRIDE, T.; KOZIRIS, L.P.;
BAUER, J.A.; LYNCH, J.M.; FLECK, S.J.
Influence of resistance training volume and
periodization
on
physiological
and
performance adaptations in collegiate
women tennis player. The American Journal
of Sports Medicine, Greenwich, v.28, n. 5,
p. 626-633, 2000.
TESH,
P.;
LARSON,
L.
Muscle
hypertrophy in bodybuilders. European
Journal Apply Physiology, v.49, p.301-306,
1982.
WILLARDSON, J.M.; BURKETT, L.N. A
comparison of 3 different rest intervals on
the exercise volume completed during a
workout. Journal Strength Conditioning
Research, v.19, p.23-26, 2005.
11
AVALIAÇÃO DO VALOR
NUTRITIVO E FITOQUÍMICA DE
PLANTAS MEDICINAIS
CONSUMIDAS IN NATURA NA
CIDADE MANAUS
Beatriz S. Gouvea
Eva Maria Cavalcante Atroch
Francisca das Chagas A. Souza
Considerando a importância do
estudo de plantas medicinais (Matos et al.,
1998), faz-se necessário a caracterização de
espécies de reconhecida ação terapêutica
freqüentemente utilizadas na medicina
popular da Região Amazônica. O trabalho
tem por objetivo avaliar nutricionalmente e
fitoquimicamente as plantas medicinais
consumida “in natura” na cidade de Manaus.
Material e métodos
INTRODUÇÃO
Plantas medicinais são geralmente
consumidas
por
suas características
terapêuticas. Contudo, juntamente com as
substâncias fitoquímicas de interesse,
também são ingeridos, entre outros
compostos, minerais, lipídios, carboidratos e
fibras que podem apresentar uma função
nutraceutico.
O uso indiscriminado de ervas como
automedicação ainda é muito empregado
pela população, é preciso varias análises e
testes em cobaias para comprovar os efeitos
benéficos das plantas medicinais no
organismo humano, pois algumas podem
levar a toxicidade e comprometer ainda mais
a saúde do indivíduo.
No Brasil, são raras as pesquisas que
avaliem o grau de utilização das plantas
como medicamentos e sua inserção na
cultura popular. A análise de 1.320
formulários preenchidos pela população do
interior do estado do Rio de Janeiro e por
profissionais da área de saúde permitiu
verificar que as plantas medicinais são as
principais formas de tratamento para 63%
dos entrevistados, apesar da disponibilidade
de medicamentos alopáticos (SILVA, K.
Nurit e AGRA, M.F. Rev. bras. farmacogn.,
out./dez. 2005, vol.15, no.4, p.344-351.
ISSN 0102-695X.).
Na região amazônica essas ervas são
usadas para o tratamento de doenças
pulmonares e digestivas e preparada na
forma de suco com adição de água ou leite e,
desta forma, se constituindo em um
alimento.
Material
As amostras estudadas foram
espécies dos gêneros Spilanthes olerace,
(Jambú), Bryophillum calycinum (Coirama),
Coronopus didymus (Mastruz), Ocimum
basilicum (Manjericão) e Mentha piperit
(Hortelã) estas espécies foram adquiridas em
feiras livres de Manaus, sendo previamente
avaliadas quanto à qualidade e em seguida
foram acondicionadas em sacos plásticos
lacrados para serem transportadas para o
laboratório de Bromatologia do Centro
Universitário do Norte - UNINORTE para
serem pesadas e em seguida trituradas em
então serem realizadas as análises físicoquímicas e fitoquímicas.
Métodos
Análises Físico-Químicas:
a) Determinação de Umidade
A umidade foi determinada sobre
tomadas de ensaio com cinco gramas da
amostra, por dessecação em estufa com
circulação de ar forçada até peso constante,
seguindo a técnica da A.O.A.C. (1990). Os
resultados representam as médias de três
determinações,
sendo expressos em
porcentagem em relação a folha triturada.
b) Determinação de Proteína Total
Foi utilizado o método de Kjehldahl, de
acordo com a descrição da A.O.A.C. (1990).
Para a digestão da amostra e posterior
destilação, determinando-se o teor de
12
nitrogênio protéico utilizando o fator e
conversão 6,25. Os resultados são as média
de três determinações e são expressos em
porcentagem em relação à folha triturada.
c) Determinação da Fibra bruta
Na amostra dessecada e desengordurada foi
analisado o teor de fibra bruta, mediante
digestão ácida com H2SO4 1,25%, seguida
de digestão alcalina com NaOH 1,25%.
Após as digestões, o resíduo foi submetido a
aquecimento
a
105°C
e
pesado.
Posteriormente, este foi calcinado a 550°C.
A.O.A.C. (1990).
e) Determinação das cinzas
A
amostra
previamente
seca
e
desengordurada foi submetida a calcinação
em estufa a 550º.C até peso constate esta
metodologia é descrita na A.O.A.C. (1990).
Obtenção dos Extratos
Utilizou-se 10g de material seco misturado
com 200mL de água destilada que foram
levados ao forno microondas (Eletrolux) por
20 minutos e em seguida por 10 minutos,
permanecendo em repouso até o completo
esfriamento. Após este procedimento o
material foi filtrado, com o auxílio de gaze e
esterilizada.
Análise fitoquímicas
a) Verificação de taninos solubilizáveis
em água quente
Em 100 mL do extrato, foi adicionado 10
mL de Formaldeído neutralizado e 5 mL de
ácido clorídrico concentrado, deixando em
repouso por 24 horas, e em foi filtrado, e
seco em estufa a 105º.C e pesado o que
restou obtendo-se o (IS), índice de Stiansy
(teor de polifenóis condensados contidos no
extrato), realizando três repetições e
obtendo-se a média. Esta metodologia é
descrita por Doat ( 1978) e Fetchal (1994)
citados por Trugilho et al., (2003).
a) Obtenção dos extratos
A obtenção do extrato aquoso de folhas
trituradas em liquidificador (Mondial) na
velocidade mínima. Para a secagem do
material foi utilizada uma estufa com
circulação de ar forçada (ECB-LINEA) por
72 horas a 50º.C. Para teste com material
fresco foram cortados em pequenos
fragmentos e depois pesados para infusões e
decocção do decorrente trabalho.
b) Preparação dos extratos aquosos por
infusão
Foi pesado 10g de material seco e misturado
com 200mL de água destilada em seguida
levados ao forno microondas (Eletrolux) por
10 minutos em temperatura à 100º.C . Após
esta etapa foi homogeneizado e deixado em
repouso por cerca de 1 hora e logo depois
filtrados em gases, obtendo-se então os
extratos por infusão.
c) Preparação dos extratos aquosos por
decoção
b) Prospecção de constituintes do extrato
aquoso
As técnicas foram adaptadas, de tópicos
especiais contidos em textos de fitoquímica,
e análise orgânica de Rosenthaler, Feigl
descrito por Matos (1997). Foram feitos
extratos por infusão e decocção para os
testes de ensaios fitoquímicos onde foram
separadas oito porções do chá de 4 mL em
cada tudo e ensaio numerado e uma porção
de 100mL em um erlenmeyer para serem
submetidos os conteúdos os tubos aos
seguintes testes de: fenóis, taninos,
antocianinas, antocianidinas , flavonóides,
leucoantocianidinas, catquinas e flavanonas,
taninos condensados.
b.1) Teste para fenóis e taninos
No tubo de número 1 foi adicionado 3 gotas
de cloreto de Ferro, depois agitado e
observado qualquer variação de cor ou
formação de precipitados abundantes,
escuros.
13
b.2)
Teste
para
antocianinas,
antocianidinas e falvonóides
O tubo de número 2 foi acidulado para pH 3
(com ácido clorídrico), no tubo de número 3
foi alcalinizado para pH 8,5 (NaOH) , o tubo
de número 4 também alcalinizado para pH
11 (NaOH), onde foi observado qualquer
mudança de coloração do material.
b.3) Teste para leucoantocianidinas,
catquinas e flavanonas
O tubo de número 5 foi acidulado para pH 1
a 3 (com ácido clorídrico), o tubo de número
6 foi alcalinizado para pH 11 (com NaOH)
este foi aquecido durante 3 minutos,
cuidadosamente, e observado qualquer
mudança de coloração do material com os
tubos anteriores.
b.4) Teste para flavonóis, flavanonas,
flanonóis e xantonas
No tubo de número 7 foram adicionados
alguns centigramas de fita de magnésio
(0,02g) mais 0,5mL de ácido clorídrico
concentrado. Após este procedimento foi
comparado com a mudança na cor da
mistura da reação nos tubos 5 (acidificados).
Intensificação do vermelho é indicativo de
flavonóis, flavanonas, flanonóis e xantonas.
b.5) Leitura para
taninos condensados
determinação
de
Após a adição de formaldeído e
ácido clorídrico nos tubos, foi feita a leitura
do pH através de fitas.
Resultados e Discussão
Analise físico-química
Os resultados obtidos para a composição
físico-química mostram a coirama com o
maior teor de umidade (91,5%), no entanto
a hortelã apresentou o maior teor de fibras
(73%), e o maior teor de minerais foi o da
coirama 16 como podemos observar na
Tabela 1.
Tabela 1. Valores de umidade, proteína, fibra
bruta e cinzas.
Coiram Mastruz Manjericão Hortelã
a
Umidade 91,5%
89%
88,4%
81,6%
Proteína
0.5%
0,4%
0,4%
0,9%
Fibras
33%
23,3%
33%
73%
Cinzas
16%
15,2%
14,8%
15%
Análise fitoquímica
Os resultados mostram o mastruz como uma
boa fonte de flavonas, flavonóis, xantonas e
flavononóis, o manjericão apresentou
taninos e flababenicos, a hortelã apresentou
bons resultados para taninos, chalconas,
xantonas, e o jambú mostrou-se como boa
fonte fenóis, flavonas, flavonois, xantonas e
catequinos. Todas as espécies apresentaram
flavonóides
sendo
indicadas
como
antioxidante e antiinflamatória. Todos os
chás
apresentaram
xantonas.
sendo
indicadas como anti-depressivos e antidiabéticos.
Tais resultados nos levam a acreditar que os
chás podem auxiliar em tratamentos
dietoterápicos, como prevenção de doenças
já que essas ervas apresentam substâncias
antioxidantes que combatem os radicais
livres .
A quantidade de fibra bruta no jambú pode
auxiliar nos movimentos intestinais,
evitando a constipação nos indivíduos que o
consomem.
Todos os extratos mostraram-se como boas
fontes de xantonas sendo indicadas como
anti-depressivos e anti-diabéticos. Tais
resultados nos levam a acreditar que os chás
podem
auxiliar
em
tratamentos
dietoterápicos.
REFERÊNCIAS
A.O.A.C. Official Methods of Analysis. 15
ed., Washington: Association of Official
Analytical Chemists, 1990. 960p
14
Harper, H.A.; Rodwell, V.W.; Mayes, R.A.
Manual químico fisiológico.5.ed. São Paulo:
Atheneu, 1982. 736 p.
Matos, F.J.A. Farmácias vivas. 3. ed.
Fortaleza: UFC, 1998. 180 p.
Moreira, R.C. R, Rebelo, J.M.M., Gama,
M.E.A.,
Costa,
J.M.L.
Nível
de
conhecimentos
sobre
Leishmaniose
Tegumentar Americana (LTA) e uso de
terapias alternativas por populações de uma
área endêmica da Amazônia do Maranhão,
Brasil. Cad. Saúde Pública v.18 n.1 Rio de
Janeiro jan./fev. 2002.
Helmuth ,W. Nova Apicultura,1985.
CAMPOS, R. G. M. Contribuição para o
estudo do mel, pólen, geléia real e própolis.
Boletim da Faculdade de Farmacia de
Coimbra, vol.11, n.2, p.17-47, 1987.
ALVES, Rogério Marcos de Oliveira,
“Criação de Abelhas Nativas Sem Ferrão –
Urucu, Mandaçaia, Jataí e Irai,”ViçosaMG,CPT,2003,130p.
15
AVALIAÇÃO MOTORA DE
PORTADORES DE
NECESSIDADES ESPECIAIS:
CATEGORIA DE MOVIMENTO
ESTABILIZADORA
Solange Cruz1
Josiene de Lima Mascarenhas2
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento motor é um
processo de alterações no nível de
funcionamento de um indivíduo, onde uma
maior capacidade de controlar movimentos é
adquirida ao longo do tempo. Ou seja, no
decorrer da vida é necessário ajustar,
compensar ou mudar, a fim de obter,
melhorar ou manter a habilidade
(CAETANO, SILVEIRA, GOBBI, 2005).
O movimentar-se é de grande
importância biológica, psicológica, social e
cultural, pois é através da execução de
movimentos que as pessoas interagem com o
meio ambiente, relacionando-se com outros,
aprendendo sobre si e seus limites.
Os portadores de necessidades
educacionais especiais (PNEE) possuem
algumas
dificuldades
em
seu
desenvolvimento, dentre eles está o do
equilíbrio do corpo prejudicando o
desenvolvimento
do
movimento
(VALENTTINI, 2000).
O movimento é precioso e está
presente em todos os momentos da nossa
vida, da inabilidade para a habilidade e,
novamente, da inabilidade para a idade
avançada (KRETCHMAR, 2000). Para que
estas habilidades sejam desenvolvidas é
necessário oferecer oportunidades de um
indivíduo praticar Educação Física, que vai
contribuir para o desenvolvimento motor e
garantir aprendizagem de habilidades
específicas nos jogos, esportes, danças, lutas
e ginásticas (NETO et al., 2007).
1. Aluna do UniNorte.
2. Orientadora do bolsista.
O desenvolvimento do equilíbrio é
básico para todo movimento e é influenciado
por estímulos visuais, somatossensorias e
vestibulares. O equilíbrio reúne um conjunto
de aptidões estáticas (sem movimento) e
dinâmicas (com movimento), abrangendo o
controle postural e o desenvolvimento das
aquisições de locomoção (GALLAHUE,
2005).
O equilíbrio biológico-funcional do
organismo favorece o desenvolvimento
normal de uma pessoa para o ato de
aprender. No entanto, somente estímulos
significativos (que atendam suas reais
necessidades) darão a este indivíduo
motivos para que o momento da
aprendizagem resulte em benefícios próprios
a este determinado indivíduo.
Portanto, o objetivo deste trabalho
foi analisar a influência de um programa de
atividade motora sobre movimentos
estabilizadores
em
portadores
de
necessidades educacionais especiais, assim
como identificar atrasos motores por meio
de testes específicos, propostos pelo Modelo
Bidimensional de Gallahue (2005).
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva,
onde participaram 40 indivíduos PNEE na
categoria de movimento estabilizador, com
idade cronológica entre 10 a 44 anos,
divididos em grupos etários de acordo com
GALLAHUE & OZMUM (2005):
Adolescentes: entre 10 e 19 anos;
Adultos jovens: entre 20 e 39 anos;
Meia idade: entre 40 e 49 anos.
Foram avaliadas e analisadas as
habilidades motoras do equilíbrio com u pé
só e do equilíbrio na caminhada de todos os
sujeitos, segundo o Modelo Bidimensional
de Gallahue (2005), que classifica esses
movimentos em três estágios: inicial,
elementar e maduro. Todos os sujeitos
participaram de um programa de atividade
física que teve a duração de 04 meses, sendo
24 aulas, duas semanais. Cada sessão com
duração de 45 minutos, organizado da
seguinte forma: a) 05 minutos de introdução
com atividades motoras de alongamento e
16
aquecimento; b) 35 minutos de instrução e
prática de atividades motoras e atividades
recreativas em grandes grupos e estações; c)
cinco minutos de encerramento, com o
objetivo de volta à calma.
Os sujeitos foram avaliados no
início da intervenção e ao final da aplicação
de todo o programa foram avaliados
novamente.
Utilizamos como critério para
seleção dos sujeitos que todos sejam PNEE,
matriculados na APAE; não estejam fazendo
uso de medicamentos sobre o sistema
nervoso central; e que tenham ausência de
qualquer tipo de disfunção física aparente.
Os dados foram coletados com uma
câmera digital, e durante a coleta foram
dadas instruções verbais e exemplos práticos
de como realizar o movimento. Cada coleta
teve duração de 4 minutos por sujeito.
Para execução do movimento
utilizamos uma tábua de madeira com altura
de 3 cm e largura de 15 cm e 1 metro de
comprimento para análise do movimento
equilíbrio com um pé só, e um espaço de 16
metros para análise do equilíbrio na
caminhada.
Foram realizadas três tentativas para
cada sujeito. Foi testada a normalidade de
dados tendo como resultado os dados não
paramétricos. Desta forma utilizamos o teste
Wilcoxon para comparação entre os grupos.
Foram comparados os resultados de cada
grupo. Para o tratamento estatístico foi
utilizado o nível de significância P> 0,05.
no movimento equilíbrio com um pé
observamos diferença significativa da
primeira para a segunda coleta.
Na figura 3 são mostrados os
resultados para o grupo meia idade, onde
também visualizamos diferença significativa
para a habilidade motora do equilíbrio com
um pé.
120,00%
100,00%
80,00%
60,00%
EQUILÍBRIO COM UM PÉ
SÓ
40,00%
EQUILÍBRIO NA
CAMINHADA
20,00%
0,00%
Figura 1- Grupo Adolescentes: 1ª e 2ª coleta dos
movimento equilíbrio com um pé só e
equilíbrio na caminhada.
RESULTADOS
Na figura 1 são mostrados os
resultados para o grupo dos adolescentes.
Apesar de os resultados não apresentarem
diferença significativa os percentuais
demonstram que na habilidade motora do
equilíbrio com um pé só houve uma melhora
de 20% dos sujeitos na segunda coleta do
estágio inicial para o maduro, na habilidade
motora do equilíbrio na caminhada
observamos que todos os sujeitos analisados
mantiveram-se no estágio maduro.
Na figura 2 são mostrados os
resultados para o grupo adulto jovem, que
Figura 2- Grupo Idade Adulta Jovem: 1ª e 2ª
coleta dos movimentos equilíbrio com um pé só
e equilíbrio na caminhada.
17
SANTOS, S., DANTAS. L., OLIVEIRA, J.
A. Desenvolvimento motor de crianças, de
idosos e de pessoas com transtornos da
coordenação.
Revista
Paulista
de
Educação Física. V. 18, p. 33-44, ago.
2004.
Figura 3 - Figura 4- Grupo Meia Idade: 1ª e 2ª
coleta dos movimentos equilíbrio com um pé só
e equilíbrio na caminhada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a participação dos sujeitos nas
aulas de atividade física percebemos, através
dos resultados, que os mesmos apresentaram
desenvolvimento motor para a habilidade
motora equilíbrio com um pé só,
principalmente para os grupos Idade adulta
jovem e Meia idade.
Acreditamos
que
esse
desenvolvimento deu-se pelo fato de que
executar o movimento de equilíbrio com um
pé só foi diferente das atividades praticadas
no dia-a-dia dos sujeitos analisados. Como
as atividades não foram direcionadas e nem
específicas para cada habilidade analisada,
constatamos que este foi um resultado
positivo se comparado ao movimento do
equilíbrio na caminhada, pois este sim é
executado no dia-a-dia do indivíduo.
Acreditamos que a prática de
atividades físicas
é fundamental para
adquirir equilíbrio, em relação ao equilíbrio
com um pé só não é diferente. É preciso
viver a prática para se adquirir a experiência
(GALLAHUE, 2005).
REFERÊNCIAS
GALLAHUE, D. L. e OZMUND. J. C.
Compreendendo
o
desenvolvimento
motor: bebes, crianças, adolescentes e
adultos. 2ª. ed. São Paulo: Phortes Editora,
2005.
ECKERT, Helen. M. Desenvolvimento
motor. 3ª. Ed. São Paulo: Manola, 1993.
FERRAZ. O. L. Desenvolvimento do padrão
fundamental de movimento correr em
crianças: um estudo semi-longitudinal.
Revista paulista de educação física, 6 (1),
26-34, 1992.
VALENTINI, N. C. Percepções de
Competência e desenvolvimento motor de
meninos e meninas: um estudo transversal.
Revista Movimento. V. 8, n. 2, p. 51-62,
2002.
