O papel do enfermeiro na fiscalização, treinamento e adesão ao uso adequado de equipamento
de proteção individual em unidades ambulatoriais1
The nurse's role in monitoring, training and adherence to proper use of personal protective
equipment in outpatient clinics.
El papel de la enfermera en la supervisión, la capacitación y la adherencia al uso adecuado
delos equipos de protección personal en las unidades de consultas externas.
Orgeana Araújo1, Silva Sabino Rosa2, Silva Darilia Peris3, Brasileiro Marislei Espíndula4. O papel
do enfermeiro na fiscalização, treinamento e adesão ao uso adequado de equipamento de
proteção individual em unidades ambulatoriais. Revista Eletrônica de Enfermagem do Centro
de Estudos de Enfermagem e Nutrição [serial on-line] 2012 Ago-Dez 1-11. Available from:
http://www.ceen.com.br/revistaeletrônica>.
Resumo
Objetivos: descrever o papel do enfermeiro diante da importância do equipamento de proteção
individual em unidades ambulatoriais, segundo a literatura publicada na bibliografia virtual.
Materiais e Método: Trata-se de um estudo de pesquisa bibliográfica. Resultado: O papel do
enfermeiro é implementar medidas padrão e fortalecer a criação ou fortalecimento das CCIH,
CIPAS dentro do ambulatório de enfermagem, comissões investigativas e responsáveis por
cursos de capacitação e educação continuada, o oferecimento e exigência do uso adequado
dos EPIS, bem como a implementação das medidas padrão, são ações simples, mas que
podem tornar mais seguro o ambiente hospitalar diminuindo as chances dos profissionais
sofrerem algum tipo de acidente ou desenvolverem doenças relacionadas ao trabalho.
Conclusão: A elaboração de estratégias de intervenção capazes de aprimorar a conduta dos
profissionais de enfermagem, ou seja, de aumentar a adesão destes profissionais aos EPI,
requer quesitos como o treinamento em reunião informal, a ser executada pela(o)
enfermeira(o) no próprio local de trabalho, direcionado aos profissionais da unidade
ambulatorial.
Descritores: Enfermagem, Equipamento, Proteção, Individual, Ambulatório.
Abstract
1
Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem em do trabalho 13, do Centro de Estudos de
Enfermagem e Nutrição/Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
2 Enfermeiras, especialistas em enfermagem do trabalho, e-mail: [email protected],
[email protected], [email protected]
3 Doutora – PUC-Go, Doutora em Ciências da Saúde – UFG, Mestre em Enfermagem, docente do CEEN, e-mail:
[email protected]
1
Objectives: To describe the role of the nurse on the importance of personal protective
equipment in outpatient clinics, according to published literature in the bibliography virtual.
Materials and Methods: This is a study of literature. Result: The creation or strengthening of
CCIH, CIPAS, Investigative Committee and responsible for training courses and continuing
education to offer and demand of the proper use of PPE, as well as implementation of the
standard measures are simple actions, but that can make the hospital environment safer by
decreasing the chances of professionals suffer some kind of accident or develop work-related
diseases. Conclusion: The development of intervention strategies that enhance the practice of
nursing, ie, to increase the participation of these professionals to PPE requires training in
issues such as the informal meeting, to be executed by (the) nurse (o) in the workplace,
targeted toward the outpatient clinic.
Descriptors: Nursing, equipment, protection, Individual, Outpatient
Resumen
Objetivos: Describir el papel de la enfermera en la importancia de los equipos de protección
personal en las consultas externas, de acuerdo con la literatura publicada en la bibliografía
virtuales. Material y Métodos: Se realizó un estudio de la literatura. Resultados: La creación o
el fortalecimiento de la CCIH, CIPAS, Comité de Investigación y responsable de los cursos de
capacitación y educación continua para la oferta y demanda de la correcta utilización de los
EPI, así como la aplicación de las medidas estándar son acciones simples, pero que puede
hacer el ambiente del hospital más seguro al reducir las posibilidades de los profesionales sufre
algún tipo de accidente o de desarrollar enfermedades relacionadas con el trabajo. Conclusión:
El desarrollo de estrategias de intervención que mejoran la práctica de la enfermería, es decir,
para aumentar la participación de estos profesionales de PPE requiere una formación en
cuestiones tales como la reunión informal, a ser ejecutado por (el) enfermera (o) en el lugar
de trabajo, dirigido a la clínica para pacientes ambulatorios.
