O Imaginário dos
descobrimentos
“ Os horizontes dos europeus se abrem frente ao
Novo Mundo”
• O inicio de nosso estudo reside nas
Grandes Navegações, realizadas pelas
potências européias, durante os
primórdios da Idade Moderna.
• No entanto temos que nos lembrar que o
conceito e conhecimento de mundo era
muito restrito aos europeus que ao longo
da Idade Média acabaram perderam boa
parte dos conhecimentos acumulados
sobre outras terras.
A América já era conhecida muito
antes de Colombo...
• Durante a idade antiga a ciência chegou a desenvolver-
•
•
se de tal modo que hoje sabemos que os romanos
possuíam um relativo conhecimento geográfico da Ásia e
África
Foram encontradas moedas cartaginesas do século IV
a.C. nos Açores, e moedas romanas de datas posteriores
na Venezuela.
No entanto, alguns historiadores defendam a tese de
que tais embarcações teriam sido arrastadas por
tempestades, nos tempos clássicos e que, portanto, não
existiriam garantias de que a noticia da existência da
América tenha chegado a Europa.
Os chineses e seus conhecimentos
náuticos e cartográficos
• Em meados de 1400 pode-se observar uma
•
tecnologia náutica desenvolvida pelos chineses
superior a dos europeus, o que permitia com
que eles realizassem trocas comerciais com
praticamente todo o Sudeste Asiático.
As expedições de Cheng Ho percorreram regiões
do Indico, África e existem suspeitas de que eles
tenham atingido até mesmo a América do Norte.
A reconquista da Península Ibérica
• Contato com o
conhecimento dos
mouros sobre a arte
náutica, além de
traduções de textos
gregos e latinos que se
perderam ao longo da
história.
A mentalidade européia nos
tempos das Grandes Navegações
• Os homens europeus na transição da
Idade Média para a Moderna viviam
em um ambiente místico, onde o
real e o abstrato se misturavam em
um ambiente cultural dominado pela
Igreja Católica.
O desenvolvimento da ciência
• Desde pelo menos Eudoxo (400-
•
347 a.C.), discípulo de Platão,
tinha-se em conta, por exemplo,
que a Terra era redonda e não
plana.
Esse conceito foi reafirmado por
Aristóteles, que devido a sua
teoria geocêntrica acabou sendo
considerado pela Igreja, pois tal
teoria ia de encontro a teoria
Teocêntrica defendida pela
Igreja.
• Arquimedes (287-212 a.C.),
•
conseguiu chegar a um cálculo
muito próximo do raio da
Terra. O que seria confirmado
em 1231 pelo filósofo e médico
muçulmano Ib Rushd,
conhecido no ocidente como
Averróis.
Todavia, a simples menção de
que a Terra era redonda,
afirmação também
acompanhada do conceito de
que a terra não era o centro do
universo (heliocentrismo),
valeu punições a Copérnico e
Galileu
O desconhecido e seus
preconceitos
• O medo do Mar Tenebroso e o mito de que o
•
horizonte nos mares era um abismo que lançava
os homens ás profundezas do inferno!
Fazia-se necessário expurgar as fantasias da
coletividade, o que se começaria a acontecer
depois da passagem do cabo Bojador, em 1434,
após várias tentativas, por Gil Eanes, um
escudeiro do Infante D. Henrique
•
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães
choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo
deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
(Fernando Pessoa)
O mito do Prestes João
• No âmbito de um
contexto povoada de
monstros e
monstruosidades, o mito
do Prestes João em
conjunto com outros de
menor envergadura
passaram a ser
utilizados para atrair
mão de obra à
empreitada marítima.
• Embora os lusos houvessem se lançado a
•
•
aventura marítima em busca do lucro, buscavam
também aliados em sua luta contra os infiéis.
Segundo o mito, um poderoso reino cristão
estaria situado entre a Etiópia, a África Oriental
e a Índia.
Este reino poderia ser um aliado em potencial
dos portugueses, o que exerceu um grande
fascínio sobre o imaginário popular e estimulou
os lusos a rumarem cada vez mais longe em
suas explorações marítimas, sempre, esperando
encontrar o Prestes João ao dobrar da esquina.
• Mais tarde, a existência
•
•
•
deste reino acabou sendo
realmente confirmada, ele
existia
Porém, tal reino praticava
um tipo de cristianismo
muito mais próximo ao
ortodoxo do que ao
romano, era ainda mais
pobre do que Portugal.
Quanto aos relatos de
Marco Polo, circularam
muito mais entre os
espanhóis do que entre os
portugueses.
Em Portugal o relato de
caráter mítico de maior
circulação foi realmente o
do Preste João.
HANS STADEN DE HOMBERG NA TERRA
BRASILIS:
UM AVENTUREIRO NA AMÉRICA
• Em 1556 um alemão aventureiro e
viajante compulsivo, publicou um livro de
relatos de sua viagem pela América: A
História Verídica que descreve uma terra
de selvagens nus e comedores de seres
humanos.
• Capturado pelos tupinambás perto de Bertioga, logo entendeu
•
que eles o queriam maltratar.
“Nisto me levaram para a cabana onde tive de deitar numa
rede e mais uma vez vieram as mulheres e bateram em mim,
arrancaram meus cabelos e mostraram-me como pretendiam
me comer...com os pés atados desta maneira tive de pular
pela cabana. Eles riam e gritavam: lá vem a nossa comida
pulando...Deram voltas em torno de mim ...um deles disse
que o couro da cabeça era dele, um outro que a minha coxa
lhe pertencia...(eles) preparam uma bebida de raízes que
chamam de cauim... Somente depois da festa é que matam
(os prisioneiros, para os devorar) ...”
A Carta de Caminha e seu
imaginário
• “Mas, a terra em si, é de muitos bons ares, frios e
temperados como os de Entre-Doiro e Ninho, porque neste
tempo de agora, assim os achávamos, como os de lá. Águas
são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa, em
querendo a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas
que tem”
• “A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados,
de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem
nenhuma cobertura. Não fazem caso de cobrir ou mostrar
suas vergonhas. O fazem com tanta inocência como mostram
o rosto”
• “Uma daquelas moças era toda tingida, de fundo acima,
daquela tintura a qual é certo era tão bem feita e tão redonda
a sua vergonha, que ela não tinha, tão graciosa que muitas
mulheres de nossa terra vendo-lhes tais feições fizera
vergonha por não terem a sua como ela
• “... a que deram um pano com que se
cobrissem e puseram-lho ao redor de si.
Mas ao sentar não fazia memória de o
muito entender para se cobrir. Assim
senhor, que a inocência desta gente é tal
que a de Adão não seria mais quanto a
vergonha.
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