ZOPPEI, K.; FERRAZ, L. O. Educação
física na educação infantil: influência de um
programa em conteúdos conceituais e
procedimentais. Revista Paulista de
Educação Física, 2004.
NETO, F. R.; ALMEIDA, G. M. F.; CAON,
G.; RIBEIRO, J.; CARAM, J. A.; PIUCCO,
E. C. Desenvolvimento motor de crianças
com indicadores de dificuldades na
aprendizagem escolar. Revista Brasileira
de Cineantropometria e Movimento. p.
45-51, 2007.
CAETANO, M. J. D.; SILVEIRA, C. R.A.;
GOBBI, L. T. B. Desenvolvimento motor de
pré-escolares no intervalo de 13 meses.
Revista Brasileira de Cineantropometria
e Desempenho Humano. p. 05-13, 2005.
BRONSATO, T. M. S., ROMERO, E.
Relações de gênero e de desempenho físico
e motor de alunos submetidos aos testes do
eurofit. Revista Movimento. p. 21-34,
2001.
18
AVALIAÇÃO DA POSTURA DE
CRIANÇAS EM AMBIENTE
ESCOLAR
Simone Peres Carneiro1
Jansen Atier Estrazulas2
INTRODUÇÃO
O comportamento postural da
criança durante os primeiros anos escolares
entre as idades de 6 a 10 anos, vem a ser o
grande responsável pelos vícios posturais
adquiridos, levando-se em consideração a
evolução da postura ereta, as condições
anatômicas, a coluna vertebral e as relações
da criança com o meio social em que vivem,
segundo (Ascher, 1976).
Esses efeitos posturais geralmente
são agravados durante os anos escolares,
pois a criança fica muito tempo sentada,
sendo forçada a permanecer numa mesma
posição por longos períodos, conforme
relatos de Nachemson (1975), a posição
sentada é considerada a mais danosa para a
coluna, pior até mesmo que a posição em pé.
O crescimento rápido também pode ter um
efeito adverso na postura, pois o
desenvolvimento dos músculos posturais
não acompanha o rápido crescimento na
altura. (EITNER, KUPRIAN, MEISSNER
et al., 1984).
Durante a infância, as alterações
posturais são fatores importantes e
desencadeadores de condições degenerativas
da coluna, o que se torna, mais tarde,
presente nos adultos, em forma de dor,
podendo apresentar ou não alterações
funcionais. Como a postura sentada é
mantida por séries irregulares de potenciais
de ação, os próprios móveis podem forçar o
corpo a assumir uma posição ou outra,
segundo Knusel e Jelk (1994). Esses hábitos
deficientes podem ocasionar alterações
posturais na criança que passa horas durante
1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte.
2. Orientador do bolsista.
o dia sentada na escola, sem um mobiliário
adequado à sua idade e estatura.
Diante dos estudos e informações
supracitadas, formulou-se o objetivo deste
estudo que foi analisar a postura no
ambiente escolar de crianças de duas series
do ensino fundamental de uma escola
privada da cidade de Manaus.
METODOLOGIA
Caracteriza-se
uma
pesquisa
descritiva, visto que busca-se descrever as
características biomecânicas no ambiente
escolar, bem como as alterações na postura
decorrentes de diferentes forma de
posicionar-se sobre um mesmo mobiliário
escolar.
A população deste estudo foi
constituída de crianças estudantes de um
Colégio da Rede Privada de Ensino da
Cidade de Manaus. Para a amostra do estudo
avaliou-se 30 crianças com idades de 8 a 10
anos, pertencentes a 3º e 4º Série do Ensino
Fundamental. Mediante os alunos, foi
enviado aos pais o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido para participação no
estudo. Com a amostra constituída, as
coletas de dados foram realizadas no próprio
ambiente escolar, com seus respectivos
grupos e mobiliários. Todos os sujeitos
foram filmados, através de uma câmera
filmadora digital, posicionada em um tripé, a
uma altura de 80 cm e com uma distância
horizontal de 3 metros em relação aos
indivíduos.
Nos sujeitos, foram colocados
marcadores constituídos por isopor na forma
esférica de 2,5 cm de diâmetro, fixos no
corpo com uma fita dupla-face, após a
palpação das estruturas previamente
selecionadas e demarcadas com lápis
dermatográfico,
conforme
protocolo
sugerido por Mercadante
et al, (2005).
Os marcadores foram fixados nas seguintes
estruturas anatômicas baseadas na literatura
(NETTER, 2000; KENDALL, 1995):
Articulação Têmporo-Mandibular, Processo
Espinhoso C7, Acrômio Direito, Linha
Média da Articulação do Cotovelo, Processo
Estilóide do Rádio, Linha Média da Crista
19
Ilíaca, Trocânter Maior do Fêmur, Linha
Poplítea, Maléolo Lateral, Calcâneo e
Cabeça do 5º Metatarso, para analise dos
ângulos da cabeça, tronco, joelho e
tornozelo.
Para o processamento dos dados, as
imagens foram transferidas para o
computador, utilizando-se um software
especifico para análise em cinemetria, o
Sistema Peak Motus, depois, foi realizada a
digitalização dos pontos de referência das
articulações do corpo humano para o cálculo
dos ângulos da cabeça, ombro, tronco,
quadril, joelho e tornozelo. Por fim,
realizou-se uma estatística descritiva dos
resultados obtidos.
RESULTADOS
Através dos pontos digitalizados e
cálculos angulares podemos verificar na
Tabela 1 os valores dos ângulos da cabeça e
tronco dos dois grupos (3º e 4º série), onde
os valores médios da 4º série são maiores
que da 3º série, tanto para o ângulo da
cabeça como do tronco. Analisando o CV%
podemos verificar que para os dois ângulos
e turmas se apresentaram muito alto, o que
pode ser indicativo das diversas adaptações
que cada criança perfaz para o ajuste junto a
cadeira.
Tabela 1: Valores descritivos dos ângulos da
cabeça e tronco dos grupos
analisados.
Valores angulares
maiores que da 4º série, tanto para o ângulo
do joelho como do tornozelo.
Tabela 2: Valores descritivos dos ângulos do
joelho e tornozelo dos grupos
analisados.
Valores angulares
3 SÉRIE (n=20)
4 SÉRIE(n=10)
JOELH TORNOZE JOELH TORNOZE
O
LO
O
LO
X
113,1
124,4
112,9
120,2
DP
6,3
10,3
5
9,4
CV%
5,60
8,30
4,50
7,80
Min
103,8
97,8
103,9
102
Max
125,3
138,7
119,8
133,3
Os valores de medidas do mobiliário
utilizado pelas crianças dos dois grupos do
estudo estão apresentadas na tabela a seguir,
contendo valores de comprimentos, ângulos
e alturas de acordo com os mensurados e
impostos pelas normas regulamentadoras.
Tabela 3: Medidas do mobiliário escolar
utilizado pelas crianças do grupo
experimental do estudo.
PONTO
MEDIDA DECRIÇÃO
DAS
REFERENCIA
DISTANCIAS
E
.
ANGULOS
Altura Poplítea
0,46 cm
Entre o solo e borda
anterior da cadeira
Comp. Sacro- 0,41 cm
poplíteo
Entre a borda anterior
e o encosto da cadeira
Altura
Encosto
do 0,13 cm
Entre
a
borda
posterior da cadeira e
a base do encosto
do 0,22 cm
Entre a base e o ápice
do encosto
3 SÉRIE (n=20)
4 SÉRIE(n=10)
CABEÇ
A
TRONC
O
CABEÇ
A
TRONC
O
Comp.
Encosto
X
27,6
7,9
32
11,9
Altura da Mesa
0,73 cm
DP
16,5
6,7
18,3
5,2
CV%
59,80
84,50
57,20
43,50
Inclinação
Assento
Min
4,1
0,3
7,7
4,9
6,3 post + Formado entre a reta
baixo
do assento e o eixo
"x"
Max
62,9
23,6
60,9
21,4
Inclinação
Encosto
8,5 ápice Formado entre a reta
post
do encosto e o eixo
"y"
A Tabela 2 expressa os valores
observados para os ângulos do joelho e
tornozelo dos dois grupos (3º e 4º série),
onde os valores médios da 3º série são
Entre o solo e o ápice
da mesa
Angulação
93º
Relativa Encosto
Assento
20
A região poplítea do membro inferior,
que fica apoiada sobre a parte anterior do
assento, pode ter um aumento de
compressão dependendo da altura do
assento, resultando por exemplo em
ausência de contato do pé com o solo, o que
pode gerar problemas na circulação
sanguínea desta região, dificultando o
retorno venoso e gerando compressão do
Nervo Ciático (REIS, 2003; SOUZA, 2007).
Desta forma, formulou-se o Gráfico 1 e 2
que ilustram o contato do pé em relação ao
solo das crianças avaliadas. Estes valores
são expressos em percentuais do grupo.
Gráfico 1: descrição do contato do pé em relação
ao solo das crianças da 3ª serie durante a posição
sentada.
Gráfico 2: descrição do contato do pé em relação
ao solo das crianças da 4ª serie durante a posição
sentada.
DISCUSSÃO
De acordo com as normas da ABNT
(1997), através da NBR 14.006 – Móveis
escolares – assentos e mesas para
instituições educacionais, que trata das
questões
relativas
a
recomendações
ergonômicas (postura) e antropométricas
(dimensões) desse tipo de mobiliário,
indicando o padrão para sete medidas
referente a mesa e cadeira escolar de acordo
com a estatura do indivíduo.
Segundo
as
recomendações
existentes nesta norma referentes ao ensino
fundamental, abrangendo os dois grupo de
estudo, que apresentaram estatura média de
136 cm, a carteira escolar teria, quanto ao
assento, altura poplítea de 34 cm,
comprimento de 33 cm. O encosto, teria
altura de 15 cm, comprimento de 13cm e
inclinação encosto-assento de 95 a 106
graus. A mesa do mobiliário, teria uma
altura de 0,58 cm.
Analisando os resultados obtidos no
estudo, pode-se verificar que o mobiliário
utilizado para as turmas analisadas não estão
de acordo com a antropometria das crianças.
Esta situação pode ser verificada nos
gráficos 1 e 2, que apontam a maior parte
das crianças com o contato inadequado do
pé com o solo, o que demonstra que a altura
do assento que perfaz contato com a região
poplítea da criança não está de acordo com
os padrões. A diferença de altura do assento
foi de 12cm, sendo acima do recomendado
pelas normas e o comprimento do assento
foi 8 cm maior que o recomendado. Esta
diferença pode levar a criança a uma postura
errada, não sentando com a região glútea
próxima do encosto da cadeira, o que pode
agravar os problemas que ocorrem na coluna
vertebral.
A
inclinação
encosto-assento
encontrada na escola avaliada foi de 93º,
sendo um valor próximo do valor mínimo
indicado pelas normas (95º a 106 º).
Entretanto, quando analisamos o estudo de
Andersson et al. (1974), que concluiu que o
apoio na região lombar de uma cadeira deve
ter uma inclinação próxima a 100º, pois
reduziria a atividade mioelétrica dos
músculos posteriores das costas e a pressão
nos discos intervertebrais, trazendo assim
menos problemas a maturação da coluna
vertebral.
A altura do encosto, ou seja, a
região para o espaço lombar encontra-se
com uma diferença de 2cm abaixo do
recomendado, o seu comprimento com uma
21
diferença de 9cm acima do recomendado.
Entretanto, estas pequenas variações
encontradas nestas medidas dos mobiliários
do estudo em comparação as normas não
seriam as alterações mais importantes para
uma possível implicação de alteração
postural.
Na analise dos ângulos podemos
inferir que não houve diferença entre os
grupos, mas que a postura que os grupos
adotam no mobiliário escolar favorecem
para a formação de alterações posturais e
surgimento de algias a nível cervical e
lombar principalmente, visto que o estudo
realizado por Andersson et al. (1974),
enfatiza que o sentar relaxado, ou seja, com
a curvatura lombar retificada, leva a um
aumento na pressão do disco, pois o espaço
anterior entre as vértebras diminui e o
posterior aumenta, empurrando o disco para
trás, e conseqüentemente aumentando a
possibilidade de lesão nestes discos.
CONCLUSÃO
Analisando os resultados obtidos no
estudo, pode-se verificar que o mobiliário
utilizado para as turmas analisadas não estão
de acordo com a antropometria das crianças.
Esta situação pode ser verificada nos
gráficos 1 e 2, que apontam a maior parte
das crianças com o contato inadequado do
pé com o solo, o que demonstra que a altura
do assento que perfaz contato com a região
poplítea da criança não está de acordo com
os padrões.
Na analise dos ângulos podemos
inferir que não houve diferença entre os
grupos, mas que a postura que os grupos
adotam no mobiliário escolar favorecem
para a formação de alterações posturais e
surgimento de algias a nível cervical e
lombar principalmente.
Estes resultados indicam que as
instituições de ensino fundamental devem
reter uma atenção especial para os
mobiliários que utilizam em sala de aula,
bem como fazer orientações posturais para
que
os
danos
as
estruturas
osteomioarticulares possam ser minimizados
nos escolares em questão.
REFERÊNCIAS
ABNT. NBR 14006. Móveis escolares;
assentos e mesas para instituições
educacionais; classes e dimensões. 1997.
AMADIO,
A.
C,
DUARTE,
M.
Fundamentos biomecânicos para a
análise do movimento humano. São Paulo:
EEFEUSP, 1996.
ANDERSSON, B. J. G.; Örtengren, R.;
Nachemson, A; Elfstrom, G. Lumbar
discpressure and myoelectric back muscle
activity during sitting. Scandinavian
Journal of Rehabilitation Medicine, v.6,
n.3, p.104-4, 1974.
ASHER, C. Variações de Postura na
Criança. São Paulo: Manole, 1976.
HAMILL, J. & KNUTZEN, K. M. Bases
biomecânicas do movimento humano. São
Paulo: Manole, 1999.
MERCADANTE, F; Okai L, Duarte, M.
Avaliação Postural Quantitativa Através
de Imagens Bidimensionais. ANAIS XI
Congresso Brasileiro de Biomecânica; 2005.
NACHEMSON, A. Towards a better
understanding of low-back pain: a review of
the mechanics of the lumbar disc.
Rheumatology and Rehabilitation, v.14,
p.129-43, 1975.
NETTER, F. H.
Atlas da anatomia
humana. Traduzido: Vinky J, Ribeiro E. 2a
ed Porto Alegre: Artmed, 2000.
KENDALL, F. P, McCreary, E. K,
Provance, P. G. Músculos: provas e
funções. 4ª ed. Manole. São Paulo. 1995.
REIS, P. F. . Estudo da Interface AlunoMobiliario: A questão Antropométrica e
Biomecânica da Postura Sentada. In:
Revista Brasileira de Cineantropometria e
Desenvolvimento Humano. Florianópolis,
2004. v. 6. p. 90-91.
SOUSA, C. O; Santos, H. H. ; Rebelo, F. S;
Cardia, M. C. G; Oishi, J. Relação entre
variáveis antropométricas e as dimensões
das carteiras utilizadas por estudantes
universitários. Revista Fisioterapia e
Pesquisa, v. 14, p. 27-34, 2007.
22
A IMPORTÂNCIA DO
MOVIMENTO MANIPULATIVO
PARA PORTADORES DE
NECESSIDADES EDUCACIONAIS
ESPECIAIS
Lidiane Viégas Lessa1
Josiene de Lima Mascarenhas2
INTRODUÇÃO
O estudo do desenvolvimento motor
tem sido de grande interesse para estudiosos
e educadores há muitos anos. Este
proporciona
conhecer
o
nível
de
desenvolvimento de um indivíduo, seja ele
portador de necessidades educacionais
especiais ou não (GALLAHUE, 2005).
O desenvolvimento motor é uma
alteração contínua no comportamento motor
ao longo do ciclo da vida o que implica em
mudanças crescentes e perceptíveis na
capacidade de controlar movimentos desde a
vida uterina à terceira idade (GALLAHUE;
OZMUN, 2003). Existe uma seqüência
previsível de movimento, sendo a mesma
para todas as crianças onde apenas a
velocidade varia; há uma interdependência
entre as mudanças, daí surge a afirmação
que existem habilidades básicas, ou seja,
habilidades que são os alicerces para que
toda a aquisição posterior seja possível e
mais efetiva, indicando não apenas aquilo
que a criança pode aprender, mas
especialmente
as
suas
necessidades
(OLIVEIRA; MANOEL, 2005).
A
categoria
de
movimento
manipulativo fundamental envolve aplicar
força sobre objetos ou receber força deles,
como: arremessar, segurar, chutar, derrubar
um
objeto,
prender,
rebater
etc
(GALLAHUE, 2005).
As
habilidades
manipulativas
permitem o uso de mecanismos sensório1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte.
2. Orientadora do bolsista.
motores para obter informações. As
realizações desses movimentos dependem
tanto da função quanto da maturação
neurológica. Pela manipulação de objetos os
indivíduos Portadores de Necessidades
Educacionais Essenciais (PNEE) são
capazes de explorar a relação deles em
movimento no espaço, isso possibilita um ir
e vir entre as representações mentais e ações
concretas, firmando-se como um facilitador
no
exercício
das
aprendizagens
(FALKENBACH et al., 2007). Contudo, é
essencial incluir os PNEE em programas de
atividades físicas proporcionando-lhes a
experiência de desenvolverem habilidades
motoras que contribuirão para o seu
desenvolvimento como um todo.
Portanto, o objetivo deste trabalho
foi diagnosticar as alterações motoras
manipulativas em PNEE e analisar a
influência de um programa de atividade
física regular sobre essas variáveis por meio
de testes específicos, propostos pelo Modelo
Bidimensional de Gallahue (2005).
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva,
onde participaram 40 indivíduos PNEE na
categoria de movimento manipulativo, com
idade cronológica entre 09 a 44 anos,
divididos em grupos etários de acordo com
GALLAHUE & OZMUM (2005):
Adolescentes: entre 10 e 19 anos;
Adultos jovens: entre 20 e 39 anos;
Meia idade: entre 40 e 49 anos.
Foram avaliadas e analisadas as
habilidades motoras do arremessar e chutar
de todos os sujeitos segundo o Modelo
Bidimensional de Gallahue (2005), que
classifica esses movimentos em três
estágios: inicial, elementar e maduro.
Todos os sujeitos participaram de
um programa de atividade física que teve a
duração de 04 meses, sendo 24 aulas, duas
semanais. Cada sessão com duração de 45
minutos, organizado da seguinte forma: a)
05 minutos de introdução com atividades
motoras de alongamento e aquecimento; b)
23
dos sujeitos saíram do estágio inicial e
foram para o elementar. No arremesso o
mesmo ocorreu, entretanto, foram somente
5% dos sujeitos.
No gráfico 3 são mostrados os
resultados para o grupo meia idade. Na
habilidade motora do chutar todos os
sujeitos mantiveram seus padrões de
movimentos, já no arremesso observamos
melhora, já que 42,85% dos sujeitos saíram
do estágio inicial para o elementar.
GRUPO A DOL ES C ENTES
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
CHUTAR
1ª
L
IA
IA
IC
IC
EL
E
IN
Gráfico 1 – Grupo Adolescentes: 1ª e 2ª coleta
dos movimentos chutar e arremessar
GRUPO IDA DE A DUL TA J OV EM
50,00%
45,00%
40,00%
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
CHUTAR
2ª
1ª
O
R
UR
O
AD
AD
UR
M
1ª
TA
EM
EL
EM
EN
EN
TA
IA
IC
IN
EL
M
2ª
R
L
L
IA
IC
IN
2ª
ARREM ESSAR
1ª
Resultados e Discussão
Gráfico 2 – Grupo Idade Adulta Jovem: 1ª e
2ª coleta dos movimentos chutar e arremessar
MEIA IDA DE
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
CHUTA R
20,00%
A RREMES S A R
10,00%
L
EM
2ª
EN
TA
EL
R
EM
1ª
EN
TA
R
M
2ª
AD
UR
O
M
1ª
A
DU
R
O
2ª
IA
IC
EL
IN
IC
IA
L
1ª
0,00%
IN
Analisando
os
resultados
observamos que nenhum apresentou
diferença significativa, entretanto, podemos
verificar que houve diferença percentual
comparando a primeira e a segunda coleta
em cada grupo.