Descriptores: Enfermería, el equipo de protección, individuales, para pacientes ambulatorios
1 Introdução
O interesse em pesquisar acerca do tema surgiu com a preocupação dos índices de
acidentes de trabalho, pelos plantonistas em assistência ao cliente, o qual confiam nos anos de
prática nesta profissão, não fazendo uso do equipamento de proteção individual, os quais
acabam se acidentando, adquirindo uma patologia ocupacional e refletindo nas produções de
trabalho. O trabalho exerce um papel fundamental na vida do homem, podendo produzir efeito
positivo quando é capaz de satisfazer às necessidades básicas de subsistência, criação e
colaboração dos trabalhadores. Por outro lado, ao executá-lo, o homem submete-se
2
constantemente aos riscos presentes no ambiente laboral, que podem interferir diretamente
em sua condição de saúde1.
Os trabalhadores da área da saúde, principalmente a hospitalar, estão expostos a
múltiplos riscos no seu ambiente de trabalho, de natureza química, física, biológica,
psicossocial e ergonômica. Os riscos biológicos são os principais geradores de periculosidade e
insalubridade para esses profissionais, pois eles têm contato direto com sangue e outros
fluidos corpóreos, além de manipulação rotineira de materiais perfurocortantes. A enfermagem
constitui a maior representatividade de pessoal dentro do hospital. No desempenho de suas
atividades impõem-se rotinas, elevada carga horária semanal, número reduzido de pessoal
para cumprir suas funções, contato com substâncias, compostos ou produtos químicos em
geral. Nesse sentido, as atividades decorrentes do trabalho são, às vezes, responsáveis por
danos físicos, em virtude da falta de conhecimento sobre medidas preventivas e do uso
incorreto de equipamentos de proteção. Embora o profissional de enfermagem promova o
cuidado ao indivíduo doente, pouco sabe a respeito de cuidar de sua saúde profissional, visto
que a preocupação destes trabalhadores na relação saúde-trabalho-doença é genérica5.
Sendo assim uma das formas de evitar acidentes com maiores proporções é o uso de
equipamento de proteção individual (EPI), que constitui uma barreira protetora para o
trabalhador, pois reduz efetivamente os riscos. Sendo que a não utiilização ou a baixa adesão
às recomendações da utilização de barreiras de proteção é uma realidade; entretanto, ainda
pouco se sabe sobre o nível de conhecimento dos profissionais da área da saúde sobre o
assunto, o que leva a indagar sobre fatores que possam estar contribuindo para esse tipo de
comportamento. Equipamento de proteção individual são todos os dispositivos de uso
individual, destinados a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador que tem o seu
uso regulamentado pelo Ministério do Trabalho e Emprego em sua norma regulamentadora NR
nº 6”.
Baseado na Lei 2048, o uso de EPI (equipamento de proteção individual) nas unidades
ambulatoriais são: luvas de procedimento, óculos de proteção e máscara tipo cirúrgica, que
são usados sempre que houver contato direto com o paciente. O macacão e a bota são de uso
obrigatório neste serviço.Percebe-se que os equipamentos de proteção individual, em
conjunto, formam um recurso primordial para prevenir a exposição a riscos biológicos.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), todos os anos, cerca de
330 milhões de trabalhadores são vítimas de acidentes de trabalho em todo o mundo, além de
160 milhões de novos casos de doenças ocupacionais. Sobre as mortes, a OIT aponta mais de
2 milhões relacionadas ao trabalho: 1.574.000 por doenças, 355.000 por acidentes e 158.000
poracidentes de trajeto17.
Desse modo, foi criada por meio da Portaria n° 485, de 11 de
novembro de 2005, a Norma Regulamentadora 32(NR 32), que trata da segurança e saúde no
3
trabalho em serviços de saúde e estabelece medidas objetivas que devem ser aplicadas em
todos os serviços de saúde. Esta norma visa prevenir os acidentes e o adoecimento causado
pelo trabalho nos profissionais da saúde, eliminando ou controlando as condições de risco
presentes no local de trabalho. Seu resultado positivo depende de aplicação efetiva11.