No gráfico 1 são mostrados os
resultados para o grupo dos adolescentes: na
habilidade motora do chutar 19% dos
sujeitos na segunda coleta saíram do estágio
inicial e foram para elementar, na habilidade
motora do arremessar observamos que na
segunda coleta 6% dos sujeitos saíram do
estágio inicial e foram para o maduro
No gráfico 2 são mostrados os
resultados para o grupo adulto jovem, que
no chutar observamos melhora, pois 16%
L
M
2ª
EN
EL
TA
E
R
M
1ª
EN
TA
M
R
A
2ª
DU
R
O
M
A
1
DU
ª
R
O
2ª
ARREM ESSAR
IN
35 minutos de instrução e prática de
atividades motoras e atividades recreativas
em grandes grupos e estações; c) cinco
minutos de encerramento, com o objetivo de
volta à calma.
Os sujeitos foram avaliados no
inicio da intervenção e ao final da aplicação
de todo o programa foram avaliados
novamente.
Utilizamos como critério para
seleção dos sujeitos que todos sejam PNEE,
matriculados na APAE; não estejam fazendo
uso de medicamentos sobre o sistema
nervoso central; e que tenham ausência de
qualquer tipo de disfunção física aparente.
Os dados foram coletados com uma
câmera digital, e durante a coleta foram
dadas instruções verbais e exemplos práticos
de como realizar o movimento. Cada coleta
teve duração de 4 minutos por sujeito.
Para execução do movimento
utilizamos uma bola de meia para o
arremesso e uma bola de futebol para o
chutar. Foram realizadas três tentativas para
cada sujeito. Foi testada a normalidade de
dados tendo como resultado os dados não
paramétricos. Desta forma utilizamos o
teste Wilcoxon para comparação entre os
grupos. Foram comparados os resultados de
cada grupo. Para o tratamento estatístico foi
utilizado o nível de significância P> 0,05.
Gráfico 3 – Grupo Meia Idade: 1ª e 2ª coleta
dos movimentos chutar e arremessar
24
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental.
Parâmetros
curriculares
nacionais:
Educação Física. Brasília: Secretaria de
Ensino Fundamental, MEC/SEF, 1997.
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Brasília, 1996
GALLAHUE, D. L. e OZMUND. J. C.
Compreendendo
o
desenvolvimento
motor: bebes, crianças, adolescentes e
adultos. 2ª. ed. São Paulo: Phortes Editora,
2005.
ECKERT, Helen. M. Desenvolvimento
motor. 3ª. Ed. São Paulo: Manola, 1993.
OLIVEIRA, J. A.; MANOEL, E. J. Análise
desenvolvimentista da tarefa motora:
estudos e aplicações. In: TANI, G. (Org.).
Comportamento motor: aprendizagem e
desenvolvimento. Rio de Janeiro, 2005,
p.273 84.
FALKENBACH et all. A inclusão de
crianças com necessidades especiais nas
aulas de educação física na educação
infantil. Revista Movimento, Porto Alegre,
v. 13, n. 02, p. 37-53, 2007.
KASSAR, M. C. M. Matrículas de crianças
com necessidades educacionais especiais na
rede de ensino regular: do que e de quem se
fala? In: GOES, M. C. R. Políticas e
práticas de educação inclusiva. Campinas,
SP: Autores Associados, p. 95-105, 2005.
VALENTINI, N. C. Percepções de
Competência e desenvolvimento motor de
meninos e meninas: um estudo transversal.
Revista Movimento. V. 8, n. 2, p. 51-62,
2002.
25
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR:
CONTRIBUINDO PARA O
DESENVOLVIMENTO MOTOR DE
PORTADORES DE
NECESSIDADES EDUCACIONAIS
ESPECIAIS
Joicy Dias dos Reis1
Josiene de Lima Mascarenhas2
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das habilidades
motoras fundamentais é básico para o
desenvolvimento motor de todos os
indivíduos, pois eles servem de base para o
desenvolvimento de habilidades motoras
especializadas que vão contribuir para o
desenvolvimento de atividades e tarefas
mais complexas como praticar um esporte,
dançar etc. (ECKERT, 1993).
De acordo com Gallahue (2005), a
categoria de locomoção é um aspecto
fundamental
no
aprendizado
do
movimentar-se, efetiva e eficientemente,
pelo ambiente. Todo indivíduo deve ser
capaz de: usar qualquer movimento para
alcançar o objetivo; mudar de um tipo de
movimento para o outro quando a situação
assim exigir e alterar cada movimento.
Quando o movimento de locomoção é
efetivamente desenvolvido a prática de
tarefas diárias são facilmente realizadas.
Muitos
estudiosos
estão
confirmando as evidências dos benefícios
atribuídos à atividade física. Em relação a
promoção da saúde Fleck e Kraemer (1999),
discutem que a prática regular de atividade
física auxilia no controle e manutenção do
peso corporal e na redução de riscos
cardiovasculares, e que o treinamento
sistemático pode aumentar a massa muscular
podendo resultar em ganho de força de 20%
a 50 %, proporcionando, sem dúvida, um
1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte.
2. Orientadora da bolsista.
impacto significativo sobre a qualidade de
vida. Do ponto de vista psicológico Saba
(1999), ressalta que ela pode ajudar a
combater a depressão, atuando como um
catalisador de relacionamento interpessoal,
produzindo agradável sensação de bem estar
e estimulando a auto-estima pela superação
de pequenos desafios. Salienta-se ainda que,
existe hoje, documentação científica de que
as pessoas ativas diminuem a probabilidade
de desenvolverem importantes doenças
crônicas e melhoram os níveis de aptidão
física e disposição mental.
Os PCN’s (1997), discute que a
atividade física desenvolvida pela disciplina
Educação Física é a única na escola que tem
como objetivo direto educar e desenvolver
os alunos através do movimento corporal,
em virtude disso, além de propiciar a
elaboração
de
conhecimentos
sobre
atividade física para o bem-estar e a saúde,
estimula atividades positivas em relação aos
exercícios
físicos
e
proporcionando
oportunidades para escolha e a prática
regular de atividades que possam ser
continuadas após os anos escolares para que
essas promovam aumento da expectativa de
vida através do movimento com a
diminuição de doenças cardiovasculares e
melhoria da qualidade de vida.
Os portadores de necessidades
educacionais especiais (PNEE) possuem
algumas
dificuldades
em
seu
desenvolvimento, dentre eles está o do
movimento (VALENTTINI, 2000). Sabemos
que a prática é fundamental para adquirir
experiência de movimento que vão nos
proporcionar uma vida mais ativa e
saudável. Contudo, é preciso proporcionar
ao PNEE vivências práticas para que esses
adquiram a capacidade de realizar
movimentos locomotores (GALLAHUE,
2005).
A avaliação do desenvolvimento
motor, através de testes específicos nos
proporcionam a identificação de atrasos
motores, e com a identificação desses
atrasos podemos construir programas de
atividades práticas que venham contribuir
com as dificuldades motoras que os PNEE
apresentam.
26
Contudo, o objetivo do nosso
trabalho foi diagnosticar atrasos motores em
PNEE, assim como analisar a influência de
um programa de atividade física sobre
variáveis motoras da categoria de
movimento locomoção.
METODOLOGIA
Participaram desse estudo 40
sujeitos
portadores
de
necessidade
educacionais especiais com idade entre 09 e
44 anos. Tais sujeitos foram divididos em
três grupos: adolescentes, idade adulta
jovem e meia idade (GALLAHUE, 2005).
Foram analisadas as habilidades
motoras fundamentais salto horizontal e
correr de todos os sujeitos antes e após a
participação de 24 aulas práticas. Os
resultados foram avaliados segundo o
Modelo Bidimensional de Gallahue, o qual
classifica
as
habilidades
motoras
fundamentais em três estágios: inicial,
elementar e maduro.
Os dados foram coletados através de
instruções verbais e demonstrações práticas
de como realizar o movimento. Cada sujeito
realizou três vezes cada habilidade motora
que teve a duração de 12 minutos cada
sujeito. Os instrumentos utilizados foram
uma câmera filmadora e cones.
Todos os sujeitos participaram de 24
aulas práticas, sendo duas vezes na semana,
com duração de 45 minutos cada,
organizados em: 5 minutos de introdução
com atividades motoras de alongamento e
aquecimento; 35 minutos de instrução e
prática de atividades motoras e atividades
recreativas em grandes grupos e estações; 5
minutos de encerramento, com o objetivo de
volta à calma.
Para análise estatística foi utilizado
o teste Wilcoxon para comparação entre os
grupos. Para o tratamento estatístico foi
utilizado o nível de significância P˂ 0,05.
Na figura 1 encontramos os
resultados da primeira e segunda coleta das
habilidades motoras fundamentais salto
horizontal e correr do grupo Adolescentes.
Ao analisarmos os dados verificamos que
nenhum dos resultados foram significativos,
entretanto, os resultados percentuais
demonstraram que 06% dos sujeitos tiveram
melhora em relação ao estágio maduro no
movimento salto horizontal.
Na figura 2 são apresentados os
dados da primeira e segunda coleta das
habilidades motoras fundamentais salto
horizontal e correr do grupo Idade Adulta
Jovem. Para esse grupo os resultados
indicam que houve diferença significativa
para o movimento salto horizontal, pois 82%
dos sujeitos se encontram no estágio maduro
na segunda coleta. Em relação ao
movimento corer os resultados percentuais
demonstram que houve uma melhora de 6%
dos sujeitos no estágio maduro.
Na figura 3 são demonstrados os
dados da primeira e segunda coleta das
habilidades motoras fundamentais salto
horizontal e correr do grupo Meia Idade. Os
resultados
nao
indicam
diferença
significativa para nenhum movimento,
entretanto, os dados percentuais demonstram
que 14% dos sujeitos melhoraram emrelação
ao estágio maduro na segunda coleta no
movimento salto horizontal. Para o
movimento corer o meso ocorreu com 28%
dos sujeitos.
100,00%
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
SALTO HORIZONTAL
CORRER
Figura 5- Grupo Adolescentes: comparação entre
a 1ª e a 2ª coleta dos movimento salto horizontal
e correr
RESULTADOS
27
Figura 6 - Grupo Idade Adulta Jovem:
comparação entre a 1ª e a 2ª coleta dos
movimento salto horizontal e correr
comportamento a partir da maturação e
experiências vividas no ambiente. Os
resultados obtidos em relação ao grupo
Idade Adulta Jovem indicaram que a prática
foi essencial para a aprendizagem dos
movimentos salto horizontal e correr.
As atividades práticas realizadas
com os portadores de necessidades
educacionais especiais durante esse trabalho
foram
importantes
para
adquirirem
experiências de novos movimentos,
portanto, é primordial garantir para esses
sujeitos
atividades
práticas
diárias
oportunizando
vivências
para
que
desenvolvam seus aspectos motores
contribuindo pra melhor qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
Figura 7 - Grupo Meia Idade: comparação entre
a 1ª e a 2ª coleta dos movimentos salto horizontal
e correr
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na análise dos dados podemos
verificar após a aplicação das atividades
práticas que os sujeitos apresentaram
melhorias significativas em relação ao
desenvolvimento motor da habilidade
motora salto horizontal. Acreditamos que o
por ser um movimento que os sujeitos não
realizam freqüentemente após realizarem e
experimentarem suas dificuldades tiveram a
oportunidade de desenvolver seus padrões
motores adquirindo controle motor.
Ao compararmos os grupos
verificamos que o Idade Adulta Jovem
apresentaram melhorias significativas em
relação ao movimentos locomotores. De
acordo
com
Gallahue
(2005),
o
desenvolvimento motor e a aprendizagem
motora se dão através de mudanças no
BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais: Educação
Física. Brasília: Secretária de Ensino
Fundamental, MEC/SEF, 2001. BRASIL,
Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília, 1997.
FLECK, S. J. & KRAEMER, W. J.
Fundamentos do treinamento de força
muscular. Porto Alegre: 2ª ed. Artmed,
1999.
GALLAHUE, D. L. e OZMUND. J. C.
Compreendendo o desenvolvimento motor:
bebes, crianças, adolescentes e adultos. 2ª.
ed. São Paulo: Phortes Editora, 2005.
SANTOS, S., DANTAS. L., OLIVEIRA, J.
A. Desenvolvimento motor de crianças, de
idosos e de pessoas com transtornos da
coordenação. Revista Paulista de Educação
Física. V. 18, p. 33-44, ago. 2004.
ECKERT, Helen. M. Desenvolvimento
motor. 3ª. Ed. São Paulo: Manola, 1993.
FERRAZ. O. L. Desenvolvimento do padrão
fundamental de movimento correr em
crianças: um estudo semi-longitudinal.
28
Revista paulista de educação física, 6 (1),
26-34, 1992.
SABA, F. K. F. Determinantes da prática de
exercícios físicos em academia de ginástica.
(tese de doutorado) São Paulo: Escola de
Educação Física da Universidade de São
Paulo – USP, 1999.
VALENTINI, N. C. Percepções de
Competência e desenvolvimento motor de
meninos e meninas: um estudo transversal.
Revista Movimento. V. 8, n. 2, p. 51-62,
2002.
ZOPPEI, K.; FERRAZ, L. O. Educação
física na educação infantil: influência de um
programa em conteúdos conceituais e
procedimentais.
Revista Paulista de
Educação Física, 2004.
29
ESTUDO DA DIVERSIDADE DE
BACTÉRIAS DAS AREIAS DAS
PRAIAS DA CIDADE DE MANAUSAM
Larissa dos Santos Ferreira1
Alessandra Alves Drumond-Siqueira2
INTRODUÇÃO
Os utentes, nas suas atividades de
lazer, mantêm um contato estreito com a
areia. Sendo estas, uma das principais fontes
de contaminação juntamente com a água,
domésticos e selvagens. O Homem e os
animais transmitem à areia microrganismos
potencialmente patogênicos de que são
portadores e por outro lado produzem
resíduos que são o substrato ideal para o
desenvolvimento destes microrganismos. No
entanto atualmente o risco de adquirir de
doenças por poluição bacteriológica da água
está de uma maneira geral controlado nas
praias, a comunidade técnico-científica,
incentivada pela exigência em termos de
qualidade e de proteção dos cidadãos,
avançou no sentido de identificar outras
potenciais origens de risco (SÃO JOSÉ,
1994). A escolha recaiu, então, sobre a areia
cujo contato direto com alguns grupos de
risco, como crianças e idosos, pode
constituir uma fonte de contágio por
microrganismos patogênicos. Desta forma
esse estudo que tem por objetivo avaliar a
qualidade microbiológica das areias das
praias da cidade de Manaus.
Segundo Tortora et al. (2005) os
principais grupos bacterianos indicadores de
contaminação são: Bactérias coliformes;
Escherichia coli, Enterococos intestinais,
Staphylococcus
sp,
S.
aureus
e
Pseudomonas aeruginosa (Quadro I).
Podem existir outros parâmetros que
influenciam claramente a qualidade
1. Aluna do UniNorte. Curso de Ciências
Biológicas, 6º. período.
2. Orientadora da aluna.
microbiológica nas areias de uma praia
como presença de lixo nas parais e
condições ambientais. (LACAZ, et al, 2002,
ABEA, 2001). Segundo a ABEA (2007)
para se realizar um monitoramento preciso
das áreas balneares deve-se usar como
parâmetros de análise zona balneária de má
qualidade, baixa ocupação humana e de boa
qualidade. Deste modo, a finalidade deste
estudo, consiste em contribuir para o
melhoramento da qualidade das areias dos
balneários de Manaus.
Quadro I: Bactérias selecionadas para como
indicadores de Qualidade das areias.
Grupo B1
Grupo B2
Coliformes
Staphylococcus
totais
sp
Escherichia coli Staphylococcus
coagulese+
Enterococos
Grupo B3
Pseudomonas
aeruginosa
Fonte: ABEA (2001)
METODOLOGIA
As coletas foram realizadas em
fevereiro a junho de 2008, em três praias,
praia da Ponta Negra, praia da Lua e praia
do Tupé. Em cada praia foram colhidas duas
amostras de areia, uma de areia seca e outra
de areia úmida. O método de análise
utilizado foi a técnica de diluição das
amostras de areia em água destilada
esterilizada e a semeadura por espalhamento
em diferentes meios de cultura para análise
bacteriológica. Os sacos com as amostras
foram identificados com o nome do local da
coleta e data da recolha, para assim serem
transportados até o laboratório. Para a
preparação da amostra, foi retirado com o
auxilio de uma espátula esterilizada a areia
do saco plástico, procedendo-se à pesagem
de 40g numa balança de precisão. Em
seguida a areia foi colocada em um frasco
esterilizado e adicionado a ele 10 ml ou 15
ml de água destilada e esterilizada
(homogeneização). A partir deste lavado de
areia retirou-se em condições de assepsia,
(na câmara de fluxo laminar) com o auxilio
30
de uma pipeta 0,2ml de liquido do
sobrenadante, em seguida inoculado em
placas de Petri contendo os meios de cultura
(EMB – Eosina Azul de Metileno),
Salmanitol, PCA (meio para contagem total
de bactérias) todos feitos em duplicata. Logo
em seguida as placas foram incubadas a
37˚C por 24 horas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram isolados das areias Bactérias
aeróbicas ou anaeróbicas facultativas,
Enterobactérias e Staphylococcus entre as
foram
identificadas
as
seguintes
representantes:
Staphylococcus
sp,
Staphylococcus aureus e Escherichia coli
(Figura 01). A análise global dos resultados
demosntraram que tanto a areia seca como a
úmida (que possui contato direto com a
água) apresentaram número elevado de
bactérias entre estas o grupo dos coliformes
e Staphylococcus spp (Figura -02) que,
segundo Murray et al (2006); Tortora et al,
2005; Black, 2002; Konemam, 2008) são
microganismos patógenos oportunistas que
podem causar vários tipos de infecções entre
eles lesões de pele.
Figura 01: Enterobactérias; Staphylococcus
aureus e Bactérias aeróbicas ou anaeróbicas
facultativas respectivamente.
Figura 02: Escherichia coli e Staphylococcus
aureus
Em todas as praias analisadas nesta
pesquisa foi observado que o contato da
areia com animais e uma quantidade elevada
de lixo. É importante notar que todos os
microrganismos que foram isolados fazem
parte da microbiota endógena pode-se então
inferir que a ocupação humana vem
interferindo na qualidade destas areias. Para
diminuir este índice de ABEA (2007) sugere
campanhas de monitorização efetiva e
vigilantes, campanha de conscientização
direcionadas aos utentes visando uma queda
neste índice.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De posse dos resultados ficou claro
que as praias analisadas não são satisfatórias
para balneabilidade e utilização por parte da
população. Sendo que estas areias possuem
microrganismos entre estes bactérias que
podem causar infecções. É necessária uma
política de educação ambiental tornando-os
conscientes da importância de preservar as
nossas praias.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BANDEIRA AZUL DA
EUROPA
(ABEA).
Qualidade
microbiológica de areias de praias litorais.
Relatório intercalar. 58 p. 2001.
ASSOCIAÇÃO BANDEIRA AZUL DA
EUROPA
(ABEA).
Qualidade
microbiológica de areias de praias litorais.
Relatório intercalar. 75 p. 2007.
BLACK, J. G. 2002. Microbiologia
fundamentos e perspectivas. 4 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan.
KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.;
JANDA, W. M.; SCHRECKENBERGER,
P. C.; WINN, W. C. Diagnóstico
Microbiológico: Texto e Atlas Colorido. ed
6, São Paulo: Guanabara koogan, 1760p.
2008.
TORTORA, G.J. et al. Microbiologia. 6 ed.
Artmed. 2005. 827p.
KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.;
JANDA, W. M.; SCHRECKENBERGER,
P. C.; WINN, W. C. Diagnóstico
31
Microbiológico: Texto e Atlas Colorido. ed
6, São Paulo: Guanabara koogan, 1760p.
2008.
LACAZ, C.S. et al. Tratado de micologia
médica, São Paulo: Savier, 1104p., 2002.
VERMELHO, Alane Beatriz et al. Práticas
de Microbiologia. Rio de janeiro: Guanabara
Koogan. 2006. 239p.
32
ESTUDO DA DIVERSIDADE DE
FUNGOS FILAMENTOSOS E
LEVEDURAS DAS AREIAS DOS
BALNEÁRIOS (PRAIAS) NA
CIDADE DE MANAUS-AM
Hananda Gabrielle Nunes dos Santos1;
Alessandra Alves Drumond-Siqueira2;
INTRODUÇÃO
As areias das praias são uma das
maiores fontes de transmissão de doenças ao
homem e são contaminadas pelas águas dos
rios ou mares as quais na maioria das vezes
recebem grande influência de esgotos
domésticos que introduzem bactérias,
fungos, vírus patogênicos e parasitas. Sendo
acidentalmente ingeridas as areias e/ou
águas, tem a possibilidade de transmitir aos
banhistas agentes causadores de várias
doenças infecciosas. Por outro lado tais
contaminações podem atingir alimentos de
origem aquática, como por exemplo, os
peixes pertencentes da região amazônica
(AMBIENTE BRASIL, 2005). Nos últimos
anos tem-se apresentado uma enorme
preocupação quanto à qualidade sanitária de
areias de praias com um grande número de
freqüência de banhistas devido ao crescente
descarte inadequado de lixo, dejetos de
animais trazidos pelas águas das chuvas, que
carreiam poluição à areia. Esta preocupação
se torna única quando a RESOLUÇÃO
CONAMA 274/00 que classifica as praias
para fins de balneabilidade em um de seus
artigos, recomenda aos órgãos ambientais a
avaliação das condições parasitológicas e
microbiológicas da areia, para futura
padronização. Sabe-se que o número de
indivíduos envolvidos com os problemas da
poluição e contaminação das areias e águas
das praias, aumenta consideravelmente nos
fins de semana, feriados e férias escolares.
As praias formadas nas margens do Rio
Negro em época de vazante sofrem grande
influência
do
esgoto
jogado
clandestinamente ficando assim sujeitas à
ação de poluentes químicos, tóxicos etc.
Atualmente pela intensa e desordenada
urbanização vem ocorrendo um aumento
significativo das micoses de praia, assim
como outras dermatofitoses (Boelm et al.,
2003). Para esse trabalho foram escolhidas
três praias para a realização das coletas, são
elas: praia da Ponta Negra, praia do Tupé e
praia da Lua (Figuras 1, 2 e 3).
Figura 1: Praia da Lua
Figura 2: Praia da Ponta Negra
Figura 3: Praia do Tupé
1. Aluna do UniNorte. Curso de Ciências
Biológicas.
2. Orientadora da aluna.
33
As dermatofitoses são micoses cutâneas,
extremamente contagiosas, causadas por
fungos dermatófitos que utilizam a queratina
como fonte de subsistência. Apresentam
uma grande variedade de aspectos clínicos e
as espécies são distribuídas em três gêneros
de acordo com suas características
anamórficas: Trichophyton, Microsporum e
Epidermophyton. São infecções fúngicas
localizadas nas camadas superficiais da pele
e seus anexos, bem como nas mucosas e
zonas cutâneo-mucosas. (Figura 4 e 5)
Para as coleta das amostras de areias das
praias foram delimitadas zonas de areias
úmidas e secas (Figuras 6 e 7), uma vez que
esta sofre menos influência do grau de
contaminação da água. A zona seca, que
geralmente não é banhada pela água do rio,
corresponde à área que sofre maior
influência dos banhistas e a zona úmida a
que sofre influência das águas do rio. As
coletas foram realizadas entre os meses de
Abril a Julho. A recolha foi realizada em
cada
ponto,
a
uma
profundidade
compreendida entre 5 e 15 centímetros,
utilizando para isso, luvas e sacos estéreis.
Os sacos foram etiquetados com o nome da
praia e data de recolha e então transportados
em bolsas térmicas para o laboratório de
Microbiologia do UNINORTE.
Figura
4:
Tinea
corporis
(Fonte:
www.dermatologia.net/neo/base/fotos.asp)
Figura 6: Coleta de areia úmida
Figura
5:
Tinea
pedis.
(Fonte:
www.dermatologia.net/neo/base/fotos.asp)
Este projeto teve o objetivo de avaliar a
qualidade micológica de areias das praias da
cidade de Manaus, identificando os fungos
filamentosos
e
leveduras
isoladas
conservando as culturas identificadas em
duas técnicas de armazenamento: óleo
mineral e método de Castellani.
METODOLOGIA
Figura 7: Coleta de areia seca
Para a análise das amostras em laboratório
foi pesado 50g de areia seca e úmida
separadamente e então misturada a 10 ml de
água destilada e esterilizada em um vidro de
Becker (Figura 8). Após homogeneização,
foi retirada uma alíquota de 1000 µL e
inoculado em duplicada em placa de Petri
contendo Ágar Sabouraud acrescido de
34
Cloranfenicol. Devidamente identificadas,
foram incubadas em estufa numa
temperatura de 25º C a 28º C por 3 – 5 dias.
Figura 8: Preparação das amostras
Após o período de incubação foi
realizado as contagens das colônias fúngicas
(UFC). Em seguida as colônias foram
repicadas para tubos de ensaio com Ágar
Sabouraud para posterior identificação
(Figura 9).
fungos filamentosos (não dermatófitos),
fungos leveduriformes e dermatófitos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificados diversos gêneros:
Aspergillus sp., Candida sp, Mucor sp,
Trichophyton
sp,
Trichosporon
sp,
Curvularia
sp,
Microsporon
sp,
Paecilomyces sp, Geotrichum sp, Absidia sp
(Tabela 1). Esses resultados estão de acordo
com os dados citados na literatura onde
todos os representantes isolados nesta
pesquisa são considerados agentes fúngicos
causadores
de
micoses
superficiais.
Observou-se que a areia seca apresentou
sempre elevado índice de contaminação
comparando aos da areia úmida. Importante
ressaltar que todos os fungos isolados nesta
pesquisa são agentes de micoses superficiais
(LACAZ et al, 2002; SIDRIM, 2004). Foi
observado em todas as coletas um número
elevado de contaminação das areias sendo
necessárias campanhas de conscientização
visando reduzir este número. De acordo com
os resultados podemos classificar as praias
analisadas como balneários insatisfatórios
para ocupação humana, inviabilizando sua
utilização.
Tabela 1. Principais grupos de fungos isolados
de areias.
Fungos
Fungos
Dermatófitos
leveduriformes filamentosos
potencialmente
patogênicos
Candida spp.
Figura 9: Contagem das colônias fúngicas
(Fonte ABEA, 2001)
A identificação foi realizada preparando-se
lâminas, utilizando azul de Metileno para a
visualização em microscópio óptico num
aumento de 40 x. Os principais grupos de
fungos encontrados que possuam uma forte
associação
ao
homem
e
animais
homeotérmicos, assim como potencialmente
patogênicos por contato, inalação e ingestão
distribuem-se em 3 grupos simultâneos, de
acordo com os agentes etiológicos e
relevância clínica que se especificam em:
Aspergillus sp.
Penicillium sp.
Geotrichum sp.
Absidia sp.
Curvularia so.
Paecilomyces
sp.
Trichosporon
sp.
Microsporum
sp.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos sugerem que a
implementação de campanhas de educação
ambiental podem servir como ferramentas
necessárias para minimizar este impacto
bem como iniciar um debate comunitário
sobre esta matéria
35
REFERÊNCIAS
ALEXOPOULOS, C.J.; MIMS, C.W.;
BLACKWELL,
M.
Introductory
Mycology. ed. 4 John Wiley, New York,
1996, 869pp.2. Arnott, D.R.; Duitschaever,
C.L.; Bullock, D.H.
BARNETT,
J.A.;
PAYNE,
R.W.;
YARROW, D. Yeasts: characteristics and
identification. Cambridge: University Press,
1983. 811p.
BARNETT,
J.A.;
PAYNE,
R.W.;
YARROW, D. Yeasts: characteristics and
identification. 2.ed. Cambridge: University
Press, 1990. 1002p.
LACAZ, C.S. et al. Tratado de micologia
médica, São Paulo: Savier, 1104p., 2002.
ASSOCIAÇÃO BANDEIRA AZUL DA
EUROPA
(ABEA).
Qualidade
microbiológica de areias de praias litorais.
Relatório intercalar. 58 p. 2001
ARAUJO, W.L. et al. Manual de
Isolamento
de
Microrganismos
Endofíticos, Piracicaba, 56p.
Disponível em www.ambientebrasil.com.br.
Acesso: 25 de setembro de 2008.
KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.;
JANDA, W. M.; SCHRECKENBERGER,
P. C.; WINN, W. C. Diagnóstico
Microbiológico: Texto e Atlas Colorido. ed
6, São Paulo: Guanabara koogan, 1760p.
2008.
SIDRIM, J. J. C.; ROCHA, M. F. G. 2004.
Micologia médica à luz de autores
contemporâneos. Guanabara Koogan: Rio
de Janeiro.
VERMELHO, Alane Beatriz et al. Práticas
de Microbiologia. Rio de janeiro: Guanabara
Koogan. 2006. 239p.
36
INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA
DE ATIVIDADE FÍSICA NO
DESENVOLVIMENTO MOTOR DE
PORTADORES DE
NECESSIDADES EDUCACIONAIS
ESPECIAIS
Lorena da Glória Lins1
Josiene de Lima Mascarenhas2
INTRODUÇÃO
Dentre os problemas que os
portadores de necessidades educacionais
especiais enfrentam, os mais comuns são a
obesidade, pelo descontrole que esses
possuem em relação a se alimentar, com isso
desencadeiam vários outros problemas de
saúde como a hipertensão e o diabetes,
sofrem
também
retardos
no
desenvolvimento motor e descontrole do
movimento, além dos fatores psicológicos,
como a depressão e baixo auto-estima
(VALENTINI, 2002).
Por desconhecimento, receio ou
mesmo preconceito, a maioria dos
portadores de necessidades educacionais
especiais foram (e são) excluídos das aulas
de Educação física. A participação nessa
aula pode trazer muitos benefícios,
particularmente no que diz respeito ao
desenvolvimento das capacidades afetivas,
de integração e inserção social (PCN’S,
2001). De acordo com Sabá (1999), muitos
são os benefícios atribuídos à atividade
física. Do ponto de vista psicológico ela
pode ajudar a combater a depressão, atuando
como um catalisador de relacionamento
interpessoal, produzindo agradável sensação
de bem estar e estimulando a auto-estima
pela superação de pequenos desafios.
Salienta-se ainda que, existe hoje,
documentação científica de que as pessoas
ativas diminuem a probabilidade de
desenvolverem
importantes
doenças
1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte.
2. Orientadora da bolsista.
crônicas e melhoram os níveis de aptidão
física e disposição mental. Para o portador
de necessidade educacional especial
(PNEE), essa prerrogativa se fortalece ainda
mais, uma vez que a atividade motora
propicia desenvolvimento de habilidades
comunicativas por meio do exercício de
julgar, avaliar e trocar idéias em grupo
(ADAMS, 1985), bem como a superação da
dificuldade auxiliando a mesma na
conquista da autonomia e da confiança
(MEC, 1981).
Segundo, Gallahue e Ozmun (2001)
a aquisição de habilidades motoras
fundamentais, as quais em sua totalidade
constituem-se no desafio maior do
desenvolvimento motor na idade escolar,
torna-se um facilitador na construção da
autoconfiança infantil. A prática motora,
além de otimizar o desenvolvimento motor,
amplia e aprofunda as relações sociais entre
crianças,
fortalece
os
níveis
de
autoconfiança e diminuem a incidência de
atos agressivos (MACHADO, 2002),
comumente evidenciados após frustrações
(BEE,
1996),
rejeição,
provocação,
ansiedade
e
tensão
(RODRIGUES;
CAMPOS; MANNING apud DIAS, 1996).
Portanto, é necessário conhecer o
nível de desenvolvimento motor de
portadores de necessidades educacionais
especiais
para
conhecermos
suas
deficiências e construir um programa de
atividade motora que venha ao encontro e
suas necessidades, propiciando a elaboração
de práticas mais efetivas que levem aos
deficientes construções de movimento mais
avançados e que garantam a participação em
atividades práticas durante toda a vida.
Para tanto, o presente estudo tem
como objetivo analisar a influência de um
programa de atividade física regular sobre
variáveis motoras, assim como diagnosticar
alterações motoras por meio de testes
específicos em portadores de necessidades
educacionais especiais.
METODOLOGIA
Participaram desse
sujeitos
portadores
de
estudo 40
necessidade
37
educacionais especiais com idade entre 09 e
44 anos. Tais sujeitos foram divididos em
três grupos: adolescentes, idade adulta
jovem e meia idade (GALLAHUE, 2005).
Todos os sujeitos selecionados
estavam matriculados na Instituição APAE e
não estavam fazendo uso de medicamentos
sobre o sistema nervoso central e não
possuíam qualquer tipo de disfunção física
aparente.
Coletas de dados:
-Instruções verbais e demonstrações práticas
de como realizar o movimento;
- Cada sujeito realizou três vezes cada
habilidade motora;
- Duração do teste: 12 minutos cada sujeito.
Instrumentos utilizados
- Câmera filmadora; uma tábua de madeira
(medidas: 1 m, 03 cm, 15 cm); uma bola de
meia pequena; uma bola de futsal e um
espaço que correspondeu aproximadamente
50 m²
classifica os movimentos fundamentais em
três estágios: inicial, elementar e maduro.
- Cada sujeito realizou três vezes cada
habilidade motora, cada tentativa foi
analisada pela Moda e foi escolhida a
melhor das três.
Foi testada a normalidade de dados tendo
como resultado os dados não paramétricos.
Desta forma utilizamos o teste Wilcoxon
para comparação entre os grupos. Foram
comparados os resultados dos Gêneros de
cada grupo. Para o tratamento estatístico foi
utilizado o nível de significância P> 0,05.
RESULTADOS
Foram discutidos e comparados os
resultados dos gêneros de cada grupo
separadamente. Na análise dos dados
levamos em consideração a melhora no
estágio maduro das habilidades motoras.
Adolescentes
120%
Programa de atividade física
Todos
os
sujeitos
selecionados
participaram de 24 aulas de atividades
físicas, sendo duas sessões semanais. Cada
sessão tem a duração de 45 minutos.
- Organização das aulas:
a) 05 minutos de introdução com atividades
motoras de alongamento e aquecimento;
b) 35 minutos de instrução e prática de
atividades motoras e atividades recreativas
em grandes grupos e estações;
c) cinco minutos de encerramento, com o
objetivo de volta à calma.
Análise dos dados
- Foram analisadas duas habilidades motoras
fundamentais de cada categoria de
movimento que Gallahue divide em:
-Estabilizadora: equilíbrio com um pé só e
equilíbrio no andar.
-Locomotora: correr e salto horizontal.
-Manipulativa: arremesso e chutar.
- Todos os sujeitos realizaram os testes antes
e após a aplicação das aulas práticas. Os
resultados foram avaliados segundo o
Modelo Bidimensional de Gallahue, o qual
100%
E Q UIL ÍB R IO C 1 P É S Ó
80%
E Q UIL ÍB R IO NA
C A MINHA D A
C HUTA R
60%
A R R E ME S S A R
40%
S A L TO HO R IZO NTA L
20%
CORRE R
0%
1ª C O L
2ª C O L
F E MININO
1ª C O L
2ª C O L
MA S C UL INO
INIC IA L
1ª C O L
2ª C O L
F E MININO
1ª C O L
2ª C O L
MA S C UL INO
E L E ME NTA R
1ª C O L
2ª C O L
F E MININO
1ª C O L
2ª C O L
MA S C UL INO
MA D UR O
Figura 8: Grupo Adolescentes - comparação
entre gêneros. (1º e 2º coleta)
Categoria de movimento Estabilização
Apesar de não apresentar nenhuma
diferença significativa os resultados
percentuais indicam que para o movimento
de equilíbrio com um pé só 25% das
meninas e 15% dos meninos melhoraram em
relação ao estágio maduro da primeira para
a segunda coleta (figura 1).
Categoria de movimento Manipulação
Não houve diferença significativa
para os movimentos de chutar e arremessar,
entretanto, para o movimento de chutar os
resultados percentuais indicam que 60% das
meninas se encontram no estágio maduro na
segunda coleta, apresentando melhora de
47,5%.
38
Para o movimento de arremessar as meninas
melhoraram 12,5% (figura 1).
Categoria de movimento Locomoção
Para essa categoria também não foi
apresentado diferença significativa. Em
relação
aos
resultados
percentuais
verificamos melhora da primeira para a
segunda coleta somente no movimento salto
horizontal para os meninos, onde 14,30%
dos sujeitos se encontram no estágio maduro
(figura 1).
de 11% para o salto horizontal e 10% para o
correr (figura 2).
Meia Idade
Idade adulta jovem
Figura 10: Grupo Meia Idade - comparação entre
gêneros. (1º e 2º coleta)
Figura 9: Grupo Meia Idade - comparação entre
gêneros. (1º e 2º coleta)
Categoria de movimento Estabilização
Para o movimento de equilíbrio com
um pé só houve diferença significativa. Da
primeira para a segunda coleta 20% das
meninas e 36% dos meninos apresentaram
melhora (figura 2).
Categoria de movimento Manipulação
Para essa categoria não houve
diferença significativa e nem percentual.
Houve melhora da primeira para a segunda
coleta somente para os meninos, onde 30%
saíram do inicial e foram para o elementar
no movimento de chutar e 10% no
movimento de arremessar (figura 2).
Categoria de movimento Locomoção
Nessa
categoria
verificamos
diferença significativa para o movimento de
salto horizontal para o gênero feminino,
onde 33,33% tiveram melhora. Entretanto,
analisando os resultados percentuais
verificamos que os meninos tiveram
melhora da primeira para a segunda coleta
Categoria de movimento Estabilização
Encontramos diferença significativa
para o movimento de equilíbrio com um pé
só, pois os meninos apresentaram melhora
de 33,33% da primeira para a segunda coleta
para o estágio maduro (figura 3).
Categoria de movimento Manipulação
Não houve mudança significativa e
nem percentual em nenhum dos gêneros e
movimentos (figura 3).
Categoria de movimento Locomoção
Não houve diferença significativa
para nenhum dos gêneros, entretanto, para
os resultados percentuais verificamos que os
meninos apresentaram melhora de 20% no
movimento salto horizontal de 40% para o
movimento de correr (figura 3).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar
de
os
resultados
apresentarem
poucas
diferenças
significativas podemos observar através dos
resultados percentuais que as atividades
práticas trouxeram melhoras para ambos os
39
gêneros. Contudo, os meninos apresentaram
melhores resultados entre os grupos.
Comparando os grupos, a Idade Adulta
Jovem apresentou melhores resultados nas
três categorias de movimentos.
Portanto, acreditamos que a
atividade física é essencial para o
desenvolvimento
motor
também
de
portadores de necessidades educacionais
especiais, proporcionando-lhes uma vida
mais ativa e saudável.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental.
Parâmetros
curriculares
nacionais:
Educação Física. Brasília: Secretária de
Ensino Fundamental, MEC/SEF, 2001.
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Brasília, 2001.
GALLAHUE, D. L. e OZMUND. J. C.
Compreendendo
o
desenvolvimento
motor: bebes, crianças, adolescentes e
adultos. 2ª. ed. São Paulo: Phortes Editora,
2005.
SANTOS, S., DANTAS. L., OLIVEIRA, J.
A. Desenvolvimento motor de crianças, de
idosos e de pessoas com transtornos da
coordenação.
Revista
Paulista
de
Educação Física. V. 18, p. 33-44, ago.
2004.
Revista Movimento. V. 8, n. 2, p. 51-62,
2002.
ZOPPEI, K.; FERRAZ, L. O. Educação
física na educação infantil: influência de um
programa em conteúdos conceituais e
procedimentais. Revista Paulista de
Educação Física, 2004.longitudinal. Revista
paulista de educação física, 6 (1), 26-34,
1992.
SABA, F. K. F. Determinantes da prática de
exercícios físicos em academia de ginástica.
(tese de doutorado) São Paulo: Escola de
Educação Física da Universidade de São
Paulo – USP, 1999.
VALENTINI, N. C. Percepções de
Competência e desenvolvimento motor de
meninos e meninas: um estudo transversal.
Revista Movimento. V. 8, n. 2, p. 51-62,
2002.
ZOPPEI, K.; FERRAZ, L. O. Educação
física na educação infantil: influência de um
programa em conteúdos conceituais e
procedimentais.
Revista Paulista de
Educação Física, 2004.