O risco a este tipo de exposição é inerente à atividade desempenhada e, no que se
refere ao atendimento pré-hospitalar, pode tornar-se aumentado devido à característica da
assistência prestada, muitas vezes em situações extremamente complexas, como a cinemática
do trauma, os locais de difícil acesso, o estresse no manejo rápido de atendimento e outros.
Toda instituição de saúde deve ter um protocolo após exposição ocupacional a material
com presença de sangue, ou fluídos corpóreos, uma criteriosa avaliação deve ser feita quanto
ao risco de transmissão, em função do tipo de acidente ocorrido para o início da
quimioprofilaxia. O acompanhamento sorológico anti-HIV deverá ser realizado no momentodo
acidente, sendo repetido após seis e doze semanas e pelo menos seis meses depois. O teste
deve ser feito após aconselhamento pré e pós-teste sorológico13.
Nesse contexto, o enfermeiro possui um papel importante na prevenção, orientando sua
equipe com treinamento, capacitações e avaliações continuadas. Diante disso, surge o
questionamento: Qual a importância do uso de equipamento de proteção iindividual em
unidades ambulatoriais?
Este
estudo
visa
alcançar
os
resultados
positivos
para
aos
trabalhadores
de
enfermagem vitimados de acidentes de trabalho em unidades ambulatorias, com relevância
científica para adotar medidas preventivas e inibir a ocorrência dos mesmo na equipe de
enfermagem.
2 Objetivo
Descrever o papel do enfermeiro diante da importância do equipamento de proteção
individual em unidades ambulatoriais, segundo a literatura publicada na bibliografia virtual.
3 Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo de pesquisa bibliográfica a qual é desenvolvida exclusivamente
através de fontes já elaboradas- livros, artigos científicos, publicações periódicas- as chamadas
fontes de “papel”. Tem como vantagem cobrir uma ampla gama de fenômenos que o
pesquisador não poderia contemplar diretamente. No entanto, deve-se ter o cuidado de, ao
escolher tais fontes, certificar-se de que sejam seguros.
O estudo descritivo descreve as características de uma população ou de um fenômeno,
ou ainda estabelece relações entre fenômenos (variáveis). Adota-se como procedimento a
4
coleta de dados, com uso da entrevista e da observação, como recursos, os questionários/ou
formulários entre outros. É muito usado nas pesquisas de levantamento.
O estudo exploratório diz que o autor tem como objetivo tornar mais explícito o
problema, aprofundar as idéias sobre o objeto de estudo. Este tipo de pesquisa permite o
levantamento bibliográfico e o uso de entrevistas com pessoas que já tiveram experiência
acerca do objeto a ser investigado.
A pesquisa bibliográfica e o estudo de caso são exemplos de pesquisa exploratória.
Após a definição do tema a importância do equipamento de proteção individual em unidades
ambulatoriais, foi feita em busca em bases de dados virtuais em saúde, especificamente na
biblioteca
virtual
de
saúde
Bireme.
Foram
utilizados
os
descritores:
Enfermagem,
Equipamento, Proteção, Individual, Ambulatório.
O passo seguinte foi uma leitura exploratória de dezessete publicações apresentadas no
sistema latino-americano e das informações em ciências da saúde-LILACS, National Library of
Medicine – ME DLINE e Bancos de Dados em Enfermagem- BDE NF, Scientific Library onlinescielo, banco de teses USP, no período de 1995 a 2012, buscando os resultados comuns.
4 Resultado e Discussão
Nos últimos 15 anos ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a
LILACS, MEDLINE e SCIELO, UERJ, FEN, REBEn, utilizando-se as palavras-chave:enfermagem,
equipamento, proteção, individual e ambulatório, encontrou-se doze artigos publicados entre
1995 e 2012. Foram excluídos 2, sendo, portanto, incluídos neste estudo publicações. Após a
leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a visão de diversos autores a respeito
da importância do equipamento de proteção individual em unidades ambulatoriais.