ECKERT, Helen. M. Desenvolvimento
motor. 3ª. Ed. São Paulo: Manola, 1993.
FERRAZ. O. L. Desenvolvimento do padrão
fundamental de movimento correr em
crianças: um estudo semi-longitudinal.
Revista paulista de educação física, 6 (1),
26-34, 1992.
SABA, F. K. F. Determinantes da prática
de exercícios físicos em academia de
ginástica. (tese de doutorado) São Paulo:
Escola de Educação Física da Universidade
de São Paulo – USP, 1999.
VALENTINI, N. C. Percepções de
Competência e desenvolvimento motor de
meninos e meninas: um estudo transversal.
40
ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO
DE FUNGOS PRESENTES NA
MICROBIOTA NORMAL DE
TAMBAQUI (Colossoma
macropomum) E ACARÁBANDEIRA (Pterophyllun scalare)
CULTIVADOS EM CATIVEIRO,
MANAUS-AM
frutos ou sementes. Durante a seca que
coincide com o defeso, os indivíduos jovens
ficam nos lagos de várzea onde se
alimentam de zooplâncton e os adultos
migram para os rios de águas barrentas para
desovar. Na época de desova não se
alimentam, vivendo da gordura que
acumulam durante a cheia (Woynarovich,
1988).
Keillen Monick Martins Campos1
Cristiany de Moura Apolinário e Silva2
Alessandra Alves Drumond Siqueira1
INTRODUÇÃO
Tambaqui (Colossoma macropomum)
O Colossoma macropomum (Cuvier,
1818), mais conhecido como Tambaqui
(Fig. 1), é um peixe de áreas alagadas dos
rios de água branca da Bacia Amazônica –
várzeas são responsáveis por mais de 90 %
da captura total de peixes. O ciclo anual de
inundações provoca variações qualitativas e
quantitativas na dieta, influenciando
diretamente a condição nutricional dos
organismos que habitam essas águas, como
o tambaqui (Colossoma macropomum), um
peixe de várzea, de importância econômica
para a região amazônica. Mas que tem
apresentado decréscimo em sua captura nos
últimos anos (Oliveira, 2004).
Em seu desenvolvimento o tambaqui
sofre grandes variações tanto no padrão de
coloração, quanto na forma do corpo, em
relação à cor dos adultos é bastante variável,
de acordo com a cor da água, sendo mais
escura nos indivíduos que vivem em rios de
água preta e mais clara nos de água barrenta.
É uma espécie endêmica das bacias do
Amazonas e Orinoco (Santos, Ferreira,
Zuanon, 2006).
Durante a época da cheia o tambaqui
entra na mata inundada, onde se alimenta de
1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte.
2. Orientadora do bolsista.
3. Co-orientadora.
Figura
1.
Tambaqui
(Colossoma
macropomum).Fonte:Campos, 2008
Acará-bandeira (Pterophyllum scalare)
O Pterophyllum sacalare é um dos
peixes mais comercializados no mundo
inteiro. Originário da bacia amazônica, ele é
hoje criado em larga escala praticamente no
mundo inteiro, desde Estados Unidos,
passando pela Europa, Ásia, África, Oceania
e aqui no Brasil. O formato triangular torna
o bandeira, um dos peixes mais exóticos.
(Rodrigues & Fernandes, 2006).
O baixo nível de conhecimento e
cuidados torna raro o crescimento completo
do bandeira, que pode viver por anos.
Apesar de observarmos de vez em quando
alguma briga entre bandeiras, isto não chega
a preocupar, pois é um comportamento
normal da família Ciclidae, e estas
normalmente acontecem por disputa de
machos por alguma fêmea, ou simplesmente
uma disputa territorial. Estas brigas não
chegam a machucar nenhum dos indivíduos.
É preciso prestar atenção nestas brigas, pois,
isto pode significar o empenho de algum
41
casal que se formou em seu aquário, e está
defendendo uma pequena área para
acasalamento e desova, fato corriqueiro em
aquários comunitários com vários bandeiras
adultos. (Sugai, 2003).
Leveduras
Fungos de coloração branca,
vermelha ou preta, caracterizada por
reprodução através de brotamento ou
cissiparidade. Raramente formando micélio
rudimentar,
incluindo
Ascomicetos,
Basidiomicetos e Deuteromicetos. As
chamadas
leveduras
imperfeitas
ou
anascosporadas possuem afinidades com
ambos os grupos. (Lacaz et al, 2002).
As leveduras (Fig. 2) englobam
estruturas somáticas globosas, ovais, ou
alongadas. Algumas vezes, as gêmulas
formam cadeias de células alongadas,
denominadas pseudo-hifas, com constrições
no local dos septos. Assim leveduras do
gênero Candida sp. possuem pseudo-hifas e
hifas verdadeiras, dependendo das condições
de crescimento, enquanto as células
somáticas de Cryptococcus possuem hifas
somente em seu ciclo sexuado. (Lacaz et al,
2002).
Segundo Lacaz et al, 2002 as leveduras são
classificadas em :
1) Ascosporadas - formam ascos
com ascósporos, pertencendo a
classe Ascomycetes, família
Saccharomycetaceae.
2) Anascosporadas – ausência de
ascos e ascósporos. Pertencem a
divisão Deuteromycota, classe
Blastomycetes,
família
Cryptococcaceae.
Blastiosporadas – presença de
blastiosporos, em curtos dentículos da célula
vegetativa,
posteriormente
expelidos.
Divisão
Deuteromycota,
classe
Blastomycetes,
família
Sporobolomycetaceae.
Figura 2. Levedura. Fonte:Campos, 2008
Fungos Patogênicos
Os fungos são conhecidos há muitos
anos como importantes agentes patogênicos
para os peixes. São várias as doenças em
que se manifestam, podendo atingir o
aspecto de infecções tegumentares ou
branquiais – as mais freqüentes e
importantes – como acontece com a
saprolegniose ou branquiomice ( Pavanelli
et al, 2002).
Os fungos que interessam à
piscicultura são pluricelulares, formados por
células unidas em longos filamentos. A
produção de esporos tem uma enorme
importância na patologia piscícola, já que
são os agentes infectantes dos peixes, sendo
disseminados pela água que muitas vezes
são de má qualidade, sendo a temperatura ou
o manejo inadequado.
•
•
•
•
Objetivos
Isolar leveduras que compõem a
microbiota normal de tambaqui e
acará-bandeira;
Identificar as leveduras isoladas do
tambaqui e acará-bandeira;
Identificar quais extratos são úteis
na tentativa de impedir o
crescimento e desenvolvimento de
leveduras nos peixes analisados;
Testar a toxicidade de extratos de
crajirú.
METODOLOGIA
Isolamento de Leveduras
Para isolamento de leveduras dos peixes
analisados, tambaqui e acará-bandeira, foi
utilizado os seguintes procedimentos:
Examinou o visual da superfície do
corpo e brânquias para detecção de
sintomas que podem estar associados a
infecções fúngicas (Silva, 2001);
42
Usou um molde estéril, delimitando a
área a que foi amostrada (Silva et al.,
2001);
Aplicou o swab (Fig. 3) com pressão,
numa inclinação de 45º, descrevendo
primeiro movimentos da esquerda para a
direita e depois de cima para baixo.
Rodou continuamente o swab, para que
toda a superfície do algodão entre em
contato com a amostra (Fig. 4) –
Técnica do esfregaço de superfície
(Silva et al., 2001);
Foram selecionados 5 pontos de 10 cm2
na superfície de peixes grandes, quando
estes forem pequenos foi amostrado o
peixe inteiro (Silva et al., 2001);
O muco superficial do corpo ou das
brânquias coletado pelos swabs forão
inoculados em placas de Petri (Fig. 6)
contendo os meios Agar Sabouroud com
cloranfenicol (Shotts-Jr et al., 1975;
Frerichs, 1984; Collins, 1993; Silva,
2001) para leveduras; (Silva et al.,
2001);
Incubou a 27ºC por 24 a 72 horas. (Silva
et al., 2001).
Figura 3. Swab. Fonte: Campos, 2008
Figura 4. Coletando os fungos e leveduras nos
peixes. Fonte:Campos, 2008
Figura 5. Inoculando o material no tubo de
ensaio. Fonte:Campos, 2008.
Figura 6. Material passado para as placas de
petri.. Fonte:Campos, 2008.
Identificação de Levedura
Para a identificação das leveduras
foi utilizado a coloração de azul de metileno,
procedimento:
Flambou a lâmina e alça de platina;
Colocou uma gota de azul de metileno
sobre a lâmina;
Com o auxílio de uma alça de platina,
retirou-se uma pequena alíquota da
colônia de leveduras e coloca na lâmina
que contêm azul de metileno;
Colocou-se a lamínula sobre a lâmina;
Examinou-se
a
preparação
ao
microscópio óptico, com objetivas de 10
e 40X.
Preparação do extrato vegetal
Foi obtido o extrato aquoso de
crajirú a partir da pesagem de 5g e 10g do
material seco e misturado cada um com 100
ml de água destilada levadas a banho-maria
por 10 min., em seguida foi deixado em
descanso e depois filtrado em gases para
obtenção do extrato.
Ação do Extrato
Um tubo de ensaio com 5 ml
contendo fungos já crescidos e dele foram
passados para outros 4 tubos de ensaio, um
tubo contendo solução salina e nos outros
três contendo extrato de crajirú a uma
concentração a 5% e 10%, utilizando uma
placa de petri com o meio ágar-sabouroud, a
43
placa foi dividida em 4 partes, uma das
partes foi o controle e as outras três
receberam extratos com fungos. (Figura 7)
(JORGE, 2001).
brancas com formação de tufos semelhantes
a algodão que se manifestam na superfície
do corpo.
Considerações finais
A identificação desses fungos e leveduras
auxilia na tentativa de diminuir as doenças
causadas por esses microrganismos nos
peixes, já que os mesmos têm grande
importância econômica, não só na nossa
região mais em todo o mundo de forma que
encontre agentes biocidas ou biostáticos, em
uma possível ajuda aos criadores de
cativeiros. O extrato de crajirú não mostrou
eficácia.
REFERÊNCIAS
Figura 7. Esquema de procedimentos seguidos
na verificação da ação do extrato sobre os fungos
isolados do tambaqui e acará-bandeira. (JORGE,
2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos peixes foi possível identificar a
presença da levedura Candida albicans,
onde a caracterização das colônias auxiliou
na identificação, que apresentavam borda
cremosa e opaca. De acordo com Lacaz et
al, 2002 a maioria das leveduras produz
colônias glabras, de coloração branca ou
bege, textura cremosa e superfície lisa.
As coletas foram feitas em regiões
onde mostravam maiores sintomas na
superfície do peixe, para detecção de
leveduras e fungos. Crocco, (2004) afirma
os fungos associados às doenças de peixes
são, na verdade, organismos patogênicos
facultativos, ou seja, não causam
diretamente a doença, mas sim se
aproveitam de uma circunstância instalada
para se manifestar. Reforça-se aqui a
questão da prevenção, pois os fungos podem
se estabelecer em qualquer lesão existente
no corpo do peixe, causada por choques no
transporte, agressão por outro peixe ou
doenças já instaladas. As doenças mais
comuns apresentam sintomas como manchas
ARAUJO, C.R.de; Miranda, K. C; Passos,
X. S.; Souza, K. H.; Lemos, J. de A.; Khrais,
C. H.; Costa, C. R.; Silva, M. do R.;
Fernandes, O. de F. L. Identificação do
gênero Candida
por métodos manuais
convencionais e pelo métodos cromógeno
Chromagar Cândida. Revista de Patologia
Tropical, 2005, vol. 34 (1): 37-42
LACAZ, Carlos da Silva (et al.). Tratado de
Micologia Médica. São Paulo – SP.
Editora:SAVIER, 2002.
LORIAN, Produtos Químicos LTDA. 2005.
LHULLIER, Cíntia; Horta, Paulo Antunes;
Falkenberg, Miriam. Avaliação de extratos
de macroalgas bênticas do litoral catarinense
utilizando o teste de letalidade para Artemia
salina. Revista Brasileira de Farmacognosia.
João Pessoa, v. 16, n. 2, 2006 .Disponível:
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S0102695X2006000200005&lng=en&nrm=iso 52k. Acesso em 01 de Abril de 2008.
MATSUURA,Takeshi.
Ocorrência
de
actinomicetos endofíticos produtores de
antibióticos isolados de folhas e raízes de
feijão caupi (Vigna unguiculata). Recife-Pe.
Dissertação de mestrado. 67p. 1998.
44
OLIVEIRA, Ana Cristina Belarmino de.
Isótopos estáveis como bioindicadores
qualitativo e quantitativo da dieta do
tambaqui (Colossoma macropomum) da
Amazônia
Central.
Disponível:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6
4/64132/tde-17092004-153408>. Acesso em
01 de Abr. de 2008.
PAVANELLI, G.C.; Eiras, J.C.; Takemoto,
R.M. Doenças de peixes: profilaxia,
diagnóstico e tratamento. EDUEM; CNPq;
Maringá, Brasil. 264p. 2002.
SANTOS, G. M.; FERREIRA, E. J. G.;
ZUANON J. A. S. Peixes Comerciais de
Manaus – Manaus: Ibama/AM, ProVárzea,
2006.
SILVA, Jorge Antonio Moreira da;
PEREIRA Filho, Manoel; OLIVEIRAPEREIRA, Maria Inês de. Fruits and seeds
consumed by tambaqui (Colossoma
macropomum, CUVIER, 1818) incorporated
in the diets: gastrointestinal tract
digestibility and transit velocity. R. Bras.
Zootec., Viçosa, v. 32, n. 6, 2003.
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S151635982003000800003&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 01 Abr 2008.
SILVA, N.; Junqueira, V.C.A.; Silveira,
N.F.A. Manual de métodos de análise
microbiológica de alimentos. Livraria
Varela; São Paulo. 317p. 2001.
SUGAI, William. Acará-bandeira – A sua
Magestade.
Disponível:
http://www.ecoanimal.com.br/ecochannel/ar
tigos/artigobandeira.asp. Acesso em 01 de
Abr. de 2008.
WOYNAROVICH,
E.
Tambaqui
e
pirapitinga: - propagação artificial e criação
de alevinos Imprenta: Brasília CODEVASF,
1988.
45
ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO
DE BACTÉRIAS PRESENTES NA
MICROBIOTA NORMAL DE
TAMBAQUI (Colossoma
macropomum) CULTIVADOS EM
CATIVEIRO, MANAUS – AM
Simon Batista Castilho1
Cristiany de Moura Apolinário e Silva2
INTRODUÇÃO
A piscicultura é uma atividade que
visa racionalizar o cultivo de peixes,
exercendo particular controle sobre o
crescimento, a reprodução e a alimentação
destes animais (Galli & Torloni, 1985). Na
Amazônia, a piscicultura encontra-se em
estágio de desenvolvimento, embora seja
bem desenvolvida em outras regiões
brasileiras (Val et. al., 2000). Na região, tem
sido visto como uma atividade com grande
potencial, considerando a existência dos
estoques naturais de várias espécies com alto
valor comercial (Val et. al., 2000) e o
desenvolvimento sustentável da região (Val
& Honczaryk, 1995).
Por possuir carne bastante apreciada
pela população local e apresentar um
declínio na captura em ambiente natural, a
principal espécie cultivada na região Norte é
o tambaqui, sendo cultivado em seis dos sete
estados da região (Val et. al., 2000). O
tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier,
1818) é uma espécie endêmica das bacias do
Amazonas e Orinoco, sendo muito comum
em lagos de várzea, pertence a ordem
Characiformes, que são peixes de água doce,
de dentes bem desenvolvidos, barbatana
adiposa (na maioria das espécies) e com
raios, e o corpo é coberto por escamas na
forma ctenóide. É considerado um animal de
grande porte, chegando até 100 cm de
comprimento e mais de 30 kg, com corpo
alto
___________________________
1. Aluno bolsista do PROBIC/UniNorte.
2. Orientadora do bolsista.
e romboidal, lábios grossos e dentes
molariformes (Santos, Ferreira, Zuanon,
2006).
O rápido incremento do tambaqui C.
macropomum na piscicultura, trouxe
consigo uma desvantagem, o crescimento
das enfermidades nos peixes cultivados,
podendo ser causada por bactérias que
aparece como uma das maiores causadoras
de infecções nos peixes. As bactérias, por
aparecerem como uma das maiores
causadoras de enfermidades apresentam uma
enorme importância em piscicultura pelas
doenças
que
provocam,
as
quais
frequentemente têm um impacto econômico
apreciável nas populações de peixes.
As taxas de mortalidade são por vezes
muito elevadas, especialmente em situações
de estresse dos hospedeiros (Silva, 2001).
No estudo destes peixes, é necessário
considerar vários fatores que intervêm de
modo mais ou menos determinante no
estabelecimento das infecções. É importante
frisar que a maior parte destes
microorganismos são organismos que fazem
parte da microbiota normal da água, sendo
encontrados à superfície dos peixes e nas
respectivas brânquias (Cahill, 1990 apud
Pavanelli et al., 2002).
OBJETIVOS
Isolar bactérias que compõem a
microbiota normal de tambaqui;
Identificar bactérias Gram-negativas e
Gram-positivas no tambaqui;
Identificar
bactérias
possíveis
causadoras de patologias no tambaqui;
Identificar extratos vegetais úteis na
tentativa de impedir o crescimento e
desenvolvimento
microbiano
no
tambaqui.
METODOLOGIA
Coleta das bactérias
Foi feito um exame visual da superfície do
corpo para a detecção de sintomas
associados a infecções bacterianas e em
seguida a coleta do muco superficial do
corpo com auxílio de um swabs. (figura 1).
46
realizaram-se testes bioquímicos para todos
os tipos bacterianos isolados: Oxidase, TSI,
Citrato, SIM e Urease. (figura 4).
Figura 3. Testes de coloração de Gram,
endósporos e cápsula.
Figura 1. Coleta das bactérias.
Isolamento
As bactérias coletadas através de swabs
foram inoculadas em placas de petri
contendo meio de cultura sólido BHI para o
crescimento.
Posteriormente
foram
incubadas em estufa a 27ºC por 24 a 72
horas. (figura 2).
Figura 4. Testes bioquímicos para identificação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2. Procedimento para o isolamento das
bactérias.
Foram isoladas bactérias gram positiva e
gram negativas dos peixes estudados (Figura
5).
Identificação
As colônias foram diferenciadas pela
coloração e textura. Foram realizados testes
de coloração de Gram, Endósporos e
Cápsula
(figura
3).
Posteriormente
47
Figura 7. Micrografias ópticas de formas
bacterianas observadas a partir do isolamento
realizado em tambaquis.
(A – Bastonetes) (B- Cocos).
Tipos bacterianos
18%
Gram +
Gram -
72%
Figura 5. Porcentagem de tipos bacterianos,
quanto às características de parede, isolados dos
tambaquis estudados.
Morfologicamente
observamos
dois
diferentes tipos bacterianos (Figura 6 e 7).
Morfologia bacteriana observada
27,20%
Cocos
Bastonetes
72,80%
Figura 6. Porcentagem de formas bacterianas
observadas a partir do isolamento realizado em
tambaquis.
A
B
Com os testes bioquímicos de
identificação foi possível identificar as
seguintes bactérias: Staphylococcus sp.,
Moraxella sp e Citrobacter sp. As bactérias
gram-positivas poucas vezes são reportadas
como agentes etiológicos patogênicos em
peixes (ROBINSON & MEYER, 1966). No
presente estudo, foi isolado um gênero
bacteriano gram-positivo o Staphylococcus
sp., que ocorrem em grupos assemelhandose a cachos de uva, produzem muitas toxinas
que contribuem para a sua toxigenicidade,
aumentando sua habilidade de invadir o
corpo e danificar tecidos, causam infecções
caracterizadas por febre alta, vomito e com
produção de pus (Tortora 2000). Moraxella
sp. é uma bactéria gram negativa do tipo
cocobacilos estritamente aeróbicos, que
apresentam o formato de ovos, um formato
intermediário entre cocos e bacilos,e
frequentemente estão associadas a infecções
em peixes (Tortora 2000). Citrobacter sp.
são bastonetes gram negativos, membros da
família Enterobacteriaceae, relacionados a
Salmonella. Ocorrem no ambiente e podem
causar septise.