O papel do enfermeiro é implementar medidas padrão e fortalecer a criação ou
fortalecimento das CCIH, CIPAS dentro do ambulatório de enfermagem. Tais resultados serão
apresentados em três categorias:
4.1 O equipamento de proteção individual é importante para a prevenção de acidentes de
trabalho nas unidades ambulatoriais
Dos dezessete artigos encontrados, três estão em consenso quanto a importância do
equipamento de proteção individual e sua respectiva prevenção nas unidades ambulatoriais,
conforme é possível verificar nas falas dos autores abaixo:
Estudos revelam que, para serem minimizados esses tipos de acidentes, propôs-se a
adoção, por parte dos trabalhodores, da medidas de precauções padrão mediante o uso de
EPI2.
5
Outra pesquisa defende que a criação de serviço de Saúde do Trabalhador nos
ambientes
de
trabalho,
com
acompanhamento
de
condições
de
saúde
periódico
e
implementação das medidas preventivas necessárias para evitar o surgimento de agravos e
ação efetiva para a cura dos mesmos, também é de suma importância 1.
No ano de 2002,
outro estudo demonstrou
que a
falta
de sensibilização
e
conscientização, a indadequada supervisão contínua e sistemática da prática, a não percepção
individual sobre o risco e a falta de educação continuada são fatores associados à ocorrência
de acidentes de trabalho com material perfurocortante6.
Percebe-se, nos estudos e argumentos acima, que para minimizar os riscos de
acidentes de trabalho associados à ocorrência de acidentes de trabalho com material perfuro
cortante deve-se adotar medidas de precauções padrão mediante o uso de EPI, como também
a criação do serviço de saúde do trabalhador. Por outro lado, é provável que a instituição
tenha os EPIs adequados, mas o profissional não usa, seja por falta de costume, por achar que
o mesmo dificulta a realização das tarefas, simplesmente por displicência, ou por falta de
conhecimento e conscientização sobre a importância do uso8.
Grande parte dos acidentes ocorridos no ambiente hospitalar ocorre quando o
profissional estava sem EPI, isso dificulta sua vida quando da investigação sobre as
circunstâncias do acidente, contudo, a eficácia no uso do EPI depende não somente de sua
adoção, mas também do uso e manuseio correto3.
Vale ressaltar que o uso dos EPIS constitui o meio mais simples de prevenção de
acidentes ocupacionais, luvas, aventais, máscaras de proteção, gorros, jalecos e outros,
diminuem os níveis de exposição física do do profissional.
Conclui-se que o papel do enfermeiro diante da importância do equipamento de
proteção individual em unidades ambulatoriais, é atuar na supervisão e fiscalização da equipe
de enfermagem assim como proporcionar estratégias de intervenção na conduta desses
mesmos com intuito de aumentar a adesão aos equipamentos de EPI.
Possivelmente o auxiliar de enfermagem é a categoria que mais sofre acidentes, porque
assume a parcela-mor dos cuidados diretos a pacientes na enfermagem, seguidos dos
enfermeiros, que desenvolvem procedimentos mais complexos e cuidados com pacientes
graves. Visto que existe uma gama de fatores relacionados diretamente aos acidentes,
percebe-se a grande importância de se adotar medidas preventivas para inibir a ocorrência dos
mesmos.
4.2 Os riscos psicossocias revelam o desgaste mental e físico da equipe de enfermagem
6
Dos dezessete artigos encontrados, três estão em consenso quanto aos riscos
psicossocias que revelam o desgaste mental e físico da equipe de enfermagem, conforme é
possível verificar na falas dos autores abaixo:
Estudos revelam que dentro de um contexto social de violência e conflitos, conclui-se
que os profissionais laboravam com índices elevados de estresse, o que tornava o trabalho
difícil emocionalmente, ocasionando uma sobrecarga psíquica8.
As tarefas realizadas pelos técnicos e auxiliares de enfermagem são mais intensas,
repetitivas e social e financeiramente menos valorizadas³.
Em outro ainda pode-se caracterizar que o pensamento clássico da medicina
ocupacional entendia a saúde do trabalhador como relacionada apenas ao ambiente físico, na
medida em que esse põe o trabalhador em contato com agentes químicos, físicos e biológicos
que lhe causam acidentes e enfermidades. No entanto, reconhece-se hoje que a relação entre
saúde e trabalho comporta bases mais amplas9.
Percebe-se que nos estudos e discussões levantadas acima, o contexto social de
violência e conflitos entre técnicos e auxiliares de enfemagem são mais intensas, repetitivas e
social e financeiramente menos valorizadas não se limitando somente ao ambiente físico, mas
relacionado a saúde do trabalhador ocasionando uma sobrecarga psíquica.
Por outro lado, estudos discordam dessa posição ao afirmarem que mesmo usando EPI
os trabalhadores de enfermagem relatam vertigem, dispnéia, prurido, urticária, reações
alérgicas, irritação da mucosa nasal no manuseio ou inalação de certas substâncias usadas nos
hospitais de modo rotineiro.
Conclui-se que o papel do enfermeiro diante da importância do equipamento de
proteção individual em unidades ambulatoriais salienta que como toda empresa, o hospital
também realiza um processo administrativo com entradas e saídas de capital, o intuito de
economizar é uma constante, diante dessa meta o material utilizado nos hospitais muitas
vezes não é o de melhor qualidade, mas o de melhor preço; geralmente são feitas compras em
grandes quantidades para economizar e por vezes ocorre o reaproveitamento de alguns
artigos. Esses riscos psicossociais advêm da sobrecarga vinda do contato com os sofrimentos
dos pacientes, com a dor e a morte, o trabalho noturno, rodízios de turno, jornadas duplas e
até triplas de trabalho, ritmo acelerado, tarefas fragmentadas e repetitivas entre outros.
4.3 A escassez de treinamento seguida da descontinuidade do mesmo sugere medidas
preventivas.
7
Dos dezessete artigos encontrados, três estão em consenso quanto à escassez de
treinamento seguida da descontinuidade do mesmo sugere medidas preventivas, conforme é
possível verificar nas falas dos autores abaixo:
Deve-se enfatizar a necessidade de se programar ações educativas permanentes que
familiarizem os profissionais de enfermagem com as precauções universais e os conscientizem
quanto a empregá-las adequadamente, como medida mais indicada para a redução do risco de
infecção pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana), ou hepatite, em ambiente ocupacional 1.
Em outra pesquisa destaca que o preparo deficiente, falta de treinamento e de
capacitação de profissionais, a falta de ambientes físicos não adequados, falta de material
apropriado em quantidade e qualidade para realizar os procedimentos, ausência de
manutenção preventiva de equipamentos, número de trabalhadores aquém do necessário
gerando sobrecarga excessiva aos existentes2.
No ano de 2002, relata que a falta de sensibilização e conscientização, a indadequada
supervisão contínua e sistemática da prática, a não percepção individual sobre o risco e a falta
de educação continuada são os fatores associados à ocorrência de acidentes de trabalho
perfucortante6.
Percebe-se que com o preparo deficiente, falta de treinamento e de capacitação de
profissionais, a falta de sensibilização e conscientização, a indadequada supervisão contínua e
sistemática da prática, a não percepção individual sobre o risco e a falta de educação
continuada levam a necessidade de se programar ações educativas permanentes que
familiarizem os profissionais de enfermagem com as precauções universais e os concietizem
quanto a empregá-las adequadamente.
Por outra perspectiva é possível promover a redução do número de acidentes no
ambiente de trabalho quando o treinamento e educação continuada são itens constantes no
calendário da enfermagem. O uso correto dos materiais e equipamentos, o desenvolvimento
das técnicas conforme padronizado diminui as chances de algo dar errado, pondo em risco a
integridade e manutenção da saúde do profissional de enfermagem e de terceiros 1.
Na manipulação de diversas substâncias químicas, o profissional da enfermagem se
expõe a diversos riscos. Medicações, soluções desinfetantes, desincrostantes ou esterilizantes,
anti-sépticos, quimioterápicos, gases analgésicos, ácidos para tratamento dermatológicos,
contato com materiais de borracha (látex) e etc. Além do ambiente, geralmente pouco
ventilado, a falta do EPI ou o não uso dele, ainda há o fato dos profissionais de enfermagem
não terem o treinamento necessário para proceder à limpeza, desinfecção e a esterilização ou
mal empregar as precauções padrão2.