Silva (2001) isolou bactérias de
Colossoma macropomum cultivados em
duas estações de piscicultura, como
resultado, foram identificados os 19 gêneros
de bactérias gram negativas isoladas das
brânquias, sendo a Moraxella sp. o único
gênero presente neste trabalho. Shotts-Jr. et
al. (1975) realizaram um estudo com peixes
de aquário, transportados em sacos plásticos
contendo oxigênio importados do sudeste da
Ásia, assim como os demais trabalhos de
microbiologia em peixes, foram sacrificados
e imediatamente analisados, e da mesma
forma que no presente trabalho, isolaram
bactérias do gênero Citrobacter. Sousa et. al
(1996) isolaram bactérias do gênero
Moraxella no rim dos P. mesopotamicus
cultivados em Pindamonhangaba.
O
tambaqui
(Colossoma
macropomum) assim como qualquer outro
48
animal
pode
ser
parasitado
por
microorganismos, inclusive bactérias, que
podem causar ou não infecções, dependendo
do estado de saúde do animal (Costa, 1998;
Pavanelli et al., 1998). Não se conhece com
exatidão os fenômenos fisiológicos que se
passam nos peixes e favorecem a invasão e
proliferação das bactérias, mas estão
certamente
relacionados
com
uma
diminuição da capacidade do sistema
imunitário dos hospedeiros (Schneider e
Nicholson, 1980). Em condições de
confinamento (cultivo), as chances de
transmissão e proliferação bacteriana
aumentam (Armijo, 1984; Pavanelli et al.,
1998).
As bactérias podem apresentar-se
associadas
a
diversos
fenômenos
patogênicos, que costumam ser divididos em
três
principais
aspectos:
resposta
septicêmica, relativamente mais freqüentes e
causados particularmente pelas mais
agressivas bactérias gram-negativas, necrose
do tegumento e músculo, através da
produção de toxinas necrosantes, e resposta
crônica proliferativa, mais freqüentes no
tecido hemacitopoietico (Fryer; Sanders,
1981). Porém se as condições da piscicultura
forem boas, não haverá oportunidade para se
desenvolverem até um ponto em que
constituam uma preocupação para o
piscicultor. Em muitos casos é possível
evitar, ou pelo menos minimizar, o efeito
negativo destes organismos (Austin;
Rayment; Alderman, 1983; Eliot; Pascho;
Bullock, 1989; Moore; Eimers; Cardell,
1990; Rogers, 1991; Newman, 1993).
Microbiol., Palo Alto, v. 35, p. 273-298,
1981.
SCHNEIDER, R; NICHOLSON, B. L.
Bacteria associated with fin rot disease in
hatchery reared Atlantic salmon (Salmo
salar). Can. J. Fish. Aquat. Sc., Otawa, v. 37,
p. 1505-1513, 1980.
SILVA, C.M.A., Bactérias Gram-negativas
isoladas
do
tambaqui,
Colossoma
macropomum (Cuvier, 1818) criado em
cativeiro, Amazonas – Brasil. Dissertação
apresentada ao Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia e Universidade
Federal do Amazonas. Manaus, Brasil.
2001.
SILVA, N.; Junqueira, V.C.A.; Silveira,
N.F.A. Manual de métodos de análise
microbiológica de alimentos. Livraria
Varela; São Paulo. 317p. 2001.
TORTORA, G. J.; Funke, B. R.; Case, C. L.
Microbiologia. Porto Alegre: Artmed, 827p.,
2002.
REFERÊNCIAS
AUSTIN,
B.;
RAYMENT,
J.;
ALDERMAN, D. J. Control of furunculosis
by oxolinic acid. Aquaculture, Amsterdam,
v. 31, p. 101-108, 1983.
CAHILL, M. M. Bacterial flora of fishes; a
review. Microb. Ecol., New York, v. 19, p.
21-41, 1990.
FRYER, J. L.; SANDERS, J.E. Bacterial
kidney disease of salmonid fish. Annu. Rev.
49
50
REPERTÓRIOS DE LEITURA E
ESCRITA E ÍNDICES DE
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
ENTRE CRIANÇAS EM PROCESSO
DE ALFABETIZAÇÃO E/OU COM
HISTÓRICO DE FRACASSO
ESCOLAR.
Dayse da Silva Albuquerque1
Gustavo Paiva de Carvalho 2
Williames Augusto Bacelar Souza3
Karla Alessandra de Amorim D’Elía3
INTRODUÇÃO
O presente estudo verificou relações
existentes entre repertórios de leitura e
escrita e consciência fonológica. Para
analistas do comportamento, o termo
“consciência” possui várias conotações na
linguagem coloquial, as quais podem
traduzir-se em dificuldades quando da sua
utilização visando o estabelecimento de uma
definição operacional sobre um ou mais
fenômenos investigados (ver Ryle, 1949).
Para tanto, sugere-se que o fenômeno da
consciência fonológica deva ser abordado
mediante a identificação de repertórios
comportamentais
e
do
controle
discriminativo de estímulos a eles
relacionados.
METODOLOGIA
Participantes:
Participaram desta pesquisa 35
crianças com idades entre 05 e 09 anos,
1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte. Curso
de Psicologia. E-mail:
[email protected]
2. Orientador da bolsista. Curso de Psicologia do
UNINORTE. E-mail:
[email protected].
3. Estagiários de Psicologia Escolar. Curso de
Psicologia.
sendo 13 do sexo feminino e 22 do sexo
masculino. Vinte e nove crianças pertenciam
a uma mesma turma de alfabetização de uma
escola pública. Os outros seis participantes
eram crianças institucionalizadas, todas com
histórico de fracasso escolar, com idades
acima de 07 anos e que ingressarão em um
programa alternativo de ensino de leitura.
Instrumentos e Procedimento:
Foram utilizados quatro testes como
instrumentos de avaliação. O instrumento
destinado à avaliação de leitura (LEITURA)
consistia na apresentação de palavras
simples bissílabas e trissíbalas na tela do
computador, solicitando a leitura da mesma.
A avaliação de escrita (ESCRITA), a
verificação de habilidades fonológicas
(HAB_FONO) e a verificação de unidades
de controle de estímulos textuais sobre a
leitura
(UN_CONTR)
ocorreu
pela
adaptação da Prova de Consciência
Fonológica (PCF) (Capovilla e Capovilla,
1998) e do Teste de Nível de Consciência
Fonológica e Linguagem Escrita (CF/LE)
(Maluf e Barreira, 1997).
A seguir são apresentados exemplos
de tarefas utilizadas para averiguação das
habilidades fonológicas:
- HAB_FONO:
Sílabas/Fonemas:
Síntese: “Que palavra teremos se
juntarmos /pa/ - /to/ (ou /c/ - /a/ - /rr/ /o/)?”
Segmentação: “Como ficará se separarmos
em sílabas (ou os sons) a palavra /dedo/?”
Manipulação: “Como ficará se colocarmos
/co/ depois de /be/ (ou /r/depois de
/canta/)?”
Transposição: “Vamos falar uma palavra
de trás para frente, invertendo as partes
(sílabas) (ou os sons – fonemas) da
palavra? Como ficará a palavra /lobo/?”
Rima: “Entre as três palavras, quais são as
duas que terminam com o mesmo som:
/caixão/, /João/, /José/?”
51
Aliteração: “Entre as três palavras, quais são
as duas que começam com o mesmo som:
/boné/, /feijão/, /bola/?”
- UN_CONTR:
Conteúdo Semântico X Similaridade
Fonológica: “PAPAI. Qual palavra inicia
com o mesmo som que PAPAI: Garfo / Pato
/ Mamãe?
Tamanho da palavra X Quantidade de
letras: “Figuras e palavras impressas: BOI x
FORMIGUINHA. Indique qual palavra é a
figura.”
RESULTADOS
A
Figura
1
apresenta
as
porcentagens de acertos nos quatro testes
utilizados.
Verificaram-se
correlações
positivas significativas entre os valores dos
quatro testes e não significativas entre cada
um destes e a idade dos participantes. A
correlação mais intensa foi observada entre
os testes de LEITURA e ESCRITA (r=0,83;
p=0,00) (ver Tabela 1).
Esta relação entre variáveis foi
corroborada por uma análise de regressão
múltipla, tomando as porcentagens de
acertos obtidos no teste LEITURA como
variável dependente, contrastando-os com os
valores dos outros testes e com a idade.
Somente os testes LEITURA e ESCRITA
apresentaram relação linear significativa,
evidenciando que o aumento da habilidade
de leitura foi acompanhado por aumento de
acertos nas tarefas de escrita (b=1,40;
r2=0,69; p=0,00) (ver Tabela 2).
Uma ANOVA demonstrou que o
teste HAB_FONO foi o único que não
apresentou diferenças significativas em
relação aos outros, aspecto confirmado por
um teste Tukey Post Hoc.
50% das palavras apresentadas no teste de
leitura. Os resultados sugerem que, em fase
inicial de aquisição de leitura e escrita,
unidades de controle sobre o comportamento
de leitura (dimensões a) tamanho da palavra
falada versus quantidade de letras da palavra
impressa e b) conteúdo semântico versus
similaridades fonológicas) apresentam maior
relevância se comparadas a habilidades mais
sofisticadas como c) síntese e/ou
transposição de sílabas e/ou fonemas ou
habilidades de d) identificação de rima ou
aliteração. Contudo, estudos posteriores com
as mesmas crianças ao final do primeiro ano
de alfabetização ou do programa alternativo
de ensino possibilitarão uma maior acurácia
sobre a identificação dos fatores mais
relevantes no processo de aquisição de
leitura e escrita.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capovilla, A. G. S. e Capovilla, F. C.
(1998).
Prova
de
consciência
fonológica: desenvolvimento de dez
habilidades da pré-escola à segunda
série. Temas em Desenvolvimento, 7, 37,
pp. 14-20.
Maluf, M. R. e Barrera, S. D. (1997).
Consciência fonológica e linguagem
escrita em pré-escolares. Psicologia:
Reflexão e Crítica, 10, 1, pp.125-145.
Ryle, G. (1949). The concept of Mind.
Londres: Hutchison.
DISCUSSÃO
A não diferença entre habilidades de
leitura e escrita e as idades explica-se pelas
crianças estarem iniciando a alfabetização
ou pelo histórico de fracasso escolar.
Apenas seis participantes leram mais de
52
Tabela 1: Índices de Correlação de Pearson entre variáveis (Testes ou Idade) (p≥0,01).
Tipo de Teste ou
Idade
LEITURA
(n=35)
LEITURA
HAB_FONO
UN_CONTR
ESCRITA
IDADE
1,00
,470(p=,005**)
,550(p=,001**)
,827(p=,000**)
-,123 (p=,481)
HAB_FONO
(n=34)
,470(p=,005**)
1,00
,504(p=,002**)
,445(p=,010**)
-,135 (p=,445)
UN_CONTR
(n=34)
,550(p=,001**)
,504(p=,002**)
1,00
,655(p=,000**)
-,263 (p=,133)
ESCRITA
(n=33)
,827(p=,000**)
,445(p=,010**)
,655(p=,000**)
1,00
-,196 (p=,273)
IDADE
(n=35)
-,123 (p=,481)
-,135 (p=,445)
-,263 (p=,133)
-,196 (p=,273)
1,00
Tabela 2: Análise de regressão múltipla entre porcentagem de acertos para o Teste de Leitura e os
outros testes e a idade (p≥0,01).
Tipo de Teste ou
Idade
HAB_FONO
UN_CONTR
ESCRITA
IDADE
Coeficientes
b
D.P.
P
r2
0,466
0,443
0,301
0,22
-0,017
0,335
0,959
0.30
1,40
0,171
0,000**
0,69
0,70
3,750
0,854
0,02
53
54
55
ESTUDO DOS CONTEXTOS
URBANO E AMBIENTAL DAS
PALAFITAS DA CIDADE DE
MANAUS
Taissa Dias Barros1
Mirna Feitoza Pereirar2
Márcia Honda Nascimento Castro3
INTRODUÇÃO
Este
trabalho
apresenta
os
resultados de estudo sobre os contextos
urbano e ambiental das palafitas da cidade de
Manaus. Palafitas são moradias tradicionais
da cultura ribeirinha amazônica, incidindo ao
longo dos rios da região. Em Manaus, essa
moradias ocorrem no entorno dos igarapés
que cortam a cidade, conferindo ao espaço
urbano da capital amazonense traços da
cultura ribeirinha. O estudo foi realizado por
meio de pesquisa bibliográfica, documental e
observação de campo e integra o projeto
“Espaços semióticos urbanos: palafitas como
texto da cultura amazônica”, coordenado pela
Profa. Dra. Mirna Feitoza Pereira, cujo
objetivo é investigar a relevância dessas
habitações no contexto da cultura amazônica.
A
arquitetura
das
palafitas,
caracterizada aqui como vernacular, integra
há bastante tempo o espaço urbano de
Manaus e atualmente está desaparecendo da
cidade em face às ações do poder público
1. Aluna bolsista do PROBIC/UniNorte. Curso de
Arquitetura e Urbanismo, 6º. período. Unidade 8.
Rua Huascar de Figueiredo, 205, Centro. CEP
69020-220.E-mail: [email protected].
2. Doutora em Comunicação e Semiótica
(PUC/SP), orientadora da bolsista e professora do
Curso de Comunicação Social do UniNorte,
Unidade 11. Rua Igarapé de Manaus, 211 Centro, CEP: 69020-020, Manaus, AM. E-mail:
[email protected].
3. Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia,
co-orientadora da bolsista, professora e
coordenadora do curso de Arquitetura e
Urbanismo do UniNorte, Unidade 8. Rua Huascar
de Figueiredo, 205, Centro. CEP 69020-220. Email: [email protected].
para revitalizar os igarapés do perímetro
urbano. Estes constituem ambientes onde as
palafitas historicamente foram construídas na
cidade, fazendo parte do espaço urbano.
Desse modo, antes que a paisagem composta
pelas palafitas e os igarapés desapareçam da
cidade, é importante que haja um estudo que
explore a relevância cultural dessas
habitações no contexto da cidade.
Assim, este projeto tem ainda como
objetivo a investigação das relações entre as
palafitas e os igarapés que compõem o espaço
urbano de Manaus e a documentação das
áreas estudadas por meio de registro
fotográfico.
METODOLOGIA
A coleta de dados foi desenvolvida
por meio de pesquisa bibliográfica,
observação de campo, pesquisa documental e
documentação, por meio de registros
fotográficos das áreas de estudo.
As
pesquisas
bibliográficas
envolveram levantamentos, leituras e
fichamentos
de
artigos
científicos,
dissertações e outras publicações que
auxiliaram na coleta de dados a respeito do
objeto de pesquisa.
As observações de campo foram
técnicas de pesquisa importantes, para análise
e compreensão das características referentes
ao espaço compreendido pelas ‘palafitas
urbanas’ e os igarapés.
Os igarapés observados foram: Igarapé do Franco (06/03/08); Igarapé de
Educandos (25/04/08); Igarapé de São
Raimundo (02/05/08); Igarapé 13 de Maio
(27/07/08).
Além das técnicas de pesquisa
relatadas, também fizeram parte do processo
de execução do projeto, a participação nas
aulas de metodologia do trabalho científico e
reuniões semanais do Grupo de Pesquisa e
Estudos Interdisciplinares da Comunicação
(GPCOM), coordenado pela Profa. Dra.
Mirna Feitoza Pereira.
56
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa chegou aos seguintes
resultados:
- As palafitas co-existem com os igarapés
urbanos, estabelecendo uma forte relação de
dependência com o corpo d’água. Desse
modo, os igarapés são a condição ambiental
necessária para a incidência de palafitas na
cidade, sem os quais, elas desaparecem;
- Ao mesmo tempo, essas habitações
tradicionais da cultura ribeirinha estabelecem
uma importante relação com a urbe,
compondo o espaço urbano de Manaus;
- Essa relação empresta às palafitas elementos
da cidade, tanto nos aspectos arquitetônico e
urbanístico como paisagístico;
- Assim, materiais como alvenaria e concreto
passam a fazer parte da arquitetura das
palafitas da cidade. Do mesmo modo, as
passarelas em madeira, comuns aos
aglomerados
de
palafitas
urbanas,
constituem-se, pode-se dizer, uma forma de
urbanização, com a função de passeios
públicos, ainda que de maneira intuitiva;
- Portanto, as palafitas da cidade de Manaus,
aqui chamadas de “palafitas urbanas”, são
herança da cultura ribeirinha da região,
apresentando características similares a esta.
Ao mesmo tempo, as palafitas recebem e
expressam forte influência da cidade;
- Nos aglomerados urbanos de palafitas, a
arquitetura tradicional ribeirinha se torna
mais presente conforme a proximidade da
habitação
com
o
igarapé.
Concomitantemente, quanto mais distante do
leito e próxima das ruas, maior é a influência
da urbe na sua arquitetura.
Para desenvolver o estudo e
alcançar os resultados supracitados, houve a
necessidade de buscar bases para a
fundamentação teórica e por conseguinte,
aprimorar a definição conceitual de categorias
elementares, como espaço geográfico, espaço
urbano e paisagem.
Milton Santos (2008) reivindica
para a geografia o lugar de excelência da
discussão do conceito de “espaço”. Ele define
o espaço em diferentes categorias: conjunto
de fixos e fluxos, configuração territorial e
relações sociais; sistemas de objetos e
sistemas de ações.
Numa primeira hipótese, o espaço é
considerado como um conjunto de fixos e
fluxos, onde os fixos, fixados em cada lugar,
permitem ações que modificam o próprio
lugar e os fluxos, novos ou renovados,
recriam as condições ambientais e as
condições sociais, e ainda redefinem cada
lugar. “Os fluxos são um resultado direto ou
indireto das ações e atravessam ou se
instalam nos fixos, modificando a sua
significação e o seu valor, ao mesmo tempo
em que, também, se modificam” (SANTOS,
2008, p.62).
Santos indica ainda uma segunda
possibilidade: a de trabalhar a definição de
espaço com um outro par de categorias
formado pela configuração territorial e as
relações sociais.
A primeira é dada pelo conjunto
formado pelos sistemas naturais existentes em
um dado país ou uma dada área e pelos
acréscimos que os homens superimpuseram a
esses sistemas naturais. E ressalta que a
configuração territorial e o espaço são
distintos, já que a realidade da configuração
territorial vem de sua materialidade, enquanto
o espaço reúne a materialidade e a vida que a
anima. (SANTOS, 2008, p. 62)
A terceira proposta é a de trabalhar o
espaço como o conjunto indissociável de
sistemas de objetos e sistemas de ações que
se interagem. “De um lado, os sistemas de
objetos condicionam a forma como se dão as
ações e, de outro lado, o sistema de ações
leva à criação de objetos novos ou se realiza
sobre objetos preexistentes. É assim que o
espaço encontra a sua dinâmica e se
transforma” (SANTOS, 2008, p.63). Para a
geografia, a definição de objeto é tudo o que
for existente na superfície terrestre, toda
herança natural e todo resultado da ação
humana que se objetivou. Já as ações
resultam de necessidades, naturais ou criadas
que podem ser: materiais, imateriais,
econômicas, sociais, culturais, morais,
afetivas, e são elas que conduzem os homens
a agir e levam a funções. Funções essas que,
de uma forma ou de outra, vão desembocar
nos objetos. “Realizadas através de formas
57
sociais, elas próprias conduzem à criação e ao
uso de objetos, formas geográficas”.
(SANTOS, 2008, p. 82 e 83)
Durante o estudo, além do conceito
de espaço geográfico, também houve a
necessidade de buscar o conceito de
paisagem, também fundamentado em Santos.
Segundo ele, paisagem e espaço não são
sinônimos, uma vez que paisagem se dá pelo
conjunto de formas ou elementos naturais e
artificiais que fisicamente caracterizam uma
área e num dado momento, exprimem as
heranças que representam as sucessivas
relações localizadas entre homem e natureza.
É apenas a porção da configuração territorial;
já o espaço “são essas formas mais a vida que
as anima”. (SANTOS, 2008, p.103). E
acrescenta: “Cada paisagem se caracteriza por
uma dada distribuição de formas-objetos,
providas de um conteúdo técnico específico.
Já o espaço resulta da intrusão da sociedade
nessas formas-objetos.” (SANTOS, 2008,
p.103).