8
Conclui-se que escassez de treinamento, aliado a descontinuidade do mesmo e a falta
de motivação do funcionário para dele participar, faz com que várias tecnologias sejam
implantadas sem o devido treinamento, possibilitando erros, e condutas inadequadas e
gerando estresse para o profissional.
Observa-se em algumas unidades de saúde a ausência de EPIs, ou a inadequação
destes, muitas vezes o trabalhador precisa improvisar ou se utilizar de outro EPI que não o
adequado, por exemplo, no caso de precauções para aerossóis, a máscara ideal seria a “bico
de pato”, porém se utilizam as máscaras simples, por não ter outra, o mesmo, ocorre com
luvas, botas e outros. Nota-se que a subnotificação dos acidentes e doenças ocupacionais é
algo comum em nossos dias, uma vez que o número de casos na verdade é maior do que os
computados.
A
criação
ou
o
fortalecimento
das
CCIH,
CIPAS,
Comissões
Investigativas
e
responsáveis por cursos de capacitação e educação continuada, o oferecimento e exigência do
uso adequado dos EPIS, bem como a implementação das medidas padrão, são ações simples,
mas que podem tornar mais seguro o ambiente hospitalar diminuindo as chances dos
profissionais sofrerem algum tipo de acidente ou desenvolverem doenças relacionadas ao
trabalho. Outro aspecto a ser destacado é a análise dos acidentes registrados nas CATs
(Comunicação de Acidente de Trabalho) a fim de identificar contextos de ocorrência dos
acidentes e possíveis ações preventivas, bem como, acompanhar o desfecho das investigações
epidemiológicas.
5 Considerações finais
Este estudo teve por objetivo apontar as necessidades de uma reavaliação do setor
quanto ao tipo de EPI adotado e uma educação permanente aos trabalhadores sobre a
prevenção de acidentes, salientando a importância do uso dos EPI.
Após a discussão dos restultados conclui-se que a equipe de enfermagem é parte
integrante da estrutura hospitalar, e muitas vezes constitui maioria em seu quadro de
funcionários. Em geral possui carga horária diferenciada e rotina desgastante. Está em contato
direto com os pacientes/clientes submetidos a algum tipo de tratamento, assumindo
importante papel junto aos mesmos, porém, percebe-se que o ambiente hospitalar é único no
que diz respeito à normas, padrões e rotinas de trabalho, fato este, que interfere diretamente
na qualidade de vida e riscos ocupacionais a que estão expostos seus funcionários.
A ocorrência de acidentes de trabalho no ambiente hospitalar tornou-se comum,
acontece quase na totalidade dos hospitais, nos mais diversos setores e situações
apresentando graus de comprometimento variados, exigindo portanto identificação dos riscos
e ações no sentido de minimizá-los, uma vez que sua ocorrência gera transtornos pessoais,
9
familiares, prejuízos funcionais às unidades hospitalares, problemas sociais e gastos ao setor
previdenciário, confirmando deste modo a importância de estudos relacionados ao tema.
A identificação dos problemas é imprescindível para a elaboração de estratégias de
ação, pois a realidade das instituições não é frequentemente a mesma, e a abordagem dos
problemas locais deve estar relacionada à eficiência do programa a ser executado na
instituição.
A elaboração de estratégias de intervenção capazes de aprimorar a conduta dos
profissionais de enfermagem, ou seja, de aumentar a adesão destes profissionais aos EPI,
requer quesitos como o treinamento em
reunião informal, a ser executada pela(o)
enfermeira(o) no próprio local de trabalho, direcionado aos profissionais da unidade a fim de
discutir o assunto e esclarecer dúvidas, bem como treinamentos de atualização. Tais medidas
visam proporcionar uma maior adesão ao uso de EPI e, consequentemente, a proteção e
segurança destes trabalhadores.
O ambiente de trabalho e o apoio gerencial têm um papel
considerável na adequação entre treinamento e aderência às recomendações, destacando a
importância dos supervisores na orientação e no reforço das práticas adequadas.
Apesar das
diferenças entre os serviços distintos, frequentemente estudos de uma instituição refletem as
condições de outras, porém com algumas particularidades, devido às suas especificidades.
Assim, este estudo poderá incentivar a conscientização dos profissionais de enfermagem a
respeito da utilização dos EPI.
6 Referências
1. Cristiana Brasil de Almeida, Ana Lourdes Almeida e silva, Lorita Marlena Freitag. Acidentes
de trabalho envolvendo os olhos: avaliação de riscos ocupacionais com trabalhadores de
enfermagem. Revista latino americana de enfermagem 2005; 13(5): 708-16.
2. Brevidelle M.M. et al, Adesão às precauções universais: uma análise do comportamento de
equipe de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem REBEN 1995; 48(3):218-32.
3. Elias Marisa Aparecida Navarro, Vera Lúcia. A relação entre o trabalho, a saúde e as
condições de vida: negatividade e positividade no trabalho das profissionais de enfermagem de
um hospital escola. Revista latino Americana de Enfermagem 2006; 14(4):517-525.
4. Farias Sheila Nascimento Pereira de, Zeitune, Regina Célia Gollner. A qualidade de vida no
trabalho de Enfermagem. Escola Ana Nery Revista de Enfermagem. Rio de Janeiro 2007;
11(3):487- 493.
10
5. Leite Patrícia Campos, Silva, Arlete, Mirian Aparecida Barbosa. A mulher trabalhadora de
Enfermagem e os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Revista da Escola de
Enfermagem da USP, São Paulo 2007; 41(2):287-291.
6. Marziale Maria Helena Palucci, RODRIGUES, Christiane Mariani. A produção científica sobre
os acidentes de trabalho com material perfuro cortante entre trabalhadores de Enfermagem
art.2. Revista latino Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto 2002 jan; 10(4):99-117.
7. Monteiro Maria Silvia et al.O ensino de vigilância á saúde do trabalhador no curso de
enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo 2007 jun; 41(2):306-310.
8. Ribeiro Emilio José Gonçalves, Shimizu, Helena Eri. Acidentes de trabalho com trabalhadores
de Enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem REBEN, Rio de janeiro, 2007;60 (5):535540.
9. Ventola, Adriana, Watanabe, Fernanda. Desgaste físico e mental de auxiliares de
enfermagem: uma análise sob o enfoque gerencial. Revista latino Americana de Enfermagem,
Ribeirão preto,1995; 3(1):47- 57.
10. Souza M, Viana LAC. Incidência de acidentes de trabalho relacionada com a não utilização
das preucações universais. Revista Brasileira de Enfermagem, 2009: 46 (3/4):234-244.
11. Caixeta RB, Barbosa-Branco A. Acidente de trabalho, com material biológico, em
profissionais de saúde de hospitais públicos do Distrito Federal, Brasil, 2002/2003. Cad.de
Saúd Públ 2005;21(3):52-9.
12. Napoleão AA, Robazzi MLCC, Marziale MHP, Hayashida M. Causas da subnotificação de
acidentes do trabalho entre trabalhadores da enfermagem. Rev Latino-Am Enferm 2000;8
(3):85-9.
13. Benatti MCC, Nishide VM. Elaboração e implantação do mapa de riscos ambientais para
prevenção de acidentes do trabalho em uma unidade de terapia intensiva e um hospital
universitário. Rev Latino-Am Enferm 2000;8 (5):154-7.
14. Gir E, Caffer Netto J, Malaguti SE, Canini SRMS, Hayashida M, Machado AA. Accidents with
biological material and immunization against Hepatitis B among students from the health area.
Rev Latino-am Enfermagem. 2008 maio/junho; 16 (3): 401-06.
11
15. Guimarães RM, Mauro MYC, Mendes R, Melo AO, Costa TF. Fatores ergonômicos de risco e
de proteção contra acidentes de trabalho: um estudo caso-controle. Rev Bras Epidem 2005;8
(3):312-9.
16. Sebastião ACM, Evangelista VA, Antonio FJ. Acidentes de trabalho com pérfuro cortantes
envolvendo material biológico em profissional de enfermagem.Rev Bras de Enferm. 2012; 9
(3):322-7.
17. Ministério do Trabalho e Emprego (BR). Nr 32: Dispõe sobre a segurança e saúde no
trabalho
em
serviços
de
saúde.
Brasília(DF);
2008.
Disponível
em:
http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_32.pdf.
12
Download

O papel do enfermeiro na fiscalização, treinamento e