Seguindo as bases teóricas de Milton
Santos e partindo dos conceitos sustentados
por ele, pode-se dizer que os igarapés são os
elementos fixos e as palafitas os fluxos, estas
consideradas de tal modo por serem
responsáveis pelas transformações no
ambiente em que se instalam nos igarapés. A
paisagem se modifica e são inúmeras as
alterações, tanto nos aspectos ambientais,
quanto nos paisagísticos e em outras
categorias que não nos cabe nesta discussão.
A confirmação deste raciocínio se concretiza
quando Santos diz que “fluxos se instalam
nos fixos, modificando a sua significação e o
seu valor, ao mesmo tempo em que, também
se modificam”. Mas, se partimos para uma
forma macro de pensar e considerarmos este
espaço como um todo, ou seja, formado pelo
igarapé e as palafitas como elementos
indissociáveis, também teremos que estes
modificam a cidade, e agora poderão ser
identificados como fluxos e a cidade como
fixo. No entanto, esta será fluxo se
comparado ao Estado e assim por diante.
Então, para efeito deste estudo, utilizou-se
apenas, a definição de igarapés e palafitas
como elementos fixos e elementos fluxos,
respectivamente.
Lobato Corrêa (2005) nos ajuda a
definir o espaço urbano. Para ele, este
compreende um conjunto de diferentes usos
da terra justapostos entre si, definindo áreas,
como o centro da cidade, local de
concentração de atividades comerciais, de
serviços e de gestão, áreas industriais, áreas
residenciais, distintas em termos espaciais e
conteúdo social, de lazer e, entre outras,
aquelas de reserva para futura expansão.
Acrescenta ainda que o espaço é formado por
partes e que cada uma mantém relações
espaciais entre si, ainda que de intensidade
muito variável, considerando desta forma,
que o espaço urbano é simultaneamente
fragmentado e articulado.
Estas
relações
manifestam-se
empiricamente através de fluxos de
veículos e de pessoas associados às
operações de carga e descarga de
mercadorias, aos deslocamentos cotidianos
entre as áreas residenciais e os diversos
locais de trabalho, aos deslocamentos
menos freqüentes para compras no centro
da cidade ou nas lojas do bairro, às visitas
aos parentes e amigos, e às idas ao cinema,
culto religioso, praia e parques.(CORRÊA,
2005, pg.7)
Desta forma, pode-se concluir que o
espaço compreendido pelas palafitas e o
igarapé obedece a essa dinâmica de relações
espaciais, estabelecidas pelo translado dos
moradores a diferentes lugares para
finalidades diversas. Roberto Lobato Corrêa
constata ainda que o espaço urbano é
simultaneamente fragmentado e articulado, e
que esta divisão articulada é a expressão
espacial de processos sociais, sendo, portanto
reflexo da sociedade.
Se considerarmos o ambiente
constituído pelas palafitas e o igarapé como
um núcleo fragmentado do espaço urbano,
será possível estabelecer comparações com a
outra porção do espaço, ou seja, a porção
distinta ao ambiente que, formado pelo
igarapé e conseqüentemente pelas palafitas, já
que o igarapé é a condição de existência
dessas habitações, embora ambas as formas
espaciais sejam intensamente articuladas,
dentro da cidade de Manaus. E essa forte
58
relação empresta às palafitas elementos da
cidade. Fazendo uma comparação entre os
dois fragmentos, de um lado a parcela que
compreende o ambiente onde as palafitas
estão inseridas, e de outro a que não
compreende este ambiente, pode-se entender
as embarcações fluviais como sendo os
carros, os igarapés como as ruas largas de
acesso principal e as estreitas passarelas de
madeira como os passeios públicos.
Ainda em busca da compreensão do
espaço em estudo, foi necessário recorrer às
técnicas de compreensão das cidades proposta
por Lucrecia Ferrara (2006). Segundo ela, a
cidade organiza-se como linguagem, em
outras palavras, expressa-se por meio da
constituição de seu espaço urbano. Ferrara
distingüe o “ver” do “observar” e incube a
este último a compreensão da paisagem, de
forma a despí-la, nas suas diversas nuances.
[...] O olhar leitor precisa passar do ver ao
observar e, nessa passagem, investiga
semelhanças e diferenças.
Logo, para ler cidades é necessário
desenvolver a atenção conduzida pela
curiosidade científica que se debruça sobre
o objeto para perceber as distâncias que se
estabelecem entre aquela experiência de ler
e o novo objeto de leitura que atrai a
atenção. [...] (FERRARA, 2006,p.12)
Para Ferrara, a percepção da cidade
está na interpretação do observador, ou “na
própria inteligência que percebe”. É preciso
saber “ler” a cidade, diante do “leitor/
observador, faz-se lugar de igualdades e
diferenças, de cheios e reentrâncias de
sentidos, mas, sobretudo, de comparações”
(FERRARA,2006, p.12). Este exercício de
leitura do espaço estudado tornou-se possível
por meio das observações de campo e
registros fotográficos, que permitiram a
comparação de imagens e a produção de
“uma sintaxe, uma lógica dos significados das
imagens e das suas inteligibilidades”.
Para efeito de compreensão das
palafitas urbanas como texto cultural
manauara, buscou-se como fundamentação
teórica a Semiótica da Cultura. O principal
legado dessa vertente de estudos semióticos é
a abordagem da cultura como texto. Na
semiótica da cultura, ao tomar-se um objeto
cultural como texto supõe-se que ele esteja
codificado de alguma forma, por mínimo
duas linguagens, ainda que os códigos que o
entrelaçam sejam, num primeiro momento,
desconhecidos pelo investigador (LOTMAN,
1998b: 119).
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Larissa Christinne Melo de.
Habitabilidade na cidade sobre as águas:
desafio da implantação de infra-estrutura
de saneamento nas palafitas do Igarapé do
Quarenta – bairro Japiim- Manaus/Am.
Natal,2005.
Disponível
em:
www.ppgau.ufrn.br/dissertacoes/larissaa.pdf
CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano.
4 ed.São Paulo: Editora Ática, 2005.
FERRARA, Lucrecia D´Alessio. Olhar
Periférico:
Informação,
Linguagem,
Percepção Ambiental. São Paulo: EDUSP.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes
cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MACHADO, Irene (org.) (2007). Semiótica
da cultura e Semiosfera. São Paulo:
Fapesp/Anablume.
MACHADO, Irene (2003). Escola de
Semiótica. A experiência de Tártu-Moscou
para o estudo da
cultura. São Paulo: Ateliê Editorial.
MESQUITA, Otoni Moreira de. ManausHistória e Arquitetura (1852-1910). 3 ed. .
Manaus: Valer, Prefeitura de Manaus e
Uninorte, 2006.
OLIVEIRA, José Aldemir de. Análise da
moradia em Manaus (Am), como
estratégia de compreender a cidade. Scripta
Nova. Revista Electrónica de geografia y
Ciências Sociales. Barcelona: Universidad de
Barcelona, 1 de agosto de 2007, vol.XI, núm.
245
(30).
Disponível
em:
<http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-24530.htm>
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço:
Técnica e tempo, Razão e Emoção.
4.ed.4.reimpr.. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2008.
TOCANTINS, Leandro. O rio comanda a
vida. 9 ed. Manaus: Valer, 2000.
59
A TUTELA JURÍDICA DOS
CONHECIMENTOS TRADICIONAIS
ASSOCIADOS ENQUANTO
ESPÉCIE DE PROTEÇÃO DA
PROPRIEDADE INTELECTUAL NA
AMAZÔNIA
Alberto Luiz Silva Ferreira Filho1
Fabiana da Silva Barreiros2
Francisco João Leite3
Marcelo Augusto Andrade de Oliveira4
Raimundo Pereira Pontes Filho5
INTRODUÇÃO
O presente projeto de pesquisa trata dos
conhecimentos tradicionais associados, como
estes vêm sendo tratados pelo ordenamento
jurídico nacional, quais as suas relações com o
patrimônio genético, o sistema de proteção da
propriedade intelectual, e a repartição de
benefícios gerados a partir da exploração dos
recursos auridos com base nos saberes e
costumes dos povos tradicionais.
Para tanto se optou pelo método
dedutivo com base na pesquisa bibliográfica e na
utilização de documentação indireta. É
importante ressaltar que na coleta dessas
informações, procurou-se delinear as fontes
concatenando-as de modo que possam mostrar
uma correlação de forma encadeada e harmônica
com o tema tratado.
Além do mais, para que seja
implementada tal proposta, cumpri- nos
1. Aluno voluntário do PROBIC/UniNorte,
Unidade 7. Rua Emilio Moreira n. 541 Praça 14
de Janeiro.
2
Aluna voluntária do PROBIC/UniNorte. Unidade
7. Rua Emilio Moreira n. 541, Praça 14 de
Janeiro.
3
Aluno voluntário do PROBIC/ UniNorte.
Unidade 7. Rua Emilio Moreira n. 541, Praça 14
de Janeiro.
4
Orientador do PROBIC/ UniNorte. Unidade 7.
Rua Emilio Moreira n. 541, Praça 14 de Janeiro.
5
Co-orientador do PROBIC/ UniNorte, Unidade
7. Rua Emilio Moreira n. 541, Praça 14 de
Janeiro.
precipuamente fazer uma análise da evolução
legislativa do sistema de proteção desses
conhecimentos, sobretudo, em seu aspecto
jurídico, sem se olvidar do econômico e social,
uma vez que, os benefícios decorrentes do
domínio dessa cultura milenar, devem ser
delimitados pelos ganhos sociais, traduzidos na
participação dessas comunidades e na
distribuição desses benefícios de maneira
eqüitativa.
Em decorrência disso, abordaremos
neste estudo alguns conceitos trazidos pelo
legislador constitucional ao elaborar a
Constituição Federal de 1988, o qual desvelou a
proteção desses conhecimentos tradicionais e
tornou-as efetiva, nos artigos 215, 216 e o inciso
II, do art. 225 garantindo assim, a curatela destes
interesses ao Estado. Além disso, foram tratados
temas presentes na Convenção sobre Diversidade
Biológica, uma vez que esta representa a
primeira conquista nacional em termos de
conscientização acerca do valor intrínseco que
concebe a diversidade biológica do país,
especificamente pelo fato de trazer em seu bojo a
discussão de como devem ser auferidos esses
conhecimentos, e da necessidade de se
desenvolver capacitação científica, técnica e
institucional que proporcione estratégias de
planejamento e medidas adequadas de gestão.
Vale salientar que o tema está intimamente
ligado aos problemas relativos à biopirataria e a
bioprospecção cujas relações serão estabelecidas
no presente estudo.
Por fim, aprofundaremos a discussão que
gira em torno da Medida Provisória N. 2186-16
de 23 de Agosto de 2001, que trata das
disposições sobre a proteção dos conhecimentos
oriundos das populações nativas, objetivando
evitar que as comunidades detentoras dessas
técnicas e produtos tradicionais sejam utilizadas
indevidamente. Traçaremos ainda alguns
comentários sobre a diversidade de idéias que o
tema sugere, dando ênfase as nuances que ligam
o instituto e a nova Lei de Biossegurança,
esperando dessa forma disseminar um tema de
extrema importância para os centros de ensino e
pesquisa, órgãos governamentais e legislativos,
sobretudo, para as populações ribeirinhas e
indígenas ao longo do Amazonas.
60
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Marcelo Augusto Andrade de
Oliveira. A proteção do conhecimento no
pólo industrial de Manaus mediante a
utilização do sistema de propriedade
intelectual. Dissertação de Mestrado em
Engenharia de Produção. Manaus, UFAM:
2004.
SHIVA, vandana. Biopirataria: a pilhagem
da natureza e do conhecimento. Trad. Laura
cardellini barbosa de oliveira. Rio de janeiro:
vozes, 2001.
SANTILLI, Juliana. Biodiversidade e
conhecimentos tradicionais associados: novos
avanços e impasses na criação de regimes
legais de proteção. Revista de direito
ambiental. São Paulo, v. 8, n. 29, p. 83-102,
jan.-mar.
2003.
SILVA, Américo Luís Martins da. Direito do
meio ambiente e dos recursos naturais, v. 3São Paulo:ed.revistas dos tribunais,2006.
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de.
O renascer dos povos indígenas para o
direito. Curitiba: juruá, 2004.
61
LEVANTAMENTO HISTÓRICO DA
INCIDÊNCIA DE PALAFITAS NA
CIDADE DE MANAUS, COM
ÊNFASE NOS IGARAPÉS DE
EDUCANDOS E SÃO RAIMUNDO
Márcio Alexandre dos Santos Silva1
Mirna Feitoza Pereira2
Milke Cabral Alho3
INTRODUÇÃO
Este projeto de pesquisa desenvolveu
um levantamento histórico sobre a incidência
de palafitas na cidade de Manaus, com ênfase
nos igarapés dos bairros de Educandos e São
Raimundo. O projeto integra a pesquisa
“Espaços semióticos urbanos: palafitas como
texto da cultura amazônica”, coordenada pela
Profa. Dra. Mirna Feitoza Pereira no Centro
Universitário do Norte.
Dentro do projeto ao qual está
vinculado, o levantamento histórico realizado
se deu em face da necessidade de
compreender os primórdios da ocupação
desse tipo de moradia tradicional da cultura
ribeirinha no espaço urbano de Manaus,
enfocando, sobretudo, os igarapés de
Educandos e São Raimundo, por estarem
localizados em dois dos bairros mais antigos
da cidade.
1. Aluno voluntário do PROBIC/UniNorte. Curso
de Comunicação Social – Habilitação em
Publicidade e Propaganda, 6º. período. Unidade
11, Rua Igarapé de Manaus, 211 - Centro, CEP:
69020-020. E-mail:
[email protected].
2. Doutora em Comunicação e Semiótica (PUCSP), orientadora do aluno e professora do curso de
Comunicação Social do UniNorte. Unidade 11,
Rua Igarapé de Manaus, 211 - Centro, CEP:
69020-020. E-mail: [email protected].
3. Especialista em Metodologia do Ensino
Superior (UFAM), co-orientador e professor do
curso de Comunicação Social do UniNorte.
Unidade 11, Rua Igarapé de Manaus, 211 Centro, CEP: 69020-020.
Durante a pesquisa, a principal
dificuldade foi encontrar fontes que
relatassem o desenvolvimento histórico das
palafitas na cidade de Manaus. Observou-se
que os registros encontrados muitas vezes
omitem o nome tradicional da habitação
(palafitas), dificultando a compreensão de sua
história. Desse modo, a realização de
entrevistas com antigos moradores dos
bairros estudados tornou-se imperativa.
A hipótese que orientou o trabalho foi
a de que a proliferação de palafitas na cidade
de Manaus está relacionada com os ciclos
econômicos e movimentos migratórios da
cidade.
A sistematização dos dados foi feita
em duas partes. Na primeira, apresenta-se um
panorama do desenvolvimento econômico da
cidade de Manaus. Na segunda, mostra-se a
presença de palafitas no contexto histórico
dos bairros de Educandos e São Raimundo.
METODOLOGIA
O método utilizado para o
desenvolvimento da pesquisa foi o dedutivo,
com coleta de dados através de técnicas de
pesquisa bibliográfica, pesquisa documental,
observação de campo e documentação, por
meio de registros fotográficos, das áreas
estudadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa chegou aos seguintes resultados:
- A incidência de aglomerados de palafitas na
cidade de Manaus está relacionada com os
ciclos econômicos da cidade.
- A primeira expansão de aglomerados de
palafitas em Manaus coincide com o período
áureo da borracha, segunda metade do século
XIX até os 12 primeiros anos do século XX,
época em que a cidade vivenciou o maior
movimento migratório ocorrido na Amazônia
pós-conquista: 500.000 pessoas.
- Historicamente aterramento de igarapés na
cidade de Manaus ignora as tradições
culturais locais de morar em palafitas e casas
pequenas de madeira.
- Com a decadência da economia da borracha,
ocorreu um ciclo migratório importante de
62
trabalhadores dos seringais para a cidade.
Sem encontrar lugar no espaço planejado,
esses trabalhadores se estabeleceram nas
margens dos igarapés e no próprio rio, a
exemplo da Cidade Flutuante.
- No período de instalação da Zona Franca de
Manaus, o número de habitantes aumentou de
150.000, em 1967, para 600.000, em 1970.
- O rádio teve um papel importante na
migração de ribeirinhos para a cidade, ao
divulgar notícias de que Manaus era o paraíso
das mercadorias baratas.
- O registro histórico mais remoto de palafitas
na cidade de Manaus foi localizado no livro
do historiador Mario Ypiranga Monteiro,
intitulado “Fundação de Manaus” (1994). A
publicação faz referência a agrupamentos de
palafitas encontradas na cidade quando esta
ainda era denominada Lugar da Barra, em
1695. Foi encontrado também um documento
iconográfico dessas habitações, datado de
1865, no livro “Manaus: ruas, fachadas e
varandas”, de Moacir Andrade (Figura 1).
Chegou-se a esses resultados por
meio da discussão a seguir.
1. Panorama do desenvolvimento
econômico da cidade de Manaus
1.1. A era da borracha em Manaus e a
expansão urbana
O período da segunda metade do
século XIX e durante os 12 anos primeiros
anos do século XX é denominado como
“apogeu da borracha”. Esta denominação se
deu pela grande riqueza trazida pela produção
da borracha e venda em grandes quantidades
para as fábricas de transformação que se
instalavam na Europa e nos Estados Unidos.
A conseqüência dessa riqueza gerada
pela borracha foi à criação de um comércio
interno muito ativo.
Inicialmente a força de trabalho na
extração e beneficiamento da borracha era
indígena. Porém, com a resistência dos índios
somada a insuficiência populacional de
“caboclos”, tornou-se necessária a importação
de mais trabalhadores.
Então, houve início ao maior
movimento migratório ocorrido na Amazônia
pós-conquista: 500.000 pessoas.
Com crescimento econômico gerado
pela borracha, foi necessário melhorar a infraestrutura
nas
cidades
amazônicas.
(FIGUEIREDO, 2002, p. 81). Conforme
Mesquita, sendo
“ignorada a acidentada topografia de
Manaus: os igarapés foram aterrados,
colinas niveladas, artérias calçadas e
edifícios foram construídos em moldes
europeus, mas nem sempre adaptáveis ao
clima tropical”. (MESQUITA, 1999, p.
147).
Em contrapartida, uma imensa massa
de miserável de trabalhadores nordestinos,
índios destribalizados e caboclos morava na
periferia, ocupando chacos e alagadiços,
vivendo em palhoças de taipa e chão batido
de um só cômodo, abrigando numerosas
famílias de sete a nove pessoas, dormindo em
redes, amontoados uns sobre os outros.
(FIGUEIREDO, 2002, p. 82).
Com a crise em 1906 da economia
gomífera, houve um crescimento da miséria,
trazendo
uma
imensa
massa
de
desempregados para as cidades amazônicas.
Neste cenário surge a Cidade
Flutuante (1920), na baía do Rio Negro.
“Este conjunto grotesco de casebres
insalubres servia de depósito de
ribeirinhos famintos, expulsos de
suas terras pela fome e pelos
jagunços dos patrões. Uma
verdadeira pocilga humana cujo
maior destaque era delinqüência
disseminada no local”.
(FIGUEIREDO, 2002, p. 82).
1.2. A Zona Franca de Manaus
No período de instalação da Zona
Franca de Manaus, a população aumentou de
150.000 (1967) para 600.000, em 1970.
“Este crescimento deu-se por uma maciça
propaganda oficial que alardeava suas
esperançosas qualidades, a Zona Franca
de Manaus traiu uma massa de imigrantes
de todas as regiões do país,
principalmente dos beiradões dos rios
amazônicos”. (FIGUEIREDO, 2002, p.
107).
63
Os ribeirinhos foram “[...] atraídos
pelo sonho de dias melhores, principalmente
pelas notícias divulgadas pelos rádios,
segundo os quais, Manaus era o paraíso das
mercadorias baratas” (BENTES; ROLIN,
2005, p. 205).
Conseqüentemente, a cidade inchou e
não teve condições de receber um grande
fluxo de pessoas, gerando um desastre do
ponto de vista social, econômico e ambiental.
(FIGUEIREDO, 2002, p. 109).
Estas pessoas se instalavam no centro
da cidade, onde havia instâncias para aluguel,
em quando o mínimo de recurso faltava, o
que ocorria com a maioria, então se buscava
ocupações em bairros mais distantes de do
centro ou se alojavam em igarapés que se
projetavam pelo interior da cidade.
“Sem áreas suficientes e sem política de
assentamentos, os imigrantes ocuparam
terras impróprias para fixar suas
moradias, levantando seus casebres em
lixeiras, leitos de igarapés que cortam a
cidade, causando danos irreparáveis
nestes ambientes”. (FIGUEIREDO, 2002,
p.107).
Em pelo menos 10 anos de Zona
Franca, Manaus já se encontrava como um
caos urbano, com o aumento de bairros
superpopulosos e sem estruturas sociais
adequadas, carente de segurança, com escolas
insuficientes para atender a demanda de
novos alunos, sem serviços de saúde capazes
de atender à população, principalmente de
baixa renda e sem saneamento básico.
(FIGUEIREDO, 2002, p. 109).
2. Presença de palafitas no contexto
histórico do bairro de São Raimundo
A fundação do bairro de São
Raimundo é datada de 1849, “por conta da
doação do terreno que constituiu o bairro por
parte do governo ao seminário “São José”.
Segundo o registro manuscrito da Igreja de
São Raimundo, o nome do bairro é uma
homenagem a uma imagem de São Raimundo
trazida pelo Padre Raimundo Amâncio no
ano de 1848. (PEDROZA, 2006, p. 25).
O terreno que constitui hoje o bairro
de São Raimundo era uma pequena área
verde, onde havia poucas residências, todas
cobertas de palha e zinco, com chão batido e
paredes de taipa. O bairro era pobre e isolado
do Centro. (ALENCAR, 1985, p. 12).
Segundo Alencar (1985, p. 13), já no
porto das catraias restam casebres de barro
batido no chão, servindo de assoalho,
cobertura de palha ou zinco e paredes de
taipa. Essas paredes eram construídas com
grades de varas colhidas no próprio bairro, e
eram amarradas com cipó e preenchidas com
barro amassado com os pés e mãos.
Alencar (1985) afirma que “os
construtores dessas moradas eram os seus
próprios donos ou pessoas contratadas por
alguém mais afortunado. Quase sempre eram
paredes pintadas de azul e branco, ou
vermelho e branco, em homenagem aos
clubes locais”. (ALENCAR, 1985, p. 13 e
14).
No período que o Bairro de São
Raimundo ainda se ligava ao Centro através
do trabalho dos catraieiros, a beira-mar, como
Alencar denomina o Igarapé de São
Raimundo, tinha uma grande influência na
economia e na vida social do bairro
“Como que ornamentado a praia, haviam
poucas palafitas nas proximidades do
barranco, onde residiam muitas das
lavadeiras dôo Bairro [...]”. (ALENCAR,
1985, p. 87).
As casas que se instalavam na praia (Figura
2) “eram ligadas ao barranco por pequenas
pontes de tábuas ou toras de pau, em rio
cheio, abrigavam em seus porões os banhistas
em suas canoas ou botes, que ficavam com
sua embarcações amarradas aos esteios
palafíticos, para se protegerem dos ventos
fortes, ou momentaneamente do calor
causticante”. (ALENCAR, 1985, p. 89).
3. Presença de palafitas no contexto
histórico do bairro de Educandos
A partir das duas primeiras décadas
do século XX, com o declínio da economia da
borracha surgiram, na foz do Igarapé do
Educandos,
alguns
flutuantes,
cujos
64
proprietários eram cearenses que vieram dos
seringais. (ANDRADE, 1985, p. 180).
Andrade (1985, p. 180) afirma que,
“na década de sessenta, todo o litoral da
cidade, da foz do Igarapé do Educandos, até
quase em frente ao Mercado Municipal
Adolpho
Lisboa,
estendia-se
a
já
cognominada ‘cidade flutuante’, com mais de
três mil casas”.
Essas casas eram geralmente de
madeira, cobertas de palha ou alumínio
medindo em média nove metros de
comprimento por cinco de largura.
(ANDRADE, 1985, p. 180).
Os proprietários das casas flutuantes
aplicavam material leve na sua construção,
para terem o máximo de flutuação. Algumas
dessas casas possuíam extensão na sua parte
posterior, onde a dona-de-casa lavava sua
roupa e dava banho nas crianças, que
aproveitam para pular na água, usando o
flutuador como trampolim. Na varanda, na
parte posterior da casa, existia um pequeno
quadrado de mais ou menos um metro de
lado, utilizado como banheiro e sanitário.
(ANDRADE, 1985, p.180).
FIGUEIREDO; Aguinaldo Nascimento.
História Geral do Amazonas. 2º ed.
Manaus, 2002.
MESQUITA, Otoni Moreira de. Manaus:
História e Arquitetura – 1852-1910.
Manaus: Editora Valer, 1999.
MONTEIRO, Mario Ypiranga. Fundação de
Manaus. 4º ed. aum. Manaus: Metro Cúbico,
1994.
PEDROZA, Luiz Nascimento. Contexto
Histórico do Bairro de São Raimundo: Um
Resgate da Memória nos Anos de 30 a 50.
Monografia do curso de Licenciatura Plena
em História do UniNorte. Orientador: Profa.
Elisângela Socorro Maciel Soares. Ano:
junho de 2006.
Site: http://biblioteca.ibge.gov.br. Acessado
em 29 de agosto de 2008 às 10h30min.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, Amaro Vieira de. São
Raimundo dos Meus Amores. Manaus,
Sociedade de Televisão Ajuricaba, 1985. 158
p.
AMAZONAS, Claudio. Memórias do Alto
da Bela Vista: Roteiro Sentimental do
Educandos. Manaus. Norma Propaganda e
Marketing. 1996. (Edições Governo do
Estado do Amazonas. Série: Mario Ypiranga,
V). 278 p.
ANDRADE, Moacir. Manaus: Ruas,
Fachadas e Varandas. Manaus: Humberto
Calderaro, 1985.
BATISTA, Djalma. O Complexo da
Amazônia – Análise do processo de
desenvolvimento. 2º ed. Manaus: Editora
Valer, Edua e Inpa, 2007.
BENTES, Dorinethe dos Santos; ROLIN,
Amarildo Rodrigues. O Amazonas no Brasil
e no Mundo. Manaus-AM: Editora
Mens’sana, 2005.
Figura 1: Manaós,
ANDRADE, 1985
1865-1866;
Fonte:
Figura 2: Palafitas no Igarapé de São
Raimundo; Fonte: Wilson de Souza Aranha,
1965
65
A SOBERANIA NACIONAL NA
AMAZÔNIA LEGAL SOB A ÓTICA
CONSTITUCIONAL AMBIENTAL
BRASILEIRA
Alexander Cavalcante Xavier3
Danielle Costa de Souza4
Marcella Santos d’Oliveira5
Prof. M.Sc. Raimundo Pereira Pontes
Filho6
Prof. Helso do Carmo Ribeiro Filho7
INTRODUÇÃO
Este artigo visa compreender a
soberania nacional na Amazônia Legal sob a
ótica constitucional ambiental brasileira,
diante da pressão de discursos externos que
implicam em sua relativização através de uma
globalização jurídica, estabelecendo tratados,
convenções e acordos.
Essas pressões incluem um chamado
dever de ingerência externa em relação a
problemas ambientais da Amazônia Legal,
com uma sugestão para que o Brasil abra mão
de parte de sua soberania e avalize a criação
de uma entidade supranacional para velar
pela preservação ambiental da região.
A Amazônia é uma área possuidora
de diversos recursos, os quais mantêm vivos
até hoje. Recursos minerais, ambientais,
hídricos, de fauna e de flora são presentes
dentro
da
imensidão
das
florestas
amazônicas, com seus inúmeros artifícios e
preciosidades. Devido a isso, países que já
esgotaram seus recursos, principalmente
devido a sua abusiva utilização no passado,
são aqueles que tratam a Amazônia como
uma
área
de
patrimônio
mundial,
3
. Aluno bolsista PROBIC/UniNorte. Curso de
Direito, 8° período.
4
. Aluna voluntária. Curso de Direito, 4° período.
5
. Aluna bolsista PROBIC/UniNorte. Curso de
Direito, 6° período.
6
. Mestre em Direito, orientador do bolsista e
professor do UniNorte.
7
. Mestre em Direito, co-orientador do bolsista e
professor do UniNorte.
necessitando por isso, ser cuidada e gerida
por todos, como uma medida de proteção ao
meio ambiente.
Segundo o Secretário-Geral das
Nações Unidas seriam necessários mais de 30
bilhões de dólares para que os problemas dos
países com escassez de água fossem
resolvidos até 2015. Visando isso, a
Amazônia parece ser a solução para os
problemas da maioria, pois possui 1/5 da
água doce e 1/3 das florestas do mundo,
segundo estudos.
A globalização do capitalismo
neoliberal junto aos fatores de escassez de
recursos no planeta torna a Amazônia uma
área de grande cobiça atualmente. Em razão
desse cenário, a doutrina jurídica se divide
entre os que postulam a defesa da primazia da
soberania nacional na Amazônia legal e os
que argumentam a necessidade de uma
gerência internacional da região, a partir dos
instrumentos de direito internacional, tais
como tratados, convenções e outros pactos.
METODOLOGIA
Consiste
numa
qualitativa, fundamentada
bibliográfica.
abordagem
na pesquisa
RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES
CONCLUSIVAS
Verificou-se ao longo da pesquisa
que a idéia de relativização da soberania tem
apoio por alguns doutrinadores brasileiros,
porém ainda há uma primazia pelo princípio
da soberania nacional sobre esta área e seus
recursos.
Para aqueles que concordam com a
relativização da soberania, a Constituição
Federal parece ser clara no artigo 225 quando
afirma que o meio ambiente pertence a
“todos”, sendo este analisado como toda a
humanidade, incluindo os estrangeiros, pois
não entraria aqui a questão da nacionalidade,
sob a fundamentação de que mares, rios,
ventos não tem fronteiras e nem sabem onde
estão entrando ou saindo, as delimitações
ocorrem por ação humana.
66
Por outro lado, existem aqueles que
são a favor de uma proteção da soberania
nacional, e por isso analisam essa questão de
acordo com as fronteiras de cada país,
afirmando que o direito de uns termina
quando começa o direito de outros, com isso
os recursos, as riquezas de um país pertencem
somente a este, de acordo com as
delimitações de seu território.
À luz do que foi exposto constata-se
que tende a predominar na doutrina o
posicionamento no sentido de se afirmar a
Soberania Nacional na Amazônia Legal,
como meio de garantir a não ingerência de
outros países no território brasileiro, tendo em
vista, sobretudo, o fato de que, a
possibilidade de flexibilização ou o
compartilhamento representa uma forma
bastante relevante de enfraquecimento da
manutenção da ordem e do poder interno,
bem como a preponderância do direito
externo no âmbito nacional.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes, LEITE,
José Rubens Morato. Direito Constitucional
Ambiental Brasileiro – 1 ed.- São Paulo:
Saraiva, 2007.
MORAES,
Alexandre.
Direito
Constitucional- 20 ed. – São Paulo: Atlas,
2006.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zigmunt. Globalização: As
conseqüências humanas. Rio de Janeiro:
Jorge Sahar Editor, 1999.
MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. 27ª
Edição, 2007
PONTES FILHO, Raimundo P. Estudos de
História do Amazonas. Manaus: Valer
Editora, 2000.
TORTOLA,
Edson
Luiz.
A
internacionalização
da
Amazônia.
Monografia apresentada ao curso de Direito
do Centro Universitário da Várzea Grande –
UNIVAG. Várzea Grande, 2006.
LEITE, José Rubens Morato. Direito
Ambiental na sociedade de risco - 2 ed.- Rio
de Janeiro: Forense.
67
68
ESTABELECENDO PRÉREQUISITOS PARA A LEITURA
COM ALUNO DA APAE
Juliana dos Santos Leão
Maria do Perpétuo Socorro Silva de
Lima
Jaci Augusta Neves de Souza11
INTRODUÇÃO
As contribuições dos estudos
voltados para a aquisição, manutenção e
generalização das habilidades básicas de
portadores de necessidades educacionais
especiais, desenvolvidos há mais de trinta
anos, foram revisadas por O’Donnell e
Saunders (2003). Os estudos selecionados
revelam consensos e desacordos sobre o
papel do comportamento verbal na formação
de classes de estímulos equivalentes com
argumentos de que resultados negativos
podem ser devidos à ausência de nomeação.
A análise das características que descrevem
os participantes identificou lacunas com
relação aos diagnósticos e ao uso de
medicação psicoativa. A representatividade
da população evidencia a necessidade de
melhor documentar os procedimentos de
seleção e seus níveis de habilidades
linguísticas com a utilização de um
instrumento padrão que envolva medidas
diretas de comportamentos específicos, ainda
que, a maioria dos estudos analisados tenha
usado o Peabody Picture Vocabulary Test
(PPVT) como medida de linguagem
receptiva.
A revisão de O’Donnell e Saunders
(2003) objetivou prover o início de uma
sistematização da literatura e apontar as áreas
que podem ser fortalecidas, com destaque
para esclarecer se os desempenhos
emergentes poderiam ser mediados pela
linguagem.
______________________
1
Professora, Psicóloga Clínica, Mestre em
Psicologia Experimental pela Universidade
Federal do Pará.
As primeiras pesquisas que utilizaram
esse tipo de população estiveram voltadas
para
demonstrar
os
princípios
da
aprendizagem aplicados ao comportamento
humano e limitavam-se a descrever resultados
de manipulações que ampliavam o repertório
do indivíduo ou eliminavam comportamentos
socialmente inadequados.
Redirecionar o foco de atenção
contraria a concepção tradicional que atrela
no indivíduo a responsabilidade por não
apresentar as habilidades formais socialmente
exigidas. Isso implica mudar a direção do
estudo das características da aprendizagem
para o processo educacional ensinando tarefas
ou habilidades específicas que promovam a
adaptabilidade do indivíduo dando ênfase à
funcionalidade
dos
comportamentos
ensinados com aplicabilidade direcionada
para as situações do cotidiano.
A principal característica do portador
de necessidades educacionais especiais se
define pela insensibilidade às contingências
ambientais, resultando num controle de
estímulos limitado (para maiores detalhes ver
Dube & McIlvane, 1999), isto porque a
resposta adequada não faz parte do seu
repertório comportamental. No entanto,
comportamentos alternativos funcionalmente
equivalentes, que proporcionam resultados
eficazes, podem vir a ser integrados ao seu
repertório comportamental. A ausência dessas
habilidades não são, necessariamente, um
impedimento
para
viver
socialmente
integrado na comunidade.
A emergência de classes ordinais
Estudos que envolvem a formação de
seqüências podem se constituir em uma
forma
alternativa
para
ensinar
comportamentos humanos complexos. Estes
estudos podem resultar no desenvolvimento
de métodos eficazes para o ensino de frases e
sentenças e podem vir a contribuir para o
desenvolvimento de procedimentos para
instalação de comportamentos socialmente
relevantes em pessoas portadoras de
necessidades educacionais especiais.
O presente estudo utilizou formas
abstratas para instalar comportamentos prérequisitos, necessários para ensinar a ordenar
69
as letras que compunham palavras dissílabas
a um aluno portador de necessidades
educacionais especiais.
formando palavras dissílabas. Inicialmente
foram ensinadas as três palavras originais e
testadas as palavras de generalização I e II.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participou do estudo 1 aluno da
APAE que freqüenta a turma de alfabetização
para jovens, com 22 anos e 5 meses e idade
mental de 7 anos e 11 meses, avaliada pelo
PPTV-III, teste que calcula a idade mental em
relação ao domínio de vocabulário. O aluno
apresentou
conversação
sofisticada,
mostrando-se capaz de construir frases na
formulação e respostas de questões
concernentes à atividade proposta. Um teste
inicial
utilizou
palavras
dissílabas,
previamente selecionadas e que seriam
utilizadas na segunda parte do estudo, foi
aplicado para avaliar o domínio de leitura.
Todas as palavras foram soletradas. O aluno
não apresentou comportamento textual, ou
seja,
não
relacionou
significado
e
significante.
A coleta de dados foi efetuada numa
sala
cedida
pela
Instituição.
Um
microcomputador IBM PENTIUM II com a
instalação de um software (REL 3.0 for
Windows) especialmente desenvolvido para a
pesquisa foi usado. O programa foi preparado
para controlar e registrar os dados
comportamentais, apresentar os estímulos em
tentativas randomizadas e gerar relatórios das
respostas apresentadas pelo participante.
Os estímulos foram formas abstratas,
organizadas em três conjuntos denominados
“A”, “B” e “C”. Cada conjunto continha uma
forma abstrata em quatro tamanhos
diferentes. Testes avaliaram os desempenhos
resultantes delineando a formação de três
seqüências
de
quatro
estímulos
(A1A2A3A4, B1B2B3B4 e
C1C2C3C4). O desempenho previsto
era que os participantes escolhessem os
quatro estímulos em ordem do maior para o
menor e a substitutabilidade entre os
estímulos das três seqüências ensinadas.
Na segunda parte do estudo foram
utilizadas 15 palavras: três originais e 12
geradas pela recombinação silábica das três
originais. A tarefa foi ordenar as letras
O
presente
trabalho
buscou
estabelecer os pré-requisitos para instalar
comportamentos de leitura para aluno que
apresenta
necessidades
educacionais
especiais, matriculado na Escola Ilza Garcia
da APAE – Manaus. Para o estudo aqui
descrito duas dimensões do estímulo foram
críticas no estabelecimento dos repertórios
planejados. O tamanho dos estímulos que
variou em quatro níveis (do maior ao menor).
Esta discriminação é a base para a formação
de diferentes classes de estímulos com
estímulos fisicamente semelhantes. E a
posição que cada estímulo ocupou na
seqüência ensinada, cujo requerimento da
tarefa exigiu o agrupamento dos estímulos
por atributos que caracterizam conceitos de
grandeza (maior/ menor).
Portanto, classes de estímulos podem
ser estabelecidas a partir de relações
arbitrárias entre estímulos que não guardam
semelhança entre si, elas compartilham uma
mesma função discriminativa. Para que isso
seja evidenciado, é necessário verificar os
efeitos de variáveis sobre um membro da
classe em relação aos demais membros.
Quando as funções de um membro
transferem-se para qualquer outro, dizemos
que eles são funcionalmente equivalentes.
Nas classes ordinais as funções que se
transferem são as funções de ordem
(primeiro, segundo, terceiro e assim por
diante) que um estímulo ocupou sendo
exercida por outro que ocupou a mesma
posição em seqüências diferentes.
A transferência de funções ordinais
para novos estímulos foi investigada neste
estudo, ampliando consideravelmente o
potencial de procedimentos de ensino através
de generalizações. Os testes envolvendo
novos conjuntos de estímulos (letras das
palavras geradas pela recombinação das
sílabas) com formas diferentes daquelas que
foram ensinadas mostraram que o aluno foi
capaz de ordenar, inicialmente do maior para
70
o menor (as figuras abstratas) e em seguida
pela ordem de apresentação do estímulo (as
letras). Resultados promissores foram obtidos
com crianças do pré-escolar envolvendo
comportamento
conceitual
numérico
(numerosidade)
em
ambiente
nãoinformatizado (Ribeiro, 2004).
REFERÊNCIAS
Dube, W. & McIlvane, W. J. (1999). Reduction
of stimulus overselectivity with nonverbal
differential observing responses. Journal of
Applied Behavior Analysis, 32, 25-33.
Dunn, L. M. & Dunn, I. M. (1981). Peabody
Picture Vocabulary Test. Circle Pines, MN:
American Guidance Service.
O’Donnell, J., & Saunders, K. (2003)
Equivalence Relations in Individuals with
Language Limitations and Mental Retardation.
Journal of the Experimental Analysis of
Behavior, 80, 131-157.
Ribeiro, M. P. L. (2004). Comportamento
matemático: relações ordinais e inferência
transitiva em crianças com risco psicossocial para
dificuldades de aprendizagem. Tese de
Doutorado apresentada ao Programa de PósGraduação em Psicologia, Universidade Federal
do Espírito Santo, Vitória-ES.
71
72
Download

anais da IV da mostra de iniciação científica